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Universidade Católica de Pernambuco

Centro de Ciências e Tecnologia – CCT


Departamento de Física

MANUAL DE LABORATÓRIO DE
FÍSICA MODERNA
Profº. Luiz Gonzaga Cabral
Para Suzane.
Esse Manual foi elaborado em junho de 1980 pelo Professor Luiz Gonzaga de Souza Cabral,
sendo re-editado maio de 2004 pela Laboratorista Christiana Santoro – UNICAP – Departamento de
Física.
Prefácio

A preparação da apostila de laboratório (com práticas de Física Moderna) exigiu bastante


consideração inicial.
A dificuldade que de imediato surge é a conceituação precisa do que seja a Física Moderna.
A autores que fixam épocas, geralmente após o início do século para a caracterização do conjunto
de descobertas e teorias genericamente designadas como “Física Moderna”.
Talvez fosse melhor denominar de Física contemporânea ao conjunto de temas abordados nos
livros especializados naquele campo.
Outra séria dificuldade é a restrição de materiais adequados a assuntos, por vezes, bastante
sofisticados.
Tivemos que limitar a programação aos equipamentos disponíveis em nossos laboratórios, todos
importados, e tentar assim, formar uma série de dez experiências com matérias com ligação lógica e
conceitual às proposições da disciplina.
Desse modo, chegamos a uma razoável programação de “experiências de Física moderna”.
Algumas práticas forma incluídas porque analisam interessantes técnicas experimentais, outras
porque abordam temas não vistos em qualquer outra disciplina experimental do curso.
Dado ao caráter, multidisciplinar, dos fundamentos teóricos necessários, resolvemos apresentar
nas introduções teóricas toda a base suficiente para o entendimento das experiências. Ademais,
relacionamos nas bibliografias recomendadas uma série de textos que será interessante consultar.
Temos três tipos básicos de experiências:
- Experiências para determinação de constantes (e/m, velocidade da luz, constante de Planck,
etc);
- Experiências para comprovação de leis conhecidas (Efeito Hall, Emissão termiônica, etc);
- Experiências para descoberta de novas leis (Corrente de emissão de um catodo termiônico).
A realização de experiências em temas abordados teoricamente em disciplinas dos cursos de
graduação em Física, a manipulação de novas técnicas de medida e análise de resultados experimentais e
o contato com equipamentos de maior sofisticação são os principais objetivos de nossa programação.
Os relatórios das experiências serão livres de execução em sua forma e conteúdo, por parte dos
alunos.
Indicações gerais sobre, o que incluir, nos relatórios estão contidas ao longo do texto.
A disciplina não terá provas teóricas ou experimentais convencionais. As notas atribuídas aos
relatórios formarão o critério de aproveitamento.
Embora as medidas sejam efetuadas em grupo, os relatórios deverão ter caráter individual.
As experiências deverão ser completadas em seis horas, inclusive o relatório.

O autor.
Sumário

1. Condução elétrica no vácuo .................................................................................................................. 1

2. Efeito de campos elétricos e magnéticos sobre cargas em movimento ............................................ 22

3. Relação entre a carga e a massa do elétron ....................................................................................... 39

4. Calibração do galvanômetro balístico ................................................................................................ 54

5. Efeito Hall ............................................................................................................................................. 80

6. Constante dielétrica ....................................................................................................................….… 99

7. Velocidade da luz ............................................................................................................................... 118

8. Espectros ............................................................................................................................................. 137

9. Efeito fotoelétrico ............................................................................................................................... 163

10. Experiência de Franck-Hertz .......................................................................................................... 181


1

1. Condução elétrica no vácuo.

1.1 Preliminares

Estudaremos a condução de elétrons no vácuo com o uso de válvulas eletrônicas. Neste item
apresentaremos uma descrição sumária da válvula eletrônica, com suas características de funcionamento e
com observações relativas ao tipo especial de válvula que usaremos nesta experiência.
A denominação “válvula eletrônica” refere-se à capacidade do dispositivo em controlar a corrente
elétrica num processo semelhante ao das válvulas hidráulicas. A Figura 1.1 mostra a válvula EL84, um
pêntodo em sua base.

Fig. 1.1 – O pêntodo EL84, em sua base.

Oportunamente apresentaremos suas características.

A Figura 1.2 apresenta os constituintes essenciais de uma válvula eletrônica denominada triodo.

Fig. 1.2 – Elementos essenciais da válvula.

Uma peça interna denominada “cátodo” é aquecida por um fio onde flui uma corrente elétrica. O
cátodo é revestido por uma camada de óxidos de metais alcalinos (bário, estrôncio, potássio, tório,
titânio). Com o aquecimento progressivo, os elétrons do cátodo perdem a ligação com os seus átomos e
alguns são emitidos. Com a saída dos elétrons, o cátodo fica positivamente carregado e a continuidade da
emissão é prejudicada. Forma-se o que chamamos de “carga espacial” nas proximidades do cátodo. O
próprio fio poderia ser usado como cátodo, tendo-se então o que se denomina de “cátodo de aquecimento
direto”. Entretanto, por várias razões, as válvulas funcionam melhor com cátodos de aquecimento
indireto, tipo apresentado na Figura 1.2.
O efeito da carga espacial pode ser diminuído se o cátodo é carregado negativamente a partir de uma
fonte externa.
2

No funcionamento normal da válvula, os elétrons são dirigidos do cátodo ao ânodo ou placa (cilindro
externo) que é carregada positivamente. Estabelece-se assim um fluxo de elétrons entre o cátodo e o
ânodo. O espaço entre o cátodo e o ânodo deve ser cuidadosamente planejado. Se for muito pequeno
haverá a possibilidade de descarga elétrica. Se for muito grande requererá grandes diferenças de potencial
para o estabelecimento dos campos elétricos necessários à manutenção da corrente de elétrons.A grade
tem a função de controlar o fluxo de elétrons. Se for carregada negativamente repelirá alguns elétrons de
volta ao cátodo e haverá diminuição da corrente. Tem a forma de uma hélice envolvendo completamente
o cátodo. Observa-se que pequenas variações no potencial da grade produzem grandes mudanças na
corrente da placa, ocorrendo, então o que se chama de “amplificação” da variação de potencial aplicada à
grade. Esta é a função essencial do triodo (figura anterior).
A válvula sem grade denomina-se diodo e emprega-se basicamente na retificação de correntes
alternadas. O diodo, possuindo o cátodo negativo e a placa positiva só conduz num sentido. Uma corrente
alternada aplicada ao diodo transformar-se-á em corrente pulsante num só sentido. Quando os sinais
aplicados à grade são de alta freqüência (grandes variações em pequenos intervalos de tempo), a
amplificação com o triodo, torna-se problemática devido à capacitância entre a grade (que passaremos a
chamar doravante de grade de controle) e a placa.
A fim de diminuir o efeito capacitivo entre a grade de controle e a placa, coloca-se uma outra grade
positivamente carregada, denominada “grade de blindagem” no espaço entre aqueles elementos. Sendo
positiva tal grade aumentará a aceleração dos elétrons em relação à placa.
Quando os elétrons atingem a placa com grande velocidade, arrancam outros elétrons produzindo uma
“emissão secundária”. Tais elétrons são parcialmente absorvidos pela grade de blindagem, diminuindo
seu efeito. Por esta razão coloca-se uma outra grade entre a grade de blindagem e a placa, denominada de
grade supressora, geralmente ligada ao cátodo. Sendo carregada negativamente repelirá os elétrons da
emissão secundária de volta à placa. Entretanto, como os elétrons que saem do cátodo já estão com
grande velocidade, a grade supressora não tem poder para “barrá-los”.
Chegamos então à descrição do pêntodo que será usado em nossa experiência. Nas medidas que
efetuaremos a válvula EL84 será utilizada como diodo ou triodo. A grade supressora é ligada ao cátodo
no interior do tubo e a grade de blindagem encontra-se ligada à placa no soquete da válvula.
Nas experiências que efetuaremos, analisaremos a emissão termoiônica do cátodo e o funcionamento
da válvula como diodo e como triodo.
O efeito conhecido como emissão termoiônica, foi casualmente descoberto por Edison, que não lhe
deu a maior importância a não ser que se referiu a sua aplicação na fabricação de lâmpadas
incandescentes. Para “arrancar” elétrons da superfície de um metal é necessário fornecer-lhes energia.
Uma coisa é promover a saída do elétron de um átomo (basta dar-lhe energia de ligação) e outra é fazê-lo
no domínio da estrutura cristalina à qual está ligado. Trata-se de um efeito semelhante à tensão superficial
existente na superfície livre de um líquido. De uma maneira elementar podemos imaginar que os átomos
ionizados positivamente pela saída de elétrons formem um potencial positivo a vencer para fazer o elétron
abandonar o metal. É singular que o simples aquecimento do filamento já produza elétrons com energia
suficiente para abandonar o metal. A energia necessária para retirar elétrons de um metal denomina-se
“função de trabalho eletrônica” (13,5eV no caso do Tungstênio). Impurezas presentes no cátodo tendem a
diminuir a função de trabalho eletrônica o que é vantajoso para a operação das válvulas eletrônicas. Os
elétrons emitidos são parcialmente atraídos pelo cátodo e formam a carga espacial.
Nas válvulas comerciais a quantidade de elétrons emitidos é superior à necessária ao funcionamento
normal de modo que sempre ocorre a existência de carga espacial. Os elétrons formam um sistema de
partículas semelhante a um gás.
3

No início dos estudos imaginou-se a distribuição de velocidades dos elétrons como correspondente à
Lei de distribuição de Maxwell-Boltzmann para gases ideais. Entretanto, verificou-se posteriormente que
a Lei de distribuição de velocidade de Fermi-Dirac traduzia com maior precisão os resultados
experimentais. A Figura 1.3 mostra a diferença fundamental entre estas duas estatísticas.

Nº de elétrons/v

Velocidade

Fig. 1.3 – Distribuição de velocidade de Maxwell-Boltzmann e Fermi-Dirac.

A primeira apresenta grande concentração de partículas com menor velocidade média, ao oposto da
segunda.
Veremos na introdução teórica que a presença da carga espacial é fundamental para o entendimento
teórico das relações entre a corrente e a tensão nas válvulas eletrônicas.

1.2 Introdução teórica.

1.2.1 Lei de LANGMUIR-CHILD.

A diferença de potencial entre a placa e o cátodo da válvula determina a intensidade da corrente


eletrônica. Quando essa diferença de potencial é pequena, alguns elétrons emitidos pelo cátodo atingem a
placa; outros são capturados na carga espacial e podem, eventualmente, retornar ao cátodo. Aumentando-
se a diferença de potencial, aumenta-se a corrente. Entretanto, quando todos os elétrons emitidos pelo
cátodo atingem a placa, qualquer aumento ulterior no potencial não será acompanhado por um aumento
correspondente na corrente de placa (Figura 1.4).

Fig. 1.4
4

Ocorreu saturação. A corrente de saturação depende da temperatura do cátodo. Se aumentarmos o


aquecimento do cátodo, mais elétrons estarão sendo libertados. A figura 1.4 mostra que a corrente de
saturação aumenta com a temperatura do cátodo.
A equação relacionando a corrente de saturação à temperatura do cátodo deve-se a O. E. Richardson e
S. Dushman:

 
J S  CT 2 exp   (eq. 1.1)
 kT 

Onde: JS = densidade da corrente de saturação na superfície do cátodo;

C = constante característica da superfície emissora do cátodo;

T = temperatura absoluta do cátodo;

k = constante de Boltzmann;

 = energia de libertação da superfície emissora do cátodo.

Imaginemos a válvula em funcionamento com a corrente estabelecida e a carga espacial formada.


Ignoremos a presença da grade e raciocinemos apenas em termos do cátodo e da placa.
A Figura 1.5 mostra a distribuição de potencial entre o cátodo e a placa. Nesta Figura o cátodo foi
colocado na origem e a placa a uma distância d.

Fig. 1.5 - Distribuição de potencial na válvula.

No início da operação da válvula, quando o cátodo ainda está frio, temos uma diferença de potencial
V1 entre a placa e o cátodo. O sistema comporta-se como um condensador de placas paralelas. Com o
início da emissão surgem elétrons na região entre o cátodo e a placa e começa a se formar a carga espacial
nas proximidades do cátodo. Isto produz uma diminuição do potencial nas proximidades do cátodo. Se
diminuirmos o potencial da placa, podemos chegar à situação em que alguns elétrons emitidos retornam
ao cátodo devido à diminuição excessiva do potencial em suas proximidades (V4).
É fácil de compreender que no valor V3 ocorre a corrente de saturação. Nessa situação, em qualquer
posição interna da válvula o elétron é acelerado para a placa e nenhum deles deixa de atingi-la. Um
aumento de potencial, portanto, não poderá mais produzir aumento na corrente. Supondo que todos os
elétrons deixem o cátodo com velocidade inicial nula e, sendo “e”, a carga do elétron, obtemos por
aplicação do princípio de conservação de energia ao trajeto entre o cátodo e a placa:
5

1
Ve  mv 2 (eq. 1.2)
2

Onde: V = diferença de potencial entre a placa e o cátodo;

e = carga do elétron;

m = massa do elétron;

v = velocidade do elétron ao atingir a placa.

2Ve
Daí: v  (eq. 1.3)
m

A densidade de corrente de elétrons, fluindo do cátodo ao ânodo, é a corrente elétrica por unidade de
área transversal ao fluxo, e pode ser calculada por:

J  nev (eq. 1.4)

Onde: J = densidade da corrente de elétrons;

n = número de elétrons livres por unidade;

v = velocidade dos elétrons, na carga espacial numa posição qualquer.

A eq. 1.4 pode ser escrita também na forma:

J   v (eq. 1.5)

Onde:  = densidade de carga espacial.

Levando a eq. 1.5 o valor encontrado na eq. 1.3, encontramos:

m
J (eq. 1.6)
2Ve

Usando agora a equação de Poisson,

d 2V 1
  (eq. 1.7),
dx 2
0

Obtemos:

d 2V 1 m
 J (eq. 1.8)
dx 2
0 2Ve

A resolução desta equação diferencial é facilitada pelo uso das seguintes condições de contorno:

dV
  0 Para V = 0, no cátodo;
dx
6

(eq. 1.9)
 V  V3 Para x = d (ocorrência da corrente de saturação).

Resolvendo a eq. 1.8 com as condições eq. 1.9, chegamos a uma expressão para a densidade de
corrente de saturação:

3
4 0 2e V 2
(eq. 1.10)
JS  min
2
d
g m d

Analisando a expressão eq. 1.10, observamos que todos os valores são constantes, à exceção de
Vmin(V3).

Daí então:

3
I S  KV 2 (eq. 1.11)

Esta é a forma usual da lei de Langmuir-Child. Fornece uma relação simples entre a corrente de
saturação e o potencial da placa, no domínio da carga espacial. A constante K depende do tipo de tubo
eletrônico utilizado.
Para aperfeiçoar a expressão eq. 1.11, recordemos que existe emissão de elétrons com o simples
aquecimento do filamento, quando V = 0. Assim, podemos escrever, alternativamente:

3
I S  C V  V0  2 (eq. 1.12)

Onde: V0 é uma tensão fictícia, negativa, a ser aplicada para impedir a emissão “espontânea” do
cátodo.
Atingida a saturação para determinada voltagem, só podemos aumentar a corrente por um aumento da
quantidade de elétrons. Isto significa que precisamos aumentar a temperatura do cátodo para aumentar a
corrente a uma determinada tensão. O aumento da voltagem de placa produz aumento da corrente sendo
que o valor de V estabelecido nas fórmulas anteriores deve ser interpretado como a voltagem que produz
arraste de todos os elétrons presentes na carga espacial.
Chama-se domínio da carga espacial ao conjunto de valores de V onde vale a relação eq. 1.12.
O aumento de V é acompanhado do aumento de I (eq. 1.12) até um certo ponto. A partir de
determinado valor de V, a corrente para de crescer mesmo com o aumento da tensão. Para distinguir,
chamamos tal corrente de “corrente de saturação máxima”.

1.2.2 Características das válvulas eletrônicas

A Figura 1.6 mostra uma montagem experimental que pode ser utilizada para estudos da Lei de
Langmuir-Child.
7

Fig.1.6 - Esquema experimental para estudos da Lei de Langmuir-Child.

Observe-se a grade de controle ligada a placa funcionando o conjunto placa-grade de controle como
uma placa. O voltímetro mede a tensão de placa e o amperímetro a corrente. O aquecimento do filamento
é mantido constante.

Para estudar as características do triodo, imaginemos o circuito experimental da Figura 1.7.

Fig.1.7 - Esquema para estudo das características do triodo.

Nesta montagem podemos medir a corrente e a tensão da grade de controle bem como a corrente e a
tensão da placa (ânodo). Compreendamos inicialmente que a corrente de placa Ip depende tanto da tensão
de placa Vp, quanto da tensão de grade, Vg. Devido a esta constatação define-se, teoricamente, uma
tensão de controle, Vc, dada por:

Vc  V g  PV P (eq. 1.13)

Onde o fator P simboliza a influência da tensão de placa e é denominada de Penetração. P depende do


tipo de válvula e praticamente independe de Vp.

Se desejarmos a relação entre a corrente e a tensão na válvula triodo, devemos escrever agora:
3
I P  K V g  PVP   KV C
2 (eq. 1.14)

Se Vc é constante, Ip é também constante, de modo que:

V g
 P (eq. 1.15)
V P
8

Considerando aumentos finitos de Vp e Vg, obtemos:

V g 1
 P (Ip = constante) (eq. 1.16)
V P 

P é um número adimensional, e  é chamado de Fator de amplificação (relação entre a variação da


tensão de placa e a variação da tensão de grade de controle).

Outras características das válvulas eletrônicas são importantes e serão aqui consideradas:

I P
Transcondutância  (Vp = constante) (eq. 1.17)
V g

Relação entre a variação da corrente anodica e a variação da tensão da grade de controle, representada
por T.

V P
Resistência da placa  R P  (Vg = constante) (eq. 1.18)
I P

Das relações das equações (1.16), (1.17), (1.18) é fácil mostrar que:

PTR P  1 (eq.1.19), ou, então; TR P   (eq. 1.20)

A equação (1.20) permite interpretar fisicamente a influência mútua destas três constantes.

O estudo experimental destas três constantes levará ao estabelecimento do ponto de trabalho da


válvula, isto é, posição central do domínio linear das características.

1.2.3 Determinação da corrente de emissão de um cátodo.

No aquecimento do cátodo de uma válvula, os elétrons podem adquirir energia suficiente para vencer
a função de trabalho eletrônica (potencial de superfície) e sair do metal com velocidade. No processo de
aquecimento pela passagem de corrente elétrica os elétrons adquirem energias diversas numa distribuição
aleatória. Alguns não conseguem, com a energia adquirida abandonar o metal. Outros saem com pequena
energia e podem ser atraídos de volta pelos átomos ionizados do metal. Forma-se, contudo, uma carga
espacial nas proximidades do cátodo. Supondo que a distribuição de velocidades dos elétrons extraídos do
cátodo siga o modelo de Maxwell (no início dos estudos da emissão termoiônica pensou-se que a
distribuição de Maxwell-Boltzmann fosse a mais adequada, mas depois constatou-se que a de Fermi-
Dirac reproduzia melhor os resultados experimentais), temos:

1 2
mv mp  KT (eq. 1.21)
2

Onde: m = massa do elétron.


vmp = velocidade mais provável dos elétrons.
K = constante de Boltzmann.
T = temperatura absoluta do cátodo.
9

A corrente total de emissão do cátodo, medida como corrente de saturação, é dada por (Ver (eq. 1.1)):
 
I S  C 0 AT 2 exp   (eq. 1.22)
 kT 

Nos ensaios experimentais costuma-se aplicar um potencial – V para medir a energia dos elétrons. De
acordo com a teoria, somente uma fração dos elétrons consegue vencer este potencial. Esta fração é
justamente:

 eV 
exp   (eq. 1.23)
 kT 

Assim a corrente que devemos obter aplicando um potencial desacelerador -V é:

 eV 
I  I S exp   (eq. 1.24)
 kT 

A equação (1.24) apresenta a relação entre a corrente de emissão do cátodo devida exclusivamente ao
fenômeno da emissão termoiônica e um potencial desacelerador aplicado à grade de controle ou à própria
placa.
Observe-se que para V = 0, isto é, não há retardamento de elétrons a corrente medida é a corrente de
saturação.
Se medirmos as correntes efetivas para dois potenciais retardadores diferentes podemos encontrar a
relação:

eV2  V1 
T
I (eq. 1.25)
k ln 1
I2

1.2.4 Bibliografia recomendada.

Os assuntos desenvolvidos nos fundamentos teóricos podem ser encontrados nos seguintes textos:
10

- Sears, Francis Weston: Física, Magnetismo-Eletricidade, Tomo II, Capítulo 18, Eletrônica;
destacando os itens 18.2, 18.3.

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Física, Capítulo 38, Eletrônica; destacando os
itens 38.2 e 38.4.

- Westphal, Wilhelm H.: Práticas de Física, Capítulo V, Exercício 46, destacando os itens I e II.

- Waters, Farl J.: Componentes Eletrônicos, Capítulo 6.

- Sears, Francis Weston: Introdução à Termodinâmica, Teoria Cinética dos Gases e Mecânica
Estatística, Capítulos 14 e 15.

- Sears - Salinger (Francis Weston-Gerhard L.): Termodinâmica, Teoria Cinética e


Termodinâmica Estatística, Capítulo 11 (destacando os itens 11.5, 11.6, 11.7, 11.8, 11.9 e
11.10) e Capítulo 12 (destacando o item 12.3).

- Processo de Análise Gráfica e Numérica (Luiz G. Cabral e Fernando A Lima) – UNICAP.

1.2.5 A técnica de análise gráfica e numérica.

Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica desenvolvida
em Processo de Análise Gráfica e Numérica (ver bibliografia recomendada). É imprescindível o
conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.
11

1.3 Experiência.

A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser identificada na figura abaixo. Consta dos
seguintes dispositivos e equipamentos:

1.3.1 Relação de material.

Montagem I – Corrente total de emissão (saturação) de um diodo.

Fig.1.8 (a) – Montagem I

01 – Válvula EL 84 com base especial;


02 – Reostato, 42, 5A;
03 – Fonte de alimentação para a válvula EL 84;
04 – Instrumentos de medida.

Montagem II – Características estáticas do triodo.


12

Fig.1.8 (b) – Montagem II

05 – Multímetro

Montagem III – Corrente de emissão do cátodo.

Fig. 1.8 (c): Montagem III

06 – Reostato, 1000, 0,6A;


07 – Reostato, 320, 1,5A;
08 – Resistências 1 e 10, 4W, 2%;
09 – Galvanômetro de espelho com dispositivo de iluminação Fig. 1.9.
13

Fig. 1.9: Galvanômetro com dispositivo de iluminação.

1.3.2 Válvula EL84 com base especial (Fig. 1.1).

A válvula EL84 é usada geralmente como pêntodo de saída e tem as seguintes características:

Alimentação do filamento: 6,3VCA


Consumo do filamento: 0,9 ACA
Tensão máxima de placa: 250 VCC
Corrente máxima de placa: 50 mA CC
Dissipação de placa: 12WCC

O soquete da válvula está montado numa base de madeira onde as ligações estão evidenciadas.
Neste soquete o pêntodo atua como triodo, estando a grade supressora – ligada internamente ao
cátodo e a grade de blindagem – à placa (ligações efetuadas através do soquete).

02 – Reostato, 42, 5A:

Entre os bornes inferiores, de cor negra, a resistência tem o valor nominal (42). O borne
vermelho está ligado ao contato do cursor. O valor da resistência entre este borne vermelho e
qualquer um dos bornes pretos depende da posição do cursor variando entre zero e o valor
nominal.

Fig. 1.10: Reostato.


14

03 – Fonte de alimentação:

Fig.1.11 – Fonte de alimentação.

Saídas:2 x 6,3 VCA, max. 1A, fixa.


1 x 380 VCC. max. 100mA, fixa.
0 – 20 VCC, max. 50mA, variável continuamente e aumentando no sentido anti-horário.
0 – 300 VCC, max. 50mA, variável continuamente e aumentando no sentido horário.
O setor de tensão contínua tem um comutador para uso grupo 0-20/0 – 300VCC ou
380VCC.
Modulação residual da tensão de saída com carga máxima igual a 0,010%.

04 – Instrumento de medida com caixa de ligações:

Desvio máximo: 300A com 60mV.


Classe de qualidade: 1,5.
Escala: ponto zero na metade esquerda.
Comprimento do arco da escala: 20cm.
Divisões da escala: preta, de -30 a +100 passando por 0; vermelha, de -10 a +30 passando por
zero. A regulagem do zero da escala pode ser feita por um parafuso existente na parte posterior.

Fig. 1.12: Instrumento.


15

A caixa de ligações deve ser acoplada diretamente ao instrumento e permite medições de tensões e
correntes contínuas ou alternadas aumentando as possibilidades do instrumento de medida.

Escalas de corrente (CC ou CA): 300A; 0,003A; 0,03A; 0,3A; 3A e 6V.


Escalas de tensão (CC ou CA) 60mV, 3V, 15V, 30V, 150V, 300V, 600V.

Selecionada a escala (tensão ou corrente e valor) e o tipo de sinal (contínuo ou alternado) o valor
indicado na caixa corresponde ao valor máximo da deflexão à direita do ponteiro do instrumento
de medida.

Fig.1.13 – caixa de ligações.

05 – Multímetro:

Fig.1.14 - Multímetro

Instrumento de medida de correntes e tensões contínuas e alternadas. Possui uma caixa externa de
ligações para seleção da escala de medidas.

Desvio total: 2mA, 100mV em corrente contínua e 2mA, 1,2V em corrente alternada.
Classe de qualidade: 1 para cada corrente contínua; 1,5 para corrente alternada.

Intervalos de medida: 0,006A,0,06A, 0,6A,6A (corrente contínua);


16

6V, 12V, 120V, 600V (tensão contínua);


0,06A; 0,3A; 1,2A; 6A (corrente alternada) e,
6V, 12V, 120V, 600V (tensão alternada).

06 – Reostato 1000, 0,6A.


07 – Reostato 320, 1,5A.

Ver o item 02

08 – Resistências de 1 e 10, 4W, 2% (Fig. 1.15).

Fig.1.15 – Resistências.

09 – Galvanômetro:

Fig.1.16 – Galvanômetro de Espelho.


17

Uma bobina móvel, suspensa por um fio finíssimo pode girar dentro de um núcleo de imã
permanente. Acoplado à bobina móvel está um espelho côncavo. O raio luminoso proveniente de
uma fonte adequada (Fig. 1.9) e refletido no espelho funciona como o ponteiro dos instrumentos
convencionais. Os bornes de ligação, existentes na parte frontal comunicam-se diretamente à
bobina móvel. Há também um nível para maior segurança e precisão.

Constante de corrente: 10-8 A/mm/m


Constante de tensão: 3 x 10-7 V/mm/m
Constante balística de corrente: 10-8AS/mm/m
Resistência interna: 30
Resistência limite aperiódica: 300
Período de oscilação livre: 10s
Espelho côncavo para indicador luminoso: f = 35cm com área útil de 10 x 20mm2

Na utilização de tais dispositivos e equipamentos deve-se atentar especialmente com os cuidados


quanto à adequada operação. É lamentável e constrangedora a danificação de componentes
dispendiosos por operação descuidada ou indevida.

1.3.3 Funcionamento da montagem.

A Fig. 1.8 mostra as três montagens que serão efetivadas com o objetivo de analisar três
fenômenos básicos:

MONTAGEM I – Corrente total de emissão (saturação) de um diodo.


MONTAGEM II – Características estáticas do triodo.
MONTAGEM III – Corrente de emissão do cátodo.

Os circuitos correspondentes as três montagens são mostradas na Fig. 1.17 (a), (b) e (c). Os
circuitos devem ser montados conforme tais esquemas e figuras. As escalas dos instrumentos de medida
são selecionadas e os instrumentos são calibrados. A fonte de alimentação e as medidas efetuadas
conforme as tabelas que apresentamos oportunamente.

Fig. 1.17 (a): Circuito correspondente à Montagem I.


18

Fig. 1.17 (b): Circuito correspondente à Montagem II.

Fig. 1.17 (c): Circuito correspondente à Montagem III.

1.4 Processo experimental.

1.4.1 Instruções sobre o cuidado com os instrumentos.

Os pontos críticos desta montagem são os seguintes:

a) Evitar choques na válvula ou em seu suporte e nos instrumentos em geral;


b) Aguardar o aquecimento completo do filamento da válvula antes de aplicar tensões (cerca de
1min);
c) Colocar os reostatos na posição de maior resistência antes de alimentar eletricamente os
circuitos;
d) Só ligar a fonte de alimentação quando os controles variáveis estiverem na posição de mínima
tensão de saída;
e) Só alimentar eletricamente o circuito depois de certifica-se de que as escalas dos instrumentos
de medida são as mais adequadas. No caso de dúvida colocar os instrumentos na escala maior
e diminuir quando necessário;
f) Um cuidado especial deve ser dedicado à operação do Galvanômetro de espelho. Certificar-se
da ligação correta da resistência externa de amortecimento e da resistência divisora de tensão
antes de aplicar o sinal elétrico ao Galvanômetro;
19

g) Verificar a polaridade da fonte de alimentação, das caixas de medidas e dos instrumentos de


medida antes de efetuar as ligações.

1.4.2 Procedimento experimental.

MONTAGEM I:
Para verificação da Lei de Langmuir-Child determine a corrente de placa em função da tensão de
placa para um valor fixo da corrente do filamento. O reostato de 42 é usado para variar a corrente do
filamento. Efetue a montagem conforme a Fig. 1.8 (a) e confira as ligações conforme a Fig. 1.17 (a). A
tensão de placa é regulada diretamente através da fonte de alimentação e não deve exceder a 250V.
Outras medidas devem ser efetuadas de modo a preencher a Tabela 1.1 e a Tabela 1.2.

MONTAGEM II:
Para determinação das principais características estáticas de um triodo, montar o circuito da Fig.
1.17 (b) de conformidade com a montagem da Fig. 1.8 (b). A voltagem de alimentação da grade de
controle é mantida em determinados valores enquanto varia-se a tensão medindo-se a corrente de placa.
Deve-se efetuar medidas de modo a preencher a Tabela 1.3.

TABELA 1.1 – VERIFICAÇÃO DA LEI DE TABELA 1.2 – ESTUDO DA CORRENTE


LANGMUIR-CHILD TOTAL DE EMISSÃO (SATURAÇÃO)
CORRENTE DE FILAMENTO CONSTANTE ATENÇÃO: VALOR MÁXIMO DA CORRENTE
EM 0,5A DE FILAMENTO = 0,9A
ATENÇÃO: VALOR MÁXIMO DA TENSÃO VALOR MÁXIMO DA TENSÃO DE PLACA =
DE PLACA = 250V 250V
VALOR MÁXIMO DA CORRENTE DE PLACA VALOR MÁXIMO DA CORRENTE DE PLACA
= 50mA = 50mA
CORRENTE
CORRENTE
TENSÃO DE DE TENSÃO DE CORRENTE
ORDEM DE PLACA
PLACA (V) FILAMENTO PLACA (V) PLACA (mA)
(mA)
(A)
01 5,0 0,2 5,0
02 10,0 0,2 10,0
03 15,0 0,2 15,0
04 20,0 0,2 20,0
05 25,0 0,2 25,0
06 30,0 0,4 5,0
07 35,0 0,4 10,0
08 40,0 0,4 15,0
09 45,0 0,4 20,0
10 50,0 0,4 25,0
11 55,0 0,6 5,0
12 60,0 0,6 10,0
13 65,0 0,6 15,0
14 70,0 0,6 20,0
15 75,0 0,6 25,0
16 80,0 0,8 5,0
17 85,0 0,8 10,0
18 90,0 0,8 15,0
19 95,0 0,8 20,0
20 100,0 0,8 25,0
20

TABELA 1.3 – ESTUDOS DAS CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS DO TRIODO


ATENÇÃO: ALIMENTAÇÃO DO FILAMENTO EM 6,3 VCA – CONSTANTE
TENSÃO MÁXIMA DE PLACA = 250V
CORRENTE MÁXIMA DE PLACA = 50mA
MEDIDAS DA CORRENTE DE PLACA, NESTA TABELA, EM mA
TENSÃO TENSÃO DE GRADE (NEGATIVA) EM (V)
DE PLACA
10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0
(V)
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
ATENÇÃO: EXCLUIR AS MEDIDAS NAS QUAIS O PRODUTO DA CORRENTE – PELA
TENSÃO DE PLACA ULTRAPASSA A DISSIPAÇÃO MÁXIMA DE 12W.

MONTAGEM III
Para estudos de corrente de emissão do cátodo efetuar a montagem indicada na Fig. 1.8 (c)
conforme o circuito da Fig. 1.17 (c). Agora a corrente será determinada pelo Galvanômetro de espelho.
Tal dispositivo deve ser nivelado e zerado (posição do raio luminoso na escala). A distância entre o eixo
do Galvanômetro e a escala deve ser fixada em 2,0m. Desse modo, sendo a constante do Galvanômetro
de 10-8 A/mm/m as deflexões medidas em “mm” deverão ser divididas por dois para indicação da corrente
em 10-8A. A Fig. 1.18 mostra a disposição do Galvanômetro na medida da corrente através do
deslocamento do raio luminoso na escala. Devem ser efetuadas medidas de modo a preencher a Tabela
1.4. Para medidas inferiores a 10-4A o Galvanômetro deve ser utilizado. Para medidas superiores
recomendamos a utilização do instrumento de medida na escala de 300A.

TABELA 1.4 – CORRENTE DE EMISSÃO DO CÁTODO COM CORRENTE DE FILAMENTO EM 0,8A.


ORDEM TENSÃO DE PLACA (V) CORRENTE DE PLACA 10-8 (A)
01 - 1,0
02 - 0,8
03 - 0,6
04 - 0,4
05 - 0,2
06 0,0
07 + 0,2
08 + 0,4
09 + 0,6
10 + 0,8
11 + 1,0
21

Fig. 1.18: Galvanômetro de espelho disposição em relação à escala.

1.4.3 Análise experimental.

Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:

1) Quais as vantagens do cátodo de aquecimento indireto sobre o cátodo de aquecimento direto?


2) Por que, na Fig. 1.4 há corrente de placa mesmo para tensão de placa nula?
3) Demonstre as equações 1.4 e 1.5.
4) Justifique o conjunto de condições de contorno 1.9.
5) Deduza a equação 1.10.
6) Interprete, com as equações 1.16, 1.17, 1.18, 1.19 e 1.20 o significado físico das três
características principais das válvulas eletrônicas.
7) Demonstre a equação 1.25.
8) Qual a razão da utilização de um espelho côncavo com f = 35cm no Galvanômetro de
espelho?
9) Como funciona a resistência limite aperiódica no Galvanômetro de espelho?
10) Por que afirmamos que colocando a escala a 2,0m do eixo do Galvanômetro as deflexões,
medidas em mm, devem ser divididas por dois para indicação das correntes em 10-8A?

Completando a análise experimental efetue o seguinte:

1) Analise graficamente a tabela 1.1 para confirmação da lei de Langmuir-Child. Determine a


constante K, da equação 1.11 para a válvula EL84.
2) Analise graficamente a Tabela 1.2 para estudar o comportamento da corrente de saturação
quando varia a temperatura do cátodo.
3) Analise graficamente a Tabela 1.3 determinando as três características estáticas do triodo.
4) Analise graficamente a Tabela 1.4 para estabelecer a lei de variação da corrente de emissão do
cátodo com a tensão de placa.
22

2. Efeito de campos elétrico e magnético sobre cargas em movimento.

2.1 Preliminares:

O efeito elétrico de cargas em repouso é facilmente demonstrável. O efeito magnético de cargas


em movimento foi descoberto pelo homem, nos materiais naturais (imãs). Cargas em repouso criam
campos eletrostáticos. Cargas em repouso interagem mutuamente com a força de Coulomb. Cargas em
movimento também interagem magneticamente. Entretanto uma situação particular intrigante e que
estudaremos nesta experiência ocorre quando criam-se tipos especiais de campo, chamados Campos
Uniformes. Quando as cargas elétricas apresentam movimento uniforme, como no caso de formação de
correntes contínuas em condutores o efeito magnético criado é igualmente uniforme. Isto significa que
uma carga colocada em repouso num campo magnético uniforme (criado, portanto por uma carga em
movimento com velocidade constante) não sofre qualquer ação do tipo magnético.
Em nossa experiência usaremos o campo magnético uniforme criado por um conjunto de bobinas
circulares (denominadas de bobinas de Helmohltz) e verificaremos seu efeito sobre o elétron em
movimento. Nesse caso, tudo se passa como se os elétrons girassem com velocidade constante ao longo
do perímetro das bobinas circulares. O campo criado é uniforme e se a carga elétrica estivesse parada não
sofreria qualquer ação. O mais intrigante ainda reside na curiosidade do fato da velocidade não ser
essencialmente constante, pois, sendo um vetor, varia em direção ao longo do perímetro das bobinas.
A situação parece semelhante àquela encontrada na Mecânica quando temos um referencial
movendo-se com velocidade constante. A ausência de interações não permite ao observador neste
referencial comprovar que de fato se move. A rigor a carga elétrica que circula nas bobinas move-se
relativamente a carga elétrica colocada em repouso nas suas proximidades. Contudo se seu movimento
for de velocidade constante de modo a criar um campo magnético uniforme, não haverá interação.
Estudaremos na experiência o efeito de campos elétrico e magnético uniformes sobre elétrons em
movimento. Determinaremos a relação entre a carga e a massa do elétron, com a ação de campos elétrico
e magnético, cruzados.

2.2 Fundamentos teóricos.

2.2.1 Campo elétrico uniforme.

A formação de campos elétricos uniformes é obtida através de placas paralelas. A Fig. 2.1 mostra
uma placa plana de grande comprimento carregada uniformemente. Desejamos estimar a natureza do
campo elétrico originado por esta singular distribuição de cargas. Escolhemos então dois elementos
simétricos d q . O campo elétrico de cada elemento é:

dq
dE  (2.1)
4 0 r 2
23

Fig. 2.1: Campo elétrico de uma placa infinita.

O campo elementar dE pode ser decomposto nas componentes dE xy e dEz. Devido à simetria
provocada pelas grandes dimensões do plano é fácil mostrar que a componente dE xy, uma vez integrada,
anular-se-á. Restará então, apenas a componente dEz a qual, quando integrada resultará num campo E z
perpendicular ao plano em qualquer ponto do espaço, e portanto uniforme.
É também igualmente fácil mostrar que, sendo  a densidade superficial da distribuição de cargas
do plano, teremos o módulo de Ez dado por:


Ez  (2.2)
2 0

Nos casos práticos não há como satisfazer ao modelo do plano infinito. Os planos finitos
apresentam dispersão de linhas de força nas proximidades das bordas e um campo elétrico decrescente à
medida que se afasta do plano. A Fig. 2.2 mostra a configuração aproximada das linhas de força do
campo elétrico de um plano finito.

Fig. 2.2: Campo elétrico de uma placa finita.

A expressão 2.2 continua válida apenas nas proximidades do plano.


24

Em laboratório, a melhor maneira de obter campo elétrico uniforme está na utilização de duas
placas paralelas com cargas de sinais opostos.
Agora a maior densidade de cargas dá maior coesão às linhas de força que ficam, então,
praticamente paralelas (Figura 2.3).

Fig. 2.3: Campo elétrico de duas placas paralelas.

A uniformidade do campo elétrico no sistema de placas paralelas pode ser acentuada se usarmos
grandes placas com pequena separação.
O campo elétrico entre as placas é dado agora por:

E (2.3)
0
A dispersão de linhas nas bordas evidenciada na Fig. 2.3 não pode ser eliminada, pois, sua
ocorrência é prevista mesmo teoricamente. O campo elétrico, entre placas paralelas não pode desaparecer
bruscamente, mas, deve decair lentamente. Tal propriedade pode ser demonstrada facilmente com o
auxílio da Lei de Faraday.

2.2.2 Movimento do elétron num campo elétrico uniforme.

Imaginemos um elétron liberado a partir da placa negativa de um conjunto de placas paralelas


(Fig. 2.4).

Fig. 2.4
25

Devido à repulsão das cargas negativas e atração das positivas, o elétron é acelerado através da
diferença de potencial existente entre as placas. Sendo uniforme o campo elétrico entre as placas, a
energia cinética adquirida pelo elétron nesta trajetória será:

1
mv 2  eV (2.4)
2

Onde: m = massa do elétron;


v = velocidade do elétron ao atingir a placa positiva;
e = carga do elétron;
V = diferença de potencial entre a placa positiva e a negativa.

Este é o processo usual de aceleração de elétrons em válvulas eletrônicas.


Na experiência, elétrons assim acelerados serão introduzidos, perpendicularmente, na região entre
placas paralelas onde há um campo elétrico uniforme (Fig. 2.5).

Fig. 2.5 – Trajetória de um elétron num campo elétrico uniforme.

O elétron penetra no campo com velocidade inicial v0 dada pela Eq.(2.4).


Se desprezarmos o efeito insignificante do peso do elétron, teremos um movimento similar ao de
um corpo atirado horizontalmente no campo gravitacional terrestre.
Se V’ é a diferença de potencial entre as placas, agora dispostas horizontalmente, l o comprimento
das placas e d a sua separação, é fácil mostrar que o deslocamento vertical do elétron ao abandonar a
região das placas é dado por:

eV ' l 2
y (2.5)
2mdv02

2.2.3 Campo magnético de uma bobina circular.


26

Em nossa experiência observaremos o movimento de elétrons em campos elétricos e magnéticos


uniformes. A formação de campos elétricos uniformes é obtida com sistemas de placas paralelas. Para
campos magnéticos o melhor processo está na utilização de solenóides. A Fig. 2.6 mostra uma bobina
circular percorrida por uma corrente I.

Fig. 2.6

Usando a lei de Biot-Savart pode-se demonstrar que o campo magnético em pontos do eixo da
bobina é dado por:
 0 IR 2
B (2.6)
2 R 2  x 2  2
3

Onde: B = campo magnético no ponto P.


0 = permeabilidade magnética da região onde situa-se a bobina.
I = corrente que circula na bobina.
R = raio da bobina.
x = distância entre o centro da bobina e o ponto P.

A expressão (2.6) é válida para bobinas circulares de uma única espira, em pontos do seu eixo.
Para bobinas com N espiras:

0 I R 2 N
B (2.7)
2 R  x 
3
2 2 2

Neste caso, R e x são o raio médio e a distância média considerando-se o volume ocupado pelo
enrolamento da bobina (Fig. 2.7).

Fig. 2.7 – Bobina circular com N espiras.


27

A expressão (2.7) não é rigorosa, pois observa-se que os fatores não influem linearmente na
formação do campo ( R e x ). Entretanto para bobinas delgadas a equação pode ser aplicada sem maiores
restrições.

2.2.4 Bobinas de Helmholtz.

Para obtenção de campo magnético uniforme usaremos um par de bobinas, usualmente conhecido
como “Bobinas de Helmholtz”. Trata-se de um sistema de duas bobinas paralelas e de igual número de
espiras – com separação igual ao raio (Fig. 2.8).

Fig. 2.8 – Bobinas de Helmholtz.

Usando-se a eq.(2.7) pode-se calcular o campo no centro das bobinas encontrando-se:


3
 4  2  0 IN (2.8)
B  
5 R

É possível também demonstrar que essa disposição especial de bobinas produz um campo
magnético extremamente uniforme nas proximidades do centro do dispositivo.

2.2.5 Movimento do elétron num campo magnético uniforme.

Um elétron em movimento num campo magnético sofre a ação de uma força a qual depende da
velocidade do elétron (direção e intensidade) e do campo magnético (direção e intensidade). A força de
origem magnética sobre uma carga em movimento é perpendicular à velocidade da carga e ao campo
magnético sendo dada por: F  q v 0  B (2.9)

Se o campo magnético é uniforme e a carga penetra no mesmo com velocidade perpendicular, o


movimento será circular e uniforme (haverá uma força centrípeta constante – Fig. 2.9).

Fig. 2.9 – Elétron num campo magnético uniforme.


mv0
É fácil mostrar que o raio da trajetória é : r  (2.10)
eB
28

Na montagem experimental que utilizaremos apenas um arco de círculo será observado.


É fácil mostrar que o deslocamento vertical do elétron (y) após um percurso horizontal (l), é dado
por (Fig. 2.10):

Fig. 2.10 - Percurso parcial do elétron num campo magnético uniforme.

2
mv0  mv 
y   0  l2 (2.11)
eB  eB 

2.2.6 Efeito de campos elétrico e magnético uniformes sobre cargas em movimento.

A experiência de submeter cargas elétricas ao efeito simultâneo de campos elétrico e magnético


uniformes foi realizada pela primeira vez por J.J. Thomson, em 1897 e está esquematizada na Fig. (2.11).

Fig. 2.11 – Ação simultânea de campos elétrico e magnético, uniformes e cruzados, sobre um
elétron em movimento.

A trajetória indicada por linha contínua indica a ação do campo elétrico vertical e para baixo sobre
a carga negativa do elétron. A trajetória indicada por linha tracejada indica a ação do campo magnético
horizontal sobre o elétron. A linha pontilhada indica a trajetória do elétron quando os valores da
velocidade inicial do elétron e das intensidades dos campos elétrico e magnético são tais que resulta uma
ação nula sobre o elétron. É fácil mostrar que a condição para que não haja mudanças na trajetória
original do elétron é representada pela relação entre as três grandezas mencionadas:
E  vB (2.12)

Esta equação pode ser utilizada para determinação da velocidade do elétron quando as
intensidades dos campos podem ser controladas.
2.2.7 Bibliografia recomendada.
29

Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes
textos:

- Halliday-Resnick: Física, Vol. II.1, Capítulo 33, especialmente os itens 33.6 e 33.8; Capítulo
34, especialmente o item 34.6; Capítulo 27, especialmente o item 27.5 e Capítulo 28,
especialmente o item 28.6.

- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. II, Capítulo 14,
especialmente o item 14.4; Capítulo 15, especialmente os itens 15.3, 15.4 e 15.10; Capítulo 16,
especialmente os itens 16.3 e 16.4.

- Curso de Física de Berkeley; Eletricidade e Magnetismo, Vol. 2: Capítulo 1, especialmente os


itens 1.8, 1.12 e 1.13; Capítulo 3, especialmente o item 3.2; Capítulos 5 e 6.

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Eletricidade, Magnetismo e Tópicos de Física


Moderna, Vol. 3; Capítulo 32, especialmente o item 32-5; Capítulo 33, especialmente o item
33.9; Capítulo37, especialmente os itens 37.4 e 37.5; Capítulo 39, especialmente o item 39.5.

- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2: Capítulo 29, especialmente o item 29.7; Capítulo 30, Capítulo
36, especialmente o item 36.4, Capítulo 37, especialmente o item 37.1.

- Processo de Análise Gráfica e Numérica (Luiz G. Cabral e Fernando A. Lima) – Gráfica


UNICAP.

Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.

2.2.8 A técnica de análise gráfica e numérica.


30

Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica


desenvolvida em Processo de Análise Gráfica e Numérica (Ver Bibliografia Recomendada).É
imprescindível o conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.

2.3 Experiência.

A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser identificada na Fig. 2.12.

Fig. 2.12 – Montagem para estudo do movimento de elétrons em campos elétricos e magnéticos.

Consta dos seguintes dispositivos e equipamentos:

2.3.1 Relação de material.

01 – Par de bobinas de Helmholtz com suporte.


02 – Tubo especial para demonstrar o desvio do raio eletrônico.
03 – 02 Fontes de alimentação de alta tensão.
04 – 02 Voltímetros eletrostáticos, de 4KV.
05 – Transformador de 220 x 6,3V – 30W.
06 – Bateria 9V.
07 – Instrumento de medidas 60mV - 300A.
08 – Caixa de ligações para o instrumento de medidas.
09 – Reostato, 42, 6A.
10 – Interruptor.
2.3.2 Características e especificações do material.
31

01 – Par de Bobinas de Helmholtz com suporte (Fig. 2.13):

Fig. 2.13 – Suporte e bobinas.

Suporte em material sintético, especial para tubos de vidro. Possui uma parte móvel usada para
ajustes. Características das bobinas:
 Diâmetro médio do enrolamento: 13,6cm.
 Número de espiras em cada bobina: 320.
 Corrente máxima admissível: 1,5A se aplicados 10V.
 Corrente máxima momentânea: 2A, 15V.

02 – Tubo especial para demonstrar o desvio do raio eletrônico, Fig. 2.14:

Fig. 2.14 – Tubo especial para demonstrar o desvio do raio eletrônico.

Tubo de vidro com canhão de aceleração de elétrons com tensão de aceleração aplicável
externamente. Possui um conjunto de placas paralelas internas para aplicação de campos elétricos,
também externamente gerados.
Entre as placas existe uma tela fluorescente, com um quadriculado dividido em cm.
Características:

 Tensão de aceleração: 1,5 a 5,0KV.


 Diâmetro do tubo: 13cm
03 – Fonte de alimentação de alta tensão, Fig. 2.15:
32

Fig. 2.15 - Fonte de alimentação de alta tensão.

Fornece tensão contínua ajustável continuamente de zero a 6000 volts.


 Corrente máxima admissível, 2,5mA.
 Ondulação residual sob carga de 1mA: 0,025%.
Possui três saídas ocorrendo metade do valor da voltagem no ponto central.

04 – Voltímetro eletrostático 6KV, Fig. 2.16:

Fig. 2.16 – Voltímetro eletrostático 6KV.

Usado para medições estáticas de tensão (sem circulação de corrente internamente ao


instrumento). Características:
 Semiperíodo de descarga: 30min.
 Intervalo de medidas: 0-4000V, com escala dividida em intervalos de 100V a partir de 1000V.
 Precisão: 1,5% no desvio total.
 Capacidade: 10pF, aproximadamente.
 Resistência de isolamento: 1014 aproximadamente.

05 – Transformador 220 x 6,3V – 5A – 30W (Fig. 2.17):

Fig. 2.17 - Transformador 220 x 6,3V.


Usado na alimentação de filamentos do tubo eletrônico.
33

06 – Bateria, 9V (Fig. 2.18):

Fig. 2.18 – Bateria de 9V.

07 – Instrumento de medidas, 60mV, 300A (Fig. 2.19):

 Desvio total: 60mV com 300A.


 Classe: 1,5.

Fig. 2.19 – Instrumento de medidas.

08 – Caixa de ligações para o instrumento de medidas, Fig. 2.20:

Fig. 2.20 – Caixa para o instrumento de medidas.

Possui chave de comutação para operação em corrente contínua e alternada e saída constante para
instrumento de 60mV - 300A.

 Escalas de corrente contínua ou alternada: 6; 3; 0,3; 0,03; 0,003A e 300A.


34

Possui entradas independentes para tensões e correntes contínuas ou alternadas.


09 – Reostato, 42, 6A (Fig. 2.21):

Fig. 2.21 – Reostato de cursor.

Resistência regulável pelo cursor quando são feitas as ligações entre um dos terminais preto,
inferiores e o terminal vermelho superior.

10 – Interruptor (Fig. 2.22).

Fig. 2.22 – Interruptor.

Na utilização de tais dispositivos e equipamentos deve-se atentar especialmente com os cuidados


quanto à adequada operação.

É lamentável e constrangedora a danificação de componentes dispendiosos por operação


descuidada ou indevida.

2.3.3 Funcionamento da montagem.


35

Temos na Fig. 2.23 um esquema das ligações elétricas da montagem para estudos do movimento
de elétrons em campos elétricos e magnéticos.

Fig. 2.23 – Esquema da montagem.

Uma das fontes de alimentação de alta tensão é utilizada para aceleração do canhão eletrônico. A
outra serve para alimentação das placas paralelas do tubo e formação do campo elétrico interno para
deflexão do elétron em movimento.
A medição das tensões nestas fontes é feita através de uma derivação central que indica metade da
voltagem aplicada entre as saídas principais (indicadas por + e -). O filamento do canhão eletrônico é
aquecido pela corrente produzida pelo transformador. A alimentação das bobinas vem da bateria através
do reostato de 42 com medição da corrente pelo instrumento de medidas com caixa de ligações. As
ligações entre as bobinas devem ser efetuadas de modo a ocorrer adição de efeitos magnéticos.
Quando o feixe de elétrons atinge a tela ocorre emanação de luz por um processo chamado de
“fosforescência” semelhante ao que acontece nas telas de TV e osciloscópios.
O plano de tela é ligeiramente inclinado em relação à direção de movimento dos elétrons de tal
modo que a interseção forma uma reta. Os desvios do feixe de elétrons são marcados nas divisões do
quadriculado da tela.

I. MOVIMENTO DO ELÉTRON NUM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME;


II. MOVIMENTO DO ELÉTRON NUM CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME;
III. EFEITO DE CAMPOS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS SOBRE ELÉTRONS EM
MOVIMENTO.

No primeiro ligam-se as placas sem ligação das bobinas e podem-se variar as tensões de
aceleração do elétron no canhão eletrônico e de formação do campo elétrico uniforme.
No segundo, ligam-se as bobinas sem ligação das placas e varia-se o campo magnético das
mesmas pela variação da corrente de alimentação e a tensão de aceleração do canhão eletrônico.
No terceiro, variando-se a tensão de aceleração ajustam-se os campos elétrico e magnético de
modo a não haver desvio. Poder-se-á, então, determinar a relação entre a carga e a massa do elétron.

2.4 Processo experimental.


36

2.4.1 Instruções sobre o cuidado com os instrumentos.

Os pontos críticos desta montagem são os seguintes:

a) Evitar choques sobre a montagem especialmente no tubo de vidro;


b) Evitar contato direto ou indireto com os terminais dos fios ligados às fontes de alta tensão, aos
voltímetros eletrostáticos e às placas de deflexão e aceleração;
c) Ligar adequadamente a caixa de ligações ao instrumento de medidas observando as indicações
de saída;
d) Selecionar adequadamente a função (corrente contínua ou alternada) da caixa de ligações bem
como a sua escala (sugerimos 0,3A, CC);
e) Evitar curtos circuitos especialmente nas partes ligadas às fontes de alta tensão;
f) Só ligar as fontes de alta tensão quando o botão de regulagem de saída estiver em zero;
g) Só ligar qualquer dispositivo do circuito quando o mesmo estiver inteiramente montado e
conferido;
h) Aguardar o aquecimento completo do filamento do canhão eletrônico (cerca de 1 minuto)
antes de aplicar tensões de aceleração;
i) Respeitar a polaridade da bateria e das fontes de alta tensão quando da ligação a instrumentos
de medida;
j) Só ligar o interruptor da bateria quando a resistência de 42 estiver inteiramente no circuito.

2.4.2 Procedimento experimental.

I – MOVIMENTO DO ELÉTRON NUM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME.

Efetue as ligações conforme a Fig. 2.23 tomando o cuidado de não ligar o interruptor do circuito
da bateria. Estando o circuito corretamente montado, ligue o transformador do filamento do tubo e espere
1 minuto. Ligue a fonte de alimentação de aceleração depois de colocar o seu botão de controle em zero.
Aumente a voltagem até que apareça um traço azulado na tela. O traço deve ser reto e coincidente com o
eixo horizontal do quadriculado na tela. Após zerar o botão central, ligue a fonte de alimentação de
deflexão. Aumente lentamente sua voltagem observando o desvio do feixe na tela.
Efetue medidas de acordo com a tabela 2.1. Durante as medições, se necessário, o voltímetro
eletrostático pode ser ligado entre os pontos (+) e (-) da fonte de alimentação de alta tensão, desde que a
voltagem não ultrapasse o valor máximo de sua escala.
O quadriculado da tela tem uma área de 6,0 x 9,0 cm2. As medidas da deflexão (na tela) devem ser
feitas na altura do traço vertical correspondente a 9,0cm. A penetração deve ocorrer no ponto (0,0) do
quadriculado. A distância “l” que figura nas expressões (2.5) e (2.11) vale, então, 9,0cm nesta montagem.
Os desvios “y” das duas expressões são medidos na linha vertical que passa no ponto (0,9).

TABELA 2.1 – MOVIMENTO DO ELÉTRON NUM CAMPO ELÉTRICO


UNIFORME – MEDIDAS DA TENSÃO DE DEFLEXÃO.
Vo = TENSÃO DE ACELERAÇÃO (KV) V = TENSÃO DE DEFLEXÃO (KV)
d = DEFLEXÃO NA TELA (MEDIDA A 9CM DO PONTO INICIAL).
Vo (KV)
d(.10-2 m) 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5

TABELA 2.2 – MOVIMENTO DO ELÉTRON NUM CAMPO MAGNÉTICO


I(MÁX) = 1,5A UNIFORME – MEDIDAS DA CORRENTE DE DEFLEXÃO (A).
37

Vo (KV)
d(.10-2 m) 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5

TABELA 2.3 – MOVIMENTO DO ELÉTRON EM CAMPOS ELÉTRICO E


MAGNÉTICO UNIFORME – MEDIDAS DE I (A). d = ZERO
Vo (KV)
V(KV) 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0

I I – MOVIMENTO DO ELÉTRON NUM CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME.

Com o mesmo circuito, agora ligando-se o interruptor da bateria e desligando-se a fonte de


alimentação de deflexão, efetuam-se medidas de modo a completar a Tabela 2.2.
A corrente de alimentação das bobinas é medida pelo instrumento acoplado à caixa de ligações. O
seletor de funções da caixa deve ser colocado na posição correspondente a corrente contínua (-). As
ligações entre a caixa e o instrumento – são feitas por saídas laterais da caixa e deve-se respeitar a
polaridade. A escala de corrente indicada é a de 0,3A, mas poderá ser modificada conforme a necessidade
experimental. A corrente máxima que as bobinas admitem é 1,5A em regime permanente podendo atingir
a 2,0A por um tempo inferior a 5 segundos. As mesmas recomendações quanto à segurança aplicam-se a
este caso.

III – MOVIMENTO DO ELÉTRON NUM CAMPO ELÉTRICO E MAGNÉTICO


UNIFORMES.

Agora aplicaremos os dois tipos de deflexão ligando o interruptor das bobinas e a fonte de
alimentação de deflexão do campo elétrico. A tabela 2.3 mostra as medidas a efetuar. O mesmo limite de
corrente deve ser respeitado. As mesmas precauções quanto à segurança devem ser aplicadas. Os valores
de tensão de aceleração e da tensão de deflexão estão assinalados na tabela 2.3. A corrente de alimentação
das bobinas deve ser regulada de modo a manter o desvio do elétron, nulo, na saída.

2.4.3 Análise experimental.

Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:

(1) – Por que afirmamos, nas páginas 22 e 23 que o campo Ez é uniforme e o


Exy é nulo? Demonstre.

(2) – Demonstre a equação (2.2) e a (2.3).

(3) – Demonstre que o campo elétrico de um plano finito é decrescente e não uniforme.
38

(4) – Demonstre que o campo elétrico entre as placas paralelas apresenta dispersão nas bordas,
usando a lei de Faraday.

(5) – Demonstre as equações (2.4) e (2.5).

(6) – Demonstre as equações (2.6) e (2.7).

(7) - Demonstre a equação (2.8).

(8) - Demonstre que o campo magnético de um conjunto de bobinas de Helmholtz é uniforme na


região central.

(9) - Demonstre a equação (2.10).

(10)- Demonstre as equações (2.11) e (2.12).

Completando a Análise experimental efetue o seguinte:

(a) - Analise a tabela (2.1) a fim de verificar a validade da equação (2.5).

(b) - Analise a tabela (2.2) a fim de verificar a validade da equação (2.11).

(c) - Analise a tabela (2.3) a fim de verificar a validade da equação (2.12).

(d) – Usando os dados da tabela (2.1) determine a relação entre a carga e a massa do elétron.

(e) – Usando os dados da tabela (2.2) determine a relação entre a carga e a massa do elétron.

(f) – Usando os dados da tabela (2.3) determine a relação entre a carga e a massa do elétron.

(g) – Determine qual o melhor processo para determinação da relação entre a carga e a massa do
elétron e tente explicar porque.
39

3. Relação entre a carga e a massa do elétron.

3.1 Preliminares.

A relação entre a carga e a massa do elétron foi inicialmente determinada por J. J. Thomson, no
Laboratório Cavendish, Cambridge (Inglaterra) em 1897. A experiência marcou historicamente a
descoberta do elétron.
Na montagem moderna, apresentada esquematicamente na Fig. (3.1) foi estudada na experiência
2, desta programação experimental.

Fig. 3.1- Versão moderna da Experiência de Thomson.

O elétron, acelerado pela aplicação de uma diferença de potencial num canhão eletrônico, penetra
numa região onde existem campos elétricos e magnéticos uniformes e cruzados.
No procedimento de Thomson, inicialmente centra-se o elétron no tubo de imagens do aparelho
(um osciloscópio, por exemplo). Em seguida aplica-se um campo elétrico uniforme, de intensidade
conhecida, e determina-se a deflexão na tela. Depois, aplica-se um campo magnético uniforme, sem
suprimir o elétrico, de modo que o feixe volte à posição original. Nestas condições pode-se facilmente
demonstrar que o desvio do feixe eletrônico, sob a ação única do campo elétrico uniforme é calculado
por:
eEl 2
d (3.1)
2mv 2

Onde: d = desvio do feixe na altura das placas onde é criado o campo elétrico uniforme;
e = carga do elétron;
E = campo elétrico;
l = comprimento das placas onde é criado o campo elétrico uniforme;
m = massa do elétron;
v = velocidade do elétron ao penetrar na região das placas.

Na expressão (3.1) o campo elétrico pode ser obtido através da diferença de potencial (V) aplicado
às placas.
A velocidade do elétron pode ser estimada a partir da diferença de potencial aplicada em sua
aceleração.
Entretanto, no método Thomson, a velocidade do elétron é calculada no momento em que se
aplica um campo magnético externo de modo a anular a deflexão produzida pelo campo elétrico das
placas. Nestas condições, a velocidade do elétron é:
E
v (3.2)
B
Com as equações (3.1) e (3.2) podemos calcular a relação entre a carga e a massa do elétron.
40

O campo magnético seria criado por um conjunto de bobinas de Helmholtz ligado externamente.
O campo que produzem é calculado com precisão a partir da corrente que as alimenta. Um esquema dessa
idéia é mostrado na Fig. (3.2).

Fig. 3.2 – Formação do Campo Magnético Uniforme.

Restaria apenas, a questão de determinar precisamente o desvio do elétron na região das placas.
Na prática, tal desvio pode ser facilmente determinado na tela do osciloscópio e o valor do desvio
nas placas pode ser deduzido daí.
Enfim, a expressão para determinação da relação entre a carga e a massa do elétron seria:
e Dcv 2

m  l (3.3)
Vl  s  
 2 

Onde: D = deflexão do elétron na tela;


c = separação entre as placas no interior do osciloscópio;
V = diferença de potencial aplicada às placas;
s = distância entre as placas e a tela.

Assim seria determinada a relação e/m segundo o projeto de J. J. Thomson. Nosso processo será
baseado na idéia original de Thomson porém usaremos apenas o desvio produzido pelo campo magnético
e
na determinação de . No “Tubo eletrônico de raio colimado” poderemos visualizar o feixe de elétrons
m
em movimento num campo magnético uniforme criado por um par de bobinas de Helmholtz. A
velocidade do elétron será determinada a partir do potencial acelerador aplicado ao canhão eletrônico. A
Fig. (3.3) mostra o conjunto que será utilizado.

Fig. 3.3 – Tubo eletrônico de raio colimado.


No tubo de vidro há hidrogênio em estado gasoso que irradiará numa freqüência visível quando da
passagem dos elétrons em movimento.
41

Observaremos a interessante capacidade de autocolimação do feixe eletrônico o que garante


basicamente todo o sucesso da experiência.
Ao longo dos Fundamentos Teóricos apresentaremos as bases teóricas do funcionamento do
dispositivo e analisaremos as técnicas especiais a serem utilizadas.
Uma técnica especial, fundamentada nos princípios da Ótica Geométrica será usada para
determinação do raio da trajetória do elétron no campo magnético uniforme.

3.2 Fundamentos teóricos.

3.2.1 Aceleração de elétrons por diferenças de potencial.

A Fig. (3.4) mostra o dispositivo a ser utilizado na aceleração de elétrons na experiência.

Fig. 3.4 – “Canhão eletrônico”.

Entre os pontos (1) e (2) liga-se o filamento em tensão alternada. O cátodo, de aquecimento
indireto é ligado no ponto (3) ao pólo negativo de uma fonte de corrente contínua. Com o aquecimento
alguns elétrons são emitidos. Ao saírem do cátodo situam-se em suas vizinhanças formando o que se
conhece por “carga espacial”. Os efeitos inconvenientes da “carga espacial” foram suprimidos ou
minimizados pela introdução de grades tanto para o funcionamento do cátodo quanto do ânodo
(Experiência 1). Neste caso usaremos um cilindro aberto envolvendo o cátodo com o objetivo específico
de controle da interferência da carga espacial.
Nosso objetivo é a obtenção de um feixe colimado de elétrons. Quando os elétrons são extraídos
do cátodo possuem energias diversas. Para a saída de um elétron temos de fornecer-lhe a energia de
ligação do átomo mais a energia correspondente ao potencial de superfície (efeito semelhante à tensão
superficial num líquido). De acordo com a posição dos elétrons nas camadas e sua distância relativamente
à superfície as energias necessárias para emissão termiônica são variáveis. Os elétrons de maior energia
afastam-se mais e podem ser captados pelo campo elétrico externo de um ânodo. Entretanto aqueles de
menor energia ficam nas proximidades do cátodo. Os elétrons que saem deixam cargas positivas
(ausência de elétrons) no cátodo e isso dificulta ainda mais o afastamento daqueles menos energizados.
Desse modo a colocação de um cilindro aberto envolvendo o cátodo e com potencial ligeiramente
superior ao mesmo atrairia alguns desses elétrons de menor energia sem, contudo perturbar a corrente
principal. A aplicação de um grande potencial positivo a tal cilindro acabaria tendo efeito prejudicial. De
acordo com as características de cada tubo eletrônico há valores adequados de potencial (6V, em nosso
caso).
Na experiência que realizaremos será importante o funcionamento de tal acessório porque não
poderemos produzir elétrons com grandes velocidades e teremos de usar pequenas tensões aceleradoras.
Nesse caso torna-se crítica a atuação de tal cilindro (ponto 4, na Fig. 3.4).
42

Em seguida temos o ânodo com formato especial, ligado ao ponto 5, e ao pólo positivo de uma
fonte de corrente contínua. A parte cilíndrica tem a função de absorver elétrons desviados de alguma
forma no processo de emissão e reforça de certo modo a função do cilindro interno. A parte cônica produz
um campo elétrico para aceleração dos elétrons e colimação de modo que um feixe já razoavelmente
colimado aflora pelo orifício do ânodo. Temos finalmente as duas placas colimadoras, externas ao ânodo
e ligadas ao mesmo através dos pontos (6) e (7). Os elétrons já colimados pelo cátodo passam pela região
central entre as placas. Os desviados são absorvidos pelas mesmas. O conjunto, mostrado externamente
na Fig.(3.5), possui uma bandeja de proteção a qual deve ser ligada ao cátodo.

Fig. 3.5 – Aspecto externo do “Canhão acelerador”.

Este “canhão eletrônico” é montado internamente a um tubo de vidro esférico com hidrogênio.
O feixe eletrônico torna-se visível devido à presença dos átomos de hidrogênio num processo
similar ao que ocorre numa lâmpada fluorescente. No próximo item efetuaremos um breve comentário a
respeito deste fenômeno.
A velocidade adquirida pelos elétrons, no “canhão eletrônico” pode ser calculada por:

2eV
v (3.4)
m

Observe-se que nesta expressão o potencial aplicado ao cilindro da carga espacial não foi
considerado.

3.2.2 Emissão de gases sob descargas elétricas.

Os elétrons acelerados pelo “canhão” penetram num gás a baixa pressão, de apenas 0,01 mm Hg
(recorde-se que a pressão atmosférica é da ordem de 765 mm Hg). Devido ao seu movimento e à carga
elétrica que possuem os elétrons dos átomos de hidrogênio interagem com aqueles do feixe devido a
ocorrência de campos elétricos e magnéticos variáveis. Em tais interações, os elétrons podem adquirir
suficiente energia para “saltar” a uma órbita interna e de maior energia. Quando do retorno ao estado
fundamental a diferença de energia é emitida sob forma de luz visível.
O efeito espalha-se numa certa região ao redor do feixe de elétrons. O valor da pressão do gás, da
energia dos elétrons e de sua densidade de corrente vai definir até que distancia haverá emissão de luz
pela descarga eletrônica.
Os valores escolhidos têm o objetivo, em nosso caso, de restringir à menor distancia possível o
efeito do feixe sobre o gás. Assim, o potencial acelerador, que na experiência anterior variou entre 1,5 e
5,0 KV, será estabelecido agora entre 150 e 250V. A corrente de aquecimento do cátodo, que define a
densidade de corrente do feixe eletrônico será limitada propositalmente a 1A (no caso citado chegou a
1,35A). O efeito colimador próprio do feixe eletrônico será importante na delimitação da espessura de
emissão no gás.
43

3.2.3 Efeito auto-colimador de um feixe de elétrons.

Um feixe de elétrons em movimento como o que será produzido no tubo eletrônico de raio
colimado constitui uma corrente elétrica. Com sua ocorrência aparecem campos elétricos e magnéticos
(Fig. 3.6).

Fig. 3.6 – Campo magnético de um feixe eletrônico.

O campo elétrico criado pelos elétrons apresenta tendência de separar o mais possível os mesmos.
Entretanto, devido à Lei de Ampère, um feixe de elétrons apresenta propriedades auto-colimadoras. A
Fig. 3.7 mostra o que acontece, detalhadamente.

Fig. 3.7 – O efeito colimador de um feixe de elétrons.

Nas regiões externas ao feixe o campo magnético varia inversamente com a distância, se o feixe
possuir um grande comprimento reto. Nas partes internas ao próprio feixe o campo magnético cresce com
a distância. Tal campo interno atua sobre os elétrons em movimento, no feixe, com forças indicadas na
figura 3.7. Tais forças tendem a manter os elétrons contidos numa região limitada. Observemos que
haverá equilíbrio entre a repulsão elétrica e tal ação. Também é verdade que quanto maior o feixe, menor
a repulsão eletrostática (maiores os afastamentos entre os elétrons) e maior a tendência colimadora do
efeito magnético. Tal propriedade contribui para melhorar as condições experimentais de obtenção de
feixes colimados de partículas carregadas.

3.2.4 Campo magnético de bobinas de Helmholtz.


44

Conforme ressaltamos na experiência anterior, as bobinas de Helmholtz produzem um campo


magnético fortemente uniforme em sua região central. A Fig. (3.8) mostra um esquema das bobinas com
separação média igual ao seu raio médio.

Fig. 3.8 – Bobinas de Helmholtz.

A expressão do campo magnético na região central:


3
 4  2 oNI (3.5)
B 
5 R

Onde:

W
B = campo magnético, em
m2
o = permeabilidade magnética no vácuo  1,26.10  6 W / Am
N = número de espiras de cada bobina = 130
R = raio médio das bobinas = 0,150m
I = corrente que circula nas bobinas, em A.

Medindo-se a corrente que circula nas bobinas pode-se calcular o campo magnético em sua região
central.

3.2.5 Elétrons em movimento em campos magnéticos uniformes.

Conforme a Fig. (3.9) os elétrons penetração no campo magnético uniforme das bobinas com
velocidade perpendicular ao mesmo.

Fig. 3.9 – Elétron num campo magnético uniforme.

A força de origem magnética propiciará condições para ocorrência de um movimento circular


uniforme. O período do movimento só dependerá da carga e da massa da partícula, e da intensidade do
campo magnético.
O raio, por sua vez, será dependente também da velocidade de acesso:
45

mv
r (3.6)
eB

A expressão (3.6) será utilizada experimentalmente para determinação da relação entre a carga e a
massa do elétron. A velocidade será calculada pela eq. (3.4) e o campo magnético pela eq. (3.5). O raio
será determinado por processos fundamentados nas propriedades geométricas de propagação da luz,
discutidos a seguir.

3.2.6 Determinação do raio da trajetória do elétron.

Na Fig.(3.10) vemos uma esquematização do processo a ser utilizado para determinação do raio da
trajetória do elétron.

Fig. 3.10 – Determinação do raio da trajetória do elétron.

Num espelho comum colocamos duas fitas de papel cruzadas em seu centro e marcadas com
círculos de raios conhecidos. O observador olhando da posição indicada na figura procura fazer coincidir,
variando a tensão de aceleração e a intensidade do campo magnético, a trajetória do elétron com uma das
marcas das fitas e com sua imagem refletida pelo espelho. A coincidência deve ser obtida sem desvios de
paralaxe. Com alguma habilidade consegue-se obter a coincidência. O raio usado para o traçado das
marcas no papel (aquelas que coincidem com a trajetória e sua imagem) é o raio da trajetória do feixe
eletrônico. Diversos raios deverão ser determinados durante a experiência para detecção dos erros de tal
processo.

3.2.7 Bibliografia recomendada.


46

Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes
textos:

- Halliday-Resnick (David-Robert): Física, Vol. II.1, Capítulo 33, especialmente os itens 33.6 e
33.8; Capítulo 34, especialmente os itens 34.5 e 34.6; Capítulo 35, especialmente os itens 35.2
e 35.3.

- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. II, Capítulo 14,
especialmente os itens 14.8 e 14.9; Capítulo 15, especialmente os itens 15.3, 15.4, 15.8 e
15.11; Capítulo 16, especialmente os itens 16.11, 16.12 e 16.13; Capítulo 17, especialmente os
itens 17.1, 17.5 e 17.6.

- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2: Capítulo 29, especialmente o item 29.7; Capítulo 32,
especialmente o item 32.3; Capítulo 36, especialmente o item 36.4, Capítulo 37, especialmente
os itens 37.1, 37.4 e 37.5.

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Física, Volume III, Eletricidade, Magnetismo e
Tópicos de Física Moderna; Capítulo 33, especialmente o item 33.9; Capítulo37,
especialmente os itens 37.4 e 37.5; Capítulo 39, especialmente os itens 39.2 e 39.5.

- Processo de Análise Gráfica e Numérica (Luiz G. Cabral e Fernando A. Lima) – Gráfica


UNICAP.

Tais referências devem ser consultadas como preparação para a aula prática de laboratório.

3.2.8 A técnica de análise gráfica e numérica.


47

Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica


desenvolvida em Processo de Análise Gráfica e Numérica (Ver Bibliografia Recomendada). É
imprescindível o conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.

3.3 Experiência.

A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser identificada na Fig. (3.11). Consta dos
seguintes dispositivos e equipamentos:

3.3.1 Relação de material.

01 – Tubo eletrônico de raio colimado com bases e bobinas de Helmholtz.


02 – Fonte de alimentação para o tubo.
03 – Bateria 9V.
04 – 02 Instrumentos de medida com caixa de ligações.
05 – Reostato, 50.
06 – Interruptor.

Fig. 3.11 – Montagem para determinação de e/m.

3.3.2 Características e especificações do material.

01-Tubo eletrônico de raio colimado com bases e bobinas de Helmholtz (Fig. 3.12).

Fig. 3.12 – Tubo eletrônico de raio colimado com bases e bobinas de Helmholtz.
Consiste num tubo de vidro de 175mm de diâmetro que contem um sistema de eletrodos
excêntrico, composto de: Cátodo incandescente de aquecimento indireto (1 e 2) (Fig. 3.13);
48

Cilindro de Wehnelt (3); Ânodo cônico com blindagem semicilíndrica (4); Par de placas
colimadoras (5 e 6) colocadas diante do ânodo.

Fig. 3.13 – Ligações do sistema de eletrodos.

O sistema de eletrodos liga-se a um soquete e daí a uma caixa de ligações. A Fig. (3.14) mostra o
esquema de ligações da caixa:

Fig. 3.14 – Esquema da caixa de ligações.

H – dois bornes para o filamento do cátodo;


W – ligação do cilindro de Wehnelt;
(-) – ligação do cátodo;
(+) – ligação do ânodo;
A – dois bornes para as placas colimadoras;
M – dois bornes para ligação das bobinas (Fig. 3.15) à bateria. Há dois bornes adicionais para
ligação das bobinas à caixa.

Fig. 3.15 – Ligação das bobinas.


Nas ligações internas da caixa existem resistências indicadas na Fig. (3.14) para proteção contra
curto-circuitos. As bobinas são ligadas entre si de modo a haver adição de efeitos magnéticos
49

(observe a parte inferior da base). Possuem um raio médio de 150mm, 130 espiras (cada) e estão
separadas por uma distância média de 150mm.
Outras características:
Tensão do filamento = 6,3 V-CA;
Corrente do filamento, sob 6,3 V-CA = 1,0 A-CA;
Tensão anódica = variável entre 150 e 250 V-CC;
Tensão do cilindro de Wehnelt = variável de 0 a 6 V-CC;
Alimentação das placas colimadoras = tensão anódica;
Corrente máxima admissível nas bobinas = 5 A-CC.
O tubo contém hidrogênio a uma pressão de 0,01 mm-Hg.

02 – Fonte de alimentação

Fonte para alimentação do tubo eletrônico, Fig 3.16.

Fig.3.16 – Fonte de alimentação de tubo eletrônico.

Tensões de saída (CC):


0 – 20 V, max. 50mA, variável continuamente;
0 – 300 V, max. 50mA, variável continuamente;
380 V, max. 100mA, fixa.
Ondulação residual com carga de 100mA, inferior a 0,010%

03 – Bateria 9V.

Fig. 3.17 Bateria de 9V.

04 – Instrumento de medida com caixa de ligações:


50

Fig. 3.18: Desvio máximo: 300A com 60mV.


Classe de qualidade: 1,5.
Escala: ponto zero na metade esquerda.
Comprimento do arco da escala: 20cm.
Divisões da escala: preta, de -30 a +100 passando por 0; vermelha, de -10 a +30 passando por
zero.
A regulagem do zero da escala pode ser feita por um parafuso existente na parte posterior.

Fig. 3.18: Instrumento e caixa de ligações.

A caixa de ligações deve ser acoplada diretamente ao instrumento e permite medições de tensões e
correntes contínuas ou alternadas aumentando as possibilidades do instrumento de medida.

Escalas de corrente (CC ou CA): 300A; 0,003A; 0,03A; 0,3A; 3A e 6V.


Escalas de tensão (CC ou CA) 60mV, 3V, 15V, 30V, 150V, 300V, 600V.
Selecionada a escala (tensão ou corrente e valor) e o tipo de sinal (contínuo ou alternado) o valor
indicado na caixa corresponde ao valor máximo da deflexão à direita do ponteiro do instrumento
de medida.

05 – Reostato, 50, 5A:

Fig. 3.19: Entre os bornes inferiores, de cor negra, a resistência tem o valor nominal (50). O
borne vermelho está ligado ao contato do cursor. O valor da resistência entre este borne vermelho
e qualquer um dos bornes pretos depende da posição do cursor variando entre zero e o valor
nominal.

Fig. 3.19 - Reostato.


06 – Interruptor
51

Fig. 3.20 – Interruptor.

07 – Espelho (Fig. 3.21)

Duas fitas de papel, colocadas sobre o espelho são cruzadas e marcadas com círculos concêntricos
de raios crescentes, iguais a: 3,0, 4,0, 5,0, 6,0, 7,0 cm.

Fig. 3.21 – Espelho com marcas.

3.3.3 Funcionamento da montagem.

A montagem e ligações devem ser efetuadas conforme a Fig. 3.11. A disposição do espelho
relativamente ao tubo e ao observador está estabelecida na Fig. 3.10. Nas medidas estabelecem-se
trajetórias de diversos raios variando-se a tensão de aceleração e a corrente de alimentação das bobinas.
Com os valores da tensão de aceleração, da corrente criadora do campo magnético e do raio da trajetória,
pode-se determinar a relação entre a carga e a massa do elétron.

3.4 Processo experimental.

3.4.1 Instruções sobre o cuidado com os instrumentos.

Os pontos críticos desta montagem são os seguintes:

a) Evitar choques no tubo eletrônico de raio colimado;


b) Só ligar a fonte de alimentação com os controles de saída zerados;
c) Colocar o reostato na posição de maior resistência antes de ligar o interruptor;
d) Selecionar corretamente as escalas dos instrumentos de medida. O voltímetro para
determinação da tensão de aceleração deve trabalhar na escala de 300 VCC. O amperímetro,
para determinação da corrente de alimentação das bobinas, deve trabalhar na escala de 3A,
CC;
e) Só ligar a fonte de alimentação ou bateria, após certificar-se da correção das ligações do
circuito;
52

f) Só estabelecer tensões de aceleração após o aquecimento completo do filamento (cerca de


1min);
g) Girar os controles de saída de tensão da fonte lentamente, o mesmo se aplicando ao
deslocamento do cursor do reostato;
h) Só ligar a alimentação das placas colimadoras depois da formação do feixe eletrônico. Regular
uma vez para obter perfeita colimação e manter constante durante a experiência;
i) Respeitar as polaridades entre as caixas e os instrumentos e especialmente na caixa de ligações
do tubo de raio colimado;
j) Na utilização dos dispositivos e equipamentos deve-se atentar especialmente com os cuidados
quanto à adequada operação. É lamentável e constrangedora a danificação de componentes
dispendiosos por operação descuidada ou indevida.

3.4.2 Procedimento experimental.

Verificar se a montagem corresponde às Fig. 3.10 e 3.11. Ligar a fonte de alimentação, tendo
antes zerado suas tensões de saída. Esperar 1 minuto pelo aquecimento do cátodo. Aumentar lentamente a
tensão de aceleração (botão à direita na fonte de alimentação). Colocar os instrumentos nas escalas
adequadas: 300V e 3A-CC. Observar o aparecimento do feixe vertical de elétrons no tubo. Acionar a
tensão das placas colimadoras e observar a colimação do feixe. Escolher a posição da colimação máxima.
Ligar o interruptor do circuito da bateria. Deslocar o cursor do reostato e observar o feixe conforme
indicações da Fig. 3.10. Efetuar medidas do raio da trajetória, da tensão de aceleração e da corrente das
bobinas de modo a preencher a Tabela 3.1. Procurar manter o tubo funcionando apenas o tempo
necessário para efetivação das medidas. Girar o tubo de vidro, se ocorrerem trajetórias helicoidais.

TABELA 3.1 – DETERMINAÇÃO DA


RELAÇÃO e/m (ELÉTRON)
r = raio da trajetória
V = tensão de aceleração
i = corrente das bobinas
r(10-2)m V(volts) i(amps)
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0

Fig. 3.22 – Trajetórias helicoidais.

3.4.3 Análise experimental.


53

Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:

1) Porque Thomson, em sua experiência preferiu usar a expressão v = E/B para o cálculo da
velocidade do elétron e não estimá-la diretamente a partir do potencial acelerador do canhão
eletrônico?
2) Demonstre a eq. 3.3.
3) Qual o inconveniente de usar grandes tensões aceleradoras nesta experiência?
4) Explique a finalidade do formato especial do ânodo do canhão eletrônico (Fig. 3.4) e o
funcionamento das placas colimadoras 6 e 7.
5) Analise a seguinte afirmativa = “as placas colimadoras funcionariam melhor se ligadas ao
potencial do cátodo“.
6) Por que a bandeja de proteção deve ser ligada ao cátodo?
7) Demonstre a eq. 3.4. Por que o potencial aplicado ao cilindro da carga espacial não é
considerado no cálculo da velocidade dos elétrons?
8) Justifique a técnica de determinação do raio da trajetória do elétron descrita em 3.2.6.
9) Explique o funcionamento das resistências da Fig. 3.14 na proteção contra curto-circuitos no
conjunto de eletrodos do tubo eletrônico de raio colimado.
10) Qual a razão da ocorrência de trajetórias helicoidais na Fig. 3.22?

Completando a análise experimental, determine a relação e/m, para o elétron, para cada um dos
pontos da Tabela 3.1. Apresente o resultado das medidas usando a média e o desvio médio.
Compare com valores tabelados de e/m.
54

4. Calibração do Galvanômetro Balístico.

4.1 Preliminares.

A medição de pequenas tensões e correntes apresenta sérias dificuldades exigindo às vezes a


utilização de amplificadores especializados e sofisticados em condições críticas de operação. Erros são
fatalmente introduzidos quando sinais elétricos a serem analisados passam através de circuitos de
amplificadores antes das medidas. Em alguns casos especiais o uso de Galvanômetros de “quadro móvel”
apresenta grande vantagem, além de simplificação nas técnicas e procedimentos de medida.
Nesta experiência estudaremos detalhadamente o funcionamento do Galvanômetro de quadro
móvel cuja descrição apresentamos a seguir. O seu funcionamento mecânico e eletrodinâmico será
estudado. A Fig. (4.1) mostra uma visão esquemática do Galvanômetro.

Fig. 4.1 – Galvanômetro.

Um núcleo cilíndrico de material paramagnético é suspenso por um fio condutor cilíndrico entre
suportes fixos. O fio é enrolado no sentido longitudinal do cilindro constituindo uma bobina. O conjunto
está imerso no campo magnético de ímã permanente. Um espelho parabólico é colocado solidariamente
ao cilindro e reflete o raio luminoso proveniente de uma fonte externa. Os desvios do espelho são
observados numa escala distante, sendo assim amplificados. Na posição normal de repouso, conforme
indica a Fig. (4.2) o plano da bobina coincide com a direção das linhas de indução do campo magnético
do ímã permanente.

Fig. 4.2 – Posição do enrolamento da bobina no instante inicial.

Havendo corrente na bobina, aplicada através dos pontos (1) e (2) (Fig. 4.1) surgirá um torque, de
origem magnética, o qual faz girar o conjunto. Esse torque é máximo na posição inicial e pode ser
calculado por:

m  B (4.1)

O módulo do momento é: NiA B sen , (4.2)


55

Onde:
m = momento de origem magnética;
 = momento de dipolo magnético, calculado por: NiA;
N = número de espiras da bobina;
i = corrente da bobina;
A = área plana do enrolamento da bobina;
B = campo magnético do imã permanente;
 = ângulo de giro da bobina durante a aplicação de i.

A Fig. (4.3) esclarece melhor a eq. (4.1).

Fig. 4.3 – Momentos que atuam no Galvanômetro.

Com a aplicação de tal conjugado o sistema gira, mas aparece a reação elástica a torsão, dada por:

 t  K , (4.3)

Onde:
K = constante elástica de torsão
 = ângulo de torsão.

O conjunto gira até que se estabeleça a igualdade entre os dois momentos. Os detalhes do tipo de
movimento que ocorrerá quando houver ação no Galvanômetro serão discutidos mais adiante, nos
Fundamentos teóricos. Podemos adiantar, entretanto, que a linearidade entre a corrente a determinar e o
ângulo de giro só estará garantida para pequenos ângulos de torsão. Contudo, devido à ampliação
propiciada pela reflexão – no espelho e pelo grande afastamento entre o aparelho e a escala, menos
pequenos ângulos de giro apresentam grande sensibilidade para medições. Pode-se, na verdade e
facilmente, demonstrar que a corrente pode ser calculada em função do deslocamento do raio luminoso na
escala através da relação:

Kd
i , (4.4)
2NABD
Onde:
d = deflexão do raio luminoso na escala;
56

D = distância entre o Galvanômetro e a escala;

A eq. (4.4.) apresenta os fundamentos do princípio de medição de correntes elétricas com o


“Galvanômetro de quadro móvel”.
Nas experiências que realizaremos com tal dispositivo, vamos inicialmente identificar as
principais propriedades de seu funcionamento mecânico. Determinaremos então o seu período e
calcularemos a constante de torsão do fio de suspensão, e o momento de inércia do conjunto.
Em seguida faremos o Galvanômetro funcionar ligado a circuitos externos e determinaremos a
“resistência externa – crítica de amortecimento”, através da medição do período e do “decremento
logarítmico”.
Numa terceira etapa determinaremos a sensibilidade do Galvanômetro para medidas de carga
elétrica e o calibraremos em volts-segundos para voltagens transitórias.
Chamamos a atenção do leitor para que procure observar durante a leitura destas páginas e a
execução das medidas o grande número de leis e princípios envolvidos em diversos campos da Física.

4.2 Fundamentos teóricos.

4.2.1 Oscilações livres, de torsão.

Voltemos a analisar a Fig. (4.3) e imaginemos que o Galvanômetro não está ligado a um circuito
externo mais que foi colocado num recipiente com um vácuo quase perfeito. Além disso, a suspensão do
fio foi redesenhada para eliminação total de qualquer tipo de resistência passiva.
Nesta situação hipotética o dispositivo apresenta “oscilações livres” quando é colocado em
movimento. As únicas ações que atuam são:
d 2
A inércia do dispositivo que apresenta um conjugado dado por: I 2
dt
O conjugado de reação a torsão, calculado por (Eq. 4.3) -K
A equação diferencial do movimento é, então:

d 2
I  K  0 (4.5)
dt 2

A solução geral da eq. (4.5) pode ser escrita assim:

  A1 cos t  A2 sen t , (4.6)

K
onde:    freqüência angular; (4.7)
I


   freqüência; (4.8)
2

2
T   período; (4.9)

A1 e A2 = constantes que dependem das condições iniciais do movimento do sistema.


Há três maneiras distintas de iniciar o movimento e para cada uma delas teremos um par de
valores de A1 e A2.
57

1º caso: No instante inicial, há deslocamento e não há velocidade.

Para t = 0     0
d
w 0 (4.10)
dt

A equação do movimento fica, então:

   0 cos t (4.11)

com: A1   0 e A2  0 (4.12)

Nesta apresentação estamos designando por  a freqüência angular das oscilações e por  a
velocidade angular do movimento oscilatório do cilindro do Galvanômetro. No caso de oscilações livres
tais conceitos coincidem. Entretanto, a distinção será mantida para proveito da análise de casos gerais
mais complicados.
A Fig. (4.4) mostra gráficos do deslocamento e velocidade angulares para este primeiro caso de
oscilações livres.

Fig. 4.4 – Deslocamento e velocidade, 1º caso de oscilações livres.

Observe-se a defasagem de /2 entre o deslocamento e a velocidade, em função das condições


iniciais.

2º caso: No instante inicial, há velocidade e não há deslocamento.

Para t = 0    0,
e   0 (4.13)

0
Neste caso: A1  0 e A2  (4.14)

A equação do movimento é , agora:



  0 sen t (4.15)

A Fig. (4.15) apresenta gráficos do deslocamento e velocidades angulares para este caso.
58

Fig. 4.15 – Deslocamento e velocidade, 2º caso de oscilações livres.

No caso anterior deveríamos produzir uma torsão inicial no sistema e depois liberá-lo. Agora
devemos produzir um impulso inicial de torsão sem deslocamento.

3º caso: No instante inicial, há velocidade e deslocamento.

Para t = 0     0 ,
e   0 (4.16)

0
Neste caso: A1   0 e A2  (4.17)

A equação do movimento fica , então:

0
   0 cos t  sen t (4.18)

A Fig. (4.16) apresenta gráficos do deslocamento e velocidade para este caso.

Fig. 4.16 – Deslocamento e velocidade, 3º caso de oscilações livres.

A maneira de produzi-lo consiste em provocar torsão e dar um impulso inicial ao sistema.

4.2.2 Oscilações mecânicas amortecidas, de torsão.

Encaremos agora a situação real do galvanômetro. Existe atrito com o ar interior da caixa do
aparelho. O atrito na suspensão tem de fato valor desprezível. Há um efeito de atrito interno ao fio de
suspensão devido à deformação, pois ocorre aquecimento. Entretanto tal efeito também é insignificante e
não será considerado. Incluiremos então, na eq. (4.5) um termo correspondente ao amortecimento
produzido pelo atrito com o ar. Sabe-se que para velocidades até 5m/s a resistência ao movimento através
59

do ar é diretamente proporcional à velocidade. As velocidades envolvidas no dispositivo são certamente


inferiores a tal valor. Assim, a força devida à resistência do ar, será escrita na forma:

d
R (4.19)
dt

A equação diferencial do movimento ficará, então:

d 2 d
I 2   K  0 (4.20)
dt dt

Sua solução pode ser apresentada na forma geral:

  C1 EXP r1t   C 2 EXP r2 t  , (4.21)

Onde:

r1     2   2

r2     2   2 (4.22)

 K
Nestas equações fizemos:   e  (4.23)
2I I

Observamos pelo conjunto de equações (4.22) que a solução (4.21) depende do fator:


  (4.24)

Há três casos a distinguir:

1º CASO:  1 MOVIMENTO SUPER-AMORTECIDO

As raízes (4.22) são reais.

No caso mais geral, t = 0,  = 0 e  = 0, obtemos:

C1 

0     2   2 0 
2   2 2

C2 

0     2   2  0  (4.25)
2  
2 2

A Fig. (4.7) apresenta gráficos das soluções de (4.20) quando  1 e  0  0 ,  0  0 e  0  0.


60

Fig. 4.7 – Amortecimento supercrítico.

Observe-se que o movimento não é mais oscilatório apresentando tendência a voltar a posição de
equilíbrio num tempo, teoricamente, infinito.
A Fig. (4.8) mostra um caso especial em que ocorre ainda uma pequena oscilação antes do retorno
à posição de equilíbrio. Temos um deslocamento e velocidade inicial, ambos positivos.

Fig. 4.8 – Amortecimento supercrítico com uma oscilação.

2 CASO:   1 AMORTECIMENTO CRÍTICO

As raízes são reais e iguais: r1  r2     

Agora, a solução de (4.20) é:

   C1  C 2 t  EXP   t  (4.26)

Para t = 0,  = 0 e  = 0, obtemos:

C1   0 e C 2   0   0 (4.27)

A solução geral é agora:

   0   0   0  t  EXP  t  (4.28)

Tal situação é denominada de “Amortecimento crítico” – porque o tempo para atingir o equilíbrio
é abreviado e as curvas correspondentes às da Fig. (4.7) aproximam-se mais rapidamente do eixo t.
No amortecimento crítico, obtemos:

  2 KI (4.29)

3º CASO:  1 MOVIMENTO OSCILATÓRIO AMORTECIDO


61

Fazendo  1   2   2 e considerando as condições iniciais t = 0,  = 0 e  = 0, obtemos a


solução:

    0 
  EXP   t    0 cos  1t  0 sen  1t  (4.30)
 1 

O movimento é oscilatório (devido aos termos harmônicos) e amortecido (devido ao termo


exponencial).

O período é:

2 2 2
T  
1  
2 2
K 2 (4.31)

I 4I 2

A Fig. (4.9) mostra o gráfico do movimento.

Fig. 4.9 – Movimento oscilatório amortecido.

Observa-se aí a constância do período apesar da diminuição da amplitude.


A relação entre amplitudes sucessivas de um mesmo lado é calculada por:

n
 EXP  T  (4.32)
 n 1

Daí obtemos:


Ln n   Ln n 1   T  T (4.33)
2I

O fator T chama-se DECREMENTO LOGARÍTMICO e é constante.
2I
Estas são, então, as principais características deste caso:

- Período constante.
- Relação entre amplitudes sucessivas, de um mesmo lado, constante.
62

4.2.3 Movimento do galvanômetro.

Na Fig. (4.10) observamos uma visão esquemática do Galvanômetro com a indicação de alguns
parâmetros que interessam em nossa análise.

Fig. 4.10 – Esquemas do Galvanômetro

A Fig. (4.10-(a)) mostra a posição inicial de funcionamento do Galvanômetro. O momento de


dipolo magnético, perpendicular à área da bobina apresenta-se no instante inicial formando um ângulo
reto com a direção do campo magnético do imã permanente. Com isso obtemos o torque máximo na
situação inicial, o que é conveniente para maior sensibilidade do dispositivo.
Numa posição qualquer, (b), temos o ângulo () entre  e B que interessa para o cálculo do torque
magnético e o ângulo () de giro do quadro que interessa ao cálculo do momento elástico de torsão e para
o cálculo da amplitude do movimento.
Sobre o quadro atuam, então, três momentos, quando existe corrente na bobina:
t = momento devido à reação a torsão = - K
d
r = momento devido a reação ao movimento =  
dt
e = momento eletrodinâmico = NiABsen  (4.34)
(Ver a equação 4.2 para o significado dos diversos termos).

Para  = 90º, e = NiAB = Gi (4.35)

G = NAB = CONSTANTE DINÂMICA DO GALVANÔMETRO (4.36)


G = FLUXO MAGNETICO QUE ATRAVESSA O QUADRO PARA  = 90º OU  = 0º.
63

Quando aplicamos uma corrente no Galvanômetro e produzimos movimento surge uma outra
corrente, induzida pelo movimento da bobina num campo magnético (Fig. 4.11).

Fig. 4.11 – Circuito de ligação do Galvanômetro.

Há, portanto, duas correntes envolvidas no estudo eletrodinâmico do movimento do


Galvanômetro:
V
CORRENTE REAL = iv  R ( R g  resistência da bobina) (4.37)
g

E
CORRENTE INDUZIDA = ie  R  R (4.38)
g e

Nestas equações:
V = potencial externo aplicado ao Galvanômetro (Fig. 4.11);
Rg = resistência interna do Galvanômetro;
Re = resistência do circuito externo de alimentação do Galvanômetro;
iv = corrente devida à aplicação de V;
ie = corrente devida à força eletromotriz induzida pelo movimento do quadro no campo magnético
do ímã permanente;
E = força eletromotriz induzida.

A força eletromotriz induzida pode ser calculada com a lei de Faraday para a indução
eletromagnética:

d B
E
dt

No caso:  B   B.d A  BA cos  BA sen  (4.39)


d d
Assim: E   NBA cos  G cos  (4.40)
dt dt

Para pequenos ângulos de giro:

d
E  G (4.41)
dt
G d
Desse modo: ie   R  R dt (4.42)
g e

A corrente total no circuito do Galvanômetro vale:


64

G d
i  iv  ie  iv  (4.43)
R g  Re dt

Usando a eq. 4.35, podemos calcular o torque eletrodinâmico pela expressão:

G 2 d
 e  Giv  (4.44)
R g  Re dt

A equação diferencial do movimento do galvanômetro adquire assim a seguinte forma:

d 2 d G 2 d
I   K    Gi v  (4.45)
dt 2 dt R g  Re dt

Ou:
d 2  G2  d

I     K  Giv
dt 2  R g  Re  dt
 (4.46)

A equação diferencial formal para o movimento do Galvanômetro pode ser escrita na forma final:

d 2 1  G2  d K
 G
      iv (4.47)
dt 2 I  R g  Re  dt
 I I

Para uma resistência externa nula obtemos um grande índice de amortecimento. Se i v é constante,
o Galvanômetro oscila em torno a uma nova posição de equilíbrio. Quando cessa a corrente real (i v = 0) o
Galvanômetro retorna a sua posição de equilíbrio. O tipo de retorno pode se enquadrar num dos casos
discutidos no item 4.2.2 e depende do parâmetro .

Para caracterizar melhor tal situação faremos as convenções:

1  G2 
  2
 (4.48)
I  R g  Re 

K
  2 (4.49)
I

Interessa ao funcionamento do Galvanômetro que ocorra durante as medidas o caso nº 2 do item



4.2.2 (AMORTECIMENTO CRÍTICO), onde o fator     1.
Obtemos, assim, a relação:

G2
  2 KI (4.50)
R g  Re

Daí:
G2
Rc   Rg (4.51)
2 KI  

Rc é o valor de Re para o qual ocorre amortecimento crítico.


65

Para Re> Rc o movimento é oscilatório amortecido.

Para Re< Rc o movimento é aperiódico.

4.2.4 Bibliografia recomendada.

Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes
textos:

- Resnick-Halliday (Robert, David) Física, Vol. I.2, Capítulo 15.

- Resnick-Halliday (Robert, David) Física, Vol. II.1, Capítulo 34 e 35.


66

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.) Física, Mecânica-hidrodinâmica, Vol. 1;


Capítulo 11.

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.) Física, Eletricidade, Magnetismo e Tópicos de


Física Moderna, Vol. 3; Capítulos 37 a 40.

- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 1: Capítulo 14 e 15.

- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2: Capítulo 36 a 38.

- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. 1, Capítulo 12.

- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. 2, Capítulo 15 a 17.

- Fonseca (Adhemar): Vibrações, Capítulo 1, 2, 4 e 5.

- Westphal (Wilhelm H.): Práticas de Física; Capítulo 5, exercícios 41 e 42; apêndice I e II.

Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.

4.2.5 A técnica de análise gráfica e numérica.

Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica desenvolvida
no trabalho ”Processo de Análise Gráfica e Numérica” (Gráfica UNICAP). É imprescindível o
conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.

4.3 Experiência.

A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser vista na Fig. (4.12). Consta dos seguintes
dispositivos e equipamentos:

4.3.1 Relação de material.


67

Na experiência, realizaremos medições em três tipos de circuitos com os seguintes objetivos:


(I) Determinação da sensibilidade de corrente do galvanômetro;
(II) Calibração do galvanômetro em volts-segundos para voltagens transitórias;
(III) Calibração do galvanômetro em ampères-segundos para cargas transitórias (introdução ao
uso do regulador de sensibilidade do galvanômetro).

Para a relação de material colocamos na Fig. (4.12) a montagem II que é a mais complexa. Na Fig.
(4.13) a montagem III é apresentada. A Fig. (4.14) mostra um esquema da montagem I.

Fig. 4.12 – MONTAGEM II – Calibração do galvanômetro em Vs para voltagens transitórias.

Fig. 4.13 – MONTAGEM III – Calibração do galvanômetro em As para cargas transitórias.


68

Fig. 4.14 – MONTAGEM I – Determinação da sensibilidade de corrente do galvanômetro.

01 CRONÔMETRO ELÉTRICO
02 BATERIA 9V
03 REOSTATO 110, 2,5A
04 CHAVE MORSE
05 RESISTÊNCIA, 1, 4W
06 RESISTÊNCIA, 1000, 4W
07 INSTRUMENTO DE MEDIDAS
08 CAIXA DE LIGAÇÕES PARA O INSTUMENTO
09 BOBINA DE 100 ESPIRAS – 300mA (CORRENTE MÁXIMA)
10 REOSTATO 320, 1,5A
11 GALVANÔMETRO DE ESPELHO COM FONTE DE LUZ E MATERIAL DE SUPORTE
12 REGULADOR DE SENSIBILIDADE DO GALVANOMETRO
13 CAIXA DE RESISTENCIAS DE PRECISÃO (0,1 A 1111)
14 CHAVE DE REVERSÃO
15 CHAVE SIMPLES
16 RESISTENCIA 10000, 4W.

OBSERVAÇÃO: O item 13 pode ser substituído por duas resistências de 10 e 1000.

4.3.2 Características e especificações do material.

01 CRONÔMETRO ELÉTRICO (Fig. 4.15)

Possui um motor síncrono de baixa rotação acoplado através de uma embreagem magnética ao
sistema de redução de velocidade que leva aos ponteiros (o maior indica, segundos, o menor,
centésimos de segundo).
A chave da esquerda faz o dispositivo funcionar como relógio.
69

A da direita aciona-o como cronômetro através da ligação dos bornes.


Nesta experiência usaremos os dois bornes à direita.
Quando o contato é fechado em ambos, o cronômetro funciona.

Fig. 4.15 – Cronômetro Elétrico.

02 BATERIA 9V

Fig. 4.16 – Bateria.


03 REOSTATO 110, 2,5A
10 REOSTATO 320, 1,5A

Fig. 4.17: reostato de cursor com três pontos de ligação (bornes).


Os dois bornes inferiores, de cor negra, a resistência tem o valor nominal fixo. O borne vermelho
(superior) está ligado ao contato do cursor e seu valor de resistência entre este borne e qualquer
um dos bornes pretos depende da posição do cursor variando entre zero e o valor nominal.

Fig. 4.17 - Reostato.

04 CHAVE MORSE (Fig. 4.18)

Chave de três pólos e duas posições.


Apertando-se a chave transfere-se a ligação entre o centro e cada um dos lados.
70

Fig. 4.18 – Chave Morse.

05 RESISTÊNCIA 1, 4W
06 RESISTÊNCIA 1000, 4W
16 RESISTÊNCIA 10000, 4W
RESISTÊNCIA 10, 4W

Fig. 4.19: resistências de medida de precisão montadas em caixas cilíndricas de 30 X 90mm.


São resistências de fio de alta qualidade e valor preciso com tolerância de 2%.

Fig.4.19 – Resistências.
07 INSTRUMENTO DE MEDIDAS

Fig. 4.20: instrumento de precisão com as seguintes características:


Desvio máximo: 300A com 60mV.
Classe de qualidade: 1,5.
A regulagem do zero da escala pode ser feita por um parafuso existente na parte posterior.
71

Fig. 4.20 – Instrumento de medidas.

08 CAIXA DE LIGAÇÕES PARA O INSTUMENTO DE MEDIDAS

A Fig. 4.21: Caixa de ligações deve ser acoplada diretamente ao instrumento e permite medições
de tensões e correntes contínuas ou alternadas aumentando as possibilidades do instrumento de
medida.
Escalas de corrente (CC ou CA): 300A; 0,003A; 0,03A; 0,3A; 3A e 6V.
Escalas de tensão (CC ou CA) 60mV, 3V, 15V, 30V, 150V, 300V, 600V.

Fig.4.21 – caixa de ligações.

09 BOBINA DE 100 ESPIRAS

Usada para medições de tensões com o Galvanômetro (Fig. 4.22).


Trata-se de bobina de área retangular de 50 X 70mm 2, admitindo uma corrente máxima de
300mA.
72

Fig. 4.22 – Bobina de 100 espiras.

11 GALVANÔMETRO DE ESPELHO COM FONTE DE LUZ E MATERIAL DE SUPORTE

Fig.4.23 – Galvanômetro de Espelho.

Instrumento de medida de alta precisão destinado à medição de corrente em sistemas de alto valor
ôhmico. Algumas características selecionadas:
Constante de corrente: 9,8 x 10-9 A/mm/m
Constante de tensão: 3 x 10-7 V/mm/m
Resistência interna: 30
Resistência limite aperiódica: 300
Período de oscilação livre: 10s

12 REGULADOR DE SENSIBILIDADE DO GALVANOMETRO (Fig. 4.24)

Circuito especial com resistências variáveis para ajuste da resistência limite aperiódica e da
sensibilidade do Galvanômetro. Uma ligação para curto circuito existente num dos lados da caixa
permite a adaptação do regulador a medidas em sistemas de alta resistência interna(curto circuito
colocado) ou de baixa resistência interna(curto circuito desligado). A resistência tomada como
referência para ligação ou não do curto circuito é a resistência limite aperiódica do Galvanômetro.
73

Fig. 4.24 – Regulador de sensibilidade do Galvanômetro.

11 FONTE DE LUZ PARA O GALVANÔMETRO COM MATERIAL DE SUPORTE. (Fig.


4.25)

A fonte de luz projeta a imagem de sua fenda retangular sobre uma escala distante de 2,0m após
reflexão no espelho côncavo do Galvanômetro.
O soquete da lâmpada permite ajustar sua posição de modo a tornar nítida a imagem.
Um transformador alimenta a lâmpada.

Fig. 4.25 – Fonte de luz do Galvanômetro.

13 CAIXA DE RESISTENCIAS DE PRECISÃO (Fig. 4.26)

Caixa de resistências de 0,1 a 1111; classe de qualidade 0,2.


Em quatro secções foram montadas 16 resistências que se combinam pela introdução de presilhas.
Os limites de corrente das resistências são:
De 0,1 a 0,4: 1,2 A
De 1,0 a 4,0: 0,4A
De 10 a 40: 0,12A
De 100 a 400: 0,04A
74

Fig. 4.26 – Caixa de resistências.

14 CHAVE DE REVERSÃO

15 CHAVE SIMPLES

Apresentadas nas Figs. 4.27 e 4.28.


Girando-se a chave de reversão muda-se a ligação dos quatros bornes produzindo-se troca de
polaridade.

Fig. 4.27 – Chave de reversão.

Fig. 4.28 – Chave simples.

4.3.3 Funcionamento da montagem.

As Figs. (4.12), (4.13) e (4.14) mostram os circuitos a serem montados para as diversas medidas.
Na montagem I desejamos determinar a sensibilidade de corrente do Galvanômetro. Com este circuito,
ligando-se ou desligando-se a chave simples consegue-se introduzir pulsos de corrente no Galvanômetro.
Num primeiro estágio tais pulsos serão utilizados para estudos das características oscilatórias do
Galvanômetro sem ocorrência de corrente. Produz-se um pulso e desliga-se um dos contatos da
resistência Rs. O Galvanômetro oscila livremente amortecido pelo ar existente no interior de sua caixa. As
amplitudes sucessivas são registradas por observação da escala e o período é determinado.
Os princípios do item 4.2.2 serão então aplicados na análise dos dados desta parte de experiência.
Uma relação entre a constante de torsão do fio, o índice de viscosidade do ar e o momento de
inércia do Galvanômetro são obtidos (Eqs. 4.31 e 4.32).
Ligando-se agora a resistência Rs determina-se o valor da resistência limite aperiódica (Eq. 4.51).
Obtêm-se assim mais uma relação entre estas três grandezas.
75

Com o mesmo circuito estabelece-se um valor de R s de modo a ocorrer movimento oscilatório


amortecido (pág.71). Medidas do período e das variações de amplitudes são efetuadas. Com as expressões
correspondentes à nova situação, para o período e o decremento logarítmico, mais duas relações são
obtidas. Desse modo as três constantes citadas podem ser determinadas e o valor da resistência limite
aperiódica pode ser confirmado.
Ainda com o circuito da Fig. 4.14 determinaremos a constante de corrente do Galvanômetro.
Trata-se do valor de deflexão, observado na escala, e que corresponde a uma corrente conhecida. No
circuito, a resistência Rs deve ser conhecida. Com a medição do valor de V (cerca de 1,0V) e com o
conhecimento das resistências do divisor de tensão (R1= 1; R2= 1000) pode-se calcular o valor da
corrente que atravessa o Galvanômetro. Aplicada tal corrente de modo a produzir deflexão nos dois
sentidos (usa-se para isto a chave de reversão) de igual valor mede-se, tal deflexão e estabelece-se assim a
constante de corrente do Galvanômetro em A/mm/m.
A distância entre o centro do Galvanômetro e a escala deve ser de 2,0m. Distâncias maiores
aumentarão a precisão e se possível devem ser utilizadas.
Se, usando a chave de reversão não se conseguem deflexões iguais dos dois lados o parafuso de
regulagem da torsão existente na parte superior do aparelho deve ser utilizado. A calibração só deve ser
feita se cumprida tal condição. O potenciômetro P ajusta a tensão a ser aplicada ao divisor e pode-se
utilizar o reostato de 110.
A montagem II destina-se à calibração em Vs para impulsos transitórios de tensão. O esquema da
Fig. 4.12 mostra os valores das resistências a utilizar. O circuito é semelhante ao anterior exceto pela
introdução da chave Morse e do cronômetro elétrico. A caixa de resistências é substituída pelo reostato de
320. Um ajuste da voltagem a ser aplicada deve ser efetuado antes de cada medida. Para isto, desliga-se
o fio ligado ao ponto variável – do reostato de 320 e aperta-se a chave Morse: o valor de V indicado no
voltímetro pode ser regulado no reostato de 110. A chave simples pode ser colocada neste ponto do
circuito para permitir tal flexibilidade.
Durante a experiência, apertando-se a chave Morse a tensão pré-estabelecida aplica-se ao
Galvanômetro durante um intervalo de tempo conhecido. Observa-se para cada pulso de tensão uma
deflexão transitória cujo valor máximo é anotado.
Uma curva de calibração é obtida em termos de impulso (volts X segundos) e de deflexão
(mm/m). A função da indutância será esclarecida num tópico suplementar a seguir.
Finalmente com a montagem III, da Fig. 4.13 determinaremos a sensibilidade de carga do
Galvanômetro (Calibração em As para correntes transitórias). O circuito possui a mesma estrutura do
anterior com o divisor de voltagem formado pela caixa de resistência (1:100). O regulador de
sensibilidade é usado para conduzir o sinal ao Galvanômetro. Um resistor fixo (R 3) liga o divisor de
tensão ao regulador de sensibilidade (10000). Este possui em seu interior um potenciômetro (P) que
funciona como um novo divisor de tensão e um potenciômetro (R) que funciona como resistência limite
aperiódica. O potenciômetro (P) é ajustado pelo knob existente na parte superior e o potenciômetro (R)
por um parafuso na parte inferior. Um fusível de entrada protege os componentes e também o
Galvanômetro de excessos de corrente. A ponte de curto circuito é usada apenas quando o circuito
externo tem resistência maior que a resistência limite do Galvanômetro. Fixada a voltagem aperta-se a
chave Morse durante um intervalo de tempo, medido pelo cronômetro elétrico.
A corrente que circula pelo instrumento pode ser obtida por cálculo, através da fórmula:

0,01V
I
Rs Rg (4.52)
10000 
Rs  R g
onde: Rs = 320 = resistência limite aperiódica;
Rg = 30 = resistência interna ao Galvanômetro.

O produto dessa corrente pela duração da medida é o impulso de corrente ou carga (As). Com a
deflexão máxima determinada obtêm-se a calibração do Galvanômetro em As/mm/m.
76

4.4 Processo experimental.

4.4.1 Instruções sobre o cuidado com os instrumentos.

Os pontos críticos desta montagem são os seguintes:


a) Conferir criteriosamente os circuitos antes de aplicar sinais elétricos ao Galvanômetro (seu
mecanismo é delicado e qualquer excesso poderá danificá-lo);
b) Verificar a polaridade da bateria e do instrumento de medidas elétricas;
c) Colocar corrente as ligações da caixa de ligações do instrumento de medidas;
d) Selecionar adequadamente as funções (corrente contínua e alternada) e a escala (knob central)
da caixa de ligações (observe sua polaridade);
e) Estudar cuidadosamente a posição das ligações na caixa de resistências e respeitar seus limites
de corrente;
f) Cuidado especial na operação do cronômetro elétrico (não deve ser zerado ainda em
movimento);
g) Verificar os contatos da chave Morse (devem estar separados de, no máximo, 2mm);
h) Evitar choques no Galvanômetro ou em seus materiais de suporte;
i) Só destravar o mecanismo do Galvanômetro durante o tempo da aula (não aplicar sinais com
o mecanismo ainda travado);
j) Ajustar a focalização da imagem sem efetuar perturbações na estrutura de suporte do
Galvanômetro.

4.4.2 Procedimento experimental.

MONTAGEM I: Produzir um impulso no Galvanômetro através do circuito da Fig. 4.14 e


desligando-se a resistência Rs deixa-se o Galvanômetro oscilar livremente. Com o cronômetro elétrico
determina-se o período de oscilação e sua evolução ao longo das oscilações. Os valores devem ser
registrados na Tabela 4.1. As amplitudes sucessivas de um mesmo lado (aquela oscilação inicial) devem
ser registradas na Tabela 4.1. Para preenchimento da Tabela 4.1, o cronômetro deve ser ligado no
momento de ocorrência da primeira amplitude. A seguir, a cada amplitude do mesmo lado da inicial,
mede-se o tempo, sem interromper o cronômetro e registra-se a amplitude, no mesmo instante.

TABELA 4.1 – MONTAGEM I – DETERMINAÇÃO


DO PERÍODO E AMPLITUDES SUCESSIVAS
ORDEM POSIÇÃO (10-2M) TEMPO (SEG)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
77

A seguir, com a resistência Rs ligada, produzem-se pulsos no Galvanômetro e ajusta-se o seu valor
até obtenção da situação de amortecimento crítico. O valor de Rs correspondente à situação de
amortecimento crítico (resistência limite aperiódica) deve ser registrado na Tabela 4.2.

TABELA 4.2 –
DETERMINAÇÃO DA
RESISTÊNCIA LIMITE
APERIÓDICA

RS = 

Em seguida o valor de Rs deve ser aumentado para obtenção de movimento oscilatório


amortecido. Um pulso é agora produzido e medidas semelhantes às da Tabela 4.1 são efetuadas de modo
a preencher a Tabela 4.3. O processo de determinações das posições e dos tempos é o mesmo seguido
para preenchimento da Tabela 4.1.

TABELA 4.3 – MONTAGEM I – DETERMINAÇÃO DO


PERÍODO E AMPLITUDES SUCESSIVAS, OSCILAÇÕES
COM AMORTECIMENTO ELETRODINÂMICO E DO AR.
ORDEM POSIÇÃO (10-2m) TEMPO(seg)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10

Agora efetuam-se medidas para determinação da Constante de Corrente do Galvanômetro.


O desvio na escala deve ser determinado para diferentes valores da tensão aplicada, de modo a
preencher a Tabela 4.4. O valor de R s deve ser aquele que produz amortecimento crítico (Tabela 4.2).
Antes de iniciar as medidas é necessário verificar se as deflexões dos dois lados apresentam simetria.
Para isto, estabeleça uma voltagem de 1,0V e meça a deflexão dos dois lados com o uso da chave
de reversão. Girando-se o parafuso de regulagem de torsão consegue-se a simetria por tentativas.
Aplicam-se as voltagens indicadas na Tabela 4.4 e medem-se os desvios na escala colocada a 2,0m de
distância. Na Tabela 4.4 a voltagem indicada é aquela que resulta nos terminais da resistência R1. Aí,
devem ser assinalados os valores de V, em volts, lidos diretamente no voltímetro.

TABELA 4.4 – MONTAGEM I – DETERMINAÇÃO DA


CONSTANTE DE CORRENTE DO GALVANÔMETRO
(COM AMORTECIMENTO CRÍTICO).
ORDEM VOLTAGEM(10-3V) DESVIO(10–2m)
01 0,5
02 1,0
03 1,5
04 2,0
05 2,5
06 3,0
07 3,5
08 4,0
09 4,5
10 5,0
78

Para determinação da Constante da Corrente, as correntes correspondentes a tais voltagens podem


ser calculadas a partir dos valores do circuito da MONTAGEM I (Fig. 4.14).
O circuito deve ser agora transformado para a montagem II (Fig.4.12), para calibração em V s. Os
pulsos agora são produzidos durante intervalos de tempo breves apertando-se o contato da chave Morse.
Os valores devem ser registrados na Tabela 4.5.

TABELA 4.5 – MONTAGEM II – CALIBRAÇÃO DO GALVANÔMETRO


EM VOLTS – SEGUNDOS PARA VOLTAGENS TRANSITÓRIAS (COM
AMORTECIMENTO CRÍTICO E ESCALA AFASTADA DE 2,0M).
ORDEM VOLTAGEM (10-3m) TEMPO (seg) DESVIO (10-2m)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10

Os intervalos de tempo devem ser variados e inferiores a 0,50 seg. As voltagens indicadas na
TABELA 4.5 devem ser calibradas previamente conforme sugestão anterior (Pág.82: desligar a chave
simples introduzida no fio ligado ao ponto variável do reostato de 320; apertar a chave Morse e regular
o reostato de 110 para o valor de tensão desejado; soltar a chave Morse e ligar a chave simples).
Efetua-se agora a montagem da Fig. 4.13 (MONTAGEM III) para determinação da sensibilidade
de carga do Galvanômetro (Calibração em As). Impulsos de corrente são aplicados ao Galvanômetro
através do regulador de sensibilidade, o qual deve ter o potenciômetro (P) na posição máxima. Efetuam-se
medidas de modo a preencher a Tabela 4.6.

TABELA 4.6 – MONTAGEM III – CALIBRAÇÃO DO GALVANÔMETRO EM


AMPÉRES-SEGUNDOS PARA CORRENTES TRANSITÓRIAS (USANDO
AMORTECIMENTO CRÍTICO E ESCALA A 2,0M).
ORDEM VOLTAGEM(10-2V) TEMPO (seg) DESVIO (10-2m)
01 0,5
02 1,0
03 1,5
04 2,0
05 2,5
06 3,0
07 3,5
08 4,0
09 4,5
10 5,0

4.4.3 Análise experimental.

Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:

(1) – Por que, no Galvanômetro, só há linearidade entre o ângulo de giro e


a corrente da bobina para pequenos ângulos?
(2) – Demonstre a equação (4.4).
(3) - Demonstre que a equação (4.6) é solução da (4.5). Demonstre a
equação (4.6).
79

(4) – Demonstre as equações (4.11), (4.12), (4.14), (4.15), (4.17) e (4.18).


(5) - Demonstre as equações (4.22) e (4.23). Demonstre que a equação
(4.21) é solução da (4.20).
(6) – Demonstre a equação (4.25).
(7) – Demonstre as equações (4.26), (4.27) e (4.29).
(8) – Demonstre as equações (4.30), (4.31) e (4.33).
(9) – Demonstre as equações (4.34), (4.39) e (4.40).
(10) – Demonstre a equação (4.51) e explique por que o Galvanômetro deve
trabalhar na situação de amortecimento crítico.

Completando a análise experimental analise a Tabela 4.1 determinando o período e o decremento


logarítmico da amplitude através do método gráfico.
Analisando agora a Tabela 4.3 e juntamente com o dado da Tabela 4.2 determine a constante de
torsão do fio do Galvanômetro, o índice de amortecimento do ar e o momento de inércia do sistema do
Galvanômetro.
Analisando a Tabela 4.4, determine a constante de corrente do Galvanômetro, com a utilização de
gráfico.
Com as Tabelas 4.5 e 4.6, trace as curvas de calibração do Galvanômetro em Vs e em As e
determine as constantes nos dois casos.

Tópico suplementar: a finalidade da bobina no circuito da montagem II (Fig. 4.12).

Se compararmos as Figs. 4.12 e 4.13 (MONTAGENS II e III) notamos que a única diferença está
na colocação de uma bobina em série no circuito do Galvanômetro. No mais, a MONTAGEM III utiliza o
regulador de sensibilidade do Galvanômetro o qual incorpora uma série de componentes da
MONTAGEM II.
Contudo, é bem diversa a finalidade das duas montagens:
- Na II medimos, com as deflexões do Galvanômetro, os impulsos de tensão que recebe;
- Na III medimos, do mesmo modo, os impulsos de corrente que atingem o Galvanômetro.
Esta finalidade explícita da bobina de 100 espiras de área retangular: fazer com que os impulsos
de corrente que atingem o Galvanômetro representem os impulsos de tensão que lhe são aplicados.
Devido à defasagem que as indutâncias produzem nas correntes variáveis em relação à tensão consegue-
se tal efeito. Sem a bobina os impulsos de corrente atingem de imediato o Galvanômetro. Com a bobina
ocorre a defasagem e o impulso de corrente é defasado passando a corresponder ao impulso de tensão
aplicado ao circuito. A situação é um pouco complexa para compreensão por simples raciocínio porque
existe uma indutância na bobina do Galvanômetro que, por sua vez apresenta efeito semelhante. Para o
presente nível de discussão teórica consideremos apenas que a finalidade da bobina é possibilitar
deflexões acompanhando os impulsos de voltagem aplicados ao divisor de tensão do Galvanômetro.
80

5. Efeito Hall.

5.1 Preliminares.

Nas experiências iniciais relativas à corrente elétrica especulou-se muito sobre o sinal das cargas
em movimento no interior dos materiais. Os modelos atômicos estavam ainda sendo testados e não
mereciam, fato que prevalece até hoje, inteira confiança por parte dos pesquisadores. A considerar
exclusivamente o modelo clássico do átomo, com o núcleo positivo e a camada de elétrons nas órbitas,
chegava-se à conclusão lógica de que somente elétrons movimentavam-se num material onde era
produzida uma corrente elétrica. Tal propriedade, depois se soube, é valida no caso de metais ou
“condutores” genericamente classificados como tal. Entretanto, nos eletrólitos há movimento de íons
positivos e negativos e nos semicondutores ocorre deslocamento de “buracos” e não de elétrons. O
problema essencial de descobrir, mesmo com instrumentos sofisticados, o sinal dos portadores está
esquematizado na Fig. 5.1.

Fig. 5.1 – Portadores na corrente elétrica.

Temos uma fonte de corrente contínua alimentando uma resistência externa com um voltímetro,
em paralelo com a resistência, e um amperímetro em série. Conclui-se facilmente que tanto cargas
positivas em movimento para a direita, quanto negativas, para a esquerda fariam os instrumentos
apresentarem deflexões no sentido correto indicando o mesmo sentido para a corrente elétrica. Assim, por
este processo é impossível descobrir o sinal das cargas em movimento. A Fig. 5.2 mostra o caso de um
eletrólito com íons positivos e negativos.

Fig. 5.2 – Condução num Eletrólito.

Neste caso, os íons positivos são atraídos pelo eletrodo negativo e os negativos pelo eletrodo
positivo (uma solução de cloreto de sódio em água apresenta essa forma de condução). Numa primeira
análise poder-se-ia pensar que a corrente efetiva é nula. Entretanto, o amperímetro ligado ao circuito de
alimentação dos eletrodos acusa uma corrente a qual se deve à diferente mobilidade dos íons na solução e
a um mecanismo complicado de transporte de excesso de elétrons pelos íons e cuja análise foge ao escopo
deste trabalho. O caso dos semicondutores é ainda mais peculiar. Aí, o deslocamento é de regiões onde
existe ausência de elétrons e que se comportam, para todos os efeitos, como cargas positivas.
O efeito Hall, descoberto pelo pesquisador americano, E. H. Hall, em 1879, permite determinar o
sinal dos portadores de carga elétrica num material. O efeito aparece quando se aplica um forte campo
magnético transversal à direção de movimento das cargas. Pelo sinal da diferença de potencial transversal
que daí resulta, determina-se o sinal das cargas.
81

5.2 Fundamentos teóricos.

5.2.1 Corrente elétrica.

Nos condutores isolados, a carga interna efetiva é nula, não há campos elétricos internos, nem
movimento de cargas. A ocorrência de movimento efetivo de cargas no interior de um condutor há de ser
conseguida por uma fonte externa. Na Fig. 5.3 vemos uma situação típica.

Fig. 5.3 – Corrente elétrica.

Uma fonte de corrente contínua foi ligada a um condutor cilíndrico e produziu uma corrente i,
definida por:

dq
i (5.1)
dt

Para levar em conta a área de escoamento das cargas, define-se também a densidade da corrente
por:
i
j (5.2)
A

Onde A é a área que se apresenta ao fluxo de cargas.


De uma maneira geral pode-se escrever a relação:

i   j.d A (5.3)

O valor da corrente elétrica que determinada diferença de potencial consegue impor a um condutor
depende de vários fatores. A formação do campo elétrico no interior do material é “prejudicada” por uma
oposição caracterizada por uma propriedade específica chamada “resistividade” conforme a relação:

E
 (5.4)
j

A resistividade depende da massa dos portadores de carga, da velocidade média dos portadores, do
número de portadores por unidade de volume no material, da carga e do livre caminho médio para
movimentos no material. Uma relação que permite o cálculo da resistividade é:

mv
 (5.5)
nq 2 

Estabelecido o campo elétrico mo interior do condutor (Fig. 5.3) podemos demonstrar que, se os
portadores deslocam-se ao longo de l com velocidade v, temos:
82

i
v (5.6)
nqA

No caso de um condutor metálico n confunde-se com o número de átomos por unidade de volume
o qual pode ser obtido a partir da expressão:

dN 0
n (5.7)
M

Onde: d = massa específica;


N0 = número de Avogrado (6,0.1023 átomos/mol);
M = massa atômica.

5.2.2 Relações entre campo e potencial num campo elétrico uniforme.

A relação geral entre o campo elétrico e o potencial é do tipo:

E   gradV (5.8) ou V   E dl (5.9)


Contudo, a partir da eq. (5.9) observamos que há uma relação simples entre o campo elétrico e o
potencial quando o campo é uniforme:

V
E (5.10)
d

onde: d é a distância entre dois pontos onde calcula-se a diferença de potencial V.

5.2.3 Força elétrica sobre uma carga num campo elétrico uniforme.

Num campo elétrico uniforme uma carga elétrica sofre a ação de uma força dada por:

F  qE (5.11)

Tal força é constante e produzirá um movimento de aceleração constante se a carga estiver


inicialmente em repouso.

5.2.4 Força magnética sobre uma carga num campo magnético uniforme.

Num campo magnético uniforme uma carga elétrica em movimento sofre ação de uma força, de
origem magnética, dada por:

F  qv  B (5.12)

Sob a ação de tal força a carga terá um movimento complexo, de um modo geral.
Um caso particular clássico é aquele em que a velocidade de entrada na região do campo
magnético é perpendicular ao mesmo: teremos um movimento circular uniforme, sendo a força
simplificada para:
83

F  qvB (5.13)

5.2.5 Efeito Hall.

Imaginemos um condutor de forma retangular e pequena espessura, mostrado na Fig. 5.4, onde
flui uma corrente i.

Fig. 5.4 – Produção do Efeito Hall.

Um campo magnético, perpendicular ao plano da placa foi aplicado e produz sobre as cargas em
movimento uma força de origem magnética, Fm. Se as cargas em movimento forem positivas, a força será
“para a direita”, o mesmo ocorrendo com as negativas. Com a continuação do processo ocorre um
deslocamento das cargas, obedecendo ao sentido da força, conforme indicações da Fig. 5.5, (a) e (b).

Fig. 5.5 – Deslocamento das cargas.

Ocorre uma distribuição de cargas, “dinamicamente estável” que dá origem a um campo elétrico
transversal. Surge, então uma outra força, de origem elétrica, F e. Com a continuação do processo ocorre
um natural equilíbrio entre as forças elétrica e magnética. Atingida a situação de equilíbrio não há mais
deslocamento lateral de cargas e aparece uma diferença de potencial estável entre os lados da placa. Este
é o Efeito Hall.
84

Fig. 5.6 – Estabilização das cargas.

A diferença de potencial transversal pode ser calculada teoricamente, sendo dada por:

iBd
Vh  (5.14)
nqA

Onde: i = corrente que circula na placa, em A;


B = indução magnética em Weber/m2 ou Vs/m2;
d = largura da placa, e m;
n = número de portadores/volume, em m-3;
q = carga do portador, em C;
A = área transversal da placa, em m2.

5.2.6 Medida do Efeito Hall.

Um voltímetro instalado entre os pontos (1) e (2), conforme a Fig. 5.7 (a) pode medir a diferença
de potencial, devida ao Efeito Hall.

Fig. 5.7 (a) – Medida do Efeito Hall.

Fig. 5.7 (b) – Medida do Efeito Hall.


85

Nas medições um cuidado especial deve ser tomado: os pontos (1) e (2) devem estar numa secção
da placa perpendicular à direção da corrente. Se houver uma defasagem (x) entre tais pontos de ligação
teremos uma diferença de potencial adicional, devida à resistividade do material, dada por:

xi
V  (5.15)
A

Onde:
V = diferença de potencial devida à resistividade, em V;
 = resistividade do material em m;
x = defasagem entre os pontos (1) e (2), em m;
i = corrente que circula na placa, em A;
A = área transversal da placa, em m2.

Na prática, devido ao caráter microscópico do fenômeno é impossível garantir a perfeição da


ligação dos pontos (1) e (2). Usa-se, então, um artifício para possibilitar a medição do Efeito Hall. Num
dos pontos de ligação (2-Fig. 5.8) produzem-se duas ligações aproximadamente simétricas em relação ao
outro ponto. Tais ligações são conectadas a um circuito formado por duas resistências, uma variável e
uma fixa. Do centro da resistência variável obtêm-se o outro ponto para ligação ao voltímetro.

Fig. 5.8 – Artifício para compensar o potencial devido à resistividade.

A compensação do potencial devido à resistividade é realizada do seguinte modo:


- Liga-se a corrente na placa, porém, sem ligar o campo magnético;
- Ajusta-se a resistência variável até que o voltímetro indique zero;
- Liga-se o campo magnético: a diferença de potencial agora indicada corresponde
exclusivamente ao Efeito Hall.
86

5.2.7 Bibliografia recomendada.

Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes
textos:

- Halliday - Resnick (David, Robert) Física, Vol. II.1, Capítulo 31( item 31.1 e 31.2), Capítulo
33( item 33.5).

- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. II, Exemplo resolvido
15.2.

- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2, Capítulo 34 e Capítulo 36 ( item 36.5).

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.) Física, Eletricidade, Magnetismo e Tópicos de


Física Moderna; Capítulo 38 (item 38.2).

- Curso de Física de Berkeley, vol.2, Eletricidade e Magnetismo (diversos autores); Capítulo 6


(item 6.9).

- Feynman, Leighton, Sands (Richard P., Robert B., Matthew): The Feynman Lectures on
Physics, Vol. 3, Quantum Mechanics, Capítulo 14 (item 14-3).

- Kittel (Charles): Introdução à Física do Estado Sólido, Capítulo 6.

- Cabral (Luiz G. S.): Processo de Análise Gráfica e Numérica(Gráfica UNICAP)

Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
87

5.2.8 A técnica de análise gráfica e numérica.

Utilizaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica,


conforme citação do item anterior. É imprescindível o conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do
início do trabalho em laboratório.

5.3 Experiência.

A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser vista na Fig. (5.9). Outros circuitos serão
utilizados e estão indicados na Fig. 5.10 e 5.11. As três montagens incluem os seguintes dispositivos e
equipamentos:

5.3.1 Relação de material.

Fig. 5.9 – Montagem do Efeito Hall

01 – Transformador 250 x 250 espiras com peças polares perfuradas.


02 – Dispositivo para medição do potencial devido ao Efeito Hall.
03 – Fonte de alimentação de baixa tensão.
04 - Transformador de 500 x 46 espiras com retificador, 10A.
05 - Transformador 1000 x 46 espiras com retificador, 20A.
06 – Galvanômetro de espelho.
07 – Regulador de sensibilidade para o Galvanômetro de espelho.
88

Material adicional da Fig. 5.10/11.

Fig 5.10 – Montagem para determinação do campo magnético.

Fig. 5.11 – Montagem para medida do potencial ao Efeito Hall.

08 – Bateria.
09 – Potenciômetros 110/320.
10 – Interruptor simples.
11 – Instrumento de medida com caixa de ligações.
12 – Resistências de 1, 1K, 10K.
13 – Cronômetro elétrico.
14 – Dispositivo preceptor de tempo para o cronômetro elétrico.

5.3.2 Características e especificações do material.

01 – TRANSFORMADOR 250 X 250 ESPIRAS COM PEÇAS POLARES PERFURADAS (Fig.


5.9).

As peças polares são montadas no núcleo do transformador e fixadas através de garras por
intermédio de parafusos, os quais devem ficar rigidamente apertados. Na montagem deve haver
perfeita simetria. A ligação das duas bobinas de 250 espiras, as quais admitem uma corrente
89

máxima de 5A sob a carga permanente, deve ser efetuada de modo a ocorrer adição de efeitos
magnéticos conforme indicações da Fig. 5.9. Na experiência tais bobinas serão submetidas a uma
corrente de 10A e isto só deverá ser feito durante os breves intervalos de tempo requeridos para
efetivação de medidas.

02 – DISPOSITIVO PARA MEDIÇÃO DO POTENCIAL DEVIDO AO EFEITO HALL.

(Fig. 5.12) O dispositivo consiste numa placa retangular de prata, ligada conforme indicações da
Fig. 5.8. As dimensões da placa são:

Largura = 20 mm (d)
Comprimento = 65 mm
Espessura = 0,050 mm

Fig. 5.12 – Dispositivo do Efeito Hall.

A placa, o potenciômetro e demais acessórios podem ser colocados convenientemente no núcleo


do transformador conforme mostra a Fig. 5.9. Através de 4 bornes pode-se ligar a corrente à placa
ou colher a diferença de potencial devida ao Efeito Hall.

03 – FONTE DE ALIMENTAÇÃO DE BAIXA TENSÃO.

Fig. 5.13 – Fonte de corrente contínua.


90

Fornece diversas tensões contínuas ou alternadas e será utilizada na alimentação da corrente


principal na placa do dispositivo do Efeito Hall (Fig 5.13). Nas diversas saídas de tensão, admite
correntes máximas de 10A mas, para tensões inferiores a 5,4V, admite corrente de 20A (necessária
para obtenção do efeito).

04 - TRANSFORMADOR DE 500 X 46 ESPIRAS COM RETIFICADOR, 10A.

05 - TRANSFORMADOR 1000 X 46 ESPIRAS COM RETIFICADOR, 20A.

(Fig. 5.14) Transformadores com diversas derivações no secundário, na bobina de 46 espiras.

Fig. 5.14 – Transformador e retificador.

Com a bobina primária de 500 espiras temos uma saída total de 20V, em etapas de 2V, corrente
máxima de 10A (podendo ser utilizado o conjunto para alimentação das bobinas de 250 espiras na
Fig. 5.9).

06 – GALVANÔMETRO DE ESPELHO.

07 – REGULADOR DE SENSIBILIDADE PARA O GALVANÔMETRO DE ESPELHO.

(Fig. 5.15) Ligado através do regulador de sensibilidade (Fig. 5.16) determinará impulsos de
tensão através da observação do desvio do raio luminoso proveniente de uma fonte. Terá de ser
calibrado para determinação do campo magnético e para medição do potencial devido ao Efeito
Hall. Os procedimentos para sua utilização serão abordados oportunamente. A escala para leituras
– deve ser colocada a 2,0m do eixo do Galvanômetro. A fonte de luz deve ser ajustada para
formação de imagem nítida de uma fenda retangular na escala. Isto se consegue fazendo surgir no
espelho parabólico – do Galvanômetro uma imagem nítida do filamento da lâmpada e deslocando
o soquete até cerca de 30cm de afastamento do espelho.
91

Fig. 5.15 – Galvanômetro.

Fig. 5.16 – Regulador de sensibilidade do Galvanômetro.

08 - BATERIA

(Fig. 5.17) Bateria 9V.

Fig. 5.17 – Bateria.

09 - POTENCIÔMETRO 110/320

(Fig. 5.18) Resistência variável entre 0 a 110, admitindo carga máxima de 2,5A. (320 - 1,5A).
Entre os bornes inferiores o valor da resistência é fixa e igual ao valor nominal. Entre qualquer borne
inferior e o superior (vermelho) a resistência depende da posição do cursor.
92

Fig. 5.18 - Potenciômetro.

10 – INTERRUPTOR SIMPLES.

Fig. 5.19. Para evitar desgaste prematuro de seus contatos deve ser sempre ligado, nesta
experiência, no lado primário dos transformadores.

Fig. 5.19 – Interruptor simples.

11 – INSTRUMENTO DE MEDIDA COM CAIXA DE LIGAÇÕES.

Instrumento para medida de correntes contínuas, até 300A ou 60mV. Com o shunt (Fig. 5.20)
sua escala fica ampliada para 30A e será como tal utilizado para determinar as correntes da placa e
do campo magnético (Fig. 5.9).

Fig. 5.20 – Instrumento de medidas com shunt para 30A.

Com a caixa de ligações (Fig. 5.21) tem duas possibilidades de medidas ampliadas para:
Escalas de corrente (CC ou CA): 300A; 0,003A; 0,03A; 0,3A; 3A e 6V.
Escalas de tensão (CC ou CA) 60mV, 3V, 15V, 30V, 150V, 300V, 600V.
93

Selecionada a escala (tensão ou corrente e valor) e o tipo de sinal (contínuo ou alternado) o valor
indicado na caixa corresponde ao valor máximo da deflexão à direita do ponteiro do instrumento de
medida.

Fig.5.21 – caixa de ligações.

12 – RESISTÊNCIAS DE 1 E 10, 4W, 2% (Fig. 1.15).

Fig.5.22 – Resistências.

13 - CRONÔMETRO ELÉTRICO.

(Fig. 5.23) Possui um motor síncrono de baixa rotação acoplado através de uma embreagem
magnética ao sistema de redução de velocidade que leva aos ponteiros (o maior indica, segundos,
o menor, centésimos de segundo). A chave da esquerda faz o dispositivo funcionar como relógio.
A da direita aciona-o como cronômetro através da ligação dos bornes. Quando o contato é fechado
em ambos, o cronômetro funciona.
94

Fig. 5.23 – Cronômetro Elétrico.

14 – DISPOSITIVO PRECEPTOR DE TEMPO PARA O CRONÔMETRO ELÉTRICO.

Fig. 5.24 – Dispositivo preceptor de tempo do cronômetro.

(Fig. 5.24) Ligado ao cronômetro elétrico em seus bornes frontais permite preestabelecer os
intervalos de tempo de funcionamento do cronômetro. Acionado através de um botão frontal sob
pressão faz funcionar o cronômetro até que o ponteiro pequeno faça abrir seu circuito ao passar no
interruptor externo. Nos bornes do preceptor temos dois contatos permanentemente fechados ( e
que abrem na situação acima descrita) e dois contatos permanentemente abertos ( e que fecham na
situação descrita anteriormente, ou seja, pressionando o botão do dispositivo). Será utilizado na
calibração do Galvanômetro em Vs, na Fig. 5.10.
Na utilização de tais dispositivos e equipamentos deve-se atentar especialmente com os cuidados
quanto à adequada operação. É lamentável e constrangedora, a danificação de componentes
dispendiosos por operação descuidada ou indevida.
95

5.3.3 Funcionamento da montagem.

O dispositivo para estudo do Efeito Hall é montado no núcleo do transformador conforme


esquematização da Fig. 5.9. A fonte de corrente contínua de baixa tensão fornece a corrente da placa
(20A). Um transformador (500 X 46), com retificador (10A), alimenta a corrente das bobinas (250) que
formam o campo magnético através do núcleo e das peças polares perfuradas. A tensão resultante devida
ao Efeito Hall é determinada pelo Galvanômetro de espelho com regulador de sensibilidade (a peça de
curto-circuito não é utilizada).
Para determinar o campo magnético usa-se a montagem da Fig. 5.10 sendo necessário calibrar
previamente o Galvanômetro em Vs.
Para determinar a voltagem devido ao Efeito Hall usa-se o circuito da Fig. 5.11 sendo necessário
antecipadamente calibrar o Galvanômetro aplicando uma voltagem conhecida através de um divisor de
tensão. Na determinação da voltagem devido ao Efeito Hall é necessário inicialmente centralizar a ligação
dos terminais à placa. Isto se consegue através do potenciômetro existente no dispositivo e que tem essa
finalidade. Na utilização do regulador de sensibilidade do Galvanômetro deve-se tomar cuidados
especiais. O potenciômetro de regulagem da resistência crítica de amortecimento (existente na parte
inferior da caixa do regulador) deve estar na posição de limite aperiódico (deve-se verificar
experimentalmente introduzindo pulsos ao Galvanômetro e observando a evoluções das oscilações). O
arco de curto circuito deve ser retirado pois trata-se de medição a partir de uma fonte de baixa
impedância. O botão de regulagem da sensibilidade deve estar a 2/3 de seu curso para melhor
funcionamento e precisão (sem o curto-circuito, esse botão também influi no valor da resistência crítica
de amortecimento).

5.4 Processo experimental.

5.4.1 Instruções sobre os cuidados com os instrumentos.

Os pontos críticos desta montagem são os seguintes:

a) As correntes de 20A (da placa) e 10A (das bobinas) excedem os limites de capacidade permanente
dos dispositivos e só devem ser ligadas durante os pequenos intervalos de tempo necessários à
medição;
b) As polaridades de ligação de instrumentos de medida aos circuitos devem ser cuidadosamente
respeitadas. Devido às altas correntes que ocorrerão qualquer descuido neste aspecto poderá ser
fatal aos equipamentos.
c) Não se deve zerar o cronômetro elétrico com o mesmo ainda em rotação. Isto certamente
danificará seu mecanismo interno.
d) Cuidado com os contatos dos transformadores. Nos enrolamentos primários a tensão é de 220V.
e) O aterramento de um dos terminais do dispositivo do Efeito Hall é indispensável para melhor
qualidade e segurança das medidas e deve ser efetuado conforme sugere a Fig. 5.11.
f) Os interruptores simples que ligam as altas correntes devem sempre ser colocados nos lados de
alta tensão dos transformadores.
g) Não esquecer a colocação do shunt de 30A nos instrumentos de medida quando utilizados como
amperímetros na Fig. 5.9. Do mesmo modo, não esquecer a ligação correta da caixa de ligações,
selecionando adequadamente a função (contínua ou alternada) e a escala.
96

5.4.2 Procedimento experimental.

Determinação do campo magnético formado pelas bobinas de 250 espiras.


(1) – Monte o circuito da Fig. 5.10. Trata-se de um circuito para calibração do Galvanômetro em
Vs. O campo magnético, normalmente expresso em Weber/m2 no sistema MKS, pode também ser escrito
na unidade Vs/m2 que é equivalente.
No circuito, quando ligamos a corrente nas bobinas do transformador e até que tal corrente se
estabilize, surge um pulso de tensão (fem induzida – Lei de Faraday) no fio enrolado em torno do núcleo
(peça polar perfurada). Se t é o tempo entre o instante de ligação até a estabilização da corrente, pode-se
mostrar que:

Vt
B (5.16)
A

Tal impulso de tensão pode ser medido pelo Galvanômetro desde que seja previamente calibrado.

(2) – Calibre o Galvanômetro em Vs. O circuito da Fig. 5.10 tem também essa finalidade. No
potenciômetro de 110 regula-se uma tensão com valor estabelecido na Tabela 5.1. Estabelece-se um
tempo qualquer (0,25 seg – Tabela 5.1) deslocando-se a chave móvel do preceptor de tempo do
cronômetro. Verifica-se se o Galvanômetro está nivelado e destravado (alavanca existente na parte
frontal) e se a imagem da fonte de luz (uma fenda retangular) encontra-se nítida na escala a 2,0m.
Apertando-se o botão do preceptor de tempo observa-se a deflexão máxima do sinal luminoso na escala,
registrando-se o valor na Tabela 5.1.

TABELA 5.1 – CALIBRAÇÃO DO GALVANÔMETRO EM


Vs PARA O EFEITO HALL.
INTERVALO DE TEMPO CONSTANTE 0,25s.
ORDEM VOLTAGEM (10-3 V) DESVIO (10-2 m)
01 0,5
02 1,0
03 1,5
04 2,0
05 2,5
06 3,0
07 3,5
08 4,0
09 4,5
10 5,0

O potenciômetro de 320 serve como resistência externa crítica de amortecimento para o


Galvanômetro, que deve sempre trabalhar em tal situação. O valor de tal resistência é realmente de 320
porém poderá ser necessário um ajuste. Quando da ocorrência do primeiro pulso (medida nº1) deve-se
verificar o comportamento do sinal luminoso e regular este potenciômetro se necessário.

(3) – Determine a Indução Magnética para o corrente de 10A. Deve-se agora manter o mesmo
circuito apenas para garantir os valores de calibração do item anterior. O Galvanômetro deve ser zerado
na sua escala, nivelado e destravado. Liga-se o interruptor simples do primário do transformador que
alimenta as bobinas e observa-se a deflexão máxima do Galvanômetro. Essa deflexão, com base na
Tabela 5.1 e na equação 5.16 permite calcular o valor de B. A área é de 16 cm 2 (núcleo magnético das
peças polares).
97

CALIBRAÇÃO DO GALVANÔMETRO PARA MEDIR A TENSÃO DEVIDA AO EFEITO HALL.

(4) – Monte o circuito da Fig. 5.11. Estabeleça uma voltagem conhecida através do potenciômetro
(110 ohms) conforme valores da Tabela 5.2. Coloque o controle de sensibilidade regulador a 2/3 do seu
curso e produza um pulso através do interruptor simples para verificar se ocorre amortecimento crítico.
Em caso contrário, deve-se ajustar o potenciômetro interno do regulador de sensibilidade (parte inferior
de sua caixa). O Galvanômetro deve ser previamente zerado, nivelado e destravado (a escala colocada a
2,0m e a imagem nítida). Liga-se então permanentemente o interruptor simples e observa-se a deflexão
final do Galvanômetro para cada voltagem indicada na Tabela 5.2. Esta tabela serve de calibração do
Galvanômetro para medir as voltagens que ocorrerão quando existir o Efeito Hall no dispositivo.

TABELA 5.2 – CALIBRAÇÃO DO GALVANÔMETRO EM


V, PARA O EFEITO HALL.
ORDEM VOLTAGEM (10-4 V) DESVIO (10-2 m)
01 1,0
02 2,0
03 3,0
04 4,0
05 5,0
06 6,0
07 7,0
08 8,0
09 9,0
10 10,0

DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL DEVIDA AO EFEITO HALL.

(5) – Na mesma montagem da Fig. 5.11 efetue inicialmente o ajuste da posição do contato na
placa (compensação da queda de tensão devida à resistividade). Sem estabelecer o campo magnético,
ligue a corrente de 20A na placa (a partir da fonte de alimentação). Se houver desvio do raio luminoso do
Galvanômetro (estará ocorrendo queda de potencial devido ao efeito da resistividade) ajuste o
potenciômetro do dispositivo do efeito Hall até eliminar tal deslocamento. Agora ligue o campo
magnético e a corrente simultaneamente e meça o desvio final do raio luminoso. Nestas duas etapas as
correntes altas devem ser ligadas apenas por breves instantes de tempo, apenas o necessário para a
efetivação das medidas. Não deve ocorrer aquecimento excessivo de componentes e condutores. O valor
da deflexão observada, juntamente com os dados da Tabela 5.2 permite calcular o potencial devido ao
Efeito Hall. Para comprovação do resultado pode-se, por exemplo, calcular com a equação 5.14, o
número de portadores por unidade de volume da prata e confirmar com o mesmo valor obtido pela
equação (5.7). Não se encontrando uma razoável coincidência, as medidas devem ser cuidadosamente
repetidas e os cálculos criteriosamente analisados.

5.4.3 Análise experimental.

Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
1) Analise as equações 5.4 e 5.5.
2) Estabeleça a diferença entre v (Eq. 5.5.) e v (Eq. 5.6).
3) Demonstre a eq. 5.6.
4) Demonstre a eq. 5.7.
5) Demonstre que as eqs. 5.8 e 5.9 são equivalentes.
6) Por que, na Fig 5.5, as cargas não saem da carga?
7) Por que a distribuição de cargas da Fig. 5.6 foi chamada de “dinâmicamente estável”?
i. Explique a distribuição de cargas da Fig. 5.6 (a) e (b).
98

ii. Porque há equilíbrio entre as forças de origem elétrica e magnética na Fig. 5.6?
8) Demonstre que as eqs. 5.14 e 5.15
9) Explique o procedimento da pág .94. Por que usam-se duas resistências na Fig. 5.8?
10) Demonstre a eq. 5.16.

Completando a análise experimental, efetue o seguinte:

(a) – com os dados da Tabela 5.1, determine a constante de calibração do Galvanômetro, em V s,


nesta experiência;
(b) - com os dados da Tabela 5.2, determine a constante de calibração do Galvanômetro, em V,
nesta experiência;
(c) – Determine o potencial devido ao Efeito Hall e calcule usando a equação 5.14 o número de
portadores de carga por unidade de volume;
(d) - Determine o número de portadores de carga por unidade de volume usando a equação 5.7;
(e) – Compare os resultados dos itens (c) e (d) e explique suas conclusões;
(f) – Responda: examinando os acontecimentos e as características desta experiência podemos
afirmar que o sinal dos portadores de carga, na prata, é negativo?
99

6. Constante dielétrica.

6.1 Preliminares.

Os capacitores constituem dispositivos que utilizam a propriedade medida pela constante


dielétrica em seu funcionamento. Capacitores ou condensadores são usados principalmente nas seguintes
aplicações:
- Retificação de correntes alternadas;
- Circuitos oscilantes;
- Correção do fator de potência;
- Circuitos elétricos e eletrônicos em geral.
Nos dispositivos controladores de tempo (acendimento automático de lâmpadas, desligamento de
aparelhos eletrodomésticos ou industriais, etc), nos equipamentos de “som” (órgãos eletrônicos,
equalizadores, reverberadores, etc) ou em lâmpadas fluorescentes temos aplicações relevantes de
capacitores. Os capacitores podem ser fixos (capacidade imutável) ou variáveis. As variações de
capacidade são geralmente obtidas por mudanças na geometria do dispositivo. Mudanças no dielétrico
também podem alterar a capacidade.
Na experiência, analisaremos tais aspectos e determinaremos capacidades e constantes dielétricas.
Usaremos o método balístico de determinação de cargas tratado anteriormente para o Galvanômetro
Balístico e aplicado agora com um amplificador linear.

6.2 Fundamentos teóricos.

6.2.1 Capacidade.

Vemos na Fig. (6.1) um objeto carregado próximo a um neutro (a).

Fig. 6.1 – Carregamento por indução.

Em (b) foram ligados por fio e ocorreu a transferência de cargas. O deslocamento cessa quando há
equilíbrio entre as forças envolvidas (c) ou, mais precisamente quando há equilíbrio no “potencial”. Em
(d) um outro objeto, também condutor é colocado nas proximidades porém sem contato elétrico. A
presença de cargas induzidas no terceiro corpo provocou um desequilíbrio na situação anterior
promovendo a transferência de mais cargas. Como resultado efetivo observamos que a simples presença
de um corpo nas proximidades de outro aumenta sua “capacidade” de “armazenar” cargas elétricas.
100

Se chamarmos de V, o potencial que promoveu a transferência de cargas e de Q a carga transferida


no processo, obtemos a capacidade com a expressão:

Q
C (6.1)
V

Esta fórmula evidencia as conclusões intuitivas que poderíamos deduzir da análise lógica do
fenômeno. Se um sistema de condutores consegue armazenar ou transferir grande quantidade de cargas
sob ação de uma pequena diferença de potencial, concluímos que possui grande capacidade. O mesmo
ocorre no caso inverso: se, apesar de uma grande diferença de potencial há pequena transferência de
cargas dizemos que o sistema tem pequena capacidade. Duas observações importantes devemos ressaltar:
- Conclui-se pela vantagem em usar sistemas duplos de corpos se o objetivo é obter grande
capacidade;
- A capacidade, definida em termos de carga e potencial não depende diretamente de tais
grandezas mas, é função de propriedades físicas e geométricas dos sistemas considerados.
Esta última observação será evidenciada no próximo item.

6.2.2 Capacitor de placas paralelas.

Temos na Fig. (6.2) um capacitor de placas paralelas e planas de iguais dimensões, carregado por
uma bateria e em situação de equilíbrio.

Fig. 6.2 – Capacitor de placas paralelas.

Se A é a área das placas e d a separação entre elas, pode-se mostrar que:

0 A
C (6.2)
d

 0 é uma constante de proporcionalidade denominada de “permissividade no vácuo”, valendo:

8,85.10 12 C 2 / Nm 2

Esta equação mostra que a Capacidade depende essencialmente da geometria e das propriedades
físicas do sistema. Aumentando a área, diminuindo a separação entre as placas ou aumentando a
permissividade pela colocação de um material “dielétrico” entre as placas pode-se aumentar a capacidade.
Os três artifícios têm inconvenientes e limitações:
- Aumentos de área produzem maior dispersão do campo elétrico nas bordas o que compromete
a validade da eq. (6.2) fazendo surgir fatores de correção que diminuem a efetividade do
acréscimo na superfície;
101

- Diminuição na separação entre as placas; podem ocorrer descargas principalmente se for


pequena a rigidez dielétrica do meio (valor do campo que produz descarga);
- Aumentos da permissividade (ou mudança na constante dielétrica) são contidos pelas
propriedades físicas dos materiais.

6.2.3 Dielétricos.

Dielétricos são materiais isolantes (ou mau condutores) que apresentam polarização em suas
moléculas na presença de um campo elétrico externo. A Fig. 6.3 mostra o mesmo capacitor de placas
paralelas da Fig 6.2 porém, com um dielétrico entre as placas.

Fig. 6.3 – Capacitor com dielétrico.

Tal figura deve ser encarada como uma continuação da anterior. Imaginemos que o capacitor foi
carregado (Fig. 6.2) e atingiu o equilíbrio. Mantendo a fonte ligada introduzimos o dielétrico, que, então,
polariza-se. As moléculas polarizadas orientam-se conforme indicação da Fig. (6.3). Agora não há mais
equilíbrio entre a diferença de potencial das placas e da fonte. A presença de cargas negativas polarizadas,
nas proximidades da placa positiva diminui-lhe o potencial. A placa negativa tem o seu potencial
aumentado pela presença das cargas positivas da polarização. A diferença de potencial entre as placas
efetivamente diminui e ocorre mais transferência de cargas até que se restabeleça o equilíbrio. O sistema,
portanto, consegue armazenar mais cargas, sob ação da mesma diferença de potencial, quando há um
dielétrico entre as placas. Há, então, aumento de capacidade pela introdução do dielétrico.

A capacidade do capacitor, com dielétrico, é:

k 0 A
C (6.3)
d

Onde: k = constante dielétrica.

Um caso interessante surge quando colocamos dielétricos diferentes num mesmo capacitor (Fig
6.4). Neste caso:

2 0 A  k1 k 2 
C   (6.4)
d  k1  k 2 
102

Fig. 6.4 – Associação em “série”.

No caso da Fig. (6.5):

 0 A  k1  k 2 
C   (6.5)
d  2 

Fig. 6.5 – Associação em “paralelo”.

A Tabela 6.1 mostra valores de constantes dielétricas e da rigidez dielétrica para vários materiais.

6.2.4 Correções na fórmula da capacidade.

Dois efeitos especiais não são considerados normalmente na dedução da eq. (6.3):
- Dispersão do campo elétrico nas bordas das placas;
- Dispersão do campo elétrico devido à proximidade da base do capacitor.

Tais efeitos tendem a aumentar a capacidade conforme indicações da Tabela 6.2.

TABELA 6.1 – CONSTANTE DIELETRICA E RIGIDEZ DIELETRICA DE ALGUNS


MATERIAIS ISOLANTES (18 a 20ºC).
CONSTANTE RIGIDEZ
ORDEM SUBSTÂNCIA DIELÉTRICA DIELÉTRICA
(CGSE) (KV/MM)
01 Água 78
02 Ar 1,0054 0,8
03 Asbesto 2
04 Baquelite 4 – 4,6 10 – 40
05 Bióxido de titânio 100 6
06 Papel 3,5 14
07 Quartzo fundido 3,8 8
08 Vidro pirex 4,5 13
09 Polietileno 2,3 50
10 Teflon 2,1 60
11 Neoprene 6,9 12
12 Óleo piranol 4,5 12
13 Óleo de transformador 2,24 12
103

Continuação da TABELA 6.1 – CONSTANTE DIELETRICA E RIGIDEZ DIELETRICA


DE ALGUNS MATERIAIS ISOLANTES (18 a 20ºC).
CONSTANTE RIGIDEZ
ORDEM SUBSTÂNCIA DIELÉTRICA DIELÉTRICA
(CGSE) (KV/MM)
14 Porcelana comum 7 5,7
15 Cera de abelha 2,8 – 2,9 20 – 35
16 Bétula, seca 3–4 40 – 60
17 Betumem 2,6 – 3,3 6 – 15
18 Cerbolita, plástica. 10 – 14,5
19 Celulóide 3–4 30
20 Ebonite, borracha plástica. 4 – 4,5 25
21 Eskapon 2,7 – 3 36
22 Madeira aglomerada, seca 2,5 – 8
23 Fluoplástico 2,5 – 2,7 2–6
24 Getinax (isol. laminado) 5 – 6,5 10 – 30
25 Vidro comum 4 – 10 20 – 30
26 Cola Guta 4 15
27 Mármore 8 – 10 6 – 10
28 Malacacheta (tipo de mica) 4,5 – 8 50 – 200
29 Flogopita (outro tipo de mica) 4 – 5,5 60 – 125
30 Parafina 2,2 – 2,3 20 – 30
31 Plexigas 3,0 – 3,6 18,5
32 Polistireno 2,2 – 2,8 25 – 50
33 Cloreto de Polivinil (res) 3,1 – 3,5 50
34 Porcelana (elétrica) 6,5 20
35 Madeira prensada, seca 3–4 9 – 12
36 Porcelana (eletrônica) 6,0 15 – 20
37 Breu 3,5
38 Borracha, macia 2,6 – 3 15 – 25
39 Goma laca 3,5 50
40 Seda, natural 4–5
41 Ardósia 6–7 5 – 14
42 Textolite 7 2–8
43 Ticond, cerâmica 25 – 80 15 – 20
44 Ultraporcelana (cerâmica) 6,3 – 7,5 15 – 30
45 Vinil, plástico. 4,1 15

TABELA 6.2 – CAPACIDADE TEÓRICA E VALORES DE CORREÇÃO A


ACRESCENTAR, EM FUNÇÃO DA SEPARAÇÃO ENTRE AS PLACAS.
ORDEM SEPARAÇÃO (mm) CAPACIDADE TEÓRICA (pF) CORREÇÃO (pF)
01 1,00 463,0 21,5
02 2,00 231,5 20,0
03 3,00 154,3 19,0
04 4,00 115,7 18,5
05 5,00 92,6 18,0
06 6,00 77,0 18,0
07 8,00 57,8 17,0
08 10,00 46,3 16,5
09 20,00 23,1 15,0
10 40,00 11,5 14,0
104

6.2.5 O princípio do nônio.

Para medição precisa da separação entre as placas, o Capacitor que utilizaremos possui um
“nônio”. Através de um parafuso desloca-se um cursor diante de uma escala. O mesmo parafuso aciona
igualmente o deslocamento das placas. A escala é usada para determinação da separação entre as placas
(Fig. 6.6). As escalas normais de nônios apresentam a distância correspondente a 9 divisões da escala
principal dividida em 10 partes iguais (Fig. 6.6-a).
No caso da medida de um comprimento (uma barra, por exemplo, Fig. 6.6-b), o nônio permite
estabelecer facilmente a fração entre duas unidades da escala principal. Para efetivação da medida
procura-se um traço do cursor que coincida com qualquer traço da escala principal.
É fácil compreender que a fração X pode ser calculada por:

X = 4,0 – 4 x 0,9 = 0,4 mm.

A medida do comprimento da barra é, então:

5,4 mm

Fig. 6.6 – Nônio.

No dispositivo a ser usado, o nônio apresenta ligeira diferença em relação ao que descrevemos. É,
contudo, fácil de deduzir a nova fórmula para sua utilização.
105

6.2.6 Bibliografia recomendada.

Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes
textos:

- Halliday-Resnick: Física II, Vol. I, Capítulo 30, destacando os itens 30.1, 30.2 e 30.3.

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Física, Eletricidade, Magnetismo e Tópicos de


Física Moderna, Vol. 3; Capítulo 34, destacando os itens 34.1, 34.2, 34.5, 34.6, 34.7 e 34.8.

- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2: Capítulo 33, destacando os itens 33.1, 33.2, 33.3 e 33.6.

- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. II, Capítulo 16,
destacando o item 16.8.

- Kraus-Carver (John D. – Keith R.): Eletromagnetismo; Capítulo 2, destacando o item 2.21,


Capítulo 7, destacando o item 7.3 e o 7.14.

- Martins (Nelson): Introdução à teoria da eletricidade e do magnetismo; Capítulo 5, destacando


os itens 5.1, 5.2, 5.3, 5.4, 5.10, 5.12, 5.13, 5.14 e 5.15.

- Wajntal – Oliveira – Cavallari – Ocaña Zangari – Talpe (Wiktor Antonio de – Euclydes –


Richard – Jan): Curso de Física de Berkeley, volume 2, Eletricidade e Magnetismo; Capítulo
3, destacando o item 3.5; Capítulo 9, destacando os itens 9.1, 9.5, 9.6, 9.7, 9.8 e 9.9.

- Feynman, Leighton, Sands (Richard P., Robert B., Matthew): The Feynman Lectures on
Physics, Vol. 2, Capítulo 6, destacando o item 6.10; Capítulo 8, destacando o item 8.2.

Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
106

6.2.7 A técnica de análise gráfica e numérica

Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica


desenvolvida em Processo de Análise Gráfica e Numérica (Ver Bibliografia Recomendada). É
imprescindível o conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.

6.3 Experiência.

A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser identificada na Fig. 6.6 E 6.7. Consta
dos seguintes dispositivos e equipamentos:

Fig. 6.6 – MONTAGEM I.

Fig 6.7 – MONTAGEM II.

Fig 6.8 – MONTAGEM III.


107

6.3.1 Relação de material.

01 – Fonte de alimentação universal.


02 – Voltímetro eletrostático, de 1KV.
03 – Capacitor de placas paralelas.
04 – Instrumento de medidas.
05 – Caixa de ligações para o instrumento de medidas.
06 – Amplificador Linear com cabo coaxial.
07 – Instrumento de medidas acoplado ao Amplificador Linear.
08 – Fonte de alimentação de alta tensão.
09 – Voltímetro eletrostático, de 4KV.
10 – Resistor de 100M (02).
11 – Galvanômetro.
12 – Regulador de sensibilidade para o Galvanômetro.
13 – Dispositivo de iluminação para o Galvanômetro.

A montagem III, Fig. (6.8) constitui uma alternativa da montagem II, Fig. (6.7) a ser adotada no
caso de problemas com o amplificador linear.

6.3.2 Características e especificações do material.

01 – FONTE DE ALIMENTAÇÃO UNIVERSAL.

Fig.6.9 – Fonte de alimentação universal.

Saídas: 2 x 6,3 VCA, max. 1A, fixa.


1 x 380 VCC. max. 100mA, fixa.
0 – 20 VCC, max. 50mA, variável continuamente e aumentando no sentido anti-
horário.
0 – 300 VCC, max. 50mA, variável continuamente e aumentando no sentido
horário.
O setor de tensão contínua tem um comutador para uso grupo 0-20/0 – 300VCC ou
380VCC.
Modulação residual da tensão de saída com carga máxima igual a 0,010%.
108

02 – VOLTÍMETRO ELETROSTÁTICO, DE 1KV.


09 – VOLTÍMETRO ELETROSTÁTICO, DE 4KV.

Fig. 6.10 – Voltímetros Eletrostáticos.

Utilizados para medidas estáticas de tensão (medidas em que não circula corrente pelo voltímetro).
Precisão: 1,5% do desvio total. Isolamento = 1014.

03 – CAPACITOR DE PLACAS PARALELAS.

Fig. 6.11 – Capacitor de placas paralelas.

A separação entre as placas é regulável por um parafuso micrométrico. Uma escala com nônio
permite leituras de frações do milímetro. O nônio atua sobre uma distância de 20mm, regulável até
70mm. Diâmetro das placas 260mm.
109

04 – INSTRUMENTO DE MEDIDAS.

Instrumento para medida de correntes contínuas, até 300A ou 60mV.

Fig. 6.12 - Instrumento.

05 – CAIXA DE LIGAÇÕES PARA O INSTRUMENTO DE MEDIDAS.

Com a caixa de ligações (Fig. 6.13) tem duas possibilidades de medidas ampliadas para:
Escalas de corrente (CC ou CA): 300A; 0,003A; 0,03A; 0,3A; 3A e 6V.
Escalas de tensão (CC ou CA) 60mV, 3V, 15V, 30V, 150V, 300V, 600V.
Selecionada a escala (tensão ou corrente e valor) e o tipo de sinal (contínuo ou alternado) o valor
indicado na caixa corresponde ao valor máximo da deflexão à direita do ponteiro do instrumento
de medida.

Fig.6.13 – caixa de ligações.


110

06 – AMPLIFICADOR LINEAR COM CABO COAXIAL.

Fig. 6.14 – Amplificador linear.

Acoplado ao instrumento de medidas de 300A, 60mV, 200, permite medidas de carga, corrente
e tensão nas escalas: CORRENTE: 3x10-11A; 3x10-10A; 3x10-9A; 3x10-8A; 3x10-7A; (Resistência de
entrada entre 1010 e 106). TENSÃO: 300; 30; 3; 0,3V (Resistência de entrada: 5.10 6).
MEDIDAS BALÍSTICAS DE CARGA: 3x10-9; 3x10-8; 3x10-7As(C); (Resistência de entrada entre
108 até 106; constante de tempo a 0,2s). MEDIDAS ESTACIONÁRIAS DE CARGA: 3x10 -9;
3x10-8As; (Capacidade de entrada: 10-8 ou 10-7F; constante de tempo a 105 ou 104s ). O cabo coaxial
deve ser ligado sempre para possibilitar estabilidade nas leituras, além de maior precisão.
A Fig. 6.15 mostra os diversos dispositivos existentes na parte frontal com as seguintes funções:
(01) – Interruptor principal e lâmpada indicadora do funcionamento;
(02) – Seletor dos intervalos de medida;
(03) – Adaptação do amplificador ao instrumento de medida;
(04) – Bornes de saída para ligação ao instrumento de medida;
(05) – Regulador do ponto zero;
(06) – Atenuador de sensibilidade (quando topa à direita, indica a calibração das escalas);
(07) – Comutador para medidas de carga (estática ou balística);
(08) – Borne para aterramento;
(09) – Entrada para medida de tensão;
(10) – Borne de entrada para medidas de corrente e carga;
(11) – Interruptor para descarregamento à terra;

Fig. 6.15 – Amplificador linear.


111

Na operação o amplificador só deve ser ligado com o atenuador de sensibilidade em zero


(totalmente à esquerda) e o instrumento de medidas acoplado (6). Deve-se operar por cerca de 15
minutos antes de aplicar um sinal amplificador. Depois desse tempo, o atenuador de sensibilidade
deve ser girado totalmente à direita e o zero do instrumento de medida ajustado em (5). O ajuste
de (3) é efetuado previamente numa operação especial. A escala de medidas deve ser ajustada em
(2) de acordo com o caso. No caso de medidas estáticas de cargas o descarregamento após a
leitura pode ser efetuado em (11) para possibilitar a leitura seguinte. A cada nova leitura é
necessário novo ajuste de zero em (5), devido à alta sensibilidade do instrumento. O ajuste do zero
é sempre efetuado com o atenuador (6) no máximo (totalmente à direita).

08 – FONTE DE ALIMENTAÇÃO DE ALTA TENSÃO.

Fornece tensão contínua ajustável desde 0 até 6000V, com saída máxima em caso de curto-circuito
de 2,5mA. Ondulação residual a 1mA de saída: 0,025%. Só deve ser ligada com o regulador de
tensão de saída em 0.

Fig. 6.16 – Fonte de alimentação de alta tensão.

10 – RESISTOR DE 10M, 1W, 1% (Fig. 6.17).

Fig.6.17 – Resistores.
112

11- GALVANÔMETRO

Fig.6.18 – Galvanômetro de Espelho.

Instrumento de medida de alta precisão destinado à medição de corrente em sistemas de alto valor
ôhmico. Algumas características selecionadas: Constante de corrente: 9,8 x 10 -9 A/mm/m.
Constante de tensão: 3 x 10-7 V/mm/m. Constante balística de corrente = 10-8As/mm/m.
Resistência interna: 30. Resistência limite aperiódica: 300. Período de oscilação livre: 10s.
Espelho côncavo para o indicador luminoso: f = 350mm e A = 10 x 20 mm 2. Possui uma trava
para proteção quando inoperante (Arr = preso, Frei = livre); um regulador da posição central
(parafuso na parte superior) e um nível.

12 - REGULADOR DE SENSIBILIDADE DO GALVANOMETRO.

Permite ligação ao Galvanômetro com atenuação da sensibilidade por um botão existente na parte
superior. A resistência limite aperiódica pode ser regulada por um parafuso existente na parte
inferior. A entrada do sinal e analisar ou medir e a saída para o Galvanômetro estão claramente
indicados na caixa. A ponte de curto-circuito só deve ser utilizada quando o sinal a analisar vem
de um dispositivo com resistência interna superior à do Galvanômetro.

Fig. 6.19 – Regulador de sensibilidade do Galvanômetro.


113

13 - DISPOSITIVO DE ILUMINAÇÃO DO GALVANÔMETRO.

Para obtenção de uma imagem nítida da fenda existente na fonte de luz, na escala distante, (nesta
experiência a escala deverá ser colocada numa distância superior a 5,0m para as leituras), deve-se
inicialmente conseguir uma imagem nítida do filamento da lâmpada sobre o espelho do
Galvanômetro. Depois se ajusta à distância entre a fonte de luz e o Galvanômetro até obter a
imagem desejada.
Na medida Balística de carga deve-se observar atentamente a escala. Na grande distância em que
será colocada, é grande a velocidade de deslocamento do raio luminoso o que dificultará as
observações. O aterramento perfeito de um dos bornes do Galvanômetro é importantíssimo neste
caso.

Fig. 6.20 – Fonte de luz do Galvanômetro.

6.3.3 Funcionamento da montagem.

MONTAGEM I

Analisaremos a relação entre potencial e separação entre as placas. O capacitor será ligado com a
fonte a 300V, calibrada com o instrumento de medidas com caixa de ligações. Neste momento a
separação entre as placas será de 1,0mm. Os dois fios que alimentaram as placas são desligados e liga-se
o voltímetro eletrostático. A leitura de voltagem é feita para diversas distâncias de separação.

MONTAGEM II

Mediremos a carga do capacitor para diferentes valores da voltagem nas placas. As medidas são
efetuadas através do amplificador linear, para várias distâncias de separação entre as placas. Os métodos
balístico e estacionário serão testados. Também serão efetuadas medidas com diferentes dielétricos entre
as placas e igualmente para suas associações.
114

MONTAGEM III

Os procedimentos executados com a MONTAGEM II podem ser repetidos com a MONTAGEM


III no caso de defeito no amplificador. As medidas são agora efetuadas com o Galvanômetro, e exigirão
maior cuidado para um nível razoável de precisão.

6.4 Processo experimental.

6.4.1 Instruções sobre o cuidado com os instrumentos.

Os pontos críticos desta montagem são os seguintes:

MONTAGEM I:

a) Verificar a polaridade na ligação da fonte ao instrumento de medida, através da caixa de ligações;


b) Verificar o acoplamento entre o instrumento e a caixa de ligações (polaridade);
c) Selecionar a escala de 300V e a função adequada (corrente contínua) na caixa de ligações;
d) Só ligar a fonte com todas as saídas a zero, conforme indicação na parte frontal da mesma;
e) Evitar contatos com as partes metálicas do capacitor e condutores durante as medidas,
especialmente ao ligar ou desligar fios;
f) Verificar a polaridade do voltímetro eletrostático;
g) Verificar a separação entre as placas antes de ligar o capacitor ao circuito.

MONTAGEM II:

a) Providenciar o aterramento perfeito da placa do capacitor ligada ao nônio, da fonte de alimentação


(ponto central) e do amplificador linear (utilizar o terra da instalação do laboratório);
b) Respeitar as polaridades do instrumento de medidas, da caixa de ligações, da fonte e da ligação
entre o amplificador linear e o instrumento de medidas a ele acoplado;
c) Só ligar a fonte ou o amplificador linear quando estiverem zerados;
d) Selecionar corretamente a escala e a função da caixa de ligações do instrumento de medidas;
e) Evitar contatos com as partes metálicas durante todos os procedimentos experimentais;
f) Seguir as rotinas de operação do amplificador linear, apresentadas em 6.3.2 – 06 (Pág.118).

MONTAGEM III:

a) O aterramento de uma das placas do capacitor (aquela do lado do nônio, não isolada) deve ser
efetuado em conjunto com um dos bornes da entrada do regulador de sensibilidade do
Galvanômetro;
b) Devido a altas voltagens em jogo (necessárias para obtenção de maiores cargas, mensuráveis pelo
Galvanômetro) é mais crítica a situação dos isolamentos;
c) Evitar contatos com as partes metálicas durante as medições;
d) Respeitar as polaridades da fonte e do voltímetro eletrostático;
e) Só ligar a fonte quando seu regulador de saída de tensão estiver a zero;
f) Evitar ligação da fonte com a distância entre as placas, inferior a 10mm (as resistências de
10Mohm têm a finalidade de limitar curtos-circuitos mas, não garantem sucesso absoluto no caso
de uma descarga violenta entre as placas;
g) Em todas medidas a umidade pode ter influência perniciosa nas medições. Pode ser necessário
limpar freqüentemente as placas do capacitor (use papel macio e seco) ou soprar ar quente entre as
duas placas.
115

6.4.2 Procedimento experimental.

MONTAGEM I (Fig. 6.6)

I.1 – Aplicar uma tensão contínua de 300V ao capacitor (medida com o instrumento de medidas e
caixa de ligações);
I.2 – Desligar os fios do capacitor e ligá-lo ao voltímetro eletrostático;
I.3 – Efetuar medidas de tensão entre as placas em função de sua separação de modo a completar a
Tabela 6.3.
TABELA 6.3 – MEDIDAS DE TENSÃO EM
FUNÇÃO DA SEPARAÇÃO ENTRE AS PLACAS.
CARREGAMENTO COM V = 300V d = 1,0mm
ORDEM d ( x 10-3m ) TENSÃO (V)
01 1,0
02 1,5
03 2,0
04 2,5
05 3,0

MONTAGEM II

II.1 – Efetuar medidas pelo método balístico, da carga do capacitor em função da voltagem e da
separação entre as placas de modo a completar a Tabela 6.4;
II.2 – Nas medidas, aplica-se a tensão desejada, desliga-se o fio da placa isolada (aquele ligado à
fonte) e liga-se o cabo coaxial do amplificador;
II.3 – As medidas são repetidas para a Tabela 6.5, com medidas da carga pelo método
estacionário;

TABELA 6.4 – MEDIDA BALÍSTICA DA CARGA EM FUNÇÃO DA


TENSÃO E DA SEPARAÇÃO ENTRE AS PLACAS, COM O
AMPLIFICADOR LINEAR EM 3,0 X 10-8 As (MEDIDA BALÍSTICA)
(FATOR DA TABELA = 10-8 As)
V(volts) 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

d(x 10-3m)
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
116

TABELA 6.5 – MEDIDA ESTACIONÁRIA DA CARGA EM FUNÇÃO DA


TENSÃO E DA SEPARAÇÃO ENTRE AS PLACAS, COM O
AMPLIFICADOR LINEAR EM 3,0 X 10-9 As (MÉTODO ESTACIONÁRIO)
(FATOR DA TABELA = 10-9 As OU C).
V(volts) 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

d(x 10-3m)
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0

II.4 – Efetuar medidas balísticas da carga para diferentes valores de tensão e para vários
dielétricos, de modo a preencher a Tabela 6.6;
II.5 – Nas Tabelas 6.7 e 6.8, temos medidas idênticas para associações de dielétricos, “em série”
( dois e três dielétricos, respectivamente).

MONTAGEM III

Será utilizada para preenchimento das Tabelas 6.6, 6.7 e 6.8 no caso de defeito no amplificador
linear. As orientações sobre a utilização do Galvanômetro podem ser encontradas na experiência
4.

TABELA 6.6 – MEDIDAS DA CARGA (MÉTODO BALÍSTICO) EM FUNÇÃO DA


DIFERENÇA DE POTENCIAL PARA DIFERENTES DIELÉTRICOS
(FATOR DA TABELA = 10-8 As)
ORDEM V(volts) ASBESTO BORRACHA PAPEL VIDRO ACRÍLICO
d = mm d = mm d = mm d = mm d = mm
01 10
02 20
03 30
04 40
05 50
06 60
07 70
08 80
09 90
10 100

TABELA 6.7 – MEDIDAS DA CARGA PELO MÉTODO BALÍSITICO (FATOR DA TABELA


= 10-8As) PARA DIFERENTES ASSOCIAÇÕES DE DIELÉTRICO. CONVENÇÕES: A-
ASBESTO; B-BORRACHA; C-PAPEL; D-VIDRO; E-ACRÍLICO (DISTÂNCIAS CONFORME
MEDIÇÕES DA TABELA 6.6)
ORDEM ASSOCIAÇÃO ESPESSURAS(10-3m) CARGA(10-8C)
d1= d 2= d 3=
01 A B
02 A C
03 A D
04 A E
05 B C
06 B D
117

Continuação da TABELA 6.7 – MEDIDAS DA CARGA PELO MÉTODO BALÍSITICO


(FATOR DA TABELA = 10-8As) PARA DIFERENTES ASSOCIAÇÕES DE DIELÉTRICO.
CONVENÇÕES: A-ASBESTO; B-BORRACHA; C-PAPEL; D-VIDRO; E-ACRÍLICO
(DISTÂNCIAS CONFORME MEDIÇÕES DA TABELA 6.6)
ORDEM ASSOCIAÇÃO ESPESSURAS(10-3m) CARGA(10-8C)
d1= d 2= d 3=
07 B E
08 C D
09 C E
10 D E
11 A B C
12 A B D
13 A B E
14 A C D
15 A C E
16 A D E
17 B C D
18 B C E
19 C D E

6.4.3 Análise experimental.

Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
(1) – Explique as observações ao final do item 6.2.1.
(2) – Demonstre a equação (6.2).
(3) – Demonstre que para grandes áreas não mais vale a equação 6.2.
(4) – Explique o processo de carregamento da Figura 6.2.
(5) – Demonstre que diminuindo d aumenta a possibilidade de descarga no capacitor.
(6) - Demonstre a equação (6.3).
(7) - Demonstre a equação (6.4).
(8) - Calcule a capacidade de um capacitor de placas paralelas com três lâminas de dielétricos
diferentes montados conforme o esquema da Fig. 6.5.
(9) - Demonstre a equação (6.5).
(10) – Deduza a fórmula do nônio para o capacitor da experiência.

Completando a análise experimental, efetue o seguinte:

(1) – Determine a lei de variação da tensão com a separação entre as placas com os dados da
Tabela 6.3.

(2) – Estude as leis de variação da carga com a distância, para o potencial constante; e da carga
com o potencial, para a distância constante nas Tabelas 6.4 e 6.5.

(3) – A partir do item anterior, determine a permissividade do ar e critique os dois métodos de


medida da carga utilizando o amplificador linear.

(4) – Analise a Tabela 6.6 determinando as constantes dielétricas para os cincos materiais aí
especificados.

(5) – Analise a Tabela 6.7 com o objetivo de confirmar a equação (6.4) e a fórmula deduzida na
resposta à questão (8).
118

7. Velocidade da luz.

7.1 Preliminares.

7.1.1 O Método de Galileu.

Um dos primeiros cientistas a se preocupar com a velocidade da luz foi Galileu. Chegou inclusive
a imaginar um método para sua medida (Fig. 7.1).

Fig. 7.1 – Método de Galileu para determinar a velocidade da luz.

Colocou-se numa elevação e pediu a um assistente para fazer o mesmo num local distante.
Acertou para que o assistente acendesse sua lamparina assim que avistasse o sinal luminoso de outra que
iria acender. Pretendia medir o tempo entre o instante em que ligasse sua lâmpada e avistasse o sinal do
assistente. Concluiu que a luz se propagava quase instantaneamente com altíssima velocidade que não foi
capaz de medir. Embora com um insucesso, estava lançada a idéia da existência da “velocidade da luz”.

7.1.2 O Método de Roemer.

O primeiro método que chegou a um resultado concreto foi o do astrônomo dinamarquês Olaf
Roemer. Foi desenvolvido a partir da observação das órbitas de um satélite do Planeta Júpiter (Fig. 7.2).

Fig. 7.2 – Método de Olaf Roemer.


119

O intervalo de tempo para o eclipse do satélite por trás do planeta foi medido quando a Terra
estava em (1). Em seguida, o instante do término de um eclipse foi marcado Roemer pretendia conferir o
tempo total de vários eclipses para verificar se o período de revolução era constante. Assim, calculou o
instante em que o satélite deveria reaparecer quando a Terra estivesse em (2), seis meses depois. Neste
período o satélite efetuaria diversas voltas. Com surpresa constatou um grande atraso o qual atribuiu
inicialmente a variações nas posições relativas das órbitas da Terra, do Planeta e do Satélite. Contudo,
acabou descobrindo que o atraso devia-se, na verdade, ao tempo que a luz levava para ir de (1) a (2).
Assim, conseguiu determinar a velocidade da luz.

7.1.3 O Método de Fizeau.

O primeiro método desenvolvido em laboratório e de grande precisão foi o do francês Fizeau. A


Fig. 7.3 mostra uma versão simplificada do seu dispositivo.

Fig. 7.3 – Método de Fizeau.

Uma fonte de luz (1) colimada lança um raio em direção a uma roda dentada, (2). O raio atravessa
o espaço entre os dentes e é desviada pelo espelho (3) para um conjunto de espelhos (5) que fazem a luz
percorrer uma grande distância. De volta ao espelho (5) a luz é enviada através da roda (6) ao observador
colocado em (7). As rodas (2) e (6) são montadas no eixo comum de um motor de alta rotação, de tal
modo que o dente de uma coincide com o intervalo entre dentes da outra. Com o motor parado o
observador não vê a fonte de luz. Com o motor em movimento, aumentando-se a velocidade há um
instante em que aparece a luz. Isto indica que, enquanto a luz desloca-se de (2) a (6) o sistema gira de um
ângulo correspondente a largura de um dente. Sabendo-se a velocidade do motor, a largura do dente e o
espaço percorrido pela luz, além do diâmetro das rodas, pode-se calcular a velocidade da luz.
120

7.1.4 O Método de Foucault-Michelson.

Este método utiliza um princípio semelhante ao anterior porém requer um menor percurso embora
só funcione com motores de maior velocidade. É também de calibração mais simples.

Fig. 7.4 - Método de Foucault-Michelson.

(Fig. 7.4). Da fonte de luz (1), os raios atravessam uma placa de vidro (2) e são parcialmente
refletidos e refratados. Os raios refratados atingem o espelho (3) montado no eixo de um motor de alta
rotação. São refletidos para um espelho distante (4) e retornam pelo mesmo caminho chegando a uma
escala transparente, em (5), onde fica o observador. A posição do sinal luminoso é marcada nesta escala,
com o espelho parado. Com o espelho em alta rotação, enquanto o raio luminoso vai de (3) a (4), e volta,
o espelho realiza um pequeno giro. Assim, o sinal aparecerá em (5) ligeiramente deslocamento.
Conhecendo-se o desvio na escala, as dimensões envolvidas e a velocidade do motor, pode-se calcular a
velocidade da luz.

7.2 Fundamentos teóricos.

7.2.1 Formação de imagens por lentes convergentes.

A Fig. (7.5) mostra o processo de formação da imagem de um objeto (O) colocado além do foco,
por uma lente convergente delgada.

Fig. 7.5 – Formação da imagem por uma lente convergente delgada.

Na Figura 7.5:
O = distância do objeto ao centro da lente;
I = distância da imagem ao centro da lente;
f = distância focal da lente.
Pode-se mostrar que:

1 1 1
  (7.1)
O I f
121

As Figs. (7.6) e (7.7) mostram o que ocorre quando o objeto é colocado no foco ou entre o foco e
o centro da lente.

Fig. 7.6 – Objeto no foco.

Fig. 7.7 – Objeto entre o foco e o centro.

No caso da Fig. (7.5), a imagem é real e invertida. Na Fig. (7.6), a imagem está no infinito. Na
Fig. (7.7), a imagem é virtual e direita. Usaremos tais propriedades das lentes convergentes delgadas para
conseguir concentração dos raios e colimação, na experiência.

7.2.2 Reflexão da luz em espelhos girantes.

(a)

(b)
Fig. 7.8 – Reflexão num espelho plano girante

Na Fig. (7.8 – a) um raio incide num espelho plano, sendo refletido segundo a lei da reflexão:

ÂNGULO DE INCIDÊNCIA = ÂNGULO DE REFLEXÃO.


122

Na Fig. (7.8 – b) o espelho girou de um ângulo. Pode-se mostrar que: quando um espelho gira de
um ângulo, o raio refletido gira de 2. Esta propriedade será usada na determinação do tempo de percurso
da luz, na experiência.

7.2.3 Medida da velocidade do espelho.

7.2.3.1 A célula fotoelétrica.

Na medida da velocidade do espelho da Fig.(7.4) utilizaremos uma célula fotoelétrica e um


osciloscópio. A Fig. (7.9) mostra a constituição esquemática de uma célula fotoelétrica.

Fig. 7.9 – Célula fotoelétrica.

Tem o aspecto externo de uma válvula eletrônica, possuindo dois elementos internos: O emissor:
sobre uma folha de metal, de forma cilíndrica, deposita-se uma substância fotossensível (sulfito de
cádmio, por exemplo); O coletor: uma pequena pastilha metálica de forma cilíndrica. Quando há luz no
emissor, elétrons são emitidos (efeito fotoelétrico) e atingem o coletor. O efeito pode ser incentivado se
for estabelecida uma diferença de potencial entre o emissor (-) e o coletor (+). Podemos usar a célula
fotoelétrica para medir a velocidade do motor ou do espelho, no método de Foucault (Fig. 7.10).

Fig. 7.10 – Medição da velocidade.

Iluminamos o espelho com uma fonte de luz e fazemos com que o raio refletido atinja a célula
fotoelétrica. Quando o espelho girar, a cada volta ocorre um pulso de corrente na fotocélula. Este pulso
pode ser aumentado aplicando-se uma diferença de potencial entre o emissor (-) e o coletor (+). A
quantidade de pulsos por segundo (freqüência) pode ser determinada com um osciloscópio.
123

7.2.3.2 O osciloscópio.

Um osciloscópio em versão bastante simplificada pode ser visto na Fig. 7.11. O seu
funcionamento é fácil de compreender.

Fig. 7.11 – O Osciloscópio.

Num tubo de imagem (semelhante ao de Televisão) um canhão eletrônico (CE) produz um feixe
de elétrons colimados, com grande velocidade. Este feixe atravessa uma região com placas horizontais
(PH: produzem desvios horizontais) e placas verticais (PV: produzem desvios verticais). Nestas placas
podem ser aplicados sinais externos através de seus terminais (cf – PH e df – PV). Na ausência de sinais
nas placas (H e V) o feixe atinge a tela (T) na posição (1). Aí, por um processo conhecido como
“Fosforescência” surge um ponto luminoso. Aplicando-se uma tensão positiva no terminal (f) das PH, o
feixe desloca-se para (2) ( O mesmo ocorre com uma tensão negativa no terminal (c), das PH).
Aplicando-se uma tensão positiva no terminal (d) das PV, o feixe desloca-se para (3) (O mesmo ocorre
aplicando-se uma tensão negativa no terminal (f), das PV).
No osciloscópio existe um circuito especial denominado “gerador de varredura” o qual aplica uma
forma de onda, indicada na Fig. 7.12 e conhecida como dente-de-serra, as PH.

Fig. 7.12 – Dente-de-serra.

Com isto, o feixe de elétrons movimenta-se na tela conforme a Fig. 7.13-a, a qual mostra a tela vista
frontalmente. As posições aí indicadas por números correspondem aos pontos marcados na Fig. 7.12.
A Fig. 7.13-b, mostra a imagem que efetivamente é vista. O retorno do feixe ocorre em tempo
desprezível (de 3 a 4) em relação ao seu deslocamento inicial (de 1 a 3). O tempo ou período de varredura
é praticamente o intervalo (1-3).
124

(a)

(b)
Fig. 7.13 – Dente-de-serra na tela do osciloscópio.

7.2.3.3 Medida da velocidade do espelho.

Estando o gerador de varredura, ligado numa freqüência conhecida (Fig. 7.13-b) o sinal
proveniente da célula fotoelétrica (Fig. 7.10) é colocado nas placas verticais. A imagem que segue pode
ser vista na Fig. (7.14).

Fig. 7.14 - Sinal da célula fotoelétrica, no osciloscópio.

Contando-se o número de pulsos e sabendo-se a freqüência de varredura é possível determinar a


freqüência de rotação do espelho. Este é o processo utilizado na experiência.
125

7.2.4 Bibliografia recomendada.

Os assuntos desenvolvidos nos Fundamentos Teóricos podem ser encontrados nos seguintes textos:

- Halliday, Resnick (David, Robert) Física, Vol. II.2, Capítulo 40, destacando-se o item 40-3;
Capítulos 41 e 42.

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Vol.3, Calor, Ondas, Ótica: Capítulo 24,
destacando-se o item 4; Capítulos 25 e 26.

- Tipler (Paul A.): Física, Capítulo 26, destacando-se o item 26.3; Capítulo 27.

- Processo de Análise Gráfica e Numérica (Luiz G. Cabral e Fenando A Lima) – UNICAP.

Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
126

7.2.5 A técnica de análise gráfica e numérica.

Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica


desenvolvida no trabalho ”Processo de Análise Gráfica e Numérica” (Gráfica UNICAP). É
imprescindível o conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.

7.3 Experiência.

A montagem que utilizaremos nesta experiência pode ser vista nas Figs. (7.15), (7.16) e (7.17).
Consta dos seguintes dispositivos e equipamentos:

7.3.1 Relação de material.

Na Fig. 7.15:
01 Fonte de luz com transformador: 220 X 6V – 30W
02 Lente com f = +100mm e  = +40mm.
03 Fenda ajustável
04 Placa de vidro comum com suporte
05 Motor universal, 220V
06 Lente com f = +5000mm e  = +120mm.
07 Espelho com  = +120mm.
08 Espelho com  = +120mm.
09 Placa de vidro com escala (26 x 75mm2) e suporte
10 Lente com f = +100mm e  = +40mm.
11 Diafragma Íris.

Fig. 7.15 – Montagem para determinação da velocidade da luz.


127

Na Fig. 7.16:
12 Célula fotoelétrica montada.
13 Osciloscópio.
14 Fonte de alimentação universal.
15 Instrumento universal para medidas elétricas.
16 Reostato de 320, 2,5A.
17 Resistor de 100000, 0,5W.

Fig. 7.16

Na Fig. 7.17:
18 Reostato 1000, 0,5A.
19 Interruptor simples.

Fig. 7.17 – Esquema para ligação do motor elétrico.

7.3.2 Características e especificações do material.

01 FONTE DE LUZ COM TRANSFORMADOR (Fig. 7.18)

Suporte com soquete e lâmpada. O soquete pode ser deslocado dentro de um tubo para redução do
espalhamento da luz. Atrás do soquete existem três parafusos para centralização da lâmpada.
128

Fig. 7.18 – Fonte de luz com transformador.

02 LENTE COM f = +100mm e  = +40mm (Fig. 7.19)


Lente convergente. f é a distância focal e  é o diâmetro da lente.

Fig. 7.19 – Lente.

03 FENDA AJUSTÁVEL (Fig. 7.20)


Girando-se a haste regula-se a abertura da fenda.

Fig. 7.20 – Fenda ajustável.


129

04 PLACA DE VIDRO COMUM

09 PLACA DE VIDRO COM ESCALA (Fig. 7.21).


Vidro usado em microscópio para suporte de amostras.

Fig. 7.21 – Suporte da placa de vidro.

05 MOTOR UNIVERSAL, 220V (Fig. 7.22).


Motor universal com 185mm de altura e 55mm de diâmetro. Possui um espelho de 10mm x 20mm
montado em seu eixo. Sua velocidade depende da tensão aplicada podendo atingir 28000 rpm a
220V. O controle de velocidade pode ser efetuado por um reostato externo de 1000 (Fig. 7.17).
Possui um interruptor em sua parte inferior e um parafuso especial permite o deslocamento do
eixo com o motor parado.

Fig. 7.22 – Motor universal de 220V.

06 LENTE COM f = +5000mm e  = 120mm (Fig. 7.23)

Fig. 7.23 – Lente.


130

07 ESPELHO COM  = 120mm (Fig. 7.24)

Fig. 7.24 – Espelho.

11 DIAFRAGMA IRIS (Fig. 7.25)


Girando-se a haste, regula-se a abertura do diafragma.

Fig. 7.25 – Diafragma.

12 CÉLULA FOTOELÉTRICA MONTADA (Fig. 7.26)


Possui uma camada alcalina (sulfito de cádmio) sensível à luz. Deve sempre ser ligada em série
com uma resistência de 0,1 a 1M. Características: Tensão máxima = 150V. Sensibilidade =
100A/Lúmen. Superfície sensível = 9mm2. Possui três bornes para conexão marcados com (+),
(-) e terra.

Fig. 7.26 – Célula Fotoelétrica montada.


131

13 OSCILOSCÓPIO (Fig. 7.27)


Características:
Faixa de freqüências de varredura = 5 a 20KHz
Entrada vertical direta = 5Vef/cm
Entrada vertical amplificada = (sensibilidade máxima) 30mVef/cm
Fator de amplificação vertical ajustável de 0 a 150
Funções:
(Ver Fig. 7.16 e 7.27)

Fig. 7.27 – Osciloscópio.

1 – Liga-desliga e controle de brilho.


2 – Controle de foco.
3 – Controle da posição horizontal.
4 - Controle da posição vertical.
5 – Ajuste do ganho horizontal (largura da imagem).
6 – Ajuste “grosso” da freqüência de varredura.
7 - Ajuste “fino” da freqüência de varredura.
8 - Ajuste do ganho vertical (altura da imagem).
9 – Entrada de sincronização externa do gerador de varredura (a).
10 – Entrada com atenuação às placas verticais e horizontais (b) – (Ligando-se (9) a (10) obtêm-se
a sincronização interna).
11 – Entrada às placas horizontais (c) (com o plugue parcialmente introduzido, obtêm-se o sinal
dente-de-serra).
12 – Entrada às placas verticais (direta) (d).
13 – Entrada às placas verticais (com amplificação) (e).
14 – Terra e terminal comum para as placas (f).
132

14 FONTE DE ALIMENTAÇÃO (Fig. 7.28)

Fig.7.28 – Fonte de alimentação.

Saídas: 2 x 6,3 VCA, max. 1A, fixa.


1 x 380 VCC. max. 100mA, fixa.
0 – 20 VCC, max. 50mA, variável continuamente e aumentando no sentido anti-
horário.
0 – 300 VCC, max. 50mA, variável continuamente e aumentando no sentido
horário.
O setor de tensão contínua tem um comutador para uso grupo 0-20/0 – 300VCC ou
380VCC.
Modulação residual da tensão de saída com carga máxima igual a 0,010%.

15 INSTRUMENTO DE MEDIDAS (Fig. 7.29)

Desvio máximo: 300A com 60mV. Classe de qualidade: 1,5. Escala: ponto zero na metade
esquerda. Comprimento do arco da escala: 20cm. Divisões da escala: preta, de -30 a +100
passando por 0; vermelha, de -10 a +30 passando por zero. A regulagem do zero da escala pode
ser feita por um parafuso existente na parte posterior.

Fig. 7.29 - Instrumento.


133

16 REOSTATO 320, 2,5A (Fig. 7.30)

18 REOSTATO 1000, 0,5A.

Fig. 7.30 - Reostato.

17 RESISTOR 100000, 2W (Fig. 7.31).

Fig.7.31 – Resistências

19 INTERRUPTOR SIMPLES (Fig. 7.32).

Fig. 7.32 – Interruptor.

Na utilização de tais dispositivos e equipamentos deve-se atentar especialmente com os cuidados


quanto à adequada operação. É lamentável e constrangedora a danificação de componentes
dispendiosos por operação descuidada ou indevida.

7.3.3 Funcionamento da montagem.

O funcionamento da montagem está esquematizado nas Figs. 7.15, 7.16 e 7.17. Com o motor
parado efetua-se o alinhamento conforme indicações da Fig. 7.15. O alinhamento está corretamente
efetuado quando o observador vê a imagem da fenda (3) bem brilhante, em (11). Com o motor em
movimento, observa-se o desvio da imagem da fenda na escala (9). Num outro momento, mede-se a
velocidade do espelho estando o cursor do reostato de controle (1000) na mesma posição, com a
134

montagem da Fig. 7.16. Deve-se contar o número de pulsos que aparece na tela. É fácil compreender que
a velocidade do espelho relaciona-se com o número de pulsos da tela pela fórmula:

  120n (7.2)

Onde n é o número de pulsos que aparece na tela do osciloscópio.


Para controle da velocidade usa-se o circuito da Fig. 7.17. Ligando-se a chave S1, o motor gira a
baixa velocidade. Antes da ligação de S2, o reostato de 1000, deve ser colocado totalmente no circuito
(cursor totalmente à direita na Fig. 7.17). Ligando-se S2 pode-se regular a velocidade do motor ao
máximo.

7.4 Processo experimental.

7.4.1 Instruções sobre o cuidado com os instrumentos.

Os pontos críticos desta montagem são os seguintes:

a) Não ligar o motor na velocidade máxima bruscamente. Só ligar S2 (Fig. 7.17) quando o reostato de
1000 estiver totalmente no circuito;
b) Evitar choques nas lentes e espelhos;
c) Não tocar com as mãos na superfície de lentes e espelhos;
d) Antes da medida, efetuar uma divisão de tarefas com o grupo para evitar acidentes, no escuro;
e) Só ligar a fonte de alimentação (Fig. 7.16) quando os controles variáveis estiverem na posição de
mínima tensão de saída;
f) Observar atentamente as ligações do circuito do osciloscópio;
g) Verificar a polaridade da fotocélula e do voltímetro;
h) Colocar o voltímetro na escala de 300V, tensão contínua.

7.4.2 Procedimento experimental.

(1) – Verifique se a montagem experimental está de acordo com as Figs. 7.15, 7.16 e 7.17. Observe as
distâncias;

(2) – Efetue o alinhamento do raio luminoso do seguinte modo (Fig. 7.15): 2.1 – Ajuste a posição da
lente (2) de modo a se formar uma imagem do filamento da lâmpada no espelho rotativo; 2.2 – A
inclinação do vidro (4) deve ser a 45º da direção (1-5), a imagem da fenda deve incidir no centro
deste vidro (Fig. 7.34); 2.3 – Os raios refletidos no espelho rotativo (5) devem atravessar o centro
da lente (6) (Fig 7.35) e incidir no centro dos espelhos (7) e (8), retornando pelo mesmo caminho;
2.4 – O ajuste do retorno é efetuado pela observação dos raios que atravessam a lente (6).
Girando-se ou elevando-se os espelhos (7) e (8) consegue-se tal alinhamento; 2.5 – O alinhamento
final é obtido pela observação da imagem em (11). Isto influirá decisivamente na precisão dos
resultados;
135

Fig. 7.34 – Montagem do desvio ótico

Fig. 7.35 – Nivelamento de espelhos e lentes com o motor rotativo.

(3) – Coloque o espelho em rotação ligando S1 (Fig. 7.17), depois S2 e deslocando o cursor do
reostato de 1000 até a velocidade máxima;
(4) – Meça o desvio do raio luminoso na escala tomando como referência a margem direita da
imagem;
(5) - Mantendo o cursor do reostato na mesma posição aproxime a lâmpada do espelho rotativo e faça
com que o raio refletido atinja a fotocélula (Fig. 7.16);
(6) – Ligue a fonte de alimentação e estabeleça 100V no voltímetro (verifique a polaridade);
(7) – Ligue o osciloscópio ((1) – Fig. 7.27) e ajuste a freqüência de varredura para que apareça um
ciclo da onda senoidal (60Hz) (6 e 7 – Fig. 7.27). Ajuste a largura (5), a posição (3 e 4) e a nitidez
da imagem (1 e 2);
(8) – Ajuste o ganho vertical (8) no máximo valor;
(9) – Regule o reostato de 320 para atenuar a amplitude da onda senoidal;
(10) – Determine o número de pulsos que aparece na tela;
136

(11) – Na Tabela 7.1, assinale os valores encontrados:

TABELA 7.1 – DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DA LUZ


d= m (4-9)
DADOS GEOMÉTRICOS (Fig. 7.15): r= m (4-5)
L= m (5-8-5)
MEDIDA NO OSCILOSCÓPIO (Eq. 7.2) n = pulsos

7.4.3 Análise experimental.

Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:

1) Deduza a fórmula para o cálculo da velocidade da luz pelo método de Galileu. Faça as suposições
necessárias.
2) Apresente uma fórmula para o cálculo da velocidade da luz pelo método de Roemer. Faça as
suposições necessárias.
3) Deduza a fórmula para o cálculo da velocidade da luz, pelo método de Fizeau. Faça as suposições
necessárias.
4) Deduza a fórmula para o cálculo da velocidade da luz, pelo método de Foucault-Michelson.
Considere (Fig. 7.15):

i. d = distância (2 –5);
ii. r = distância (2 – 3);
iii. L = distância (3 – 4);
 = velocidade angular do motor;
i. s = desvio na escala (5).

5) Demonstre a equação (7.1).


6) Demonstre o enunciado contido no item 7.2.2.
7) Explique o processo chamado “Fosforescência” que ocorre na tela do osciloscópio (7.2.3.2).
8) Com relação a Fig. 7.14, sabendo-se que a freqüência de varredura é de 100Hz determine a
velocidade do espelho rotativo. Faça as suposições necessárias.
9) Demonstre a equação (7.2).
10) Efetue uma estimativa do desvio médio na medida da velocidade da luz.

Completando a análise experimental, determine a velocidade da luz estimando o desvio médio da


medida.
137

8. Espectros.

8.1 Preliminares.

A observação dos espectros de emissão é talvez a mais evidente demonstração da natureza


quântica do átomo. A Fig. 8.1 mostra um tubo espectral.

Fig. 8.1 – Tubo espectral.

Nos dois eletrodos liga-se uma diferença de potencial. O gás, inicialmente neutro ioniza-se nas
proximidades dos pólos. O efeito transmite-se através dos átomos. O meio torna-se, assim, um bom
condutor e surge a corrente elétrica. O movimento dos elétrons através do gás produz interações
eletromagnéticas com os seus elétrons. Ao receber energia do elétron em movimento, o elétron ligado a
um átomo salta para uma órbita de maior energia e ao retornar ao estado fundamental emite a diferença de
energia em forma de radiação.
Diversos tipos de saltos podem ser produzidos, entre camadas e orbitais e mudanças de estado
quântico com apenas variação da quantidade de movimento podem ser obtidas. Desse modo, na luz
resultante da emissão, diversos comprimentos de onda estão presentes.
É a coleção de comprimentos de onda ou cores, existentes na emissão que é denominada de
ESPECTRO.
Instrumentos especiais, denominados ESPECTROSCÓPIOS conseguem separar os comprimentos
de onda em forma de linhas ou raias. São as chamadas RAIAS ESPECTRAIS.
No caso da emissão de um gás monoatômico, poucos comprimentos de anda estão presentes e as
raias apresentam-se separadas formando o que se conhece por espectro de linha. Vapores de metais
também produzem espectros deste tipo.
Na emissão de gases inertes, ocorrem ESPECTROS DE LINHA.
Nos gases poliatômicos ocorre basicamente emissão por transições nos níveis moleculares e há
uma maior quantidade de comprimentos de onda presentes. Em alguns setores destes espectros, as raias
aglomeram-se de forma praticamente contínua formando o chamado ESPECTRO DE BANDAS.
Emissões em gases podem ser conseguidas também por descarga elétrica entre dois eletrodos.
Neste caso, também ocorre condução através do gás, mas a maior proximidade dos eletrodos produz uma
espécie de arco entre eles. Consegue-se assim maior intensidade de emissão por um processo semelhante
ao descrito anteriormente. A Fig. 8.2 mostra uma lâmpada de descarga.
138

Fig. 8.2 – Lâmpada espectral de descarga.

O processo de descarga é utilizado, por exemplo, nas lâmpadas de vapor de mercúrio. A emissão
de gases pode ser obtida por incandescência através do aquecimento de um filamento (ocorre
parcialmente nas lâmpadas de vapor de mercúrio de luz mista).
A emissão incandescente mais comum é a de sólidos. Neste caso, o emissor tem estrutura
cristalina e molecular e por modificações das posições relativas de aglomerados de átomos. Acrescentem-
se ainda as emissões por alterações nos estados quânticos das quantidades de movimento atômico e
molecular. As linhas espectrais, neste caso, estão tão próximas que são praticamente inextinguíveis
mesmo pelos aparelhos mais sensíveis. Ocorre então o ESPECTRO CONTÍNUO, um comportamento
típico da emissão de lâmpadas incandescentes. Isto não significa que apenas sólidos emitam espectros
contínuos. O espectro solar, por exemplo, é contínuo. O espectro solar constitui um caso interessante.
Com instrumentação adequada consegue-se perceber no espectro contínuo do sol a AUSÊNCIA
DE ALGUNS COMPRIMENTOS DE ONDA BEM DEFINIDOS. Supõe-se que a emissão principal
provém do interior do astro e que as camadas externas, mais frias, funcionem como um filtro absorvendo
alguns comprimentos de onda. Temos, neste caso, o chamado ESPECTRO DE ABSORÇÃO. A Tabela
8.1 mostra os comprimentos de onda presentes em alguns gases.

TABELA 8.1 – ESPECTROS DE EMISSÃO DE GASES NA REGIÃO VISÍVEL.


GÁS COR  (10-10m) GÁS COR  (10-10m)
Néon Verde 5400 Néon Vermelho 6533
5852 6599
5882 6678
Amarelo 5945 6717
5975 6929
6030 7032
6074 7174
Laranja 6096 7245
6143 Hélio Violeta 4471
6164 Azul 4713
6217 Azul – verde 4922
6266 5016
6305 Amarelo 5876
Vermelho 6334 Vermelho 6678
6383 7065
6402 Criptônio Violeta 4502
6506 Verde 5649
Argônio Violeta 4044 Xenônio Violeta 4462
4201 4671
4259 Amarelo 5871
4348 6012
Vapor de Violeta 4046 6053
mercúrio 4078 Vermelho 6421
Azul 4358 6456
Verde – azul 4916 Vapor de sódio Amarelo 5890
Verde 5461 Vapor de 5896
Amarelo 5771 cádmio Azul 4662
5791 4800
139

Hidrogênio Violeta 4102 Verde 5086


Azul 4340 5155
Azul – verde 4861 Vermelho 6438
Vermelho 6563

A Tabela 8.2 apresenta as faixas de comprimentos de onda do espectro contínuo.

TABELA 8.2 – COMPRIMENTOS DE ONDA DO ESPECTRO VISÍVEL


COR  (10-10m)

Violeta 3800 – 4500


Azul escuro 4500 – 4800
Azul claro 4800 – 5100
Verde 5100 – 5500
Verde-amarelo 5500 – 5750
Amarelo 5750 – 5850
Laranja 5850 – 6200
Vermelho 6200 – 7600

A Tabela 8.3 apresenta as principais linhas do espectro de absorção solar.

TABELA 8.3 – ESPECTRO DE ABSORÇÃO SOLAR


ELEMENTO ABSORVEDOR  (10-10m)

Cálcio 3934
3964
Hidrogênio 4102
Cálcio 4227
Ferro, Cálcio 4308
Ferro 4326
Hidrogênio 4340
Ferro 4384
4668
Hidrogênio 4861
Ferro 4958
Ferro, Magnésio 5167
Ferro 5169
Magnésio 5173
5184
Ferro 5270
Hélio 5876
Sódio 5890
5896
Oxigênio 6278
Hidrogênio 6563
Oxigênio 6870
7185
7621
140

A Tabela 8.4 mostra o espectro de emissão de vapores metálicos.

TABELA 8.4 – COMPRIMENTOS DE ONDA DA EMISSÃO DE VAPORES METÁLICOS


OBTIDOS ATRAVÉS DE ARCO VOLTAICO.
ELEMENTO COR  (10-10m) ELEMENTO COR  (10-10m)

Alumínio Ultravioleta 3083 Cobre Verde 5153


3093 5218
Violeta 3944 5700
3962 Amarelo 5782
Azul 4663 Mercúrio Ultravioleta 3126
Verde 5057 3131
Amarelo 5696 3650
5723 Violeta 4048
Cobre Ultravioleta 3248 4078
3274 4358
Violeta 4023 Verde 4916
4063 4956
Verde 5106 5461
Amarelo 5769 Cádmio Verde 5338
5771 5379
Laranja 6152 Vermelho 6438
Vermelho 6232 Zinco Ultravioleta 3036
Cádmio Ultravioleta 3261 3072
3404 3345
3466 Azul 4680
3611 4722
Violeta 3982 4811
Azul 4413 4912
4678 Verde-amarelo 4925
4780 Laranja 6103
Verde 5086 6362

8.2 Fundamentos teóricos.

8.2.1 Série de Balmer.

A Tabela 8.1 mostra o espectro de emissão do Hidrogênio monoatômico. Estudadas inicialmente


por J.J. Balmer (1825 – 1898), as linhas espectrais foram denominadas de H, H, H  , H. Os
comprimentos de onda, determinados recentemente, com grande precisão, para tais raias estão na Tabela
8.5.
Na época de Balmer, tais valores só possuíam 3 algarismos significativos.

TABELA 8.5 – COMPRIMENTOS DE


ONDA DAS PRINCIPAIS RAIAS DO
ESPECTRO VISÍVEL DO
HIDROGÊNIO (SÉRIE DE BALMER)
RAIA  (10-10m)
H 6562,8
H 4861,3
H 4340,5
H 4101,7

Estudando-os, Balmer conseguiu descobrir interessante relação numérica:


Multiplicando uma constante (C=3645) por frações simples, encontram-se os comprimentos de
onda do Hidrogênio.
Assim:3645 * (9/5) = 6561
141

3645 * (4/3) = 4860


3645 * (25/21) = 4338
3645 * (9/8) = 4100

Observando que as frações (4/3) e (9/8) podem ser escritas como (16/12) e (36/12) o organizando-
as separadamente, encontramos:

(9/5), (16/12), (25/21), (36/32)

Os numeradores são os quadrados de 3, 4, 5 e 6 e os denominadores são as diferenças entre os


quadrados:

32 – 22; 42 – 22; 52 – 22 e 62 - 22
Assim a fórmula geral da série é:

n2
 C 2 (n = 3, 4, 5, ...) (8.1)
n  22

Esta é a fórmula de Balmer para o átomo de Hidrogênio, válida com boa aproximação na parte
visível do espectro.

8.2.2 Generalização da Fórmula de Balmer.

Uma fórmula geral para os comprimentos de ondas existentes na parte infravermelhas e


ultravioletas do espectro do Hidrogênio foi obtida com o estabelecimento dos postulados de Bohr.
Rydberg reestruturou a fórmula de Balmer usando o número de onda

1 1 1
k R  2  2 (n = 3, 4, 5, ...) (8.2)
 2 n 

R é a COSNSTANTE DE RYDBERG
Seu valor atual é, R = (1,09677576  0,00000012) * 107 m-1
Posteriormente, outras séries foram descobertas por diversos experimentadores, todas elas
previsíveis pela fórmula geral de Balmer-Rydberg:

1  1 1
k  R  2  2  (n = (m+1), (m+2), (m+3), ...)
 m n 
(m = 1, 2, 3, ...) (8.3)

A equação (8.3) é precisa até 0,05 % para o valor de R dado acima.

No caso do Hidrogênio, a Tabela 8.6 mostra as várias séries descobertas.


142

A Figura (8.3) mostra os saltos eletrônicos que originam as raias espectrais.

TABELA 8.6 – SÉRIES ESPECTRAIS DO HIDROGÊNIO MONOATÔMICO


DESCOBRIDOR REGIÃO DO ESPECTRO FÓRMULA
LYMAN ULTRAVIOLETA 1 1 
k  R 2  2  (n = 2,3,4,...)
1 n 
BALMER VISÍVEL  1 1 
k  R 2  2 (n = 3,4,5,...)
2 n 
PASCHEN INFRAVERMELHO 1 1 
k  R 2  2 (n = 4,5,6,...)
3 n 
BRACKETT INFRAVERMELHO  1 1 
k  R 2  2 (n = 5,6,7,...)
4 n 
PFUND INFRAVERMELHO 1 1 
k  R 2  2 (n = 6,7,8,...)
5 n 

Fig. 8.3 – Séries espectrais do átomo do hidrogênio monoatômico.

A fórmula de Balmer-Rydberg foi aplicada com sucesso na interpretação de séries espectrais de


outros elementos como o Hélio ionizado. Para elementos mais pesados o valor da constante de Rydberg
cresce ligeiramente com o peso atômico.

8.2.3 A Fórmula de Bohr.

Utilizando os postulados de Bohr a expressão (8.3) pode ser deduzida teoricamente. Bohr apoiou-
se nas experiências de Max-Planck de emissão da radiação térmica.
Planck demonstrara que a emissão do corpo negro (perfeito emissor e absorvedor) era quantizada
e definiu a energia emitida por:

E  h (8.4)

onde: E = energia emitida;


h = constante de Planck;
 = freqüência de radiação emitida;

Bohr estendeu as idéias de Planck a qualquer forma de emissão de radiação ( o efeito fotoelétrico
demonstrou posteriormente que a propagação também é quantizada – EINSTEIN – 1905).

Seus postulados :
143

(1) – O elétron se move, em torno do núcleo, numa órbita circular sob a ação da atração
eletrostática;
nh
(2) - Em certas órbitas especiais, onde a quantidade de movimento angular seja dada por L 
2
(8.5) o elétron não emite energia;
(3) – Em outra órbita qualquer o elétron irradia energia como qualquer carga elétrica em
movimento acelerado;
(4) – Energia eletromagnética é emitida quando um elétron muda de órbita, sendo a freqüência
dada por:

Ei  E f
 (8.6)
h

Com tais postulados e a análise dinâmica do movimento orbital do elétron, Bohr chegou a:

1 me 4 Z 2  1 1 
   (8.7)
 8c 02 h 3  n2 n2 
 f i 

Onde:
 = comprimento de onda da radiação emitida
m = massa do elétron = 9,11. 10-31kg
e = carga do elétron = 1,60 . 10-19C
Z = número atômico = 1 (para o hidrogênio)
c = velocidade da luz = 3,00. 108m/s
 0 = permissividade do vácuo = 8,85. 10-12C/Nm
h = constante de Planck = 6,63. 10-34Js
nf = nível final do elétron
ni = nível inicial do elétron

O cálculo teórico do valor da constante de Rydberg pode ser efetuado a partir da equação (8.7).

8.2.4 Difração da luz.

O fenômeno da difração comprova a natureza ondulatória da luz. De acordo com o princípio de


Huyghens, cada ponto de uma frente de onda comporta-se como emissor de luz, pontual.
A Fig. 8.4 mostra a difração na superfície da água. Ondas planas vindas da esquerda encontram
um obstáculo e ondas são observadas na região de “sombra”.

Fig. 8.4 – Difração em um obstáculo.


Isto ocorre porque o ponto identificado emite em todas as direções. Sem o obstáculo as ondas
emitidas por todos os pontos de uma frente de onda interferem construtivamente formando a nova frente
paralela à primeira. Com o obstáculo, parte da frente é barrada e evidencia-se a propriedade postulada por
Huyghens.
144

Na Fig. 8.5, mostramos a difração numa fenda quando sua abertura (a) é bem maior que o
comprimento de onda (  ).

Fig. 8.5 – Difração numa fenda quando a >>  .

À direita vemos a distribuição da intensidade da onda com a distância. Quando (a) é da ordem de
grandeza de (  ), ocorrem máximos e mínimos de interferência. A definição dos máximos cresce quando
(a) diminui (Fig. 8.6).

Fig. 8.6 – Difração numa fenda quando a   .

Na Fig. 8.7, mostramos o que de fato ocorre. Os emissores ressaltados interferem


construtivamente em P, quando a diferença de caminho ótico é um número inteiro de comprimento de
onda.

Fig. 8.7 – Mecanismo da interferência obtida por difração de duas fendas.

Assim, a posição dos máximos é obtida por:

n
sen   (8.8)
d
145

Onde:
 = ângulo de desvio do máximo de interferência
n = número de ordem do máximo (n = 0, no centro)
 = comprimento de onda
d = separação entre as fendas

Esta é a expressão fundamental para obtenção de espectros de raias.


Havendo incidência de radiação policromática, ocorre separação. Os maiores comprimentos de
onda (menores freqüências) sofrerão maiores desvios. Observa-se ainda que a separação entre as raias e o
seu afastamento do centro cresce quando (d) diminui. Diz-se, no caso, que fendas mais próximas têm
maior “PODER DE RESOLUÇÃO”.
A Fig. (8.8) mostra outro fenômeno.

Fig. 8.8 – Interferência obtida por difração em fendas retangulares.

Nota-se que a definição dos máximos aumenta com o número de fendas, mesmo sendo todas de
igual abertura. Para obter a imagem da Fig. 8.8, a fonte foi colocada diante de uma fenda e a luz que
passou por esta foi conduzida até a grade de difração. O tipo de difração obtida desse modo chama-se
DIFRAÇÃO DE FRAUNHOFER. É necessário utilizar um sistema de lentes para tornar os raios
paralelos quando atravessam a grade. Um outro sistema de lentes concentra os raios após a difração
aumentando a definição dos máximos.
8.2.5 O microscópio composto.
146

Na experiência de espectros obtidos por difração deveremos visualizar as fendas da rede.


Usaremos redes com 570 linhas/mm. Na Fig. 8.9, vemos o sistema de lentes conhecido como
Microscópio Composto.

Fig. 8.9 - Microscópio Composto.

Duas lentes, objetiva e ocular compõem o sistema. A 2ª imagem é ampliada em relação ao objeto
(embora seja invertida e virtual).

8.2.6 Desvio mínimo de um prisma.

A Fig. 8.10 mostra um raio de luz incidindo num prisma.

Fig. 8.10 – Desvio mínimo de um prisma.

Na situação particular, aí esboçada demonstra-se que ocorre desvio mínimo e que:

 A D
sen 
n  2 
(8.9)
 A
sen 
2

Onde:
A = ângulo do prisma
D = ângulo de desvio mínimo

O índice de refração (n) varia com o comprimento de onda de modo que espectros de raias são
obtidos com prisma, permitindo a determinação de (  ).

8.2.7 Bibliografia recomendada.


147

Os assuntos desenvolvidos nos fundamentos teóricos podem ser encontrados nos seguintes textos:

- Halliday, Resnick (David, Robert): Física, Vol. II.2, Capítulo 45.

- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2: Capítulo 25, destacando os itens 25.1, 25.2 e 25.3; Capítulo
27, destacando os itens 27.3 e 27.8; Capítulo 42, destacando o item 42.3.

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Física, Capítulo 46 e 48.

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Ótica, vol 3, Capítulo 3, destacando o item 9.

- Eisberg: Fundamentos da Física Moderna, Capítulo 5, destacando o item 5.12.

Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.

8.2.8 A técnica de análise gráfica e numérica.


148

Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica desenvolvida
em Processo de Análise Gráfica e Numérica (ver bibliografia recomendada). É imprescindível o
conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.

8.3 Experiência.

8.3.1 Relação de material.

Usaremos diversas montagens nesta experiência, com os seguintes objetivos:

MONTAGEM I: Fig. (8.11)


Observação de Espectros contínuos para diversos tipos de grades de difração.

Fig. 8.11 – Espectros Contínuos

01 Banco ótico pequeno


02 Fonte de luz com transformador
03 Fenda ajustável
04 Lente,  = 75mm; f = 300mm
05 Lente,  = 40mm; f = 100mm
06 Lente,  = 40mm; f = 50mm
07 Tela
08 Grade de difração

MONTAGEM II: ESPECTRO DE LINHAS DO MERCÚRIO.


Observação das linhas espectrais do mercúrio (Fig. 8.12)
149

Fig. 8.12 – Espectro de linhas do Hg.

09 Lâmpada de vapor de mercúrio com fonte


10 Lente,  = 40mm; f = 200mm
11 Suporte com molas
12 Conjunto de grades: 100 linhas/cm; 250, 500, 1000, 5700.
13 Lente de quartzo (2),  = 40mm; f = 150mm
14 Prisma de quartzo
15 Tela para luz ultravioleta

Fig. 8.12(b) – Espectro de linhas do Hg (com prismas).


MONTAGEM III (Fig. 8.13): ESPECTROS DE LINHA DE GASES INERTES E VAPORES
METÁLICOS.
150

Fig. 8.13 - Espectros de gases inertes e vapores metálicos.

16 Conjunto de lâmpadas espectrais: Hg, Na, Cd, Ne.


17 Diafragma de Íris
18 Conjunto de prismas
19 Prisma de visão direta

MONTAGEM IV (Fig. 8.14): ESPECTROS DE ABSORÇÃO DE SÓLIDOS.

Fig. 8.14 - Espectros de absorção de sólidos.

20 Objetivo de projeção
21 Conjunto de filtros monocromáticos
22 Placa de vidro Neophan

MONTAGEM V (Fig. 8.15): ESPECTROS DE ABSORÇÃO DE LÍQUIDOS.


151

Fig. 8.15 - Espectros de absorção de líquidos.

23 Cuba de vidro com suporte


24 Condensador duplo

MONTAGEM VI (Fig. 8.16): ESPECTROS DO HIDROGÊNIO, GASES INERTES E DE


BANDA.

Fig. 8.16- Espectros do hidrogênio, gases inertes e de banda.

25 Bateria
26 Escala
27 Fonte de alimentação de alta tensão
28 Conjunto de tubos espectrais com suporte: H2, He, A, Ne, O2, N2

8.3.2 Características e especificações do material.

01 BANCO ÓTICO PEQUENO (Fig. 8.17)

02 CONDENSADOR DUPLO (Fig. 8.17)


152

Fig. 8.17 – Banco ótico pequeno e condensador duplo.

02 FONTE DE LUZ COM TRANSFORMADOR (Fig. 8.18)

Fig. 8.18 – Fonte de luz com transformador.

Possui lente condensadora com diafragma com diversas aberturas.


No soquete, existem parafusos para centralização da lâmpada.

03 FENDA AJUSTÁVEL(Fig. 8.19). Girando-se a haste, regula-se a abertura da fenda.

Fig. 8.19 – Fenda ajustável.


153

04 LENTE,  = 75mm; f = 300mm


05 LENTE,  = 40mm; f = 100mm
06 LENTE,  = 40mm; f = 50mm
10 LENTE,  = 40mm; f = 200mm
13 LENTE DE QUARTZO, 40X150
(Fig. 8.20)

Fig. 8.20 – Lentes.


07 TELA
15 TELA PARA LUZ ULTRAVIOLETA (Fig. 8.21)

Fig. 8.21 – Tela.

08 GRADE DE DIFRAÇÃO
12 CONJUNTO DE GRADES (Fig. 8.22)

Fig. 8.22 – Grades de difração.


154

09 LÂMPADA DE VAPOR DE MERCÚRIO COM FONTE (Fig. 8.23)

Fig. 8.23 – Lâmpada de vapor de mercúrio com fonte.

11 SUPORTE COM MOLAS (Fig. 8.24). Usado para fixação de filtros e redes de difração.

Fig. 8.24 – Suporte com molas.

14 PRISMA DE QUARTZO
18 CONJUNTO DE PRISMAS (Fig. 8.25)

Fig. 8.25 – Prisma.

16 CONJUNTO DE LÂMPADAS ESPECTRAIS (Fig. 8.26). São montadas em soquete especial e


ligadas a fonte de alimentação própria.

Fig. 8.26 – Conjunto de lâmpadas espectrais.


155

17 DIAFRAGMA DE ÍRIS (Fig. 8.27). Girando-se a haste regula-se a abertura do diafragma.

Fig. 8.27 – Diafragma de Íris.

19 PRISMA DE VISÃO DIRETA (Fig. 8.28)

Fig. 8.28 – Prisma de visão direta.

20 OBJETIVO DE PROJEÇÃO (Fig. 8.29)

Fig. 8.29 – Objetivo de projeção.

21 CONJUNTO DE FILTROS MONOCROMÁTICOS


22 PLACA DE VIDRO NEOPHAN
23 CUBA DE VIDRO COM SUPORTE
156

25 BATERIA (Fig. 8.30)

Fig. 8.30 – Bateria.

26 ESCALA, 1 m
27 FONTE DE ALIMENTAÇÃO DE ALTA TENSÃO (Fig. 8.31)

Fig. 8.31 – Fonte de alimentação de alta tensão.

28 CONJUNTO DE TUBOS ESPECTRAIS COM FONTE DE ALIMENTAÇÃO (Fig. 8.32)

Fig. 8.32 – Conjunto de tubos espectrais com fonte de alimentação.

Na utilização de tais dispositivos e equipamentos deve-se atentar especialmente com os cuidados


quanto à adequada operação. É lamentável e constrangedora a danificação de componentes
dispendiosos por operação descuidada ou indevida.
157

8.3.3 Funcionamento da montagem.

MONTAGEM I: OBSERVAÇÃO DE ESPECTROS CONTÍNUOS PARA DIVERSOS TIPOS


DE GRADE DE DIFRAÇÃO.

Fig. 8.11. Desejamos observar o comportamento da figura de interferência com diversas grades
com número variável de fendas. Ligada a lâmpada, ajusta-se a largura da fenda em 0,2mm e ajusta-se a
posição da lente de f = 300mm de modo a se formar uma imagem nítida na tela (pode ser necessário
alterar a posição da lâmpada no suporte. Coloque a grade com fendas separadas e observe a imagem
formada quando as fendas são progressivamente tapadas. Para observar os máximos intermediários,
coloque um filtro vermelho escuro. Substitua a tela por um microscópio composto, por uma lente de f =
100mm (objetiva) e outra de f = 50mm (ocular). Com este artifício os máximos intermediários são
visualizados quando temos de 3 a 10 fendas.

MONTAGEM II: ESPECTRO DE LINHAS DO MERCÚRIO.

Montagem conforme a Fig. 8.12: a tela é colocada numa distancia de 2 a 5 metros. Deslocando-se
a lente de projeção (f = 200mm) consegue-se uma imagem nítida da fenda. Os comprimentos de onda
podem ser determinados medindo-se o desvio e a distância entre a grade e a tela (através da tangente
determina-se o ângulo de desvio para cada máximo de cada cor). A distância de desvio é medida
relativamente ao máximo central. O microscópio composto da Montagem I pode ser utilizado para
observação das linhas de rede de difração (570/mm).
Com a montagem da Fig. 8.12 (b) usando lentes e prismas de quartzo, observa-se a região
ultravioleta do espectro de mercúrio numa tela sensível a radiação dessa natureza. A raia de 2536 Aº
correspondente à transição observada na experiência de Franck – Hertz pode ser visualizada igualmente.
Esta montagem permite a constatação qualitativa da natureza do espectro do mercúrio (muitas raias na
região ultravioleta).

MONTAGEM III: ESPECTROS DE LINHA DE GASES INERTES E VAPORES METÁLICOS.

Fig. 8.13. Usando o prisma de visão direta e outros tipos de prismas, observam-se espectros de
vários gases e vapores metálicos (Hg – Cd). No caso de prismas de maior área, um diafragma de Íris deve
ser colocado diante da lente de projeção, a fim de diminuir as aberrações provocadas pelos prismas. Pode-
se utilizar a lâmpada de Hg como calibradora e determinar os comprimentos de onda de outros elementos.

MONTAGEM IV: ESPECTROS DE ABSORÇÃO DE SÓLIDOS.

Fig. 8.14: A montagem permite a observação simultânea da qualidade da luz após a absorção e o
espectro de absorção (refratado no prisma). Utiliza-se o prisma de visão direta. Podemos analisar, assim, a
qualidade monocromática de filtros e o efeito de placas de cristal e vidros. Linhas de absorção bem
definidas são obtidas com terras raras (vidro neophan). Vidros coloridos (com adição de sais de selênio,
cobalto, cobre, ouro e outros metais, apresentam efeitos interessantes de absorção).

MONTAGEM V: ESPECTROS DE ABSORÇÃO DE LÍQUIDOS.

Fig. 8.15: Montagem idêntica à anterior. Na cuba de vidro são colocadas soluções para absorção
de determinadas cores do espectro contínuo. A cuba pode ser parcialmente enchida de modo a que os dois
espectros (emissão e absorção) apareçam na tela simultaneamente.
158

MONTAGEM VI: ESPECTROS DO HIDROGÊNIO, GASES INERTES E DE BANDA.

Fig. 8.16: Os tubos espectrais utilizados são, infelizmente de pequena luminosidade e deverão ser
observados diretamente pela vista. A colocação de lentes irá diminuir a intensidade de algumas raias
tornando-as imperceptíveis. A escala é colocada imediatamente atrás do tubo espectral. A grade é
colocada a 1 ou 2m do tubo espectral com as linhas paralelas ao mesmo. O observador fica imediatamente
atrás da grade e indica para um auxiliar a posição das raias simétricas dos dois lados do tubo espectral.
Com os desvio assim determinados e a distância entre a grade e a escala conhecida pode-se determinar os
comprimentos de onda usando a fórmula de redes de difração. A alimentação de tubos espectrais é
efetuada através da fonte apropriada conforme indicações das figuras. O mesmo se aplica à lâmpada de
mercúrio e as lâmpadas espectrais.

8.4 Processo experimental.

8.4.1 Instruções sobre o cuidado com os instrumentos.

Os pontos críticos desta montagem são os seguintes:

a) Cuidado especial com a operação de lâmpadas, tubos espectrais, lentes, prismas e filtros.
Choques, quedas, pressão excessiva devem ser evitados. Em todos os estágios de manipulação
os diversos materiais devem ser tratados com atenção e gentileza;
b) Antes de ligar a fonte de alimentação de alta tensão, colocar o regulador de voltagem em zero;
c) Manter os eletrodos da bobina de alta tensão suficientemente separados para evitar descargas
externas;
d) Em nenhum momento é necessária grande pressão para fixação dos diversos componentes ao
banco ótico;
e) Evitar a ligação das lâmpadas espectrais sem a capa protetora;
f) Evitar olhar diretamente à lâmpada de vapor de mercúrio;
g) Evitar contato direto com partes metálicas ligadas a fontes de alta tensão;
h) Evitar contato direto com as partes aquecidas de lâmpadas e tubos espectrais. Cuidado
especialmente com a lâmpada de vapor de mercúrio.

8.4.2 Procedimento experimental.

Nas diversas montagens a serem utilizadas é necessário verificar inicialmente a disposição correta
de todos os dispositivos conforme as figuras apresentadas. Os ajustes de nitidez da imagem e a redução ao
mínimo das aberrações devem ser efetuados antes das medidas e observações. O contato manual com as
superfícies ativas de lentes, filtros, lâmpadas, grades e prismas devem ser terminantemente evitados. As
observações devem ser conduzidas em direção aos seguintes objetivos:

MONTAGEM I: Observação do comportamento da figura de interferência para conjuntos de


fendas de abertura constante e quantidade variável.
As figuras de interferência são observadas para números diferentes de fendas. Um papel deve ser
colocado atrás da tela e nele efetuado as marcações das posições dos diversos máximos. Gráficos
semelhantes aos da Fig. 8.12 podem ser traçados para demonstração dos resultados.
159

MONTAGEM II: Levantamento do espectro de linhas do mercúrio.

Os resultados devem ser apresentados numa tabela, como a 8.7. Os comprimentos de onda são
determinados a partir de medidas do desvio e da distância entre a grade e a tela. Fórmulas adequadas
devem ser desenvolvidas com esta finalidade.

TABELA 8.7 – LEVANTAMENTO DO ESPECTRO DO MERCÚRIO NA REGIÃO


VISÍVEL E ULTRAVIOLETA.
COR COMPRIMENTO DE ONDA (Aº = 10-10m)

MONTAGEM III: São levantados os espectros de diversos gases, tomando-se por base o do
mercúrio, para calibração. Os resultados são apresentados numa Tabela como a 8.8. A curva de calibração
utilizada deve ser igualmente apresentada. Trata-se de um gráfico milimetrado do comprimento de onda
em função da posição das raias do mercúrio supostamente conhecidas. Anotando-se as posições das
outras raias, de outros elementos de onda correspondentes. A lâmpada de néon pode igualmente ser
utilizada com finalidade de calibração.

TABELA 8.8 – ESPECTROS DE GASES INERTES E VAPORES METÁLICOS


ELEMENTO USADO PARA CALIBRAÇÃO:
SUBSTÂNCIA COR COMPRIMENTO DE ONDA (Aº = 10-10m)
160

MONTAGEM IV e V: Espectros de absorção de sólidos e líquidos são observados. Mais uma vez,
pode-se traçar uma curva de calibração usando os intervalos de comprimento de onda de um espectro
conhecido. Por um processo similar ao descrito anteriormente, os comprimentos de onda absorvidos
podem ser observados. Os resultados podem ser apresentados numa Tabela como a 8.9.

TABELA 8.9 – ESPECTROS DE ABSORÇÃO DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS:


ELEMENTO
COR COMPRIMENTO DE ONDA (Aº = 10-10m)
ABSORVEDOR
161

MONTAGEM VI: Levantamento de espectros de linha e de banda de gases inertes e do


Hidrogênio (Série de Balmer). Uma fórmula adequada deve ser desenvolvida para as determinações dos
comprimentos de onda conforme o arranjo da Fig. 8.16. Os resultados podem ser apresentados na Tabela
8.10.
TABELA 8.10 – ESPECTROS DE GASES INERTES E DO HIDROGÊNIO
ELEMENTO COR COMPRIMENTO DE ONDA (Aº = 10-10m)

8.4.3 Análise experimental.

Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:
1) Defina: Espectro de linhas, de bandas, contínuo e de absorção.
2) Por que o espectro solar é contínuo?
3) Demonstre a fórmula de Bohr, equação (8.7)
4) Explique os acontecimentos apresentados nas Figs. 8.5 e 8.6.
5) Demonstre a equação (8.8).
6) Conceitue: Difração de Fraunhofer e Difração de Fresnel.
162

7) Explique o funcionamento do Microscópio composto.


8) Demonstre a equação (8.9).
9) Desenvolva a fórmula para determinação dos comprimentos de onda na Montagem II.
10) Desenvolva a fórmula para determinação dos comprimentos de onda na Montagem VI.

Completando a Análise experimental, apresente as curvas de calibração desenvolvidas para análise


das montagens III, IV e V. Com as medidas do espectro de Hidrogênio, da Tabela 8.10, determine a
constante de Rydberg.
163

9. Efeito Fotoelétrico.

9.1 Preliminares.

Em 1900, Max Planck, apresentou uma sugestão para desenvolvimento de uma fórmula teórica
para representar a distribuição de radiação térmica em função da temperatura.
Estudos da radiação do corpo negro (perfeito emissor e absorvedor) tinham conduzido a leis de
distribuição que concordavam com o que acontecia a baixas temperaturas ou a altas temperaturas.
Nenhuma fórmula ainda conseguira interpretar com sucesso os resultados experimentais.
Planck sugeriu que a radiação emitida ou absorvida era uma função discreta de uma quantidade
fundamental que foi denominada em sua homenagem de CONSTANTE DE PLANCK, cujo valor
atualmente aceito é:

h  6,626.10 34 Js

É interessante observar que embora supondo que o processo de emissão e absorção da radiação
térmica fosse QUANTIZADO, isto é, a energia envolvida seria do tipo:

E  h (9.1)

Onde:
E = energia emitida ou absorvida pelo corpo negro;
h = constante de Planck;
 = freqüência da radiação emitida ou absorvida;

Planck não ousou dar os passos seguintes. Tais passos seriam:

- A propagação também seria quantizada;


- A quantizada ocorreria com todas as formas de radiação eletromagnética.

Tais hipóteses foram aproximadamente formuladas por Einstein em seu trabalho publicado em
1905. Seus estudos procuravam explicar um fenômeno já conhecido experimentalmente e chamado de
efeito fotoelétrico. Elétrons são emitidos quando a luz atinge a superfície de certos metais. Explicação: os
fótons de luz (unidades quantizadas de energia presente em qualquer forma de radiação eletromagnética)
chocam-se com os elétrons do metal, transmitem energia e, estes, excitados, saem de seus átomos e da
superfície do metal. É interessante analisar o mecanismo de ocorrência do efeito fotoelétrico. Quando o
fóton de luz aproxima-se da superfície metálica (usualmente um bom refletor de radiação) há tendência de
ocorrer reflexão. Os fótons precisam de determinada energia para penetrar.
Dentro da substancia, igualmente quantizada (postulados de Bohr) os fótons devem atingir
elétrons com energia suficiente para fazê-los mudar de órbita. Pode ocorrer uma simples transição para o
estado de maior energia com retorno posterior ao estado fundamental. Porém, se a energia entregue pelo
fóton é suficiente, o elétron pode se dissociar do átomo e ficar livre. Aí, então, poderá ser reabsorvido por
outro átomo já ionizado que se apresente em posição favorável. Existindo campos elétricos e magnéticos
internos criados pelos diversos átomos da rede cristalina, o elétron enfrentará grande oposição para sair
do metal. Para que o elétron aflore de um metal e seja detectado é necessário que suplante inicialmente
sua energia de ligação com o seu átomo e que vença a oposição generalizada da organização da rede
cristalina.
Para maioria dos metais, o efeito fotoelétrico é somente observado para radiações de maior
energia, na parte ultravioleta do espectro (lâmpadas de vapor de mercúrio são particularmente úteis na
obtenção do efeito fotoelétrico). Apenas metais alcalinos, conseguem-se o efeito na parte visível do
espectro.
164

9.2 Fundamentos teóricos.

9.2.1 Teoria do Efeito Fotoelétrico.

Algumas características intrigantes do efeito fotoelétrico apresentaram sérias dificuldades para


explicação pelas teorias clássicas da Física (Mecânica de Newton, Eletromagnetismo de Maxwell).
O efeito fotoelétrico é independente da intensidade da radiação incidente. A partir de determinado
limite, um aumento da intensidade de luz, não é acompanhado por um correspondente aumento do efeito
(o limite refere-se à capacidade de penetração na superfície citada no item anterior). Embora a intensidade
da corrente fotoelétrica aumente com a intensidade luminosa, a energia dos fotoelétrons emitidos
permanece constante. A energia dos fotoelétrons emitidos depende, entretanto, da freqüência da luz
incidente. Abaixo de certas freqüências críticas, os metais não mais emitem fotoelétrons.
Outro fato interessante é que não há intervalo de tempo sensível entre a chegada dos fótons e a
emissão dos elétrons mesmo para baixíssimas intensidades de radiação.
Um cálculo interessante é efetuado no livro CONCEITOS DE FÍSICA MODERNA (Arthur
Beiser, ver Bibliografia Recomendada).
Enquanto, pelas teorias clássicas, certas intensidades de radiação requeressem um tempo de
acumulação de um ano para arrancar elétrons de determinada superfície metálica, experimentalmente o
intervalo de tempo observado foi inferior a 3.10 -9 segundos. Isto indica que o processo de transferência de
energia não ocorre por excitação progressiva (como num processo de aquecimento), mas por transferência
inelástica de energia entre entidades quantizadas. Conseqüentemente, o efeito fotoelétrico, idealizado
como uma comprovação da quantização de todas as formas de radiação (propagação, emissão e absorção)
é igualmente uma confirmação das idéias de Bohr a respeito da natureza discreta do comportamento
microscópico do átomo. A Fig. 9.1 apresenta um arranjo experimental utilizado para medida do efeito
fotoelétrico.

Fig. 9.1 – Montagem experimental do efeito fotoelétrico.

Uma célula fotoelétrica (uma simples válvula eletrônica com dois elementos internos: o emissor e
o coletor) é ligada ao circuito indicado. Com a chave Ch na posição (1) a luz é dirigida para o emissor
(uma placa com depósito de metal alcalino). Os elétrons extraídos dirigem-se ao coletor e são indicados
por uma corrente no amperímetro. Com a chave na posição (2) aplica-se um potencial retardador aos
elétrons. Deslocando-se o cursor do reostato, de (a) para (b) cresce a tensão entre o emissor e coletor,
freiando os elétrons. Aumentando-se o potencial até que a corrente seja nula (a precisão de tal
procedimento depende diretamente da precisão do amperímetro) descobre-se o chamado POTENCIAL
DE CORTE, uma característica do material do emissor e da freqüência da luz incidente. Diminuindo-se a
freqüência até que não ocorra mais emissão (Chave na posição (1)), descobre-se a FREQÜÊNCIA DE
CORTE. Assim, a montagem da Fig. 9.1 permite determinar as principais características do efeito
fotoelétrico. O potencial de corte indica a energia cinética máxima dos fotoelétrons emitidos.
A energia original do fóton (h) é dividida, então, para vencer a oposição à saída do elétron
(energia de ligação ao átomo + energia de ligação à rede cristalina) representada pelo chamado
165

POTENCIAL DE SUPERFÍCIE (ou Energia potencial de superfície) () e para transmitir energia cinética
aos elétrons emitidos. Esta pode ser calculada, multiplicando-se a carga do elétron pelo potencial de corte
(eV0 = mv2/2). Assim, chegamos à equação fundamental do efeito fotoelétrico:

h    eV0 (9.2)

Na experiência, mediremos o potencial de corte e conheceremos as freqüências incidentes.


Um gráfico de  em função de V0 pode ser traçado e, nele podemos determinar a constante de
Planck (h) e o potencial de superfície (/e). Num gráfico da energia cinética máxima dos elétrons
emitidos (eV0) em função da freqüência, pode-se determinar a freqüência de corte (0).
Na verdade, é fácil mostrar que:

E cmáx  h   0  (9.3)

ou: eV0  h  h 0 (9.4)

A precisão dos resultados dependerá, então dos seguintes fatores:

- A habilidade experimental de conseguir radiações monocromáticas de comprimentos de onda


conhecidos;
- A precisão do amperímetro utilizado para determinar a supressão da corrente fotoelétrica;
- A qualidade da fotocélula utilizada e seu estado de conservação e pureza.

Indicaremos, a seguir, cuidados especiais na execução das medidas para minimizar tais
influências.

9.2.2 Mecanismo do Efeito Fotoelétrico.

Demonstraremos experimentalmente que em metais comuns só ocorre efeito fotoelétrico para


radiações de maior energia (região ultravioleta do espectro). Utilizaremos uma lâmpada de gás (conhecida
como lâmpada néon e usada para testes elementares na prática de eletrotécnica). Iluminaremos tal
lâmpada com uma lâmpada de vapor de mercúrio (esta lâmpada possui dois eletrodos numa ampola com
gás). Na lâmpada de gás aplicaremos um potencial para conseguir emissão de luz, sem ligar ainda a
lâmpada de vapor de mercúrio. Este potencial será diminuído até que a emissão desapareça. Quando a
lâmpada de gás for iluminada pela radiação do mercúrio voltará a ocorrer corrente na mesma. O potencial
aí existente auxilia os elétrons emitidos a atingir o outro eletrodo. Isto é necessário porque tais elétrons
são de baixíssima energia. Com uma pilha termoelétrica demonstraremos que a intensidade de radiação da
parte visível do espectro do mercúrio é bem superior à da parte ultravioleta. Entretanto submetendo a
lâmpada de gás apenas à parte visível do espectro não há emissão detectável. Submetendo-se tal lâmpada
à parte ultravioleta do espectro, a emissão é detectada.
Outro efeito interessante ocorre na célula fotoelétrica. Um de seus elementos, o emissor possui um
depósito de metal alcalino. Entretanto no processo de funcionamento, vapores desse metal ocorrem e são
dirigidos ao coletor. Assim, quando se ilumina o conjunto, ocorre emissão secundária do coletor. Tal
emissão prejudica a qualidade das medidas. Uma solução para tal problema é procurar iluminar apenas o
emissor e evitar a formação de tal depósito no coletor.
A celular fotoelétrica possui um filamento interno para aquecimento do coletor a fim de fazer
evaporar tal depósito. Tal aquecimento deve ser efetuado cuidadosamente para evitar danos ao delicado
mecanismo (recomenda-se a aplicação de 2V, durante apenas 2 segundos).
166

9.2.3 Bibliografia recomendada.

Os assuntos desenvolvidos nos fundamentos teóricos podem ser encontrados nos seguintes textos:

- Halliday-Resnick (David, Robert): Física, Vol. II.2, Capítulo 47, destacando o item 47.4.

- Alonso-Finn (Marcelo, Edward J.): Física, Um curso universitário, Vol. 2, Capítulo 20.

- Tipler (Paul A.): Física, Vol. 2: Capítulo 42, destacando os itens 42.1 e 42.2.

- Tipler (Paul A.): Física Moderna, Capítulo 3, destacando os itens 3.4 e 3.5.

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Física, Capítulo 38, destacando o item 38.12.

- Sears-Zemansky (Francis Weston, Mark W.): Física Vol. 3, Capítulo 18, destacando o item
18.5.

- Beiser (Arthur): Conceitos de Física Moderna, Capítulo 2, destacando o item 2.1.

- Eisberg: Fundamentos da Física Moderna, Capítulo 3, destacando o item 3.5.

- Dicke-Witte (R.H, J.P.): Introdução à Mecânica Quântica, Capítulo 1, destacando o item 1.2.

- Gasiorowick (Stephen): Física Quântica, Capítulo 1, destacando o item 1.B.

- Kaplan (Irving): Física Nuclear, Capítulo 15, destacando o item 15.3.

Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.
167

9.2.4 A técnica de análise gráfica e numérica.

Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica desenvolvida
em Processo de Análise Gráfica e Numérica (Luiz G. Cabral, Gráfica UNICAP). É imprescindível o
conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.

9.3 Experiência.

9.3.1 Relação de material.

Para a realização de medidas e observações, três montagens serão utilizadas.

MONTAGEM I: DEMONSTRAÇÃO QUALITATIVA DO EFEITO FOTO ELÉTRICO NUMA


LÂMPADA DE GÁS NÉON E NUMA PILHA TERMOELÉTRICA (Fig. 9.2).

Fig. 9.2 – Demonstração qualitativa do efeito fotoelétrico numa lâmpada de gás e numa pilha
termoelétrica.

01 – Banco ótico;
02 – Lâmpada de vapor de mercúrio com soquete e fonte;
03 – Diafragma íris;
04 – Lente,  = 40, f = 200mm;
05 – Suporte com molas;
06 – Conjunto de filtros para a lâmpada de Hg;
07 – Pilha termoelétrica;
08 – Filtro ultravioleta;
09 – Lâmpada de gás néon com suporte;
10 – Resistência 10.000;
168

11 – Fonte de alimentação;
12 – Instrumento de medidas elétricas (2);
13 – Galvanômetro;
14 – Reostato, 320.

MONTAGEM II: DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE PLANCK (Fig. 9.3 – a e b)

Fig. 9.3 (a) – Determinação da constante de Planck com o galvanômetro.

15 – Célula fotoelétrica com suporte;


16 – Lente,  = 40, f = 50mm;
17 – Regulador de sensibilidade do galvanômetro;
18 – Bateria;
19 – Reostato 50.

Fig. 9.3 (b) – Determinação da constante de Planck com o amplificador.

20 – Fenda variável;
21 – Objetivo de projeção;
22 – Prisma de visão direta;
23 – Amplificador linear;
24 – Transformador 220x2 V
169

MONTAGEM II: DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE PLSNCK COM O DISPOSITIVO


COMPACTO (Fig. 9.4).

Fig. 9.4 – Dispositivo compacto para determinação da constante de Planck.

25 – Dispositivo compacto para determinação da constante de Planck;


26 – Rede de difração (570 LINHAS/mm);

9.3.2 Características e especificações do material.

01 – Banco ótico com suporte e cursores:

A pressão sobre os parafusos para fixação deve ser apenas aquela necessária. Um aperto excessivo
pode causar danos.

Fig. 9.5 – Banco ótico com suporte e cursores.


170

02 – Lâmpada de vapor de mercúrio com suporte e fonte (Fig. 9.6):

Fig. 9.6 – Lâmpada de vapor de mercúrio com suporte e fonte.

03 – Diafragma Íris (Fig. 9.7). Girando-se a haste, regula-se a abertura do diafragma.

Fig. 9.7 – Diafragma Íris.

04 – Lente.  = 40, f = 200mm.


16 – Lente  = 40, f = 50mm (Fig. 9.8).

Fig. 9.8 – Lentes.

05 – Suporte com molas (Fig. 9.9).

Fig. 9.9 – Suporte com molas.


171

06 – Conjunto de filtros para a lâmpada de Hg. 4 filtros: amarelo (5780 Aº); verde (5460 Aº); azul
(4360 Aº) e violeta (4050 Aº).
07 – Pilha termoelétrica de Moll (Fig. 9.10). Contém numa superfície de 10mm de diâmetro, 16
termopares de constantan e maganina soldados com prata e enegrecidos na parte frontal.

Fig. 9.10 – Pilha termoelétrica.

Características: Sensibilidade = 0,16 mV/mW; Resistência interna = 10; Equilíbrio térmico = 2 –


3seg; Independente do comprimento de onda o intervalo de 1500 a 15.000 Aº. Com a janela de fluorita
montada o intervalo de comprimento de onda utilizável vai de 1500 a 10.000 Aº. O conjunto está
montado numa caixa cilíndrica de  = 35mm e L = 80mm. Um cone interno de 22º reduz para  = 10mm
a área útil. A janela de vidro (fluorita) é retirada para medidas de maior sensibilidade. Usualmente deve
ser mantida no aparelho. Para as medições dos potenciais gerados quando da incidência de radiação usa-
se o galvanômetro de espelho com regulador de sensibilidade (a ponte de curto circuito deve ser mantida).

08 – Filtro ultravioleta. Impermeável à luz visível. Permeável à luz ultravioleta, especialmente em


torno de 3660 Aº.

09 – Lâmpada de gás néon com suporte. Lâmpada utilizada para teste de corrente. Possui dois
eletrodos numa ampola ceia com Néon. Aplicando-se uma voltagem (Cerca de 80 V) ocorre uma
descarga entre os eletrodos e conseqüente emissão de luz.

10 – Resistência 10.000 (Fig. 9.11). 4W, 2%.

Fig. 9.11 – Resistências.


172

11 – Fonte de alimentação(Fig. 9.12). Características: Tensões contínuas: 0 – 300 V, até 50mA; 0


– 25 V, até 50mA ou 380 V, até 100mA. Tensão alternada: 2 x 6,3 V independentes, até 1A.

Fig. 9.12 – Fonte de alimentação.

12 – Instrumento para medidas elétricas (Fig. 9.13). Características: Escalas para correntes
contínuas ou alternadas: 0,001; 0,003; 0,01; 0,03; 0,1; 0,3; 1; 3; 10 A. Escalas para tensões contínuas ou
alternadas: 3; 10; 30; 100; 300; 1.000 V. Galvanômetro: 300A, 60mV, 200.

Fig. 9.13 – Instrumento para medidas elétricas.

13 – Galvanômetro (Fig. 9.14) com dispositivo de iluminação e regulador de sensibilidade:

Fig. 9.14 – Galvanômetro com dispositivo de iluminação.


173

14 – Regulador de sensibilidade (Fig. 9.15). Características: Constante de corrente: 10-8 A/mm/m;


Constante de tensão: 3.10-7 V/mm/m; Constante de carga: 10-8 As/mm/m; Resistência interna: 30;
Período de oscilação: 10s. Espelho côncavo para indicação luminosa: f = 350mm; 10 x 20 mm2

Fig. 9.15 – Regulador de sensibilidade.

Possuem dois bornes de ligação à bobina interna, um nível de bolha interna, um nível de bolha de
ar, um dispositivo de travamento e um parafuso para regular o torque. Consiste num fio finíssimo que
suspende a bobina colocada no campo magnético de um imã permanente. Havendo corrente, o sistema
gira, indicando-a. O regulador de sensibilidade permite ligação de fontes de alta impedância (sem a ponte
de curto) e fontes de baixa impedância (com a ponte). O botão superior regula a sensibilidade, atenuando
até zero o sinal de entrada. Há um parafuso inferior para ajuste da resistência limite aperiódico.

15 – Reostato, 320; 1,5A (Fig. 9.16)

Fig. 9.16 – Reostato.

19 – Reostato, 50; 1,5A (Fig. 9.16)


15 – Célula fotoelétrica com suporte (Fig. 9.17). Possui um depósito de Potássio no emissor, o
qual é uma placa plana circular. O coletor é formado por um fio em forma de círculo. Montada na Caixa,
os fios da parte inferior permitem ligação ao coletor sendo utilizados em seu aquecimento ou ligação. O
borne superior destina-se à ligação do emissor.

Fig. 9.17 – Célula fotoelétrica com suporte.


174

18 – Bateria 9V (Fig. 9.18)

Fig. 9.18 – Bateria.

20 – Fenda variável (Fig. 9.19). Girando-se a haste, regula-se a abertura.

Fig. 9.19 – Fenda variável.

21 – Objetiva de projeção (Fig. 9.20)

Fig. 9.20 – Objetiva de projeção.

22 – Prisma de visão direta (Fig. 9.21)

Fig. 9.21 – Prisma de visão direta.


175

23 – Amplificador linear (Fig. 9.22):

Fig. 9.22 – Amplificador Linear.

Descrição do funcionamento:
a) Borne de entrada para medida de corrente (A) e carga (As);
b) Borne de entrada para medida de tensão (V);
c) Interruptor para aterramento. Com a linha branca horizontal só há aterramento quando este botão
é pressionado. Com a linha branca vertical o aterramento é permanente.
d) Borne para ligação à terra;
e) Seletor de intervalos para medida de corrente = 3.10 -11A ; 3.10-10A ; 3.10-9A ; 3.10-8A e 3.10-7A.
Quatro intervalos para medida de tensão: 3.000 V; 30 V; 3 V; 0,3 V. Três para medidas balísticas
de carga: 3.10-7 As; 3.10-8 As; 3.10-9As.
f) Interruptor geral: I – ligado e 0 – desligado.
g) Lâmpada piloto indicadora de funcionamento.
h) Borne positivo de saída para o medidor.
i) Borne negativo de saída para o medidor.
j) Regulador para adaptar a saída do amplificador à entrada do medidor.
k) Regulador do ponto zero. Deve-se ligar o amplificador com este regulador totalmente à esquerda
no sentido anti-horário (em zero). Após 15 minutos, pode ser acionado para efetivação das
medidas.
l) Regulador de sensibilidade. Deve ficar em zero até que se complete o aquecimento (15 minutos).
A posição de máximo corresponde à indicação das escalas de medida.
m) Interruptor de aterramento para medidas balísticas de carga. Somente nas medidas estacionárias
de carga deve ser colocado na horizontal. Para todos os outros intervalos e tipos de medida deve
ficar na vertical.

Somente nas medidas estacionárias de carga deve ser colocado na horizontal. Para todos os outros
intervalos e tipos de medida deve ficar na vertical. Para as medidas de corrente da experiência a ligação é
feita por cabo blindado ao borne (a) e por um fio comum, ao borne (d). Uma das escalas de corrente deve
ser selecionada, no caso, a de maior sensibilidade.
176

24 – Transformador 220 x 2 V, (Fig. 9.23)

Fig. 9.23 – Transformador 220 x 2 V.

25 – Dispositivo compacto para determinação da Constante de Planck (Fig. 9.24).

Descrição:
a) Lente condensadora f = 50mm;
b) Fenda;
c) Lente projetora f = 100mm;
d) Prisma de visão direta com protetor;
e) Espelho;
f) Lente convergente f = 50mm;
g) Célula fotoelétrica;
h) Parafuso para deslocamento do suporte da fotocélula e lente convergente;
i) Bornes para ligações com indicação adequada do emissor e coletor;
j) Janela com cursor para obturação;
k) Cursor para obturação;
l) Lâmpada de vapor de mercúrio.

Fig. 9.24 - Dispositivo compacto para determinação da Constante de Planck.


177

26 – Rede de difração (570 linhas/mm)

Na utilização de tais dispositivos e equipamentos deve-se atentar especialmente com os cuidados


quanto à adequada operação. É lamentável e constrangedora a danificação de componentes dispendiosos
por operação descuidada ou indevida.

9.3.3 Funcionamento da montagem.

MONTAGEM I: A luz da lâmpada de mercúrio é projetada sobre a lâmpada de gás através da


lente de f = 200mm. O diafragma íris restringe a região a ser iluminada. A Fig. 9.2 mostra o esquema
elétrico das ligações. Inicialmente deve-se encontrar o potencial limite para funcionamento da lâmpada de
gás sem a incidência de radiação da lâmpada de Hg. O Ambiente deve estar o mais escuro possível.
Liga-se a fonte de alimentação, estando os dois controles de tensão contínua em zero. Coloca-se,
a seguir, o controle do setor 0 – 25V no máximo e aumenta-se lentamente o controle 0 – 300V. NO
momento em que a lâmpada funcionar, fixa-se o controle 0 – 300 e diminui-se o controle 0 – 25
lentamente, até que a lâmpada deixe de emitir. Nesta situação atingiu-se o limiar da tensão para
descargas através do gás da lâmpada. O amperímetro deve indicar corrente nula.
Agora a luz da lâmpada de Hg é ligada através de filtros e o diafragma íris ajustado para
iluminação da lâmpada de gás. Para a região visível do espectro não deve ocorrer efeito fotoelétrico.
Com o filtro ultravioleta, entretanto observa-se indicação de corrente no amperímetro.
Numa segunda parte da experiência, substituímos a lâmpada de gás pela pilha termoelétrica (Fig.
9.2) ligada ao galvanômetro através do reostato de 320. Agora podemos medir a intensidade das
diversas cores do espectro do mercúrio. Vamos observar que a intensidade das raias visíveis é superior à
da radiação ultravioleta. Mesmo assim, a luz visível não consegue produzir efeito fotoelétrico nos
elementos da lâmpada de gás.

MONTAGEM II: Determinaremos agora os potenciais de corte para as diversas raias visíveis do
espectro do mercúrio. Na Fig.9.3 (a) temos a montagem de menor precisão onde o detector de corrente
nula é o galvanômetro. A lente de f= 50mm é posicionada de modo a concentrar os raios da lâmpada que
atravessam o filtro apenas no coletor da célula fotoelétrica. Para cada cor, determina-se o potencial de
corte do seguinte modo:
Colocamos a tensão em zero e ligamos a lâmpada com um filtro posicionado. Depois,
aumentamos lentamente a voltagem observando a corrente indicada no Galvanômetro (a corrente surgiu
ao ligar a lâmpada; o regulador de sensibilidade, representado esquematicamente por um reostato deve ser
colocado inicialmente em zero e só aumentado, lentamente, após a ligação da lâmpada.
Quando da medição do potencial de corte, deve estar em sua posição máxima. Quando a corrente
for nula, o valor do potencial indicado no voltímetro é o potencial de corte.
Pode ser necessário efetuar um aquecimento brando no coletor para retirar depósitos indesejáveis
de material emitido do emissor. Uma tensão de 2V, retirada da bateria, pode ser aplicada por um breve
intervalo de tempo (cerca de 2 segundos). Melhor será desligar a alimentação do reostato de 50, colocar
o Galvanômetro com sensibilidade máxima e ligar o coletor. Quando o raio luminoso do Galvanômetro
iniciar o deslocamento, é o momento de desligar o aquecimento.
Na Fig. 9.3(b) vemos o mesmo esquema porém, agora usando o amplificador linear acoplado a um
amperímetro como medidor de corrente. O sistema ótico deve ser ajustado conforme indicações da
Figura. Mais uma vez, não deve haver incidência de luz no coletor. O processo de medidas é idêntico,
devendo-se observar as instruções de operação do Amplificador Linear apresentadas no item anterior.
Agora, um prisma separa as raias espectrais que são levadas uma a uma à célula fotoelétrica pelo
deslocamento conveniente dos bancos óticos. O processo para determinação do potencial de corte é
idêntico.
178

O amplificador é ligado com o ajuste de sensibilidade em zero. Espera-se o período de


aquecimento de 15 minutos. Isolando completamente a célula fotoelétrica do ambiente, colocamos o
ajuste de sensibilidade no máximo e ajustamos o zero do amperímetro, com o botão “0” do amplificador.
Voltamos a zero a sensibilidade do amplificador. Ligamos a lâmpada de Hg e fazemos uma das raias de
seu espectro atingir a célula fotoelétrica. Escolhemos a escala mais sensível da medida de corrente e
aumentamos lentamente o controle de sensibilidade do amplificador. Aumenta-se o potencial aplicado à
célula fotoelétrica até anular completamente a corrente, com o ajuste de sensibilidade no máximo. Se for
necessário aquecer o coletor, o processo será idêntico ao descrito anteriormente.

MONTAGEM III: Trata-se de um arranjo completamente idêntico ao anterior, montado, porém de


forma compacta para facilitar os ajustes e garantir maior precisão. Neste dispositivo podemos substituir o
prisma de visão direta por uma rede de difração e determinar pelo deslocamento angular os comprimentos
de onda. A Fig. 9.4 mostra o esquema das ligações e o arranjo geral dos equipamentos. Na Fig. 9.24
vemos o esquema do dispositivo com a descrição sumária das funções dos diversos elementos. Analise
tais esquemas e descubra como determinar comprimentos de onda com o arranjo compacto.

9.4 Processo experimental.

9.4.1 Instruções sobre o cuidado com os instrumentos.

Os pontos críticos das montagens são os seguintes:


a) Em todas as ligações elétricas respeitar as polaridades dos instrumentos, fontes de
alimentação, célula fotoelétrica, etc;
b) Só ligar fontes de alimentação, medidores e amplificador com todos os controles em
zero;
c) Em nenhum momento a luz deve atingir o coletor da célula fotoelétrica;
d) Em todos os circuitos providenciar um bom aterramento de todos os dispositivos e
equipamentos;
e) Ler cuidadosamente as instruções de operação do amplificador linear e procurar segui-
las rigorosamente;
f) O mesmo, relativamente ao Galvanômetro de espelho;
g) Cuidado especial na operação de lâmpadas, filtros, lentes, prismas e grades de difração.
Deve-se evitar impactos, quedas e contato manual direto nas partes ativas de tais
elementos;
h) Evitar contato direto com as partes aquecidas especialmente de lâmpada de vapor de
mercúrio;
i) Evitar olhar diretamente à lâmpada de Hg, ou de ligá-la sem a adequada proteção.
179

9.4.2 Procedimento experimental.

MONTAGEM I: Observe a ocorrência do efeito na lâmpada de gás apenas para radiações


ultravioletas da lâmpada de mercúrio. Efetue medidas da intensidade de radiação das raias do Hg, de
modo a preencher a Tabela 9.1.

TABELA 9.1 – DETERMINAÇÃO DA INTENSIDADE DO ESPECTRO DO MERCÚRIO.


COMPRIMENTO
FREQUENCIA DEFLEXÃO CORRENTE (10-
COR DE ONDA 14 8
10 Hz (mm/m) A)
(10-10m = Aº)
AMARELO 5780 5,19
VERDE 5460 5,50
AZUL 4360 6,88
VIOLETA 4050 7,41
ULTRAVIOLETA 3660 8,20

MONTAGEM II: Efetue medidas do potencial de corte com o Galvanômetro e com o


amplificador linear, de modo a preencher a Tabela 9.2.

TABELA 9.2 – DETERMINAÇÃO DE POTENCIAIS DE CORTE PARA O ESPECTRO DO MERCÚRIO


COM O GALVANÔMETRO DE ESPELHO E O AMPLIFICADOR.
COR COMPRIMENTO FREQUENCIA POTENCIAL DE CORTE (V)
DE ONDA 1014Hz GALVANÔMETRO AMPLIFICADOR
(10-10m = Aº)
AMARELO 5780 5,19
VERDE 5460 5,50
VERDE-AZUL 4920 6,11
AZUL 4360 6,88
VIOLETA 4050 7,41
ULTRAVIOLETA 3660 8,20

MONTAGEM III: Determine potenciais de corte usando o Galvanômetro e o Amplificador Linear


com o arranjo compacto e usando a rede de difração. Na própria montagem são efetuadas as
determinações dos comprimentos de onda. Efetue medidas de modo a preencher a Tabela 9.3.

TABELA 9.3 – DETERMINAÇÃO DE POTENCIAIS DE CORTE PARA O ESPECTRO DO MERCÚRIO


COM O GALVANÔMETRO DE ESPELHO E O AMPLIFICADOR. MEDIDAS EFETUADAS NO
ARRANJO COMPACTO PARA DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE PLANCK. DETERMINAÇÃO
DOS COMPRIMENTOS DE ONDA NA PRÓPRIA MONTAGEM.
COR COMPRIMENTO FREQUENCIA POTENCIAL DE CORTE (V)
DE ONDA 1014Hz GALVANÔMETRO AMPLIFICADOR
(10-10m = Aº)
AMARELO
VERDE
VERDE-AZUL
AZUL
VIOLETA
ULTRAVIOLETA
180

9.4.3 Análise experimental.

Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:

1) Demonstre que a equação (9.2) só pode ser escrita para os elétrons de maior energia.
2) Demonstre as equações 9.3 e 9.4.
3) Por que na lâmpada de gás ocorre emissão com luz ultravioleta do Hg e não com luz visível?
4) Definir e distinguir o potencial de corte e a freqüência de corte.
5) Demonstre como determinar comprimentos de onda usando o arranjo compacto para
determinação da constante de Planck com rede de difração.
6) É possível determinar a intensidade da radiação usando célula fotoelétrica?
7) Demonstre que a corrente indicada no Galvanômetro, na Fig. 9.2 é diretamente proporcional à
energia da radiação incidente.
8) Por que não existe intervalo sensível de tempo entre a chegada dos fótons e a emissão dos
elétrons, quando da ocorrência do efeito fotoelétrico?
9) Conceitue: Potencial de Superfície.
10) Apresente um método numérico para determinação do potencial de superfície, da freqüência
de corte e da constante de Planck, com os dados das Tabelas 9.2 e 9.3.

Completando a Análise experimental, efetue o seguinte:

- Analise a Tabela 9.1 e apresente a distribuição de intensidade do espectro do mercúrio,


graficamente.
- Analise graficamente as Tabelas 9.2 e 9.3 e determine a freqüência de corte, a constante de
Planck e o potencial de superfície.
- Compare o valor da constante de Planck, com o valor oficial e efetue uma crítica da precisão das
diversas técnicas utilizadas.
181

10. Experiência de Franck-Hertz.

10.1 Preliminares.

No início do século evidenciaram-se experiências denunciando os fenômenos de quantização da


matéria e radiação. Resumindo, passou-se a comentar sobre a quantização da energia. Inicialmente
estudos da radiação do corpo negro, levaram Max Planck a levantar a hipótese da quantização da emissão
e absorção da radiação térmica. Entretanto, aquele experimentador não ousou prolongar suas hipóteses
para a propagação e outros fenômenos envolvendo a radiação eletromagnética. Por outro lado, as
experiências orientadas por Rutherford, indicavam a existência de partículas elementares na matéria.
Foram descobertos contemporaneamente, o elétron, o próton e o nêutron. O modelo do átomo começou a
tomar forma. A observação de espectros atômicos, principalmente na emissão de gases e a elaboração de
fórmulas com estrutura discreta justificando os comprimentos de onda das raias espectrais, foi outro ramo
de pesquisas a indicar a quantização.
Enfim, a observação de interações “mecânicas” entre partículas e radiação (efeito fotoelétrico,
efeito Compton, produção de raios X) confirmou definitivamente a descontinuidade do universo
microscópico que estava apenas sendo “arranhado” na ocasião. Nesse sentido, as experiências realizadas
por J. Franck e G. Hertz, em 1914, merecem destaque especial. Pela primeira vez, mediram diretamente
energias correspondentes a transições quânticas, na matéria. No item seguinte, juntamente com os
fundamentos teóricos, apresentaremos uma descrição consistente da experiência de Franck e Hertz.

10.2 Fundamentos teóricos.

10.2.1 Experiência de Franck-Hertz.

A Fig. 10.1 mostra um esquema de ligações do dispositivo que ficou classicamente conhecido
como TUBO DE FRANCK-HERTZ.

Fig. 10.1 – Esquema da experiência de Franck-Hertz.

Trata-se de uma válvula eletrônica, um tétrodo com:


- Um filamento de aquecimento indireto;
- Uma grade compensadora de carga espacial (g1);
- Uma grade supressora do retorno do ânodo (g2);
- Um ânodo, ou placa.
A função de tais elementos será modificada para possibilitar a execução da experiência de Franck-
Hertz. A idéia original da execução experimental era a seguinte:
- Elétrons acelerados por uma diferença de potencial, penetrariam numa região onde houvesse
moléculas de um gás. Ocorrendo choques entre os elétrons emitidos e os elétrons atômicos do
gás, havia possibilidade de serem, alguns, pelo menos, inelásticos com transmissão de energia.
182

Numa válvula eletrônica, cheia de gás, seria possível observar diminuição na corrente de placa,
quando ocorressem colisões deste tipo. Na válvula, a grade g1 é usada excepcionalmente para arrancar
elétrons do filamento. Tais elétrons são acelerados, de g1 a g2 pela diferença de potencial aplicada entre
elas. Entre g2 e o ânodo, aplica-se um potencial inverso, com o seguinte objetivo:
Elétrons que sofrerem choques inelásticos e perderem energia conseguem atingir a placa a menos
que encontrem uma barreira. Tal barreira tem, então, a finalidade de auxiliar na determinação precisa do
potencial que produz transições.
Franck e Hertz realizaram suas experiências com diversos elementos gasosos e vapores metálicos.
Na válvula eletrônica que usaremos existe uma gota de mercúrio. Aquecido a cerca de 200ºC
ocorrerá evaporação e o gás que se forma adquire uma pressão aproximada de 15 mm Hg, que se mostra
adequada à realização das medidas. A experiência consiste simplesmente em aumentar a tensão
aceleradora e observar a corrente de placa. As quedas de corrente de placa indicam indiretamente os
valores dos potenciais correspondentes a transições quânticas dos átomos de mercúrio.
Cuidados especiais são, entretanto, requeridos. Usando-se grandes correntes há o perigo de
descarga entre os elementos da válvula, pois a atmosfera entre eles é bom condutor de eletricidade. As
pequenas correntes a serem medidas necessitam de aparelhagem especial. Um amplificador linear ou um
Galvanômetro de espelho serão utilizados. Realizaremos também a experiência com um tubo cheio de
Hélio. O princípio é o mesmo. Sendo o Hélio um gás inerte e, portanto, mal condutor de eletricidade,
poderemos usar correntes maiores e medi-las diretamente com amperímetros comuns.

10.2.2 Níveis de energia do mercúrio.

As energias emitidas por transições eletrônicas podem ser calculadas pela formula de Bohr:

me 4  1 1 
E   2 (10.1)
8 02 h 3 n 2 
 f ni 

Onde:
E = energia emitida na transição, em J;
m = massa do elétron = 9,11.10-31Kg;
e = carga do elétron = 1,60.10-19C;
0 = permissividade do vácuo = 8,85.10-12C2/Nm2;
h = constante de Planck = 6,63.10-34Js;
nf = nível final da transição;
ni = nível inicial da transição.
A fórmula de Bohr foi desenvolvida para o Hidrogênio, mas pode ser aplicada com aceitável
imprecisão a átomos mais pesados. Tem grande sucesso no caso de átomos hidrogenóides (exemplo:
Hélio ionizado), em especial quando se emprega o conceito de massa reduzida, correspondente ao
movimento próprio do núcleo. Para átomos mais pesados deve-se ainda multiplicar o numerador da fração
do 2º membro por Z2 (número atômico ao quadrado). Os níveis de energia possíveis num átomo
dependem de sua configuração eletrônica.
No caso do mercúrio (Z = 80) temos:

NÍVEL 1 2 3 4 5 6 7
CAMADAS K L M N O P Q
SUB-CAMADAS 1s 2s 2p 3s 3p 3d 4s 4p 4d 4f 5s 5p 5d 5f 6s 6p 6d 7s
Nº DE ELÉTRONS 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2

No caso de Hélio:
183

NÍVEL 1
CAMADAS K
SUB-CAMADAS 1s
Nº DE ELÉTRONS 2

Com tais elementos é possível calcular os níveis de energia correspondentes a transições atômicas.

10.2.3 Bibliografia recomendada.


184

Os assuntos desenvolvidos nos fundamentos teóricos podem ser encontrados nos seguintes textos:

- Eisberg: Fundamentos da Física Moderna, Capítulo 5, destacando o item 5.5.

- Slater (Franck), Física Moderna, Capítulo 5, destacando o item 5.3.

- Beiser (Arthur): Conceitos de Física Moderna, Capítulo 5, destacando os itens 5.1 a 5.5 e 5.7.
Capítulo 8, destacando o item 8.4.

- Tipler (Paul A.): Física Moderna, Capítulo 4, especialmente o item 4.5.

Tais referências devem ser analisadas como preparação para a aula prática.

10.2.4 A técnica de análise gráfica e numérica.


185

Usaremos para analisar os dados da experiência, a técnica de análise gráfica e numérica desenvolvida
em Processo de Análise Gráfica e Numérica (Luiz G. Cabral, Gráfica Unicap). É imprescindível o
conhecimento seguro dessas duas técnicas antes do início do trabalho em laboratório.

10.3 Experiência.

10.3.1 Relação de material.

MONTAGEM I: EXPERIÊNCIA DE FRANCK-HERTZ COM VÁLVULA ELETRÔNICA –


MEDIDAS COM AMPLIFICADOR LINEAR OU GALVANÔMETRO.

Na Fig. 10.2, vemos a montagem geral:

Fig. 10.2 – Montagem geral com Amplificador linear ou Galvanômetro.

01 Tubo de Franck-Hertz.
02 Forno elétrico.
03 Reostato de 320.
04 Instrumento de medidas elétricas (3).
05 Amplificador linear.
06 Fonte de alimentação.
07 Bateria
08 Resistência 100.000.
09 Galvanômetro de Espelho com dispositivo de iluminação.
10 Regulador de sensibilidade para o Galvanômetro.

MONTAGEM II: EXPERIÊNCIA DE FRANCK-HERTZ COM OSCILOSCÓPIO.


186

Na Fig. 10.3, vemos esquematicamente a montagem. O Amplificador linear é substituído por um


Amplificador comum e o Instrumento de medidas elétricas por um osciloscópio. Agora a bateria aquece o
filamento e alimenta, através de um reostato, a grade g 1. Outra bateria, cria o potencial retardador entre g 2
e o ânodo. O potencial acelerador entre as grades é obtido da tensão dente-de-serra, de varredura do
osciloscópio.

Fig. 10.3 – Montagem geral com Osciloscópio.

11 Amplificador.
12 Reostato de 230.
13 Bateria, 1V.
14 Potenciômetro 100K.
15 Cabo especial para alimentação do amplificador.

MONTAGEM III: EXPERIÊNCIA DE FRANCK-HERTZ COM UM TRÍODO CHEIO DE


HÉLIO (Fig. 10.4).

16 Tríodo cheio de Hélio.


17 Base para o Tríodo.
18 Resistências (2) de 10K.
19 Osciloscópio.

Fig. 10.4 – Montagem de Franck-Hertz para o Hélio.


10.3.2 Características e especificações do material.
187

01 Tubo de Franck-Hertz
Fig. 10.5. Tubo eletrônico montado num soquete de 12 terminais, com 7 ativos. A Fig. 10.6
mostra a ordem de ligação dos elementos internos:

Fig. 10.5 – Tubo de Franck-Hertz.

Fig. 10.6 – Ligação no soquete.

FILAMENTO: 1 e 12 (f)
CÁTODO: 11 (k)
GRADE g1: 10
GRADE g2: 2
PLACA: 7 (A)
BLINDAGEM INTERNA: 6 (S)

A Fig. 10.7 apresenta a disposição interna dos elementos.


188

Fig. 10.7 – Disposição interna dos elementos.

A blindagem interna (S) consiste de uma malha colocada entre as conexões do ânodo e da grade
(g2) para evitar correntes parasitas entre tais elementos. Situa-se entre os terminais externos e as
ligações internas dos elementos. A blindagem (S) deve ser ligada à terra.
Para realização de medidas o tubo deve ser aquecido num forno elétrico entre 150º e 200ºC, o que
garante uma pressão de vapor de mercúrio entre 5 e 20 mm Hg. A base da válvula deve
permanecer fora do forno, sem contato com as partes mais aquecidas. Se a pressão do vapor de
mercúrio não é suficiente, nem todos os elétrons entregam sua energia aos átomos de Hg e podem
ocorrer maiores acumulações de energia e descargas indesejáveis. O mesmo efeito pode ser
provocado por correntes muito grandes. As correntes devem ser da ordem de 10 -9A e mensuráveis,
portanto por instrumentos adequadamente sensíveis.

CARACTERÍSTICAS:

TENSÃO DE FILAMENTO: 6,3V.


TENSÃO DA CARGA ESPACIAL ENTRE A GRADE g1 E O CÁTODO: ENTRE 0 E 4V.
TENSÃO DE ACELERAÇÃO ENTRE A GRADE g2 E O CÁTODO: ENTRE 0 E 4V.
TENSÃO RETARDADORA ENTRE A GRADE g2 E A PLACA: APROXIMADAMENTE: 1V.

CABO DE LIGAÇÃO BLINDADO:

CONVENÇÕES:
FILAMENTO f VERDE
FILAMENTO/CÁTODO fK MARRON
GRADE g1 g1 BRANCO
GRADE g2 g2 AMARELO
BLINDAGEM S CINZA
PLACA A SAÍDA SEPARADA
GRADE DE BLINDAGEM
189

De 10 x 14 cm, feita de arame de bronze e com fio de conexão, tem a finalidade de blindar o tubo
contra o efeito de campos elétricos existentes no forno elétrico. Não deve tocar a base da válvula e
deve ser aterrada.

02 Forno elétrico.

Fig. 10.8. Possui um isolamento de cerâmica e uma resistência de aquecimento de forma cilíndrica
de 37mm de diâmetro interno e 100mm de comprimento. Ligado à rede de 220V, atinge a
temperatura máxima de 600ºC em cerca de 1h, com um consumo de 200W.

Fig. 10.8 – Forno elétrico.

Na experiência de Franck-Hertz, requer-se apenas um aquecimento moderado. O forno deve ser


ligado conforme o esquema da Fig. 10.9. O reostato de 320 controla a voltagem de alimentação,
indicada no voltímetro (situada entre 80-100V, na ligação em 220V).

Fig. 10.9 – Esquema de ligação do forno elétrico.

A ligação é efetuada nos fios azul e preto. O vermelho é o de aterramento da carcaça do forno.

03 Reostato de 320, 1,5A.

Fig. 10.10 – Reostato 320.


190

04 Instrumento de medidas elétricas. Fig. 10.11: 300A, 60mV, 200.

Fig. 10.11 – Instrumento de medidas.

05 Amplificador linear.
CARACTERÍSTICAS:

ESCALAS RESISTÊNCIA()

CORRENTE(A)
3.10-11 1010
3.10-10 109
3.10-9 108
3.10-8 107
3.10-7 106

CARGA (BALÍSTICA-AS)
3.10-7 2.106
3.10-8 2.107
3.10-9 2.108

CARGA (ESTACIONÁRIA-AS)
3.10-8 1012
3.10-9 1012

TENSÕES (V)
3000 108
30 108
3 108
0,3 108
191

Fig. 10.12 – Amplificador linear.

Descrição:
(a) – Borne de entrada para medidas de corrente (A) e carga (AS). Usa-se um cabo
coaxial e o outro pólo é ligado à terra quando se usa um fio comum;
(b) – Borne de entrada para medidas de tensão (V); o outro borne é ligado à terra
quando não se usa cabo coaxial;
(c) - Interruptor de terra: na posição horizontal só aterra quando pressionado; na
posição vertical está permanentemente aterrado;
(d) – Borne de ligação à terra e segundo borne para as entradas (a) e (b);
(e) – Seletor de intervalos de medida;
(f) – Interruptor geral; Após sua ligação, sempre efetuada com o regulador de
sensibilidade em zero (m), espera-se 15 minutos antes da operação do
amplificador;
(g) – Lâmpada piloto indicadora do funcionamento;
(h) – Borne positivo de saída para o instrumento de medida (Galvanômetro com as
seguintes características: 200, 300A, 60mV);
(i) – Borne negativo de saída para instrumento de medida;
(j) – Potenciômetro para adaptação da saída do amplificador à entrada do
Instrumento de medida;
(k) – Botão para regulagem do zero do instrumento de medida;
(l) – Regulador de sensibilidade;
(m) - Interruptor de aterramento para medidas balísticas de carga: na posição vertical
efetua medidas balísticas de carga; na posição horizontal, efetua medidas
estacionárias de carga.

Orientações para ligação:

- Colocar em zero o regulador de sensibilidade e ligar o instrumento de medida;


- Aterrar o amplificador;
- Ligar o cabo à rede;
- Ligar o interruptor e esperar 15 minutos;
- Ligar o sinal e medir (A-AS-V) (apenas no seletor);
192

- Aumentar lentamente a sensibilidade e observar o instrumento de medida; Se houver um


aumento brusco da indicação reduzir a sensibilidade a zero imediatamente (alguns efeitos
iniciais que produzem grandes indicações podem ser eliminados por aterramento da entrada);
- Colocar a sensibilidade no máximo (só então a indicação dos intervalos de medida tem valor)
e corrigir pequenos desvios do zero do instrumento de medidas;
- Aplicar o sinal e medir (nos bornes de entrada).

06 Fonte de alimentação (Fig. 10.13). CARACTERÍSTICAS: Saídas: 2 x 6,3 VCA, max. 1A,
fixa. 0 – 25 VCC, max. 50mA, variável. 0 – 300 VCC, max. 50mA ou 380V, 100mA.

Fig.10.13 – Fonte de alimentação.

07 Bateria 9V. (Fig. 10.14).


13 Bateria 3,6V, 11Ah.

Fig. 10.14 – Bateria.

08 Resistências 100.000.
18 Resistências 10.000 (Fig. 10.15).

Fig.10.15 – Resistências.
193

09 Galvanômetro de espelho com dispositivo de iluminação (Fig. 10.16).

Fig. 10.16 - Galvanômetro com dispositivo de iluminação.

CARACTERÍSTICAS:
Constante de corrente: 10-8 A/mm/m
Constante de tensão: 3 x 10-7 V/mm/m
Constante balística de corrente: 10-8AS/mm/m
Resistência interna: 30
Resistência limite aperiódica: 300
Período de oscilação livre: 10s
Espelho côncavo para indicador luminoso: f = 350mm (10 x 20mm2)

LIGAÇÃO: dois bornes de 4mm


POSSUI: nível, dispositivo de travamento e regulador de torsão.

10 Regulador de sensibilidade para o galvanômetro (Fig. 10.17).

Fig. 10.17 – Regulador

Permite regulagem da sensibilidade (botão superior) e da resistência limite aperiódica (parafuso


inferior). Tem uma ponte de curto circuito que, em posição, permite ligações a fontes de alta
impedância.
194

11 Amplificador (Fig. 10.18).

Amplificador de tensões contínuas ou alternadas de duas ou três etapas, comutáveis utilizáveis


para microfones, passa discos, recepção radiofônica, tubo detector Geiger-Müller, alto-falantes,
células fotoelétricas e fotodiodos.

Fig. 10.18 – Amplificador.

CARACTERÍSTICAS:
FATOR DE AMPLIFICAÇÃO DE DUAS ETAPAS: até 500.
FATOR DE AMPLIFICAÇÃO DE TRÊS ETAPAS: até 20.000.
TRANSCONDUTÂNCIA TOTAL: 100mA/V.
CORRENTE DE PLACA DA VÁLVULA FINAL: 26mA.
RESISTÊNCIA OHMICA DE ADAPTAÇÃO PARA SINAIS CONTÍNUOS
OU ALTERNADOS: 5K.
RESISTÊNCIA OHMICA DE ADAPTAÇÃO PARA SINAIS
ALTERNADOS: 4.
Pode ser alimentado através de um cabo especial de seis condutores a partir da parte posterior da
fonte de alimentação (Item 06).
Requer um pré-aquecimento de 5 minutos antes da aplicação de sinais externos.
Ligações conforme indicações da Fig. 10.3.

12 Reostato de 230 (Fig. 10.10).

14 Potenciômetro 100K (Fig. 10.19).

Fig. 10.19 – Potenciômetro 100K.

15 Cabo especial para alimentação do amplificador descrito no item 11.


195

16 Tríodo cheio com Hélio (Fig. 10.20).

Fig. 10.20 - Tríodo cheio com Hélio.

Tubo de vidro com três elementos internos e cheio com Hélio a 3mm Hg.
CARACTERÍSTICAS:
CORRENTE DE FILAMENTO: 6V, 3A.
CORRENTE DE PLACA: até 50mA.
TENSÃO DE GRADE:  25V.
DIÂMETRO: 130mm.

17 Base para o Triodo (Fig. 10.21).

Fig. 10.21 – Base para o Triodo.

19 Osciloscópio (Fig. 7.27 – pág 155)

Na utilização de tais dispositivos e equipamentos deve-se atentar especialmente com os cuidados


quanto à adequada operação. É lamentável e constrangedora a danificação de componentes
dispendiosos por operação descuidada ou indevida.
196

10.3.3 Funcionamento da montagem.

MONTAGEM I: A Fig. 10.22 mostra uma apresentação geral dos dispositivos e um esquema geral
das ligações.

Fig. 10.22 – Montagem I – Experiência de Franck-Hertz.

O tubo de Franck-Hertz é envolvido pela tela de blindagem e colocado no forno elétrico (nenhuma
parte metálica deve tocar a base da válvula). O forno é ligado através do reostato, e regula-se a tensão de
alimentação em 90V (Fig. 10.9). Liga-se o amplificador linear com o regulador de sensibilidade em zero.
Ligam-se os elementos da válvula conforme indicações da página 219 (convenção de cores). Após uma
hora de aquecimento simultâneo do forno e amplificador, liga-se o filamento. Nas grades não deve ainda
haver tensão.
197

Após um minuto de aquecimento do filamento, regula-se a tensão da grade g 1, com o seguinte


processo:
- Coloca-se o amplificador linear na escala de 3.10-9A;
- Gira-se seu regulador de sensibilidade até ¾ de seu curso;
- Coloca-se a tensão de g2 em 30V;
- Observando o instrumento de medida aumenta-se lentamente a tensão g1 (com o controle 0-25
da fonte de alimentação);
- No início, a corrente aumenta lentamente;
- Quando houver um aumento brusco, deve-se imediatamente reduzir a tensão de g2 a zero, pois
ocorreu descarga no gás;
- Reduz-se ligeiramente a tensão de g1 e volta-se, lentamente a aplicar 30V em g2, até que não se
produzam descargas (isto ocorre, geralmente, quando a tensão de g1 é de 1V);
- Regula-se o regulador de sensibilidade do amplificador linear de modo que a corrente
existente neste momento atinja toda a escala do aparelho.
Para efetivação das medidas, a tensão de g 2 deve ser levada lentamente de zero a 30V, medindo-se
a cada momento a corrente de placa. No momento das medidas, aplica-se a tensão de 1V de retardamento
entre g2 e a placa.

MONTAGEM II: Medidas com o osciloscópio (Fig. 10.3).

As características de funcionamento do osciloscópio estão descritas na experiência 7 –


Determinação da velocidade da luz. O período de aquecimento do forno é o mesmo, sempre com o tubo
inserido. Usa-se a bateria de 6V para aquecimento do filamento e, através do reostato de 230 estabelece
a voltagem em g1. A tensão de aceleração entre g2 e o cátodo, que varia periodicamente é retirada do
oscilador dente-de-serra do osciloscópio (introduz-se o plugue parcialmente co borne c) através de um
potenciômetro de 100K. O oscilador é sincronizado com a freqüência da rede, com cerca de 6V (a partir
da saída, 6,3V, da fonte de alimentação). Utiliza-se a saída de 5K do amplificador.
Após uma hora de aquecimento do forno, são ligados, o amplificador, o osciloscópio e o
aquecimento do tubo. Não deve haver tensão ainda nas grades e cátodo. Utiliza-se o amplificador com
duas etapas e o ajuste de sensibilidade é colocado no máximo. Depois de um minuto de aquecimento,
pode-se elevar a tensão de alimentação, no potenciômetro até a metade de seu valor. Valores maiores
podem produzir descargas no tubo. Aumenta-se lentamente a tensão de g 1 com o reostato, observando-se
a imagem na tela. Quando ocorrer uma descarga, a imagem vai desviar-se rapidamente para cima. A
tensão de g2 deve ser reduzida rapidamente. Obtem-se a tensão ideal por um processo similar ao anterior.
Pode ser necessário usar as três etapas do amplificador e a entrada vertical amplificada do
osciloscópio. A curva completa, da experiência de Franck-Hertz é assim, obtida na tela do osciloscópio.
Medidas quantitativas são possíveis com calibração do osciloscópio.

MONTAGEM III: Medidas com o Triodo cheio com Hélio.

O processo de medidas é semelhante ao citado anteriormente sendo que o perigo de descargas


através do gás é bem menor. Devido ao desenho geométrico diferente não há necessidade da grade para a
carga espacial. Assim, na grade do triodo, aplicar-se o potencial acelerador em relação ao cátodo e o
potencial retardador em relação à placa. Aumenta-se a voltagem e observa-se a corrente de placa,
lentamente.
198

10.4 Processo experimental.

10.4.1 Instruções sobre o cuidado com os instrumentos.

Os pontos críticos desta montagem são os seguintes:

(a) – O aquecimento cuidadoso do tubo é necessário para evitar que mercúrio líquido
estabeleça contato inadequado entre os eletrodos, provocando curtos-circuitos;
(b) – Se não se consegue regular a tensão g1 com o procedimento sugerido, deve-se alterar a
temperatura do tubo:
- Se o tubo está superaquecido os máximos e mínimos são difíceis de reconhecer. Não se
consegue emissão a não ser com grandes tensões em g1, o que não é adequado. Deve-se retirar
o tubo e deixar esfriar por 30 segundos. Deve-se, em seguida diminuir a tensão de alimentação
do forno.
- Se o tubo está pouco aquecido, a corrente de emissão é grande. Os máximos e mínimos
especialmente os de ordem superior, desaparecem quase completamente. Devido à baixa
pressão de Hg, há uma tendência para descargas através do gás. Se for necessário baixar
demasiadamente g1, para obter baixas correntes de emissão, é provável que estas fiquem
abaixo do alcance de medição. Melhor será aumentar a tensão do forno, a qual, entretanto, não
deve ultrapassar os 120V.
(c) – O tubo de Frank-Hertz não deve permanecer muito tempo no aquecimento (horas
seguidas, por exemplo) a fim de evitar desprendimentos gasosos que comprometeriam as
condições de vácuo;
(d) – A tensão entre g2 e o cátodo não deve ultrapassar 30V;
(e) – Cuidado especial com as ligações, polaridades e cores dos fios;
(f) – As instruções de operação dos amplificadores, instrumentos, Galvanômetro,
Osciloscópio e dos tubos devem ser seguidas rigorosamente;
(g) – Cuidado especial no contato com partes aquecidas. Em nenhum caso a base da válvula
deve tocar partes aquecidas.
(h) –Providenciar o adequado aterramento de todos os dispositivos e equipamentos;
(i) – Atentar especialmente às escalas de operação de Amplificadores e Instrumentos de
medida.

10.4.2 Procedimento experimental.

MONTAGEM I: Seguindo as instruções de operação, efetuar medidas da tensão de aceleração em


função da corrente de placa de modo a preencher a Tabela 10.1.

MONTAGEM II: Efetuar medidas de modo a preencher a Tabela 10.2. Desenvolver um método
adequado para calibração do Osciloscópio para medir tensões e correntes.

MONTAGEM III: Efetuar medidas de modo a preencher a Tabela 10.3.


199

TABELA 10.1 – TENSÃO


ACELERADORA EM
FUNÇÃO DA CORRENTE
DE PLACA NO TUBO DE TABELA 10.2 - TENSÃO (V)
TABELA 10.3 - TENSÃO (V)
FRANCK-HERTZ. MEDIDAS X CORRENTE (A) MEDIDAS
X CORRENTE (A) MEDIDAS
COM O AMPLIFICADOR COM O OSCILOSCÓPIO. g1
COM O HÉLIO.
LINEAR OU = V; g2 = V.
G-P = V.
GALVÂNOMETRO.
TENSÃO g1 = V; TENSÃO
g2 = V.

ORDEM TENSÃO (V) CORRENTE(10-9A) CORRENTE( A)


01 2,0
02 4,0
03 6,0
04 8,0
05 10,0
06 12,0
07 14,0
08 16,0
09 18,0
10 20,0
11 22,0
12 24,0
13 26,0
14 28,0
15 30,0

10.4.3 Análise experimental.

Para melhor compreensão dos fundamentos teóricos e práticos desta experiência, as seguintes
questões devem ser consideradas:

1) Qual a necessidade do potencial inverso aplicado entre g2 e a placa, no tubo de Franck-Hertz?


2) Explique como as quedas de corrente de placa podem indicar as transições atômicas do Hg?
3) O intervalo entre a corrente nula e a primeira transição é maior que o intervalo entre a primeira
transição e as subseqüentes. Por que?
4) Por que os gases inertes são maus condutores elétricos?
5) Descubra, teoricamente, os níveis de transição do Hg e do He que correspondem aos saltos
quânticos observados experimentalmente.
6) Efetue a correção na fórmula de Bohr usando o conceito de massa reduzida. Tal correção é
importante para o Hg? E para o He?
7) Compare os níveis de energia obtidos experimentalmente com os previstos teoricamente na
questão (5).
8) Qual a função da resistência de 100K e das resistências de 10K nas Figs. 10.22 e 10.4
respectivamente?
9) Desenvolva o processo de calibração para o Osciloscópio, a fim de fazer medidas com a
MONTAGEM III.
10) Por que não são possíveis transições em outros níveis de energia, nas MONTAGENS I e III?

Completando a Análise Experimental, efetue o seguinte:

Estude Graficamente as Tabelas 10.1, 10.2 e 10.3 de modo a determinar os POTENCIAIS DE


IONIZAÇÃO do Mercúrio e do Hélio.

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