Você está na página 1de 22

Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

3. Desempenho de Sistemas de Transmissão Analógicos na Presença de Ruído

3.1 Introdução

O ruído tem um papel fundamental no desempenho de um sistema de telecomunicações


e na qualidade que lhe está associada. Nos sistemas analógicos, um dos parâmetros
fundamentais de qualidade é a relação sinal-ruído, definida como a razão entre a
potência do sinal e a potência do ruído num dado ponto do sistema.
O ruído num sistema de telecomunicações poder ter diferentes origens. Pode ser devido
a outros sistemas de telecomunicações, como por exemplo acontece, em certas
condições, entre pares telefónicos. Este tipo de ruído é habitualmente designado por
diafonia (em inglês cross-talk). Interferência, ocorre sobretudo em sistemas de
comunicação sem fios, devido a outros sistemas que operem na mesma frequência ou
em frequências vizinhas. Existem outras fontes de ruído naturais, como as descargas
atmosféricas das trovoadas, e fontes de ruído com origem em equipamentos feitos pelo
homem, entre os quais os electrodomésticos e os motores de explosão, que afectam
principalmente os sistemas que operam em frequências inferiores a cerca de 30 MHz.
Ainda que fosse possível isolar um sistema de telecomunicações de todos os tipos de
ruído já referidos, manter-se-ia o ruído inerente aos movimentos aleatórios dos electrões
nos condutores, ruído térmico, que só se anula à temperatura do zero absoluto.

3.2 Ruído Térmico


A teoria cinética das partículas diz que a energia média de uma partícula à temperatura
absoluta de T é proporcional a kT em que k é a constante de Boltzman. Quando uma
resistência metálica de valor R está a uma temperatura T, o movimento aleatório dos
electrões produz uma tensão aleatória de ruído n(t) aos seus terminais. O ruído térmico é
portanto causado pela sobreposição de um grande número de acontecimentos aleatórios
pelo que só é possível a sua caracterização em termos estatísticos.
De acordo com o teorema do limite central n(t) possui uma fdp (função densidade
probabilidade) gaussiana pN(n) ;

1
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

− ( n − mn ) 2 (3.1)
1 σ n2
p N ( n) = e
2πσ n2
mn = n = 0
2(πkτ ) 2
σ n2 = n 2 = R Volt 2
3h
Onde a temperatura τ é medida em º Kelvin e
k = 1.38 x10 − 23 Joules/Kelvin = constante de Boltzman
h = 6.60 x10 −34 Joules.segundo = constante de Planck

A presença da constante de Plank na equação anterior indica que se trata de um


resultado obtido através da mecânica quântica. Através da mecânica quântica também é
possível mostrar que a densidade espectral de potência do ruído térmico é dada por,
2 hf KT 3.2
N ( f ) R ≈ 2 RkT (1 − ) Volt 2 /Hz para f <<
2kT h
Na prática usa - se a aproximação
2
N ( f ) R ≈ 2 RkT Volt 2 /Hz

3.3 Ruído Gaussiano de Banda Larga


Para além do ruído térmico, muitos outros tipos de ruído tratados em telecomunicações
também obedecem também são gaussianos (têm uma f.d.p (função densidade
probabilidade gaussiana) e têm uma densidade espectral de potência constante numa
grande largura de banda (branco por analogia com a luz).

Figura 3.1 (a) Função densidade probabilidade gaussiana. (b) Densidade espectral de
potência.

2
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

A densidade espectral de potência do ruído Gn ( f )

2 η 3.4
Gn ( f ) = N ( f ) = watt/Hz
2

combinação de todas fontes de ruído (incluindo o térmico)

o termo ½ evidencia que se trata de uma densidade espectral de potência de banda


lateral dupla. A partir da transformada de Fourier de Gn ( f ) , obtêm-se a função de auto
correlação do ruído;
+∞ η η 3.5
Rn (τ ) = ∫ e jωτ df = δ (τ )
−∞ 2 2

Assim, Rn (τ ≠ 0 ) = 0 , por isso quaisquer duas amostras de um ruído branco gaussiano


são não-correlacionadas e por isso estatisticamente independentes.

No nosso estudo, para além de considerar que o ruído introduzido no sistema é branco e
Gaussiano (AWGN-Additive White Gaussian Noise), n(t), de média nula e variância σ 2
com função densidade probabilidade:

1 −
n2 (3.6)
pN (n ) = e 2σ 2

2πσ 2

também iremos considerar que resulta de um processo aleatório ergódico e estacionário.

3.3.1 Revisão
Considere um conjunto de formas de onda correspondentes à emissão de diferentes
mensagens por uma fonte de informação, s1 (t ), s2 (t )..., si (t ) .
A mensagem concreta que é emitida a cada instante é desconhecida a priori, sendo
portanto imprevisível a forma de onda que irá ser produzida.
O conjunto de todas formas de onda geradas pela fonte é representado formalmente por
S(t,a)
Cada elemento do conjunto é designado por função amostra corresponde a determinado
sinal for exemplo si(t)= s(t,ai)
O argumento fulcral que se faz de S(t,a) é a assumpção de que quando se está a observar
uma função amostra não se sabe quais das amostras de trata.

3
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

Num instante t1 pode ocorrer um qualquer do conjunto dos valores possíveis s(t1,a) o
que significa que s(t1,a) constitui uma variável aleatória que toma valores definidos por
s(t1,a1), s(t1,a2),…, s(t1,ai)…
s(t2,a) constitui outra variável aleatória…

Figura 3.2 Forma de onda num sinal S(t,a).

Processos aleatórios
Um processo aleatório S(t)=S(t,a) não é mais que uma família de sinais s(t1), s(t2),
s(t3),....s(ti) ., designados por funções amostra, cujas funções densidade de
probabilidade (fdp) descrevem o processo aleatório nos respectivos instantes de tempo
∞ 3.7
p( s1 (t1 ) ≤ A) = ∫ p( s1 )ds1
−∞

Processos estacionários e ergódicos


Um processo aleatório estacionário é aquele cujas características permanecem
invariantes no tempo
Translação na origem dos tempos para o conjunto de sinais amostra {s(t,ai)} não afecta
os valores das médias estatísticas.
O conceito de ergocidade pressupõe que existe equivalência, para largos valores de
tempo, entre as médias de estatísticas e as médias temporais.

4
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

E[ s (t )] = s = ms 3.8
2
E[ s 2 (t )] = s 2 = ms + σ s2
ms e σ s2 são a média e variância
do processo aleatório s (t )
T
2
si (t )] = E[ s (t )] = lim ∫ si (t )dt
T →∞ T
-
2
T
2
2 2
si (t )] = E[ s 2 (t )] = lim ∫ si (t )dt = S
T →∞ T
-
2

média estatística

E[ ] média temporal.

3.4 Relação Sinal Ruído sinal de banda base


Iremos considerar como referência um sistema de comunicação que transmite um sinal
x(t) na banda base sem qualquer tipo de modulação. x(t) é um sinal de largura banda W e
normalizado tal que:

x(t ) ≤ 1 S x = x 2 = x 2 (t ) ≤ 1

Canal de transmissão Receptor

z(t)
Sinal mensagem=x(t) Filtro passa baixo
Emissor
∑ Largura de banda W

Ruído branco ( G n ( f ) = η / 2 )

Figura 3.3. Sistema de transmissão banda base.

5
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

O canal de transmissão, é um canal ideal que não introduz distorção, no entanto


adiciona ruído branco com densidade espectral de potência G n ( f ) = η / 2 . O sinal
recebido é uma versão atenuada de x(t). À entrada do receptor tem-se um filtro passa-
banda que iremos ideal (rectangular) para simplificar os cálculos com uma largura de
banda W. O sinal à saída do receptor:
z (t ) = x(t ) + n f (t ) (3.9)

Neste caso considerou-se que o sinal não é atenuado e n f (t ) é o ruído branco depois de

passar pelo filtro passa baixo de largura de banda W


A potência do sinal no receptor S r = S x
A potência do ruído à saída do receptor é

W
η 2
(3.10)
Nr = ∫
−W
2
H r ( f ) df = ηW

A relação sinal ruído (RSR) no receptor é


Sr (3.11)
RSR = =γ
ηW
O parâmetro γ - Gamma representa a relação sinal ruído de um sistema de transmissão
analógico em banda de base. Iremos usá-lo como termo de comparação dos desempenhos dos
restantes sistemas de transmissão. De notar que ηW é a potência de ruído considerando um
filtro passa baixo com largura de banda W.

3.5 Relação Sinal Ruído em sistemas DSB


A figura abaixo representa um sistema DSB
Canal de transmissão Receptor

Sinal mensagem Emissor Filtro passa Desmodulador z(t)

x(t) ∑ banda (FI) DSB

xDSB (t ) = Ap x(t )cos(2πf pt )

Ruído branco Gn ( f ) = η / 2

Figura 3.4. Sistema DSB.

6
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

a) Espectro do sinal mensagem x(t)

|X(f)|

-W 0 W f

b) Espectro do sinal DSB xDSB(t)

|Xe(f)|

0 fp-W fp fp+W f

c) Função de transferência do filtro de Frequência Intermédia

|H(f)|
1

-fp-W fp -fp+W 0 fp-W fp fp+W f

d) Densidade espectral de potência do ruído branco

Gn(f)
η/2

-fp-W fp -fp+W 0 fp-W fp fp+W f

7
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

e) Densidade espectral de potência à saída do filtro FI

η/2

-fp-W fp -fp+W 0 fp-W fp fp+W f

3.5.1 Caracterização de ruído passa banda

O ruído passa banda npb(t) é uma função amostra de um processo gaussiano


estacionário e ergódico

2
n pb = 0 n pb = σ n2 pb = N r ;

Podemos descrever nqb(t) em termos de componentes em fase nI (t ) e quadratura nQ (t )

n pb (t ) = nI (t )cos ω pt − nQ (t )sin ω pt (3.12)

As duas componentes nI (t ) e nQ (t ) , são variáveis aleatórias gaussianas conjuntas.

Descrevendo o ruído passa banda em termos de amplitude e fase aleatórias

n pb (t ) = rn (t )cos(ω pt + φn (t )) (3.13)
[ ]
= rn (t ) cos ω pt cosφ n (t ) − sin ω pt sinφ n (t )
= nI (t )cos ω pt − nQ (t )sin ω pt

onde

8
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

nI (t ) = rn (t )cos φn (t ) (3.14)
nQ (t ) = rn (t )sin φn (t )

As funções n i (t ) e n q (t ) , são as funções banda base que ocupam a largura de banda

f ≤ W , de modo que quando estas funções são moduladas usando DSB, nas

portadoras seno e coseno, o ruído passa banda resultante ocupa a largura de banda
f p −W ≤ f ≤ f p +W

A potência do ruído

n(t )
2
= (n (t )cos ω t ) + (n (t )sin ω t )
2 2
− 2nQ (t )nI (t )sin ω pt cos ω pt (3.15)
Q p I p
1 2 1
= nQ (t ) + nI2 (t )
2 2

A potência associada às componentes em fase e quadratura é idêntica, temos que:

Pn I = PnQ = nI2 = nQ2 (3.16)

E portanto:

η (3.17)
n 2 = nI2 = nQ2 = 2 × × 2W = 2ηW
2

Assim, temos que a densidade espectral de potência das componentes na banda base
nI (t ) e nQ (t )

Gn I ( f ) = GnQ ( f ) = η (3.18)

9
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

3.5.2 Envolvente e Fase do Ruído Passa Banda

[
rn (t ) = nI2 (t ) + nQ2 (t ) ] 1/ 2
3.19

 nQ (t ) 
φn (t ) = tan −1  
 nI (t ) 

A envolvente rn (t ) e a fase φn (t ) são ambas funções amostras de processos aleatórios


passa-baixo.
As funções densidade de probabilidade de rn (t ) e φn (t ) podem ser obtidas a partir das

the nI (t ) e nQ (t ) . Considerando que NI e NQ representam as variáveis aleatórias obtidas

por observação (num determinado instante fixo) dos processos aleatórios representados
pelas funções amostra nI (t ) e nQ (t ) respectivamente. De notar que NI e NQ são variáveis

aleatórias independentes Gaussianas com média nula e variância σ2, por isso a função
densidade probabilidade conjunta é dada por:

1  nI2 + nQ2  3.20


f N I , N Q (nI , nQ ) = exp−



2πσ 2  2 σ 2

Assim, a probabilidade do evento conjunto de NI se encontrar ente nI e nI+dnI e NQ se
encontrar entre nQ e nQ+dnQ, que corresponde à área tracejada na figura, é dada por:

1 nI2 + nQ2 
f N I , NQ (n , n )dn dn = exp − dnI dnQ
 3.21
2πσ 2 2
I Q I Q
 2 σ 

(a) (b)
dnI
drn (t )
dnQ nQ

dφn (t )
nQ rn (t ) rn (t )

φn (t )
φn (t )

0 nI 0 nI

Figura 3.5. Ilustração do ruído passa banda. (a) Em termos coordenadas


componentes em fase versus componente em quadratura. (b) Em termos da
envolvente e fase.

10
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

Usando a transformação
nI = rn cos(φn ) 3.22
nQ = rn sin (φn )

No limite as duas áreas incrementais são iguais e dadas por:


dnI dnQ = rn sin(dφn )drn ≈ rn dφn drn 3.23

Considerando as duas variáveis aleatórias R e Ψ obtidas por observação, num dado


instante, o processo aleatório representado pela envolvente r(t) e fase ψ (t ) ,
respectivamente. Substituindo as equações (3.22) e (3.23) em (3.21), encontra-se a
probabilidade das variáveis aleatórias R e Ψ se encontrarem conjuntamente na área a
sombreado

r  r2  3.24
exp − drdψ
2 
2πσ 2  2σ 

Isto é, a função densidade probabilidade conjunta de R e Ψ é:

r  r2  3.25
f R , Ψ (r ,ψ ) = exp − 
2 
2πσ 2  2σ 
Esta função densidade probabilidade não depende do ângulo ψ o que significa que as

variáveis aleatórias R e Ψ são estatisticamente independentes. Por isso f R , Ψ (r ,ψ ) ,

pode ser expressa como o produto de f R (r ) por f Ψ (ψ ) . Particularmente, a variável


aleatória Ψ que representa a fase é uniformemente distribuída no intervalo 0 a 2π ,
como se mostra em;
1 3.26
 , 0 ≤ ψ ≤ 2π
f Ψ (ψ ) =  2π
 0, outros valores

Deste modo para a função densidade da variável aleatória R resta

1  r2  3.27
 2 exp − ,
2 
r≥0
f R (r ) = σ  2σ 
 0, outros valores

11
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

onde σ 2 é a variância do sinal original passa banda n pb (t ) . f R (r ) é a distribuição de

Rayleigh.

3.5.3 Relação Sinal Ruído em Sistemas DSB Coerentes

Agora que já sabemos caracterizar o ruído passa banda, estamos em condições de


terminar a análise do desempenho de um sistema DSB coerente

Receptor
Canal de transmissão

Filtro passa
∑ Filtro FI
baixo, LB=W
LB=2W
z(t)
xDSB (t ) = x(t )cos(2πf pt )
cos(2πf pt )

S S
Ruído branco Gn ( f ) = η / 2    
 N R  N D

Figura 3.6. Desmodulador DSB coerente.

O primeiro bloco do receptor é o Filtro FI (Frequência intermédia), localizado à


frequência fp e largura de banda 2W. A função deste filtro é filtrar o ruído banco
introduzido pelo canal e deixar passar inalterado o sinal.
S
Para realizar a análise da relação sinal ruído à entrada do receptor,   , consideramos
 N R
a relação potência do sinal recebido Sr e o a potência do ruído nos vários pontos do
receptor.

12
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

Sx
O sinal que chega ao receptor é xDSB (t ) = x(t )cos(2πf pt ) , cuja potência é S r = ,a
2
relação sinal ruído à saída do filtro IF é

S S γ (3.28)
RSR R =   = r =
 N  R 2ηW 2

Á saída do multiplicador temos que:,


y (t ) = {x(t )cos(2πf t ) + n(t )}cos(2πf t )
p p
(3.29)
= {x(t )cos(2πf t ) + n (t )cos ω t − n (t )sin ω }cos(2πf t )
p I p Q p p
x(t ) + n (t ) n (t )
=
2
I
(
1 + cos 4πf t ) −
p
Q

2
sin 4πf t
p

Depois da filtragem pelo filtro passa baixo temos:

1 1 (3.30)
z (t ) = x(t ) + nI (t )
2 2

A Relação Sinal Ruído

1 2 (3.31)
x (t )
4 S S
RSR = = x = r =γ
1 2
nI (t ) 2ηW ηW
4

Definindo Figura de Mérito do receptor como


RSR D 3.32
Figura de Mérito =
RSR R

Para DSB temos


Figura de Mérito = 1

13
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

3.6 Relação Sinal Ruído em Sistemas SSB

Sx
Antes do multiplicador a potência do sinal SSB é S r =
4

Sr (3.33)
RSR = =γ
ηW

Depois do multiplicador
1 1  (3.34)
y (t ) =  x(t )cos(2πf pt ) + j xˆ (t )sin (2πf pt ) + n(t ) cos(2πf pt )
2 2 
1 1 
=  x(t )cos(2πf pt ) + j xˆ (t )sin (2πf pt ) + nI (t )cos ω pt − nQ (t )sin ω p  cos(2πf pt )
2 2 
11  n (t )
 x(t ) + nI (t )(1 + cos 4πf pt ) − sin 4πf pt + jxˆ (t )sin 4πf pt
Q
=
2 2  2

Depois do filtro passa baixo


x(t ) nI (t ) 3.35
z (t ) = +
4 2

A potência de ruído à saída do filtro FI de largura de banda W é ηW , e tendo em conta


a representação do ruído passa banda em termos de componentes em fase e quadratura,
temos que:

η (3.36)
n 2 = nI2 = nQ2 = 2 × × W = ηW
2

Assim, temos que a densidade espectral de potência das componentes na banda base
nI (t ) e nQ (t )

η (3.37)
Gn I ( f ) = GnQ ( f ) =
2

14
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

1 1 (3.38)
z (t ) = x(t ) + nI (t )
4 2

A Relação Sinal Ruído

1 2 (3.39)
x (t )
S S
RSR = 16 = x = r =γ
1 2
nI (t ) 4ηW ηW
4

3.7 Relação Sinal Ruído em AM Convencional com Detecção Coerente

1
A potência do sinal AM S r = (1 + S x )
2
y (t ) = {(1 + µx(t )) cos(2πf t ) + n(t )}cos(2πf t )
p p
(3.40)
= {(1 + µx(t ))cos(2πf t ) + n (t )cos ω t − n (t )sin ω }cos(2πf t )
p I p Q p p

=
(1 + µx(t )) + n (t ) (1 + cos 4πf t ) − n (t ) sin 4πf t
I Q
p p
2 2

Tendo em conta que para além do filtro passa baixo também a componente contínua é
eliminada

1 2 2 (3.41)
µ x(t ) µ 2 S S
RSR = 4 = x
= r =γ
1 2 2ηW ηW
nI (t )
4

3.8 Relação Sinal Ruído em AM Convencional com Detecção de Envolvente

Na modelação AM convencional tanto a portadora como as duas bandas laterais são


transmitidas
x
AM
(t ) = A p [1 + µx(t )]cos(ω pt ) (3.42)

15
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

De acordo com a figura

S (
Ap2 1 + µ 2 S x ) (3.43)
  =
 N R 2Wη

Receptor
Canal de transmissão

Filtro FI Detector de y(t)



xr(t)
LB=2W envolvente

x AM (t ) = Ap (1 + µx(t ))cos(2πf pt )

S S
Ruído branco Gn ( f ) = η / 2    
 N R  N D

Figura 3.7 Receptor AM com detecção de envolvente.

Para analisar a relação sinal ruído à saída do detector de envolvente, soma-se as


componentes em fase e quadratura do ruído passa banda ao sinal AM recebido.
xr (t ) = Ap (1 + µx(t ) + nI (t ))cos(2πf pt ) − nQ (t )sin (2πf pt ) (3.44)

Sendo a envolvente y(t) dada por:


2 (3.45)
y (t ) = Ap (1 + µx(t ) + nI (t )) + nQ2 (t )

É útil representar as componentes que compõem o sinal por meio de fasores, e


considerar dois casos extremos de funcionamento.

16
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

(a)
envolvente y (t )
nQ (t )

Ap (1 + µx(t )) nI (t )

(b)
envolvente y (t )
Ap (1 + µx(t ))

rn (t ) φn (t )

Figura 3.8 Representação fasorial da envolvente do sinal AM mais ruído passa banda.
(a) sinal muito maior do que ruído. (b) ruído muito maior do que sinal.

1º caso
Potência média da portadora muito maior do que a potência média de ruído, situação
representada na Figura 3.8 (a). Nesse caso o termo correspondente ao sinal
Ap (1 + µx(t )) , é muito maior do que os termos de ruído nI (t ) e nQ (t ) . Nesta situação a

envolvente pode ser aproximada por:


y (t ) = Ap (1 + µx(t ) + nI (t )) (3.46)

Considerando que a componente DC é eliminada obtém-se

S Ap2 µ 2 S x (3.47)


  =
 N D 2Wη

ou seja uma relação sinal ruído idêntica à obtida na detecção coerente.

2º caso
Situação representada na Figura 3.8 (b), onde o ruído é dominante.
y (t ) = rn (t ) + Ap (1 + µx(t ))cos(φn (t )) (3.48)

17
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

O termo dominante é o ruído e não existe nenhum termo que só dependa do sinal, o
sinal recebido é sim multiplicado por um factor multiplicativo que depende da fase do
ruído. A mensagem é destruída não sendo possível a sua recuperação. Existe um valor
de threshold para a potência do sinal AM a partir do qual é possível recuperar o sinal
transmitido.

3.9 Desempenho dos Sistemas FM

Considerar o modelo de um receptor FM representado na Figura 3.9.

x r (t ) v(t )
x FM (t ) y (t )
Filtro Limitador Descriminador Filtro
∑ passa-banda LB=BT passa-baixo LB=W

η
Gn ( f ) =
2

Figura 3.9 Modelo de um receptor FM.

O sinal FM que chega ao receptor x FM (t ) é dado por:

 t
 (3.49)
x FM (t ) = Ap cos 2πf pt + 2πK f ∫ x(τ )dτ 
 0 

Fazendo
t (3.50)
φ (t ) = 2πK f ∫ x(τ )dτ
0

Temos
[
x FM (t ) = Ap cos 2πf pt + φ (t ) ] (3.51)

18
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

O sinal FM recebido ao qual foi adicionado ruído aditivo WGN, depois de passar pelo
filtro passa banda com largura de banda BT. BT é considerada a largura de banda
necessária para transmitir o sinal FM, pelo que na saída do filtro teremos:
[ ]
x r (t ) = Ap cos 2πf pt + φ (t ) + rn (t )cos(2πf pt + φn (t )) (3.52)

Torna-se útil a representação fasorial do sinal x r (t )

resultante xr (t )
rn (t )
θ (t ) − φ (t )
Ap φn (t ) − φ (t )

Figura 3.10 Representação fasorial do sinal FM envolto em ruído passa banda.

A fase de x r (t ) representada por θ (t ) é obtida a partir da Figura 3.10.

 rn (t )sin[φn (t ) − φ (t )]  (3.53)
θ (t ) − φ (t ) = tan −1  
 Ap + rn (t )cos[φn (t ) − φ (t )]

a envolvente de x r (t ) não tem nenhum interesse para a análise já que quaisquer

variações na amplitude do sinal são removidas pelo bloco limitador.


O objectivo é determinar a frequência instantânea do sinal de modo a identificar o sinal
recebido e o efeito do ruído adicionado. O bloco descriminador tem essa função, a saída
do descriminador é dada por
1 dθ (t ) (3.54)
v(t ) =
2π dt

De modo a tornar a análise mais fácil necessitamos de simplificar a expressão.


Considerando que a potência média da portadora é muito maior do que a potência de
ruído fazemos as seguintes simplificações
Ap + rn (t )cos[φn (t ) − φ (t )] → Ap (3.55)

19
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

considerou-se rn << Ap
 r (t )sin[φn (t ) − φ (t )] rn (t )sin [φn (t ) − φ (t )] (3.56)
tan −1  n →
 Ap  Ap

o arco da tangente de um ângulo muito pequeno pode ser aproximado pelo valor do
ângulo, assim temos que:
rn (t )sin[φn (t ) − φ (t )] (3.57)
θ (t ) = φ (t ) +
Ap

A saída do descriminador de frequência é então dada por:


1 dθ (t ) (3.58)
v(t ) =
2π dt
1 d  rn (t )sin[φn (t ) − φ (t )]
= φ (t ) + 
2π dt  Ap 
1 d rn (t )sin[φn (t ) − φ (t )]
= K f x(t ) +
2π dt Ap

Ou seja obtém-se um termo proporcional ao sinal mensagem vd (t ) = K f x(t ) e um termo

1 d rn (t )sin[φn (t ) − φ (t )]
de ruído nd (t ) = .
2π dt Ap

A partir do diagrama fasorial, nota-se que as variações da fase φn (t ) do ruído passa

banda são relativas a φ (t ) . Sabemos que a fase do ruído passa banda é uniformemente
distribuída no intervalo [0,2π ] radianos. Por isso somos tentados a considerar que a

diferença de fases [φn (t ) − φ (t )] também é uniformemente distribuída no mesmo


intervalo. Se esta assumpção fosse verdadeira, a componente de ruído nd(t) à saída do
descriminador seria independente do sinal modulante e iria depender somente das
características da portadora e do ruído passa banda. Teoreticamente foi provado que esta
assumpção é verdadeira para situações onde a relação potência da portadora potência
do ruído é elevada, desde modo considerando que o receptor funciona nessas condições,
podemos considerar:
1 d rn (t )sin[φn (t )] 1 dnQ (t ) (3.59)
nd (t ) = =
2π dt Ap 2πAp dt

20
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

o que significa que o ruído aditivo que aparece à saída do descriminador é inversamente
proporcional a Ap, amplitude da portadora e da derivada da componente em quadratura
do ruído passa banda.
S
Para relação sinal ruído na saída do receptor FM   , necessitamos de calcular a
 N D

S
potência do sinal detectado   .
 N D
A potência média do sinal detectado

Sv d = vd (t )
2
= K 2f S x (3.60)

A potência média do ruído detectado

Snd = nd (t )
2 (3.61)

Para o cálculo desta potência de ruído convém analisar em pormenor as operações que
ocorrem no receptor. À saída do filtro passa banda de largura de banda BT temos ruído
passa banda, cuja componente em quadratura nQ(t), ocupa na banda base uma largura de
banda BT e tem uma densidade espectral de potência GnQ ( f ) = η , Figura 3.11 (a)

Gn Q ( f ) = η f2
Gnv ( f ) = η
A p2 f2
G nd ( f ) = η
A p2

BT 0 BT f BT 0 BT f −W 0 W f
− −
2 2 2 2

(a) (b) (b)

Figura 3.11. (a) Densidade espectral de potência da componente de ruído banda base
em quadratura nQ(t). (b) Densidade espectral de potência do ruído à saída do
descriminador de frequência. (c) Densidade espectral de potência do ruído à saída do
filtro passa baixo do receptor.

O ruído nv(t) à saída do descriminador é proporcional à derivada em ordem ao tempo da


componente em quadratura do ruído passa banda nQ(t). No domínio da frequência a

21
Fundamentos de Telecomunicações I Mestrado Integrado em Electrónica e Telecomunicações

operação de diferenciação corresponde a uma multiplicação por j 2πf , deste modo

podemos considerar que a função transferência do discriminador é H d ( f ) = j 2πf ,


sendo a densidade espectral da potência do ruído nv(t) dada por:
2 f2 (3.62)
Gnv ( f ) = H d ( f ) GnQ ( f ) = 2 GnQ ( f )
Ap

Representada na Figura 3.11 (b).


Á saída do filtro passa baixo temos então que a potência do ruído é dada por
W
f2 2ηW 3 (3.63)
Snd = ∫
−W
Ap2
η df =
3 Ap2

De notar que a potência média do ruído detectado é inversamente proporcional à


potência da portadora, por isso em sistemas FM é possível reduzir o ruído na recepção
aumentando-se a a potência da portadora.
Temos finalmente a relação sinal ruído na detecção

S K 2f S x 3 Ap2 K 2f S x 3 Ap2 β 2 S x (3.64)


  = 3
= =
 N  d 2ηW 2ηW 3 2ηW
2
3 Ap

Kf
Tendo sido usa a relação β =
W
A figura de mérito do receptor FM
S (3.65)
 
Figura de Mérito =   d = 3β 2 S x
N
S
 
 N r

Da equação (3.65) podemos concluir que a Figura de Mérito de um receptor FM


Kf
aumenta com o valor de β = , ou seja é possível melhorar a performance do sistema
W
FM aumentando a largura de banda utilizada, no entanto há que ter cautela com esta
conclusão já que o que este sistemas estão sujeitos a efeitos de thresholds.

22

Você também pode gostar