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Nuclear da Área Profissional

REFLEXÃO E PROBLEMATIZAÇÃO DA RESIDÊNCIA CONECTADA


COM A TOTALIDADE SOCIAL E HISTÓRICA EM QUE A MESMA SE
INSERE.

Fernanda Rebouças de Oliveira


Programa de Residência Multiprofissional em Envelhecimento
REFLEXÃO E PROBLEMATIZAÇÃO DA RESIDÊNCIA CONECTADA
COM A TOTALIDADE SOCIAL E HISTÓRICA EM QUE A MESMA SE
INSERE.

A residência multiprofissional têm como um de seus objetivos capacitar


profissionais da área da saúde para o Sistema Único de Saúde (SUS), regulamentada
em 2005, o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde chega quando o país
está passando por um processo de intensificação da agenda neoliberal que se
mantém até os dias atuais.

A maior parte das lutas dos movimentos sociais das décadas de 70 e 80 foram
incluídas na Constituição Federal de 88 como direito, conhecida como “constituição
cidadã” a carta magna em seu artigo 196 aponta a saúde como “direito de todos e
dever do Estado”, esse avanço legislativo é visto como um avanço para o Movimento
Sanitário Brasileiro, porém o SUS acaba não sendo implantado com bases exatas no
que estava no projeto da reforma sanitária.

Antes disso, na década de 70 a crise do petróleo culminou – juntamente com


outros fatos – uma nova crise no sistema capitalista, com o objetivo de cessar com a
crise, economistas começaram a atacar o keynesianismo e o Estado de Bem Estar
Social, pensado após a segunda guerra mundial para recuperar os países destruídos
e proteger o cidadão com trabalho, saúde e educação fornecidas majoritariamente
pelo Estado.

Com a nova crise, foi se pensado em uma agenda neoliberal para os países
atingidos, essa agenda visa, principalmente, a diminuição do Estado, a retração de
políticas públicas – atingindo as classes mais baixas – a flexibilização do trabalho
informal, a perca de direitos trabalhistas e a diminuição da regulação estatal sobre o
mercado.

Com o início do desmonte das políticas públicas a saúde e demais setores


começaram a serem atingidos antes de se consolidarem totalmente na prática, isso
vai impactar também na vida dos trabalhadores desses setores, assim como, na vida
dos residentes multiprofissionais, que sentem em suas horas teóricas-práticas os
impactos do neoliberalismo.
Levantando algumas influências do neoliberalismo sobre o trabalho na saúde,
destaco a transferência da gestão de serviços públicos para o setor privado, a
publicização das gestões dos serviços públicos dificulta a fiscalização estatal, logo
aumentando os riscos de possíveis irregularidades, o que pode culminar em faltas de
materiais essenciais para a execução do serviço.

Além da precarização do trabalho por falta de recursos materiais, o que também


afeta os residentes são as 60 horas semanais exigidas, essa afeta sua qualidade de
vida, também destaco uma lacuna ao que se refere a qualificação continuada de
tutores e preceptores que podia estar embarcada na Política de Educação
Permanente do SUS.

Por fim, se um dos objetivos do programa de residência é capacitar


trabalhadores para o SUS, deveria ser pesado em estratégias para que esses
profissionais possam fazer parte do SUS após sua especialização, o que não ocorre,
então o profissional formado e financiado pelo Ministério da Saúde para atuar no SUS
acaba adentrando no setor privado.

Refletir esses problemas em volta das residências nos leva a reafirmar os


malefícios do neoliberalismo e do desmonte das políticas públicas e afirmar a
necessidade da formação de profissionais capacitados para o SUS, profissionais
articulados com o projeto de reforma sanitária e com o fortalecimento do Sistema
Único de Saúde, sendo as residências multiprofissionais parte da luta pela efetivação
da política de saúde no Brasil.

Referências

Residência em Saúde e Serviço Social: subsídios para reflexão. CFESS, 2017.

Reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde: notas sobre contextos e


autores, Carlos, PAIVA, v .201, n.1, jan/mar. 2014, p.15-35.

Portaria nº 278, de 27 de fevereiro de 2014, institui diretrizes para implementação da


Política de Educação Permanente em Saúde, no âmbito do Ministério da Saúde (MS).

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