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Uma das bases fundamentais da crescente exploração que Portugal quis implementar em
Moçambique após 1930, era a repreensão político fascista, que impediu o
desenvolvimento de organizações anti-coloniais. A luta dos moçambicanos contra a
dominação e exploração colonial capitalista nunca esteve apagada. No entanto, ela foi
adquirindo formas e dimensões diversas de acordo com as circunstâncias da exploração
e preensão colonial.
Antes do fim na Segunda Guerra Mundial, exerceu-se uma luta através de jornais e
outras publicações como é o caso das pinturas, denunciando os abusos, arbitrariedades,
actos injustos e imorais praticados por agentes da autoridade colonial. Caso típico destes
jornais foi o Brado e Grémio Africano, liderados pelos irmãos João e José Albasini.
Nestes jornais procuravam denunciar aos abusos cometidos pelo colonialismo.
Todavia, vigiado pela polícia e limitado pelas divisões raciais impostas ao movimento
associativo, o MJDM não podia ter um impacto fora do seu fundador. Em 1948-1949, o
regime reprimiu o movimento. O Centro Associativo de Lourenço dos Negros de
Marques, as Associações Africanas de Lourenço Marques e de Quelimane e o Núcleo
Negrófilo de Manica e Sofala, constituíram parte do aparelho legal através do qual o
regime colonial pretendeu enquadrar as aspirações culturais e políticas da pequena
burguesia.
Apesar do espaço limitado de acção e dos seus membros, estas organizações foram
gradualmente inculcando os ideais nacionalistas na juventude instruída, contribuindo
para valorizar a cultura nacional e oferecendo a ocasião única de estudar Moçambique e
de falar por si próprio. Além disso, e mais evidente, no caso da NESAM, foram
cimentados contactos e laços pessoais que facilitaram o estabelecimento de uma rede de
comunicação à escala nacional, que se mostrou de grande utilidade para a formação do
futuro movimento clandestino de apoio à luta independentista.
Ainda neste período através da música, da canção, da literatura, das artes plásticas e da
imprensa se vão também veiculados valores da cultura moçambicana, denunciando as
frustrações e as humilhações sofridas pelos moçambicanos. A difusão de artigos e de
poemas nos jornais, possibilitaram a transmissão de mensagens invocando a
reafricanização, destacadamente na música de Fany Mpfumo, na poesia de Noémia de
Sousa e de José Craverinha, nos escritos de João Dias, Marcelino dos Santos e de Luís
Bernardo Honwana, nas obras plásticas de Bertina Lopes, Malangatana Ngwenya e
Alberto Chissano.
Este sentimento levou a muitos moçambicanos a residir fora do País, nos países
vizinhos e organizam-se criando em 1959 a MANU (União Nacional Africana de
Moçambique), fundada no Quenia, liderada por Mateus Mole; a UDENAMO (União
Democrática Nacional de Moçambique) em 1960, formada na Antiga Rodésia do Sul,
actual Zimbabwe e liderada por Adelino Gwambe e que mais tarde teve que mudar a
sua sede para Tanzania devido a perseguições da PIDE e a UNAMI (União Nacional
Africana para Moçambique Independente), em 1961, que tinha a sua sede no Malawi,
liderada por Baltazar Chagonga. Estes três movimentos lutavam sob um carácter Tribal,
razão pela qual não conseguiam vencer o colonialismo.
Com o lançamento dos ideais de Unidade para os povos africanos por líderes como
Francis Kwame Nkrumah, Patrice Lumumba, Julyus Nherere e outros líderes africanos,
levam Eduardo Mondlane a unir os três movimentos e funda-se a Frete de Libertação de
Moçambique (FRELIMO), em 25 de Junho de 1962, em Dar-Es-Salaam, na república
da Tanzania.
Logo quase do fim da luta armada ou mesmo durante as negociações para o cessar-fogo
entre o governo colonial português e o da FRELIMO, foram fundadas em Moçambique
organizações fantoches que pretendiam ser confundidas como se fossem a FRELIMO e
que fossem acreditadas pelo povo, compostas por reaccionários e oportunistas, como foi
o caso da FICO, GUMO, MOCOMO, FRECOMO, MIM e outras, tendo valido a
atenção do povo em afastar-se destas organizações.