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Um relatório de 1861 diz que: “A única doutrina que parece estar de acordo
com a razão e a fisiologia é aquela que coloca o início da vida no momento da
concepção... o aborto é uma destruição massiva de crianças por nascer”8. No
diário da Assembléia da República Portuguesa, de 20 fev/97, num breve esboço
sobre aborto, é dito que muitos gregos aceitavam o aborto, mas se esquece de
contar que Aristóteles e Platão aceitavam também o infanticídio. No mesmo texto,
deixam de referir sobre Hipócrates e seu juramento, que proíbe explicitamente o
aborto: “Eu seguirei o método de tratamento que ... considero benéfico para os
meus pacientes, e ... não prescreverei qualquer medicamento mortal... não darei à
mulher um contraceptivo para que aborte”9. Já em 1948, a Declaração de
Genebra, incluiu a promessa: “Manterei o maior respeito pela vida humana desde
sua concepção”10. No mesmo ano, houve a liberação da legislação do aborto no
Japão, acarretando cerca de 5 milhões de abortos nos oito anos seguintes. Em
1972, esse número chegou a 1 milhão e meio. Na Inglaterra, o aborto era ilegal até
o Ato da Vida (Preservação) do Menor, de 1929, estabelecendo que ato algum
fosse punido quando praticado com intenção única de salvar a mãe. Após 1967,
com o Ato do Aborto de David Steel, só houve aumento da prática: 1966 ►6.100
abortos; 1968 ►24.000; 1973 ►167.000; e 1983 ►mais de 2 milhões de crianças
indefesas já tinham sido abortadas. Nos Estados Unidos, em 1970 uma grávida
texana (Jane Roe), levou à Suprema Corte Henry Wade, procurador distrital de
Dallas. Em janeiro de 1973, a Suprema Corte declarou a lei antiaborto do Texas
inconstitucional, por 07 votos contra 02. Em 1969, o número de abortos era menor
que 20 mil. Em 1975, ou seja, dois anos após a decisão, já ultrapassava mais de 1
milhão, chegando em 1980 a mais de 1 milhão e meio. O que muitos não sabem, é
que dois anos antes (1971), um grupo de 220 conceituados médicos, cientistas e
professores entregou um breve amicus curiae (Conselho a uma Corte a cerca de
uma questão legal) à Suprema Corte. Nesse documento, mostraram à Corte que a
vida humana é um processo contínuo e que a criança por nascer, do momento da
concepção em diante, é uma pessoa e precisa ser considerada como pessoa,
assim como sua mãe.
A VISÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA
Segundo o Salmo 139, o amor constante de Deus por nós é a razão do senso
de continuidade de nosso ser. Assim se expressa o texto Sagrado: ”Pois tu
formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe... os teus olhos me
viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias,
cada um deles escrito e determinado, quando nenhum deles havia ainda”21 (Sl
139.13,16). Donald Mackay nega pessoalidade ao feto devido à ausência de
cérebro inicial para sustentar auto-supervisão e relações conscientes. Mas, e se a
relação vital que doa pessoalidade ao embrião for o amor comprometido e
consciente de Deus com o feto, em vez do feto com Deus? Tal relação unilateral é
vista nos pais que amam os filhos, cuidam e os protegem, muito antes que tenham
capacidade de corresponder. Iniciativa unilateral é que faz a graça divina ser graça.
É a graça de Deus que une o real e o potencial, o já e o ainda não. A Declaração
dos Direitos da Criança das Nações Unidas, diz que as crianças devem ter proteção
legal, antes e depois do nascimento pois elas não têm voz para clamar por sua
própria causa e são as mais indefesas para protegerem sua vida. É
responsabilidade nossa fazer por elas o que não podem fazer: impedir que sejam
assassinadas. Lord Ramsey, ex-arcebispo de Canterbury disse que: “Temos que
declarar como normativa a inviolabilidade geral do feto...o feto humano deve ser
reverenciado como o embrião de uma vida capaz de vir a refletir a glória de
Deus...”22. O profeta Jeremias, ainda criança, ouviu de Deus, que Este o conhecia,
e o constituiu profeta, antes que houvesse nascido, ou seja, ainda no ventre de sua
mãe (Jr 1.5).
Por que, então, tanta confusão acerca do feto ser ou não uma pessoa? Isso
ocorre devido haver uma mistura nos significados de personalidade e pessoa.
Personalidade e ser não são o mesmo. “Personalidade é um conceito psicológico;
ser (ou pessoa) é uma categoria ontológica [propriedade e conhecimento de ser].
Personalidade é uma propriedade, mas o ser é a substância do ser humano.
Personalidades são formadas pelo que cerca a pessoa, mas o ser é criado por
Deus. Assim sendo, a personalidade se desenvolve gradativamente, mas o ser
ocorre instantaneamente na concepção”23(Grifo nosso). Por conseguinte, o ser
não depende do tubo neural que surge nas 1ª semanas, uma vez que, o novo ser já
é, ainda que só o saiba mais tarde. A diferença de nós para ele é apenas na
nutrição e maturação. Tudo que somos hoje, só somos, porque “tudo” já estava lá –
na concepção. Os antigos já tinham noção de que ali estava uma vida e que era
errado interrompê-la. Por isso, o aborto é proibido, é visto como homicídio doloso
desde os primórdios, tanto pelos governos, quanto por Deus. Em Êxodo 21.22,23,
as Sagradas Escrituras dizem que “se homens brigarem e ferirem uma mulher
grávida,e ela der à luz prematuramente, não havendo, porém, nenhum dano
sério, o ofensor pagará a indenização que o marido daquela mulher exigir,
conforme a determinação dos juízes. Mas, se houver danos graves, a pena será
vida por vida”24(Grifo nosso). Embora, alguns intérpretes afirmem que o texto
coloca a vida da mãe como mais importante que o feto, não é isso que vemos se
analisarmos os versículos com atenção e honestidade. 1º) “Der à luz
prematuramente” – não é dito que nasceu uma criança morta ou não. Para os
hebreus a vida começava no nascimento e caso o embrião/feto fosse de poucas
semanas, era observado, e, vindo a morrer, o agressor pagaria coma a própria vida,
assim como, caso houvesse dano de morte para a mãe. Essa era a chamada Lei de
Talião, presente também no Código de Hamurabi e nas leis assírias,e, previa um
castigo sempre igual ao dano causado, visando coibir os excessos da vingança.
Charles C. Ryrie, em sua Bíblia de Estudo Anotada Expandida, corrobora tal visão:
“E forem causa de que aborte”. Ou melhor, “seu fruto venha para fora” (vivo ou
morto). Neste caso era imposta apenas uma multa. Caso o bebê morresse,
aplicava-se a Lei da Retaliação”25(Grifo nosso). Abominamos a tradução feita pela
SBB – Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH), onde o texto fala de
indenização financeira pelo feto e Lei de Talião caso a mãe morra, dando a
entender que a vida desta vale mais do que a daquele. Os danos graves, poderiam
ocorrer com a mãe ou com seu filho, em ambos os casos, seria pago vida por vida.
André Chouraqui, poeta, ensaísta e tradutor judeu, deixa a questão mais clara
ainda em seus escritos: “Se, ao brigarem, homens ferem uma mulher grávida e os
filhos saiam sem que seja uma catástrofe, ele será punido como o senhor da
mulher reivindicar dele: dará segundo a decisão dos jurados. Se for uma
catástrofe... dá ser por ser”26. Podemos encontrar ainda, além da Bíblia, outros
textos religiosos que proíbem o aborto. Um exemplo é o Didaquê dos 12 Apóstolos,
documento apócrifo do séc. I d.C., que diz: “E o segundo mandamento do Ensino:
não cometerás homicídio, não cometerás adultério, não cometerás pederastia, não
cometerás fornicação,...não matarás uma criança por aborto, nem matarás a que
nasce...”27 Didaquê Cap. 2. Ambos, infanticídio e aborto, são vistos pelos cristãos
primitivos como desobediência ao mandamento “Não matarás”, portanto, uma vez
que, Deus não mudou(Hb 13.8), não devemos e nem podemos justificar o aborto e
o infanticídio no Brasil com desculpas de evolução dos tempos ou respeito as
culturas. Barbarismo é crueldade em qualquer época e lugar.
O exposto nas linhas acima deixa explícito que o aborto constitui assassinato
de um ser humano indefeso. Mas, caso ele ocorra, seja legalizado ou não, em boas
condições de assistência ou não, quais danos podem ocorrer para a saúde da
mulher? Após um exame minucioso da literatura médica mundial sobre o aborto, o
Dr. Thomas W. Hilgers, concluiu que: “Os riscos médicos de um aborto legalmente
induzido são bastante significativos e deveriam ser conscienciosamente
pesados”28(Grifo nosso). Segue-se uma lista breve de possíveis danos físicos e
psíquicos decorrentes do aborto: morte, perfuração do útero, sangramentos que
requerem transfusões, ruptura do colo do útero, acidentes ligados à anestesia –
convulsões, choques, parada cardíaca - , doença inflamatória pélvica e possível
infertilidade, cirurgia não intencionada – laparotomia, histerotomia e histerectomia -,
perfuração da vesícula, perfuração do intestino, retenção de restos ovulares,
anemia, peritonite, gravidez tubária, embolia pulmonar, tromboflebite venosa,
depressão, psicose e suicídio. O obstetra-psiquiatra, Dr. Julius Fogel, abortista,
admitiu que: “...toda mulher...tem um trauma se destruiu uma gravidez...ela está se
auto-destruindo...algo acontece nos níveis mais profundos da consciência de uma
mulher quando ela destrói uma gravidez. Sei disso como psiquiatra”29 Um estudo
europeu detectou aspectos negativos que se seguiram aos abortos legais, de 55%,
em um nº de mulheres examinadas por psiquiatras. Outro estudo detalhado sobre
as sequelas pós-aborto, mostrou que: “Ansiedade...é sentida de forma bem aguda,
foi encontrada em 43,1%...Depressão...com força moderada...em 39,1% das
mulheres...26,4% se sentiram culpadas...[e] 18,1% não sentiram qualquer alívio ou
apenas um pouco”.30(Grifo nosso) Outros estudos, mostram que, mulheres que
fazem aborto são 9 vezes mais propensas ao suicídio que o resto da população.
Nos E.U.A., desde início dos anos 70 – quando o aborto foi legalizado -, houve um
aumento crescente nos índices de suicídio de adolescentes, chegando a 500%
entre 1978 e 1981.
CONCLUSÃO
Notas:
1. John Warwick Montgomery, “The Rights of the Unborn Children”, The Simon
Green Leaf Law Review, vol. 5 (1985-86), p.25
2. Michael Tooley, Abortion and Infanticide (Oxford: Calendon Press, 1983), p.
419
3. Willian Brenan, Medical Holocausts: Exterminative Medicine in Nazi Germany
and Contemporary America (Boston, MA: Nordland Pub. International, Inc.,
1980), Vol. 1, p. 98.
4. Peter Singer, como citado por Martin Maywer em Fundamentalist Journal,
junho de 1988.
5. D. James Kennedy com Jerry Newcombe, “E se Jesus não Tivesse
Nascido?”, Ed. Vida, p.24
6. IDEM, p. 28
7. IDEM, p.28
8. WEB
9. Grandes Questões sobre Sexo – John Stott, Ed. Vinde, p. 114
10. IDEM, p. 115
11. WEB
12. Grandes Questões sobre Sexo – John Stott, Ed. Vinde, p. 118
13. Os Fatos sobre o Aborto, Chamada da Meia-Noite, p. 12
14. IDEM, p. 13
15. IDEM, p. 14
16. IDEM, p. 15
17. IDEM, p. 16
18. IDEM, p. 20,21
19. Grandes Questões sobre Sexo – John Stott, Ed. Vinde, p. 137
20. IDEM, p. 139
21. Bíblia de Estudo Anotada expandida, São Paulo - Mundo Cristão, 2006,
p. 599
22. Grandes Questões sobre Sexo – John Stott, Ed. Vinde, p. 141
23. Os Fatos sobre o Aborto, Chamada da Meia-Noite, p. 26
24. Bíblia de Estudo NVI, São Paulo - Ed. Vida, 2003, p. 127
25. Bíblia de Estudo Anotada expandida, São Paulo - Mundo Cristão, 2006,
p. 81
26. A Bíblia, Nomes – André Chouraqui, Imago – p. 263
27. Apócrifos e pseudo-epígrafos da Bíblia, Fonte Editorial, 2005 – p. 778
28. Os Fatos sobre o Aborto, Chamada da Meia-Noite, p. 42
29. Os Fatos sobre o Aborto, Chamada da Meia-Noite, p. 47
30. Os Fatos sobre o Aborto, Chamada da Meia-Noite, p. 48
31. Grandes Questões sobre Sexo – John Stott, Ed. Vinde, p. 148