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Boletim MacroFiscal

da SPE

Maio de 2021

Secretaria de Política Econômica | Secretaria Especial de Fazenda | Ministério da Economia


Ministério da Economia - Secretaria Especial de Fazenda
Secretaria de Política Econômica

Subsecretaria de Política Fiscal


Subsecretaria de Política Macroeconômica

Boletim MacroFiscal
da SPE

Brasília
Maio de 2021

Secretaria de Política Econômica | Secretaria Especial de Fazenda | Ministério da Economia


Ficha Técnica
Ministro da Economia
Paulo Roberto Nunes Guedes
 
Secretário Especial de Fazenda
Bruno Funchal
 
Secretário da Política Econômica
Adolfo Sachsida

Subsecretário de Política Macroeconômica


Fausto José Araujo Vieira

Subsecretário de Política Fiscal


Erik Alencar de Figueiredo

Subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais


Rogério Boueri Miranda

Subsecretário de Política Microeconômica e Financiamento da


Infraestrutura
Edson Bastos e Santos

Subsecretário de Direito Econômico


David Rebelo Athayde

Assessor Especial
Rodrigo Mendes Pereira

Equipe técnica responsável


Alexandre Rodrigues Loures
Bernardo Borba de Andrade
Carlos Henrique Coelho de Andrade
Démerson André Polli
Elder Linton Alves de Araújo
Gustavo Miglio de Melo
Hébrida Verardo Moreira Fam
Leonid Garnitskiy
Liane Ferreira Pinto
Luís de Medeiros Marques Hashimura
Sérgio Ricardo de Brito Gadelha
Sidney Martins Caetano
Silas Franco de Toledo
Vicente Ferreira Lopes Filho
Vinícius Agusto Lima de Almeida
Wesley Washington Lourenço Figueredo

Projeto gráfico e diagramação


André Oliveira Nóbrega
Índice
01 - Panorama Geral 4

02 - Conjuntura 6

03 - Projeção de médio prazo 7

04 - Projeção de inflação 8

05 - Boxe: A importância da vacinação em massa para a


recuperação econômica
9

06 - Boxe: Resultado Fiscal Estrutural 11

Panorama Macroeconômico
O Panorama Macroeconômico é um conjunto amplo de indicadores de conjuntura e
de projeções da Grade de Parâmetros para o processo orçamentário, produzido pela
SPE. Apresenta dados selecionados de atividade econômica: PIB, produção setorial,
emprego e renda, preços e inflação, crédito e mercado financeiro, política fiscal, setor
externo e economia internacional.

Boletim disponível pelo QR-Code ou na página da SPE http://www.fazenda.gov.br/orgaos/spe

Prisma Fiscal - SPE


O Prisma Fiscal/SPE é um sistema de coleta de expectativas de mercado para
acompanhamento das principais variáveis fiscais brasileiras. Apresenta projeções de
analistas do setor privado, em bases mensais e anuais, para as seguintes variáveis:
arrecadação das receitas federais, receita líquida do governo central, despesa primário
do governo central, resultado primário do governo central, resultado nominal do
governo central e dívida bruta do governo geral.

Endereço da página do Prisma Fiscal/SPE www.fazenda.gov.br/prisma-fiscal


4
Boletim MacroFiscal da SPE

Resumo
Panorama geral
l A projeção de crescimento do PIB para 2021
aumentou de 3,2% para 3,5% relativo à últi- Após mais de um ano de pandemia, as incertezas
ma Grade de Parâmetros. Pode-se destacar no cenário global continuam elevadas, com efeitos
a expectativa do bom resultado da atividade econômicos, sanitários e educacionais relevantes no
econômica no 1T21, mesmo diante do au- curto e no longo prazos. Nos últimos meses, obser-
mento das regras legais de distanciamento va-se maior dessincronização na retomada do cres-
e a despeito do fim do auxílio emergencial cimento nos países.
(AEM).
Para as maiores economias, as projeções de cresci-
l O setor de serviços (PMS/IBGE) tem apre- mento se elevaram, com destaque para as revisões
sentado recuperação em 2021 e está mais positivas de mercado para o PIB em 2021 dos Es-
próximo do nível pré-crise. Além de ser o tados Unidos e do Reino Unido, com elevações em
setor mais relevante da economia, também relação ao início deste ano de 2,1 p.p. e 1,0 p.p.,
é o mais impactado pela pandemia. Ainda respectivamente. A projeção para a China aumentou
assim, o setor cresceu 2,8% no 1T21 em re- marginalmente (0,3 p.p.), enquanto a estimativa para
lação ao trimestre anterior (com ajuste sazo- a União Europeia reduziu-se em relação ao mês de
nal). janeiro de 2021.

l Para 2022-25, a projeção de aumento da ati- Apesar da maior divergência da expectativa de cres-
vidade econômica se manteve em 2,5%. cimento entre os países, há melhora do PIB global,
puxado principalmente pela revisão altista nos paí-
l A expectativa para a taxa de inflação (IPCA) ses desenvolvidos. O maior vigor da atividade, espe-
para 2021 é de 5,05%. Apesar de o valor es- cialmente nos Estados Unidos e Reino Unido, pode
tar acima da meta de inflação de 3,75% para ser explicado pela política monetária acomodatícia
o ano, deve-se destacar que ele se encontra e pelo avanço na vacinação. O boxe deste boletim
dentro do intervalo de tolerância. A projeção “A importância da vacinação em massa para a re-
do IPCA converge para o centro da meta a cuperação econômica” irá mostrar que as revisões
partir de 2022 (3,5%). de crescimento são sensíveis ao avanço da vacina-
ção na população, indicando que o aumento de 10
l As medidas tomadas pelo Governo Fede- p.p. das doses por 100 pessoas se correlaciona com
ral em conjunto com o Congresso Nacional 0,13 p.p. a mais na projeção do crescimento do PIB
continuam relevantes para mitigar os fortes em 2021.
efeitos negativos da pandemia na economia
brasileira. A vacinação em massa, a consoli- Outra característica da elevação do crescimento glo-
dação fiscal e as reformas pró-mercado, to- bal é o encarecimento no preço das commodities.
das em curso, pavimentarão o caminho para Os preços dos metais, carnes e alimentos superam
um crescimento sustentável que dê suporte o nível de dezembro de 2019, período anterior à
a emprego, renda e maior nível de bem-estar pandemia, em torno de 50%. Adiciona-se à eleva-
da população brasileira. ção destes produtos, a falta de matéria-prima para
produção de alguns bens, assim, tendendo a pro-
porcionar pressões altistas no preço ao consumidor.

O cenário global mais favorável, embora ainda incerto,


Projeções 2021 2022 afetará positivamente o Brasil ao longo de 2021. Os
indicadores econômicos no primeiro bimestre deste
PIB real (%) 3,50 2,50
ano mostram que a atividade brasileira, a despeito
PIB nominal (R$ bilhões) 8.418,2 9.101,6 do fim do auxílio emergencial (AEM), permaneceu em
trajetória de elevação. O índice de atividade do Banco
IPCA acumulado (%) 5,05 3,50
Central (IBC-br) cresceu na margem, em média, 1,3%
INPC acumulado (%) 5,05 3,50 a cada mês. Quando comparado ao mesmo mês do
ano anterior, o nível de fevereiro de 2021 estava quase
IGP-DI acumulado (%) 15,21 4,26
1,0% acima. Os resultados desse indicador corrobo-
ram a mediana das projeções de mercado coletadas
pelo Focus da variação interanual do PIB para o 1T21,
5

que estão em torno de -0,7%, ou 0,2% na margem com ajuste sazonal. Ou seja, espera-se crescimento em
relação ao último trimestre de 2020 mesmo com o fim do auxílio emergencial – este indicador leva em conta os
efeitos das medidas de endurecimento para reduzir o distanciamento social em março.

Cabe destacar que no 4T20, quando o AEM foi reduzido de R$ 600,00 para R$ 300,00, as projeções do
Focus para o crescimento do PIB naquele trimestre na comparação interanual não foram reduzidas; pelo
contrário, aumentaram ao longo do 4T20. Da mesma forma, apesar de alguns analistas projetarem retração
do PIB na margem no 1T21, quando acabou o AEM, os dados não corroboram essas estimativas.

O destaque é o bom resultado da atividade no 1T21, apesar do aumento das regras legais de distancia-
mento. Os dados da indústria e serviços surpreenderam as expectativas de mercado, tornando provável
que o PIB cresça na margem nesse trimestre. Dessa forma, os resultados melhores no começo deste ano
e a expectativa de continuidade do processo de vacinação, impulsionando o setor de serviços no segundo
semestre, possibilitaram a revisão do crescimento do PIB para 2021 em 0,3 p.p., para 3,5%.

Em suma, os bons resultados da atividade brasileira no começo deste ano, quando comparados às expec-
tativas iniciais de mercado, indicam que a economia manteve a tendência de crescimento, apesar do fim do
AEM. Dessa forma, a manutenção da agenda de consolidação fiscal e das reformas estruturais possibilitarão
que a continuidade da expansão econômica se mantenha, assim como a redução estrutural da taxa de juros
e elevação da produtividade.
Expectativa do crescimento do PIB para 2021 (mediana de mercado)
Desenvolvidos Emergentes
6

5,5
5,19
5
5,03
4,5

4 4,01

3,5

3
01/out/20 01/nov/20 01/dez/20 01/jan/21 01/fev/21 01/mar/21 01/abr/21 01/mai/21
Fonte: Bloomberg

Atividade econômica e AEM


Desembolso AEM (R$ bi, eixo à esq.) Proj. PIB 4T20 YoY Proj. PIB 1T21 YoY
50 0,15
45 -0,35
40 -0,85
35 -1,35
30 -1,85
25 -2,35
20 -2,85
15 -3,35
10 -3,85
5 -4,35
0 -4,85
jul/20 ago/20 set/20 out/20 nov/20 dez/20 jan/21 fev/21
Fonte: BCB e STN/SEF/ME
6
Boletim MacroFiscal da SPE

Conjuntura
No início de 2021, vários segmentos de atividade, riais de construção. Frente ao primeiro trimestre de
em especial na indústria e nos serviços, tinham de- 2020, as vendas no varejo restrito recuaram 0,6%,
monstrado reaquecimento da atividade e de melho- enquanto o ampliado cresceu 1,4%.
ra no ambiente de negócios, com reflexos positivos
na expectativa de empresários e consumidores. To- O setor de serviços (PMS/IBGE) tem apresentado
davia, observou-se arrefecimento da economia em recuperação em 2021 e está mais próximo do nível
março e abril, quando os indicadores antecedentes pré-crise. Serviços têm sido o setor mais impac-
e coincidentes passaram a mostrar os reflexos na tado pela pandemia de Covid-19 e com mais di-
economia do recrudescimento da pandemia de Co- ficuldade de retorno, dadas as medidas restritivas
vid-19 e do endurecimento das medidas de distan- de deslocamento e de isolamento social. Mesmo
ciamento social. assim, observa-se que o setor de serviços cresceu
2,8% no 1T21 em relação ao trimestre anterior (com
Nesse contexto, a produção industrial (PIM-PF/ ajuste sazonal). Na análise interanual, o setor ainda
IBGE) recuou 0,4% no 1T21 em relação ao trimes- apresenta recuo de 0,8% ante mesmo trimestre do
tre anterior (com ajuste sazonal). A indústria de ano anterior. O carregamento estatístico para o ano
transformação registrou queda de 0,6%, enquanto de 2021 é de alta de 6.2%.
a indústria extrativa cresceu 0,8%. Já na compara-
ção com o 1T20, a produção industrial apresentou Quanto à produção agrícola (LSPA/IBGE), espera-se
crescimento de 4,3% no trimestre, com queda de novo recorde na safra de grãos em 2021, com esti-
2,1% na extrativa, enquanto a indústria de transfor- mativa de alta de 4,1% em relação à safra de 2020.
mação registrou alta de 5,2% e os insumos típicos Esse desempenho resulta em 264,5 milhões de to-
da construção civil, 15,4%. O carregamento esta- neladas (aumento de 10,3 milhões de toneladas).
tístico da produção industrial para o ano de 2021 Destaque para aumento da safra de soja e de trigo.
está em 6,4%.
Apesar do recuo dos indicadores de confiança no
O comércio varejista (PMC/IBGE) arrefeceu sua re- 1T21, deve-se salientar a melhora das expectati-
cuperação em 2021, interrompendo o forte retorno vas de empresários e consumidores em abril/21. A
das vendas observado no fim de 2020. Desse modo, confiança do comércio aponta alta de 16,0% ante
no 1T21, as vendas no varejo restrito recuaram 4,3% o mês anterior, com ajuste sazonal; a do consumi-
em relação ao trimestre anterior (com ajuste sazo- dor cresceu 6,3% e a do setor de serviços, 5,3%.
nal). Por sua vez, o varejo ampliado, que inclui veícu- Apenas Industria (-0,7%) e construção civil (-4,3%)
los e materiais de construção, caiu 3,9%, com recuo apresentaram a queda na confiança, nessa mesma
20,0% para Veículos e motos, e de 3,7% para Mate- base de comparação.

IBC-Br PIM (Produção Industrial)


LSPA (Safra Agrícola MM12) PMC (V end as no Comércio Ampliado)
PMS (Volume de Serviços)

110 140
Safra Agrícola (MM12), Vendas no Comércio e Volume de Serviços

105 130
100
Com Ajuste Sazonal (Média 2014=100)

120
Com Ajuste Sazonal (Média 2014=100)

95
IBC- Br e Produção Industrial

90 110

85 100
80 90
75
80
70
65 70

60 60
o 8

o 9

o 0
ab -18

se - 18

z 8

ab -19

se - 19

z 9

ab -20

se - 20

z 0

ab -21
ju 18

o u -18

fe 19
ar 9

ju 19

o u -19

fe 20
ar 0

ju 20

o u -20

fe 21
ar 1
m r-18

no t -18

m r-19

no -19

m r-20

no -20

21
ju -18

ja -18

ju -19

ja -19

ju -20

ja -20
m v-1

m v-2

m v-2
ag l-1

ag l-1

ag l-2
de -1

de -1

de -2
n-

n-

n-

n-

n-

n-

r-
ar

t
v

v
t

t
ai

ai

ai
m

Fonte: BCB: Índice de Atividade Econômica do Banco Central - Brasil. IBGE: Pesquisa Industrial Mensal (PIM), Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), Pesquisa Mensal de
Serviços (PMS) e Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)
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Boletim MacroFiscal da SPE

Projeção de
médio prazo
As projeções dos indicadores macroeconômicos da gra-
Projeções do crescimento
de de parâ­metros desta edição servirão como base para
do PIB*
o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 2º
bimestre de 2021. É necessário ressaltar que o conjun- Data da projeção
to de informações dos dados econômicos e financeiros Ano
utilizados para a estimação das variáveis da Grade de 05/Nov 10/Mar 10/Mai
Parâmetros é limitado aos indicadores divulgados até o 2021 3,20 3,20 3,50
dia 10 de maio, exceto as séries de preço que tiveram
data base na divulgação do IPCA (11/05). 2022 2,50 2,50 2,50

A projeção da variação do PIB para o ano de 2021 au- 2023 2,50 2,50 2,50
mentou de 3,2% para 3,5%. Para os anos posteriores, 2024 2,50 2,50 2,50
dentro do horizonte de projeção até 2025, mantive-
ram-se inalteradas as estimativas em relação à Grade 2025 - 2,50 2,50
de Parâmetros divulgada em março de 2021 (2,5%). O
*(%) Percentual
aumento da projeção do ano corrente se deve à melho- Fonte: SPE
ra da expectativa do resultado no 1T21, a despeito do
endurecimento das medidas de distanciamento social.
No segundo semestre deste ano, espera-se aceleração
do setor de serviços com o maior avanço da vacinação.
Para 1T21, espera-se aumento de 0,3 % na margem com
ajuste sazonal, enquanto na grade anterior a expectativa
era de uma retração de 0,7%. A metodologia utilizada
para a projeção a partir do 2T21, e para os trimestres
posteriores, fundamenta-se em modelos econométri-
cos de pequeno e médio porte, além de estimações de
aprendizagem de máquina.

O PIB nominal projetado para 2021 é de R$ 8,42 trilhões,


o qual, se observado, ficará acima do valor de 2020 em
13,0%. Este valor é devido ao aumento do crescimento
real (3,5%) e aceleração do deflator para 9,3%. PIB real - % a.a.
8,00
Deve-se salientar que a incerteza nas estimativas atuais
ainda permanece significativamen­te elevada. Ademais,
as projeções da atividade para este e para os próximos 6,00
anos tornam-se particularmente sensíveis à divulgação Grade
dos dados e ao desenrolar dos efeitos da COVID-19 e do 4,00
processo de vacinação, principalmente considerando os Grade
seus efeitos no PIB de longo prazo. 2,00

Como em toda projeção, há incerteza inerente às estima- 0,00


ções para o horizonte prospectivo, especialmente neste
período da pandemia da COVID-19. Desta maneira, usan-
-2,00
do a variância da previsão dos modelos considerados, é
possível estimar diferentes cenários para o crescimento
-4,00
da atividade, segmentando-os em diferentes percentis.
Observa-se que a variância das estimações aumenta a
cada ano à frente, o que indica que as projeções de cres- -6,00
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025

cimento tendem a ser revistas à medida que a economia


sofra novos choques.
8
Boletim MacroFiscal da SPE

Projeção de
inflação
A projeção da taxa de inflação, medida por meio
da variação do Índice Nacional de Preços ao Con­ Inflação 2021 - projeção (Grade)*
sumidor Amplo – IPCA, para 2021 é de 5,05%. O Data base para
valor representa aumento da projeção em relação projeção da nov/20 mar/21 mai/21
ao último Boletim Macrofiscal (março de 2020), no inflação
qual a projeção era de 4,42%. Apesar do valor es-
tar acima da meta de inflação de 3,75% para o ano IPCA 3,23 4,42 5,05
de 2021, o mesmo encontra-se dentro do in­tervalo
INPC 3,20 4,27 5,05
de tolerância. Ademais, as expectativas de inflação
permanecem convergindo para o centro da meta de IGP-DI 4,38 5,06 15,21
inflação a partir de 2022. As metas de infla­ção para
2022 e 2023 são 3,5% e 3,25%, respec­tivamente. *(%) Percentual

O IPCA de abril, último mês divulgado, foi de 0,31%, nomia contribui para manter a variação do preço
ficando 0,62 ponto percentual abaixo da taxa de destes baixa e estável neste setor.
março (0,93%). Em 12 meses, o índice acumula alta
de 6,76%. A evolução do IPCA ao longo do ano de O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)
2020 mostra que a inflação acumulada em 12 meses deverá encerrar o ano com variação de 5,05% devi-
do grupo Alimentação no Domicílio, após atingir um do à influência dos mesmos movimentos discutidos
valor mínimo de 5,1% em março de 2020, acelerou acima. Com participação relevante dos produtos
até alcançar o pico em novembro de 2020, quando agropecuá­rios, a inflação projetada para o IGP-DI em
atingiu 21,1%, e fechou o ano em 18,2%. No dado 2021 é de 15,21%, superior à apresentada na gra-
mais recente, no acumulado em 12 meses, encon- de anterior, mas inferior à obtida em 2020 (23,1%).
tra-se em 15,55% (abril de 2021). Cabe lembrar que este último índice tem uma abran-
gência maior do que apenas o consumidor final, en-
Os preços dos serviços contribuem positivamente globando também o setor atacadista e o custo da
para a inflação acumulada em 12 meses, apresen- construção civil. Contudo, para os anos posteriores,
tando valores que estão dentro da meta de inflação espera-se que a inflação do INPC e o IGP-DI desa-
estipulada para 2021. A elevada ociosidade da eco- celerem e se aproximem do centro da meta.

Inflação IPCA (ac. 12 meses)


IPCA MONITO RADOS SERVI ÇOS ALIMENTAÇÃO NO DOMICÍLIO BENS INDUSTRIAIS
24
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
-2
-4
-6
-8
5

1
de 4

15

de 5

16

de 6

17

de 7

18

de 8

19

de 9

20

de 0
m 4

m 5

m 6

m 7

m 8

m 9

m 0
1
/1

1
/1

1
/1

1
/1

1
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1
/2

2
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9
Boletim MacroFiscal da SPE

A importância da vacinação em massa


para a recuperação econômica
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a vacinação em massa se tor-
nou uma das prioridades dos países com o objetivo de lograr uma recuperação
econômica rápida e sustentável. Volumosos recursos humanos, tecnológicos e
financeiros foram alocados para a elaboração e a produção das vacinas, e em
dezembro de 2020 iniciou-se a imunização da população nos países ocidentais,
nomeadamente, no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Itália, entre outros.

A vacinação em massa é imprescindível tanto para o crescimento econômico


atual como para o crescimento futuro. À medida que a vacinação avança, as
restrições à mobilidade vão sendo reduzidas e ocorre o retorno seguro às
atividades de produção e consumo. Isto, por sua vez, aumenta o produto da
economia (melhorando principalmente o setor de serviços, o mais afetado
pela pandemia), o emprego e a renda das famílias concomitantemente à reti-
rada das restrições às atividades. Já pelo lado das expectativas, uma vacina-
ção mais abrangente e mais rápida da população aumenta as projeções de
mercado para o crescimento do PIB para o ano de 2021, pois produz maior
otimismo dos agentes quanto à recuperação econômica robusta.

Para verificar a existência da correlação (sem implicação de causalidade) entre o


aumento da vacinação e o aumento das projeções do PIB de 2021, foi feita uma
regressão em painel de efeitos fixos, usando dados de 30 países com o maior PIB
(para os quais havia disponibilidade de dados) no período de novembro de 2020
até abril de 2021 com frequência mensal. O resultado da estimação mostra que

em que é a revisão da projeção de crescimento do PIB do país feita


pelos analistas de mercado no instante , é heterogeneidade não observável,
é a variação de doses totais aplicadas por 100 habitantes,
é variação da mobilidade1 para locais de trabalho e é variação
dos termos de troca. Este resultado sugere que cada aumento de 10 pontos
percentuais nas doses aplicadas por 100 habitantes está associado à revisão da
projeção do crescimento do PIB do país no ano corrente em 0,13 p.p. para cima,
em média. Da mesma forma, o aumento da mobilidade em 10 p.p. relaciona-se
com o aumento da projeção do PIB em 0,07 p.p., em média. Todos os coeficien-
tes têm significância estatística a nível de 1%.

Para estudar se o aumento da vacinação se associa a um maior crescimento


econômico de forma contemporânea, foram feitos exercícios em painel simi-
lares ao acima apresentado, e seus resultados indicaram associação positi-
va, e com coeficiente estatisticamente significativo, entre como variável
dependente2 e como variável explicativa, isto é, mais vacinação se
relaciona com aumento da atividade econômica no presente.
1 Medida em desvios percentuais em relação à média do período-base no início de 2020. Fonte: Google –
Relatório de Mobilidade da Comunidade.
2 Purchasing Managers’ Index. As regressões com esta variável como dependente foram feitas para 26
países com o maior PIB para os quais havia dados de PMI e de outras variáveis usadas no painel.
10

As Figuras a seguir ilustram a ideia da regressão acima para dois dos países analisados, apresentando
apenas a variável “total de doses aplicadas por 100 habitantes” com a projeção para o PIB de 2021.
Pode-se depreender que a rápida vacinação em massa nos EUA é acompanhada pela revisão para
cima da projeção do crescimento do PIB pelos analistas. Já para a Indonésia, observam-se uma vaci-
nação lenta e a revisão para baixo da projeção do crescimento do PIB.
EUA Indonésia
Vacinas aplicadas por 100 habitantes (eixo à direita) Vacinas aplicadas por 100 habitantes (eixo à direita)
Projeção do crescimento do PIB para 2021 (eixo à esquerda) Projeção do crescimento do PIB para 2021 (eixo à esquerda)

7,0 71,8 80,0 5,5 80,0

5,0
6,0 60,0 60,0
44,1
4,5
5,0 40,0 40,0
22,5 4,0
4,0 8,8 20,0 20,0
3,5 3,9 7,3
0,0 0,8 0,0 0,0 0,2 1,0
3,0 0,0 3,0 0,0
nov/20 dez/20 jan/21 fev/21 mar/21 abr/21 nov/20 dez/20 jan/21 fev/21 mar/21 abr/21
Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg

No Brasil, a vacinação está avançando. Até a data de 07/05/21, o Brasil aplicou mais doses por 100 ha-
bitantes do que alguns países emergentes grandes, como Índia e Rússia, e mais do que alguns países
grandes da América Latina (Argentina e México); porém, menos do que alguns países desenvolvidos.

Vacinas aplicadas por 100 pessoas


█ Países desenvolvidos █ Países emergentes
111,6

79,5

77,6

76,9

41,4

39,9

39,6

38,7

38,5

36,9

35,4

29,0

28,6

27,0

22,0

21,9

19,2

16,1

14,5

11,9

11,8

8,0

8,0

7,0

6,0

0,6
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A
ei

fri
or
R

Fonte: OWID
C

Além disso, a vacinação em massa no Brasil continuará progredindo. Quando se observa o número
de doses recebidas pelos Estados e o número de doses aplicadas (estatística calculada por 100 habi-
tantes de cada estado) à data de 11/05/21, é possível verificar que há muitas doses que já foram dis-
tribuídas e aguardam aplicação, o que irá ampliar ainda mais o número de vacinados no curto prazo.
Dessa forma, o processo de vacinação em massa continuará avançando, o que fortalecerá a atividade
econômica no segundo trimestre de 2021, principalmente no setor de serviços. A vacinação em mas-
sa, a consolidação fiscal e as reformas pró-mercado pavimentarão o caminho para crescimento de
longo prazo da economia brasileira.
Vacinas aplicadas por 100 pessoas
Doses Distribuídas às Secretarias Municipais de S aúde Doses Aplicadas
50
40 36
30 22
20
10
0
F
G
ES

T
PI
PE

SE
TO

RO
E
AL
S

RN
SC

AC
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RJ

AM
PB
PR

IL

RR
RS

BA

SP

AP

PA
D

C
M

M
G
AS
BR

Fonte:Ministério da Saúde
11
Boletim MacroFiscal da SPE

Resultado Fiscal
Estrutural
O resultado primário do setor público consolidado passou de
-0,84% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 (déficit de R$
61,872 bilhões) para -9,44% (déficit de R$ 702,950 bilhões) do PIB
em 2020, segundo dados do Banco Central do Brasil1. Além disso,
dados do Resultado do Tesouro Nacional informam que o déficit
primário do governo central passou de -1,3% do PIB em 2019
(déficit de R$ 95,065 bilhões) para -10,0% do PIB em 2020 (déficit
de R$ 743,087 bilhões)2.

Para fins de avaliação da política fiscal, a interpretação adequa-


da dessa variação no resultado primário deve considerar que as
estatísticas fiscais são afetadas pelo ciclo econômico, bem como
por eventos significativos em termos financeiros, mas que não re-
presentam uma mudança permanente na posição fiscal do país.

A solução dada internacionalmente para a necessidade de se


ajustar as estatísticas fiscais pelos fatores mencionados é calcu-
lar o Resultado Fiscal Estrutural (RFE) que equivale ao resultado
primário livre de influências transitórias, isto é, aquele que seria
observado com o PIB no nível potencial3, preço do petróleo igual
ao valor de equilíbrio de longo prazo e sem receitas e despesas
não recorrentes. Esse indicador fiscal procura medir o esforço dis-
cricionário e recorrente do setor público para alcançar a solvência
de longo prazo do país.

No ano de 2020, a pandemia de coronavírus (COVID-19) impactou,


sobremaneira, a saúde pública e a economia dos países. Os devas-
tadores efeitos sanitários e econômicos geraram uma das maiores
recessões dos últimos 100 anos. O PIB brasileiro de 2020 apurado
pelo IBGE indicou uma retração de 4,1%. Apesar da forte retração
da atividade econômica, o resultado ainda foi melhor do que as ex-
pectativas de analistas de mercado e de organismos financeiros in-
ternacionais que estimavam em meados do ano passado retração
superior a 9% do PIB. Em resumo, recuperou-se o nível de atividade
econômica observado no período anterior à pandemia.

1 Banco Central do Brasil. Estatísticas Fiscais. Nota para imprensa, 30/04/2021.


Disponível em: << https://www.bcb.gov.br/estatisticas/estatisticasfiscais >>.
Acesso em 13 de maio de 2021.
2 Secretaria do Tesouro Nacional. Resultado do Tesouro Nacional, dezembro de
2020. Disponível em: <<https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/
boletim-resultado-do-tesouro-nacional-rtn/2020/12>> Acesso em 11 de maio de
2021.
3 O “PIB potencial” pode ser definido de várias formas. A definição aqui usada
se refere à capacidade produtiva da economia, que seria atingida quando a taxa
de utilização dos fatores de produção – capital e trabalho –, bem como o nível de
produtividade total, estivessem em seus níveis de equilíbrio.
12

Em uma retrospectiva, após a grave recessão do período de


2014-2016, a economia brasileira iniciou um processo de
recuperação gradual. Depois de dois anos de retração real
superior a 3% (-3,55% em 2015; -3,28% em 2016), o cresci-
mento real aproximado nos três anos seguintes (1,32% em
2017; 1,78% em 2018; e 1,41% em 2019) e a retração real
de -4,06% em 2020 têm afetado o desempenho da econo-
mia em reestabelecer um nível de produção de acordo com
a tendência de longo prazo4. Conforme mostrado na Figura
1, o Hiato do Produto se encontra negativo desde o quarto
trimestre de 2014. Depois de ficar em média 7,07% abaixo
do PIB potencial em 2016, o Hiato do Produto ficou em mé-
dia 3,79% abaixo do PIB potencial em 2020, de acordo com
a estimativa do Boletim Resultado Fiscal Estrutural - 2020.

Figura 1: PIB efetivo, PIB potencial e Hiato do Produto – 2002/2020


Hiato do produto PIB efetivo PIB potencial
1.320,00 15,0%
R$ bilhões (valores constantes a preços de 2010)

1.120,00 10,0%

Hiato (% do PIB potencial)


920,00 5,0%

720,00 0,0%

520,00 -5,0%

320,00 -10,0%

120,00 -15,0%
1T2002
3T2002
1T2003
3T2003
1T2004
3T2004
1T2005
3T2005
1T2006
3T2006
1T2007
3T2007
1T2008
3T2008
1T2009
3T2009
1T2010
3T2010
1T2011
3T2011
1T2012
3T2012
1T2013
3T2013
1T2014
3T2014
1T2015
3T2015
1T2016
3T2016
1T2017
3T2017
1T2018
3T2018
1T2019
3T2019
1T2020
3T2020

Nota: Elaboração da Secretaria de Política Econômica

O Hiato do Preço do Petróleo, por seu turno, ficou em mé-


dia 8,08% abaixo da tendência de longo prazo em 2020,
conforme Figura 2.

Figura 2: Variações no preço do petróleo Brent (%) – 2002/2020


Hiato Preço Tendência
100%

220,00 80%
R$ (valores constantes a preços de 2010)

60%
Hiato (% da tendência)

170,00 40%
20%
120,00
0%

70,00 -20%
-40%
20,00 -60%
1T2002
3T2002
1T2003
3T2003
1T2004
3T2004
1T2005
3T2005
1T2006
3T2006
1T2007
3T2007
1T2008
3T2008
1T2009
3T2009
1T2010
3T2010
1T2011
3T2011
1T2012
3T2012
1T2013
3T2013
1T2014
3T2014
1T2015
3T2015
1T2016
3T2016
1T2017
3T2017
1T2018
3T2018
1T2019
3T2019
1T2020
3T2020

Nota: Elaboração da Secretaria de Política Econômica


4 Dados obtidos na Grade de Parâmetros Macroeconômicos de 12/03/2021
elaborada pela Secretaria de Política Econômica.
13

O efeito líquido dos componentes transitórios do RFE foi estimado


em -8,11% do PIB: -1,03% do PIB referente ao componente cíclico e
-7,08% do PIB referente aos eventos fiscais não recorrentes. Assim,
enquanto o resultado primário convencional abaixo da linha foi igual
a -9,44% do PIB, a estimativa do RFE para 2020 é de -1,33% do PIB.
A Figura 3 mostra a deterioração fiscal, avaliada pela ótica do RFE, a
partir de 2011. O RFE tem sido negativo desde 2014.

Figura 3: Decomposição do Resultado Fiscal (% PIB) – 2002/2020


Estrutural Não recorrente Componente cíclico Convencional

3,24% 3,74% 3,24% 2,94%


1,94% 1,71%
3,19% 3,69% 3,15% 3,33%
2,62% 2,18% -0,84%
-1,86% -1,68%
-0,56%
-1,55%
-2,48%

-9,44%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Nota: Elaboração da Secretaria de Política Econômica

Conforme destacado na Figura 4 a seguir, no recorte por esfera, as


estatísticas de RFE indicam déficit estrutural do governo central de
1,31% do PIB, enquanto o déficit estrutural dos entes subnacionais
(Estados, Distrito Federal e Municípios) é de 0,06% do PIB. Ao consi-
derar nesse cálculo o Resultado Convencional das Empresas Estatais
(0,05% do PIB), temos que o Resultado Fiscal Estrutural do Setor Pú-
blico consolidado é de -1,33% do PIB.

Figura 4: Resultado Fiscal Estrutural por esfera (% PIB) – 2002/2020


Governo central Estados e municípios Empresas estatais Setor público
3,25%
2,95%3,00%
2,63%
2,20% 2,23%2,33%
1,58%
0,89% 0,79%
0,48%
-0,21%

0,08% -1,16%
-1,33%
-1,22%
-1,33% -1,25%
-1,69%

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Nota: Elaboração da Secretaria de Política Econômica
14

Na Figura 5, o impulso fiscal, que mede a orientação da política por meio da variação de um ano para
outro no Resultado Fiscal Estrutural, foi estimado em 0,17% do PIB. Esse resultado reflete o esforço
fiscal estrutural realizado pelo governo central (-0,33% do PIB) e pelos entes subnacionais (0,39%
do PIB), além das empresas estatais (0,11% do PIB). Em terreno contracionista desde 2017 após a
instituição do Novo Regime Fiscal (Teto dos Gastos), o impulso fiscal inverte o sinal em 2020 e se
torna positivo.

Figura 5: Impulso Fiscal por esfera (% PIB) – 2002/2020


Governo central Estados e municípios Empresas estatais Setor público

1,43 1,48 1,41

1,00
0,79
0,62
0,40 0,42
0,17
-0,05 -0,10 -0,10
0,26 0,04
-0,11
-0,25

-0,75
-1,10

-1,77

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Nota: Elaboração da Secretaria de Política Econômica

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