NEGROS, NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. PROCEDIMENTO PARALISADO POR MAIS DE DEZ ANOS DESDE A EMISSÃO DA CERTIDÃO DE AUTORRECONHECIMENTO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA NA PARTE EM QUE CONDENADOS O INCRA E A UNIÃO A ULTIMAR AS ETAPAS PREVISTAS ATÉ O INÍCIO DA FASE DE TITULAÇÃO, NO PRAZO DE VINTE E QUATRO MESES. VIOLAÇÃO AO ART. 1.022 DO CPC/2015. NÃO CONFIGURAÇÃO. ALEGAÇÕES DE EXIGUIDADE DESSE PRAZO. EXAME QUE DEMANDA NOVO JUÍZO DE MATÉRIA FÁTICA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária se insurge contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região em que mantida a sentença de parcial procedência de ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal "para condenar os réus, no âmbito de suas competências, a ultimar, no prazo de 24 (vinte e quatro) meses, o processo administrativo de delimitação e titulação das terras ocupadas pela comunidade quilombola Rincão dos Negros, até o início da fase de titulação, incluídas a publicação de ato declaratório de interesse público por Decreto Presidencial e a propositura das respectivas ações de desapropriação". 2. Relativamente à alegada violação ao art. 1.022 do CPC/2015, sem razão o recorrente. Isso porque a Corte Regional decidiu a controvérsia de modo integral e suficiente ao consignar que, no caso concreto, apenas a primeira das 21 etapas previstas em decreto foi cumprida; que o Incra não vem cumprindo com seu desiderato legal; que há uma evidente paralisação de trabalhos em afronta à lei e ao direito das comunidades quilombolas e brancas residentes, ocupantes e proprietárias locais; que o procedimento relativo à comunidade quilombola Rincão dos Negros não apresenta a mínima perspectiva de solução, por isso deve-se assegurar a razoável duração do processo administrativo, nos termos da Lei 9.784/1999; que o procedimento deve avançar pelo menos até o início da fase de titulação no prazo máximo de 24 meses. Inexistinto omissão relevante não sanada, é de ser mantido o desprovimento do recurso especial no ponto. 3. Quanto à questão de fundo, o recorrente sustenta basicamente que o procedimento é longo e complexo, por isso o prazo fixado pelas instâncias ordinárias não se mostra razoável - ademais de não ter havido omissão no caso concreto. Destaca, ainda, a complexidade da etapa da elaboração do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID). Ocorre que o acórdão recorrido fez juízo de matéria fática ao consignar que o procedimento voltado à demarcação e titulação das terras do quilombo Rincão dos Negros apresenta demora injustificável, pois apenas uma das 21 etapas teria sido cumprida, sendo razoável o prazo de vinte quatro meses para que tal procedimento avance pelo menos até o início da fase de titulação. Nesses termos, o acolhimento das alegações na linha de que o prazo não se mostra razoável supõe revisão do juízo de natureza fática realizado no acórdão recorrido, providência que não pode ser tomada na presente via, nos termos da Súmula 7/STJ. 4. Agravo interno não pr ESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RESOLUÇÕES NORMATIVAS. INFORMAÇÕES SOBRE PACIENTES. COMPARTILHAMENTO. LEGISLAÇÃO FEDERAL. VIOLAÇÃO REFLEXA. EXAME. INVIABILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL. STF. COMPETÊNCIA 1. Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, "aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC" (Enunciado Administrativo n. 3). 2. A via excepcional não se presta para análise de ofensa a resolução, portaria, regimento interno ou instrução normativa, atos administrativos que não se enquadram no conceito de lei federal, bem como a respeito de matéria constitucional, sob pena de usurpação de competência da Suprema Corte. 3. Hipótese em que o acórdão recorrido consignou que a Resolução n. 153/2007 da ANS contraria a Resolução n. 1.246/88 do Conselho Federal de Medicina, segundo a qual é vedado ao médico "revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo motivo de justa causa, dever legal ou autorização expressa do paciente", concluindo que "o compartilhamento de diagnósticos médicos entre as operadoras de plano de saúde, sem autorização do paciente, ofende direito fundamental à intimidade e à privacidade dos usuários dos serviços de saúde (art. 5°, X, da Constituição Federal)". 4. No caso concreto, a ofensa aos preceitos de lei federal indicados, de fato, perpassa necessariamente pela interpretação das aludidas Resoluções e de dispositivos da Constituição Federal, sendo meramente reflexa a vulneração das normas indicadas no recurso especial. 5. Agravo interno desprovido.