Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MANUAL DE LABORATÓRIO DE
FÍSICA MODERNA
Profº. Luiz Gonzaga Cabral
Para Suzane.
Esse Manual foi elaborado em junho de 1980 pelo Professor Luiz Gonzaga de Souza Cabral,
sendo re-editado maio de 2004 pela Laboratorista Christiana Santoro – UNICAP – Departamento de
Física.
Prefácio
O autor.
Sumário
1.1 Preliminares
Estudaremos a condução de elétrons no vácuo com o uso de válvulas eletrônicas. Neste item
apresentaremos uma descrição sumária da válvula eletrônica, com suas características de funcionamento e
com observações relativas ao tipo especial de válvula que usaremos nesta experiência.
A denominação “válvula eletrônica” refere-se à capacidade do dispositivo em controlar a corrente
elétrica num processo semelhante ao das válvulas hidráulicas. A Figura 1.1 mostra a válvula EL84, um
pêntodo em sua base.
A Figura 1.2 apresenta os constituintes essenciais de uma válvula eletrônica denominada triodo.
Uma peça interna denominada “cátodo” é aquecida por um fio onde flui uma corrente elétrica. O
cátodo é revestido por uma camada de óxidos de metais alcalinos (bário, estrôncio, potássio, tório,
titânio). Com o aquecimento progressivo, os elétrons do cátodo perdem a ligação com os seus átomos e
alguns são emitidos. Com a saída dos elétrons, o cátodo fica positivamente carregado e a continuidade da
emissão é prejudicada. Forma-se o que chamamos de “carga espacial” nas proximidades do cátodo. O
próprio fio poderia ser usado como cátodo, tendo-se então o que se denomina de “cátodo de aquecimento
direto”. Entretanto, por várias razões, as válvulas funcionam melhor com cátodos de aquecimento
indireto, tipo apresentado na Figura 1.2.
O efeito da carga espacial pode ser diminuído se o cátodo é carregado negativamente a partir de uma
fonte externa.
2
No funcionamento normal da válvula, os elétrons são dirigidos do cátodo ao ânodo ou placa (cilindro
externo) que é carregada positivamente. Estabelece-se assim um fluxo de elétrons entre o cátodo e o
ânodo. O espaço entre o cátodo e o ânodo deve ser cuidadosamente planejado. Se for muito pequeno
haverá a possibilidade de descarga elétrica. Se for muito grande requererá grandes diferenças de potencial
para o estabelecimento dos campos elétricos necessários à manutenção da corrente de elétrons.A grade
tem a função de controlar o fluxo de elétrons. Se for carregada negativamente repelirá alguns elétrons de
volta ao cátodo e haverá diminuição da corrente. Tem a forma de uma hélice envolvendo completamente
o cátodo. Observa-se que pequenas variações no potencial da grade produzem grandes mudanças na
corrente da placa, ocorrendo, então o que se chama de “amplificação” da variação de potencial aplicada à
grade. Esta é a função essencial do triodo (figura anterior).
A válvula sem grade denomina-se diodo e emprega-se basicamente na retificação de correntes
alternadas. O diodo, possuindo o cátodo negativo e a placa positiva só conduz num sentido. Uma corrente
alternada aplicada ao diodo transformar-se-á em corrente pulsante num só sentido. Quando os sinais
aplicados à grade são de alta freqüência (grandes variações em pequenos intervalos de tempo), a
amplificação com o triodo, torna-se problemática devido à capacitância entre a grade (que passaremos a
chamar doravante de grade de controle) e a placa.
A fim de diminuir o efeito capacitivo entre a grade de controle e a placa, coloca-se uma outra grade
positivamente carregada, denominada “grade de blindagem” no espaço entre aqueles elementos. Sendo
positiva tal grade aumentará a aceleração dos elétrons em relação à placa.
Quando os elétrons atingem a placa com grande velocidade, arrancam outros elétrons produzindo uma
“emissão secundária”. Tais elétrons são parcialmente absorvidos pela grade de blindagem, diminuindo
seu efeito. Por esta razão coloca-se uma outra grade entre a grade de blindagem e a placa, denominada de
grade supressora, geralmente ligada ao cátodo. Sendo carregada negativamente repelirá os elétrons da
emissão secundária de volta à placa. Entretanto, como os elétrons que saem do cátodo já estão com
grande velocidade, a grade supressora não tem poder para “barrá-los”.
Chegamos então à descrição do pêntodo que será usado em nossa experiência. Nas medidas que
efetuaremos a válvula EL84 será utilizada como diodo ou triodo. A grade supressora é ligada ao cátodo
no interior do tubo e a grade de blindagem encontra-se ligada à placa no soquete da válvula.
Nas experiências que efetuaremos, analisaremos a emissão termoiônica do cátodo e o funcionamento
da válvula como diodo e como triodo.
O efeito conhecido como emissão termoiônica, foi casualmente descoberto por Edison, que não lhe
deu a maior importância a não ser que se referiu a sua aplicação na fabricação de lâmpadas
incandescentes. Para “arrancar” elétrons da superfície de um metal é necessário fornecer-lhes energia.
Uma coisa é promover a saída do elétron de um átomo (basta dar-lhe energia de ligação) e outra é fazê-lo
no domínio da estrutura cristalina à qual está ligado. Trata-se de um efeito semelhante à tensão superficial
existente na superfície livre de um líquido. De uma maneira elementar podemos imaginar que os átomos
ionizados positivamente pela saída de elétrons formem um potencial positivo a vencer para fazer o elétron
abandonar o metal. É singular que o simples aquecimento do filamento já produza elétrons com energia
suficiente para abandonar o metal. A energia necessária para retirar elétrons de um metal denomina-se
“função de trabalho eletrônica” (13,5eV no caso do Tungstênio). Impurezas presentes no cátodo tendem a
diminuir a função de trabalho eletrônica o que é vantajoso para a operação das válvulas eletrônicas. Os
elétrons emitidos são parcialmente atraídos pelo cátodo e formam a carga espacial.
Nas válvulas comerciais a quantidade de elétrons emitidos é superior à necessária ao funcionamento
normal de modo que sempre ocorre a existência de carga espacial. Os elétrons formam um sistema de
partículas semelhante a um gás.
3
No início dos estudos imaginou-se a distribuição de velocidades dos elétrons como correspondente à
Lei de distribuição de Maxwell-Boltzmann para gases ideais. Entretanto, verificou-se posteriormente que
a Lei de distribuição de velocidade de Fermi-Dirac traduzia com maior precisão os resultados
experimentais. A Figura 1.3 mostra a diferença fundamental entre estas duas estatísticas.
Nº de elétrons/v
Velocidade
A primeira apresenta grande concentração de partículas com menor velocidade média, ao oposto da
segunda.
Veremos na introdução teórica que a presença da carga espacial é fundamental para o entendimento
teórico das relações entre a corrente e a tensão nas válvulas eletrônicas.
Fig. 1.4
4
J S CT 2 exp (eq. 1.1)
kT
k = constante de Boltzmann;
No início da operação da válvula, quando o cátodo ainda está frio, temos uma diferença de potencial
V1 entre a placa e o cátodo. O sistema comporta-se como um condensador de placas paralelas. Com o
início da emissão surgem elétrons na região entre o cátodo e a placa e começa a se formar a carga espacial
nas proximidades do cátodo. Isto produz uma diminuição do potencial nas proximidades do cátodo. Se
diminuirmos o potencial da placa, podemos chegar à situação em que alguns elétrons emitidos retornam
ao cátodo devido à diminuição excessiva do potencial em suas proximidades (V4).
É fácil de compreender que no valor V3 ocorre a corrente de saturação. Nessa situação, em qualquer
posição interna da válvula o elétron é acelerado para a placa e nenhum deles deixa de atingi-la. Um
aumento de potencial, portanto, não poderá mais produzir aumento na corrente. Supondo que todos os
elétrons deixem o cátodo com velocidade inicial nula e, sendo “e”, a carga do elétron, obtemos por
aplicação do princípio de conservação de energia ao trajeto entre o cátodo e a placa:
5
1
Ve mv 2 (eq. 1.2)
2
e = carga do elétron;
m = massa do elétron;
2Ve
Daí: v (eq. 1.3)
m
A densidade de corrente de elétrons, fluindo do cátodo ao ânodo, é a corrente elétrica por unidade de
área transversal ao fluxo, e pode ser calculada por:
J v (eq. 1.5)
m
J (eq. 1.6)
2Ve
d 2V 1
(eq. 1.7),
dx 2
0
Obtemos:
d 2V 1 m
J (eq. 1.8)
dx 2
0 2Ve
A resolução desta equação diferencial é facilitada pelo uso das seguintes condições de contorno:
dV
0 Para V = 0, no cátodo;
dx
6
(eq. 1.9)
V V3 Para x = d (ocorrência da corrente de saturação).
Resolvendo a eq. 1.8 com as condições eq. 1.9, chegamos a uma expressão para a densidade de
corrente de saturação:
3
4 0 2e V 2
(eq. 1.10)
JS min
2
d
g m d
Analisando a expressão eq. 1.10, observamos que todos os valores são constantes, à exceção de
Vmin(V3).
Daí então:
3
I S KV 2 (eq. 1.11)
Esta é a forma usual da lei de Langmuir-Child. Fornece uma relação simples entre a corrente de
saturação e o potencial da placa, no domínio da carga espacial. A constante K depende do tipo de tubo
eletrônico utilizado.
Para aperfeiçoar a expressão eq. 1.11, recordemos que existe emissão de elétrons com o simples
aquecimento do filamento, quando V = 0. Assim, podemos escrever, alternativamente:
3
I S C V V0 2 (eq. 1.12)
Onde: V0 é uma tensão fictícia, negativa, a ser aplicada para impedir a emissão “espontânea” do
cátodo.
Atingida a saturação para determinada voltagem, só podemos aumentar a corrente por um aumento da
quantidade de elétrons. Isto significa que precisamos aumentar a temperatura do cátodo para aumentar a
corrente a uma determinada tensão. O aumento da voltagem de placa produz aumento da corrente sendo
que o valor de V estabelecido nas fórmulas anteriores deve ser interpretado como a voltagem que produz
arraste de todos os elétrons presentes na carga espacial.
Chama-se domínio da carga espacial ao conjunto de valores de V onde vale a relação eq. 1.12.
O aumento de V é acompanhado do aumento de I (eq. 1.12) até um certo ponto. A partir de
determinado valor de V, a corrente para de crescer mesmo com o aumento da tensão. Para distinguir,
chamamos tal corrente de “corrente de saturação máxima”.
A Figura 1.6 mostra uma montagem experimental que pode ser utilizada para estudos da Lei de
Langmuir-Child.
7
Observe-se a grade de controle ligada a placa funcionando o conjunto placa-grade de controle como
uma placa. O voltímetro mede a tensão de placa e o amperímetro a corrente. O aquecimento do filamento
é mantido constante.
Nesta montagem podemos medir a corrente e a tensão da grade de controle bem como a corrente e a
tensão da placa (ânodo). Compreendamos inicialmente que a corrente de placa Ip depende tanto da tensão
de placa Vp, quanto da tensão de grade, Vg. Devido a esta constatação define-se, teoricamente, uma
tensão de controle, Vc, dada por:
Vc V g PV P (eq. 1.13)
Se desejarmos a relação entre a corrente e a tensão na válvula triodo, devemos escrever agora:
3
I P K V g PVP KV C
2 (eq. 1.14)
V g
P (eq. 1.15)
V P
8
V g 1
P (Ip = constante) (eq. 1.16)
V P
Outras características das válvulas eletrônicas são importantes e serão aqui consideradas:
I P
Transcondutância (Vp = constante) (eq. 1.17)
V g
Relação entre a variação da corrente anodica e a variação da tensão da grade de controle, representada
por T.
V P
Resistência da placa R P (Vg = constante) (eq. 1.18)
I P
Das relações das equações (1.16), (1.17), (1.18) é fácil mostrar que:
A equação (1.20) permite interpretar fisicamente a influência mútua destas três constantes.
No aquecimento do cátodo de uma válvula, os elétrons podem adquirir energia suficiente para vencer
a função de trabalho eletrônica (potencial de superfície) e sair do metal com velocidade. No processo de
aquecimento pela passagem de corrente elétrica os elétrons adquirem energias diversas numa distribuição
aleatória. Alguns não conseguem, com a energia adquirida abandonar o metal. Outros saem com pequena
energia e podem ser atraídos de volta pelos átomos ionizados do metal. Forma-se, contudo, uma carga
espacial nas proximidades do cátodo. Supondo que a distribuição de velocidades dos elétrons extraídos do
cátodo siga o modelo de Maxwell (no início dos estudos da emissão termoiônica pensou-se que a
distribuição de Maxwell-Boltzmann fosse a mais adequada, mas depois constatou-se que a de Fermi-
Dirac reproduzia melhor os resultados experimentais), temos:
1 2
mv mp KT (eq. 1.21)
2
A corrente total de emissão do cátodo, medida como corrente de saturação, é dada por (Ver (eq. 1.1)):
I S C 0 AT 2 exp (eq. 1.22)
kT
Nos ensaios experimentais costuma-se aplicar um potencial – V para medir a energia dos elétrons. De
acordo com a teoria, somente uma fração dos elétrons consegue vencer este potencial. Esta fração é
justamente:
eV
exp (eq. 1.23)
kT
eV
I I S exp (eq. 1.24)
kT
A equação (1.24) apresenta a relação entre a corrente de emissão do cátodo devida exclusivamente ao
fenômeno da emissão termoiônica e um potencial desacelerador aplicado à grade de controle ou à própria
placa.
Observe-se que para V = 0, isto é, não há retardamento de elétrons a corrente medida é a corrente de
saturação.
Se medirmos as correntes efetivas para dois potenciais retardadores diferentes podemos encontrar a
relação:
eV2 V1
T
I (eq. 1.25)
k ln 1
I2
Os assuntos desenvolvidos nos fundamentos teóricos podem ser encontrados nos seguintes textos:
10
- Sears, Francis Weston: Física, Magnetismo-Eletricidade, Tomo II, Capítulo 18, Eletrônica;
destacando os itens 18.2, 18.3.
- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Física, Capítulo 38, Eletrônica; destacando os
itens 38.2 e 38.4.
- Westphal, Wilhelm H.: Práticas de Física, Capítulo V, Exercício 46, destacando os itens I e II.
- Sears, Francis Weston: Introdução à Termodinâmica, Teoria Cinética dos Gases e Mecânica
Estatística, Capítulos 14 e 15.
Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica desenvolvida
em Processo de Análise Gráfica e Numérica (ver bibliografia recomendada). É imprescindível o
conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.
11
1.3 Experiência.
A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser identificada na figura abaixo. Consta dos
seguintes dispositivos e equipamentos:
05 – Multímetro
A válvula EL84 é usada geralmente como pêntodo de saída e tem as seguintes características:
O soquete da válvula está montado numa base de madeira onde as ligações estão evidenciadas.
Neste soquete o pêntodo atua como triodo, estando a grade supressora – ligada internamente ao
cátodo e a grade de blindagem – à placa (ligações efetuadas através do soquete).
Entre os bornes inferiores, de cor negra, a resistência tem o valor nominal (42). O borne
vermelho está ligado ao contato do cursor. O valor da resistência entre este borne vermelho e
qualquer um dos bornes pretos depende da posição do cursor variando entre zero e o valor
nominal.
03 – Fonte de alimentação:
A caixa de ligações deve ser acoplada diretamente ao instrumento e permite medições de tensões e
correntes contínuas ou alternadas aumentando as possibilidades do instrumento de medida.
Selecionada a escala (tensão ou corrente e valor) e o tipo de sinal (contínuo ou alternado) o valor
indicado na caixa corresponde ao valor máximo da deflexão à direita do ponteiro do instrumento
de medida.
05 – Multímetro:
Fig.1.14 - Multímetro
Instrumento de medida de correntes e tensões contínuas e alternadas. Possui uma caixa externa de
ligações para seleção da escala de medidas.
Desvio total: 2mA, 100mV em corrente contínua e 2mA, 1,2V em corrente alternada.
Classe de qualidade: 1 para cada corrente contínua; 1,5 para corrente alternada.
Ver o item 02
Fig.1.15 – Resistências.
09 – Galvanômetro:
Uma bobina móvel, suspensa por um fio finíssimo pode girar dentro de um núcleo de imã
permanente. Acoplado à bobina móvel está um espelho côncavo. O raio luminoso proveniente de
uma fonte adequada (Fig. 1.9) e refletido no espelho funciona como o ponteiro dos instrumentos
convencionais. Os bornes de ligação, existentes na parte frontal comunicam-se diretamente à
bobina móvel. Há também um nível para maior segurança e precisão.
A Fig. 1.8 mostra as três montagens que serão efetivadas com o objetivo de analisar três
fenômenos básicos:
Os circuitos correspondentes as três montagens são mostradas na Fig. 1.17 (a), (b) e (c). Os
circuitos devem ser montados conforme tais esquemas e figuras. As escalas dos instrumentos de medida
são selecionadas e os instrumentos são calibrados. A fonte de alimentação e as medidas efetuadas
conforme as tabelas que apresentamos oportunamente.
MONTAGEM I:
Para verificação da Lei de Langmuir-Child determine a corrente de placa em função da tensão de
placa para um valor fixo da corrente do filamento. O reostato de 42 é usado para variar a corrente do
filamento. Efetue a montagem conforme a Fig. 1.8 (a) e confira as ligações conforme a Fig. 1.17 (a). A
tensão de placa é regulada diretamente através da fonte de alimentação e não deve exceder a 250V.
Outras medidas devem ser efetuadas de modo a preencher a Tabela 1.1 e a Tabela 1.2.
MONTAGEM II:
Para determinação das principais características estáticas de um triodo, montar o circuito da Fig.
1.17 (b) de conformidade com a montagem da Fig. 1.8 (b). A voltagem de alimentação da grade de
controle é mantida em determinados valores enquanto varia-se a tensão medindo-se a corrente de placa.
Deve-se efetuar medidas de modo a preencher a Tabela 1.3.
MONTAGEM III
Para estudos de corrente de emissão do cátodo efetuar a montagem indicada na Fig. 1.8 (c)
conforme o circuito da Fig. 1.17 (c). Agora a corrente será determinada pelo Galvanômetro de espelho.
Tal dispositivo deve ser nivelado e zerado (posição do raio luminoso na escala). A distância entre o eixo
do Galvanômetro e a escala deve ser fixada em 2,0m. Desse modo, sendo a constante do Galvanômetro
de 10-8 A/mm/m as deflexões medidas em “mm” deverão ser divididas por dois para indicação da corrente
em 10-8A. A Fig. 1.18 mostra a disposição do Galvanômetro na medida da corrente através do
deslocamento do raio luminoso na escala. Devem ser efetuadas medidas de modo a preencher a Tabela
1.4. Para medidas inferiores a 10-4A o Galvanômetro deve ser utilizado. Para medidas superiores
recomendamos a utilização do instrumento de medida na escala de 300A.
Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
2.1 Preliminares:
A formação de campos elétricos uniformes é obtida através de placas paralelas. A Fig. 2.1 mostra
uma placa plana de grande comprimento carregada uniformemente. Desejamos estimar a natureza do
campo elétrico originado por esta singular distribuição de cargas. Escolhemos então dois elementos
simétricos d q . O campo elétrico de cada elemento é:
dq
dE (2.1)
4 0 r 2
23
O campo elementar dE pode ser decomposto nas componentes dE xy e dEz. Devido à simetria
provocada pelas grandes dimensões do plano é fácil mostrar que a componente dE xy, uma vez integrada,
anular-se-á. Restará então, apenas a componente dEz a qual, quando integrada resultará num campo E z
perpendicular ao plano em qualquer ponto do espaço, e portanto uniforme.
É também igualmente fácil mostrar que, sendo a densidade superficial da distribuição de cargas
do plano, teremos o módulo de Ez dado por:
Ez (2.2)
2 0
Nos casos práticos não há como satisfazer ao modelo do plano infinito. Os planos finitos
apresentam dispersão de linhas de força nas proximidades das bordas e um campo elétrico decrescente à
medida que se afasta do plano. A Fig. 2.2 mostra a configuração aproximada das linhas de força do
campo elétrico de um plano finito.
Em laboratório, a melhor maneira de obter campo elétrico uniforme está na utilização de duas
placas paralelas com cargas de sinais opostos.
Agora a maior densidade de cargas dá maior coesão às linhas de força que ficam, então,
praticamente paralelas (Figura 2.3).
A uniformidade do campo elétrico no sistema de placas paralelas pode ser acentuada se usarmos
grandes placas com pequena separação.
O campo elétrico entre as placas é dado agora por:
E (2.3)
0
A dispersão de linhas nas bordas evidenciada na Fig. 2.3 não pode ser eliminada, pois, sua
ocorrência é prevista mesmo teoricamente. O campo elétrico, entre placas paralelas não pode desaparecer
bruscamente, mas, deve decair lentamente. Tal propriedade pode ser demonstrada facilmente com o
auxílio da Lei de Faraday.
Fig. 2.4
25
Devido à repulsão das cargas negativas e atração das positivas, o elétron é acelerado através da
diferença de potencial existente entre as placas. Sendo uniforme o campo elétrico entre as placas, a
energia cinética adquirida pelo elétron nesta trajetória será:
1
mv 2 eV (2.4)
2
eV ' l 2
y (2.5)
2mdv02
Fig. 2.6
Usando a lei de Biot-Savart pode-se demonstrar que o campo magnético em pontos do eixo da
bobina é dado por:
0 IR 2
B (2.6)
2 R 2 x 2 2
3
A expressão (2.6) é válida para bobinas circulares de uma única espira, em pontos do seu eixo.
Para bobinas com N espiras:
0 I R 2 N
B (2.7)
2 R x
3
2 2 2
Neste caso, R e x são o raio médio e a distância média considerando-se o volume ocupado pelo
enrolamento da bobina (Fig. 2.7).
A expressão (2.7) não é rigorosa, pois observa-se que os fatores não influem linearmente na
formação do campo ( R e x ). Entretanto para bobinas delgadas a equação pode ser aplicada sem maiores
restrições.
Para obtenção de campo magnético uniforme usaremos um par de bobinas, usualmente conhecido
como “Bobinas de Helmholtz”. Trata-se de um sistema de duas bobinas paralelas e de igual número de
espiras – com separação igual ao raio (Fig. 2.8).
É possível também demonstrar que essa disposição especial de bobinas produz um campo
magnético extremamente uniforme nas proximidades do centro do dispositivo.
Um elétron em movimento num campo magnético sofre a ação de uma força a qual depende da
velocidade do elétron (direção e intensidade) e do campo magnético (direção e intensidade). A força de
origem magnética sobre uma carga em movimento é perpendicular à velocidade da carga e ao campo
magnético sendo dada por: F q v 0 B (2.9)
2
mv0 mv
y 0 l2 (2.11)
eB eB
Fig. 2.11 – Ação simultânea de campos elétrico e magnético, uniformes e cruzados, sobre um
elétron em movimento.
A trajetória indicada por linha contínua indica a ação do campo elétrico vertical e para baixo sobre
a carga negativa do elétron. A trajetória indicada por linha tracejada indica a ação do campo magnético
horizontal sobre o elétron. A linha pontilhada indica a trajetória do elétron quando os valores da
velocidade inicial do elétron e das intensidades dos campos elétrico e magnético são tais que resulta uma
ação nula sobre o elétron. É fácil mostrar que a condição para que não haja mudanças na trajetória
original do elétron é representada pela relação entre as três grandezas mencionadas:
E vB (2.12)
Esta equação pode ser utilizada para determinação da velocidade do elétron quando as
intensidades dos campos podem ser controladas.
2.2.7 Bibliografia recomendada.
29
Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes
textos:
- Halliday-Resnick: Física, Vol. II.1, Capítulo 33, especialmente os itens 33.6 e 33.8; Capítulo
34, especialmente o item 34.6; Capítulo 27, especialmente o item 27.5 e Capítulo 28,
especialmente o item 28.6.
- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. II, Capítulo 14,
especialmente o item 14.4; Capítulo 15, especialmente os itens 15.3, 15.4 e 15.10; Capítulo 16,
especialmente os itens 16.3 e 16.4.
- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2: Capítulo 29, especialmente o item 29.7; Capítulo 30, Capítulo
36, especialmente o item 36.4, Capítulo 37, especialmente o item 37.1.
Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
2.3 Experiência.
A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser identificada na Fig. 2.12.
Fig. 2.12 – Montagem para estudo do movimento de elétrons em campos elétricos e magnéticos.
Suporte em material sintético, especial para tubos de vidro. Possui uma parte móvel usada para
ajustes. Características das bobinas:
Diâmetro médio do enrolamento: 13,6cm.
Número de espiras em cada bobina: 320.
Corrente máxima admissível: 1,5A se aplicados 10V.
Corrente máxima momentânea: 2A, 15V.
Tubo de vidro com canhão de aceleração de elétrons com tensão de aceleração aplicável
externamente. Possui um conjunto de placas paralelas internas para aplicação de campos elétricos,
também externamente gerados.
Entre as placas existe uma tela fluorescente, com um quadriculado dividido em cm.
Características:
Possui chave de comutação para operação em corrente contínua e alternada e saída constante para
instrumento de 60mV - 300A.
Resistência regulável pelo cursor quando são feitas as ligações entre um dos terminais preto,
inferiores e o terminal vermelho superior.
Temos na Fig. 2.23 um esquema das ligações elétricas da montagem para estudos do movimento
de elétrons em campos elétricos e magnéticos.
Uma das fontes de alimentação de alta tensão é utilizada para aceleração do canhão eletrônico. A
outra serve para alimentação das placas paralelas do tubo e formação do campo elétrico interno para
deflexão do elétron em movimento.
A medição das tensões nestas fontes é feita através de uma derivação central que indica metade da
voltagem aplicada entre as saídas principais (indicadas por + e -). O filamento do canhão eletrônico é
aquecido pela corrente produzida pelo transformador. A alimentação das bobinas vem da bateria através
do reostato de 42 com medição da corrente pelo instrumento de medidas com caixa de ligações. As
ligações entre as bobinas devem ser efetuadas de modo a ocorrer adição de efeitos magnéticos.
Quando o feixe de elétrons atinge a tela ocorre emanação de luz por um processo chamado de
“fosforescência” semelhante ao que acontece nas telas de TV e osciloscópios.
O plano de tela é ligeiramente inclinado em relação à direção de movimento dos elétrons de tal
modo que a interseção forma uma reta. Os desvios do feixe de elétrons são marcados nas divisões do
quadriculado da tela.
No primeiro ligam-se as placas sem ligação das bobinas e podem-se variar as tensões de
aceleração do elétron no canhão eletrônico e de formação do campo elétrico uniforme.
No segundo, ligam-se as bobinas sem ligação das placas e varia-se o campo magnético das
mesmas pela variação da corrente de alimentação e a tensão de aceleração do canhão eletrônico.
No terceiro, variando-se a tensão de aceleração ajustam-se os campos elétrico e magnético de
modo a não haver desvio. Poder-se-á, então, determinar a relação entre a carga e a massa do elétron.
Efetue as ligações conforme a Fig. 2.23 tomando o cuidado de não ligar o interruptor do circuito
da bateria. Estando o circuito corretamente montado, ligue o transformador do filamento do tubo e espere
1 minuto. Ligue a fonte de alimentação de aceleração depois de colocar o seu botão de controle em zero.
Aumente a voltagem até que apareça um traço azulado na tela. O traço deve ser reto e coincidente com o
eixo horizontal do quadriculado na tela. Após zerar o botão central, ligue a fonte de alimentação de
deflexão. Aumente lentamente sua voltagem observando o desvio do feixe na tela.
Efetue medidas de acordo com a tabela 2.1. Durante as medições, se necessário, o voltímetro
eletrostático pode ser ligado entre os pontos (+) e (-) da fonte de alimentação de alta tensão, desde que a
voltagem não ultrapasse o valor máximo de sua escala.
O quadriculado da tela tem uma área de 6,0 x 9,0 cm2. As medidas da deflexão (na tela) devem ser
feitas na altura do traço vertical correspondente a 9,0cm. A penetração deve ocorrer no ponto (0,0) do
quadriculado. A distância “l” que figura nas expressões (2.5) e (2.11) vale, então, 9,0cm nesta montagem.
Os desvios “y” das duas expressões são medidos na linha vertical que passa no ponto (0,9).
Vo (KV)
d(.10-2 m) 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
Agora aplicaremos os dois tipos de deflexão ligando o interruptor das bobinas e a fonte de
alimentação de deflexão do campo elétrico. A tabela 2.3 mostra as medidas a efetuar. O mesmo limite de
corrente deve ser respeitado. As mesmas precauções quanto à segurança devem ser aplicadas. Os valores
de tensão de aceleração e da tensão de deflexão estão assinalados na tabela 2.3. A corrente de alimentação
das bobinas deve ser regulada de modo a manter o desvio do elétron, nulo, na saída.
Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
(3) – Demonstre que o campo elétrico de um plano finito é decrescente e não uniforme.
38
(4) – Demonstre que o campo elétrico entre as placas paralelas apresenta dispersão nas bordas,
usando a lei de Faraday.
(d) – Usando os dados da tabela (2.1) determine a relação entre a carga e a massa do elétron.
(e) – Usando os dados da tabela (2.2) determine a relação entre a carga e a massa do elétron.
(f) – Usando os dados da tabela (2.3) determine a relação entre a carga e a massa do elétron.
(g) – Determine qual o melhor processo para determinação da relação entre a carga e a massa do
elétron e tente explicar porque.
39
3.1 Preliminares.
A relação entre a carga e a massa do elétron foi inicialmente determinada por J. J. Thomson, no
Laboratório Cavendish, Cambridge (Inglaterra) em 1897. A experiência marcou historicamente a
descoberta do elétron.
Na montagem moderna, apresentada esquematicamente na Fig. (3.1) foi estudada na experiência
2, desta programação experimental.
O elétron, acelerado pela aplicação de uma diferença de potencial num canhão eletrônico, penetra
numa região onde existem campos elétricos e magnéticos uniformes e cruzados.
No procedimento de Thomson, inicialmente centra-se o elétron no tubo de imagens do aparelho
(um osciloscópio, por exemplo). Em seguida aplica-se um campo elétrico uniforme, de intensidade
conhecida, e determina-se a deflexão na tela. Depois, aplica-se um campo magnético uniforme, sem
suprimir o elétrico, de modo que o feixe volte à posição original. Nestas condições pode-se facilmente
demonstrar que o desvio do feixe eletrônico, sob a ação única do campo elétrico uniforme é calculado
por:
eEl 2
d (3.1)
2mv 2
Onde: d = desvio do feixe na altura das placas onde é criado o campo elétrico uniforme;
e = carga do elétron;
E = campo elétrico;
l = comprimento das placas onde é criado o campo elétrico uniforme;
m = massa do elétron;
v = velocidade do elétron ao penetrar na região das placas.
Na expressão (3.1) o campo elétrico pode ser obtido através da diferença de potencial (V) aplicado
às placas.
A velocidade do elétron pode ser estimada a partir da diferença de potencial aplicada em sua
aceleração.
Entretanto, no método Thomson, a velocidade do elétron é calculada no momento em que se
aplica um campo magnético externo de modo a anular a deflexão produzida pelo campo elétrico das
placas. Nestas condições, a velocidade do elétron é:
E
v (3.2)
B
Com as equações (3.1) e (3.2) podemos calcular a relação entre a carga e a massa do elétron.
40
O campo magnético seria criado por um conjunto de bobinas de Helmholtz ligado externamente.
O campo que produzem é calculado com precisão a partir da corrente que as alimenta. Um esquema dessa
idéia é mostrado na Fig. (3.2).
Restaria apenas, a questão de determinar precisamente o desvio do elétron na região das placas.
Na prática, tal desvio pode ser facilmente determinado na tela do osciloscópio e o valor do desvio
nas placas pode ser deduzido daí.
Enfim, a expressão para determinação da relação entre a carga e a massa do elétron seria:
e Dcv 2
m l (3.3)
Vl s
2
Assim seria determinada a relação e/m segundo o projeto de J. J. Thomson. Nosso processo será
baseado na idéia original de Thomson porém usaremos apenas o desvio produzido pelo campo magnético
e
na determinação de . No “Tubo eletrônico de raio colimado” poderemos visualizar o feixe de elétrons
m
em movimento num campo magnético uniforme criado por um par de bobinas de Helmholtz. A
velocidade do elétron será determinada a partir do potencial acelerador aplicado ao canhão eletrônico. A
Fig. (3.3) mostra o conjunto que será utilizado.
Entre os pontos (1) e (2) liga-se o filamento em tensão alternada. O cátodo, de aquecimento
indireto é ligado no ponto (3) ao pólo negativo de uma fonte de corrente contínua. Com o aquecimento
alguns elétrons são emitidos. Ao saírem do cátodo situam-se em suas vizinhanças formando o que se
conhece por “carga espacial”. Os efeitos inconvenientes da “carga espacial” foram suprimidos ou
minimizados pela introdução de grades tanto para o funcionamento do cátodo quanto do ânodo
(Experiência 1). Neste caso usaremos um cilindro aberto envolvendo o cátodo com o objetivo específico
de controle da interferência da carga espacial.
Nosso objetivo é a obtenção de um feixe colimado de elétrons. Quando os elétrons são extraídos
do cátodo possuem energias diversas. Para a saída de um elétron temos de fornecer-lhe a energia de
ligação do átomo mais a energia correspondente ao potencial de superfície (efeito semelhante à tensão
superficial num líquido). De acordo com a posição dos elétrons nas camadas e sua distância relativamente
à superfície as energias necessárias para emissão termiônica são variáveis. Os elétrons de maior energia
afastam-se mais e podem ser captados pelo campo elétrico externo de um ânodo. Entretanto aqueles de
menor energia ficam nas proximidades do cátodo. Os elétrons que saem deixam cargas positivas
(ausência de elétrons) no cátodo e isso dificulta ainda mais o afastamento daqueles menos energizados.
Desse modo a colocação de um cilindro aberto envolvendo o cátodo e com potencial ligeiramente
superior ao mesmo atrairia alguns desses elétrons de menor energia sem, contudo perturbar a corrente
principal. A aplicação de um grande potencial positivo a tal cilindro acabaria tendo efeito prejudicial. De
acordo com as características de cada tubo eletrônico há valores adequados de potencial (6V, em nosso
caso).
Na experiência que realizaremos será importante o funcionamento de tal acessório porque não
poderemos produzir elétrons com grandes velocidades e teremos de usar pequenas tensões aceleradoras.
Nesse caso torna-se crítica a atuação de tal cilindro (ponto 4, na Fig. 3.4).
42
Em seguida temos o ânodo com formato especial, ligado ao ponto 5, e ao pólo positivo de uma
fonte de corrente contínua. A parte cilíndrica tem a função de absorver elétrons desviados de alguma
forma no processo de emissão e reforça de certo modo a função do cilindro interno. A parte cônica produz
um campo elétrico para aceleração dos elétrons e colimação de modo que um feixe já razoavelmente
colimado aflora pelo orifício do ânodo. Temos finalmente as duas placas colimadoras, externas ao ânodo
e ligadas ao mesmo através dos pontos (6) e (7). Os elétrons já colimados pelo cátodo passam pela região
central entre as placas. Os desviados são absorvidos pelas mesmas. O conjunto, mostrado externamente
na Fig.(3.5), possui uma bandeja de proteção a qual deve ser ligada ao cátodo.
Este “canhão eletrônico” é montado internamente a um tubo de vidro esférico com hidrogênio.
O feixe eletrônico torna-se visível devido à presença dos átomos de hidrogênio num processo
similar ao que ocorre numa lâmpada fluorescente. No próximo item efetuaremos um breve comentário a
respeito deste fenômeno.
A velocidade adquirida pelos elétrons, no “canhão eletrônico” pode ser calculada por:
2eV
v (3.4)
m
Observe-se que nesta expressão o potencial aplicado ao cilindro da carga espacial não foi
considerado.
Os elétrons acelerados pelo “canhão” penetram num gás a baixa pressão, de apenas 0,01 mm Hg
(recorde-se que a pressão atmosférica é da ordem de 765 mm Hg). Devido ao seu movimento e à carga
elétrica que possuem os elétrons dos átomos de hidrogênio interagem com aqueles do feixe devido a
ocorrência de campos elétricos e magnéticos variáveis. Em tais interações, os elétrons podem adquirir
suficiente energia para “saltar” a uma órbita interna e de maior energia. Quando do retorno ao estado
fundamental a diferença de energia é emitida sob forma de luz visível.
O efeito espalha-se numa certa região ao redor do feixe de elétrons. O valor da pressão do gás, da
energia dos elétrons e de sua densidade de corrente vai definir até que distancia haverá emissão de luz
pela descarga eletrônica.
Os valores escolhidos têm o objetivo, em nosso caso, de restringir à menor distancia possível o
efeito do feixe sobre o gás. Assim, o potencial acelerador, que na experiência anterior variou entre 1,5 e
5,0 KV, será estabelecido agora entre 150 e 250V. A corrente de aquecimento do cátodo, que define a
densidade de corrente do feixe eletrônico será limitada propositalmente a 1A (no caso citado chegou a
1,35A). O efeito colimador próprio do feixe eletrônico será importante na delimitação da espessura de
emissão no gás.
43
Um feixe de elétrons em movimento como o que será produzido no tubo eletrônico de raio
colimado constitui uma corrente elétrica. Com sua ocorrência aparecem campos elétricos e magnéticos
(Fig. 3.6).
O campo elétrico criado pelos elétrons apresenta tendência de separar o mais possível os mesmos.
Entretanto, devido à Lei de Ampère, um feixe de elétrons apresenta propriedades auto-colimadoras. A
Fig. 3.7 mostra o que acontece, detalhadamente.
Nas regiões externas ao feixe o campo magnético varia inversamente com a distância, se o feixe
possuir um grande comprimento reto. Nas partes internas ao próprio feixe o campo magnético cresce com
a distância. Tal campo interno atua sobre os elétrons em movimento, no feixe, com forças indicadas na
figura 3.7. Tais forças tendem a manter os elétrons contidos numa região limitada. Observemos que
haverá equilíbrio entre a repulsão elétrica e tal ação. Também é verdade que quanto maior o feixe, menor
a repulsão eletrostática (maiores os afastamentos entre os elétrons) e maior a tendência colimadora do
efeito magnético. Tal propriedade contribui para melhorar as condições experimentais de obtenção de
feixes colimados de partículas carregadas.
Onde:
W
B = campo magnético, em
m2
o = permeabilidade magnética no vácuo 1,26.10 6 W / Am
N = número de espiras de cada bobina = 130
R = raio médio das bobinas = 0,150m
I = corrente que circula nas bobinas, em A.
Medindo-se a corrente que circula nas bobinas pode-se calcular o campo magnético em sua região
central.
Conforme a Fig. (3.9) os elétrons penetração no campo magnético uniforme das bobinas com
velocidade perpendicular ao mesmo.
mv
r (3.6)
eB
A expressão (3.6) será utilizada experimentalmente para determinação da relação entre a carga e a
massa do elétron. A velocidade será calculada pela eq. (3.4) e o campo magnético pela eq. (3.5). O raio
será determinado por processos fundamentados nas propriedades geométricas de propagação da luz,
discutidos a seguir.
Na Fig.(3.10) vemos uma esquematização do processo a ser utilizado para determinação do raio da
trajetória do elétron.
Num espelho comum colocamos duas fitas de papel cruzadas em seu centro e marcadas com
círculos de raios conhecidos. O observador olhando da posição indicada na figura procura fazer coincidir,
variando a tensão de aceleração e a intensidade do campo magnético, a trajetória do elétron com uma das
marcas das fitas e com sua imagem refletida pelo espelho. A coincidência deve ser obtida sem desvios de
paralaxe. Com alguma habilidade consegue-se obter a coincidência. O raio usado para o traçado das
marcas no papel (aquelas que coincidem com a trajetória e sua imagem) é o raio da trajetória do feixe
eletrônico. Diversos raios deverão ser determinados durante a experiência para detecção dos erros de tal
processo.
Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes
textos:
- Halliday-Resnick (David-Robert): Física, Vol. II.1, Capítulo 33, especialmente os itens 33.6 e
33.8; Capítulo 34, especialmente os itens 34.5 e 34.6; Capítulo 35, especialmente os itens 35.2
e 35.3.
- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. II, Capítulo 14,
especialmente os itens 14.8 e 14.9; Capítulo 15, especialmente os itens 15.3, 15.4, 15.8 e
15.11; Capítulo 16, especialmente os itens 16.11, 16.12 e 16.13; Capítulo 17, especialmente os
itens 17.1, 17.5 e 17.6.
- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2: Capítulo 29, especialmente o item 29.7; Capítulo 32,
especialmente o item 32.3; Capítulo 36, especialmente o item 36.4, Capítulo 37, especialmente
os itens 37.1, 37.4 e 37.5.
- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Física, Volume III, Eletricidade, Magnetismo e
Tópicos de Física Moderna; Capítulo 33, especialmente o item 33.9; Capítulo37,
especialmente os itens 37.4 e 37.5; Capítulo 39, especialmente os itens 39.2 e 39.5.
Tais referências devem ser consultadas como preparação para a aula prática de laboratório.
3.3 Experiência.
A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser identificada na Fig. (3.11). Consta dos
seguintes dispositivos e equipamentos:
01-Tubo eletrônico de raio colimado com bases e bobinas de Helmholtz (Fig. 3.12).
Fig. 3.12 – Tubo eletrônico de raio colimado com bases e bobinas de Helmholtz.
Consiste num tubo de vidro de 175mm de diâmetro que contem um sistema de eletrodos
excêntrico, composto de: Cátodo incandescente de aquecimento indireto (1 e 2) (Fig. 3.13);
48
Cilindro de Wehnelt (3); Ânodo cônico com blindagem semicilíndrica (4); Par de placas
colimadoras (5 e 6) colocadas diante do ânodo.
O sistema de eletrodos liga-se a um soquete e daí a uma caixa de ligações. A Fig. (3.14) mostra o
esquema de ligações da caixa:
(observe a parte inferior da base). Possuem um raio médio de 150mm, 130 espiras (cada) e estão
separadas por uma distância média de 150mm.
Outras características:
Tensão do filamento = 6,3 V-CA;
Corrente do filamento, sob 6,3 V-CA = 1,0 A-CA;
Tensão anódica = variável entre 150 e 250 V-CC;
Tensão do cilindro de Wehnelt = variável de 0 a 6 V-CC;
Alimentação das placas colimadoras = tensão anódica;
Corrente máxima admissível nas bobinas = 5 A-CC.
O tubo contém hidrogênio a uma pressão de 0,01 mm-Hg.
02 – Fonte de alimentação
03 – Bateria 9V.
A caixa de ligações deve ser acoplada diretamente ao instrumento e permite medições de tensões e
correntes contínuas ou alternadas aumentando as possibilidades do instrumento de medida.
Fig. 3.19: Entre os bornes inferiores, de cor negra, a resistência tem o valor nominal (50). O
borne vermelho está ligado ao contato do cursor. O valor da resistência entre este borne vermelho
e qualquer um dos bornes pretos depende da posição do cursor variando entre zero e o valor
nominal.
Duas fitas de papel, colocadas sobre o espelho são cruzadas e marcadas com círculos concêntricos
de raios crescentes, iguais a: 3,0, 4,0, 5,0, 6,0, 7,0 cm.
A montagem e ligações devem ser efetuadas conforme a Fig. 3.11. A disposição do espelho
relativamente ao tubo e ao observador está estabelecida na Fig. 3.10. Nas medidas estabelecem-se
trajetórias de diversos raios variando-se a tensão de aceleração e a corrente de alimentação das bobinas.
Com os valores da tensão de aceleração, da corrente criadora do campo magnético e do raio da trajetória,
pode-se determinar a relação entre a carga e a massa do elétron.
Verificar se a montagem corresponde às Fig. 3.10 e 3.11. Ligar a fonte de alimentação, tendo
antes zerado suas tensões de saída. Esperar 1 minuto pelo aquecimento do cátodo. Aumentar lentamente a
tensão de aceleração (botão à direita na fonte de alimentação). Colocar os instrumentos nas escalas
adequadas: 300V e 3A-CC. Observar o aparecimento do feixe vertical de elétrons no tubo. Acionar a
tensão das placas colimadoras e observar a colimação do feixe. Escolher a posição da colimação máxima.
Ligar o interruptor do circuito da bateria. Deslocar o cursor do reostato e observar o feixe conforme
indicações da Fig. 3.10. Efetuar medidas do raio da trajetória, da tensão de aceleração e da corrente das
bobinas de modo a preencher a Tabela 3.1. Procurar manter o tubo funcionando apenas o tempo
necessário para efetivação das medidas. Girar o tubo de vidro, se ocorrerem trajetórias helicoidais.
Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
1) Porque Thomson, em sua experiência preferiu usar a expressão v = E/B para o cálculo da
velocidade do elétron e não estimá-la diretamente a partir do potencial acelerador do canhão
eletrônico?
2) Demonstre a eq. 3.3.
3) Qual o inconveniente de usar grandes tensões aceleradoras nesta experiência?
4) Explique a finalidade do formato especial do ânodo do canhão eletrônico (Fig. 3.4) e o
funcionamento das placas colimadoras 6 e 7.
5) Analise a seguinte afirmativa = “as placas colimadoras funcionariam melhor se ligadas ao
potencial do cátodo“.
6) Por que a bandeja de proteção deve ser ligada ao cátodo?
7) Demonstre a eq. 3.4. Por que o potencial aplicado ao cilindro da carga espacial não é
considerado no cálculo da velocidade dos elétrons?
8) Justifique a técnica de determinação do raio da trajetória do elétron descrita em 3.2.6.
9) Explique o funcionamento das resistências da Fig. 3.14 na proteção contra curto-circuitos no
conjunto de eletrodos do tubo eletrônico de raio colimado.
10) Qual a razão da ocorrência de trajetórias helicoidais na Fig. 3.22?
Completando a análise experimental, determine a relação e/m, para o elétron, para cada um dos
pontos da Tabela 3.1. Apresente o resultado das medidas usando a média e o desvio médio.
Compare com valores tabelados de e/m.
54
4.1 Preliminares.
Um núcleo cilíndrico de material paramagnético é suspenso por um fio condutor cilíndrico entre
suportes fixos. O fio é enrolado no sentido longitudinal do cilindro constituindo uma bobina. O conjunto
está imerso no campo magnético de ímã permanente. Um espelho parabólico é colocado solidariamente
ao cilindro e reflete o raio luminoso proveniente de uma fonte externa. Os desvios do espelho são
observados numa escala distante, sendo assim amplificados. Na posição normal de repouso, conforme
indica a Fig. (4.2) o plano da bobina coincide com a direção das linhas de indução do campo magnético
do ímã permanente.
Havendo corrente na bobina, aplicada através dos pontos (1) e (2) (Fig. 4.1) surgirá um torque, de
origem magnética, o qual faz girar o conjunto. Esse torque é máximo na posição inicial e pode ser
calculado por:
m B (4.1)
Onde:
m = momento de origem magnética;
= momento de dipolo magnético, calculado por: NiA;
N = número de espiras da bobina;
i = corrente da bobina;
A = área plana do enrolamento da bobina;
B = campo magnético do imã permanente;
= ângulo de giro da bobina durante a aplicação de i.
Com a aplicação de tal conjugado o sistema gira, mas aparece a reação elástica a torsão, dada por:
t K , (4.3)
Onde:
K = constante elástica de torsão
= ângulo de torsão.
O conjunto gira até que se estabeleça a igualdade entre os dois momentos. Os detalhes do tipo de
movimento que ocorrerá quando houver ação no Galvanômetro serão discutidos mais adiante, nos
Fundamentos teóricos. Podemos adiantar, entretanto, que a linearidade entre a corrente a determinar e o
ângulo de giro só estará garantida para pequenos ângulos de torsão. Contudo, devido à ampliação
propiciada pela reflexão – no espelho e pelo grande afastamento entre o aparelho e a escala, menos
pequenos ângulos de giro apresentam grande sensibilidade para medições. Pode-se, na verdade e
facilmente, demonstrar que a corrente pode ser calculada em função do deslocamento do raio luminoso na
escala através da relação:
Kd
i , (4.4)
2NABD
Onde:
d = deflexão do raio luminoso na escala;
56
Voltemos a analisar a Fig. (4.3) e imaginemos que o Galvanômetro não está ligado a um circuito
externo mais que foi colocado num recipiente com um vácuo quase perfeito. Além disso, a suspensão do
fio foi redesenhada para eliminação total de qualquer tipo de resistência passiva.
Nesta situação hipotética o dispositivo apresenta “oscilações livres” quando é colocado em
movimento. As únicas ações que atuam são:
d 2
A inércia do dispositivo que apresenta um conjugado dado por: I 2
dt
O conjugado de reação a torsão, calculado por (Eq. 4.3) -K
A equação diferencial do movimento é, então:
d 2
I K 0 (4.5)
dt 2
K
onde: freqüência angular; (4.7)
I
freqüência; (4.8)
2
2
T período; (4.9)
Para t = 0 0
d
w 0 (4.10)
dt
0 cos t (4.11)
com: A1 0 e A2 0 (4.12)
Nesta apresentação estamos designando por a freqüência angular das oscilações e por a
velocidade angular do movimento oscilatório do cilindro do Galvanômetro. No caso de oscilações livres
tais conceitos coincidem. Entretanto, a distinção será mantida para proveito da análise de casos gerais
mais complicados.
A Fig. (4.4) mostra gráficos do deslocamento e velocidade angulares para este primeiro caso de
oscilações livres.
Para t = 0 0,
e 0 (4.13)
0
Neste caso: A1 0 e A2 (4.14)
A Fig. (4.15) apresenta gráficos do deslocamento e velocidades angulares para este caso.
58
No caso anterior deveríamos produzir uma torsão inicial no sistema e depois liberá-lo. Agora
devemos produzir um impulso inicial de torsão sem deslocamento.
Para t = 0 0 ,
e 0 (4.16)
0
Neste caso: A1 0 e A2 (4.17)
0
0 cos t sen t (4.18)
A Fig. (4.16) apresenta gráficos do deslocamento e velocidade para este caso.
Encaremos agora a situação real do galvanômetro. Existe atrito com o ar interior da caixa do
aparelho. O atrito na suspensão tem de fato valor desprezível. Há um efeito de atrito interno ao fio de
suspensão devido à deformação, pois ocorre aquecimento. Entretanto tal efeito também é insignificante e
não será considerado. Incluiremos então, na eq. (4.5) um termo correspondente ao amortecimento
produzido pelo atrito com o ar. Sabe-se que para velocidades até 5m/s a resistência ao movimento através
59
d
R (4.19)
dt
d 2 d
I 2 K 0 (4.20)
dt dt
Onde:
r1 2 2
r2 2 2 (4.22)
K
Nestas equações fizemos: e (4.23)
2I I
Observamos pelo conjunto de equações (4.22) que a solução (4.21) depende do fator:
(4.24)
C1
0 2 2 0
2 2 2
C2
0 2 2 0 (4.25)
2
2 2
Observe-se que o movimento não é mais oscilatório apresentando tendência a voltar a posição de
equilíbrio num tempo, teoricamente, infinito.
A Fig. (4.8) mostra um caso especial em que ocorre ainda uma pequena oscilação antes do retorno
à posição de equilíbrio. Temos um deslocamento e velocidade inicial, ambos positivos.
C1 C 2 t EXP t (4.26)
C1 0 e C 2 0 0 (4.27)
0 0 0 t EXP t (4.28)
Tal situação é denominada de “Amortecimento crítico” – porque o tempo para atingir o equilíbrio
é abreviado e as curvas correspondentes às da Fig. (4.7) aproximam-se mais rapidamente do eixo t.
No amortecimento crítico, obtemos:
2 KI (4.29)
0
EXP t 0 cos 1t 0 sen 1t (4.30)
1
O período é:
2 2 2
T
1
2 2
K 2 (4.31)
I 4I 2
n
EXP T (4.32)
n 1
Daí obtemos:
Ln n Ln n 1 T T (4.33)
2I
O fator T chama-se DECREMENTO LOGARÍTMICO e é constante.
2I
Estas são, então, as principais características deste caso:
- Período constante.
- Relação entre amplitudes sucessivas, de um mesmo lado, constante.
62
Na Fig. (4.10) observamos uma visão esquemática do Galvanômetro com a indicação de alguns
parâmetros que interessam em nossa análise.
Quando aplicamos uma corrente no Galvanômetro e produzimos movimento surge uma outra
corrente, induzida pelo movimento da bobina num campo magnético (Fig. 4.11).
E
CORRENTE INDUZIDA = ie R R (4.38)
g e
Nestas equações:
V = potencial externo aplicado ao Galvanômetro (Fig. 4.11);
Rg = resistência interna do Galvanômetro;
Re = resistência do circuito externo de alimentação do Galvanômetro;
iv = corrente devida à aplicação de V;
ie = corrente devida à força eletromotriz induzida pelo movimento do quadro no campo magnético
do ímã permanente;
E = força eletromotriz induzida.
A força eletromotriz induzida pode ser calculada com a lei de Faraday para a indução
eletromagnética:
d B
E
dt
d
E G (4.41)
dt
G d
Desse modo: ie R R dt (4.42)
g e
G d
i iv ie iv (4.43)
R g Re dt
G 2 d
e Giv (4.44)
R g Re dt
d 2 d G 2 d
I K Gi v (4.45)
dt 2 dt R g Re dt
Ou:
d 2 G2 d
I K Giv
dt 2 R g Re dt
(4.46)
A equação diferencial formal para o movimento do Galvanômetro pode ser escrita na forma final:
d 2 1 G2 d K
G
iv (4.47)
dt 2 I R g Re dt
I I
Para uma resistência externa nula obtemos um grande índice de amortecimento. Se i v é constante,
o Galvanômetro oscila em torno a uma nova posição de equilíbrio. Quando cessa a corrente real (i v = 0) o
Galvanômetro retorna a sua posição de equilíbrio. O tipo de retorno pode se enquadrar num dos casos
discutidos no item 4.2.2 e depende do parâmetro .
1 G2
2
(4.48)
I R g Re
K
2 (4.49)
I
G2
2 KI (4.50)
R g Re
Daí:
G2
Rc Rg (4.51)
2 KI
Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes
textos:
- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. 1, Capítulo 12.
- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. 2, Capítulo 15 a 17.
- Westphal (Wilhelm H.): Práticas de Física; Capítulo 5, exercícios 41 e 42; apêndice I e II.
Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica desenvolvida
no trabalho ”Processo de Análise Gráfica e Numérica” (Gráfica UNICAP). É imprescindível o
conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.
4.3 Experiência.
A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser vista na Fig. (4.12). Consta dos seguintes
dispositivos e equipamentos:
Para a relação de material colocamos na Fig. (4.12) a montagem II que é a mais complexa. Na Fig.
(4.13) a montagem III é apresentada. A Fig. (4.14) mostra um esquema da montagem I.
01 CRONÔMETRO ELÉTRICO
02 BATERIA 9V
03 REOSTATO 110, 2,5A
04 CHAVE MORSE
05 RESISTÊNCIA, 1, 4W
06 RESISTÊNCIA, 1000, 4W
07 INSTRUMENTO DE MEDIDAS
08 CAIXA DE LIGAÇÕES PARA O INSTUMENTO
09 BOBINA DE 100 ESPIRAS – 300mA (CORRENTE MÁXIMA)
10 REOSTATO 320, 1,5A
11 GALVANÔMETRO DE ESPELHO COM FONTE DE LUZ E MATERIAL DE SUPORTE
12 REGULADOR DE SENSIBILIDADE DO GALVANOMETRO
13 CAIXA DE RESISTENCIAS DE PRECISÃO (0,1 A 1111)
14 CHAVE DE REVERSÃO
15 CHAVE SIMPLES
16 RESISTENCIA 10000, 4W.
OBSERVAÇÃO: O item 13 pode ser substituído por duas resistências de 10 e 1000.
Possui um motor síncrono de baixa rotação acoplado através de uma embreagem magnética ao
sistema de redução de velocidade que leva aos ponteiros (o maior indica, segundos, o menor,
centésimos de segundo).
A chave da esquerda faz o dispositivo funcionar como relógio.
69
02 BATERIA 9V
05 RESISTÊNCIA 1, 4W
06 RESISTÊNCIA 1000, 4W
16 RESISTÊNCIA 10000, 4W
RESISTÊNCIA 10, 4W
Fig.4.19 – Resistências.
07 INSTRUMENTO DE MEDIDAS
A Fig. 4.21: Caixa de ligações deve ser acoplada diretamente ao instrumento e permite medições
de tensões e correntes contínuas ou alternadas aumentando as possibilidades do instrumento de
medida.
Escalas de corrente (CC ou CA): 300A; 0,003A; 0,03A; 0,3A; 3A e 6V.
Escalas de tensão (CC ou CA) 60mV, 3V, 15V, 30V, 150V, 300V, 600V.
Instrumento de medida de alta precisão destinado à medição de corrente em sistemas de alto valor
ôhmico. Algumas características selecionadas:
Constante de corrente: 9,8 x 10-9 A/mm/m
Constante de tensão: 3 x 10-7 V/mm/m
Resistência interna: 30
Resistência limite aperiódica: 300
Período de oscilação livre: 10s
Circuito especial com resistências variáveis para ajuste da resistência limite aperiódica e da
sensibilidade do Galvanômetro. Uma ligação para curto circuito existente num dos lados da caixa
permite a adaptação do regulador a medidas em sistemas de alta resistência interna(curto circuito
colocado) ou de baixa resistência interna(curto circuito desligado). A resistência tomada como
referência para ligação ou não do curto circuito é a resistência limite aperiódica do Galvanômetro.
73
A fonte de luz projeta a imagem de sua fenda retangular sobre uma escala distante de 2,0m após
reflexão no espelho côncavo do Galvanômetro.
O soquete da lâmpada permite ajustar sua posição de modo a tornar nítida a imagem.
Um transformador alimenta a lâmpada.
14 CHAVE DE REVERSÃO
15 CHAVE SIMPLES
As Figs. (4.12), (4.13) e (4.14) mostram os circuitos a serem montados para as diversas medidas.
Na montagem I desejamos determinar a sensibilidade de corrente do Galvanômetro. Com este circuito,
ligando-se ou desligando-se a chave simples consegue-se introduzir pulsos de corrente no Galvanômetro.
Num primeiro estágio tais pulsos serão utilizados para estudos das características oscilatórias do
Galvanômetro sem ocorrência de corrente. Produz-se um pulso e desliga-se um dos contatos da
resistência Rs. O Galvanômetro oscila livremente amortecido pelo ar existente no interior de sua caixa. As
amplitudes sucessivas são registradas por observação da escala e o período é determinado.
Os princípios do item 4.2.2 serão então aplicados na análise dos dados desta parte de experiência.
Uma relação entre a constante de torsão do fio, o índice de viscosidade do ar e o momento de
inércia do Galvanômetro são obtidos (Eqs. 4.31 e 4.32).
Ligando-se agora a resistência Rs determina-se o valor da resistência limite aperiódica (Eq. 4.51).
Obtêm-se assim mais uma relação entre estas três grandezas.
75
0,01V
I
Rs Rg (4.52)
10000
Rs R g
onde: Rs = 320 = resistência limite aperiódica;
Rg = 30 = resistência interna ao Galvanômetro.
O produto dessa corrente pela duração da medida é o impulso de corrente ou carga (As). Com a
deflexão máxima determinada obtêm-se a calibração do Galvanômetro em As/mm/m.
76
A seguir, com a resistência Rs ligada, produzem-se pulsos no Galvanômetro e ajusta-se o seu valor
até obtenção da situação de amortecimento crítico. O valor de Rs correspondente à situação de
amortecimento crítico (resistência limite aperiódica) deve ser registrado na Tabela 4.2.
TABELA 4.2 –
DETERMINAÇÃO DA
RESISTÊNCIA LIMITE
APERIÓDICA
RS =
Os intervalos de tempo devem ser variados e inferiores a 0,50 seg. As voltagens indicadas na
TABELA 4.5 devem ser calibradas previamente conforme sugestão anterior (Pág.82: desligar a chave
simples introduzida no fio ligado ao ponto variável do reostato de 320; apertar a chave Morse e regular
o reostato de 110 para o valor de tensão desejado; soltar a chave Morse e ligar a chave simples).
Efetua-se agora a montagem da Fig. 4.13 (MONTAGEM III) para determinação da sensibilidade
de carga do Galvanômetro (Calibração em As). Impulsos de corrente são aplicados ao Galvanômetro
através do regulador de sensibilidade, o qual deve ter o potenciômetro (P) na posição máxima. Efetuam-se
medidas de modo a preencher a Tabela 4.6.
Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
Se compararmos as Figs. 4.12 e 4.13 (MONTAGENS II e III) notamos que a única diferença está
na colocação de uma bobina em série no circuito do Galvanômetro. No mais, a MONTAGEM III utiliza o
regulador de sensibilidade do Galvanômetro o qual incorpora uma série de componentes da
MONTAGEM II.
Contudo, é bem diversa a finalidade das duas montagens:
- Na II medimos, com as deflexões do Galvanômetro, os impulsos de tensão que recebe;
- Na III medimos, do mesmo modo, os impulsos de corrente que atingem o Galvanômetro.
Esta finalidade explícita da bobina de 100 espiras de área retangular: fazer com que os impulsos
de corrente que atingem o Galvanômetro representem os impulsos de tensão que lhe são aplicados.
Devido à defasagem que as indutâncias produzem nas correntes variáveis em relação à tensão consegue-
se tal efeito. Sem a bobina os impulsos de corrente atingem de imediato o Galvanômetro. Com a bobina
ocorre a defasagem e o impulso de corrente é defasado passando a corresponder ao impulso de tensão
aplicado ao circuito. A situação é um pouco complexa para compreensão por simples raciocínio porque
existe uma indutância na bobina do Galvanômetro que, por sua vez apresenta efeito semelhante. Para o
presente nível de discussão teórica consideremos apenas que a finalidade da bobina é possibilitar
deflexões acompanhando os impulsos de voltagem aplicados ao divisor de tensão do Galvanômetro.
80
5. Efeito Hall.
5.1 Preliminares.
Nas experiências iniciais relativas à corrente elétrica especulou-se muito sobre o sinal das cargas
em movimento no interior dos materiais. Os modelos atômicos estavam ainda sendo testados e não
mereciam, fato que prevalece até hoje, inteira confiança por parte dos pesquisadores. A considerar
exclusivamente o modelo clássico do átomo, com o núcleo positivo e a camada de elétrons nas órbitas,
chegava-se à conclusão lógica de que somente elétrons movimentavam-se num material onde era
produzida uma corrente elétrica. Tal propriedade, depois se soube, é valida no caso de metais ou
“condutores” genericamente classificados como tal. Entretanto, nos eletrólitos há movimento de íons
positivos e negativos e nos semicondutores ocorre deslocamento de “buracos” e não de elétrons. O
problema essencial de descobrir, mesmo com instrumentos sofisticados, o sinal dos portadores está
esquematizado na Fig. 5.1.
Temos uma fonte de corrente contínua alimentando uma resistência externa com um voltímetro,
em paralelo com a resistência, e um amperímetro em série. Conclui-se facilmente que tanto cargas
positivas em movimento para a direita, quanto negativas, para a esquerda fariam os instrumentos
apresentarem deflexões no sentido correto indicando o mesmo sentido para a corrente elétrica. Assim, por
este processo é impossível descobrir o sinal das cargas em movimento. A Fig. 5.2 mostra o caso de um
eletrólito com íons positivos e negativos.
Neste caso, os íons positivos são atraídos pelo eletrodo negativo e os negativos pelo eletrodo
positivo (uma solução de cloreto de sódio em água apresenta essa forma de condução). Numa primeira
análise poder-se-ia pensar que a corrente efetiva é nula. Entretanto, o amperímetro ligado ao circuito de
alimentação dos eletrodos acusa uma corrente a qual se deve à diferente mobilidade dos íons na solução e
a um mecanismo complicado de transporte de excesso de elétrons pelos íons e cuja análise foge ao escopo
deste trabalho. O caso dos semicondutores é ainda mais peculiar. Aí, o deslocamento é de regiões onde
existe ausência de elétrons e que se comportam, para todos os efeitos, como cargas positivas.
O efeito Hall, descoberto pelo pesquisador americano, E. H. Hall, em 1879, permite determinar o
sinal dos portadores de carga elétrica num material. O efeito aparece quando se aplica um forte campo
magnético transversal à direção de movimento das cargas. Pelo sinal da diferença de potencial transversal
que daí resulta, determina-se o sinal das cargas.
81
Nos condutores isolados, a carga interna efetiva é nula, não há campos elétricos internos, nem
movimento de cargas. A ocorrência de movimento efetivo de cargas no interior de um condutor há de ser
conseguida por uma fonte externa. Na Fig. 5.3 vemos uma situação típica.
Uma fonte de corrente contínua foi ligada a um condutor cilíndrico e produziu uma corrente i,
definida por:
dq
i (5.1)
dt
Para levar em conta a área de escoamento das cargas, define-se também a densidade da corrente
por:
i
j (5.2)
A
i j.d A (5.3)
O valor da corrente elétrica que determinada diferença de potencial consegue impor a um condutor
depende de vários fatores. A formação do campo elétrico no interior do material é “prejudicada” por uma
oposição caracterizada por uma propriedade específica chamada “resistividade” conforme a relação:
E
(5.4)
j
A resistividade depende da massa dos portadores de carga, da velocidade média dos portadores, do
número de portadores por unidade de volume no material, da carga e do livre caminho médio para
movimentos no material. Uma relação que permite o cálculo da resistividade é:
mv
(5.5)
nq 2
Estabelecido o campo elétrico mo interior do condutor (Fig. 5.3) podemos demonstrar que, se os
portadores deslocam-se ao longo de l com velocidade v, temos:
82
i
v (5.6)
nqA
No caso de um condutor metálico n confunde-se com o número de átomos por unidade de volume
o qual pode ser obtido a partir da expressão:
dN 0
n (5.7)
M
V
E (5.10)
d
5.2.3 Força elétrica sobre uma carga num campo elétrico uniforme.
Num campo elétrico uniforme uma carga elétrica sofre a ação de uma força dada por:
F qE (5.11)
5.2.4 Força magnética sobre uma carga num campo magnético uniforme.
Num campo magnético uniforme uma carga elétrica em movimento sofre ação de uma força, de
origem magnética, dada por:
F qv B (5.12)
Sob a ação de tal força a carga terá um movimento complexo, de um modo geral.
Um caso particular clássico é aquele em que a velocidade de entrada na região do campo
magnético é perpendicular ao mesmo: teremos um movimento circular uniforme, sendo a força
simplificada para:
83
F qvB (5.13)
Imaginemos um condutor de forma retangular e pequena espessura, mostrado na Fig. 5.4, onde
flui uma corrente i.
Um campo magnético, perpendicular ao plano da placa foi aplicado e produz sobre as cargas em
movimento uma força de origem magnética, Fm. Se as cargas em movimento forem positivas, a força será
“para a direita”, o mesmo ocorrendo com as negativas. Com a continuação do processo ocorre um
deslocamento das cargas, obedecendo ao sentido da força, conforme indicações da Fig. 5.5, (a) e (b).
Ocorre uma distribuição de cargas, “dinamicamente estável” que dá origem a um campo elétrico
transversal. Surge, então uma outra força, de origem elétrica, F e. Com a continuação do processo ocorre
um natural equilíbrio entre as forças elétrica e magnética. Atingida a situação de equilíbrio não há mais
deslocamento lateral de cargas e aparece uma diferença de potencial estável entre os lados da placa. Este
é o Efeito Hall.
84
A diferença de potencial transversal pode ser calculada teoricamente, sendo dada por:
iBd
Vh (5.14)
nqA
Um voltímetro instalado entre os pontos (1) e (2), conforme a Fig. 5.7 (a) pode medir a diferença
de potencial, devida ao Efeito Hall.
Nas medições um cuidado especial deve ser tomado: os pontos (1) e (2) devem estar numa secção
da placa perpendicular à direção da corrente. Se houver uma defasagem (x) entre tais pontos de ligação
teremos uma diferença de potencial adicional, devida à resistividade do material, dada por:
xi
V (5.15)
A
Onde:
V = diferença de potencial devida à resistividade, em V;
= resistividade do material em m;
x = defasagem entre os pontos (1) e (2), em m;
i = corrente que circula na placa, em A;
A = área transversal da placa, em m2.
Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes
textos:
- Halliday - Resnick (David, Robert) Física, Vol. II.1, Capítulo 31( item 31.1 e 31.2), Capítulo
33( item 33.5).
- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. II, Exemplo resolvido
15.2.
- Feynman, Leighton, Sands (Richard P., Robert B., Matthew): The Feynman Lectures on
Physics, Vol. 3, Quantum Mechanics, Capítulo 14 (item 14-3).
Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
87
5.3 Experiência.
A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser vista na Fig. (5.9). Outros circuitos serão
utilizados e estão indicados na Fig. 5.10 e 5.11. As três montagens incluem os seguintes dispositivos e
equipamentos:
08 – Bateria.
09 – Potenciômetros 110/320.
10 – Interruptor simples.
11 – Instrumento de medida com caixa de ligações.
12 – Resistências de 1, 1K, 10K.
13 – Cronômetro elétrico.
14 – Dispositivo preceptor de tempo para o cronômetro elétrico.
As peças polares são montadas no núcleo do transformador e fixadas através de garras por
intermédio de parafusos, os quais devem ficar rigidamente apertados. Na montagem deve haver
perfeita simetria. A ligação das duas bobinas de 250 espiras, as quais admitem uma corrente
89
máxima de 5A sob a carga permanente, deve ser efetuada de modo a ocorrer adição de efeitos
magnéticos conforme indicações da Fig. 5.9. Na experiência tais bobinas serão submetidas a uma
corrente de 10A e isto só deverá ser feito durante os breves intervalos de tempo requeridos para
efetivação de medidas.
(Fig. 5.12) O dispositivo consiste numa placa retangular de prata, ligada conforme indicações da
Fig. 5.8. As dimensões da placa são:
Largura = 20 mm (d)
Comprimento = 65 mm
Espessura = 0,050 mm
Com a bobina primária de 500 espiras temos uma saída total de 20V, em etapas de 2V, corrente
máxima de 10A (podendo ser utilizado o conjunto para alimentação das bobinas de 250 espiras na
Fig. 5.9).
06 – GALVANÔMETRO DE ESPELHO.
(Fig. 5.15) Ligado através do regulador de sensibilidade (Fig. 5.16) determinará impulsos de
tensão através da observação do desvio do raio luminoso proveniente de uma fonte. Terá de ser
calibrado para determinação do campo magnético e para medição do potencial devido ao Efeito
Hall. Os procedimentos para sua utilização serão abordados oportunamente. A escala para leituras
– deve ser colocada a 2,0m do eixo do Galvanômetro. A fonte de luz deve ser ajustada para
formação de imagem nítida de uma fenda retangular na escala. Isto se consegue fazendo surgir no
espelho parabólico – do Galvanômetro uma imagem nítida do filamento da lâmpada e deslocando
o soquete até cerca de 30cm de afastamento do espelho.
91
08 - BATERIA
09 - POTENCIÔMETRO 110/320
(Fig. 5.18) Resistência variável entre 0 a 110, admitindo carga máxima de 2,5A. (320 - 1,5A).
Entre os bornes inferiores o valor da resistência é fixa e igual ao valor nominal. Entre qualquer borne
inferior e o superior (vermelho) a resistência depende da posição do cursor.
92
10 – INTERRUPTOR SIMPLES.
Fig. 5.19. Para evitar desgaste prematuro de seus contatos deve ser sempre ligado, nesta
experiência, no lado primário dos transformadores.
Instrumento para medida de correntes contínuas, até 300A ou 60mV. Com o shunt (Fig. 5.20)
sua escala fica ampliada para 30A e será como tal utilizado para determinar as correntes da placa e
do campo magnético (Fig. 5.9).
Com a caixa de ligações (Fig. 5.21) tem duas possibilidades de medidas ampliadas para:
Escalas de corrente (CC ou CA): 300A; 0,003A; 0,03A; 0,3A; 3A e 6V.
Escalas de tensão (CC ou CA) 60mV, 3V, 15V, 30V, 150V, 300V, 600V.
93
Selecionada a escala (tensão ou corrente e valor) e o tipo de sinal (contínuo ou alternado) o valor
indicado na caixa corresponde ao valor máximo da deflexão à direita do ponteiro do instrumento de
medida.
Fig.5.22 – Resistências.
13 - CRONÔMETRO ELÉTRICO.
(Fig. 5.23) Possui um motor síncrono de baixa rotação acoplado através de uma embreagem
magnética ao sistema de redução de velocidade que leva aos ponteiros (o maior indica, segundos,
o menor, centésimos de segundo). A chave da esquerda faz o dispositivo funcionar como relógio.
A da direita aciona-o como cronômetro através da ligação dos bornes. Quando o contato é fechado
em ambos, o cronômetro funciona.
94
(Fig. 5.24) Ligado ao cronômetro elétrico em seus bornes frontais permite preestabelecer os
intervalos de tempo de funcionamento do cronômetro. Acionado através de um botão frontal sob
pressão faz funcionar o cronômetro até que o ponteiro pequeno faça abrir seu circuito ao passar no
interruptor externo. Nos bornes do preceptor temos dois contatos permanentemente fechados ( e
que abrem na situação acima descrita) e dois contatos permanentemente abertos ( e que fecham na
situação descrita anteriormente, ou seja, pressionando o botão do dispositivo). Será utilizado na
calibração do Galvanômetro em Vs, na Fig. 5.10.
Na utilização de tais dispositivos e equipamentos deve-se atentar especialmente com os cuidados
quanto à adequada operação. É lamentável e constrangedora, a danificação de componentes
dispendiosos por operação descuidada ou indevida.
95
a) As correntes de 20A (da placa) e 10A (das bobinas) excedem os limites de capacidade permanente
dos dispositivos e só devem ser ligadas durante os pequenos intervalos de tempo necessários à
medição;
b) As polaridades de ligação de instrumentos de medida aos circuitos devem ser cuidadosamente
respeitadas. Devido às altas correntes que ocorrerão qualquer descuido neste aspecto poderá ser
fatal aos equipamentos.
c) Não se deve zerar o cronômetro elétrico com o mesmo ainda em rotação. Isto certamente
danificará seu mecanismo interno.
d) Cuidado com os contatos dos transformadores. Nos enrolamentos primários a tensão é de 220V.
e) O aterramento de um dos terminais do dispositivo do Efeito Hall é indispensável para melhor
qualidade e segurança das medidas e deve ser efetuado conforme sugere a Fig. 5.11.
f) Os interruptores simples que ligam as altas correntes devem sempre ser colocados nos lados de
alta tensão dos transformadores.
g) Não esquecer a colocação do shunt de 30A nos instrumentos de medida quando utilizados como
amperímetros na Fig. 5.9. Do mesmo modo, não esquecer a ligação correta da caixa de ligações,
selecionando adequadamente a função (contínua ou alternada) e a escala.
96
Vt
B (5.16)
A
Tal impulso de tensão pode ser medido pelo Galvanômetro desde que seja previamente calibrado.
(2) – Calibre o Galvanômetro em Vs. O circuito da Fig. 5.10 tem também essa finalidade. No
potenciômetro de 110 regula-se uma tensão com valor estabelecido na Tabela 5.1. Estabelece-se um
tempo qualquer (0,25 seg – Tabela 5.1) deslocando-se a chave móvel do preceptor de tempo do
cronômetro. Verifica-se se o Galvanômetro está nivelado e destravado (alavanca existente na parte
frontal) e se a imagem da fonte de luz (uma fenda retangular) encontra-se nítida na escala a 2,0m.
Apertando-se o botão do preceptor de tempo observa-se a deflexão máxima do sinal luminoso na escala,
registrando-se o valor na Tabela 5.1.
(3) – Determine a Indução Magnética para o corrente de 10A. Deve-se agora manter o mesmo
circuito apenas para garantir os valores de calibração do item anterior. O Galvanômetro deve ser zerado
na sua escala, nivelado e destravado. Liga-se o interruptor simples do primário do transformador que
alimenta as bobinas e observa-se a deflexão máxima do Galvanômetro. Essa deflexão, com base na
Tabela 5.1 e na equação 5.16 permite calcular o valor de B. A área é de 16 cm 2 (núcleo magnético das
peças polares).
97
(4) – Monte o circuito da Fig. 5.11. Estabeleça uma voltagem conhecida através do potenciômetro
(110 ohms) conforme valores da Tabela 5.2. Coloque o controle de sensibilidade regulador a 2/3 do seu
curso e produza um pulso através do interruptor simples para verificar se ocorre amortecimento crítico.
Em caso contrário, deve-se ajustar o potenciômetro interno do regulador de sensibilidade (parte inferior
de sua caixa). O Galvanômetro deve ser previamente zerado, nivelado e destravado (a escala colocada a
2,0m e a imagem nítida). Liga-se então permanentemente o interruptor simples e observa-se a deflexão
final do Galvanômetro para cada voltagem indicada na Tabela 5.2. Esta tabela serve de calibração do
Galvanômetro para medir as voltagens que ocorrerão quando existir o Efeito Hall no dispositivo.
(5) – Na mesma montagem da Fig. 5.11 efetue inicialmente o ajuste da posição do contato na
placa (compensação da queda de tensão devida à resistividade). Sem estabelecer o campo magnético,
ligue a corrente de 20A na placa (a partir da fonte de alimentação). Se houver desvio do raio luminoso do
Galvanômetro (estará ocorrendo queda de potencial devido ao efeito da resistividade) ajuste o
potenciômetro do dispositivo do efeito Hall até eliminar tal deslocamento. Agora ligue o campo
magnético e a corrente simultaneamente e meça o desvio final do raio luminoso. Nestas duas etapas as
correntes altas devem ser ligadas apenas por breves instantes de tempo, apenas o necessário para a
efetivação das medidas. Não deve ocorrer aquecimento excessivo de componentes e condutores. O valor
da deflexão observada, juntamente com os dados da Tabela 5.2 permite calcular o potencial devido ao
Efeito Hall. Para comprovação do resultado pode-se, por exemplo, calcular com a equação 5.14, o
número de portadores por unidade de volume da prata e confirmar com o mesmo valor obtido pela
equação (5.7). Não se encontrando uma razoável coincidência, as medidas devem ser cuidadosamente
repetidas e os cálculos criteriosamente analisados.
Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
1) Analise as equações 5.4 e 5.5.
2) Estabeleça a diferença entre v (Eq. 5.5.) e v (Eq. 5.6).
3) Demonstre a eq. 5.6.
4) Demonstre a eq. 5.7.
5) Demonstre que as eqs. 5.8 e 5.9 são equivalentes.
6) Por que, na Fig 5.5, as cargas não saem da carga?
7) Por que a distribuição de cargas da Fig. 5.6 foi chamada de “dinâmicamente estável”?
i. Explique a distribuição de cargas da Fig. 5.6 (a) e (b).
98
ii. Porque há equilíbrio entre as forças de origem elétrica e magnética na Fig. 5.6?
8) Demonstre que as eqs. 5.14 e 5.15
9) Explique o procedimento da pág .94. Por que usam-se duas resistências na Fig. 5.8?
10) Demonstre a eq. 5.16.
6. Constante dielétrica.
6.1 Preliminares.
6.2.1 Capacidade.
Em (b) foram ligados por fio e ocorreu a transferência de cargas. O deslocamento cessa quando há
equilíbrio entre as forças envolvidas (c) ou, mais precisamente quando há equilíbrio no “potencial”. Em
(d) um outro objeto, também condutor é colocado nas proximidades porém sem contato elétrico. A
presença de cargas induzidas no terceiro corpo provocou um desequilíbrio na situação anterior
promovendo a transferência de mais cargas. Como resultado efetivo observamos que a simples presença
de um corpo nas proximidades de outro aumenta sua “capacidade” de “armazenar” cargas elétricas.
100
Q
C (6.1)
V
Esta fórmula evidencia as conclusões intuitivas que poderíamos deduzir da análise lógica do
fenômeno. Se um sistema de condutores consegue armazenar ou transferir grande quantidade de cargas
sob ação de uma pequena diferença de potencial, concluímos que possui grande capacidade. O mesmo
ocorre no caso inverso: se, apesar de uma grande diferença de potencial há pequena transferência de
cargas dizemos que o sistema tem pequena capacidade. Duas observações importantes devemos ressaltar:
- Conclui-se pela vantagem em usar sistemas duplos de corpos se o objetivo é obter grande
capacidade;
- A capacidade, definida em termos de carga e potencial não depende diretamente de tais
grandezas mas, é função de propriedades físicas e geométricas dos sistemas considerados.
Esta última observação será evidenciada no próximo item.
Temos na Fig. (6.2) um capacitor de placas paralelas e planas de iguais dimensões, carregado por
uma bateria e em situação de equilíbrio.
0 A
C (6.2)
d
8,85.10 12 C 2 / Nm 2
Esta equação mostra que a Capacidade depende essencialmente da geometria e das propriedades
físicas do sistema. Aumentando a área, diminuindo a separação entre as placas ou aumentando a
permissividade pela colocação de um material “dielétrico” entre as placas pode-se aumentar a capacidade.
Os três artifícios têm inconvenientes e limitações:
- Aumentos de área produzem maior dispersão do campo elétrico nas bordas o que compromete
a validade da eq. (6.2) fazendo surgir fatores de correção que diminuem a efetividade do
acréscimo na superfície;
101
6.2.3 Dielétricos.
Dielétricos são materiais isolantes (ou mau condutores) que apresentam polarização em suas
moléculas na presença de um campo elétrico externo. A Fig. 6.3 mostra o mesmo capacitor de placas
paralelas da Fig 6.2 porém, com um dielétrico entre as placas.
Tal figura deve ser encarada como uma continuação da anterior. Imaginemos que o capacitor foi
carregado (Fig. 6.2) e atingiu o equilíbrio. Mantendo a fonte ligada introduzimos o dielétrico, que, então,
polariza-se. As moléculas polarizadas orientam-se conforme indicação da Fig. (6.3). Agora não há mais
equilíbrio entre a diferença de potencial das placas e da fonte. A presença de cargas negativas polarizadas,
nas proximidades da placa positiva diminui-lhe o potencial. A placa negativa tem o seu potencial
aumentado pela presença das cargas positivas da polarização. A diferença de potencial entre as placas
efetivamente diminui e ocorre mais transferência de cargas até que se restabeleça o equilíbrio. O sistema,
portanto, consegue armazenar mais cargas, sob ação da mesma diferença de potencial, quando há um
dielétrico entre as placas. Há, então, aumento de capacidade pela introdução do dielétrico.
k 0 A
C (6.3)
d
Um caso interessante surge quando colocamos dielétricos diferentes num mesmo capacitor (Fig
6.4). Neste caso:
2 0 A k1 k 2
C (6.4)
d k1 k 2
102
0 A k1 k 2
C (6.5)
d 2
A Tabela 6.1 mostra valores de constantes dielétricas e da rigidez dielétrica para vários materiais.
Dois efeitos especiais não são considerados normalmente na dedução da eq. (6.3):
- Dispersão do campo elétrico nas bordas das placas;
- Dispersão do campo elétrico devido à proximidade da base do capacitor.
Para medição precisa da separação entre as placas, o Capacitor que utilizaremos possui um
“nônio”. Através de um parafuso desloca-se um cursor diante de uma escala. O mesmo parafuso aciona
igualmente o deslocamento das placas. A escala é usada para determinação da separação entre as placas
(Fig. 6.6). As escalas normais de nônios apresentam a distância correspondente a 9 divisões da escala
principal dividida em 10 partes iguais (Fig. 6.6-a).
No caso da medida de um comprimento (uma barra, por exemplo, Fig. 6.6-b), o nônio permite
estabelecer facilmente a fração entre duas unidades da escala principal. Para efetivação da medida
procura-se um traço do cursor que coincida com qualquer traço da escala principal.
É fácil compreender que a fração X pode ser calculada por:
5,4 mm
No dispositivo a ser usado, o nônio apresenta ligeira diferença em relação ao que descrevemos. É,
contudo, fácil de deduzir a nova fórmula para sua utilização.
105
Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes
textos:
- Halliday-Resnick: Física II, Vol. I, Capítulo 30, destacando os itens 30.1, 30.2 e 30.3.
- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2: Capítulo 33, destacando os itens 33.1, 33.2, 33.3 e 33.6.
- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. II, Capítulo 16,
destacando o item 16.8.
- Feynman, Leighton, Sands (Richard P., Robert B., Matthew): The Feynman Lectures on
Physics, Vol. 2, Capítulo 6, destacando o item 6.10; Capítulo 8, destacando o item 8.2.
Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
106
6.3 Experiência.
A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser identificada na Fig. 6.6 E 6.7. Consta
dos seguintes dispositivos e equipamentos:
A montagem III, Fig. (6.8) constitui uma alternativa da montagem II, Fig. (6.7) a ser adotada no
caso de problemas com o amplificador linear.
Utilizados para medidas estáticas de tensão (medidas em que não circula corrente pelo voltímetro).
Precisão: 1,5% do desvio total. Isolamento = 1014.
A separação entre as placas é regulável por um parafuso micrométrico. Uma escala com nônio
permite leituras de frações do milímetro. O nônio atua sobre uma distância de 20mm, regulável até
70mm. Diâmetro das placas 260mm.
109
04 – INSTRUMENTO DE MEDIDAS.
Com a caixa de ligações (Fig. 6.13) tem duas possibilidades de medidas ampliadas para:
Escalas de corrente (CC ou CA): 300A; 0,003A; 0,03A; 0,3A; 3A e 6V.
Escalas de tensão (CC ou CA) 60mV, 3V, 15V, 30V, 150V, 300V, 600V.
Selecionada a escala (tensão ou corrente e valor) e o tipo de sinal (contínuo ou alternado) o valor
indicado na caixa corresponde ao valor máximo da deflexão à direita do ponteiro do instrumento
de medida.
Acoplado ao instrumento de medidas de 300A, 60mV, 200, permite medidas de carga, corrente
e tensão nas escalas: CORRENTE: 3x10-11A; 3x10-10A; 3x10-9A; 3x10-8A; 3x10-7A; (Resistência de
entrada entre 1010 e 106). TENSÃO: 300; 30; 3; 0,3V (Resistência de entrada: 5.10 6).
MEDIDAS BALÍSTICAS DE CARGA: 3x10-9; 3x10-8; 3x10-7As(C); (Resistência de entrada entre
108 até 106; constante de tempo a 0,2s). MEDIDAS ESTACIONÁRIAS DE CARGA: 3x10 -9;
3x10-8As; (Capacidade de entrada: 10-8 ou 10-7F; constante de tempo a 105 ou 104s ). O cabo coaxial
deve ser ligado sempre para possibilitar estabilidade nas leituras, além de maior precisão.
A Fig. 6.15 mostra os diversos dispositivos existentes na parte frontal com as seguintes funções:
(01) – Interruptor principal e lâmpada indicadora do funcionamento;
(02) – Seletor dos intervalos de medida;
(03) – Adaptação do amplificador ao instrumento de medida;
(04) – Bornes de saída para ligação ao instrumento de medida;
(05) – Regulador do ponto zero;
(06) – Atenuador de sensibilidade (quando topa à direita, indica a calibração das escalas);
(07) – Comutador para medidas de carga (estática ou balística);
(08) – Borne para aterramento;
(09) – Entrada para medida de tensão;
(10) – Borne de entrada para medidas de corrente e carga;
(11) – Interruptor para descarregamento à terra;
Fornece tensão contínua ajustável desde 0 até 6000V, com saída máxima em caso de curto-circuito
de 2,5mA. Ondulação residual a 1mA de saída: 0,025%. Só deve ser ligada com o regulador de
tensão de saída em 0.
Fig.6.17 – Resistores.
112
11- GALVANÔMETRO
Instrumento de medida de alta precisão destinado à medição de corrente em sistemas de alto valor
ôhmico. Algumas características selecionadas: Constante de corrente: 9,8 x 10 -9 A/mm/m.
Constante de tensão: 3 x 10-7 V/mm/m. Constante balística de corrente = 10-8As/mm/m.
Resistência interna: 30. Resistência limite aperiódica: 300. Período de oscilação livre: 10s.
Espelho côncavo para o indicador luminoso: f = 350mm e A = 10 x 20 mm 2. Possui uma trava
para proteção quando inoperante (Arr = preso, Frei = livre); um regulador da posição central
(parafuso na parte superior) e um nível.
Permite ligação ao Galvanômetro com atenuação da sensibilidade por um botão existente na parte
superior. A resistência limite aperiódica pode ser regulada por um parafuso existente na parte
inferior. A entrada do sinal e analisar ou medir e a saída para o Galvanômetro estão claramente
indicados na caixa. A ponte de curto-circuito só deve ser utilizada quando o sinal a analisar vem
de um dispositivo com resistência interna superior à do Galvanômetro.
Para obtenção de uma imagem nítida da fenda existente na fonte de luz, na escala distante, (nesta
experiência a escala deverá ser colocada numa distância superior a 5,0m para as leituras), deve-se
inicialmente conseguir uma imagem nítida do filamento da lâmpada sobre o espelho do
Galvanômetro. Depois se ajusta à distância entre a fonte de luz e o Galvanômetro até obter a
imagem desejada.
Na medida Balística de carga deve-se observar atentamente a escala. Na grande distância em que
será colocada, é grande a velocidade de deslocamento do raio luminoso o que dificultará as
observações. O aterramento perfeito de um dos bornes do Galvanômetro é importantíssimo neste
caso.
MONTAGEM I
Analisaremos a relação entre potencial e separação entre as placas. O capacitor será ligado com a
fonte a 300V, calibrada com o instrumento de medidas com caixa de ligações. Neste momento a
separação entre as placas será de 1,0mm. Os dois fios que alimentaram as placas são desligados e liga-se
o voltímetro eletrostático. A leitura de voltagem é feita para diversas distâncias de separação.
MONTAGEM II
Mediremos a carga do capacitor para diferentes valores da voltagem nas placas. As medidas são
efetuadas através do amplificador linear, para várias distâncias de separação entre as placas. Os métodos
balístico e estacionário serão testados. Também serão efetuadas medidas com diferentes dielétricos entre
as placas e igualmente para suas associações.
114
MONTAGEM III
MONTAGEM I:
MONTAGEM II:
MONTAGEM III:
a) O aterramento de uma das placas do capacitor (aquela do lado do nônio, não isolada) deve ser
efetuado em conjunto com um dos bornes da entrada do regulador de sensibilidade do
Galvanômetro;
b) Devido a altas voltagens em jogo (necessárias para obtenção de maiores cargas, mensuráveis pelo
Galvanômetro) é mais crítica a situação dos isolamentos;
c) Evitar contatos com as partes metálicas durante as medições;
d) Respeitar as polaridades da fonte e do voltímetro eletrostático;
e) Só ligar a fonte quando seu regulador de saída de tensão estiver a zero;
f) Evitar ligação da fonte com a distância entre as placas, inferior a 10mm (as resistências de
10Mohm têm a finalidade de limitar curtos-circuitos mas, não garantem sucesso absoluto no caso
de uma descarga violenta entre as placas;
g) Em todas medidas a umidade pode ter influência perniciosa nas medições. Pode ser necessário
limpar freqüentemente as placas do capacitor (use papel macio e seco) ou soprar ar quente entre as
duas placas.
115
I.1 – Aplicar uma tensão contínua de 300V ao capacitor (medida com o instrumento de medidas e
caixa de ligações);
I.2 – Desligar os fios do capacitor e ligá-lo ao voltímetro eletrostático;
I.3 – Efetuar medidas de tensão entre as placas em função de sua separação de modo a completar a
Tabela 6.3.
TABELA 6.3 – MEDIDAS DE TENSÃO EM
FUNÇÃO DA SEPARAÇÃO ENTRE AS PLACAS.
CARREGAMENTO COM V = 300V d = 1,0mm
ORDEM d ( x 10-3m ) TENSÃO (V)
01 1,0
02 1,5
03 2,0
04 2,5
05 3,0
MONTAGEM II
II.1 – Efetuar medidas pelo método balístico, da carga do capacitor em função da voltagem e da
separação entre as placas de modo a completar a Tabela 6.4;
II.2 – Nas medidas, aplica-se a tensão desejada, desliga-se o fio da placa isolada (aquele ligado à
fonte) e liga-se o cabo coaxial do amplificador;
II.3 – As medidas são repetidas para a Tabela 6.5, com medidas da carga pelo método
estacionário;
d(x 10-3m)
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
116
d(x 10-3m)
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
II.4 – Efetuar medidas balísticas da carga para diferentes valores de tensão e para vários
dielétricos, de modo a preencher a Tabela 6.6;
II.5 – Nas Tabelas 6.7 e 6.8, temos medidas idênticas para associações de dielétricos, “em série”
( dois e três dielétricos, respectivamente).
MONTAGEM III
Será utilizada para preenchimento das Tabelas 6.6, 6.7 e 6.8 no caso de defeito no amplificador
linear. As orientações sobre a utilização do Galvanômetro podem ser encontradas na experiência
4.
Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
(1) – Explique as observações ao final do item 6.2.1.
(2) – Demonstre a equação (6.2).
(3) – Demonstre que para grandes áreas não mais vale a equação 6.2.
(4) – Explique o processo de carregamento da Figura 6.2.
(5) – Demonstre que diminuindo d aumenta a possibilidade de descarga no capacitor.
(6) - Demonstre a equação (6.3).
(7) - Demonstre a equação (6.4).
(8) - Calcule a capacidade de um capacitor de placas paralelas com três lâminas de dielétricos
diferentes montados conforme o esquema da Fig. 6.5.
(9) - Demonstre a equação (6.5).
(10) – Deduza a fórmula do nônio para o capacitor da experiência.
(1) – Determine a lei de variação da tensão com a separação entre as placas com os dados da
Tabela 6.3.
(2) – Estude as leis de variação da carga com a distância, para o potencial constante; e da carga
com o potencial, para a distância constante nas Tabelas 6.4 e 6.5.
(4) – Analise a Tabela 6.6 determinando as constantes dielétricas para os cincos materiais aí
especificados.
(5) – Analise a Tabela 6.7 com o objetivo de confirmar a equação (6.4) e a fórmula deduzida na
resposta à questão (8).
118
7. Velocidade da luz.
7.1 Preliminares.
Um dos primeiros cientistas a se preocupar com a velocidade da luz foi Galileu. Chegou inclusive
a imaginar um método para sua medida (Fig. 7.1).
Colocou-se numa elevação e pediu a um assistente para fazer o mesmo num local distante.
Acertou para que o assistente acendesse sua lamparina assim que avistasse o sinal luminoso de outra que
iria acender. Pretendia medir o tempo entre o instante em que ligasse sua lâmpada e avistasse o sinal do
assistente. Concluiu que a luz se propagava quase instantaneamente com altíssima velocidade que não foi
capaz de medir. Embora com um insucesso, estava lançada a idéia da existência da “velocidade da luz”.
O primeiro método que chegou a um resultado concreto foi o do astrônomo dinamarquês Olaf
Roemer. Foi desenvolvido a partir da observação das órbitas de um satélite do Planeta Júpiter (Fig. 7.2).
O intervalo de tempo para o eclipse do satélite por trás do planeta foi medido quando a Terra
estava em (1). Em seguida, o instante do término de um eclipse foi marcado Roemer pretendia conferir o
tempo total de vários eclipses para verificar se o período de revolução era constante. Assim, calculou o
instante em que o satélite deveria reaparecer quando a Terra estivesse em (2), seis meses depois. Neste
período o satélite efetuaria diversas voltas. Com surpresa constatou um grande atraso o qual atribuiu
inicialmente a variações nas posições relativas das órbitas da Terra, do Planeta e do Satélite. Contudo,
acabou descobrindo que o atraso devia-se, na verdade, ao tempo que a luz levava para ir de (1) a (2).
Assim, conseguiu determinar a velocidade da luz.
Uma fonte de luz (1) colimada lança um raio em direção a uma roda dentada, (2). O raio atravessa
o espaço entre os dentes e é desviada pelo espelho (3) para um conjunto de espelhos (5) que fazem a luz
percorrer uma grande distância. De volta ao espelho (5) a luz é enviada através da roda (6) ao observador
colocado em (7). As rodas (2) e (6) são montadas no eixo comum de um motor de alta rotação, de tal
modo que o dente de uma coincide com o intervalo entre dentes da outra. Com o motor parado o
observador não vê a fonte de luz. Com o motor em movimento, aumentando-se a velocidade há um
instante em que aparece a luz. Isto indica que, enquanto a luz desloca-se de (2) a (6) o sistema gira de um
ângulo correspondente a largura de um dente. Sabendo-se a velocidade do motor, a largura do dente e o
espaço percorrido pela luz, além do diâmetro das rodas, pode-se calcular a velocidade da luz.
120
Este método utiliza um princípio semelhante ao anterior porém requer um menor percurso embora
só funcione com motores de maior velocidade. É também de calibração mais simples.
(Fig. 7.4). Da fonte de luz (1), os raios atravessam uma placa de vidro (2) e são parcialmente
refletidos e refratados. Os raios refratados atingem o espelho (3) montado no eixo de um motor de alta
rotação. São refletidos para um espelho distante (4) e retornam pelo mesmo caminho chegando a uma
escala transparente, em (5), onde fica o observador. A posição do sinal luminoso é marcada nesta escala,
com o espelho parado. Com o espelho em alta rotação, enquanto o raio luminoso vai de (3) a (4), e volta,
o espelho realiza um pequeno giro. Assim, o sinal aparecerá em (5) ligeiramente deslocamento.
Conhecendo-se o desvio na escala, as dimensões envolvidas e a velocidade do motor, pode-se calcular a
velocidade da luz.
A Fig. (7.5) mostra o processo de formação da imagem de um objeto (O) colocado além do foco,
por uma lente convergente delgada.
Na Figura 7.5:
O = distância do objeto ao centro da lente;
I = distância da imagem ao centro da lente;
f = distância focal da lente.
Pode-se mostrar que:
1 1 1
(7.1)
O I f
121
As Figs. (7.6) e (7.7) mostram o que ocorre quando o objeto é colocado no foco ou entre o foco e
o centro da lente.
No caso da Fig. (7.5), a imagem é real e invertida. Na Fig. (7.6), a imagem está no infinito. Na
Fig. (7.7), a imagem é virtual e direita. Usaremos tais propriedades das lentes convergentes delgadas para
conseguir concentração dos raios e colimação, na experiência.
(a)
(b)
Fig. 7.8 – Reflexão num espelho plano girante
Na Fig. (7.8 – a) um raio incide num espelho plano, sendo refletido segundo a lei da reflexão:
Na Fig. (7.8 – b) o espelho girou de um ângulo. Pode-se mostrar que: quando um espelho gira de
um ângulo, o raio refletido gira de 2. Esta propriedade será usada na determinação do tempo de percurso
da luz, na experiência.
Tem o aspecto externo de uma válvula eletrônica, possuindo dois elementos internos: O emissor:
sobre uma folha de metal, de forma cilíndrica, deposita-se uma substância fotossensível (sulfito de
cádmio, por exemplo); O coletor: uma pequena pastilha metálica de forma cilíndrica. Quando há luz no
emissor, elétrons são emitidos (efeito fotoelétrico) e atingem o coletor. O efeito pode ser incentivado se
for estabelecida uma diferença de potencial entre o emissor (-) e o coletor (+). Podemos usar a célula
fotoelétrica para medir a velocidade do motor ou do espelho, no método de Foucault (Fig. 7.10).
Iluminamos o espelho com uma fonte de luz e fazemos com que o raio refletido atinja a célula
fotoelétrica. Quando o espelho girar, a cada volta ocorre um pulso de corrente na fotocélula. Este pulso
pode ser aumentado aplicando-se uma diferença de potencial entre o emissor (-) e o coletor (+). A
quantidade de pulsos por segundo (freqüência) pode ser determinada com um osciloscópio.
123
7.2.3.2 O osciloscópio.
Um osciloscópio em versão bastante simplificada pode ser visto na Fig. 7.11. O seu
funcionamento é fácil de compreender.
Num tubo de imagem (semelhante ao de Televisão) um canhão eletrônico (CE) produz um feixe
de elétrons colimados, com grande velocidade. Este feixe atravessa uma região com placas horizontais
(PH: produzem desvios horizontais) e placas verticais (PV: produzem desvios verticais). Nestas placas
podem ser aplicados sinais externos através de seus terminais (cf – PH e df – PV). Na ausência de sinais
nas placas (H e V) o feixe atinge a tela (T) na posição (1). Aí, por um processo conhecido como
“Fosforescência” surge um ponto luminoso. Aplicando-se uma tensão positiva no terminal (f) das PH, o
feixe desloca-se para (2) ( O mesmo ocorre com uma tensão negativa no terminal (c), das PH).
Aplicando-se uma tensão positiva no terminal (d) das PV, o feixe desloca-se para (3) (O mesmo ocorre
aplicando-se uma tensão negativa no terminal (f), das PV).
No osciloscópio existe um circuito especial denominado “gerador de varredura” o qual aplica uma
forma de onda, indicada na Fig. 7.12 e conhecida como dente-de-serra, as PH.
Com isto, o feixe de elétrons movimenta-se na tela conforme a Fig. 7.13-a, a qual mostra a tela vista
frontalmente. As posições aí indicadas por números correspondem aos pontos marcados na Fig. 7.12.
A Fig. 7.13-b, mostra a imagem que efetivamente é vista. O retorno do feixe ocorre em tempo
desprezível (de 3 a 4) em relação ao seu deslocamento inicial (de 1 a 3). O tempo ou período de varredura
é praticamente o intervalo (1-3).
124
(a)
(b)
Fig. 7.13 – Dente-de-serra na tela do osciloscópio.
Estando o gerador de varredura, ligado numa freqüência conhecida (Fig. 7.13-b) o sinal
proveniente da célula fotoelétrica (Fig. 7.10) é colocado nas placas verticais. A imagem que segue pode
ser vista na Fig. (7.14).
Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes textos:
- Halliday, Resnick (David, Robert) Física, Vol. II.2, Capítulo 40, destacando-se o item 40-3;
Capítulos 41 e 42.
- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Vol.3, Calor, Ondas, Ótica: Capítulo 24,
destacando-se o item 4; Capítulos 25 e 26.
- Tipler (Paul A.): Física, Capítulo 26, destacando-se o item 26.3; Capítulo 27.
Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
126
7.3 Experiência.
A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser vista nas Figs. (7.15), (7.16) e (7.17).
Consta dos seguintes dispositivos e equipamentos:
Na Fig. 7.15:
01 Fonte de luz com transformador: 220 X 6V – 30W
02 Lente com f = +100mm e = +40mm.
03 Fenda ajustável
04 Placa de vidro comum com suporte
05 Motor universal, 220V
06 Lente com f = +5000mm e = +120mm.
07 Espelho com = +120mm.
08 Espelho com = +120mm.
09 Placa de vidro com escala (26 x 75mm2) e suporte
10 Lente com f = +100mm e = +40mm.
11 Diafragma Íris.
Na Fig. 7.16:
12 Célula fotoelétrica montada.
13 Osciloscópio.
14 Fonte de alimentação universal.
15 Instrumento universal para medidas elétricas.
16 Reostato de 320, 2,5A.
17 Resistor de 100000, 0,5W.
Fig. 7.16
Na Fig. 7.17:
18 Reostato 1000, 0,5A.
19 Interruptor simples.
Suporte com soquete e lâmpada. O soquete pode ser deslocado dentro de um tubo para redução do
espalhamento da luz. Atrás do soquete existem três parafusos para centralização da lâmpada.
128
Desvio máximo: 300A com 60mV. Classe de qualidade: 1,5. Escala: ponto zero na metade
esquerda. Comprimento do arco da escala: 20cm. Divisões da escala: preta, de -30 a +100
passando por 0; vermelha, de -10 a +30 passando por zero. A regulagem do zero da escala pode
ser feita por um parafuso existente na parte posterior.
Fig.7.31 – Resistências
O funcionamento da montagem está esquematizado nas Figs. 7.15, 7.16 e 7.17. Com o motor
parado efetua-se o alinhamento conforme indicações da Fig. 7.15. O alinhamento está corretamente
efetuado quando o observador vê a imagem da fenda (3) bem brilhante, em (11). Com o motor em
movimento, observa-se o desvio da imagem da fenda na escala (9). Num outro momento, mede-se a
velocidade do espelho estando o cursor do reostato de controle (1000) na mesma posição, com a
134
montagem da Fig. 7.16. Deve-se contar o número de pulsos que aparece na tela. É fácil compreender que
a velocidade do espelho relaciona-se com o número de pulsos da tela pela fórmula:
120n (7.2)
a) Não ligar o motor na velocidade máxima bruscamente. Só ligar S2 (Fig. 7.17) quando o reostato de
1000 estiver totalmente no circuito;
b) Evitar choques nas lentes e espelhos;
c) Não tocar com as mãos na superfície de lentes e espelhos;
d) Antes da medida, efetuar uma divisão de tarefas com o grupo para evitar acidentes, no escuro;
e) Só ligar a fonte de alimentação (Fig. 7.16) quando os controles variáveis estiverem na posição de
mínima tensão de saída;
f) Observar atentamente as ligações do circuito do osciloscópio;
g) Verificar a polaridade da fotocélula e do voltímetro;
h) Colocar o voltímetro na escala de 300V, tensão contínua.
(1) – Verifique se a montagem experimental está de acordo com as Figs. 7.15, 7.16 e 7.17. Observe as
distâncias;
(2) – Efetue o alinhamento do raio luminoso do seguinte modo (Fig. 7.15): 2.1 – Ajuste a posição da
lente (2) de modo a se formar uma imagem do filamento da lâmpada no espelho rotativo; 2.2 – A
inclinação do vidro (4) deve ser a 45º da direção (1-5), a imagem da fenda deve incidir no centro
deste vidro (Fig. 7.34); 2.3 – Os raios refletidos no espelho rotativo (5) devem atravessar o centro
da lente (6) (Fig 7.35) e incidir no centro dos espelhos (7) e (8), retornando pelo mesmo caminho;
2.4 – O ajuste do retorno é efetuado pela observação dos raios que atravessam a lente (6).
Girando-se ou elevando-se os espelhos (7) e (8) consegue-se tal alinhamento; 2.5 – O alinhamento
final é obtido pela observação da imagem em (11). Isto influirá decisivamente na precisão dos
resultados;
135
(3) – Coloque o espelho em rotação ligando S1 (Fig. 7.17), depois S2 e deslocando o cursor do
reostato de 1000 até a velocidade máxima;
(4) – Meça o desvio do raio luminoso na escala tomando como referência a margem direita da
imagem;
(5) - Mantendo o cursor do reostato na mesma posição aproxime a lâmpada do espelho rotativo e faça
com que o raio refletido atinja a fotocélula (Fig. 7.16);
(6) – Ligue a fonte de alimentação e estabeleça 100V no voltímetro (verifique a polaridade);
(7) – Ligue o osciloscópio ((1) – Fig. 7.27) e ajuste a freqüência de varredura para que apareça um
ciclo da onda senoidal (60Hz) (6 e 7 – Fig. 7.27). Ajuste a largura (5), a posição (3 e 4) e a nitidez
da imagem (1 e 2);
(8) – Ajuste o ganho vertical (8) no máximo valor;
(9) – Regule o reostato de 320 para atenuar a amplitude da onda senoidal;
(10) – Determine o número de pulsos que aparece na tela;
136
Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
1) Deduza a fórmula para o cálculo da velocidade da luz pelo método de Galileu. Faça as suposições
necessárias.
2) Apresente uma fórmula para o cálculo da velocidade da luz pelo método de Roemer. Faça as
suposições necessárias.
3) Deduza a fórmula para o cálculo da velocidade da luz, pelo método de Fizeau. Faça as suposições
necessárias.
4) Deduza a fórmula para o cálculo da velocidade da luz, pelo método de Foucault-Michelson.
Considere (Fig. 7.15):
i. d = distância (2 –5);
ii. r = distância (2 – 3);
iii. L = distância (3 – 4);
= velocidade angular do motor;
i. s = desvio na escala (5).
8. Espectros.
8.1 Preliminares.
Nos dois eletrodos liga-se uma diferença de potencial. O gás, inicialmente neutro ioniza-se nas
proximidades dos pólos. O efeito transmite-se através dos átomos. O meio torna-se, assim, um bom
condutor e surge a corrente elétrica. O movimento dos elétrons através do gás produz interações
eletromagnéticas com os seus elétrons. Ao receber energia do elétron em movimento, o elétron ligado a
um átomo salta para uma órbita de maior energia e ao retornar ao estado fundamental emite a diferença de
energia em forma de radiação.
Diversos tipos de saltos podem ser produzidos, entre camadas e orbitais e mudanças de estado
quântico com apenas variação da quantidade de movimento podem ser obtidas. Desse modo, na luz
resultante da emissão, diversos comprimentos de onda estão presentes.
É a coleção de comprimentos de onda ou cores, existentes na emissão que é denominada de
ESPECTRO.
Instrumentos especiais, denominados ESPECTROSCÓPIOS conseguem separar os comprimentos
de onda em forma de linhas ou raias. São as chamadas RAIAS ESPECTRAIS.
No caso da emissão de um gás monoatômico, poucos comprimentos de anda estão presentes e as
raias apresentam-se separadas formando o que se conhece por espectro de linha. Vapores de metais
também produzem espectros deste tipo.
Na emissão de gases inertes, ocorrem ESPECTROS DE LINHA.
Nos gases poliatômicos ocorre basicamente emissão por transições nos níveis moleculares e há
uma maior quantidade de comprimentos de onda presentes. Em alguns setores destes espectros, as raias
aglomeram-se de forma praticamente contínua formando o chamado ESPECTRO DE BANDAS.
Emissões em gases podem ser conseguidas também por descarga elétrica entre dois eletrodos.
Neste caso, também ocorre condução através do gás, mas a maior proximidade dos eletrodos produz uma
espécie de arco entre eles. Consegue-se assim maior intensidade de emissão por um processo semelhante
ao descrito anteriormente. A Fig. 8.2 mostra uma lâmpada de descarga.
138
O processo de descarga é utilizado, por exemplo, nas lâmpadas de vapor de mercúrio. A emissão
de gases pode ser obtida por incandescência através do aquecimento de um filamento (ocorre
parcialmente nas lâmpadas de vapor de mercúrio de luz mista).
A emissão incandescente mais comum é a de sólidos. Neste caso, o emissor tem estrutura
cristalina e molecular e por modificações das posições relativas de aglomerados de átomos. Acrescentem-
se ainda as emissões por alterações nos estados quânticos das quantidades de movimento atômico e
molecular. As linhas espectrais, neste caso, estão tão próximas que são praticamente inextinguíveis
mesmo pelos aparelhos mais sensíveis. Ocorre então o ESPECTRO CONTÍNUO, um comportamento
típico da emissão de lâmpadas incandescentes. Isto não significa que apenas sólidos emitam espectros
contínuos. O espectro solar, por exemplo, é contínuo. O espectro solar constitui um caso interessante.
Com instrumentação adequada consegue-se perceber no espectro contínuo do sol a AUSÊNCIA
DE ALGUNS COMPRIMENTOS DE ONDA BEM DEFINIDOS. Supõe-se que a emissão principal
provém do interior do astro e que as camadas externas, mais frias, funcionem como um filtro absorvendo
alguns comprimentos de onda. Temos, neste caso, o chamado ESPECTRO DE ABSORÇÃO. A Tabela
8.1 mostra os comprimentos de onda presentes em alguns gases.
Cálcio 3934
3964
Hidrogênio 4102
Cálcio 4227
Ferro, Cálcio 4308
Ferro 4326
Hidrogênio 4340
Ferro 4384
4668
Hidrogênio 4861
Ferro 4958
Ferro, Magnésio 5167
Ferro 5169
Magnésio 5173
5184
Ferro 5270
Hélio 5876
Sódio 5890
5896
Oxigênio 6278
Hidrogênio 6563
Oxigênio 6870
7185
7621
140
Observando que as frações (4/3) e (9/8) podem ser escritas como (16/12) e (36/12) o organizando-
as separadamente, encontramos:
32 – 22; 42 – 22; 52 – 22 e 62 - 22
Assim a fórmula geral da série é:
n2
C 2 (n = 3, 4, 5, ...) (8.1)
n 22
Esta é a fórmula de Balmer para o átomo de Hidrogênio, válida com boa aproximação na parte
visível do espectro.
1 1 1
k R 2 2 (n = 3, 4, 5, ...) (8.2)
2 n
R é a COSNSTANTE DE RYDBERG
Seu valor atual é, R = (1,09677576 0,00000012) * 107 m-1
Posteriormente, outras séries foram descobertas por diversos experimentadores, todas elas
previsíveis pela fórmula geral de Balmer-Rydberg:
1 1 1
k R 2 2 (n = (m+1), (m+2), (m+3), ...)
m n
(m = 1, 2, 3, ...) (8.3)
Utilizando os postulados de Bohr a expressão (8.3) pode ser deduzida teoricamente. Bohr apoiou-
se nas experiências de Max-Planck de emissão da radiação térmica.
Planck demonstrara que a emissão do corpo negro (perfeito emissor e absorvedor) era quantizada
e definiu a energia emitida por:
E h (8.4)
Bohr estendeu as idéias de Planck a qualquer forma de emissão de radiação ( o efeito fotoelétrico
demonstrou posteriormente que a propagação também é quantizada – EINSTEIN – 1905).
Seus postulados :
143
(1) – O elétron se move, em torno do núcleo, numa órbita circular sob a ação da atração
eletrostática;
nh
(2) - Em certas órbitas especiais, onde a quantidade de movimento angular seja dada por L
2
(8.5) o elétron não emite energia;
(3) – Em outra órbita qualquer o elétron irradia energia como qualquer carga elétrica em
movimento acelerado;
(4) – Energia eletromagnética é emitida quando um elétron muda de órbita, sendo a freqüência
dada por:
Ei E f
(8.6)
h
Com tais postulados e a análise dinâmica do movimento orbital do elétron, Bohr chegou a:
1 me 4 Z 2 1 1
(8.7)
8c 02 h 3 n2 n2
f i
Onde:
= comprimento de onda da radiação emitida
m = massa do elétron = 9,11. 10-31kg
e = carga do elétron = 1,60 . 10-19C
Z = número atômico = 1 (para o hidrogênio)
c = velocidade da luz = 3,00. 108m/s
0 = permissividade do vácuo = 8,85. 10-12C/Nm
h = constante de Planck = 6,63. 10-34Js
nf = nível final do elétron
ni = nível inicial do elétron
O cálculo teórico do valor da constante de Rydberg pode ser efetuado a partir da equação (8.7).
Na Fig. 8.5, mostramos a difração numa fenda quando sua abertura (a) é bem maior que o
comprimento de onda ( ).
À direita vemos a distribuição da intensidade da onda com a distância. Quando (a) é da ordem de
grandeza de ( ), ocorrem máximos e mínimos de interferência. A definição dos máximos cresce quando
(a) diminui (Fig. 8.6).
n
sen (8.8)
d
145
Onde:
= ângulo de desvio do máximo de interferência
n = número de ordem do máximo (n = 0, no centro)
= comprimento de onda
d = separação entre as fendas
Nota-se que a definição dos máximos aumenta com o número de fendas, mesmo sendo todas de
igual abertura. Para obter a imagem da Fig. 8.8, a fonte foi colocada diante de uma fenda e a luz que
passou por esta foi conduzida até a grade de difração. O tipo de difração obtida desse modo chama-se
DIFRAÇÃO DE FRAUNHOFER. É necessário utilizar um sistema de lentes para tornar os raios
paralelos quando atravessam a grade. Um outro sistema de lentes concentra os raios após a difração
aumentando a definição dos máximos.
8.2.5 O microscópio composto.
146
Duas lentes, objetiva e ocular compõem o sistema. A 2ª imagem é ampliada em relação ao objeto
(embora seja invertida e virtual).
A D
sen
n 2
(8.9)
A
sen
2
Onde:
A = ângulo do prisma
D = ângulo de desvio mínimo
O índice de refração (n) varia com o comprimento de onda de modo que espectros de raias são
obtidos com prisma, permitindo a determinação de ( ).
Os assuntos desenvolvidos nos fundamentos teóricos podem ser encontrados nos seguintes textos:
- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2: Capítulo 25, destacando os itens 25.1, 25.2 e 25.3; Capítulo
27, destacando os itens 27.3 e 27.8; Capítulo 42, destacando o item 42.3.
- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Ótica, vol 3, Capítulo 3, destacando o item 9.
Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica desenvolvida
em Processo de Análise Gráfica e Numérica (ver bibliografia recomendada). É imprescindível o
conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.
8.3 Experiência.
20 Objetivo de projeção
21 Conjunto de filtros monocromáticos
22 Placa de vidro Neophan
25 Bateria
26 Escala
27 Fonte de alimentação de alta tensão
28 Conjunto de tubos espectrais com suporte: H2, He, A, Ne, O2, N2
08 GRADE DE DIFRAÇÃO
12 CONJUNTO DE GRADES (Fig. 8.22)
11 SUPORTE COM MOLAS (Fig. 8.24). Usado para fixação de filtros e redes de difração.
14 PRISMA DE QUARTZO
18 CONJUNTO DE PRISMAS (Fig. 8.25)
26 ESCALA, 1 m
27 FONTE DE ALIMENTAÇÃO DE ALTA TENSÃO (Fig. 8.31)
Fig. 8.11. Desejamos observar o comportamento da figura de interferência com diversas grades
com número variável de fendas. Ligada a lâmpada, ajusta-se a largura da fenda em 0,2mm e ajusta-se a
posição da lente de f = 300mm de modo a se formar uma imagem nítida na tela (pode ser necessário
alterar a posição da lâmpada no suporte. Coloque a grade com fendas separadas e observe a imagem
formada quando as fendas são progressivamente tapadas. Para observar os máximos intermediários,
coloque um filtro vermelho escuro. Substitua a tela por um microscópio composto, por uma lente de f =
100mm (objetiva) e outra de f = 50mm (ocular). Com este artifício os máximos intermediários são
visualizados quando temos de 3 a 10 fendas.
Montagem conforme a Fig. 8.12: a tela é colocada numa distancia de 2 a 5 metros. Deslocando-se
a lente de projeção (f = 200mm) consegue-se uma imagem nítida da fenda. Os comprimentos de onda
podem ser determinados medindo-se o desvio e a distância entre a grade e a tela (através da tangente
determina-se o ângulo de desvio para cada máximo de cada cor). A distância de desvio é medida
relativamente ao máximo central. O microscópio composto da Montagem I pode ser utilizado para
observação das linhas de rede de difração (570/mm).
Com a montagem da Fig. 8.12 (b) usando lentes e prismas de quartzo, observa-se a região
ultravioleta do espectro de mercúrio numa tela sensível a radiação dessa natureza. A raia de 2536 Aº
correspondente à transição observada na experiência de Franck – Hertz pode ser visualizada igualmente.
Esta montagem permite a constatação qualitativa da natureza do espectro do mercúrio (muitas raias na
região ultravioleta).
Fig. 8.13. Usando o prisma de visão direta e outros tipos de prismas, observam-se espectros de
vários gases e vapores metálicos (Hg – Cd). No caso de prismas de maior área, um diafragma de Íris deve
ser colocado diante da lente de projeção, a fim de diminuir as aberrações provocadas pelos prismas. Pode-
se utilizar a lâmpada de Hg como calibradora e determinar os comprimentos de onda de outros elementos.
Fig. 8.14: A montagem permite a observação simultânea da qualidade da luz após a absorção e o
espectro de absorção (refratado no prisma). Utiliza-se o prisma de visão direta. Podemos analisar, assim, a
qualidade monocromática de filtros e o efeito de placas de cristal e vidros. Linhas de absorção bem
definidas são obtidas com terras raras (vidro neophan). Vidros coloridos (com adição de sais de selênio,
cobalto, cobre, ouro e outros metais, apresentam efeitos interessantes de absorção).
Fig. 8.15: Montagem idêntica à anterior. Na cuba de vidro são colocadas soluções para absorção
de determinadas cores do espectro contínuo. A cuba pode ser parcialmente enchida de modo a que os dois
espectros (emissão e absorção) apareçam na tela simultaneamente.
158
Fig. 8.16: Os tubos espectrais utilizados são, infelizmente de pequena luminosidade e deverão ser
observados diretamente pela vista. A colocação de lentes irá diminuir a intensidade de algumas raias
tornando-as imperceptíveis. A escala é colocada imediatamente atrás do tubo espectral. A grade é
colocada a 1 ou 2m do tubo espectral com as linhas paralelas ao mesmo. O observador fica imediatamente
atrás da grade e indica para um auxiliar a posição das raias simétricas dos dois lados do tubo espectral.
Com os desvio assim determinados e a distância entre a grade e a escala conhecida pode-se determinar os
comprimentos de onda usando a fórmula de redes de difração. A alimentação de tubos espectrais é
efetuada através da fonte apropriada conforme indicações das figuras. O mesmo se aplica à lâmpada de
mercúrio e as lâmpadas espectrais.
a) Cuidado especial com a operação de lâmpadas, tubos espectrais, lentes, prismas e filtros.
Choques, quedas, pressão excessiva devem ser evitados. Em todos os estágios de manipulação
os diversos materiais devem ser tratados com atenção e gentileza;
b) Antes de ligar a fonte de alimentação de alta tensão, colocar o regulador de voltagem em zero;
c) Manter os eletrodos da bobina de alta tensão suficientemente separados para evitar descargas
externas;
d) Em nenhum momento é necessária grande pressão para fixação dos diversos componentes ao
banco ótico;
e) Evitar a ligação das lâmpadas espectrais sem a capa protetora;
f) Evitar olhar diretamente à lâmpada de vapor de mercúrio;
g) Evitar contato direto com partes metálicas ligadas a fontes de alta tensão;
h) Evitar contato direto com as partes aquecidas de lâmpadas e tubos espectrais. Cuidado
especialmente com a lâmpada de vapor de mercúrio.
Nas diversas montagens a serem utilizadas é necessário verificar inicialmente a disposição correta
de todos os dispositivos conforme as figuras apresentadas. Os ajustes de nitidez da imagem e a redução ao
mínimo das aberrações devem ser efetuados antes das medidas e observações. O contato manual com as
superfícies ativas de lentes, filtros, lâmpadas, grades e prismas devem ser terminantemente evitados. As
observações devem ser conduzidas em direção aos seguintes objetivos:
Os resultados devem ser apresentados numa tabela, como a 8.7. Os comprimentos de onda são
determinados a partir de medidas do desvio e da distância entre a grade e a tela. Fórmulas adequadas
devem ser desenvolvidas com esta finalidade.
MONTAGEM III: São levantados os espectros de diversos gases, tomando-se por base o do
mercúrio, para calibração. Os resultados são apresentados numa Tabela como a 8.8. A curva de calibração
utilizada deve ser igualmente apresentada. Trata-se de um gráfico milimetrado do comprimento de onda
em função da posição das raias do mercúrio supostamente conhecidas. Anotando-se as posições das
outras raias, de outros elementos de onda correspondentes. A lâmpada de néon pode igualmente ser
utilizada com finalidade de calibração.
MONTAGEM IV e V: Espectros de absorção de sólidos e líquidos são observados. Mais uma vez,
pode-se traçar uma curva de calibração usando os intervalos de comprimento de onda de um espectro
conhecido. Por um processo similar ao descrito anteriormente, os comprimentos de onda absorvidos
podem ser observados. Os resultados podem ser apresentados numa Tabela como a 8.9.
Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
1) Defina: Espectro de linhas, de bandas, contínuo e de absorção.
2) Por que o espectro solar é contínuo?
3) Demonstre a fórmula de Bohr, equação (8.7)
4) Explique os acontecimentos apresentados nas Figs. 8.5 e 8.6.
5) Demonstre a equação (8.8).
6) Conceitue: Difração de Fraunhofer e Difração de Fresnel.
162
9. Efeito Fotoelétrico.
9.1 Preliminares.
Em 1900, Max Planck, apresentou uma sugestão para desenvolvimento de uma fórmula teórica
para representar a distribuição de radiação térmica em função da temperatura.
Estudos da radiação do corpo negro (perfeito emissor e absorvedor) tinham conduzido a leis de
distribuição que concordavam com o que acontecia a baixas temperaturas ou a altas temperaturas.
Nenhuma fórmula ainda conseguira interpretar com sucesso os resultados experimentais.
Planck sugeriu que a radiação emitida ou absorvida era uma função discreta de uma quantidade
fundamental que foi denominada em sua homenagem de CONSTANTE DE PLANCK, cujo valor
atualmente aceito é:
h 6,626.10 34 Js
É interessante observar que embora supondo que o processo de emissão e absorção da radiação
térmica fosse QUANTIZADO, isto é, a energia envolvida seria do tipo:
E h (9.1)
Onde:
E = energia emitida ou absorvida pelo corpo negro;
h = constante de Planck;
= freqüência da radiação emitida ou absorvida;
Tais hipóteses foram aproximadamente formuladas por Einstein em seu trabalho publicado em
1905. Seus estudos procuravam explicar um fenômeno já conhecido experimentalmente e chamado de
efeito fotoelétrico. Elétrons são emitidos quando a luz atinge a superfície de certos metais. Explicação: os
fótons de luz (unidades quantizadas de energia presente em qualquer forma de radiação eletromagnética)
chocam-se com os elétrons do metal, transmitem energia e, estes, excitados, saem de seus átomos e da
superfície do metal. É interessante analisar o mecanismo de ocorrência do efeito fotoelétrico. Quando o
fóton de luz aproxima-se da superfície metálica (usualmente um bom refletor de radiação) há tendência de
ocorrer reflexão. Os fótons precisam de determinada energia para penetrar.
Dentro da substancia, igualmente quantizada (postulados de Bohr) os fótons devem atingir
elétrons com energia suficiente para fazê-los mudar de órbita. Pode ocorrer uma simples transição para o
estado de maior energia com retorno posterior ao estado fundamental. Porém, se a energia entregue pelo
fóton é suficiente, o elétron pode se dissociar do átomo e ficar livre. Aí, então, poderá ser reabsorvido por
outro átomo já ionizado que se apresente em posição favorável. Existindo campos elétricos e magnéticos
internos criados pelos diversos átomos da rede cristalina, o elétron enfrentará grande oposição para sair
do metal. Para que o elétron aflore de um metal e seja detectado é necessário que suplante inicialmente
sua energia de ligação com o seu átomo e que vença a oposição generalizada da organização da rede
cristalina.
Para maioria dos metais, o efeito fotoelétrico é somente observado para radiações de maior
energia, na parte ultravioleta do espectro (lâmpadas de vapor de mercúrio são particularmente úteis na
obtenção do efeito fotoelétrico). Apenas metais alcalinos, conseguem-se o efeito na parte visível do
espectro.
164
Uma célula fotoelétrica (uma simples válvula eletrônica com dois elementos internos: o emissor e
o coletor) é ligada ao circuito indicado. Com a chave Ch na posição (1) a luz é dirigida para o emissor
(uma placa com depósito de metal alcalino). Os elétrons extraídos dirigem-se ao coletor e são indicados
por uma corrente no amperímetro. Com a chave na posição (2) aplica-se um potencial retardador aos
elétrons. Deslocando-se o cursor do reostato, de (a) para (b) cresce a tensão entre o emissor e coletor,
freiando os elétrons. Aumentando-se o potencial até que a corrente seja nula (a precisão de tal
procedimento depende diretamente da precisão do amperímetro) descobre-se o chamado POTENCIAL
DE CORTE, uma característica do material do emissor e da freqüência da luz incidente. Diminuindo-se a
freqüência até que não ocorra mais emissão (Chave na posição (1)), descobre-se a FREQÜÊNCIA DE
CORTE. Assim, a montagem da Fig. 9.1 permite determinar as principais características do efeito
fotoelétrico. O potencial de corte indica a energia cinética máxima dos fotoelétrons emitidos.
A energia original do fóton (h) é dividida, então, para vencer a oposição à saída do elétron
(energia de ligação ao átomo + energia de ligação à rede cristalina) representada pelo chamado
165
POTENCIAL DE SUPERFÍCIE (ou Energia potencial de superfície) () e para transmitir energia cinética
aos elétrons emitidos. Esta pode ser calculada, multiplicando-se a carga do elétron pelo potencial de corte
(eV0 = mv2/2). Assim, chegamos à equação fundamental do efeito fotoelétrico:
h eV0 (9.2)
Indicaremos, a seguir, cuidados especiais na execução das medidas para minimizar tais
influências.
Os assuntos desenvolvidos nos fundamentos teóricos podem ser encontrados nos seguintes textos:
- Halliday-Resnick (David, Robert): Física, Vol. II.2, Capítulo 47, destacando o item 47.4.
- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. 2, Capítulo 20.
- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2: Capítulo 42, destacando os itens 42.1 e 42.2.
- Tipler (Paul A.): Física Moderna, Capítulo 3, destacando os itens 3.4 e 3.5.
- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Física, Capítulo 38, destacando o item 38.12.
- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Física Vol. 3, Capítulo 18, destacando o item
18.5.
- Dicke-Witte (R.H, J.P.): Introdução à Mecânica Quântica, Capítulo 1, destacando o item 1.2.
Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
167
Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica desenvolvida
em Processo de Análise Gráfica e Numérica (Luiz G. Cabral, Gráfica UNICAP). É imprescindível o
conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.
9.3 Experiência.
Fig. 9.2 – Demonstração qualitativa do efeito fotoelétrico numa lâmpada de gás e numa pilha
termoelétrica.
01 – Banco ótico;
02 – Lâmpada de vapor de mercúrio com soquete e fonte;
03 – Diafragma íris;
04 – Lente, = 40, f = 200mm;
05 – Suporte com molas;
06 – Conjunto de filtros para a lâmpada de Hg;
07 – Pilha termoelétrica;
08 – Filtro ultravioleta;
09 – Lâmpada de gás néon com suporte;
10 – Resistência 10.000;
168
11 – Fonte de alimentação;
12 – Instrumento de medidas elétricas (2);
13 – Galvanômetro;
14 – Reostato, 320.
20 – Fenda variável;
21 – Objetivo de projeção;
22 – Prisma de visão direta;
23 – Amplificador linear;
24 – Transformador 220x2 V
169
A pressão sobre os parafusos para fixação deve ser apenas aquela necessária. Um aperto excessivo
pode causar danos.
06 – Conjunto de filtros para a lâmpada de Hg. 4 filtros: amarelo (5780 Aº); verde (5460 Aº); azul
(4360 Aº) e violeta (4050 Aº).
07 – Pilha termoelétrica de Moll (Fig. 9.10). Contém numa superfície de 10mm de diâmetro, 16
termopares de constantan e maganina soldados com prata e enegrecidos na parte frontal.
09 – Lâmpada de gás néon com suporte. Lâmpada utilizada para teste de corrente. Possui dois
eletrodos numa ampola ceia com Néon. Aplicando-se uma voltagem (Cerca de 80 V) ocorre uma
descarga entre os eletrodos e conseqüente emissão de luz.
12 – Instrumento para medidas elétricas (Fig. 9.13). Características: Escalas para correntes
contínuas ou alternadas: 0,001; 0,003; 0,01; 0,03; 0,1; 0,3; 1; 3; 10 A. Escalas para tensões contínuas ou
alternadas: 3; 10; 30; 100; 300; 1.000 V. Galvanômetro: 300A, 60mV, 200.
Possuem dois bornes de ligação à bobina interna, um nível de bolha interna, um nível de bolha de
ar, um dispositivo de travamento e um parafuso para regular o torque. Consiste num fio finíssimo que
suspende a bobina colocada no campo magnético de um imã permanente. Havendo corrente, o sistema
gira, indicando-a. O regulador de sensibilidade permite ligação de fontes de alta impedância (sem a ponte
de curto) e fontes de baixa impedância (com a ponte). O botão superior regula a sensibilidade, atenuando
até zero o sinal de entrada. Há um parafuso inferior para ajuste da resistência limite aperiódico.
Descrição do funcionamento:
a) Borne de entrada para medida de corrente (A) e carga (As);
b) Borne de entrada para medida de tensão (V);
c) Interruptor para aterramento. Com a linha branca horizontal só há aterramento quando este botão
é pressionado. Com a linha branca vertical o aterramento é permanente.
d) Borne para ligação à terra;
e) Seletor de intervalos para medida de corrente = 3.10 -11A ; 3.10-10A ; 3.10-9A ; 3.10-8A e 3.10-7A.
Quatro intervalos para medida de tensão: 3.000 V; 30 V; 3 V; 0,3 V. Três para medidas balísticas
de carga: 3.10-7 As; 3.10-8 As; 3.10-9As.
f) Interruptor geral: I – ligado e 0 – desligado.
g) Lâmpada piloto indicadora de funcionamento.
h) Borne positivo de saída para o medidor.
i) Borne negativo de saída para o medidor.
j) Regulador para adaptar a saída do amplificador à entrada do medidor.
k) Regulador do ponto zero. Deve-se ligar o amplificador com este regulador totalmente à esquerda
no sentido anti-horário (em zero). Após 15 minutos, pode ser acionado para efetivação das
medidas.
l) Regulador de sensibilidade. Deve ficar em zero até que se complete o aquecimento (15 minutos).
A posição de máximo corresponde à indicação das escalas de medida.
m) Interruptor de aterramento para medidas balísticas de carga. Somente nas medidas estacionárias
de carga deve ser colocado na horizontal. Para todos os outros intervalos e tipos de medida deve
ficar na vertical.
Somente nas medidas estacionárias de carga deve ser colocado na horizontal. Para todos os outros
intervalos e tipos de medida deve ficar na vertical. Para as medidas de corrente da experiência a ligação é
feita por cabo blindado ao borne (a) e por um fio comum, ao borne (d). Uma das escalas de corrente deve
ser selecionada, no caso, a de maior sensibilidade.
176
Descrição:
a) Lente condensadora f = 50mm;
b) Fenda;
c) Lente projetora f = 100mm;
d) Prisma de visão direta com protetor;
e) Espelho;
f) Lente convergente f = 50mm;
g) Célula fotoelétrica;
h) Parafuso para deslocamento do suporte da fotocélula e lente convergente;
i) Bornes para ligações com indicação adequada do emissor e coletor;
j) Janela com cursor para obturação;
k) Cursor para obturação;
l) Lâmpada de vapor de mercúrio.
MONTAGEM II: Determinaremos agora os potenciais de corte para as diversas raias visíveis do
espectro do mercúrio. Na Fig.9.3 (a) temos a montagem de menor precisão onde o detector de corrente
nula é o galvanômetro. A lente de f= 50mm é posicionada de modo a concentrar os raios da lâmpada que
atravessam o filtro apenas no coletor da célula fotoelétrica. Para cada cor, determina-se o potencial de
corte do seguinte modo:
Colocamos a tensão em zero e ligamos a lâmpada com um filtro posicionado. Depois,
aumentamos lentamente a voltagem observando a corrente indicada no Galvanômetro (a corrente surgiu
ao ligar a lâmpada; o regulador de sensibilidade, representado esquematicamente por um reostato deve ser
colocado inicialmente em zero e só aumentado, lentamente, após a ligação da lâmpada.
Quando da medição do potencial de corte, deve estar em sua posição máxima. Quando a corrente
for nula, o valor do potencial indicado no voltímetro é o potencial de corte.
Pode ser necessário efetuar um aquecimento brando no coletor para retirar depósitos indesejáveis
de material emitido do emissor. Uma tensão de 2V, retirada da bateria, pode ser aplicada por um breve
intervalo de tempo (cerca de 2 segundos). Melhor será desligar a alimentação do reostato de 50, colocar
o Galvanômetro com sensibilidade máxima e ligar o coletor. Quando o raio luminoso do Galvanômetro
iniciar o deslocamento, é o momento de desligar o aquecimento.
Na Fig. 9.3(b) vemos o mesmo esquema porém, agora usando o amplificador linear acoplado a um
amperímetro como medidor de corrente. O sistema ótico deve ser ajustado conforme indicações da
Figura. Mais uma vez, não deve haver incidência de luz no coletor. O processo de medidas é idêntico,
devendo-se observar as instruções de operação do Amplificador Linear apresentadas no item anterior.
Agora, um prisma separa as raias espectrais que são levadas uma a uma à célula fotoelétrica pelo
deslocamento conveniente dos bancos óticos. O processo para determinação do potencial de corte é
idêntico.
178
Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
1) Demonstre que a equação (9.2) só pode ser escrita para os elétrons de maior energia.
2) Demonstre as equações 9.3 e 9.4.
3) Por que na lâmpada de gás ocorre emissão com luz ultravioleta do Hg e não com luz visível?
4) Definir e distinguir o potencial de corte e a freqüência de corte.
5) Demonstre como determinar comprimentos de onda usando o arranjo compacto para
determinação da constante de Planck com rede de difração.
6) É possível determinar a intensidade da radiação usando célula fotoelétrica?
7) Demonstre que a corrente indicada no Galvanômetro, na Fig. 9.2 é diretamente proporcional à
energia da radiação incidente.
8) Por que não existe intervalo sensível de tempo entre a chegada dos fótons e a emissão dos
elétrons, quando da ocorrência do efeito fotoelétrico?
9) Conceitue: Potencial de Superfície.
10) Apresente um método numérico para determinação do potencial de superfície, da freqüência
de corte e da constante de Planck, com os dados das Tabelas 9.2 e 9.3.
10.1 Preliminares.
A Fig. 10.1 mostra um esquema de ligações do dispositivo que ficou classicamente conhecido
como TUBO DE FRANCK-HERTZ.
Numa válvula eletrônica, cheia de gás, seria possível observar diminuição na corrente de placa,
quando ocorressem colisões deste tipo. Na válvula, a grade g1 é usada excepcionalmente para arrancar
elétrons do filamento. Tais elétrons são acelerados, de g1 a g2 pela diferença de potencial aplicada entre
elas. Entre g2 e o ânodo, aplica-se um potencial inverso, com o seguinte objetivo:
Elétrons que sofrerem choques inelásticos e perderem energia conseguem atingir a placa a menos
que encontrem uma barreira. Tal barreira tem, então, a finalidade de auxiliar na determinação precisa do
potencial que produz transições.
Franck e Hertz realizaram suas experiências com diversos elementos gasosos e vapores metálicos.
Na válvula eletrônica que usaremos existe uma gota de mercúrio. Aquecido a cerca de 200ºC
ocorrerá evaporação e o gás que se forma adquire uma pressão aproximada de 15 mm Hg, que se mostra
adequada à realização das medidas. A experiência consiste simplesmente em aumentar a tensão
aceleradora e observar a corrente de placa. As quedas de corrente de placa indicam indiretamente os
valores dos potenciais correspondentes a transições quânticas dos átomos de mercúrio.
Cuidados especiais são, entretanto, requeridos. Usando-se grandes correntes há o perigo de
descarga entre os elementos da válvula, pois a atmosfera entre eles é bom condutor de eletricidade. As
pequenas correntes a serem medidas necessitam de aparelhagem especial. Um amplificador linear ou um
Galvanômetro de espelho serão utilizados. Realizaremos também a experiência com um tubo cheio de
Hélio. O princípio é o mesmo. Sendo o Hélio um gás inerte e, portanto, mal condutor de eletricidade,
poderemos usar correntes maiores e medi-las diretamente com amperímetros comuns.
As energias emitidas por transições eletrônicas podem ser calculadas pela formula de Bohr:
me 4 1 1
E 2 (10.1)
8 02 h 3 n 2
f ni
Onde:
E = energia emitida na transição, em J;
m = massa do elétron = 9,11.10-31Kg;
e = carga do elétron = 1,60.10-19C;
0 = permissividade do vácuo = 8,85.10-12C2/Nm2;
h = constante de Planck = 6,63.10-34Js;
nf = nível final da transição;
ni = nível inicial da transição.
A fórmula de Bohr foi desenvolvida para o Hidrogênio, mas pode ser aplicada com aceitável
imprecisão a átomos mais pesados. Tem grande sucesso no caso de átomos hidrogenóides (exemplo:
Hélio ionizado), em especial quando se emprega o conceito de massa reduzida, correspondente ao
movimento próprio do núcleo. Para átomos mais pesados deve-se ainda multiplicar o numerador da fração
do 2º membro por Z2 (número atômico ao quadrado). Os níveis de energia possíveis num átomo
dependem de sua configuração eletrônica.
No caso do mercúrio (Z = 80) temos:
NÍVEL 1 2 3 4 5 6 7
CAMADAS K L M N O P Q
SUB-CAMADAS 1s 2s 2p 3s 3p 3d 4s 4p 4d 4f 5s 5p 5d 5f 6s 6p 6d 7s
Nº DE ELÉTRONS 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2
No caso de Hélio:
183
NÍVEL 1
CAMADAS K
SUB-CAMADAS 1s
Nº DE ELÉTRONS 2
Com tais elementos é possível calcular os níveis de energia correspondentes a transições atômicas.
Os assuntos desenvolvidos nos fundamentos teóricos podem ser encontrados nos seguintes textos:
- Beiser (Arthur): Conceitos de Física Moderna, Capítulo 5, destacando os itens 5.1 a 5.5 e 5.7.
Capítulo 8, destacando o item 8.4.
Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica desenvolvida
em Processo de Análise Gráfica e Numérica (Luiz G. Cabral, Gráfica Unicap). É imprescindível o
conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.
10.3 Experiência.
01 Tubo de Franck-Hertz.
02 Forno elétrico.
03 Reostato de 320.
04 Instrumento de medidas elétricas (3).
05 Amplificador linear.
06 Fonte de alimentação.
07 Bateria
08 Resistência 100.000.
09 Galvanômetro de Espelho com dispositivo de iluminação.
10 Regulador de sensibilidade para o Galvanômetro.
11 Amplificador.
12 Reostato de 230.
13 Bateria, 1V.
14 Potenciômetro 100K.
15 Cabo especial para alimentação do amplificador.
01 Tubo de Franck-Hertz
Fig. 10.5. Tubo eletrônico montado num soquete de 12 terminais, com 7 ativos. A Fig. 10.6
mostra a ordem de ligação dos elementos internos:
FILAMENTO: 1 e 12 (f)
CÁTODO: 11 (k)
GRADE g1: 10
GRADE g2: 2
PLACA: 7 (A)
BLINDAGEM INTERNA: 6 (S)
A blindagem interna (S) consiste de uma malha colocada entre as conexões do ânodo e da grade
(g2) para evitar correntes parasitas entre tais elementos. Situa-se entre os terminais externos e as
ligações internas dos elementos. A blindagem (S) deve ser ligada à terra.
Para realização de medidas o tubo deve ser aquecido num forno elétrico entre 150º e 200ºC, o que
garante uma pressão de vapor de mercúrio entre 5 e 20 mm Hg. A base da válvula deve
permanecer fora do forno, sem contato com as partes mais aquecidas. Se a pressão do vapor de
mercúrio não é suficiente, nem todos os elétrons entregam sua energia aos átomos de Hg e podem
ocorrer maiores acumulações de energia e descargas indesejáveis. O mesmo efeito pode ser
provocado por correntes muito grandes. As correntes devem ser da ordem de 10 -9A e mensuráveis,
portanto por instrumentos adequadamente sensíveis.
CARACTERÍSTICAS:
CONVENÇÕES:
FILAMENTO f VERDE
FILAMENTO/CÁTODO fK MARRON
GRADE g1 g1 BRANCO
GRADE g2 g2 AMARELO
BLINDAGEM S CINZA
PLACA A SAÍDA SEPARADA
GRADE DE BLINDAGEM
189
De 10 x 14 cm, feita de arame de bronze e com fio de conexão, tem a finalidade de blindar o tubo
contra o efeito de campos elétricos existentes no forno elétrico. Não deve tocar a base da válvula e
deve ser aterrada.
02 Forno elétrico.
Fig. 10.8. Possui um isolamento de cerâmica e uma resistência de aquecimento de forma cilíndrica
de 37mm de diâmetro interno e 100mm de comprimento. Ligado à rede de 220V, atinge a
temperatura máxima de 600ºC em cerca de 1h, com um consumo de 200W.
A ligação é efetuada nos fios azul e preto. O vermelho é o de aterramento da carcaça do forno.
05 Amplificador linear.
CARACTERÍSTICAS:
ESCALAS RESISTÊNCIA()
CORRENTE(A)
3.10-11 1010
3.10-10 109
3.10-9 108
3.10-8 107
3.10-7 106
CARGA (BALÍSTICA-AS)
3.10-7 2.106
3.10-8 2.107
3.10-9 2.108
CARGA (ESTACIONÁRIA-AS)
3.10-8 1012
3.10-9 1012
TENSÕES (V)
3000 108
30 108
3 108
0,3 108
191
Descrição:
(a) – Borne de entrada para medidas de corrente (A) e carga (AS). Usa-se um cabo
coaxial e o outro pólo é ligado à terra quando se usa um fio comum;
(b) – Borne de entrada para medidas de tensão (V); o outro borne é ligado à terra
quando não se usa cabo coaxial;
(c) - Interruptor de terra: na posição horizontal só aterra quando pressionado; na
posição vertical está permanentemente aterrado;
(d) – Borne de ligação à terra e segundo borne para as entradas (a) e (b);
(e) – Seletor de intervalos de medida;
(f) – Interruptor geral; Após sua ligação, sempre efetuada com o regulador de
sensibilidade em zero (m), espera-se 15 minutos antes da operação do
amplificador;
(g) – Lâmpada piloto indicadora do funcionamento;
(h) – Borne positivo de saída para o instrumento de medida (Galvanômetro com as
seguintes características: 200, 300A, 60mV);
(i) – Borne negativo de saída para instrumento de medida;
(j) – Potenciômetro para adaptação da saída do amplificador à entrada do
Instrumento de medida;
(k) – Botão para regulagem do zero do instrumento de medida;
(l) – Regulador de sensibilidade;
(m) - Interruptor de aterramento para medidas balísticas de carga: na posição vertical
efetua medidas balísticas de carga; na posição horizontal, efetua medidas
estacionárias de carga.
06 Fonte de alimentação (Fig. 10.13). CARACTERÍSTICAS: Saídas: 2 x 6,3 VCA, max. 1A,
fixa. 0 – 25 VCC, max. 50mA, variável. 0 – 300 VCC, max. 50mA ou 380V, 100mA.
08 Resistências 100.000.
18 Resistências 10.000 (Fig. 10.15).
Fig.10.15 – Resistências.
193
CARACTERÍSTICAS:
Constante de corrente: 10-8 A/mm/m
Constante de tensão: 3 x 10-7 V/mm/m
Constante balística de corrente: 10-8AS/mm/m
Resistência interna: 30
Resistência limite aperiódica: 300
Período de oscilação livre: 10s
Espelho côncavo para indicador luminoso: f = 350mm (10 x 20mm2)
CARACTERÍSTICAS:
FATOR DE AMPLIFICAÇÃO DE DUAS ETAPAS: até 500.
FATOR DE AMPLIFICAÇÃO DE TRÊS ETAPAS: até 20.000.
TRANSCONDUTÂNCIA TOTAL: 100mA/V.
CORRENTE DE PLACA DA VÁLVULA FINAL: 26mA.
RESISTÊNCIA OHMICA DE ADAPTAÇÃO PARA SINAIS CONTÍNUOS
OU ALTERNADOS: 5K.
RESISTÊNCIA OHMICA DE ADAPTAÇÃO PARA SINAIS
ALTERNADOS: 4.
Pode ser alimentado através de um cabo especial de seis condutores a partir da parte posterior da
fonte de alimentação (Item 06).
Requer um pré-aquecimento de 5 minutos antes da aplicação de sinais externos.
Ligações conforme indicações da Fig. 10.3.
Tubo de vidro com três elementos internos e cheio com Hélio a 3mm Hg.
CARACTERÍSTICAS:
CORRENTE DE FILAMENTO: 6V, 3A.
CORRENTE DE PLACA: até 50mA.
TENSÃO DE GRADE: 25V.
DIÂMETRO: 130mm.
MONTAGEM I: A Fig. 10.22 mostra uma apresentação geral dos dispositivos e um esquema geral
das ligações.
O tubo de Franck-Hertz é envolvido pela tela de blindagem e colocado no forno elétrico (nenhuma
parte metálica deve tocar a base da válvula). O forno é ligado através do reostato, e regula-se a tensão de
alimentação em 90V (Fig. 10.9). Liga-se o amplificador linear com o regulador de sensibilidade em zero.
Ligam-se os elementos da válvula conforme indicações da página 219 (convenção de cores). Após uma
hora de aquecimento simultâneo do forno e amplificador, liga-se o filamento. Nas grades não deve ainda
haver tensão.
197
(a) – O aquecimento cuidadoso do tubo é necessário para evitar que mercúrio líquido
estabeleça contato inadequado entre os eletrodos, provocando curtos-circuitos;
(b) – Se não se consegue regular a tensão g1 com o procedimento sugerido, deve-se alterar a
temperatura do tubo:
- Se o tubo está superaquecido os máximos e mínimos são difíceis de reconhecer. Não se
consegue emissão a não ser com grandes tensões em g1, o que não é adequado. Deve-se retirar
o tubo e deixar esfriar por 30 segundos. Deve-se, em seguida diminuir a tensão de alimentação
do forno.
- Se o tubo está pouco aquecido, a corrente de emissão é grande. Os máximos e mínimos
especialmente os de ordem superior, desaparecem quase completamente. Devido à baixa
pressão de Hg, há uma tendência para descargas através do gás. Se for necessário baixar
demasiadamente g1, para obter baixas correntes de emissão, é provável que estas fiquem
abaixo do alcance de medição. Melhor será aumentar a tensão do forno, a qual, entretanto, não
deve ultrapassar os 120V.
(c) – O tubo de Frank-Hertz não deve permanecer muito tempo no aquecimento (horas
seguidas, por exemplo) a fim de evitar desprendimentos gasosos que comprometeriam as
condições de vácuo;
(d) – A tensão entre g2 e o cátodo não deve ultrapassar 30V;
(e) – Cuidado especial com as ligações, polaridades e cores dos fios;
(f) – As instruções de operação dos amplificadores, instrumentos, Galvanômetro,
Osciloscópio e dos tubos devem ser seguidas rigorosamente;
(g) – Cuidado especial no contato com partes aquecidas. Em nenhum caso a base da válvula
deve tocar partes aquecidas.
(h) –Providenciar o adequado aterramento de todos os dispositivos e equipamentos;
(i) – Atentar especialmente às escalas de operação de Amplificadores e Instrumentos de
medida.
MONTAGEM II: Efetuar medidas de modo a preencher a Tabela 10.2. Desenvolver um método
adequado para calibração do Osciloscópio para medir tensões e correntes.
Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas: