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Aula Teoria da Comunicação II – UERJ – 15/04 – 1 sem 2010

Prof. Raquel Timponi e Juliano Borges

Jean Baudrillard (1929 a 2007)

• Um dos principais teóricos da pós-modernidade; realiza


diagnóstico da sociedade contemporânea, extinção do real,
reflexão sobre a tecnologia e suas implicações. Novo foco: a
reprodução.
• Teorias sobre impactos da comunicação e das mídias na
sociedade e cultura contemporâneas. Sociedade
tecnoestrutural – estimula delírio, deformação, padrão
consumista, vazio e a simulação desencantada.
• Primeiro trabalhou com o consumo: "O sistema dos Objetos"
(1968).

(Obra voltada para um estudo semiológico do consumo, seguidor dos


estudos de Roland Barthes, da escola francesa – estudo lingüístico,
semiologia e semiotica – signo ( significante e significado)
Outro livro - "A Sociedade de Consumo" (1970) influenciado pela sociedade
do espetáculo de Guy Debord.

- Critica à sociedade de consumo e os meios de comunicação ->


considerava as massas como cúmplices dessa situação.
Consumo dos objetos -> não só valor de uso e troca, mas também de
símbolo e signo.

- Mundo regido pela imagem e consumo - revisão e atualização no


pensamento proposto por Marx.
o econômico (infra-estrutura) é que determina todos os outros elementos
sociais e ideológicos (superestrutura). O modo de produção é a base de
todo o sistema.

- Alem de valor de troca e uso- > existem valor de símbolo, e de signo,


pleno de sentido e significado. O mundo das trocas não somente
“permutas” de mercadorias - > “novo mundo” de trocas simbólicas,
dominado por signos, imagens e representações. No novo mundo
-> meios de comunicação de massa, principalmente a televisão, são os
elementos que fazem esta mediação e trocas de signos e símbolos.

- Sociedade contemporânea enquanto sociedade de consumo, produtora de


mitos e estruturas excludentes. Exame complexo tempos atuais -> ser
humano se afasta do mundo real e natural, e se concentra no
mundo das imagens da televisão e dos meios de comunicação de
massa.

Após década de 80, estudos mais independentes.

• Estilo provocante e desafiador, postura profética e apocalíptica.

"Simulacros e Simulações" (1981).


• No conceito de virtualidade do mundo aparente, a máquina
representa o homem -> se torna um elemento virtual deste
sistema. MCM como produzem a realidade virtual
• Experiência digital (imagem e elementos digitais seriam
simulação?) e a realidade

• O reino da ilusão e da desilusão. Morte da própria realidade.


• Critica da simulação por meio do simulacro

- Simulação = espaço habitado pelo simulacro


Sentido das coisas foi implodido, não existe mais um modelo externo
(significante), a representação física, somente o interno.
Simulacro mantém com o modelo apenas a aparência interna –
sentido fora do alcance do signo. – não tem sentido.

- Afetou o sistema de representação -> Curto circuito entre


significante e significado.
REPRESENTAR -> O signo também é representação da
realidade, uma forma de apresentar a realidade novamente.

Sofre influência da visão do signo de Barthes, devido à escola que


seguia antes de se dedicar aos estudos de pensamentos mais livres.
Antes seguia a Semiologia.

Agora o hiperespaço – é onde se apresenta o simulacro -> não tem


referenciais físicos, sem referencia material. Só habitado por
números.

Novo código – binário, imagens digitais da televisão, a telefonia


moderna (em suas várias bandas e a internet) e as inovações e
gravações do áudio, informativa, DNA. Novo código = tecnologia da
informação. O código supera a era do signo lingüístico.

Sobre Representação da idéia:

1) Objetos -> transformam-se imagens (retira as dimensões e peso do


objeto, relevo, perfume, profundidade, sentido, tempo)
Imagens -> signos
2) Signo - > informação ( chips) – percepção opaca e o pensamento,
tudo se reduz às moléculas.
Exemplos: a realidade virtual, o holograma e as comunicações globais
que utilizam as fibras óticas. Aqui, há infração ao código, como signo
-> simulação. Ultrapassar as barreiras do real é a hiper-realidade. Sua
conseqüência é o total desaparecimento do real.

Baudrillard - era do novo código -> mudanças rápidas em suas formas


simbólicas e materiais, amparadas cada vez num mundo dominado e
manipulado pelo exagero das imagens apresentadas pelas agendas e
ilhas de edições da mídia.

Segundo Baudrillard, no livro Tela Total: -> Era do virtual e da


imagem -> “O significado e o referente foram abolidos

Dissolução e indistinção do que seja o Verdadeiro e o Falso: a


tecnologia dos meios de comunicação de massa não consegue
mais reproduzir uma realidade pré-existente, ao contrário,
produz o real. – uma visão, ponto de vista do real.

A contemporaneidade é um produto das inter-relações de todas as


mídias:
a televisão, o vídeo, o cinema, o DVD, a música, a telefonia, o rádio,
os jornais e revistas impressas, a fotografia, a internet, o plasma, etc.

A produção de sentidos já não passa pelo olhar humano. Os


meios fazem o olhar. A própria câmera de televisão incumbe por si
só de fazer o olhar. Parecendo que todos os acontecimentos do
mundo são dirigidos a elas. Cabendo então a elas (as câmeras de
TVs) sua função primordial: produzir as imagens, o espetáculo por
inteiro, ocasionando uma inversão de valores, uma mistura sem igual
no reino da representação.

Simulacro e Simulação: a precessão dos simulacros


Platão - simulacro natural = cópia da cópia.
Contém menos verdade associada ao objeto e matriz. Evita um
contato direto com sua fonte e razão conceitual: a própria realidade.

Num conjunto de ensaios, Baudrillard aborda a questão do hiper-real


e suas implicações na perda do referencial por parte da
humanidade, através de modelos, de uma realidade sem
origem nela mesma.
O ensaio mais importante e influente é o primeiro: “A Precessão dos
Simulacros”

Hoje -> já não se exige que os signos tenham algum contato


verificável com o mundo que supostamente representam.

SIMULACRO - é a miniaturização genética

É um hiper-real, produto de síntese irradiando modelos


combinatórios num hiper-espaço sem atmosfera. Passagem a um
espaço cuja curvatura já não é a do real, nem a da verdade, a era da
simulação inicia-se, pois, com uma liquidação de todos os
referenciais.
SIMULAÇÃO - Já não se trata somente imitação, nem de dobragem,
nem mesmo de paródia. Trata-se de uma substituição no real por
signos do real. Ex.: Fotografia

- modelos produtivos, MCM fazem com os signos percam a sua


capacidade de representação das coisas. Eles se tornam signos vazios
e constroem as simulações, dentro de um processo contínuo de
produção e circulação de signos, sendo o seu último estágio histórico
o das simulações.

Assim o simulacro é o oposto da representação, pois ele


parte da negação radical do signo como valor, e aniquila todo
tipo de referência. –

Resumindo:

- REPRESENTAÇÃO -> tenta absorver a simulação, interpretando-a


como falsa representação. Equivalência com o signo do real

- COPIA - > com regras e normas, semelhante ao modelo.

- SIMULAÇÃO -> Nega o signo como valor, acaba com as referências


envolve O edifício da representação como simulacro”.

- SIMULACRO -> Engana, ilude, suverte a referência, não tem regras,


cria a diferença.
signos não têm nenhum contato verificável e verdadeiro com o
mundo representado. ( estranhamento) em tensão com o modelo.
Espaço para o abstrato.

ESTAGIOS DE EVOLUÇÃO SUCESSIVOS DA IMAGEM ATÉ CHEGAR NO


SIMULACRO: Três estágios do simulacro:
Evolução das sociedades primitivas ( em que o real e os signos estão
perfeitamente relacionados) até o estágio atual, caracterizado pela
reprodução incessante de signos e informação.

1) Antiguidade à Renascença (simulacros naturais)

Inicialmente - o signo é “reflexo de uma realidade profunda” A


imagem é uma representação perfeita. Uma aparência, guardando
vestígios básicos e sagrados com o objeto o qual representa. É o
signo por excelência. Plano das ideias

Evolução sociedades primitivas (aquelas em que o real e os signos estão


perfeitamente relacionados) até ‘Primeira Ordem’ (os séculos XV a XVIII)
onde os signos se referem a um significado determinado pela classe, o
prestígio e o status.
2) Revolução Industrial ( simulacros produtivos)
Energia e força da materialização pela maquina e o sistema de
produção

“a imagem mascara e deforma uma realidade profunda”.


malefício - má aparência). Falsa consciência, a qual impede que as
pessoas deixem de ver o seu verdadeiro estado de alienação e
exploração.
Finge ser uma aparência”, -> tornando-se o domínio da sedução e
fascinação exercida por meios artificiais.

‘Segunda Ordem’ de simulacro que se dá a partir da Revolução Industrial,


caracterizada pela reprodução do signo, sem se referir a ele, baseado na lei
do valor comercial.

3) Era digital – (imagem numérica, simulação, baseados na


informação, no jogo cibernético, imagem e fingimento)
O último estágio, o signo “não tem relação com qualquer realidade:
ela é o seu próprio simulacro puro”. É a primazia do simulacro. Esta
nova ordem do signo, baseia-se na “Produção desenfreada de real e
de referencial, paralela e superior ao desenfreamento da produção
material: assim surge a simulação na fase que nos interessa – uma
estratégia de real, de neo-real e de hiper-real, que faz por todo o
lado a dobragem de uma estratégia de dissuasão”.

Finalmente temos a ‘Terceira Ordem’ de simulacro, que é a nossa


sociedade, onde os signos já são pura simulação (tecnologia de informação,
genética).

E, hoje -> simulacro e hiper-real estão presentes no mundo


das comunicações sociais?

Programação da televisão - simular através das imagens o mundo dos


acontecimentos, através de informações e notícias, significando o
mascaramento da diferença entre o real e o imaginário, entre o ser e a
aparência.
Elas potencializam o simulacro, o qual é passado como se fosse o real. A TV
como a fotografia e a policromia embelezam, enfeitam, espetacularizam o
real.

Fabricam um hiper-real, um real mais real e mais interessante que a própria


realidade. No plano técnico e artificial, instrumentos intensificadores do
hiper-real, a utilização da internet, sites, e-mails, telefones e programas de
edição e simuladores em computadores num contínuo show de simulação
do espaço hiper-real e espetacular, que mexe com o desejo de consumo de
todos. AUGE DA SIMULAÇÃO. PERDA DE REFERENCIAS

Este hiper-real simulado é fascinante, pois é o real intensificado na forma,


cor, tamanho e propriedades. Parece um mundo de sonhos, que existe para
nos servir, e que nos modela através da publicidade com suas imagens
sedutoras. O mais certo neste ambiente é que entre as pessoas estão a
tecnologia e as suas mensagens, notícias, suportes e imagens criadas.

Mediação não mais feita de homem para homem, e sim a


partir destes meios, ou seja, de simulações.

A função dos meios de informação agora não é somente


informar, mas também refazer o mundo a sua maneira e voz,
é hiper-realizar o mundo e transformá-lo em espetáculo.

Ex.: O Povo Tasaday - Um exemplo bastante grotesco de como


atua o simulacro a partir da televisão é a história da criança que
nunca tinha visto uma galinha na vida. Esta criança fora criado até os
seus cinco anos num grande centro urbano e nunca tinha ido à zona
rural. Num belo final de semana, os pais levaram-na para passear
pelo interior do país. Assim que a família chega ao hotel fazenda
foram para um imenso quintal. Após alguns minutos, a criança
retorna de forma animada e afirma para sua mãe: “Venha ver a
novidade, venha ver a novidade!”. “O que foi?” Perguntou a mãe. A
criança de imediato responde: “Mamãe, venha depressa, acabei de
ver um Knorr”. Este é o ponto nevrálgico da implosão do signo
lingüístico: o signo galinha confunde-se com a própria manufatura, o
Caldo de Carne Knorr. A isto, Baudrillard chama de implosão do
sentido causado pela mídia no signo. O signo verdadeiro (galinha)
perde o seu sentido original, e é ultrapassado pelo seu simulacro (a
mercadoria Caldo de Carne Knorr divulgado na TV), a qual tem uma
figura (imagem) de uma galinha branca (carijó) num fundo amarelo.
Esta imagem mental (a galinha no fundo amarelo) é o fator
contaminador, no nosso exemplo, do processo de implosão do signo
lingüístico. Eis a realidade virtual.

Ex: Baudrillard ilustra essa relação entre a desinformação e a


manipulação
Afirmações de que a Guerra do Golfo (1991) não aconteceu. Argumentou
que as transmissões televisivas do evento não eram o seu atestado de
verdade, credibilidade e com a manipulação das imagens não se podia
saber qual dos lados foi vitorioso. –

Guerra pós-moderna, destituída de “razão”, “vazia” e “simulacral”. E Depois


fala do acontecimento do 11 de setembro também.

Acontecimentos descritos que não ocorreram – Ex.: como assalto na


Tijuca que foi informado pelos jornais e era trote.

Este é o poder da mídia, que pode colocar os refletores no que lhe


interessa”
através de imagens distorcidas.

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