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Correntes: Atados pelo Sofrimento

Autor(es): Jacqueline Sampaio

Sinopse
Bella têm sua vida tragicamente mudada após a morte repentina dos pais. Sem
desejo algum de viver, ela acaba conhecendo um estranho morador nas
proximidades de sua nova casa, Edward Cullen. Juntos descobrirão que o
amor é capaz de tudo, inclusive de fechar feridas e dar motivos para que
ambora vivam. Mas há um ssegredo que compromete o casal, Edward é um
vampiro.

Notas da história
*Personagens de Stephenie Meyer. Outros personagens serão de Jacqueline
Sampaio.
Índice
(Cap. 1) Prólogo
(Cap. 2) Capítulo 1: Som
(Cap. 3) Capítulo 2: O estranho
(Cap. 4) Capítulo 3: Monstro
(Cap. 5) Capítulo 4: Chamado
(Cap. 6) Capítulo 5: Sangue
(Cap. 7) Capítulo 6: O outro
(Cap. 8) Capítulo 7: Vigília
(Cap. 9) Capítulo 8: Lembranças
(Cap. 10) Capítulo 9: Beijo
(Cap. 11) Capítulo 10: Resolução
(Cap. 12) Capítulo 11: Viagem
(Cap. 13) Capítulo 12: Pesadelo
(Cap. 14) Capítulo 13: Garantia de vida
(Cap. 15) Capítulo 14: Atados
(Cap. 16) Capítulo 15: Interrupção
(Cap. 17) Capítulo 16: Juntos
(Cap. 18) Capítulo 17: Hora errada
(Cap. 19) Capítulo 18: Não há nada
(Cap. 20) Capitulo 19: Game over
(Cap. 21) Capitulo 20: Infligir dor
(Cap. 22) Capitulo 21: E o tempo recomeça
(Cap. 23) Epílogo

(Cap. 1) Prólogo
–É por isso que odeio hospitais públicos! Por que, ao invés de
pegarmos os exames de Bella no hospital de nossa cidade, temos que ir para o
hospital da cidade vizinha? –Minha mãe bufava de raiva no banco do carona.
Meu pai, a fim de evitar mais falatório por parte dela, ligou o som do carro.
Eu, meu pai, Charlie, e minha mãe, Renée, estavam indo para Camp
Pendleton North, a vinte e dois quilômetros de nossa cidade, São Marcos.

–Já deveria estar acostumada com isso, Renée. Ao menos conseguimos


com que Bella fizesse o exame. Saberemos o porquê de suas constantes dores
de cabeça. –Meu pai deixou a radio em uma estação que tocava música
country. Eu me refugiei da voz um pouco irritante de minha mãe e daquela
música horrível colocada pelo meu pai através de meu MP4. Era bom poder
ouvir um bom blues ignorando o falatório, a música chata e a chuva torrencial
que se chocava contra a lataria do carro. Encostei-me melhor em meu acento e
fechei os olhos. A dor de cabeça estava controlada aquela manhã, o que era
bom. Permiti-me fugir de tudo, pensando em absolutamente nada. Um barulho
estrondoso ecoou chegando aos meus ouvidos. Eu abri os olhos atordoada e
então eu não vi mais nada.

Eu sempre achei que aquele acidente de carro seria o fim de tudo, o fim
de Isabella Marie Swan e não um recomeço.

(Cap. 2) Capítulo 1: Som


–Ah, Bella! Ai está você! –Billy disse ao me ver sair do ônibus em que
vim. Abraçou-me desajeitado antes que eu saísse do portão de embarque. Eu
correspondi seu abraço tentando conter o constrangimento por estar sendo
abraçada em publico.

–Oi tio Billy. –O cumprimentei. Billy olhou-me por alguns minutos,


certamente queria me falar algo, mas não disse o que foi melhor para mim.

–Vamos guria. –Ele falou pegando minhas malas, as poucas coisas que
trouxe na verdade, e as carregando para sua picape, um Chevy 53, o mesmo
da época quando eu e meus pais morávamos próximos de sua casa.

Billy era filho de criação de minha avó, mãe de meu pai. Eu sempre o
vi como meu tio, embora na prática não seja. Eu era bem próxima dele e de
seus três filhos, Jacob, Rachel e Rebecca. Até que meus pais resolveram se
mudar da pequena cidade de Forks para São Marcos no estado da Califórnia.
A viagem que seria para mudar nossas vidas, meu pai assumindo um posto
maior em sua função de xerife e minha mãe como professora de uma escola
conceituada. Não foi o que aconteceu. A viagem a São Marcos foi à sentença
de morte para meus pais, queria que tivesse sido para mim, mas eu sobrevivi,
infelizmente.
Durante a viagem nada falamos. Agradeci por isso. Billy ajudou-me
novamente com as malas quando chegamos em sua casa.

–Onde está o Jake? Ele também saiu de casa? –Perguntei a Billy


enquanto o ajudava com minhas malas.

–Jacob ficou em casa para deixar tudo arrumado para você. –Billy disse
e rapidamente olhou para avaliar minha reação.

–Não precisavam ter todo esse trabalho comigo. Poderiam me deixar


arrumar o espaço que irei ocupar.

–Imagine Bella! Não faríamos isso com você. A propósito eu a


matriculei na escola de Forks, a mesma escola do Jake. Você tem carteira, não
é?

–Tenho sim Billy.

–Que bom por que o Jake é novo demais para tirar a carteira e temos
um carro a mais em casa. Você poderá dirigi-lo assim vocês dois não
precisarão caminhar para a escola.

–Puxa, legal da sua parte.

O restante do caminho foi silencioso. Eu sabia que eu teria que ser uma
boa atriz e fingir estar sempre bem, não queria preocupar Billy e os demais. O
problema era que até mesmo atuar o tempo todo, fingindo estar bem, cansa,
mas me servia de consolo que isso não iria durar. O meu sofrimento pela
perda de meus pais, por estar só não iria durar.

...

–Hei Bells! –Jacob cumprimentou-me esfuziante. Eu sorri levemente,


fui abraçada fortemente por ele. Billy e Jacob ainda viviam na pequena casa
de poucos cômodos na reserva La Push. Eu já havia ido aquela casa muitas
vezes quando era pequena, antes de meus pais mudarem, nada parecia ter
mudado, pelo menos nenhuma mudança visível.

–Vem. Vou levar sua bagagem. -Jacob se prontificou a pegar minhas


malas e levar até o quarto. O local estava limpo, arrumado, com poucos
móveis. Apenas a cama, o armário, uma escrivaninha e uma penteadeira
antiga. Para mim tudo estava perfeito, eu não passaria muito tempo ali
mesmo. Jacob colocou minha bagagem ao lado da cama, Billy entrou logo em
seguida trazendo mais coisas.

–Obrigada. –Eu disse a eles.


–Então você certamente está com fome. Vamos Jake, vamos preparar
algo para Bella enquanto ela toma um bom banho. –Billy disse colocando as
mãos no ombro do filho.

–Claro. Alguma preferência sobre o que quer comer Bells? Hoje é você
que manda! –Jacob disse.

–Como qualquer coisa, não se incomodem em me agradar.

–Tudo bem. Vamos fazer algo saboroso, certamente apreciará. –Billy


disse puxando Jacob pelo ombro para fora do quarto.

Eu estava só no quarto, só para lamentar e chorar, mas não o fiz. Eu


deitei na cama que agora era minha e olhei o teto. Essa era minha nova vida,
na pequena cidade de Forks onde nasci e passei boa parte da minha infância, o
lugar que, apesar de belo e de ter pessoas boas, não era o meu lugar, nunca foi.
Agora eu teria de viver ali até conseguir uma bolsa em alguma faculdade
longe da cidade, ou até que meu fim chegasse.

...

O jantar foi um evento alegre, alegre para Billy e Jacob. Jake contou-
me tudo o que perdi desde que sai com meus pais para San Marcos, eu fingi
ouvir atentamente. Eu era uma boa atriz, aprendi durante o tempo após o
acidente em que fiquei internada no hospital recebendo mimos de
desconhecidos, amigos de meus pais e os funcionários do hospital. Após o
jantar Jacob quis conversar um pouco mais, saber sobre mim, mas eu aleguei
cansaço e me retirei para o quarto. Minhas coisas ainda estavam nas malas,
como eu ainda estava nas férias de verão eu tinha muito tempo para fazer isso.
Esse era o outro problema, como eu estava de férias de verão não teria a
desculpa da escola para fugir das gentilezas de Billy e Jacob, teria que pensar
em uma forma de me manter muito ocupada.

Após um demorado banho, eu vesti meu pijama favorito, abri a janela


do quarto que fica ao lado da minha cama e me deitei com o rosto voltado
para a janela.

Eu estava um caco, por dentro e por fora. As feridas que ganhei no


acidente estavam cicatrizadas, mas as feridas em minha alma estavam mais
abertas do que nunca. Eu poderia sorrir, conversar, mas seria apenas teatro. Eu
não sei até quando suportaria isso. Afastei-me um pouco da cama alcançando
uma das malas e pegando uma pasta. Voltei a deitar. Era o documento dos
exames que fiz antes do acidente por culpa de uma dor de cabeça.
–Meu passaporte para a felicidade... –Murmurei abraçando a pasta e
olhando o teto. Foi quando eu ouvi. Estava longe, mas deu para identificar o
som. Era o som de um piano, minha música favorita estava sendo tocada no
piano, banda Debussy. Eu fechei os olhos mergulhando naquela melodia, era
como estar voltando ao passado. Incapaz de ficar parada, eu me levantei e
sentei no beiral da janela. O som vinha do bosque aos fundos da casa de Billy
certamente vinha de alguma habitação nas proximidades.

Como um girassol persegue os raios de Sol eu me senti compilada a


fazer o mesmo. Aquela melodia tão bela e aconchegante foi como um Sol em
meio à escuridão. Eu peguei meu Hobby preso em um gancho atrás da porta,
sai pela janela caminhando no telhado e, com a ajuda de uma árvore, desci até
o solo. Eu sei, eu deveria voltar para o quarto e tentar dormir, mas eu
precisava sair de lá e caminhar para aquela música, para ouvi-la melhor. E
então eu caminhei ignorando o frio e a escuridão, andando por entre as árvores
usando minha audição como guia. Só precisei caminhar uns cem metros até
me deparar com um campo aberto e a frente uma bela casa, praticamente uma
mansão. Era de lá que vinha o adorável som do piano. Mas o som cessou
assim que vislumbrei a casa. Apenas a luz de um cômodo estava ligada. Eu
dei mais um passo até ela, não notei que estava diante de um barranco. Eu cai
barranco abaixo e tudo ao meu redor escureceu.

...

–Hmmm...

Sentia uma dor crescente na testa, mas não senti a terra ou a grama
abaixo de mim como deveria ser. Eu estava deitada em algo macio,
incrivelmente perfumado. Eu abri meus olhos não enxergando muito
nitidamente o ambiente que me cercava, estava escuro. Sentei-me no que
julguei ser a cama, uma luz de um abajur foi acessa e pude ver uma silhueta
sentada em uma poltrona vermelha. O desconhecido olhou-me, seus olhos
pareciam brilhar no quarto pouco iluminado. Eu fiquei olhando para aquela
rapaz. Eu sei que eu deveria me preocupar por estar só com um homem ou
perguntar como vim para ali, mas... Mas eu não pude. Por que diante de mim
estava o rapaz mais belo que eu já havia visto em toda a minha vida.

–Quem é você? -Consegui dizer, ou melhor, murmurar. Pretendia


repetir por saber que dificilmente ele me ouviria, mas ele ouviu.

–Edward Cullen.
(Cap. 3) Capítulo 2: O estranho

Eu olhei ininterruptamente para o rapaz diante de mim, mesmo com a


pouca iluminação do recinto, foi fácil perceber a beleza inumana daquela
pessoa. A pele era branca, quase possuía um brilho próprio, os cabelos eram
lisos, um pouco bagunçados, não pude definir a cor em primeira instancia. Ele
manteve seus olhos que possuíam um estranho brilho fixos em mim por
minutos que me pareceram a eternidade, por fim moveu-se. Levantou da
poltrona que antes estava sentado e ficou de pé diante e mim.

–Então senhorita, por que invadiu minha propriedade? –Retorquiu


ainda mantendo o timbre suave quando deveria estar furioso pelo meu ato.

–Peço perdão. Eu ouvi a música que estava tocando e vim ouvi-la


melhor. Eu não iria invadir sua casa ou algo assim, nem mesmo ultrapassaria
seu gramado. –Não consegui fita-lo. Abaixei a cabeça olhando o edredom de
qualidade que me cobria.

–Está bem. Tenha mais cuidado quando for sair por ai para exploração.
Não é muito bem visto uma donzela sair por ai e se infiltrar em uma floresta. –
Edward disse. Seu sotaque e algumas expressões utilizadas me fizeram sentir
como se estivesse em um século anterior. –É melhor regressar a sua casa.
Certamente mora aqui nas proximidades, não é?

–Sim. Eu moro atrás da sua casa. –Murmurei enquanto me levantava.

–Mora com os Black? –Ele perguntou e, ao vê-lo, pude ver a


curiosidade em sua face.

–Sim, por enquanto. –Fiz questão de arrumar a cama que até poucos
instantes estava deitada e passei a caminhar para a porta. Edward guiou-me,
nenhuma palavra foi trocada enquanto íamos para a saída. Eu estava tão
envergonhada pelo que fiz que apenas mantive meus olhos no piso. Eu pensei
que Edward apenas me guiaria até a frente de sua mansão, mas para a minha
surpresa ele saiu junto a mim.

–O que está fazendo? –Perguntei quando o vi fechar a porta e caminhar


pelo gramado.
–Vou levá-la até a sua casa. Não seria prudente deixá-la
desacompanhada. Venha. –Por alguns instantes pude ver mais de meu
acompanhante. Vestia-se com elegância, elegância demais para quem estava
sozinho em casa (aparentemente sozinho) e iria dormir. Praguejei ao pensar
que talvez tivesse atrapalhado algo. Ele vestia uma calça social preta, camisa
de botões vermelha, suspensórios pretos, sapatos sociais pretos. Estava tão
absorva em olhá-lo atentamente que não me dei conta que caminhávamos para
a minha casa. Em um determinado momento eu estaquei, tudo ao meu redor
estava escuro, era difícil caminhar. Senti uma mão macia e anormalmente
gelada segurar minha mão, eu sabia que era Edward, tinha que ser ele. Eu
podia ver seu vulto branco andando com graça entre as árvores. Devo
confessar que a principio fiquei assustada, pensei que uma alma penada havia
segurado minha mão. Após perceber de quem era aquela mão ofertada para
me ajudar a caminhar sem me ferir, eu senti um estranho calor. Ficamos
calados durante aquela curta caminhada até que paramos. Oh droga, havíamos
chegado ao meu destino.

–Esta deve ser sua moradia. –Edward falou e virou-se para me ver,
notei então qual a cor de seus olhos, eram de um estranho ocre, olhos tão
belos e intensos! –Tome cuidado quando andar por ai.

–Obrigada senhor Edward. Desculpe o incomodo. –Murmurei


envergonhada. Ainda sentia a frieza de sua mão mesmo após Edward deixar
de segurar minha mão.

–Não foi incomodo. –Ele passou a caminhar para sua casa, mas eu não
consegui fazer o mesmo. Eu fiquei parada olhando-o. Para a minha surpresa
Edward parou.

–Clair de Lune... Era a musica que eu tocava ao piano, que a atraiu até
mim.

–Minha musica favorita. –Eu disse risonha, pateticamente risonha devo


ressaltar.

–A minha também. –Ele disse sem se virar, em pouco tempo Edward


havia desaparecido no bosque. Só assim retornei para meu quarto. Pela
primeira vez após o acidente que matou meus pais eu experimentei dormir
bem, uma noite sem sonhos era bem verdade, mas melhor do que nada.

...

–Hei Bella adormecida, ta na hora de acordar! –Ouvi uma voz dizer, eu


reconheci como a voz de Jacob. Abri vagarosamente meus olhos, era de
manhã. Jacob me chamava do lado de fora do quarto. A brisa da manhã
penetrava pela janela aberta, então realmente aconteceu tudo aquilo comigo.
Pude sentir o galo na testa, por cima deste um curativo certamente colocado
por Edward. Edward... Meu quase visinho incrivelmente lindo. E aquela
imagem, borrada, porém vívida ficou em minha mente enquanto eu me
levantava, ia tomar meu banho, após meu banho vesti roupas simples e
confortáveis e desci para tomar café.

–Bom dia. –Disse para Jacob que estava na cozinha. Ele virou-se e
sorriu alegremente, eu sorri apenas para ser simpática.

–Bom dia. Sente-se Bells. –Ele me ofereceu uma cadeira alta de frente
para a bancada da cozinha, eu sentei. –Estou fazendo ovos com bacon, você
quer?

–Acho que vou querer algo mais nutritivo. –Falei. Jacob sorriu.

–Eu tenho algo para você. Tem cereal. Você quer?

–Eu prefiro isso. Desculpe pelo incomodo.

–Imagine Bells! Deixe disso! Sempre que quiser algo apenas pegue,
essa casa é sua. –Jacob falou de forma amistosa, eu apenas sorri. Eu jamais
veria aquela casa como minha. –A propósito como foi a sua primeira noite
aqui?

–Foi boa. –Eu disse e meus pensamentos foram para Edward. Ele era o
fato que fez minha noite ser boa. Aquilo me deixou confusa, eu não deveria
estar feliz só porque conheci um cara que gentilmente me ajudou. Servi-me de
cereal, não estava com fome, mas comi para não deixar ninguém preocupado
com meus hábitos.

–E ai Bella, o que pretende fazer durante esses dias de férias de verão


que você tem? Você tem um mês, não é?

–Tenho sim Jake, mas confesso que não tenho planos. Estou pensando
em, sei lá, ficar por aqui ajudando na limpeza da casa e estudando.

–Credo Bella, isso lá é programa! –Protestou Jacob. –Você deveria


aproveitar para dar uma volta por Forks, muita coisa mudou desde que você
saiu daqui. –Eu olhei sugestivamente para Jacob, ele sorriu sem jeito. –Tudo
bem, não mudou muito.

–Eu agradeço a sugestão Jake, mas quero aproveitar esse tempo para
ficar quietinha.

–Bom se você mudar de idéia basta me falar.


–E onde está o Billy?

–Ele foi para a loja de peças de carro na cidade.

–Vocês ainda têm aquela loja?

–Sim. Ela está diferente, está maior. Cresceu bastante. Você precisa ir
lá ver.

–Quem sabe outro dia Jake.

–Bom eu vou sair para dar uma ajuda para o velho, se quiser ir lá sabe
como chegar, não é?

–Sei sim. A propósito eu vou fazer a comida e limpar por aqui.

–Bella, não precisa disso.

–Eu faço questão e nem vem que não tem! –Jake riu com minhas
palavras.

–Tudo bem Bells. Faça como quiser. Mais tarde, se você quiser, eu
posso mostrar alguns lugares para você. Não será um passeio, apenas
reconhecimento de território. Mostrarei onde fica a escola, o melhor
restaurante daqui, o supermercado, a biblioteca...

–Tem uma biblioteca por aqui Jake?

–Tem.

–Bom então reconhecimento de território eu aceito.

–Ok. Preciso ir agora ou o Billy vai me matar. Fique bem Bells.


Qualquer problema ligue para a loja, o telefone estava anotado e coloquei
próximo do telefone.

Jacob saiu e me senti melhor por estar só, sem precisar fingir a alegria
e empolgação que não tinha. Mesmo sabendo que Billy e Jacob não iriam
aprovar, eu cuidei da casa limpando-a e arrumando-a. Queria fazer qualquer
coisa que mantivesse minha mente ocupada, para não pensar em nada ligado a
meu passado, meus pais, minha casa... Eu queria ter a mente vazia para não
pensar nas coisas que faziam meu peito doer. Enquanto preparava o almoço,
sabendo que logo Jacob e Billy estariam ali para comer, eu senti uma forte
pontada na cabeça. Precisei me afastar do fogão e sentar em uma das cadeiras
da pequena mesa da cozinha. Aquela dor era conhecida por mim, eu já a sentia
há algum tempo. Mas aprendi algo após a morte de meus pais, a ignorar a
saúde e sempre fingir que tudo está bem.

Eu não sei até quando ignoraria aquilo. Passei a mão pelo nariz e com
horror vi gotas de sangue sair de minhas narinas e cair na costa de minha mão
direita. Nada fiz. Apenas retirei o sangue de minha mão tomando o cuidado de
não deixar nenhum vestígio, e segui com meus afazeres.

...

A chuva desabou quando eu por fim terminei o almoço, algo comum


em Forks. Jacob e Billy chegaram embaixo daquela chuva, ensopados como
previ. Eles pareceram aprovar a limpeza e organização feitas na casa por mim,
mais ainda a comida que preparei: arroz, bife, salada e batata frita.

–Poxa Bells, com essa chuva eu acho que teremos de deixar nosso
passeio para depois. –Jake falou pesaroso enquanto se servia pela segunda vez
da refeição que fiz.

–Tudo bem Jake. Fica para depois. –Eu disse. –Bom eu já comi antes
de vocês então eu vou para o quarto, tem algumas coisas que preciso
organizar.

–Ok Bella. Fique a vontade. –Billy disse. Eu segui para meu quarto.

E as horas se passaram... Eu fiquei ali entretida em arrumar o que não


estava organizado só como uma desculpa para me isolar. Lá pelas tantas, após
eu tomar meu banho e me preparar para ficar vegetando na cama, mas o
silencio quase sepulcral foi quebrado pelo já conhecido barulho de um piano
soando longe, tocando minha música favorita. Eu poderia ter ido dormir, mas
me senti inquieta. Acabei fazendo a mesma bobagem da noite anterior. Vesti
meu hobby e meu par de tênis e sai pela janela. Desta vez agi com mais
prudência ao caminhar, não queria acabar no fundo de um barranco. Eu não
ousei me aproximar muito da mansão de Edward. Fiquei sentada na beira do
pequeno barranco onde cai noite passada e contemplei a linda noite e a doce
melodia que soava. Eu me deitei no gramado e me perdi em tudo aquilo.

–Pretendendo dormir no meu gramado? –A voz disse e eu estaquei com


a proximidade. Num átimo estava de pé olhando desorientada para todas as
direções até encontrar um desconhecido de pé a alguns metros de mim.

–O-o que? Que-quem é... –Ele ligou uma lanterna que estava em sua
mão focando no rosto.

–Boo. –Edward disse divertido, desligou a lanterna em seguida. –Veio


ouvir novamente eu tocar?
–Espera! A música ainda está rolando! Como você... –Edward ergueu a
outra mão, notei que algo como um controle remoto estava nela. Ele balançou
e pude ver o sorriso sarcástico nos lábios. Eu iria dizer algo, como por
exemplo: que belo tocador de piano fajuto ele é! Mas quando eu ia dizer...

–Parece que meu plano de conduzi-la a minha casa deu certo, fico grato
por isso. –Então ele tocou a música para que eu viesse até ele? Minha voz
morreu. –Siga-me. –Ele falou caminhando para sua casa. Eu me vi incapaz de
recusar. Prontamente o segui sem me importar se minha atitude era certa ou
errada, apenas queria ir junto a ele.

Notas finais do capítulo


Logo terá mais. Deixem coments. Ah tenho outros fics aqui como "Lembre-
me!", "Renascida" e "Internato Cullen: um amor avassalador". o/

(Cap. 4) Capítulo 3: Monstro


Era estranho. Eu mal o conhecia e já estava aceitando um convite para
ir até a sua casa. Bem, para quem já esteve deitada em sua cama, ir para a casa
não tinha nada demais. Edward guiou-me até sua majestosa casa, como estava
bem iluminada pude avaliar melhor o recinto. Uma decoração simples, mas
requintada adornava o local. Quadros de pintores desconhecidos por diversas
partes. Ele caminhou para a casa, levou-me até a sala de música. Com o
controle remoto ele desligou o som, notei então vários instrumentos no local,
mas o que me chamou a atenção foi o piano de calda negro que estava
próximo a uma grande janela, a brisa gelada da noite penetrava pela mesma.

–Pensei que tocasse. –Comentei.

–Eu toco. O som foi só uma artimanha. –Edward deixou o controle


remoto de sofisticado som em cima de uma mesinha próximo a um conjunto
de poltronas aveludadas de vermelho e seguiu para onde estava o piano de
calda. Eu fiquei em pé vendo-o se ajeitar em frente o piano.

–O que vai fazer?

–Provar que sei tocar.


–Não precisa fazer isso por mim. –Caminhei e sentei-me em uma das
pequenas poltronas aveludadas, Edward soltou um curto sorriso. E então ele
encheu a pequena sala de música com o som de Clair de Lune, minha música
clássica preferida. Eu me acomodei melhor na poltrona e fechei os olhos para
melhor apreciar a música. Edward tocava muito bem, tão bem quanto aqueles
que compuseram a canção. A nostalgia me atingiu, lembrei-me de quando eu e
minha mãe tínhamos nossos momentos e ficávamos na sala de nossa casa em
San Marcos ouvindo música clássica. Meu rosto deve ter transpassado a
angustia que senti com as más recordações. Olhei para Edward e vi que ele me
observava com uma expressão curiosa. Seus olhos eram estranhos, de um ocre
estranho, e pareciam querer me desvendar, saber o que estava pensando. Eu
desviei os olhos e naquele momento eu senti a velha conhecida de minha vida:
as fortes dores de cabeça.

Pensei: Bela hora para uma crise!

Eu tentei disfarças enquanto a dor agonizante me tomava, fechei os


olhos e me recostei na poltrona. Respirei pausadamente, tentei manter-me com
uma cara saudável. Desisti. O melhor mesmo era sair dali. Quando abri meus
olhos Edward estava bem próximo de mim. Tomei um susto. Eu nem tinha
percebido que Edward parou de tocar, tampouco notei sua aproximação.

–Algo de errado? Não parece bem.

–Não é nada. Acho melhor eu ir. Obrigada pelo convite de vir aqui
ouvi-lo tocar. Você toca muito bem. –Sorri. Levantei-me tentando manter-me
de pé. Edward ainda me olhava com curiosidade. –Eu preciso ir. –Anunciei
caminhando para a porta. Percebi que Edward andava ao meu lado.

–Vou acompanhá-la senhorita...

–Isabella Swan. Mas pode me chamar de Bella, não gosto que me


chamem de Isabella.

–Que seja. A chamarei como desejar.

–Então Edward, mora há muito tempo aqui? Eu costumava morar em


Forks, nunca o vi na época em que estive aqui.

–Estou aqui há dois anos. –Ele respondeu. Continuamos a caminhar


pela casa em direção a saída.

–Gostando de Forks? –Falei com certo sarcasmo na voz. Para minha


surpresa ele respondeu o que eu não esperava.

–Sim. Uma bela cidade, o tipo de cidade que eu estava procurando.


–Sério que você gosta de Forks? Quantos anos você tem? Oitenta? –Ele
riu com minhas palavras. Agora estávamos em seu jardim.

–Tenho dezessete. Preciso ser idoso para gostar de uma cidade tão
pacifica como esta?

–Bom, os jovens que estão aqui em geral não gostam daqui por ser
pequena demais.

–Devo interpretar isso como uma confissão. Certamente você não gosta
de Forks, não é verdade, Bella? –Seus olhos arderam nos meus, estranhamente
adorei o modo como meu nome saiu de seus lábios.

–Não gosto muito daqui. Acho que isso ficou bem claro. Prefiro
cidades maiores.

–Então por que está aqui em Forks? –Eu tive vontade de contar. Sério,
tive vontade de me abrir com aquele desconhecido, à dor alucinante me
atingiu mais uma vez, eu senti que iria escorrer sangue pela minha narina.
Coloquei a mão sobre a mesma enquanto caminhava pela escuridão.

–Olha Edward, eu posso ir sozinha para casa. –Eu falei, mas quando
olhei para o lado, Edward não estava mais lá. Eu o procurei. Procurei. Nada.
Edward simplesmente evaporou. Eu achei aquilo estranho, ele não tinha dito
que iria me acompanhar? Como ele conseguiu sumir sem que eu notasse?
Mesmo com tantas dúvidas eu agradeci por ele ter sumido e segui desejando
ao menos chegar consciente em casa.

...

Eu estava horrível. Tive sangramento nasal durante boa parte da


madrugada, tomei mais analgésicos do que precisava e dormi até meio dia.
Ninguém se incomodou em tentar me acordar, Jacob e Billy certamente
estavam querendo me deixar o mais a vontade possível. Tomei um bom
banho, vesti roupas casuais e aproveitei para arrumar e limpar a casa. Para me
distrair enquanto comia uma bobagem qualquer, peguei um de meus livros e
fui para o meu quarto ler.

...

–Está decidido! Amanhã vamos sair. Não pode passar o dia inteiro aqui
Bells. –Jacob disse enquanto lavávamos a louça do jantar. Billy assistia um
jogo de basquete na televisão da sala.
–Tudo bem. –Concordei apenas por que eu sabia que meu
comportamento anti-social estava chamando atenção para mim e isso era algo
que eu não queria. –Aonde vamos?

–Vou levá-la por ai sem rumo. Tenho certeza de que vai curtir.
Também quero apresentá-la aos meus amigos. Eles estão curiosos para vê-la.
–Jacob falou empolgadamente.

Ótimo, era tudo o que eu queria, atenção. Dei um sorriso amarelo e


voltei minha atenção para o último prato. Após lavá-lo dei boa noite aos
demais e fui para o quarto. Tentei me entreter lendo um livro e escutando
música, um cd que meu pai me dera de rock. Eu não estava me concentrando
no que fazia. Esperava ouvir a minha música favorita tocada por Edward ao
piano ou em seu som sofisticado como um convite para visitá-lo, mas não
ouvi nada. Aquilo me incomodou. Desde que cheguei a Forks Edward tem
sido a única coisa interessante que acontece. Isso me preocupou um pouco,
que as coisas interessantes girassem apenas em torno dele. Mas o que eu tinha
a perder afinal? Não importava, eu não iria passar muito tempo por aqui
mesmo. Eu não tive o convite para ir à casa de Edward, que consistia em ouvir
Clair de Lune, mas quem precisava de tal convite? Sai pela janela trajando
pijama, tênis e meu inseparável hobby e segui em direção a sua casa. Claro
que não bancaria a inconveniente. Eu ficaria por lá pelo jardim, quem sabe
Edward não iria me perceber e me convidar para ouvi-lo cantar? Ignorei o frio
e a escuridão rumando pela pequena trilha que levava para a casa de Edward,
como não chegava rapidamente comecei a apressar o passo. E então eu
caminhei, caminhei, caminhei e estaquei. Notei com horror, em meio ao
bosque escuro, que eu havia me perdido.

–Era só o que faltava! Que merda! –Murmurei emburrada enquanto


olhava para todas as direções, não conseguia ver nada. Como pude me perder
em uma trilha? Talvez fosse por que eu sempre tinha a música de Edward para
me guiar em meio à escuridão, mas agora eu não contava com isso.

“Talvez eu deva ficar parada. Logo o Edward vai começar a tocar e ai


poderei me guiar. –Foi o que fiz. Sentei no chão encostando minhas costas no
tronco de uma árvore e fitei o céu. A noite estava linda, até pensei em me
guiar pelas estrelas ou coisa parecida e ir para minha casa, mas nunca fui boa
nisso. E então eu esperei, esperei, eu iria ficar ali esperando por algum
indicativo que pudesse me guiar de volta a trilha, mas ouvi o barulho de
algum animal nas proximidades e estremeci. Eu gostaria de ter ouvido
qualquer coisa, uma coruja, roedores, até mesmo cobras. Não foi o que eu
ouvi. Um uivo, lobos, ou seja, meu fim!

–Merda! –Olhei para todas as direções desnorteada, eu precisava ir


embora. Mesmo sem saber para onde deveria correr, segui o norte andando
por entre as árvores. Os uivos continuavam, calculei pelo menos três lobos.
Como o barulho estava cada vez mais rápido, eu passei a correr. Claro que do
jeito que eu sou desastrada eu acabei tropeçando algumas vezes, mas me
recuperei rápido. Eu corri em meio à escuridão tentando ouvir algum som ou
ver alguma luz.

“MERDA! MERDA! E AGORA?” –Eu estava desnorteada e quanto


mais eu corria, mais eu me perdia pelo bosque. E então eu parei. Estava em
uma pequena clareira iluminada pelo brilho mortiço da Lua, a minha frente
um lobo negro, os olhos voltados para mim com um brilho imprudente, os
caninos a mostra enquanto rosnava. Sim, era meu fim. Mais rápido do que eu
previa. O lobo fez menção de me atacar e fui incapaz de me mover. Ele veio
correndo na minha direção, rosnando, iria certamente me atacar no pescoço.
Eu nem ao menos consegui fechar os olhos, estava em choque. E então...
Parou.

O lobo fora agarrado pelo pescoço e agora parecia estar sem ar devido
à força ferrenha que Edward empregava em seu pescoço e... EDWARD?
EDWARD! Eu olhei mais atentamente e não tive duvidas, era Edward que
havia aparecido sabe-se lá de onde e tinha detido o ataque do lobo segurando
pelo pescoço. Eu achei que estava tudo acabado, subitamente Edward
aproximou o lodo de sua boca e, para minha maior surpresa, ele o mordeu
naquele local. O lobo movia-se desesperado enquanto o sangue de sua jugular
escorria até pingar no chão. Cai no chão de joelhos olhando a cena macabra
diante de mim. Realmente Edward estava se alimentando do animal,
alimentando-se com o seu sangue como se fosse um...

Um uivo soou novamente e dois lobos atacaram Edward diante de


mim. Eles tentaram morde-lo, mas nada aconteceu. Os caninos se
despedaçaram como se os lobos tivessem tentado morder uma escultura em
pedra dura. Outro uivo soou e senti a aproximação de algo em minhas costas.
Eu sabia que era um lobo que se aproximava de mim e certamente iria me
atacar, mas estava pasma demais para me virar e fazer algo. Edward largou o
corpo sem vida do primeiro lobo e em uma velocidade sobre humana quebrou
o pescoço dos dois outros lobos com apenas uma mão. Não cheguei a
acompanhar o movimento, apenas vi quando os dois lobos estavam mortos,
um em cada mão, segurados pelo pescoço. Edward os jogou em ambos os
lados e virou-se para mim. Então eu vi os caninos, a boca tomada pelo sangue
do primeiro lobo, os olhos de um dourado estranho que brilhavam como os de
uma fera. Eu me senti paralisar, como um roedor diante de uma serpente,
incapaz de olhar para qualquer outra coisa que não fosse ele. Edward deu um
grande salto indo para trás de mim, ouvi um rosnado, um uivo e tudo isto se
cessar rapidamente. Deveria ser o quarto lobo. Eu não me virei para vê-lo.
Apenas me levantei e corri como nunca pensei ser possível, tão rápido que
certamente se estivesse fazendo alguma prova de atletismo minha nota seria a
mais alta. Eu não sabia para onde correr, mas estava correndo. Claro que,
como a desastrada que sempre fui, tropecei varias vezes durante o percurso,
mas isso não me deteve. Eu continuei a correr sabendo que, se ficasse parada,
eu poderia ser morta por um lobo ou pior, poderia ser morta pela estranha
criatura que me salvou. Não poderia ser Edward, Edward era um humano
comum e aquilo que vi era um monstro! Quando já podia ver a luz acesa de
meu quarto, suspirei aliviada por encontrar a casa de Billy. Acabei por
tropeçar na ânsia de chegar rapidamente, senti uma dor na palma da mão e
senti cheiro de sangue, eu havia me ferido.

–Merda! –Tentei me levantar, mas ouvi um barulho atrás de mim.


Lentamente eu me levantei e virei-me para ver novamente aquela face
demoníaca que parecia muito ser a do meu visinho Edward, mas que não era.
Não poderia ser! Ele estava com suas vestes escuras sujas de sangue, alias não
somente as vestes, mas também seus lábios. Seus olhos tinham um brilho
imprudente e seu corpo estava levemente curvado, como um predador prestes
a atacar à presa. Edward soltava um barulho estranho, como um rosnado. Eu
fiquei petrificada. Senti-me como se ainda estivesse diante de um lobo, o
mesmo medo, a mesma adrenalina. Experimentei dar um passo para trás
surpresa por conseguir me mover. Edward acompanhou meu movimento com
seus olhos de um estranho dourado, visível até mesmo naquela escuridão.

–Edward? –Notei que seus olhos estavam focados apenas em um lugar,


minha mão. Ergui a mesma vendo o pequeno corte que ganhei ao cair. Eu
olhei para o ferimento, um filete de sangue escorrendo na palma e caindo no
solo, Edward seguiu essa gota com o olhar. Ele sorriu, de uma forma bem
diabólica. Eu estremeci ao vê-lo dar um passo em minha direção.

–Edward... –Murmurei olhando-o apavorada. Algo se operou em


Edward. Ele fechou os olhos e se deixou cair de joelhos no chão, as duas mãos
seguravam fortemente a garganta. Eu não sabia o que estava acontecendo,
Edward parecia estar tendo algum surto, parecia se conter para não me atacar
como fez com os lobos. Eu dei um passo hesitante em sua direção.

–NÃO! –Ele gritou, sua voz assustou-me. –VAI EMBORA! –Ele


gritou, mas eu não o obedeci, continuei parada. Ele fez isso por nós,
desapareceu como se fosse uma assombração.

Demorei mais tempo do que o necessário para fazer meus pés se


moverem, não foi algo fácil. Quando o consegui eu fui em direção a casa de
Billy, voltei para meu quarto através da arvore que ficava próxima a janela e
simplesmente me joguei na cama. Eu não dormi rapidamente, diria que
desmaiei rapidamente. Em minha mente as lembranças de algo grotesco e
fascinante, de Edward.
(Cap. 5) Capítulo 4: Chamado
Não tinha sido um pesadelo, realmente tudo aquilo aconteceu comigo
na noite passada. Pude constatar isso ao ver o machucado em minhas mãos e
meu pijama sujo pela caminhada no bosque. Em minhas lembranças ainda via
Edward, caninos a mostra, olhos com um brilho imprudente, as roupas
banhadas em sangue pelos lobos que matou.

Uma batida na porta me despertou da letargia.

–Hei Bells, acorda! Nós vamos sair hoje, lembra-se? –Jacob disse.
Droga! Havia prometido a ele que sairíamos juntos!

–Ok Jake. Já acordei. –Murmurei contra o travesseiro.

–Tudo bem. –Ouvi os passos de Jake caminhando para longe do meu


quarto. Suspirei derrotada e fui me arrumar. Poderia ser uma boa idéia sair,
assim eu não pensaria no que houve envolvendo Edward e não enlouqueceria.

...

–Hei pessoal, aqui está a Bella! –Jake disse colocando seu braço por
cima do meu ombro e me exibindo para seus amigos. Eu me senti um bicho de
estimação. Diante de mim estavam um grupo de adolescentes muito parecidos
com o Jacob, deviam ser descendentes de índios como Jacob e Billy eram.

–Nossa, cara ela é uma gata! –Um dos rapazes falou avaliando-me dos
pés a cabeça. Senti-me desconfortável. Até por que não estava me sentindo
gata com a calça jeans um pouco surrada que usava junto com meus tênis de
guerra branco e uma camisa branca simples por baixo do meu casaco.

–Hei Quil tira o olho dela! –Jake disse divertido ao rapaz que havia
feito tal comentário. –Bella essa é a minha gangue: San, Quil, Embry, Paul e
Seth. –Ele apontou para cada um dos rapazes. Eu sorri para todos eles.

–Melhor nós irmos logo Jacob. Vamos aproveitar que a praia ainda está
seca. –O rapaz aparentemente mais velho de nome San falou levantando-se.
Os outros que estavam próximos a ele encostados-se à parede de uma
lanchonete fizeram o mesmo. Em pouco tempo estávamos todos dentro de um
furgão preto pertencente a San, seguíamos pela auto-estrada para La Push,
único divertimento da pequena cidade de Forks, uma praia bela, quase deserta,
que ficava próximo a casa de Billy. Eu havia ido aquela praia algumas vezes
quando era criança e vivia em Forks com meus pais, eu adorava aquele lugar.
Fiquei surpresa quando cheguei lá e, mesmo diante de toda aquela beleza
paradisíaca, eu não me senti bem, feliz. Será que era por que havia perdido
meus pais? Era provável. Os rapazes estavam esfuziantes. Vi que haviam
trazido pranchas de surf e trocavam suas roupas por macacões típicos de
surfistas. Eu me afastei do grupo e sentei-me no galho seco e já esbranquiçado
de uma árvore.

–O dia está bonito, não é? Algo raro aqui em Forks. –Era Jake. Sentou-
se ao meu lado.

–O que? Não vai surfar com os outros rapazes?

–Não. As ondas não estão boas e, prefiro sua companhia ao do mar. –


Jake olhou-me e sorriu. Eu sorri de volta. O grupo de amigos de Jake passara
por nós, estavam devidamente trajados para surfar, corriam e brincavam uns
com os outros, uma cena bonita de coleguismo.

–Bells, quer caminhar? Deve ser um saco ficar muito tempo parada.
Agente pode caminhar pela praia. –Jake sugeriu. Sinceramente ficar parada
para mim era melhor, até por que eu estava com os músculos doloridos pela
corrida frenética que tive no bosque.

–Tudo bem. –Eu assenti. Seguimos pela beira da praia a esquerda da


praia.

–HEI GALERA! EU E A BELLA VAMOS CAMINHAR! –Ele gritou


para seus amigos. Um deles, San, acenou. Não ouvi os murmúrios entre os
amigos, mas poderia jurar que eles especulavam sobre o tipo de relação que eu
e Jacob temos. Começamos uma lenta caminhada, Jake puxou assunto e
conversamos sobre bobagens. Eu não estava dando muita atenção a conversa
ou ao caminho que fazíamos, isso até uma construção me chamar a atenção.
Um terreno cercado por um muro alto, portões de ferro alto que
impossibilitavam de alguém ver algo nítido no interior da propriedade. Parei
minha caminhada e fixei meu olhar naquela mansão.

–De quem é aquela mansão? Não me lembro dela por aqui.

–Ah, isso é por que ela é nova, tem uns dois anos.

–Quem mora nela? –Como se eu não soubesse!

–Não sei bem, o cara malmente sai. Acho que o sobrenome dele é
Collen, Cuten... Algo assim. Nem sei o primeiro nome dele.
–Por que ele não sai?

–Não sei Bells. As poucas vezes em que alguém o viu foi ao anoitecer.
O cara é estranho. Vamos continuar nosso passeio. –Jake pegou em minha
mão. Eu não repeli seu contato, mas também eu não fiquei a vontade. Eu
nunca gostei muito de contato físico com outras pessoas, nem mesmo com os
meus pais. Muitas pessoas acharam que isso era frescura minha, algumas até
cogitaram a possibilidade de eu ser altista, vai entender! Continuamos a nossa
caminhada pela praia, meus olhos aos poucos deixaram a grande casa e se
fixaram sem vontade alguma para frente. Estranho dizer, mas a todo o
momento, desde que me aproximei do casarão, eu me senti sendo vigiada.

...

–Quer dizer que você conseguiu a proeza de levar Bella para passear?
Fico feliz com isso! –Billy disse enquanto se servia do jantar, eu comia quieta,
sentado na mesma com ele e Jacob. Às vezes dava sorrisos esporádicos. Eu
odiava aquela sensação de peixe fora da água que me acompanhava não
importasse aonde eu fosse. E eu sabia que aquilo nunca passaria. Refletindo
sobre minha conclusão tive de admitir que houve sim um lugar onde me senti
a vontade: a casa de Edward. Mesmo ele sendo um desconhecido, mesmo
aquela casa sendo desconhecida, ainda sim eu me senti bem lá, ouvindo-o
tocar naquele piano de calda.

–Sim. Nem acredito que Bella saiu! E amanhã sairemos novamente!


Não é Bella? –Jacob olhou para mim esperançoso. Eu assenti. Embora o
passeio não tenha sido desagradável eu não me encontrava com disposição
para sair novamente.

Eu fui uma mera espectadora do entrosamento de Tio Billy e Jacob.


Não agüentando todo aquele clima familiar, me recolhi mais cedo do que o
costume.

Quando sai do banheiro após um banho, eu olhei pela janela e tive


aquela vontade de sair e ir à casa de Edward. Claro que eu não poderia sair
afinal o Edward era... O que o Edward era afinal? Toda a sua descrição
daquela noite se resumia a uma palavra: vampiro. Estremeci com minha
conclusão. Eu nunca fui de acreditar nessas estórias, minha mãe nunca me
impressionou com estórias fantásticas. Agora me sentia desnorteada por estar
diante de uma criatura mística. Cheguei a pensar na possibilidade de que tudo
o que tinha visto tivesse sido obra de meu problema de saúde, essa era uma
explicação que queria agarrar como um náufrago segura uma bóia em meio a
uma tempestade.
Entregue as minhas duvidas eu nem tinha percebido que uma musica
soava ao longe, Clair de Lune. Era Edward. Arremeteu-me a lembrança de
que Edward usara a música para me chamar até ele. Era tentador, mas eu não
iria. A lembrança de seus caninos sujos de sangue era o suficiente para me
manter bem longe dele.

...

Desta vez passeamos por Forks eu e o grupo de Jake. Eles eram


divertidos e faziam de tudo para me deixar a vontade. Eu não conseguia me
sentir a vontade com eles, realmente eu era absurda. Um rápido giro pela
cidade que não se modificou quase nada desde minha saída. Quando
passeávamos pela avenida principal eu estaquei. Vi uma livraria.

–Hei Jake, pode pedir para pararmos? Quero ver um livro. –Eu falei.
Jake, que estava sentado ao meu lado no furgão de San, falou:

–Gente vamos dar uma parada. A Bells quer comprar um livro.

Eu sabia que minha idéia de ir a uma livraria não fora muito bem
aceita, mas ninguém reclamou e San estacionou. Eu desci com Jacob em meu
encalço.

–Eu não vou demorar Jake. Prometo. Fique ai com os seus amigos. –
Jake queria me acompanhar, eu podia ver isso em seus olhos. Mas ele aceitou
numa boa meu pedido.

–Tudo bem. Agente espera o tempo que for. Sem pressa. –Ele disse
piscando para mim. Eu sorri e fui até a livraria.

Decepção.

Aquela livraria quase não tinha bons livros ara vender, a maioria era
exotérica. Eu sabia que era perda de tempo tentar encontrar algum clássico.
Enquanto olhava as prateleiras algo me chamou atenção: um livro.

“Vampiros de A a Z?” –Estranhei o titulo. Peguei o livro, mas nem


poderia folheá-lo pelo mesmo estar envolto em um plástico. Resolvi comprá-
lo. Eu sei era muita imbecilidade minha, mas na atual circunstancia não
custava nada comprar um material de pesquisa. Eu o comprei e pedi ao
atendente para embrulhá-lo bem. Não queria que Jacob e os meninos vissem o
titulo. Eu não cheguei a demorar, logo seguíamos para nosso passeio por
Forks.

...
Última parada: praia de La Push. Era fim de tarde e as ondas estavam
magníficas. Desta vez Jake decidiu surfar com seus amigos. Eu me empoleirei
no tronco de uma árvore e retirei o livro do plástico. Comecei a ler. Era algo
bem simples, um livro mostrando os diferentes tipos de vampiros pelo mundo.
Antes eu acharia um livro deste ridículo, mas, após ver com meus próprios
olhos um deles, era como se tudo aquilo no livro fosse real. Existiam
vampiros dos mais diversos tipos com os mais diferentes poderes. Alguns
belos como anjos (certamente Edward se encaixava nesse perfil) e outros
horripilantes como monstros. Muitos dos vampiros citados lembraram-me
Edward: rápidos, velozes, caninos grandes e até mesmo a sua pele fria
(constatei a frieza certa vez quando nos tocamos).

Mais cinco minutos de leitura foi o suficiente para achar aquele livro
uma grande babaquice. Levantei-me e passei a caminhar, sem me preocupar
em avisar aos outros que daria um rápido passeio, o livro em minhas mãos. Eu
não sabia se o que estava acontecendo envolvendo Edward era bom ou ruim.
Talvez fosse bom, assim eu não pensaria tanto na morte de meus pais ou no
meu futuro. Por outro era ruim, eu julgar Edward a coisa mais interessante
daqui e persegui-lo ao invés de correr. Eu não sabia ao certo o que ele era,
mas estava na cara que se eu quisesse continuar a viver... Interrompi meus
pensamentos. Queria mesmo prolongar minha vida dessa forma? Não era eu
que estava ansiando pelo meu fim? E eu havia encontrado uma boa forma de
ter meu fim rapidamente, uma forma bela e sedutora que poderia, quem sabe,
fazer aquele grande favor para mim.

Eu estaquei após um tempo de caminhada e percebi que estava em


frente ao portão da casa de Edward.

“Será que eu devia... Não sei. Não importa, ele me salvou naquele dia.
Deveria ter agradecido.” –Caminhei até o portão e fiz menção de abri-lo, mas
isso não ocorreu de imediato. Ainda me permiti ficar prostrada em frente ao
portão e decidir o melhor. Após instantes de reflexão, abri o portão que estava
destrancado e penetrei na mansão.

Eu não sabia muito bem o que faria, se bateria sua porta e agradeceria
ou se covardemente sairia sem ser percebida. Enquanto caminhava, meus
olhos fixos nas janelas na tentativa de vê-lo, eu acabei por tomar uma decisão
nada edificante. Segui direto para os fundos onde poderia sair da propriedade
e chegar à casa de Billy.

Burra! Idiota! Covarde! Eu não parava de me xingar. Diante de tudo o


que passei e que iria passar, como eu poderia fugir de Edward? Eu não deveria
temer nada mais a essa altura, mas eu temia. Pateticamente temia. Havia algo
em sua figura que me repelia, aquela imagem que guardei na mente de não um
ser humano, mas uma criatura sedenta por sangue, por morte. Instintivamente
caminhei mais rapidamente, não demorei a entrar no bosque pela trilha que
me levaria para casa.

Desta vez eu não iria me perder, o Sol ainda reluzia fraco por entre a
copa das árvores. A trilha estava nítida. Caminhei despreocupada pelo local
demorando mais do que o necessário. Eu não queria encontrar com ninguém
na casa, talvez Billy estivesse lá. Eu provavelmente acabaria parando e
sentando em uma pedra esperando mais alguns minutos se eu não tivesse
ouvido um ruído familiar. Um uivo. Meu coração saltitou. Lembranças do dia
em que quase fui morta por lobos vieram.

“Merda! Devo ter algum feromônio estranho que está atraindo lobos
pra mim!” –Pensei em meio ao pânico enquanto praticamente corria pela
trilha. Como poderia existir alguém mais azarada do que eu? Vi um vulto
passar ao meu lado e passei então a correr desenfreada. Uma rápida olhada e
tive a certeza que eram lobos. Eu sabia que não conseguiria correr muito, já
sentia a exaustão me atingir. Claro que eu não fazia muita questão de viver,
mas ser comida por lobos não era algo que estava na gama de minhas
escolhas. Eu tive uma idéia insana e sabia que era minha única alternativa.
Peguei do bolso minhas chaves de casa e usando a chave com ponta mais
afiada produzi um corte na palma da mão direita. Já podia ver a casa a minha
frente, mas tropecei antes de chegar ao local. Eu olhei aterrorizada para os
lobos a minha frente e fechei os olhos quando os vi vir em minha direção.

“MERDA! EU VOU MORRER! EU VOU MORRER!” –Minha mente


gritava.

Um uivo.

Grunhidos.

O barulho cessou bruscamente.

Eu não abri meus olhos de imediato. Temia abrir e me deparar com a


face horrenda de um lobo. No entanto, por ainda estar respirando, achei que
não teria problema. Ao abrir meus olhos eu me deparei a milímetros com a
face de Edward, os lábios levemente manchados com o sangue dos lobos que
matou, caninos a mostra, os olhos com um brilho estranho, cor de ocre. Ele
soprou em meu rosto e senti um cheiro maravilhoso vindo do seu hálito.
Edward deu um meio sorriso enquanto eu estava paralisada como morta.

–Encontrei você, Isabella. –Ele sussurrou e então eu soube que meu


plano havia tido sucesso, Edward atendeu ao meu chamado através do meu
sangue.
Notas finais do capítulo
Gente ajudem a aumentar minha popularidade o/
ah obrigada por lerem e comentem por favor! o/

(Cap. 6) Capítulo 5: Sangue

Embora tenha terminado a assepsia do meu ferimento no banheiro de


Edward com a caixa de primeiros socorros que o mesmo me ofereceu, eu não
saí de imediato do local. Eu estava pensando em como deveria me sentir agora
que Edward havia salvado minha vida, de novo. Eu deveria temê-lo ou não? O
que ele era afinal? Tantas perguntas e só havia um meio de ter minhas
respostas: eu teria que sair e encará-lo. Foi o que fiz. Segui por um extenso
corredor até as escadas que dariam para a sala.

Edward estava de pé encarando esculturas de madeira em cima de uma


estante na lareira. Tentei fazer com que meus passos soassem ruidosos para
que ele percebesse que eu estava me aproximando, mas mesmo assim ele não
se virou para me encarar. Notei que trocara de roupa, usava uma camisa social
verde escura e calça jeans preta, os pés descalços. Quando eu estava a uns dois
metros dele...

–Fico feliz que tenha conseguido estancar seu ferimento.

–Pois é. Obrigada por ter me deixado fazer isso aqui. Eu não queria dar
explicações ao Billy e aos demais. E... Desculpe pelo incomodo. –Falei
fitando o chão. Edward virou-se, nesse momento a primeira coisa que notei é
que meu livro “Vampiros de A a Z” estava em suas mãos. Edward caminhou
até o sofá de couro marrom, largo, baixo, sentou-se. Ele tinha um meio sorriso
sarcástico nos lábios enquanto folheava o livro.

–Pesquisa de campo? –Murmurou olhando para mim.

–É pra um trabalho da escola.

–Que eu saiba os estudantes de Forks estão no período de férias de


verão.

Pronto, eu não tinha mais nenhuma desculpa.


–Ok esse livro é pra pesquisa de campo. Não tem nada haver com
você!

–Quer mesmo que acredite nisso, Isabella? –Ele levantou-se do sofá


deixando o livro em cima do mesmo. Observava-me dos pés a cabeça
enquanto caminhava até mim, passou a me rondar.

–Hmmm... Eu estou curioso sobre algo. Por que se cortou ao invés de


fugir dos lobos?

–Acho que você sabe o porquê.

–Não, eu não sei. Por isso estou perguntando para você, Isabella. Por
que se cortou ao invés de correr?

–Eu caio muito quando corro.

–Por que não tentou pegar um galho de uma árvore para se defender?

–Eu não ia conseguir me defender de todos aqueles lobos. Minha única


chance era... Era que alguém percebesse que estava correndo perigo e viesse
me ajudar. –Senti que Edward parou atrás de mim, estava tão próximo que
sentia sua respiração fria na minha nuca. Arrepiei-me.

–Então por isso se cortou. Sabia que eu iria ao seu encontro após sentir
o seu sangue escorrer. Muito inteligente, mas... Eu poderia ter, naquele
momento, passado de protetor a predador. O que você faria se isso
acontecesse? –Eu quase poderia sentir a frieza de sua pele tão próxima a
minha, os lábios quase tocando minha nuca.

–Eu lhe diria “Obrigada” antes do fim. –Sinceridade. Foi assim que agi.
Edward afastou-se, tenho certeza que eu o confundira com minha resposta.

–Resposta interessante. Acredito que temos uma suicida em potencial


aqui. –Ele afastou-se. –Melhor i menina, sua família deve estar preocupada.

–Família? Bom eu acho que mortos não tem preocupações então tudo
bem se eu ficar um tempo desaparecida. –Me aproximei do sofá pegando meu
livro. Caminhei para a porta. Num átimo Edward estava em frente à porta, me
assustei com seu rápido movimento.

–O que está fazendo?

–Vou ir embora. Só por que não quero ir para a casa do Billy agora não
significa que ficarei aqui quando claramente não sou bem vinda. –Falei azeda,
indo para a porta. Coloquei a mão na maçaneta, mas Edward segurou minha
mão impedindo-me de abrir a porta e sair.

–O que está fazendo? Deixe-me sair! –Retorqui.

–Não desejo que saia. Se quiser permanecer apenas fique.

–Não foi o que pareceu com suas palavras, Edward. –Falei entredentes.
Edward deu um sorriso soturno.

–Não me interprete mal. Apenas estou surpreso com sua resolução.


Depois do que houve pensei que iria querer distancia de mim e, no entanto... –
Eu me aproximei de seus lábios e sussurrei:

–Talvez eu goste de coisas perigosas.

–Interessante. Você é bem diferente dos humanos com quem lido. –


Edward disse enquanto aproximava-se de mim, nossos lábios a milímetros, as
respirações mesclando-se. –O que aconteceu para amar tanto o perigo a ponto
de confiar cegamente em mim para salva-la não uma, mas duas vezes? –Ele
disse e quase podia sentir o gosto dos lábios nos meus. A lembrança veio de
forma potente, meus pais morrendo. Virei-me encarando a porta e deixando
Edward a míngua. Eu não queria que ele visse a cara que estava fazendo agora
por ter tido subitamente lembranças tão desagradáveis.

–Obrigada por me salvar. Fico devendo. –Disse e sai. Dessa vez


Edward não me impediu. Eu segui para a entrada de sua casa que dava para a
praia. Surpreendentemente os rapazes ainda estavam surfando, não
perceberam meu desaparecimento. Jacob olhou-me sentar em um galho grosso
caído na praia e sorriu acenando do mar. Eu sorri de volta e acenei enquanto
minha cabeça era tomada por pensamentos perturbadores. Uma idéia no
mínimo mórbida me tomou:

Um pedido a Edward.

“Acabe comigo. Acabe com o meu sofrimento.”.

Eu sabia que, como o poderoso predador que aparentava ser, seria algo
fácil. Pouparia-me meses de sofrimento com minha enfermidade.

...

Após um longo banho e ignorando o jantar, eu fui para a cama dormir.


Estava tão cansada que poderia apostar que assim que deitasse, eu dormiria.
Ignorei o livro que comprei, leria em outra ocasião. Após trancar o quarto,
desligar as luzes mantendo apenas a do abajur ligada, o que iluminava
precariamente o quarto, eu olhei para o machucado que fiz na minha mão.

Eu realmente queria tanto assim a morte? Então por que não deixei
aqueles lobos me estraçalharem? Eu era uma incógnita para mim mesma. Ou
talvez fosse apenas uma covarde que queria a morte, mas tinha medo quando a
mesma batia minha porta. Ou talvez eu só quisesse vê-lo, um rosto querido e...

Eu estaquei com o pensamento. Rosto querido? O de Edward? Um cara


que mal conheço e que nem humano é? Eu devia estar verdadeiramente louca!
Ajeitando meu travesseiro com as mãos, eu deitei-me mais confortavelmente
que pude e fitei o meu teto. A noite estava quente, acabei por abrir a janela e
voltei a minha posição original. Fechei os olhos já sentindo o cansaço me
alcançar. Uma rajada de vento pareceu passar por mim através da janela.
Automaticamente abri meus olhos e então eu o vi, sentado na cadeira da
minha escrivaninha que agora estava na minha frente.

–Espero não estar incomodando. Apenas pensei que, já que você tem
liberdade para me visitar, eu poderia fazer o mesmo. –Ele falou tão baixo que
quase não ouvi suas palavras, quase. Sentei-me na cama vagarosamente
cruzando as pernas e o olhando o tempo todo, como se temesse ser atacada ou
algo assim enquanto estava distraída. Eu o observei durante alguns minutos
sem nada a dizer. Por fim me manifestei.

–Pode me visitar se quiser. Mas ficaria feliz se você se anunciasse. Eu


poderia ter morrido do coração com sua súbita aparição. –Falei risonha.
Edward deu um meio sorriso.

–Leu o livro que comprou? Sabia que não pode convidar um vampiro
para entrar em sua casa, caso o contrário ele será imune a qualquer arma.

–Duvido que alho, prata e estacas de madeira o firam, ou você é como


os vampiros da literatura? –Perguntei sem conter a minha curiosidade. Edward
parecia conter uma gargalhada.

–De fato não sou como os vampiros da literatura. –Ele se levantou e


sentou-se na cama cruzando as pernas assim como eu, ficamos a pouco menos
de um metro de frente um para o outro. O silencio novamente nos tomou. Eu
queria saber o que ele estava fazendo ali, mas sabia que minha pergunta
poderia soar rude e Edward sair. Eu não queria que ele saísse, mas também
não conseguiria segurar aquela pergunta.

–Não considere isso uma pergunta rude, ou insatisfação por estar aqui,
mas... Por que veio? –Eu me inclinei mais para ele. Edward inclinou-se como
se estivesse espelhando meus movimentos.
–Você não sabia? O ser humano é um ser social que precisa estar com
os seus para manter a sanidade. Eu não posso me isolar afinal, precisava ter
alguém para conversar e você é a única disponível.

–Ser humano? Que eu saiba, eu estou lhe dando com um vampiro. As


mesmas filosofias se aplicam a você? –Falei zombeteira. Edward tinha o
mesmo sorriso sarcástico nos lábios divertindo-se com minhas indagações.

–Bem eu já fui humano então as mesmas filosofias que estão presentes


em sua vida governam a minha vida também.

–Então... O que quer conversar? –Relaxei encostando minhas costas na


cabeceira da cama aumentando minimamente o espaço entre nós.

–Por que não tem medo de mim? –Edward falou com tanta intensidade
que estremeci. Medo dele? Eu? Bom, era uma boa pergunta. Eu deveria temê-
lo, no entanto...

–Acreditaria se eu dissesse que eu não sei? –Dei um meio sorriso.


Edward fez o mesmo.

–Claro que acreditaria. Eu também não sei por que não quero devorá-
la, embora seu sangue me dê água na boca. –Ele falou aproximando-se de
mim, engatinhando pela cama até estarmos tão próximos que meu corpo
reagiu em ressonância com o dele. Eu senti meu corpo inteiro tremer, minha
respiração ficar ofegante como a dele. O que iria acontecer? Ele me beijaria?
Eu deixaria ele me beijar? O que eu deveria fazer? Eu não fiz nada, nem ele.
Edward afastou-se rapidamente, olhava-me tenso e então desapareceu pela
janela. Eu fiquei chocada com sua atitude. Havia eu feito algo de errado? Eu
percebi um pouco tarde o porquê de sua rápida escapada. Passei a mão em
meu nariz e vi a mancha de sangue na palma, um sangramento nasal. A dor
atingiu-me com força, a boa e velha dor aguda na cabeça. Levantei-me
cambaleante para o meu banheiro e, após ligar a luz, olhei horrorizada para
meu rosto. Eu estava sangrando, sangrando muito. Tentei conter o
sangramento lavando meu rosto na pia, mas mesmo lavando o sangue descia
pelas narinas. A dor novamente me golpeou e eu caí no piso do banheiro. Eu
não poderia desmaiar ali naquele lugar, não sem antes estacar o sangue e ir
para a cama. Eu não queria que Billy ou Jacob me encontrassem naquele
estado e me obrigassem a ir até um hospital. Eu não queria nada disso, mas
quem disse que tudo ocorre como nós queremos? Tudo ficou escuro e a última
coisa que me lembro de ter sentido foi algo frio tocar meu rosto.
(Cap. 7) Capítulo 6: O outro

Eu pensei que acordaria em uma maca do pronto socorro ou em uma


clinica de reabilitação (só Deus sabe o que Billy pensaria a me ver com
sangramento nasal, certamente que eu era usuária de drogas), mas não foi
nada disso que encontrei. Eu estava na minha cama, meu edredom cobrindo-
me e as cortinas da janela esvoaçando-se com o vento da manhã. Sentei-me na
cama desnorteada. Uma leve batida soou na porta.

–Bells, ta acordada? –Era Jacob. Eu iria responder, mas outra voz soou
do outro lado da porta.

–Deixe-a dormir Jake. Bella deve estar cansada pelo passeio de ontem.
–Era Billy.

–Mas eu queria chamá-la parar sair hoje de novo com o pessoal. Hoje
vamos ao cinema. -Jacob respondeu ao pai.

–Outro dia. Deixe-a descansar. Deixe o cinema para outro dia. –Os dois
se afastaram, pude notar pelos seus passos e vozes soando longe. Eu me
espreguicei gostosamente e então as lembranças da noite anterior me
assaltaram. Por que eu estava na cama e não no meu banheiro? Por que meu
rosto e pijama estavam limpos e não sujos de sangue? Teria eu imaginado
tudo o que aconteceu? Bastou olhar para a cesta de roupa suja e ver lá o
pijama que usei noite passada, sujo de sangue. Não, tudo havia sido real. Eu
só consegui pensar em uma pessoa que me ajudou: Edward. Eu sorri.
Levantei-me na cama para um novo dia já sabendo o que eu faria na ausência
de Jacob e Billy.

...

Banho tomado, roupas vestidas, café tomado, casa arrumada e limpa.


Tudo estava pronto e antes da hora do almoço. Liguei para a oficina de Billy
dizendo a ele que não precisava mandar comida para mim, eu mesma iria
preparar a comida. Preparei uma torta de maçã, agradeci por naquela cozinha
ter tudo o que iria precisar. Sai ao meio dia da casa seguindo a pista que me
levaria à praia, era o caminho mais seguro para ir até ele.
...

Toquei a campainha do portão e esperei. É claro que eu poderia entrar


sem cerimônia, mas quis bancar a educada pelo menos uma vez. O portão se
abriu com algum dispositivo eletrônico que permitia ao dono da propriedade
abri-lo sem necessariamente sair da casa. Segui para o interior da mansão e
notei que a porta que dava acesso a casa já estava aberta. Entrei e vi de
imediato Edward sentado em um dos sofás de couro sofisticados de frente
para a porta em que eu passava, seu rosto estava insondável.

–Oi. Bom dia. –Murmurei.

–Bom dia. –Ele falou olhando-me intensamente. –A que devo a honra


de sua visita? –Falou levantando-se e caminhando lentamente até mim. Eu
estendi a torta de maçã que fiz para ele. Edward olhou para a torta intrigado,
mas então sua expressão surpresa se modificou para algo como diversão.

–Torta de maçã. Por que se deu ao trabalho de vir aqui com essa torta?
–Ele disse fechando a porta atrás de mim e pegando a torta de minhas mãos.
Ele caminhou para a cozinha, eu o segui.

–Como forma de agradecer. Você me salvou três vezes.

–De acordo com minha com minha contagem, Isabella, foram apenas
duas vezes.

–Três com ontem. –Ele parou quando chegamos à cozinha. Colocou a


torta em uma bancada de mármore preto. Sua cozinha era sofisticada com
preto, vermelho como cores predominantes. Eu me sentei em um banco de
frente para a bancada onde estava à torta e o assisti pegar dois pratinhos e dois
garfos dos armários.

–Não me lembro de ter salvado você ontem. –Ele falou enquanto nos
servia com minha torta. Eu não conseguia tirar os olhos dele. Notei que vestia
um moletom colado ao corpo com gola rulê de cor vermelha, calça jeans
preta.

–Mas salvou. Não sei o que aconteceria a mim se Billy ou Jacob me


vissem naquele estado. Provavelmente estaria em um hospital.

–E isso não é bom? Eu não diria que salvei você. Teria salvado se
tivesse levado você ao pronto socorro.

–Fico feliz que não tenha levado.


–Por que fica feliz? E afinal por que o sangramento de ontem? –
Edward deu-me um pratinho preto de porcelana com um pedaço de minha
torta. Eu o aceitei e passei a comer sem nem responder o seu questionamento.
O que eu diria? Que tinha uma doença grave? Essa eu iria guardar para mim.
Após ter terminado o pedaço de torta que me foi ofertado notei que Edward
não comeu sua fatia. Estava sentado do outro lado da bancada, seus olhos em
mim e as mãos cruzadas no peito em sinal claro de aborrecimento. Ele queria
que eu respondesse a sua pergunta. Suspirei e usei a desculpa mais
esfarrapada que consegui pensar.

–Tenho sinusite. –Eu dei de ombros e vi a incredulidade nos olhos de


Edward.

–Não imaginei que sinusite provocava um sangramento tão intenso. –


Ele falou desconfiado.

–Hei, não vai comer a sua fatia da torta? –Disse olhando


sugestivamente para o pedaço que ele havia servido para ele. Edward olhou
cientificamente para o doce e então passou a comer. Ele não parecia apreciar o
doce, eu havia gostado. Perguntei-me do que ele gostava de comer... Retrai-
me. Eu sabia do que ele gostava: sangue.

–E ai como está à torta?- Perguntei sem nada melhor para fazer, ou


talvez para conter o nervosismo quando pensei na dieta que Edward preferia.

–Está bom, apesar de não comer coisas do tipo.

–Você só alimenta de sangue?

–O que você acha? –Edward lançou um sorriso zombeteiro. Eu me


calei olhando para a sobremesa.

–Bom eu acho que preciso ir. Desculpe se o incomodei.

–Sua presença não foi um incomodo. –Edward disse calmo.

–Mais uma vez agradeço por tudo o que tem feito por mim. Um dia irei
lhe recompensar por tudo isso, atenderei a um pedido seu. –Eu disse isso me
levantando do banco. Edward caminhou ao meu lado sem dizer nada.
Lembrei-me do quase beijo que aconteceu na noite anterior. Maldisse o
sangramento que fez com que Edward se afastasse de mim. Eu não queria ir,
queria passar mais tempo em sua companhia, por mais estranho que fosse,
mas eu não poderia obrigá-lo a me ter ali. Quando cheguei à porta fazendo
menção de abri-la Edward colocou sua mão macia e fria sobre a minha.
–Qualquer coisa você disse? Espero que mantenha sua memória viva
quanto ao que me foi dito na cozinha, humana. –Ele sussurrou e eu fiquei
paralisada, incapaz de responder com palavras ou de olhá-lo, com medo que
as pequenas chamas daquele ato se transformassem em fogaréu caso virasse.
Assenti fracamente sem deixar a razão me guiar, não era uma boa idéia
concordar com qualquer pedido feito por ele. Sai sem olhá-lo seguindo a rota
mais segura, a rota da praia. Amaldiçoei-me por bancar a covarde, eu não
disse a ele que gostava do perigo? Então por que fugia a chance de tê-lo por
perto?

...

–Amanhã nós vamos sair Bells. Iríamos sair hoje, mas o velho me
arrastou para a oficina. –Jacob disse com pesar, eu sorri. Billy cutucou o filho.

–Olha como fala de mim rapaz ou amanhã ficará o dia todo na oficina!
–Ameaçou e vi Jacob engolir seco. Por algum motivo eu estava de bom humor
e isso pareceu surpreender os dois ocupantes da mesa de jantar. Fiquei em
companhia deles por um tempo demasiado longo ouvindo seus relatos
minuciosos de como fora o dia. Apesar de estar ali, rir no momento que
deveria e ficar séria no momento propício, minha cabeça estava longe. Eu me
recolhi às dez e meia, tomei um demorado banho e vesti um pijama. Meu
pijama sujo de sangue já estava limpo e não restou nenhum vestígio do
incidente daquela noite no banheiro.

Quando cheguei ao quarto senti a vontade de visitar Edward crescer.


Seria tão bom poder vê-lo novamente! Mas eu já o tinha visto, não queria que
Edward ficasse aborrecido com minhas constantes visitas ou ficasse assustado
com a estranha necessidade que pareci desenvolver. Por fim me recolhi lendo
as Fábulas de Esopo apenas para me fazer sentir sono. Dormi rapidamente.

...

–É por isso que odeio hospitais públicos! Por que, ao invés de


pegarmos os exames de Bella no hospital de nossa cidade, temos que ir para o
hospital da cidade vizinha? – Minha mãe? O que era isso? Eu estava
sonhando?

–Já deveria estar acostumada com isso, Renée. Ao menos conseguimos


com que Bella fizesse o exame. Saberemos o porquê de suas constantes dores
de cabeça. –Era meu pai desta vez. Fui transportada para o dia em que eu sofri
o acidente que culminou na morte dos meus pais. Eu olhava a tudo, o interior
do nosso carro, a música brega tocando no som do carro, a chuva torrencial do
outro lado. Mesmo sabendo que era um sonho e que isso não os traria de
volta, eu tentei. Tentei gritar para meu pai manter a atenção na pista, para ter
cuidado com o caminhão que viria para cima de nós. Minha voz não saiu e
mais pais não me notaram lá atrás. Foi então que o carro perdeu o controle,
mas notei pela primeira que vez não foi um caminhão a perder a direção e vir
para cima de nós, foi o meu pai que se voltou para a outra pista abruptamente.
Por que ele fez isso? Por que foi na contramão? Por que ele se desviou de um
rapaz que estava parado na rua. A conseqüência de sua tentativa em salvar o
jovem foi jogar nosso carro de encontro ao caminhão que, após bater na lateral
do nosso carro, nos jogou para um pequeno precipício da curva.

Eu acordei com os olhos transbordando em lágrimas, um soluço preso a


garganta. O que foi tudo aquilo? Eu não deveria ter me lembrado daquele dia,
havia tido amnésia pela lesão na cabeça que sofri. No entanto parecia que as
lembranças tinham vindo para me atormentar. Levantei-me tremula, julguei
que teria de tomar algum calmante e assim desci para a sala. A casa estava
escura, todos dormiam. Após ligar a luz da sala vi em um relógio de parede
que era três da manhã. Ótimo! Provavelmente eu não voltaria a dormir. Tomei
dois comprimidos de um calmante qualquer e fiquei bebendo por mais tempo
que o necessário água. Foi naquele momento que vi pela vidraça da janela da
sala, que não estava coberta pela cortina, que a porta da caminhonete de Billy,
a Chevy 53 vermelha desbotada, estava aberta. Estranhei. Billy tinha se
esquecido de fechar ou algo assim? Com um suspiro eu deixei o copo na pia e
abri a porta da sala para poder fechar a porta do carro. Ainda experimentei
chamar Billy, talvez ele tivesse saído de casa para procurar algo no carro.
Quando me aproximei do veiculo vi que não tinha ninguém. Felizmente tudo
estava no carro então ele não tinha sido roubado ou algo assim. Fechei a porta
e então senti algo atrás de mim. Virei-me bruscamente para não encontrar
nada. Afastei-me do carro e olhei em todas as direções com a nítida impressão
de que estava sendo observada. Comecei a caminhar lentamente para a porta.
Foi rápido. Eu senti algo me atingir como um carro e jogar-me a alguns
metros de distancia da casa de Billy. Eu fiquei tão desorientada que fiquei
parada como morta no gramado enquanto o ar entrava dolorosamente pelos
meus pulmões. Fechei rapidamente meus olhos e quando os abri eu estaquei.
Diante de mim estava uma feição pálida, olhava-me com fascínio e doença, os
olhos rubros em minha direção. Ele não era o Edward, era alguém
desconhecido, mas estranhamente familiar. Com os olhos atemorizados, eu o
encarei enquanto o corpo do rapaz inclinava-se mais para mim, ainda de pé,
apenas o tronco abaixado. Ele tocou levemente minha bochecha com uma de
suas mãos frias e falou:

–Achei enfim a minha menininha.

Enquanto sentia aquele toque e meu coração pulsava dolorosamente no


peito eu soube quem era aquele desconhecido. Era o rapaz que estava no meio
da estrada, o rapaz que meu pai tentou poupar ao custo de sua vida e da vida
de minha mãe, o rapaz que, sem querer, matou meus pais. Mas o pior de tudo
foi perceber quase de imediato que eu não estava diante de um humano, eu
estava diante de um vampiro.

Notas finais do capítulo


Deixem 10 reviews que posto mais hoje. o/

(Cap. 8) Capítulo 7: Vigília


Eu iria morrer! Uma certeza maior do que quando estive em um carro
prestes a chocar-se contra um caminhão, ou quando estive diante de lobos
famintos, ou até mesmo de um Edward enlouquecido. Eu podia ver isso nos
olhos anormalmente rubros daquele estranho. Ele inclinou-se mais para mim,
parecia estar salivando ante a expectativa de cravar seus caninos em alguma
parte do meu corpo. Foi rápido. Ele olhou por alguns segundos para longe de
meus olhos, para a mata atrás de mim, e algo o atingiu jogando-o longe, a uns
vinte metros mata adentro. Eu não sei o que foi, foi rápido demais para meus
olhos. Agora eu estava sozinha e um barulho ecoava para mais e mais longe.
Eu ainda fiquei parada como uma estatua sem saber o que fazer até que por
fim me mexi e sai em disparada para dentro da casa de Billy, meu único
refúgio.

...

Eu estava sentada na cama ainda processando os acontecimentos


aterrorizantes. Meu corpo estava dolorido pela agressão que sofri do vampiro
desconhecido. Não havia pregado meus olhos, à noite inteira.

–Bella, ta na hora de acordar! –Era Jacob, ele não sabia que eu estava
acordada desde ontem.

–Estou acordada. Espere-me lá embaixo. –Disse com a voz um pouco


rouca.

–Ok Bells. –Ele disse e ouvi seus passos ruidosos descendo pelas
escadas. Eu me joguei na cama. Eu estava um caco, não queria passear, mas
temia ficar sozinha em casa. E se o vampiro viesse me atacar? Talvez fosse
melhor sair de casa. Foi com essa resolução que eu me arrumei e sai com Jake
e sua “gangue”.
...

–É como eu disse pra você Bells. Esse é o point dos esportistas. –Jacob
disse enquanto passeávamos pelo único parque de Forks, àquela hora repleto
de pessoas, muitas delas praticando algum esporte ou exercícios.

Eu apenas sacudia a cabeça afirmativamente. O grupo de Jake enfim


retornara do estacionamento onde deixaram o furgão de San, seguravam uma
bola de futebol americano.

–Hei Jake vamos dar uma praticada! –Quil falou animado.

–Desculpe gente, vou ficar fazendo companhia para a Bella. Vão


vocês. –Ele falou e pude ver que a idéia de ficar ao meu lado parecia mais
agradável do que jogar futebol, Jacob devia ser uma exceção no mundo, um
homem que abdica de jogar com amigos para estar ao lado de uma mulher.
Mas do jeito que eu estava eu estava evitando qualquer companhia.

–Jake, vai. Eu vou ficar bem. –Sorri. Jacob me olhou temeroso.

–Tem certeza?

Retirei o livro “Vampiros de A a Z” que havia comprado.

–Vou ler. Pode ir. –Eu disse e só assim Jacob se achou convencido a ir.
Eles não se afastaram muito, apenas o suficiente para não acabarem tacando a
bola em mim. Dei atenção ao volume diante de mim.

O livro contava a respeito das mais variadas lendas de vampiros em


todo o mundo. Tentei compará-las com as características de Edward e
algumas surpreendentemente batiam como super velocidade e força, pele
branca e fria, dentre outras características. Acabei comparando também com o
vampiro que me atacou, diferente de Edward, o vampiro tinha os olhos rubros.
Perguntei-me por que essa diferença entre os olhos ocre de Edward e os
rubros do outro vampiro. Um brilho luziu da caçada para meu rosto. Olhei
para a pista que ficava a alguns metros de onde eu estava sentada e vi um
carro belo, prata, não sei qual marca era, mas passava lentamente pela praça.
Não pude ver o seu motorista pela distancia em que o carro estava e pelos
vidros incrivelmente escuros, mas tive uma sensação estranha, meio doida.
Como se um par de olhos me fitassem intensamente daquele carro.

–Bells? –Era Jake. Demorei um pouco mais de tempo para olhá-lo.

–O que foi Jake?


–O pessoal está com fome. Vamos comer em um restaurante perto da
oficina. Vem. –Jacob estendeu a mão para mim e eu prontamente aceitei
levantando-me do gramado onde a pouco estava sentada. Olhei de esguelha
para o lado, mas o carro prata não estava mais lá.

...

Os rapazes conversavam animados sobre bobagens e tentavam a todo


custo me enfiar nas conversas. Até que foi divertido, aquele era o tipo de
gente que nunca tive oportunidade de conviver, estava sendo algo prazeroso,
por mais diferentes que aquelas pessoas fossem de mim.

Um brilho prateado.

Voltei-me para a janela próxima a mesa em que estávamos sentados no


restaurante, tinha uma visão privilegiada da rua. Do outro lado o carro prata
estava estacionado. Seria o mesmo do parque? Tive a sensação de que estava
sendo seguida, mesmo que minhas suspeitas soassem ridículas.

–Que carro é aquele? Nunca o vi por aqui. –Embry comentou.

–É um carro e tanto! –Seth disse levantando-se de onde estava sentado


para ter uma visão melhor do automóvel.

–É um Volvo prateado novo modelo. –Jacob disse aparentemente


entediado. –Vi um desses em uma revista.

–Deve ser de algum turista. Nessa cidade pequena não tem ninguém
suficientemente rico pra comprar um carro desses. –Paul falou voltando sua
atenção ao seu almoço.

–É do Edward Cullen. –Uma voz soou grave, todos olharam para Sam,
dono da voz. –Às vezes ele sai da sua toca lá na praia. Como vocês sabem
meu pai é dono do único supermercado daqui de Forks. Às vezes ele vai de
carro para lá para comprar os mantimentos da casa.

–Eu nem sabia que aquele cara saia. –Jacob falou aos risos. Então o
assunto fora desviado para algo mais interessante para os rapazes, mas minha
mente estava focada nas palavras de Sam. Era Edward no carro? O carro
continuou parado do outro lado da rua. Desapareceu um pouco antes de
decidirmos dar continuidade ao nosso passeio.

...

Minha noite fora tranqüila. Isso por que estava tão cansada do passeio
com Jake e o pessoal que desabei na cama após me preparar para dormir. Mas
uma coisa me chamou a atenção. Ontem à noite eu havia trancado a porta e a
janela, fechado inclusive a cortina, coisa que não é meu habito com um medo
terrível de que o vampiro estranho fosse vir aqui (não que uma vidraça e uma
cortina o detivessem, claro.). Pela manhã a janela estava aberta e a cadeira da
minha escrivaninha estava bem próxima a minha cama voltada para mim. Um
medo me perpassou a espinha. O vampiro estranho e assustador teria vindo até
aqui? Bom, eu duvidava. Eu ainda estava respirando, não estava?

Outro nome surgiu por alguns instantes na minha cabeça. Edward.

Teria sido ele?

Sorri involuntariamente.

...

Naquele dia Jacob fora obrigado a ir com o pai a oficina. Eu fiquei


sozinha em casa. Não era algo que eu queria, mas estava cansada demais para
sair de casa. Além disso, a casa precisava de uma boa limpeza e organização.
Coloquei um cd de rock pesado no som da sala e comecei a limpeza tentando
me concentrar no que fazia, mas atenta a qualquer coisa suspeita ao meu
redor. Não que eu fosse fazer algo caso o vampiro doido viesse bater minha
porta, eu mal conseguiria correr, mas precaução nunca é demais.

Procurei me ocupar só com esta tarefa o dia todo, mas acabei sendo
mais rápida do que previa, sendo assim eu terminei tudo o que tinha para fazer
e fiquei a toa. Não era uma atitude muito inteligente, eu sei, mas não agüentei
ficar tanto tempo enclausurada na casa. Decidi caminhar pelo bosque atrás da
casa. A tarde estava linda, não tão nublada como era característico de Forks.
Bem se eu queria sair poderia ir para qualquer lugar, um lugar mais
movimentado talvez. Mas eu queria mesmo, eu precisava ir até ele. Como um
imã que me puxa para sua direção, com sua beleza angelical e olhos
hipnotizantes, eu precisava ver Edward. Não sei quantos passos dei, creio que
apenas três ou quatro no interior do bosque. Ouvi um barulho acima de mim
me sobressaltou e eu olhei para a copa de uma árvore, alarmada. Lá estava ele,
sentado confortavelmente em um galho grosso, olhando para mim com certa
diversão.

–Onde estava indo? –Ele perguntou. Eu poderia mentir, mas me


perguntei se ele cairia com aqueles olhos perscrutadores.

–ia até a sua casa. –Falei incapaz de olhá-lo. Quando o olhei ele estava
sério.

–Sozinha?
–Sim. Com outra pessoa é que não iria. –Disse zombeteira. Ele desceu
rapidamente do galho e continuou a me olhar sério o que eu não entendi. Ele
queria que eu levasse mais alguém para a casa dele? Seus olhos minimamente
se desviaram dos meus para o ambiente ao nosso redor. Eu o vi se enrijecer,
como se estivesse alerta a algo e então veio até mim. Sem ao menos me
consultar pegou-me no colo.

HEI! ME LARGA!

–Você ia até a minha casa, não é? Bem eu apenas irei encurtar o


caminho. –Ele falou. Aproximou-se de mim e sussurrou no meu ouvido. –
Feche os olhos.

Eu o obedeci sentindo o vento se agitar ao meu redor. Sua voz


novamente sussurrou em meu ouvido o seguinte:

–Pode abrir os olhos.

Nós estávamos em sua sala. Edward colocou-me em um sofá e


caminhou para a janela, a cortina estava um pouco aberta. Ficou lá de pé
olhando para fora.

Eu devia começar um dialogo como dizendo o porquê de minha visita,


mas não consegui sequer balbuciar algo. Meus olhos eram todo dele, de
Edward.

–E então... –Ele começou. –A que devo a honra de sua visita? –Ele


virou se encostando à parede, um meio sorriso nos lábios.

–Eu... –O que eu iria dizer? A princípio, eu pensei em fazer perguntas


sobre o vampiro que me atacou, mas... Por que agora tinha a sensação de que
o real motivo para eu estar ali era apenas para vê-lo?

–E então? –Edward caminhou até mim e sentou-se ao meu lado no


sofá.

–Estava entediada então decidi fazer uma visita. –Sorri levemente, mas
Edward parecia não acreditar em mim. Não, era outra coisa. Ele parecia estar
aborrecido com o que eu disse.

–Era por isso que veio até mim?

–Claro! Por que outro motivo seria?


–Talvez você esteja com problemas e queria minha ajuda. –O modo
como Edward me olhou... Tive a impressão que ele sabia do que estava
acontecendo comigo. Ainda sim eu quis negar.

–Não preciso de ajuda. Estou bem. –Falei nervosamente, seus olhos me


compelindo a contar a verdade, mas eu não queria dizer. Não queria gerar
preocupações. –Eu preciso ir. –Disse erguendo-me. Senti a mão de Edward
segurar meu braço. Ele me olhou quase furioso e me perguntei o que se
passava na mente daquele homem.

–Todos precisam de ajuda Bella, principalmente uma humana com o pé


na cova como você! –Ele falou agressivo. Eu paralisei. O que ele tinha dito?
Pé na cova? Eu? Então ele sabia de algo, sabia que estava sendo perseguida,
sabia que eu tinha um tumor maligno na cabeça? Eu o empurrei e o olhei de
forma fulminante. Sem dizer nada eu sai apressada seguindo pelo bosque, sem
me preocupar com algum lobo ou o vampiro que me atacou. Eu estava tão
furiosa que seria capaz de dilacerá-los. Felizmente, ou infelizmente, não
encontrei nenhum de meus algozes pelo caminho.

...

–Nossa, o dia estava tão quente e de repente essa chuva! –Jacob


murmurou enquanto terminava de lavar as louças sujas do jantar junto
comigo. Billy assistia a um jogo na televisão.

–Verdade. –Disse com a cabeça longe.

–O que fez o dia todos Bells? –Jake perguntou sentando-se ao lado do


pai.

–Nada demais. Limpei e arrumei a casa e li alguns dos meus livros.

–Não precisa se preocupar tanto com a casa Bella. Vamos dividir as


tarefas, não quero que faça tudo sozinha.

–Não me importo tio Billy. Lá em casa eu sempre... –Eu estaquei com


minhas palavras. Falar de minha antiga vida diante deles era algo que eu não
queria. –Bem... Eu vou pro meu quarto. –Disse e, sem nem olhar os demais,
fui para lá. Eu estava um caos, precisando de terapia. Sabia que no estado em
que me encontrava não conseguiria dormir. Tomei um bom banho, vesti um
pijama qualquer mais reforçado pelo frio que estava fazendo e deitei. Peguei
meu mp4 e coloquei uma música clássica para me acalmar. A chuva estava
forte, mantive a cortina aberta para melhor apreciá-la. Essa era uma tentativa
frustrante de tentar relaxar e dormir. Eu nem mais me lembrava do ataque que
sofri do vampiro desconhecido. Meu ódio todo estava focado em Edward e em
suas palavras rudes. Por que ele parecia estar com raiva de mim? Só por que
eu não queria me abrir para ele e dizer o que estava acontecendo? De repente
algo passou pela minha cabeça. Edward sabia o que estava acontecendo
comigo, ele me salvou de ser morta pelo vampiro desconhecido e me seguiu
para garantir minha segurança. Ele queria que eu dissesse o que estava
acontecendo e pedisse sua ajuda, mas eu não o fiz e isso o irritou.

Era hipotético, mas aquela idéia ficou fixa em minha cabeça. Eu


adormeci sem nem perceber.

Eu acordei durante a noite, o som do meu mp4 em meu ouvido. O


retirei do ouvido guardando-o. Levantei. Ainda chovia do outro lado, deveria
ser tarde da noite. Com sede, decidi descer e pegar um copo de água na
cozinha. Estranhei ao ver uma luminosidade na sala enquanto descia as
escadas. A televisão estava ligada em um canal qualquer, podia ver uma
cabeleira de alguém sentado ao sofá.

–Hei Jake, ta tarde! Melhor desligar a televisão e ir pra cama. –Falei


caminhando para perto do sofá. Jake levantou-se e me olhou, sorria. Então
percebi que não era Jake, ou Billy. Diante de mim, com roupas esportivas e
surradas, pele branca e cabelos castanhos claros presos num rabo de cavalo,
estava o vampiro que me atacou, o vampiro que causou o acidente com meus
pais, aquele que parecia predestinado a matar o que o acidente não conseguiu
dar fim: eu.

–Olá minha menininha. –Ele falou com a voz amigável, seus olhos
rubros em mim. –Está pronta? Vou dar a você o que você sempre quis. –Ele
falou e pulou em minha direção, para me matar.

Eu acordei num pulo, era de manhã.

“Um pesadelo.” –Conclui. A janela estava novamente aberta, chovia


um pouco. Eu tinha certeza de que deixara a janela fechada. Levantei-me e vi
a cadeira de minha escrivaninha próxima a minha cama novamente. O mais
estranho era que seu acento estava úmido assim como o piso do meu quarto.
Como se alguém tivesse entrado pela janela, molhado, pego a cadeira e
sentado diante de mim. Em outros dias eu teria ficado feliz em pensar que
Edward estava fazendo isso, mas do jeito que eu estava com raiva preferiria
que o outro vampiro tivesse velado pelo meu sono.

...

–Nossa, que chuva! –Jacob disse enquanto tentava encontrar algum


canal que prestasse na televisão. Eu fazia uma sobremesa, pudim.
–Verdade. –Disse já terminando de preparar a sobremesa. Alguém toca
a campainha. Jake levanta-se para atender. Eu não dei atenção a quem poderia
ser, estava concentrada demais em minha tarefa. De repente Jake apareceu
com algumas cartas na mão.

–O carteiro. –Ele disse sentando-se no sofá da sala enquanto via as


correspondências. –Hei Bells, tem uma carta pra você. –Eu estaquei.

–Pra mim? De quem?

–Ta sem remetente. –Jake pegou o punhado de cartas que deveriam


pertencer a Billy e as colocou em cima da geladeira. A carta destinada a mim
ele pôs diante de mim no balcão da cozinha.

–Quer ajuda com algo aqui? –Se ofereceu.

–Pode lavar a louça pra mim Jake?

–Com prazer! –Pegou um avental na gaveta do armário da cozinha e


rapidamente começou a executar sua tarefa. Eu enxuguei as mãos em um
guardanapo e abri a correspondência. Apenas um pequeno pedaço de papel e
uma corrente de prata. Aquela corrente me era familiar, mas não conseguia me
lembrar de onde vinha. Li o bilhete.

“Venha pegar o medalhão. Creio que ter uma peça de sua falecida mãe
iria ser de seu agrado, mas... Caso não venha buscar, eu irei entregar
pessoalmente. Estou esperando você no velho carvalho, é um lugar próximo
ao parque onde esteve manhã passada.

James.”

Eu levei um choque, era a corrente de prata de minha mãe que


desaparecera no dia do acidente, faltava apenas o medalhão circular onde
tinha uma foto minha com meu pai e outra dela do outro lado quando aberto.
Eu teria ido ao chão se Jacob não estivesse lá. Sai sorrateiramente e fui para
meu quarto, quando entrei lá eu desabei. James, o nome do vampiro que
causou o acidente de meus pais e que havia me atacado. O que ele queria
comigo? Não importa o que queria, se queria me matar ou simplesmente
devolver a medalha de minha mãe, ele ameaçou vir até aqui e só Deus sabe o
que faria com Jake. A chuva se intensificava. Peguei meu casaco que estava
pendurado atrás da minha porta e segui para a saída.

–Hei Bells aonde você vai? –Jake perguntou ao me ver seguindo para a
porta da frente.

–Tenho que pegar uma encomenda no correio.


–Deixa que eu levo você então.

–Não Jake, fica e olha o pudim pra mim. Eu vou a pé. Até. –Sai em
meio à chuva não sendo muito protegida pelo meu casaco. Eu caminhava
apressada pela estrada que me levaria a Forks. Sabia como chegar ao parque,
sabia onde ficava o carvalho, só não sabia o que me esperava. Ou talvez
soubesse, mas não queria pensar nisso. Eu não ia para pegar o medalhão de
minha mãe, eu ia para obter respostas, respostas do dia em que eu quis
esquecer. O dia em que meus pais morreram.

...

Eu estava ensopada, tinha pouca gente nas ruas devido à chuva. Foi
fácil chegar ao carvalho. Não vi ninguém. Achei apenas o medalhão no chão.
O peguei e, colocando presa a corrente de prata, coloquei em meu pescoço. Eu
sentei no chão olhando para o nada.

–Quem é você afinal? –Perguntei. Um vulto caiu da copa e ficou de pé


ao meu lado.

–Não se lembra? –Ele perguntou falsamente contrariado.

–Você causou o acidente com meus pais. –Murmurei. Ele sorriu.

–Não. Quem causou aquele acidente foi o seu pai. Mas fui eu que os
matei. –Eu estremeci e levantei olhando para ele assustada. –Não se lembra do
que eu fiz, minha menina?

Eu me lembrei, eu me lembrei!

O que houve afinal naquele dia?

Eu me lembrei.

Naquele dia eu testemunhei um vampiro matando meus pais.

Notas finais do capítulo


Vamos lá gente colaborem com reviews! o/
(Cap. 9) Capítulo 8: Lembranças
–É por isso que odeio hospitais públicos! Por que, ao invés de
pegarmos os exames de Bella no hospital de nossa cidade, temos que ir para o
hospital da cidade vizinha? –Minha mãe bufava de raiva no banco do carona.
Meu pai, a fim de evitar mais falatório por parte dela, ligou o som do carro.
Eu, meu pai, Charlie, e minha mãe, Renée, estavam indo para Camp
Pendleton North, a vinte e dois quilômetros de nossa cidade, São Marcos.

–Já deveria estar acostumada com isso, Renée. Ao menos conseguimos


com que Bella fizesse o exame. Saberemos o porquê de suas constantes dores
de cabeça. –Meu pai deixou a radio em uma estação que tocava música
country. Eu me refugiei da voz um pouco irritante de minha mãe e daquela
música horrível colocada pelo meu pai através de meu MP4. Era bom poder
ouvir um bom blues ignorando o falatório, a música chata e a chuva torrencial
que se chocava contra a lataria do carro. Encostei-me melhor em meu acento e
fechei os olhos. A dor de cabeça estava controlada aquela manhã, o que era
bom. Permiti-me fugir de tudo, pensando em absolutamente nada. Um barulho
estrondoso ecoou chegando aos meus ouvidos. Eu abri os olhos atordoada e vi
um vulto na estrada, um rapaz. Meu pai puxou o carro para o lado no
momento em que um caminhão passava. O caminhão poderia ter nos
esmagado, mas meu pai era policial afinal. Com sua habilidade tirou boa parte
do carro, ainda sim batemos e nosso carro seguiu desgovernado, capotando,
para uma vala na beira da estrada. Eu fiquei atordoada, estava escuro, frio e eu
não conseguia me mover. Olhei para os demais ocupantes, minha mãe estava
acordando, mas meu pai não estava no banco. Eu olhei para fora aterrorizada.
Pela minha janela eu vi o rapaz que estava na estrada de pé, com o pescoço do
meu pai entre seus dentes. Eu não conseguia fazer nada.

–AI MEU DEUS! –Minha mãe despertou e gritou ao olhar na mesma


direção que a minha. Meu pai estava imóvel, branco. O rapaz quebrou seu
pescoço com uma das mãos e o jogou. Ele olhou para nós duas, os olhos
rubros. Minha mãe tentou sair, mas estava presa as ferragens.

–BELLA PEÇA AJUDA! PEÇA AJUDA! –Ela gritava. Eu sai


cambaleante do carro sentindo os ferimentos protestarem, mas ignorei. Tentei
correr para longe do homem, mas ele fora rápido, inumanamente rápido.
Agarrou-me pelo braço e jogou-me com violência contra uma arvore, bati a
cabeça fortemente e tombei no chão. Eu estava desorientada, mas vi aquele
homem arrancar minha mãe da cabine causando profundos ferimentos em suas
pernas pelas ferragens que a prendiam. Foi rápido. Minha mãe gritava
enquanto o vampiro sugava-lhe sangue pela jugular. Seus gritos pareceram
incomodá-lo profundamente. Silenciou minha mãe enfiando-lhe a mão no
peito, quebrando com facilidade as costelas e rasgando a carne. E então minha
mãe parou de se mover.
Eu levantei cambaleante murmurando palavras desconexas. Eu queria
matá-lo! Mesmo sabendo que na conseguiria. Corri em sua direção ao
assassino, aos gritos. Ele parecia se divertir perversamente com minha atitude.
Quando pensei que iria tocá-lo, ele desapareceu. Eu virei para trás e recebi um
forte soco na face caindo a alguns metros.

–Ah eu adoraria me divertir com você, menina, mas estou sendo


perseguido. Sendo assim terei de ser rápido. Uma pena, seria divertido brincar
com você. –Ele caminhou em minha direção, eu tentei reagir avançando
contra ele, mas novamente fui golpeada na testa. Cambaleei no chão. O
vampiro ria, tentou me tocar na face, mas se deteve. Olhou para um ponto
qualquer e rosnou. Desapareceu. Eu continuei caída. Tentei me arrastar até os
cadáveres de meus pais, mas não consegui, desmaiei no processo.

Ouvi um barulho de ambulâncias.

Senti mãos me tocarem e vozes ao meu redor.

Quando abri meus olhos eu estava no hospital e minhas lembranças


estavam vagas. Eu não sofri nada tão grave para ter amnésia, eu apenas me
privei daquelas lembranças para manter a minha sanidade. Para viver vazia ao
invés de viver com ódio daquele que matou meus pais como gado.

Quando eu abri meus olhos, desta vez, eu estava embaixo de uma


chuva torrencial próximo ao grande carvalho do único parque de Forks e
James estava em pé olhando-me, eu ajoelhada.

–Ah, se lembrou! –Ele falou secando uma lágrima que percorria meu
rosto. –Parece que você andou reprimindo o que aconteceu, não é?

–Você... Matou meus pais... –Falei aos soluços.

–Sim e vim matar você. Entenda. Naquele dia eu estava sendo


perseguido, tive de me alimentar e por isso matei seus pais. Teria matado você
se meus perseguidores não tivessem seguido meu rastro. Tive de fugir e deixá-
la, mas não me esqueci de você. Nunca uma presa escapa de minhas mãos. Eu
a segui, eu farejei seu rastro e colhi informações apenas para estar aqui. –
James afagava meu rosto, eu ainda estava de joelhos, chorando, mas calada.
Ele apenas sorria simpático enquanto relatava seu desejo de me matar após a
carnificina cometida contra meus pais. Eu abaixei a cabeça e fitei o chão.

–O que foi, minha menina? Com medo?

–É melhor ser rápido. Se não me matar... Acabo com você! –Falei


entredentes. Ele sorriu.
–Eu pretendia dar uma morte rápida, mas agora não serei tão
misericordioso. –Ele me ergueu pelo pescoço, me senti sufocar enquanto
tentava lutar em vão. Algo se chocou contra nós. James foi arremessado para
muitos metros longe e eu me senti sendo abraçada por algo frio.

–Bella, você está bem? –Uma voz aflita perguntou enquanto tateava
meu rosto, meu pescoço, carregava todo o meu peso nos braços.

Eu o olhei, atordoada, puxando pesadamente o ar pelos meus pulmões,


meu pescoço latejava. Edward abaixou-me e praticamente me deitou no chão
segurando meus ombros e mantendo-me um pouco erguida. E diante de mim,
mais belo do que em qualquer outra vez estava Edward.

–Ah novamente você? Por que intervêm na minha caça? –James disse
aproximando-se. Edward olhou para ele e rosnou mantendo-me presa nos seus
braços. Eu estava desnorteada com tudo, um caos. Edward levantou-se me
colocando em seus braços, mas quando James fez menção de atacar, ele me
jogou no chão. Eu acabei por machucar as costas no processo. Quando olhei
para Edward, ele não estava mais lá, nem James. Eu podia ouvir ao longe um
barulho, como corpos chocando-se, ou talvez pedregulhos. Então eu corri
ainda desorientada não para longe daquilo tudo, para a segurança de um lar.
Eu corri para o perigo, para James aquele que eu queria matar a todo custo e a
Edward, aquele que, sem nem mesmo conhecer, eu estava envolvida por ele.
Ou talvez muito mais do que envolvida, mas isso eu não sabia e talvez nem
soubesse nessa vida.

(Cap. 10) Capítulo 9: Beijo


A chuva deixou a terra fofa, estava difícil caminhar. Adentrei a mata
por onde Edward e James desapareceram sem me preocupar em como
encontraria o caminho de volta para o parque. Tentava me guiar pelos ruídos
dos dois sem saber se seguia a direção correta. Mas o que eu iria fazer afinal?

Corri mais do que minhas pernas poderiam suportar, mas ainda sim me
sentia com forças para continuar correndo. E então, após uns vinte minutos de
corrida mata adentro, eu os encontrei em uma clareira. James ria, ele tinha um
ferimento no braço e no ombro e Edward tinha dois buracos imensos no peito
e abdômen. Eu caí de joelhos ante a cena. Edward parecia cansado, uma das
mãos nos ferimentos feitos por James enquanto estava de joelhos no chão.
–Ora parece que eu vou ganhar a disputa... –Ele disse e seus olhos
rubros voltaram-se para mim. –E meu premio está bem ali. –Ele deu um passo
para frente, Edward levantou-se, o corpo levemente inclinado. Rosnava.

–AFASTE-SE DELA! ELA É MINHA! –Edward grasnou pronto a


atacar. Ele parou, sorriu. James o olhou, confuso.

–O que há? Por que está rindo? –James disse dando mais um passo.

–Você está sendo caçado pelos Volturi... –Enquanto Edward sorria


mais e mais, James fechava a cara. –E eu dei a pista do seu rastro a eles. Se eu
fosse você começava a correr. –James num átimo atacou Edward jogando-o
para longe. Edward foi arremessado contra uma árvore. Eu ainda estava de
joelhos olhando a cena mortificada. James parecia vacilar sobre o que faria,
por fim deu as costas mostrando claramente que iria embora.

–Ah! Minha menina? –Ele disse e eu o olhei. –Vamos acertar as contas


em outra hora. Sabe onde estarei. -E desapareceu. Edward levantou-se
devagar. Eu o olhei, aterrorizada pelos ferimentos, dois furos do tamanho de
um punho no peito e abdômen, ferimentos que não sangravam. Ele parecia
calmo, como se a tempestade tivesse passado. Olhou para mim e sorriu
levemente, caminhou cambaleante até mim e caiu diante de meus pés.

Não estava inconsciente, mas a fraqueza certamente o manteria ali, se


eu não estivesse por perto. Eu me ajoelhei e coloquei sua cabeça em meu colo.
Ele fechou os olhos, um meio sorriso nos lábios e calou-se.

Usando o pouco de força que tinha eu o levantei apoiando-o em minhas


costas e caminhei para a direção que julguei ser a do parque.

...

O deitei em sua cama, fui ao closet pegar roupas secas para vesti-lo.
Edward ainda estava com os olhos fechados, imóvel. Quando estava pegando
algumas peças...

–Estou com sede. –Ele murmurou. Virei-me para olhá-lo. Seus olhos
estavam negros e seu queixo travado. Parecia que a qualquer momento ele
saltaria daquela cama king direto para o meu pescoço, no entanto não me vi
capaz de correr e deixá-lo ali sabendo que Edward estava ferido por minha
causa.

–Onde posso conseguir sangue pra você? Espero que não tenha que
caçar algum animal e arrastá-lo para cá. Eu não tenho habilidade nenhuma
com isso. –Edward riu fracamente.
–Adoraria vê-la tentar caçar, mas não há necessidade. Vá até a
geladeira, tem sangue humano estocado para alguma emergência. –Eu o olhei,
apavorada. Como assim sangue humano? Ele matou alguém para ter sangue
estocado? Edward pareceu notar minha reação.

–Não matei ninguém. Não mato pessoas para me alimentar. Eu comprei


bolsas de sangue no mercado negro, ta legal? –Ele falou emburrado. Eu
suspirei aliviada.

–Vou pegar. –Disse seguindo para a cozinha.

Confesso ter ficado em choque com todas aquelas bolsas de sangue


conservadas na geladeira, mas procurei ignorar isso e servi-lo. Tive de prender
a respiração, eu não gostava do cheiro de sangue, me dava enjôo. Peguei três
bolsas de sangue e as levei para o quarto. Não olhei para Edward quando
adentrei o quarto, mantive meus olhos no chão enquanto caminhava até a
cama e colocava em uma mesinha próxima a mesma as três bolsas.

–Sai daqui. –Foi tudo o que ouvi de Edward. Poxa o que aconteceu
com o “obrigado”? O olhei com raiva, mas ao fitá-lo entendi sua urgência em
me mandar sair. Os olhos negros olhavam fixamente para o sangue como um
louco. Meu corpo estremeceu ante a imagem. Sai às pressas e fechei a porta.
Decidi esperar na sala, sentada no sofá.

Agora sim parecia que eu entraria em parafuso enquanto absorvia tudo


o que houve. Descobrir a verdade foi doloroso, mas ao mesmo tempo me senti
aliviada por ter descoberto antes do meu fim. Agora só havia uma coisa que
eu queria mais do que morrer, era vingança. Queria a morte de James mais do
que ar nos meus pulmões. Mas como eu conseguiria isso? Eu não era forte,
morreria antes de encostar um dedo nele. Uma idéia me ocorreu. As lendas
sobre transformações de vampiros eram verídicas? Se Edward me mordesse
eu me tornaria uma vampira? Eu seria capaz de pedir a Edward esse favor
apenas para equiparar minha força e velocidade como a dele? Tantas
perguntas! Eu estava longe de conseguir minhas respostas. Tornar-me uma
vampira, se é que isso era possível, poderia resultar em outra coisa:
imortalidade. Embora eu quisesse vingança, eu não queria viver tanto assim.
Mas ao ver Edward, devidamente vestido com roupas secas e limpas e
certamente alimentado, eu comecei a pensar que talvez eu quisesse viver um
pouco mais só para decifrá-lo ou quem sabe...

–Fico feliz que não esteja seriamente machucada. –Ele falou.

–Não. Graças a você. Obrigada pelo que fez. Você faz tanto por mim e
eu nada fiz para compensá-lo.
–Não preciso ser compensado. –Ele disse sentando-se em uma poltrona
um pouco afastado de mim.

–Então eu só posso oferecer minha gratidão, Edward. Não somente por


hoje, mas pelo primeiro dia em que vi James e... Por ter cuidado de mim
durante esse tempo. –Eu olhei encabulada para o chão. Edward olhou-me,
pude notar pela minha visão periférica.

–Sabia que eu estava seguindo você?

–Sim. Um dos amigos do Jake, Sam, reconheceu seu carro. –Eu o


olhei, Edward estava com os olhos fechados e sorria.

–Acho que não consegui ser muito discreto afinal.

–Por que fez isso? Não acho que temos um vinculo muito grande assim
para você sempre estar por perto tentando me manter viva. E você gritou para
o James: “Ela é minha!”. Por quê? –Eu queria saber o que se passava com
aquele rapaz, o olhei tentando desvendar seus pensamentos através dos seus
olhos... RUBROS? –Seus olhos... O que aconteceu?

–Ah, isso é uma reação a sangue humano. Quando nos alimentamos


deste sangue nossos olhos ficam rubros.

Agora entendia o porquê dos olhos do vampiro James ser daquele jeito.

–Mas seus olhos eram de outra cor.

–Isso por que não me alimento de sangue humano, apenas em


emergências, como hoje.

–Edward, você está bem? Como está seu ferimento?

–Desapareceu. Temos um grande poder regenerativo que se torna ainda


maior ao sovemos sangue.

–Que bom. –Nós ficamos ali, nos olhando sem nada falar. Meu coração
acelerou enquanto via aqueles olhos rubros sobre mim, não com temor, mas
com fascínio. Eu não tinha palavras para descrever o que eu sentia após ter
sido salva inúmeras vezes por Edward. Eu queria dar muito mais do que um
simples “Obrigado”. Eu queria...

Meu corpo levantou-se guiado sabe-se lá por qual motivo. Edward se


sobressaltou com minha aproximação e levantou-se do lugar onde estava
sentado. Ele parecia confuso com o que eu iria fazer, mas eu não estava me
sentindo assim. Eu coloquei minha mão esquerda em sua face sentindo a
macies e frieza da pele. Edward respirava de forma ofegante enquanto eu me
aproximei mais e mais com os meus olhos fixos nos dele.

Eu o beijei sem ser correspondida. Bom, eu não havia pedido para ter
um beijo correspondido. Apenas um simples toque dos meus lábios nos dele,
nada mais. Eu me afastei e não ousei olhá-lo, sai pela sua porta. Eu não me
arrependi, quando se tem o tempo limitado não há arrependimentos, ainda
mais um desse tipo. E daí que ele poderia nunca mais olhar a minha cara? Eu
não tinha esquecido a minha vingança só por que James sumiu, ou por que eu
não iria conseguir feri-lo por ser uma estúpida humana fraca. Ele estava em
algum lugar me esperando. Eu não sabia onde, mas o modo como disse que eu
saberia deixou claro que eu iria descobrir onde ele estava e que iria até ele.
James estava certo. Eu não iria desistir. Cheguei quase à noite em casa, meu
pudim tinha queimado. Jacob não soube vigiar. Ele me perguntou o que tinha
acontecido, eu falei que tive de pegar uma encomenda no correio, mas que a
mesma extraviou. Não precisei dar mais explicações.

(Cap. 11) Capítulo 10: Resolução


Eu estava diferente, eu podia sentir. Se antes eu estava sombria, agora
meu corpo refletia esse lado sombrio e desesperançoso através de minhas
olheiras. Mas eu podia ver algo no fundo dos meus olhos, uma pequena chama
que antes não havia. Eu sabia que Edward era responsável por essa pequena,
porém significativa mudança.

Isso não iria durar. James estava vivo e esperava por mim. Eu queria ir
atrás dele e me vingar, mesmo sem forças. Eu iria fazer isso assim que
descobrisse onde ele está. Lavei novamente meu rosto na pia do banheiro.
Tomei um remédio para dor, estava com uma dor de cabeça incomoda. Voltei
para a cama, ainda era de madrugada, havia dormido poucas horas. Peguei o
colar no meu pescoço e o retirei. Olhei para o cordão e abri o medalhão, ainda
tinha uma foto de meu pai jovem e uma foto minha com quatro anos. O colar
de minha mãe. Minha mente ficou turva com as recentes memórias que reavi.
A chuva, a conversa despreocupada dos meus pais, o vampiro no meio da rua,
o acidente e assassinato.

A rua.

Era lá que James me esperava. O local onde ocorreu o início de tudo. O


que eu ia fazer agora? Poderia pegar um carro qualquer, eu tinha habilitação,
ir para lá e morrer tentando me vingar. O que eu tinha a perder afinal? Ou era
morrer pelas mãos de James ou pela minha doença. Eu tive que fazer algo
antes, ver Edward. Quem sabe ele não soubesse de algo que pudesse derrotar
um vampiro? Mas o que houve, o beijo que dei, ao invés de me aproximar,
apenas me repelia. Agora a vergonha me atingia como uma bofetada, eu não
ia ter coragem de encará-lo.

...

Eu procurei me ocupar com a limpeza e arrumação da casa. Arrisquei


até ler algo, ouvir um cd, ver televisão... Minha mente sempre ia para rumos
dolorosos. Eu via a imagem de meus pais, feridos, clamando por vingança,
cobrando isso de mim. Tomei um bom banho, vesti uma roupa qualquer, calça
jeans e camisa e comecei a separar alguns pertences, poucos, colocando-os em
cima da cama. Quando fui a minha cômoda pegar minha mochila, senti algo
atrás de mim, uma respiração gelada. Virei-me bruscamente. Edward estava
de pé, olhava-me com curiosidade.

–EDWARD QUE SUSTO!

–Quem pensou que fosse? James?

–Claro! –Dei a minha atenção a cômoda, me perguntei se deveria ou


não continuar a separar coisas. Edward tentaria me impedir se eu decidisse ir?

–O que está fazendo? –Ele perguntou olhando atentamente a tudo que


eu fazia. Decidi abandonar o que fazia, fui me sentar na cama e fingi arrumar
as roupas que tirei da minha cômoda.

–Arrumando minhas coisas. –Edward pareceu não se convencer, claro.


Sentou-se em minha cama. O olhei de esguelha. –Como está se sentindo?

–Eu? Bem, claro. Por que não estaria?

–Você estava muito machucado Edward.

–Meus ferimentos desapareceram. Estou novo em folha, mas e você


Bella? –Edward ergueu levemente meu queixo com uma das mãos. –Você está
bem? –Os olhos me fitavam de modo hipnótico. Senti necessidade de desviar
o olhar.

–Claro. Você impediu que James me ferisse afinal. –Dei de ombros.

–Eu não perguntei se está ferida. Sei que não está. Estou perguntando
se você está bem.
–Claro que estou Edward!

–Mentirosa. Eu posso ver em seu rosto que não está bem.

–Se você sabe Edward então por que pergunta? Como acha que eu
deveria estar? Eu acabo de lembrar o que houve no acidente dos meus pais.
Acreditei que eles tinham morrido em um acidente de carro quando na
verdade foram assassinados por um vampiro! –Eu estava furiosa, não com
Edward, mas com a situação em que estava. Fechei os olhos e procurei me
acalmar. Eu não devia descontar em Edward minhas frustrações.

–Desculpe Edward. Você só tem me ajudado e estou agindo assim com


você. Você sabe o quanto sou grata por ter me ajudado tantas vezes. Alias
obrigada por ter me salvado. –Sorri. Edward me olhava especulativo.

–Não precisa agradecer. Então essa é a ligação que possui com aquele
vampiro? Por isso ele a perseguiu?

–Meus pais e eu sofremos um acidente de carro meses atrás. James não


só causou o acidente como matou meus pais. Ele teria me matado, mas fugiu.
Ele devia estar sendo perseguido.

–O vampiro James causou muitas perturbações. Ele foi julgado pelos


Volturi e condenado a morte por nos expor.

–Volturi? O que é isso Edward?

–É como a família real que controla cada vampiro. Nós obedecemos as


suas leis. A principal lei é manter nossa raça oculta dos humanos.

–O que acontece quando um vampiro quebra essa regra? –Edward


olhou-me como se fosse obvio. Eu entendi de súbito. –É morto e perseguido.
Entendo. Mas e o humano que sabe do segredo?

–Morto ou transformado. Geralmente morto.

Eu estremeci. Eu sabia do segredo afinal.

–Então quer dizer que eu...

–Ninguém sabe que você sabe do segredo então está segura desde que
finja nada saber.

Então eu pensei naquela possibilidade.


–Edward, o que você faria se descobrissem que eu sei? –Eu não olhei
Edward ante meu questionamento. Edward ficou calado. Senti-me
desconfortável com aquela situação, era melhor deixar para lá. Mas Edward
respondeu.

–O que gostaria que fizesse com você se eu fosse compelido a isso


pelos Volturi? O que iria preferir?

Eu tentei olhá-lo e quando o fiz perdi o fôlego. Edward estava tão


próximo a mim, sua respiração fria tocando meus lábios. Eu parei de respirar.
As cenas do meu beijo não correspondido assaltaram minha mente. E a
vontade de beijá-lo me atingiu com força total. Eu nunca me senti assim por
rapaz nenhum. Fui beijada uma vez, não nego. Em uma festa em que rolou a
famosa brincadeira da garrafa. Acabei por ser beijada por um rapaz do qual
nem me lembro o nome, o beijo foi desagradável. Não foi o mesmo com o
simples roçar de lábios ontem.

–E então? –Ele disse. Seu lábio roçou de leve no meu fazendo-me


estremecer. O que eu diria? O que responder? Se eu dissesse que gostaria de
ser transformada, Edward faria isso por mim? Era difícil pensar em uma
resposta com ele tão próximo. Eu pretendia tomar a iniciativa para diminuir o
espaço entre nós. Edward fez isso por nós dois. Colocou sua mão em minha
nuca puxando-me para mais perto. Beijou-me calmamente, um beijo tão casto
que me perguntei se realmente estava beijando um vampiro. Edward
envolveu-me em seus braços puxando-me de encontro ao seu peito enquanto
seus lábios moviam-se contra os meus. Ah era uma sensação sublime! Muito
melhor do que apenas beijá-lo. As perguntas me assaltavam, mas a principal
delas era: Por que Edward me beijava?

Eu me deixei perder no sabor adocicado e macies dos seus lábios


desejando mais e mais daquele mel, quando uma batida na porta interrompeu
tudo. Quando abri meus olhos Edward não estava mais lá, saiu pela janela. Eu
bufei e fui abrir a porta do quarto.

–Hei Bells! –Era Jacob. –Trouxe sua comida. Achei que você iria
querer comer algo diferente.

–Nossa Jake, valeu!

Valeu mesmo por interromper o melhor momento da minha vida!

...

Eu acordei aos gritos com meu rosto tomado em lagrimas.


–BELLA! –Era Billy, entrou no quarto junto a Jacob. Eu os olhei,
desorientada. Era um pesadelo, apenas um pesadelo.

–O que houve Bells? –Jacob disse ansioso sentando-se na cama.


Enxugou as lagrimas acumulada em meus olhos.

–Nada eu... Foi só um pesadelo.

–Você está bem querida? –Billy perguntou encostado a porta.

–Sim tio Billy. Eu to bem. Podem ir dormir. Desculpem-me pelo


incomodo.

–Imagina Bells! Se você precisar de algo é só chamar. Quer que eu


fique aqui com você?

–Não Jake. Vá dormir. O senhor também tio Billy. Boa noite.

Eles saíram relutantes. Oh cara por que não posso sofrer calada? Fiquei
sentada na cama com minha cabeça apoiada nos joelhos e meus braços
envoltos da cabeça.

Meu pesadelo foi com meus pais. Eu revivi aquele dia sangrento em
meu sonho e, como no dia, nada pude fazer para salva-los. Agora era diferente
por que eu sabia para onde deveria ir. A resolução estava feita. Eu iria até o
encontro de James na manhã seguinte custe o que custar!

(Cap. 12) Capítulo 11: Viagem


Separei poucos pertences, os deixei em uma gaveta vazia da minha
cômoda de madeira, a mala estava em baixo da cama, bastaria pôr tudo dentro
e seguir viagem. Agora eu tinha que inventar algo para Billy e Jacob e rezar
para que não somente tivesse autorização para ir a minha antiga cidade como
Jacob não decidir ir só para não ter que trabalhar na oficina de carro com seu
pai. Geralmente eu não tomava café com eles, mas desta vez tomei um bom
banho, vesti uma roupa qualquer e desci. Jacob ficou surpreso em me ver, nem
lembro quando foi à última vez que tomamos café juntos.

–Nossa Bells, fazia um tempo que você não ficava conosco pela
manhã. –Jacob comentou enquanto comia. Eu sorri. Iria aproveitar aquele
momento “em família”, principalmente se ele era o meu último.
–É que eu queria ficar aqui com vocês. –Falei dando de ombros e
comendo um pouco mais da panqueca feita por Billy. –Nossa, tio Billy essa
panqueca está ótima!

–Que bom que gostou Bella! –Billy abriu um enorme sorriso, ele
gostava de ter sua comida elogiada. Permanecemos em silencio comendo, me
manifestei quando todos estavam prestes a sair para mais um dia de trabalho.

–Tio Billy? –O chamei. Ele parou em frente à porta.

–Sim? –Ele disse, Jacob já estava do lado de fora.

–Eu sei que esse não é um bom momento, mas... Eu quero aproveitar
que estou de férias e ir para San Marcos. Sabe, levar flores para meus pais e
pegar algumas coisas minhas em nossa antiga casa... –Eu esperei pela resposta
de Billy, no fundo eu sabia o que ele diria. Ele sorriu tristonho.

–Claro minha filha. Vai amanha? Por que não no fim de semana assim
eu e Jake vamos com você.

–Não, não quero atrapalhá-los!

–Não iria nos atrapalhar. Também quero visitar meu velho amigo.

–Tio... Eu... Bem... Eu gostaria de ir sozinha. Poderíamos ir juntos em


outra ocasião, mas por hora eu quero ir sozinha. Por favor?

Billy olhou para minha expressão e deve ter visto o quanto eu queria ir
só, pelo menos não viu que, por trás dessa suplica, havia desespero. Se eles
fossem eu não poderia garantir que eles não se machucariam.

–Tudo bem pequena. Vai amanha cedo?

–Sim. Vou comprar a passagem hoje.

–Tem dinheiro. Posso lhe dar se não tiver.

–Eu tenho sim tio Billy.

–Bom então faça o que deve ser feito. Conversamos melhor sobre isso
mais tarde.

–Obrigada. –Falei com sinceridade, mas não estava agradecendo só por


ele permitir que eu fosse só, mas também por tudo o que ele tinha feito por
mim. Minha voz estava um pouco embargada, esperava que não notasse isso.
Ele me olhou e sorriu.
–Disponha. –E assim saiu com Jacob para a oficina.

...

A ida até a rodoviária foi rápida, não havia uma grande fila como
supus. Assim que cheguei em casa, após o almoço, terminei de arrumar meus
pertences. Perguntei-me se realmente seria necessário levar algo. Se eu não
conseguisse eliminar James, o que eu mesma duvidava, provavelmente
morreria. Billy poderia desconfiar, foi essa resolução que me fez arrumar uma
pequena bolsa. Tudo estava preparado. Diria a Billy que dormiria na casa de
uma amiga e pronto. Considerei o que eu poderia me dispor para, quem sabe,
tentar danar James. Billy tinha uma arma em casa, usada para a caça esportiva.
Eu poderia pega-la, mas caso ele desse falta meus planos poderiam ser
arruinados. Lembrei-me então da arma de meu pai, ele era policial, tinha duas
armas: uma que usava em serviço e outra em casa, escondida. Minha casa
agora estava sendo ocupada por outra família que morava lá de aluguel, o
dinheiro do aluguel depositado em uma conta para mim junto com o dinheiro
deixado por meus pais. Os móveis, tudo o que pertenceu a mim e a minha
família que n ao foi trazido para cá para Forks estava guardado no porão de
minha casa, a porta trancada para que só eu tivesse acesso. Eu entraria e
procuraria a segunda arma de meu pai. Não que isso fosse me salvar, mas
nunca se sabe. Ficaria satisfeita em causar o mínimo dano que fosse a James,
ver seu rosto contorcido pela dor.

“Talvez seja minha última viagem, como foi para meus pais na estrada
de San Marcos. Se vou invariavelmente para o caminho que leva a minha
morte, eu posso...” –Pensei em Edward. A cena do beijo em minha cabeça. O
que Edward poderia estar pensando do meu ato? Nem eu mesma sabia ao
certo por que fiz isso, ou talvez eu não quisesse admitir o quanto eu estava
envolvida, o quanto eu estava encantada por Edward. Por que não dizer,
sabendo que ninguém ouviria meus pensamentos, que eu estava apaixonada
por ele. Eu não queria admitir isso por que Edward acabaria sendo um
empecilho para meus planos acerca de James. Eu pensaria duas vezes antes de
correr para a morte certa só para tê-lo por perto. E não era isso o que estava
acontecendo agora? Enquanto eu estava sentada em minha cama vendo minha
mala a minha frente, eu não estava reconsiderando minha decisão?

O pingente de minha mãe em meu pescoço pareceu pesar uma


tonelada. Senti a responsabilidade de fazer algo, ainda que mínimo, pelos
meus pais. Eu faria isso. Levantei-me determinada e, ao rumar para o
banheiro, vi no espelho uma nova Bella.

...

–Então ficará na casa de uma amiga sua?


–Sim. Eu já falei com ela e com os seus pais. Ela ficou feliz em saber
que estou indo para San Marcos. –Disse a Billy dando máxima atenção a
lasanha que comia.

–Quanto tempo vai ficar longe Bells? –Jacob perguntou.

–Não sei. Queria visitar meus amigos então acho que uns três dias.

–Poxa! Três dias é muito! Eu tinha falado com o pessoal pra gente ir a
Seattle. Acha que consegue chegar a tempo cedo fim de semana? –Jacob
parecia aborrecido. Eu sorri.

–Vou ver se chego mais cedo, ok? –Disse e vi um sorriso enorme


aparecer em seus lábios cheios. Ah, se ele soubesse o que aconteceria comigo!
Não faria planos contando com minha presença.

–Então vai amanhã guria? –Billy perguntou enquanto se servia


novamente da lasanha.

–Sim, amanhã bem cedo.

–Leve seu celular assim poderei falar com você, perguntar se está tudo
bem. Dou uma carona pra você amanhã.

–Claro tio Billy. Serei muito grata se me levar à rodoviária. –


Continuamos a comer despreocupadamente falando sobre como foi o dia do
outro. Senti uma nostalgia me atingir. Ao contrário do que imaginava, eu iria
sentir falta disso.

...

Minha mala estava escondida em uma gaveta junto com minha


passagem. Eu estava deitada e tentava dormir, sem sucesso. Cogitei a
possibilidade de sair e me encontrar com Edward, ver aquele belo rosto e
ouvir sua voz divina mais uma vez, mas desisti. Talvez Edward não quisesse
mais me ver após o beijo, por isso ele não veio até mim o dia todo. Aqueles
pensamentos doeram. Eu era uma mera humana sem nenhuma qualidade
afinal, com um pé na cova. O que um homem como Edward veria em mim?
Por que ele se interessaria por mim? Embora Edward tenha feito muito, o que
poderia me fazer pensar que nutre algum sentimento, eu não queria me iludir.
Não sei por quanto tempo fiquei pensando nele, mas em algum momento no
decorrer da noite meus olhos se fecharam e eu adormeci.

...
Em algum momento durante a madrugada eu estremeci de frio, a janela
estava aberta certamente. Abri um pouco meus olhos mal enxergando o quarto
naquela escuridão. Eu estava deitada em minha cama, a janela estava aberta.
Estranho, eu a tinha fechado. Meus olhos estavam quase fechados, estava com
muito sono, mas pude ver que havia alguém sentado na cadeira da minha
escrivaninha, a mesma próxima a minha cama, de frente para mim. Meu corpo
estremeceu novamente. Vejo um vulto fechar a janela cessando a brisa e ir até
minha cômoda. Pegou um cobertor eu acho. Colocou sobre mim e ficou
sentado na cama, as mãos frias acariciando meu cabelo, minha bochecha. Eu
adormeci novamente. Um nome me veio à cabeça: Edward. Era ele ali
vigiando meu sono, cobrindo-me para não sentir frio?

...

Acordei mais cedo do que pretendia. Tomei banho, vesti minha melhor
roupa (jeans, tênis e uma blusa branca por debaixo do suéter caramelo) e
tomei café com Billy e Jacob. A mala e a passagem na minha mão. Havia
outro item que também levei comigo, apenas para que ninguém o encontrasse:
meu exame que diagnosticava meu mal.

Eu estava tranqüila e isso me deixou preocupada, eu não deveria me


sentir assim. O plano traçado em minha mente. Eu não iria falhar, mas queria
falhar. Queria que o meu plano desse errado e eu pudesse ficar aqui em Forks.
Sempre que eu pensava em desistir o pingente de minha mãe pesava e eu
voltava aos planos anteriores.

...

–Vá com Deus guria. Ligue assim que chegar lá e se precisar de algo é
só ligar. Prometo que da próxima eu e Jake vamos com você. –Billy falou.
Estávamos na rodoviária. Eu assenti e subitamente o abracei.

–Obrigada tio Billy. Não sei o que seria de mim sem o senhor. –Falei
com emoção. Aquela era uma despedida afinal. Billy pareceu sem jeito em me
abraçar, MS abraçou.

–Imagine. Não fiz nada demais. Melhor você ir, seu ônibus já vai sair.

Olhei para Jacob ao seu lado.

–Volta logo Bells. A comida é uma droga sem você. –Ele falou com
diversão. Recebeu um cascudo de Billy. Eu sorri, me aproximei e o beijei na
bochecha.

–Até mais Jake.


–Até Bells. Espere que chegue a tempo de ir a Seattle comigo e com o
pessoal.

–Eu vou chegar. –E assim eu entrei no ônibus acenando e vendo quem


sabe uma última vez aqueles que foram minha família. Eu sentiria falta deles.
Sentei em uma poltrona ao lado da janela, os outros passageiros iam entrando
atrás de mim. Vi Jacob e Billy se afastarem para a caminhonete. Naquele
instante, perdida em pensamentos, vi um brilho prateado passando em uma
estrada um pouco distante do ônibus onde estava. Por algum motivo lembrei-
me do Volvo prateado e Edward. Impossível. Existiam muitos carros
prateados em Forks. Não poderia ser ele. Mas algo na minha mente acordou e
pensei:

“Terei que ser rápida com James. Caso o contrário ele irá me
impedir!”.

Notas finais do capítulo


Deixem reviews e aumentem minha popularidade o/
beijocas =*********

(Cap. 13) Capítulo 12: Pesadelo


Um dia e meio em um ônibus até chegar a San Marcos. Minha cabeça
estava longe. O que aconteceria a mim? James estaria onde eu pensei que
estaria? Como Billy e Jacob reagiriam caso algo acontecesse algo comigo? E
Edward? Eu não sei se era bom ou ruim o fato de não ter me despedido
adequadamente dele. Mas depois do que houve me senti encabulada de
encontrá-lo. Eu o havia beijado e sei que isso o atordoou. Senti medo em
pensar que poderia ser desprezada por ele. Era até cômico, eu caminhando
para a morte, sem me preocupar enquanto temia um único olhar.

Quando cheguei à rodoviária de minha cidade, respirei fundo. Eu sabia


exatamente o que iria fazer.

...

–Entre querida! Meu marido não está aqui, mas você pode tratar de
algum assunto a respeito do aluguel da casa comigo. –Disse a simpática
senhora de uns trinta e poucos anos. Lembrei-me vagamente de seu nome:
Summer.
–Não vim tratar de assuntos referentes ao aluguel, senhora. Vim aqui
na verdade para pegar uns pertences que ficaram na casa.

–Ah, eu sabia que mais cedo ou mais tarde alguém viria para pegar os
pertences que ficaram! Eu peguei tudo e, com a ajuda do John, coloquei tudo
em um dos quartos. Vamos lá, levo você lá. –A senhora disse guiando-me pela
casa. Um sentimento de nostalgia me atingiu. A decoração estava diferente,
mais moderna, com cores quentes, mas ainda era minha casa. Eu quase podia
ver as fotografias de quando eu era criança em cima da lareira, as flores do
campo em um vaso de cristal em cima da mesa da cozinha,...

–Então... Venha querida. –Senhora Summer disse. Ela estava em frente


à porta de um dos quartos, meu antigo quarto, onde estavam guardados os
moveis e outros pertences. Claro que não estava tudo ali, devia haver coisas
no porão. Esperava que o que eu estava procurando estivesse em meu quarto.
Lá estava: a cômoda do quarto dos meus pais estava no meu antigo quarto.

–Desculpe-me pelo incomodo. Prometo que serei rápida. Pegarei só


algumas fotografias. –Disse risonha.

–Claro. Fique a vontade. Eu vou preparar um café para nós duas. O que
você acha?

–Perfeito. –Disse e suspirei aliviada quando a senhora Summer se


afastou. Fui para perto da cômoda e a tombei para o lado.

Meu pai era policial. Usava duas armas: uma usava durante o dia e
deixava na delegacia, a outra ficava em casa escondida debaixo de sua
cômoda. Descobri por acaso quando tinha uns quinze anos. Claro que nunca a
havia pegado. Aquele era o momento. Eu não sabia se uma bala poderia matar
um vampiro, mas eu não tinha nada além disso.

Peguei a arma escondendo-a em minha cintura, por baixo do moletom


verde escuro que usava. Coloquei a cômoda na posição original. Eu sabia que
se vasculhasse aquele espaço encontraria fotos ou algum pertence de meus
pais. Eu não fiz isso. Levantei-me e fechei a porta após sair. Inventei uma
desculpa para a senhora Summer e parti rapidamente. Era fim de tarde e eu
queria chegar o quanto antes a estrada. Não tinha carro, mas eu poderia ir de
taxi. Foi fácil parar um taxi e convencê-lo a me levar pela estrada até a cidade
vizinha, afinal eu tinha uma boa grana.

–Está escurecendo e logo vai chover. É meio perigoso seguir por essa
estrada. –O motorista comentou. Estava um pouco mais escuro por estar
nublado, algo raro em San Marcos. O chuvisco começou quando nós entramos
na estrada.
Ver aquela estrada quase no escuro em meio a um chuvisco lembrou-
me do acidente. Eu estava fervendo de raiva, a ânsia de acabar com James me
dominando. Eu sentia o peso da arma em minha cintura. Fiquei alheia a tudo,
o que me despertou foi à curva, a mesma curva em que houve o acidente.

–Pode parar aqui senhor.

–O que? Que historia é essa?

–É aqui onde vou descer. Encoste.

–Olha moça... Nós estamos no meio do nada!

–Mas é aqui que eu vou descer.

–Eu vou levá-la até a cidade vizinha. Não vou deixá-la aqui nesse fim
de mundo! Se algo acontecer a você...

–PARA ESSA MERDA DE CARRO AGORA! –Gritei. Eu não tinha


paciência para argumentar com esse infeliz, também temia que James
aparecesse e fizesse algo com o pobre homem.

–TUDO BEM! DESCE! –O homem retorquiu, ríspido. Parou e eu desci


num átimo jogando no banco do carona o dinheiro da corrida. Ele arrancou
com o carro e eu me vi em meio à escuridão, o frio intensificando-se assim
como a chuva. Eu olhei para o barranco e desci lentamente por ele. Eu me
senti entorpecida. Como se estivesse jogando algum videogame em primeira
pessoa. Sim, era isso que ocorria. Aquilo tudo era surreal. Vampiros, a morte
dos meus pais, uma nova vida na cidade que eu nunca gostei, tudo! Eu não
senti minhas pernas caminhando para a escuridão que era o fundo do
barranco, um pouco claro pelo brilho de um poste a beira da estrada.

“Ele não está aqui!” –Pensei por não ver ou ouvir nada. Cansada pela
descida, sentei-me no gramado e olhei para a escuridão que era o bosque a
minha frente. Onde James poderia estar? Eu não conseguia pensar em um
lugar além daquele, mas rezei para que ele não decidisse ir à casa de Billy. Eu
não queria que ninguém ficasse ferido. Por outro lado James poderia ter
desistido. Afinal Edward havia me protegido e o ameaçado. A chuva estava
forte, típica chuva de verão. Eu decidi deixar aquele lugar e seguir para a
cidade. A idéia de retornar a Forks me pareceu tão agradável, encontrar com
todos, encontrar com Edward...

–Aonde pensa que vai, minha menina? –Ouvi a voz dizer. Antes
mesmo de me virar e ver quem era o dono da voz, algo me atingiu jogando-me
para mais fundo no barranco. Eu não sei de onde veio o objeto que me atingiu,
a que força ele se lançou para mim ou a que altura eu fui arremessada. Quando
abri meus olhos eu estava afastada da margem da rua, caída em um gramado
molhado recebendo as gotas de chuva que passavam pelas copas frondosas
das árvores acima de mim.

–Ai... –Murmurei enquanto tentava me sentar, minhas costas doíam


muito, mas tinha certeza de que não havia quebrado nada. Apenas consegui
ficar sentada, parecia fraca ainda para me levantar. Com horror eu vi um vulto
vir em minha direção por entre as árvores. Ele ria.

–Ah, adoro ver o seu rosto crispado pela dor, ainda que momentânea.
Como está, minha menininha? Sentiu minha falta? –Disse divertido. Eu
conseguia ver parcialmente seu rosto através do brilho mortiço da lua cheia
daquela noite que passava pela camada de nuvens e pelas frestas nas copas.

–Estava procurando por você, seu maldito. –Sibilei conseguindo por


fim me mexer e levantar. Eu o encarei mortiferamente através da escuridão
parcial.

–Eu sei. Eu sabia que você me encontraria. Aqui foi o começo, é aqui
que deve terminar. –James caminhou lentamente para mim, eu posicionei a
mão por cima da arma escondida em minha cintura debaixo do moletom que
usava.

–Será o fim, mas não para mim. Será o nosso fim. Eu não vou sem te
levar junto! –Falei entredentes. James soltou uma gargalhada. Eu engoli em
seco sua atitude e peguei a arma escondendo dentro da manga de meu
moletom, minha mão direita segurando-a.

–Acha mesmo que pode fazer algo, Isabella? Como é tola! Então por
isso veio até mim? Acredita que irá me deter? Eu lamento meu bem, isso não
será possível. Uma mera humana com você não pode fazer nada para me
exterminar. –Os passos de James estreitavam mais e mais o espaço entre nós.
Eu sabia que precisava esperar até que ele estivesse suficientemente perto para
disparar. Esperei pela sua aproximação enquanto meu coração martelava
furioso no peito. Não era só a pulsação acelerada que James estava
provocando em mim. Eu sentia a dor de cabeça vindo, uma dor que eu sabia
que me incapacitaria.

Não! Eu não poderia fraquejar agora, não sem antes revidar em James,
descontar minha fúria!

James ficou de frente para mim, apenas milímetros separavam nossos


corpos. Sua respiração em minha pele era gelada, um hálito agradável. Seus
olhos eu podia ver, estavam rubros, indicio de que andou matando. Ele ergueu
a mão e tocou minha bochecha, afagou-a. Eu senti nojo daquele individuo,
queria cuspir em sua face, mas sabia que não poderia perder a cabeça agora.

–Sabe, desde aquele nosso encontro aqui eu tenho pensado muito em


você. Você se tornou uma obsessão. Foi um pouco difícil encontrá-la, seu
cheiro desapareceu e tive que investigar sua vida, o que não foi fácil. Além do
que eu estou sendo perseguido pelos Volturi. Acho que aquele vampiro que
esteve protegendo você explicou quem são eles. Fui uma criança muito levada
e despertei em alguns humanos a curiosidade sobre o que era. Eles estão putos
comigo preocupados que eu arruíne o segredo de nossa raça. Isso me atrasou
um pouco, mas eu consegui afinal. Eu sou um rastreador, minha menina.
Ninguém escapa de meus ataques. Você foi uma exceção e por isso me vi
louco por você, mas tão logo isso acabará. Seja boazinha, ou irei machucá-la.

James era gentil, perversamente gentil. Inclinou-se movendo seus


lábios para o meu pescoço. Ele iria se alimentar de mim. Saquei a arma e
quando por fim ele percebeu meu movimento, eu atirei em seu abdômen.
James cambaleou para trás, aproveitei e atirei mais algumas vezes em seu
peito e em sua cabeça.

Ele caiu de costas no chão. Eu fiquei parada ainda segurando a arma já


descarregada. Esperando. Eu suspirei ao notar que James não se mexia. Joguei
a arma no chão e caminhei para a estrada um pouco afastada de seu cadáver. E
então... Uma mão me agarrou pelo meu tornozelo.

–Aonde vai, Bella? –Ele disse e antes que eu pudesse sequer pensar em
fazer algo, James pegou-me pelo tornozelo erguendo-me no chão e me atirou
para longe. Eu bati minhas costas no solo, antes que pudesse me levantar eu
fui erguida pela gola da minha blusa que ficava por baixo do moletom.

James me olhava com fúria, notei que não havia ferimento algum em
sua pele.

–Achou mesmo que poderia me matar, vadia? –Retorquiu, azedo. –Vou


lhe ensinar a como ser uma presa obediente. –E então, rápido demais para
meus olhos humanos, James me deu um poderoso soco na face.

Eu cambaleei para o lado sentindo o gosto do meu sangue na boca.


Fiquei desnorteada, no chão. Tentei me levantar, mas James me deu um chute
no estomago jogando-me para mais longe dele. A dor veio de forma
avassaladora. A dor no abdômen, na boca e, agora, na cabeça. Senti o sangue
escorrer de minhas narinas. Eu sabia que isso não era por nenhum golpe de
James, era minha doença decidindo me infernizar no momento errado. James
soltou um riso soturno, meu corpo despencou no chão.
–Ah, seu sangue... Que cheiro maravilhoso possui! Sabe como descobri
seu paradeiro? Através do hospital local. Parece que você é paciente de lá, não
é? E o seu problema não é um probleminha de saúde qualquer. Por isso minha
pressa em encontrá-la. Queria eu o prazer de matá-la e não deixá-la ir de
forma patética sendo vitima de um tumor. Que coisa patética é o ser humano,
morre tão facilmente!

Eu estava cansada, com dores por todo o corpo. Eu sabia que iria
desmaiar pela dor alucinante da cabeça que se sobrepunha a qualquer outra
dor. James parou e começou a correr, seria rápido, presumi. Rápido. Eu iria
morrer, se não pelas mãos dele, pelas mãos de Deus. Que fosse rápido então.

Algo interrompeu a corrida alucinada de James até mim. Foi difícil ver
o que era, mesmo com os olhos abertos na direção em que James estava. Algo
grande veio de trás de mim, aos fundos do bosque, e pulou em James jogando-
o para longe. Eu perdi James de vista tamanha a distancia em que ele foi
jogado. Então algo veio rapidamente até mim e ficou de pé diante de mim, eu
estava deitada no chão com o rosto na terra, eu só pude olhar para o sapato
preto do usuário.

–Bella... –A voz sussurrou aflita. Eu reconheci a voz, sorri.

–Eu não... Não chamei você... Você com meu sangue... Ed... Edward. –
Disse debilmente. Edward ajoelhou-se diante de mim e rapidamente me pegou
colocando-me em seus braços. Só assim pude ver um pouco do seu rosto, seu
rosto lindo, contorcido por algo que julguei ser dor. Por que ele estava com
dor? James teria machucado ele ou coisa assim? Eu fiquei imóvel em seus
braços sentindo-me quentinha. A chuva em meu rosto dele ter limpado um
pouco do sangue que estava em meu rosto. Notei então que os olhos de
Edward estavam escuros, ele estava com sede. Ainda sim não senti medo dele,
eu me sentia tão segura! Notei que ele não respirava, tentando não me atacar
quem sabe.

–Vou levá-la para casa. –Disse entredentes fazendo um esforço


hercúleo para não respirar. Naquele momento caótico em que olhava seus
olhos e sentia seu corpo frio me aquecendo de alguma forma eu soube o que
eu sentia por aquela gentil figura.

Eu o amava, eu amava Edward Cullen. Eu amava aquele vampiro.

Edward fez menção de correr comigo em seus braços, mas um barulho


imperceptível aos meus ouvidos humanos o fez parar. Ele se virou para o
lugar onde James provavelmente estaria. Nós dois vimos o mesmo vir, o ódio
em seu rosto.
–Eu não vou deixar... Não vou deixar que a leve de mim. Ela é... Ela
é... ELA É A MINHA PRESA! –James gritou correndo em nossa direção.
Soube naquele momento que não havia acabado, meu pesadelo não havia
acabado. Estava só começando. Ainda sim me senti estranhamente bem por
que Edward estava lá comigo.

(Cap. 14) Capítulo 13: Garantia de vida


Eu estava fraca demais até mesmo para esboçar alguma reação. O que
me despertou foi o grunhido que Edward produzia tal qual um animal. Seus
olhos fixos na figura de James.

–Meu caro, está com algo que me pertence. –James disse polido, mas
ameaçador.

–Bella não pertence a você. –Edward disse aparentemente calmo, mas


eu podia sentir que ele estava se segurando para não bancar o selvagem. Seus
braços pareciam se apertar mais e mais ao meu redor. Ele era a imagem de
uma criança tentando proteger um brinquedo precioso. Eu permaneci calada.

–Ah, mas ela pertence sim! Bella é minha presa. Se está com sede, meu
amigo, recomendo que procure outra para sustentá-lo. –Falou levemente
divertido. Edward estava se enfurecendo. A única coisa que o segurava para
não avançar em James certamente era eu. Edward olhou-me enquanto me
baixava e me deitava confortavelmente no chão, retirou o casaco que usava
uma jaqueta de couro bege por cima da camisa de gola rulê branca, e
entregou-me.

–Bella, fique aqui quietinha. Eu irei me encarregar dele e iremos juntos


para casa. –Falou numa voz afável.

–Edward, não! –Murmurei amedrontada com a idéia de que os dois


fossem lutar, temendo que Edward fosse ferido. Ele sorriu.

–Não se preocupe. Vai ficar tudo bem. –Disse e então os dois, ele e
James, desapareceram. Ouvi ao longe um barulho estrondoso de coisas solidas
chocando-se contra as árvores, causando uma grande destruição no bosque. Eu
fiquei parada, sentada no gramado segurando a jaqueta de Edward. A vesti por
cima de meu casaco e levantei-me. O sangramento nasal ainda era intenso e
meu corpo estava dolorido pelos machucados feitos por James. Eu era inútil
para ajudar Edward, mas não poderia simplesmente cruzar os braços enquanto
alguém se sacrificava por mim. Mesmo sentindo-me fraca e sabendo que era
inútil, levantei-me e caminhei para a direção de onde ouvia os barulhos. Eu
sabia que caminhando para lá a morte me encontraria, mas ela me encontraria
de qualquer forma então eu estava um pouco mais tranqüila. Que me
importava minha vida agora. Tudo o que eu queria era garantir a vida de
Edward, ele não precisava se sacrificar por causa de um cadáver. Eu continuei
a caminhar, caminhar...

...

–Esse filme é tão romântico! É o meu preferido! Um homem


sacrificando-se por uma mulher é simplesmente fantástico! –Mamãe disse
naquela tarde de domingo enquanto assistíamos Romeu e Julieta.

–Eu não acho nenhuma graça nisso! Por que é sempre o homem a
sacrificar-se por uma mulher? –Meu pai resmungou claramente chateado por
não assistir ao seu jogo de basquete na televisão já que nós estávamos
monopolizando-a. –Por que a tal de Julieta não se sacrificou por ele desde o
inicio? Era ela a tomar o veneno ou o que quer que esse cara tenha tomado! –
Meu pai resmungou enquanto mantinha sua vista nas páginas de um jornal.
Minha mãe foi categórica.

–Ora, por que não tem graça à mocinha sacrifica-se pelo herói! –
Mamãe disse e voltou sua atenção para a televisão.

Isso havia acontecido há um ano, mas as lembranças estavam vivas.


Agora, para mim, realmente parecia ser algo belo e enaltecedor a mocinha
sacrificar-se pelo herói. Eu fiquei diante de uma clareira e vi Edward ser
violentamente jogado de encontro ao tronco grosso de um cedro centenário.
Pude ver um Edward cansado e ferido, cortes pelo corpo sem de fato haver um
sangramento. Fiquei horrorizada. James estava a uns quinze metros sem
nenhum arranhão. Pude deduzir que ele era mais forte que Edward e isso
encheu meu peito de dor. Quando Edward fez menção de se levantar, James
correu até ele e o socou fortemente afundando boa parte de seu corpo no chão.
Edward ficou imóvel.

–EDWARD! NÃO! –Gritei e em meu pânico corri para ele, mas não
consegui chegar até onde ele estava algo me puxou pelo cabelo jogando-me
para longe. Eu fiquei parada, arfante, desorientada, enquanto algo me agarrava
pela gola do casaco de Edward tirando-me do chão.

–Não querida, você é minha. Não corra até ele, deixe que aquele lá
procure sua presa. Você pertence a mim. –Disse aos sussurros e puxou-me
para perto dele. Eu iria morrer, eu realmente iria morrer. O fim de uma agonia,
mas também o fim de uma alegria. Eu não tinha dito a Edward o que sentia, eu
queria dizer antes do fim. Bom, talvez fosse melhor assim, ficar calada. Eu
fechei os olhos e então algo me afastou de James. Abri os olhos, sentei-me e
vi que não fora Edward que interceptou o vampiro. Eram duas figuras
macabras cobertas por um capuz negro. Eu fiquei parada enquanto via James
ser imobilizado pelas duas figuras, ele a olhava, aterrorizado.

Mais três vultos surgiram, cobertos por um capuz negro, ficando por
trás de James e dos dois vampiros que o imobilizavam, não pude ver seus
rostos, estava escuro demais e o capuz dificultava as coisas. Fiquei imóvel e
olhando a cena.

–Finalmente o encontramos, vampiro James. –Uma das figuras de


capuz disse. –Pelo crime de expor nossa raça, será condenada a morte. –A
figura foi categórica. –Nós, fiéis servos do clã Volturi, acataremos a ordem. –
Disse e sacou algo na mão, brilhava minimamente, devia ser uma lâmina. Eu
fechei os olhos e ouvi os gritos insistentes de James. Eles o estavam matando
a poucos metros de mim. Meu corpo todo tremia, eu queria correr, mas não
queria deixar Edward ali. Esse essas coisas tentassem feri-lo? Não, eu não iria
permitir!

Os gritos cessaram. Eu abri os olhos e vi os cinco membros dos Volturi


ao redor de uma pilha de cinzas. James estava morto bem como eles haviam
ameaçado. Então um deles ergueu a cabeça e fitou-me.

–Temos uma evidencia viva. Precisa ser destruída. –A voz que havia
falado com James disse. Eu parei de respirar. –Demetri. –Disse e um deles deu
um passo.

Então eu havia sido salva por aqueles estranhos trajando negro, mas
seria morta no final das contas. Quando Demetri, meu executor, deu mais um
passo algo surgiu ficando entre mim e o grupo encapuzado. Era Edward.
Arfava cansado, mas ajoelhou-se diante de mim e abraçou-me protetor.

–Ela não. –Murmurou tão baixo que uma pessoa comum não ouviria,
mas suspeitei que eles não fossem pessoas comuns.

–Sabe de nossas regras, vampiro Edward. –Disse a mesma voz que


parecia ser a única a ter o dom da fala. –Humanos conhecedores da verdade
devem morrer... Ou... Devem se tornar um de nós. Se essa humana que foi
perseguida por James é tão importante para você então deve transformá-la
aqui e agora. –A voz disse. Edward afastou-se um pouco de mim e me olhou.
Quando vi sua expressão eu congelei. Era uma expressão de total desespero.

Edward não queria me transformar. Foi a minha conclusão.


–Bem... Seu silencio é tudo. –A voz polida disse e Demetri deu mais
um passo. Eu me ergui e afastei-me de um Edward abismado, tirei o meu
exame que estava enfiado no bolso interno de meu casaco e joguei diante
daquele que parecia o interlocutor do grupo. Ele abaixo minimamente a
cabeça e olhou o que eu havia jogado.

–O que é isso? –Perguntou claramente confuso. Eu mostrei total


descaso e despreocupação com o que estava ocorrendo.

–Minha garantia de um pouco mais de vida. Olhe. –Eu disse e a figura


encapuzada pegou o meu exame. O abriu e leu por alguns minutos. Mantive
meus olhos nele sentindo a vista mais e mais turva. Rezava para não desmaiar
enquanto decidia meu futuro.

–Ah, entendo. –Ele disse. –Bem então, já que sua morte é certa, o que
deseja de nós, humana? –A figura perguntou. Eu fui clara.

–Me deixe morrer pela doença que carrego para poder me despedir das
pessoas que amo. Só isso. Tem minha palavra de que nada direi. –Falei e sem
duvida mostrei total sinceridade em meu olhar. Todos de capuz olharam para
mim, olharam em seguida para o porta-voz. Ele deu seu veredicto.

–Que seja. Lhe daremos mais um tempo de vida. Mas acho que seria
mais misericordioso matá-la agora, humana. Como queira. Vamos. Obrigado
por nos falar a localização de James, vampiro Edward. –E então os cinco
desapareceram, tão rápido que meus olhos não conseguiram acompanhar. Eu
fiquei parada olhando para frente, para o lugar onde estavam os homens de
capuz. Senti alguém se aproximar, Edward. Ele caminhou lentamente e pegou
meu exame que fora largado lá. O abriu e leu. Eu continuei parada agora
mirando meus olhos para ele. Os olhos de Edward pareciam se arregalar mais
e mais à medida que lia o conteúdo do documento. Após ler e saber do que se
tratava, Edward deixou o exame cair de suas mãos e me olhou aturdido,
parecendo em choque.

–Por quê? –Balbuciou. -Por que não disse? –Falou e vi a fúria brilhar
em seus olhos ocres. Eu dei um meio sorriso e simplesmente tudo se apagou
para mim.

(Cap. 15) Capítulo 14: Atados


Eu me sentia bem, incrivelmente bem. Como estar deitada em nuvens e
ouvir o canto dos anjos. Pouco a pouco meu sonho foi se dissipando enquanto
a consciência vinha. Eu estava deitada em uma cama grande, confortável.
Estava quentinha por que um cobertor estava sobre mim. Abri meus olhos e
me vi em um local precariamente iluminado. O ambiente estava parcialmente
escuro, meus olhos tentando enxergar algo através daquela escuridão e então
uma luz ao meu lado se acendeu, a luz de um abajur. Olhei envolta e
reconheci o quarto como o de Edward. Eu o vi sentado em uma poltrona
antiga forrada com veludo vermelho. Ele é que havia acendido o abajur. Sua
expressão era vazia.

Ficamos calados olhando para o outro. Eu não sabia o que dizer, até
por que ainda estava processando o que havia acontecido. Tudo passava num
borrão em minha cabeça. Edward levantou-se da poltrona em que estava
sentado e veio se sentar na cama, próximo de mim. Ficamos assim por mais
alguns minutos, ele sentado de frente para mim com seus olhos fixos nos meus
e eu imóvel. Ele ergueu sua mão e tocou minha bochecha direita, eu estremeci
com a frieza da sua mão.

–Desculpe. –Murmurou e afastou sua mão. –Como está se sentindo? –


Perguntou e seus olhos se fixaram em algum ponto do quarto.

–Bem. –Falei e minha voz falhou, minha garganta estava seca.


Umedeci meus lábios. Edward captou meu movimento e levantou-se, como
um raio, e trouxe um copo de água, provavelmente da cozinha. Eu já estava
acostumada a sua velocidade sobre humana. Sentou-se novamente na cama,
desta vez ao meu lado, e ajudou-me a sentar. Eu o obedeci e tomei a água
ofertada.

–Obrigada. –Disse e continuei sentada. Estávamos tão próximos agora!


Eu podia sentir a frieza de seu corpo e Edward certamente sentia o calor do
meu corpo. Eu ergui minha mão esquerda e toquei sua bochecha afagando-a
com meiguice.

–Obrigada, você me salvou. –Disse e minha voz tremeu de emoção.

–Não Bella... –Ele começou, sua voz sem potência. –O que a salvou,
não somente a você, mas também a mim, foi o seu exame. –Sua voz quebrou
ai e vi em seu olhar o quanto a noticia de minha doença o estava ferindo. Isso
me surpreendeu. Eu não imaginava que fosse tão importante assim.

–Sinto muito Edward. –Comecei a me desculpar e voltei a minha


posição original sentada na cama e com as mãos em frente ao corpo. –Eu só
quero agradecê-lo por ter ido e se arriscado por mim, ter derrotado James.
Bom, sei que não derrotou, foram os enviados dos Volturi, mas se estou viva é
por sua causa.

Era tudo o que diria. Não havia mais nada a falar além de desculpas. Eu
não sabia se queria tocar no assunto envolvendo a descoberta por parte de
Edward sobre minha doença. Mais uma vez silêncio. Isso já estava me
enervando. Edward subitamente se levantou.

–Vou preparar algo para comer. Deve estar com fome já que passou um
dia sem comer. Seu tio Billy ligou para o seu celular, ligue para ele e diga que
está bem. Aproveite e fale que ficará mais três dias em sua cidade natal.

–O que? Como assim três dias? Alias há quanto tempo estou


dormindo?

–Você está dormindo há um dia Bella. Não acho que seria bom se o seu
tio a visse agora. Você está um pouco machucada pelo ataque de James. –
Edward falou e só então me preocupei em me olhar. Vi algumas escoriações
aqui e ali, mas nada muito grave. Talvez por isso eu não acordei na cama de
um hospital.

–Mas se eu disser isso a ele eu terei que ficar em algum lugar. –


Murmurei claramente confusa. Tudo bem que eu teria que ficar fora da vista
de conhecidos, mas para onde iria. Eu já sabia da resposta antes mesmo de
Edward dizer. Ainda sim eu ouvi. Edward virou-se para falar.

–Você ficará aqui comigo durante esses três dias e eu cuidarei de você.
Não aceitarei um “não”. Mantenha Billy informado sobre você. –Edward saiu
do quarto após dizer isso.

...

Fiquei sem graça por que enquanto comia Edward não tirava os olhos
de mim. Freqüentemente fixava meus olhos em meu prato ou em qualquer
outra parte da ampla cozinha. Mas é claro que minha comida iria acabar e eu
ficaria a mercê daquele olhar perscrutador de Edward. Foi o que aconteceu.

–Obrigada pela comida. Estava deliciosa. Não gostaria de causar tanto


incomodo para você depois de tudo, desculpe. –Disse. Edward levantou-se do
banquinho em que estava sentado e recolheu minha louça suja lavando-a na
pia.

–Edward, eu acho que não estou invalida a ponto de não lavar um


prato. Deixe-me fazer isso. –Pedi caminhando até a pia e segurando as mãos
de Edward tentando impedi-lo de continuar. Edward estacou quando peguei
sua mão, virou-se e olhou-me. Mais uns minutos sem comunicação, apenas
nossos olhos trocavam algo. E então eu me toquei que eu realmente estava ali,
viva, e Edward estava bem ao meu lado. Eu pensei que morreria pelas mãos
de James, tinha quase certeza. Acabei rindo. Edward me olhou com uma
sobrancelha erguida.

–O que foi? Por que está rindo? –Perguntou Edward carrancudo.

–Não me interprete mal Edward. Estou rindo por que eu acabo de me


tocar que estou viva e você está aqui comigo. Estou feliz. –Disse e algo em
minhas palavras pareceu despertar Edward. Ele me olhou com ressentimento,
quase com fúria.

–Verdade? Está feliz por estar viva? Não sei se realmente devo
acreditar em suas palavras. Você sabia que a morte iria encontrá-la e ainda
sim caminhou para ela. Por que fez isso, Bella? Odeia tanto sua vida?

–Eu não fiz isso por querer morrer. Eu fiz isso por que queria vingança.
James matou meus pais, eu não poderia deixar assim.

–E O QUE UMA HUMANA ESTUPIDA COMO VOCE PODERIA


FAZER, HEIN? –Edward segurou meu braço em um aperto insuportável. Eu
tentei me afastar dele sem sucesso. O olhei, aterrorizada com sua explosão de
ódio. Edward pareceu despertar para o que estava fazendo e soltou meu pulso.
Eu o massageei ainda olhando-o, tentando entender como subitamente o clima
aparentemente bom tinha se transformado em algo tão tenso.

–Eu vou ir. –Murmurei e olhei para o chão.

–Isso mesmo, vá para o quarto. Você precisa descansar um pouco mais.


–Edward disse e voltou sua atenção para a pia e a louça que ainda não tinha
lavado. Aquilo me enervou. Ele não tinha entendido o que eu tinha falado?

–Estou indo para a minha casa Edward. Não vou mais ficar aqui. –Falei
tentando conter a súbita raiva que se apoderou de mim. Por que Edward estava
com tanta raiva? Passei a caminhar para o quarto onde estava, provavelmente
meus pertences estavam lá. Ouvi passos atrás de mim, mas ignorei.

–Não pode ir para sua casa, seus machucados ainda estão visíveis. Seu
tio provavelmente... –Era Edward tentando argumentar comigo.

–Eu vou. Pouco me importa se eles notarem os ferimentos. Digo que


cai em algum lugar lá na minha cidade. Eu não quero ficar aqui e aborrecê-lo
mais. –Falei com a voz calma, falsamente calma.
–Você não me aborrece. –Edward murmurou no momento em que abri
a porta do quarto onde até então tinha descansado. Fui diretamente ao closet e,
como pensei, minha mochila estava lá.

–Não é o que parece com essa sua atitude. Se eu incomodo não deveria
ter me convidado para ficar aqui com você durante alguns dias, Edward.

–Não estou assim por isso, jamais me importaria de ter sua companhia.
Se pareço furioso é por outro motivo. –Ele disse com a voz baixa como se não
quisesse esclarecer as coisas para mim. Pouco me importava. Peguei minha
mochila colocando-a nas costas e segui para a porta do quarto, sem olhá-lo,
claro.

–Obrigada por tudo. Eu vou para casa. –Disse e algo agarrou minha
mochila impedindo-me de sair. Virei-me e o vi Edward me olhar novamente
com fúria. Qual era o problema do cara? Se eu fico ele fica furioso e se eu
vou, ele também fica furioso?

–Por que você quer se isolar, fazendo tudo sozinha? Por que se afasta
de todos? –Edward perguntou com uma voz sôfrega.

–Olha quem fala! Você notou que vive do mesmo modo, Edward?
Deve ser por isso que nos damos bem, somos iguais.

–Você sabe exatamente o porquê de eu estar falando isso Bella!


Responda!

Abaixei minha cabeça.

–Ninguém precisa sofrer junto comigo. Você é a primeira pessoa que


sabe do meu mal, que sabe que vou morrer. Enquanto o meu mal me mata
pouco a pouco, eu me afasto cada vez mais de todos. Eu sei que vou estar só
no fim por que não vou permitir que ninguém me veja morrer. Edward
acredite em mim quando digo que não fui até James por que queria morrer. Eu
só queria matá-lo, me vingar dele. Eu pensava que seria bom se eu morresse
no final, mas descobri que eu não queria. Tinha algo, ou melhor, tem algo que
quero mais do que uma morte rápida. –Eu olhei para Edward e então me
lembrei de algo que descobri enquanto o via me proteger: eu o amava. Amava
Edward. Por isso eu não queria mais morrer, eu queria dizer a ele o que eu
sentia. Eu deveria?

–Posso saber o que você tinha para fazer? –Edward perguntou com
intensidade. Não recuei com sua aproximação. Uma atmosfera completamente
diferente nos atingiu, eu não conseguia caminhar para a saída. Seus olhos, sua
respiração, a frieza do seu corpo... Tudo me prendia ali.
–Então me diga Bella... Você realmente quer ficar sozinha até o fim? –
Ele sussurrou e só então percebi que nossos rostos estavam a centímetros, eu
podia sentir sua respiração na minha boca. Eu queria dizer que o amava, eu
queria tê-lo, mas isso seria egoísmo. O que minha atitude egoísta causaria a
Edward? Seja o que fosse não seria algo bom para ele. Fechei meus olhos.

–Eu quero. Eu quero ficar só. –E então eu saí pela porta do quarto sem
olhar para trás. Edward não me impediu.

...

Devia ser meio dia, era difícil saber com um dia tão nublado. Eu
caminhava pela trilha em meio ao bosque, esperava que Jacob e Billy não
estivessem em casa. A chuva estava branda, mas estava muito frio. Abracei-
me, minha jaqueta não me aquecia o suficiente. Ouvi um barulho atrás de
mim, passos no carvalho, e caminhei mais rapidamente. Poderia ser um
animal? Eu não sabia. Continuei a caminhar mais rapidamente.

–Não corra. –Uma voz murmurou e eu parei. Fiquei imóvel.

–Edward? –Perguntei mesmo sabendo que aquela voz só deveria ser


dele. Eu me virei lentamente e o vi de pé, os olhos negros, fixos em mim, uma
expressão insondável. Edward caminhou lentamente, e graciosamente, até
mim. Seu andar era estranho, como um gato diante de um predador. Meu
corpo inteiro tremia, eu sabia intuitivamente que estava em uma situação
perigosa. Ainda sim eu fiquei parada. Edward manteve os olhos em mim e
caminhou lentamente até nossos rostos estarem a menos de trinta centímetros.
Edward colocou uma de suas mãos em meu coração que só faltava sair do
peito, minha respiração estava presa na garganta. E então Edward me
empurrou levemente, eu caí no chão por cima das folhagens com Edward por
cima de mim. Edward manteve minhas mãos acima da cabeça segurando-a ali.
Eu estava tão atordoada, não sabia o que esperar. O que Edward estava
fazendo?

–Edward, o que você... –Murmurei com a voz tremula. Edward colocou


seu dedo indicador em meus lábios. Os olhos com um brilho perigoso e
fascinante.

–Se a atormenta tanto a doença que possui, se há algo que você almeja
mais do que a morte que te acompanha... Eu te livrarei disso tudo. –Sussurrou
e então sua cabeça moveu-se até o meu pescoço, senti seus lábios tocando-o,
sua língua passando rapidamente pela minha jugular e então senti seus dentes
roçando em minha pele sem me morder.
Eu o empurrei violentamente de cima de mim. Assustada, coloquei a
mão onde antes os lábios de Edward estavam no meu pescoço. Onde antes ele
iria morder. Eu sabia o que aconteceria a mim se ele mordesse, no que eu me
transformaria.

–Não... –Murmurei com a voz e o corpo trêmulos. O rosto glorioso de


Edward se contorceu em agonia.

–Bella... Por quê? Eu quero livrá-la de suas preocupações e dar


felicidade a você! Por que você...

–Edward, você encontrou a felicidade com a imortalidade? –Edward


calou-se. Claro que ele não diria nada. –Entendo. –Murmurei e então me
levantei. Olhei o caminho que iria fazer. Dei um passo, dois passos e então
cessei meus passos. Ouvi um choro atrás de mim. Eu tive medo de me virar a
testemunhar o que achava que iria testemunhar. Ainda sim eu me virei e vi
Edward de joelhos, as mãos no rosto, chorando.

–Eu não quero... Não quero te perder. Já perdi tanto! Não fique só...
Não me deixe só... Eu amo você. Se você for agora... –Ele dizia com a voz
falha. Eu estaquei.

O que fazer?

O que dizer?

Eu jamais imaginei que Edward diria isso para mim, jamais imaginei
que meus sentimentos seriam correspondidos. Eu jamais imaginei que meu
amor iria ser correspondido. Edward ainda estava de joelho chorando, mas
sem verter lágrimas. Associei isso a sua condição de vampiro, talvez ele não
pudesse produzir lágrimas.

Era estranho. Eu nunca havia me interessado por alguém e finalmente,


após dezessete anos, isso ocorre. Além disso, meu sentimento é claramente
correspondido, Edward disse isso. Eu não sabia como agir. Ainda sim eu
pensei sobre aquilo... Agora eu entendia todas as mudanças de humor de
Edward. Eu o entendia e eu o amava. Involuntariamente caminhei em sua
direção.

Eu estava cheio de amor por ele e pela primeira vez desejei viver um
pouco mais só para estar com ele, só para não deixá-lo sozinho e sofrendo. Eu
me perguntei então, varias e varias vezes se eu conseguiria viver só por
alguém. Eu não tinha a resposta ainda, não era o tipo de decisão que se podia
tomar em tão pouco tempo. Ajoelhei-me diante de Edward e coloquei minhas
mãos sobre as suas que ainda estavam em seu rosto.
Eu devia dizer para ele que o amava e certamente isso o deixaria feliz.
Eu não consegui. Apenas consegui dizer:

–Sinto muito. –E então eu o abracei fortemente. Edward abraçou-me


também e senti as costelas protestando com o aperto insuportável que ele
empregava em meu corpo. Ainda sim não me afastei ou demonstrei dor. Que
me importa se Edward acabaria quebrando algumas costelas minhas? Eu só
queria ficar ali abraçada a ele fortemente e nada mais.

Eu não sabia quando eu teria uma chance como aquela, eu tinha que
fazer algo mais do que pedir perdão por tê-lo feito sofrer. Afastei-me o tanto
que seus braços permitiram, coloquei minhas mãos em seu rosto e o beijei.
Por Deus, como foi satisfatório beijá-lo! Desta vez, ao contrário da primeira
vez em que beijei Edward, ele correspondeu. Seus lábios, sua língua, suas
mãos tateando minhas costas... Melhor do que uma dose de morfina para um
corpo cansado e doente como o meu, melhor do que ir para o céu, melhor do
que a vingança intoxicante. Agora eu entendia a dor de Edward. Ele não
queria que eu morresse, desejava ficar comigo; eu não queria morrer, desejava
estar com ele.

Um beijo longo que nos consumiu como fogo.

Um abraço apertado que causou dor.

Dois corações mutilados por sofrimento.

(Cap. 16) Capítulo 15: Interrupção


Ele me amava. Eu nunca imaginei que algo tão bom poderia acontecer
a mim, mas... O que fazer com essa felicidade? Se eu estava destinada a
morrer então eu não deveria deixá-lo para que ele fosse feliz?

“Se a atormenta tanto a doença que possui, se há algo que você almeja
mais do que a morte que te acompanha... Eu te livrarei disso tudo.”.

É mesmo, eu tinha alternativa! Edward mostrou-me uma opção: tornar-


me uma vampira e viver ao seu lado. Eu deveria aceitar, que alternativa eu
tinha?
Eu era uma covarde. Eu temia a palavra “imortalidade” afinal. Temia
viver para sempre. Temia que, após algum tempo ao meu lado, Edward se
enjoasse de mim e me abandonasse. Por isso eu não respondi a Edward sobre
sua proposta, por isso nem ao menos disse que o amava. Por que eu temia a
conseqüência desse amor que sentia por ele, este sentimento que poderia nos
magoar ou me condenar a um sofrimento pela eternidade. Talvez eu estivesse
sendo estúpida afinal. Por que me preocupar com o futuro, com tudo isso? Eu
deveria simplesmente deixar isso para lá e deixar o meu coração me guiar,
mas... Eu sempre fui movida pela razão. Mudar agora não era algo fácil. Eu
tinha que pensar e tomar uma decisão acerca de sua proposta, não poderia me
precipitar. Mesmo assim eu cedi boa parte de mim para ele.

Seus lábios estavam gentis sobre os meus, suas mãos apertavam-me


pela cintura em uma prisão inescapável do seu peito. De qualquer forma eu
não queria sair dali, não queria sair dos braços de Edward. Seus lábios eram
tão macios, frios... A melhor coisa que já experimentei. Mesmo sem ar eu
queria mais e mais daquele mel. Minhas mãos puxavam a cabeça de Edward
de encontro a minha, meus dedos perdidos em sua cabeleira cor de bronze.
Após um tempo longo eu me afastei ofegante e notei satisfeita que não era a
única. Fechei meus olhos, assim como Edward fazia, e encostei minha testa na
sua, minhas mãos em suas bochechas. As mãos de Edward migraram e
ficaram em cima de minhas mãos que ainda estava em seu rosto.

–Agora sim eu entendo você, cada atitude. –Murmurei e um sorriso


estava em meus lábios. –Finalmente eu decifrei você, Edward. –Abri meus
olhos e encontrei os seus abertos, de um ouro escuro, belo, fitando-me. Um
meio sorriso nos lábios tentadores que tinha provado.

–Sinto que tirei um grande peso dos ombros ao confessar. –Ele


murmurou. Eu sabia que Edward estava esperando por uma palavra minha.
Ele tinha dito que me amava e agora esperava que eu dissesse que o amava
também, ou que falasse que nada sentia. A princípio eu pensei em não falar
nada, não antes de tomar a decisão definitiva. Mas como eu poderia me calar
diante daquele olhar, daquele sorriso, daquela expressão de ansiedade no seu
lindo rosto? O abracei apertado fechando fortemente os olhos. Que se danasse
minha decisão, o presente, o passado, o futuro, as pessoas, os lugares, eu
mesma!

–Eu te amo! Eu te amo Edward! Te amo tanto!

Foi algo tão bom! Dizer que o amava... Tirando um peso das costas.
Senti lágrimas nos meus olhos, mas as ignorei. Edward afastou-se e, com os
dedos, secou as lágrimas.
–Fico feliz, mas isso não é tudo o que eu quero ouvir. Quero ouvir
mais. Sabe o que deve dizer.

E eu sabia: Edward queria sua resposta, minha decisão.

–Eu vou ficar na sua casa. Volto a minha casa daqui a três dias. –Sorri.

–Bella eu não... –Edward começou, mas tapei sua boca com o dedo
indicador.

–Em breve, eu prometo. Agora vamos voltar. –Levantei e segurei sua


mão. Seguimos para a sua casa.

...

Quando a porta da sala se fechou atrás de nós, eu estava ciente que nos
amávamos e que eu não teria tempo. Ou eu iria morreu ou iria me tornar uma
vampira. Eu não iria perder tempo. Fiquei ainda ao lado de Edward e apertei
sua mão. Eu não sei ao certo se Edward tinha entendido o que eu queria, só
confirmei isso quando ele ficou de frente para mim e me abraçou. Meus olhos
no chão.

–Bella, quer ir lá para cima? Para o meu quarto? –Edward perguntou.


Reprimi um sorriso enquanto assentia fracamente. De repente Edward ergueu-
me e me guiou para o seu quarto. Eu estava tão rubra que enterrei minha
cabeça em seu pescoço, meus braços envoltos do mesmo.

Deitou-me em sua cama, o quarto não estava muito iluminado devido


às pesadas cortinas que cobriam as persianas. Eu mantive meus olhos
fechados, meu corpo tremia.

–Está com medo? –Edward sussurrou em meu ouvido. Seu corpo


estava sobre o meu corpo sem, porém, encostar-me em mim. A frieza do seu
corpo penetrava em minhas roupas causando-me arrepios.

–Não é por medo que tremo. –Murmurei fracamente.

–Então por que treme? –Seus lábios encostaram-se a minha orelha,


roçando aquele lugar.

–Ansiedade. –Disse e finalmente abri meus olhos fitando o rosto de


Edward. Seus olhos brilhavam de forma imprudente. Eu fiquei imóvel. Foi
Edward que fez tudo. Colocou seu corpo sobre o meu e seus lábios
procuravam os meus.
Os lábios, as mãos... Perdida naquele frenesi eu nem notei que Edward
fazia a tudo tão lentamente, num processo mais demorado que o de um
humano. Também não notei a principio que minhas roupas não foram
retiradas, foram rasgadas, sem que eu sequer percebesse. E Edward, em sua
impaciência contida, rasgou as próprias roupas. Eu mantive boa parte do
tempo meus olhos fechados enquanto apreciava as mãos de Edward no meu
corpo, seus lábios nos meus. Eu não me incomodei com a frieza e dureza da
sua pele. Eu queria apenas morrer ali nos braços de Edward ou repetir aquele
dia para todo o sempre.

Edward era carinhoso, passou tempos apenas acariciando meu corpo,


beijando-me. Coisas estranhas atingiram meu corpo, a excitação. Eu nunca
havia estar tão intima de alguém, para mim era uma agradável surpresa o que
eu estava experimentando. Eu o abracei apertado esperando pelo grand finale,
quando Edward me tornaria mulher pelas suas mãos. Subitamente Edward
parou. Tive que abrir meus olhos para ver o porquê disso. Seu rosto estava a
milímetros do meu.

–Vai doer? –Perguntei de repente tensa. Eu nunca havia estado com um


homem antes, mas sabia um pouco do que acontecia na primeira vez. Edward
parecia se segurar, reprimir seu desejo na certa preocupado comigo. Isso me
encheu de satisfação.

–Não sei. Nunca estive com alguém antes. Você confia em mim? –
Perguntou e pude sentir a tensão por parte dele caso minha resposta fosse
negativa.

Confio. –Falei com tanta convicção que Edward não esperou mais. Um
dor surgiu no meio de minhas pernas e tão logo cessou quando Edward
distraiu-me com seus beijos.

Eu me perdi completamente. Mergulhei em uma sensação tão boa que


perdi a noção de tempo. E antes de tudo acabar, eu adormeci.

...

Estava escuro. Olhei para a mesinha de cabeceira, para o relógio digital


de aparência cara: eram quatro e trinta da manhã. Ótimo! Eu odiava acordar
durante a madrugada, significava que eu não conseguiria dormir novamente.

–Edward? –Olhei envolta, ele não estava lá. Levantei-me da cama e


liguei a luz. Notei um bilhete em cima da mesa de cabeceira perto do relógio
digital. Fui até lá e o peguei.

“Bella,
Tive de sair para me alimentar. Estarei em casa antes que voce perceba
minha ausência.

Amo você.

Edward.”.

Segurei o bilhete contra o peito. Era uma doidice! Uma hora Edward
era um desconhecido e em outra agia como meu marido ou coisa parecida.
Isso era estranho, mas bom, muito bom.

“Bom, como não vou conseguir novamente, vou tomar um banho.


Comer algo...” –Segui para o banheiro de Edward pegando antes produtos de
higiene pessoal e roupas. Verdade seja dita eu não estava com muita vontade
de me lavar. O cheiro maravilhoso de Edward estava em cada parte do meu
corpo. Ainda sim fui para debaixo do chuveiro e lá passei bons minutos
enquanto sorria como uma idiota. Ok, eu havia perdido minha virgindade com
Edward, era a única certeza que eu tinha. Após sair do banho tratei de deixar
seu quarto em ordem, muito embora eu não precisasse fazer quase nada,
Edward era muito organizado.

Fui para a cozinha e só quando estava na metade do caminho me


toquei que Edward não comia comidas de humanos. Merda, eu ficaria com
fome então? Para minha surpresa a casa estava muito mais abastecida que um
supermercado. Eu nem sabia o que comer, tinha tanta coisa! Então como
estava com preguiça peguei o bom e velho pote de sorvete de creme com
calda de chocolate, sentei em uma das cadeiras do balcão e comi lentamente o
sorvete. Como não tinha nada para fazer fiquei a observar a casa majestosa de
Edward de onde eu estava sentada. Era uma casa atemporal. Não dava pra
saber se sua decoração era antiga ou contemporânea tendo de tudo um pouco.
Uma casa realmente aconchegante.

Senti algo escorrer de minha narina e automaticamente passei a mão


naquele lugar. Com horror vi que era sangue. Deixei o pote de sorvete
juntamente com a colher em cima do balcão e disparei para o banheiro no
segundo andar no quarto de Edward. Olhei horrorizada para meu rosto quando
cheguei ao banheiro e vi meu rosto no espelho. Eu estava sangrando muito
pela narina. Lavei meu rosto tentando estancar o sangramento, melhorou. De
repente me vi sendo atingida por uma dor aguda que me fez ficar de joelhos.
Minha vista ficou turva, minha audição se perdeu. Eu nem sabia onde estava
de tão desorientada que estava.

Um minuto.

Dois minutos.
Quanto tempo se passou?

Minha visão voltara juntamente com a audição. O sangramento estava


cessando, mas a dor ainda estava intensa, tão intensa que cheguei a chorar.
Merda! Por que isso estava acontecendo comigo? Eu estava um trapo, limpei
cuidadosamente o banheiro e o corredor. Lavei meu rosto tirando o sangue da
cara e sai da casa de Edward. Eu precisava tomar remédios, ainda estava
escuro. Segui pela trilha a passos lentos sentindo novamente o sangue descer
pela narina.

Eu ia morrer! Eu ia morrer! Edward? Cadê você?

Eu não sei como cheguei em casa, mas lá estava ela. Vi minha janela,
não deveria estar trancada. Subi em uma árvore e consegui chegar ao segundo
andar e, após abrir lentamente a janela de vidro, entrei. Billy e Jacob deviam
estar dormindo, ainda sim tinha que ser silenciosa. Seria o fim se um deles me
visse naquele estado, pálida, fria e com sangramento. Eu tinha alguns
remédios que ganhei quando fui pegar o exame no hospital há meses atrás.
Ainda tinha doses de morfina dadas pelo médico já que quase nunca usava.
Acho até que seria a primeira vez a apelar para isso. Levantei da cama e
tranquei a porta. Tranquei a janela e peguei as doses escondidas, no fundo
falso da minha mala.

Duas doses, eu injetei duas doses. Eu precisava fazer a dor parar,


aquilo estava me matando. Doía tanto! Eu iria enlouquecer! E então o efeito
da morfina veio e a dor foi cessando. Eu sei que eu deveria ir para o banheiro
e limpar o rosto, mas a letargia estava demais. Eu fiquei sentada na cama
próximo a janela esperando que a dor acabasse e que o remédio fizesse seu
efeito e por fim me nocauteasse.

Eu deixei de senti meus membros, a dor cessando e logo a escuridão


me tomou.

Não sentir a dor era tão bom! Mas havia algo que não era bom: estar
longe de Edward.

Em alguns momentos a consciência vinha. E em um desses momentos,


deitada em minha cama e com a cabeça voltada para a persiana de vidro
fechada do meu quarto, eu o vi. Era Edward, ou pelo menos achei ser. Ele me
olhava com tanta tristeza que quis ter forças para abrir a persiana de vidro
fechada e confortá-lo. Edward colocou uma mão no vidro e tentou abrir a
janela, com um ar frustrado percebeu que estava trancada. Teria que abrir,
mas isso certamente despertaria os de ais moradores da casa. Eu não
permaneci muito tempo acordada para ver o que Edward faria, como entraria
no quarto. Adormeci.
Notas finais do capítulo
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(Cap. 17) Capítulo 16: Juntos


Vi meus pais, estavam lindos, felizes em um lugar muito bonito, um
jardim.

–Venha Bella! –Minha mãe disse erguendo sua mão para mim. Meu pai
estava ao seu lado, às mãos dele nos ombros de minha mãe.

Eu caminhei debilmente em sua direção, alegre e tremula por vê-los


diante de mim. Eu queria ir até eles, pegar a mão de minha mãe gentilmente
ofertada para mim e permanecer naquele paraíso. No entanto eu olhei para um
bosque atrás deles, um bosque escuro, de aspecto sombrio. Ele estava lá,
Edward. Não dizia ou fazia nada, apenas olhava para mim. Ele esperava pela
minha resposta, deduzi. A antiga Bella teria ido com os pais sem hesitar, mas
eu estava mudada, eu podia sentir. Por que agora eu não senti aquela ânsia em
me juntar aos meus pais, não quando via Edward próximo, esperando por
mim.

Subitamente eu acordei.

Era manhã, uma brisa gostosa entrava pela persiana aberta do meu
quarto. Eu estava confortável, o edredom cobrindo-me até o pescoço.
Estranho. Eu não me sentia pegajosa com o meu sangue ou coisa parecida. A
última coisa de que me lembrava era de estar coberta de sangue sentada na
cama olhando para Edward que estava do outro lado da janela de vidro. Olhei
para a persiana, um pedaço do vidro estava quebrado. Senti uma presença ao
meu lado e só então notei Edward sentado na cadeira da minha escrivaninha,
uma expressão carrancuda no rosto, quase furiosa.

–Edward? Como você...?

–Está se sentindo melhor? –Sua voz soava um pouco rude. Eu me


endireitei e sentei.

–Sim, estou bem. Você quebrou a janela para entrar aqui?

–Sim. –Foi tudo o que ele disse.


–Entendo. Obrigada. Desculpe o incomodo deve ter sido trabalhoso
para você e... –E então Edward estava sentado na cama na minha frente.

–Bella... –Sua voz era um sibilar, ele estava tão estranho! –Escute bem
o que eu vou dizer a você: Não espere até ser tarde demais para tomar a sua
decisão. Se por um acaso você não me der sua resposta e estiver debilitada
demais para fazê-lo... Eu irei transformá-la sendo sua vontade ou não! –Disse
entredentes. Estremeci com toda a hostilidade que sentia emanar dele. Edward
ficou encarando-me por mais alguns minutos e então ele desapareceu pela
minha janela.

O choque em mim perdurou por alguns minutos até que consegui me


levantar da cama. Eu me sentia melhor, a morfina havia ajudado e muito.
Olhei para mim, eu vestia outro pijama. Edward certamente trocou minha
roupa. Mesmo tendo dormido com ele senti o rubor tomar conta da minha
face.

...

Ouvi as vozes lá embaixo de Jacob e Billy discutindo sobre um jogo


que viram juntos na noite passada. Desci timidamente, eu já tinha tomado meu
banho e vestido uma roupa qualquer.

–Bom dia gente. –Disse timidamente. Jacob e Billy pararam de comer


assim que me viram da escada.

–Bella? Que surpresa! Quando chegou? –Billy perguntou e parecia


animado, porém confuso, por me ver ali.

–Cheguei essa madrugada.

–Bells, por que não nos avisou que estava vindo? –Jacob tinha uma
cara tão alegre, isso me assustou um pouco.

–Quis fazer uma surpresa. –Sorri brevemente.

–Você não ia ficar em torno de três dias na casa de juma amiga? –Billy
perguntou. Notei que parecia desconfiado de algo.

–Ia, mas comecei a não me sentir bem lá então voltei. –Desci das
escadas e fui me juntar a eles. Não estava com fome, não sei ao certo, mas
isso poderia ser efeito da morfina em excesso. Ainda sim comi uma tigela de
cereais.

–Hei Bells já que está aqui podemos marcar mais um passeio, só que
dessa vez só nós dois. O que você acha? –Jacob perguntou quando Billy
estava saindo de casa para ir à oficina. Eu estaquei. Vi um brilho nos olhos de
Jacob que me incomodou, uma expectativa de algo. Naquele momento percebi
algo que não queria perceber: Jacob tinha interesse por mim.

–Tudo bem. Marque um dia ai agente sai. –Falei casualmente e vi o


sorriso de Jacob se alargar. Bem, só por que estava dizendo “sim” não
significa que algo iria acontecer. Caso Jacob fizesse algo eu gentilmente
deixaria claro que só o via como amigo, nada mais.

–Tudo bem então. Vou com o velho pra oficina. Vejo você mais tarde.
–Inesperadamente Jacob beijou-me na bochecha e saiu. Seu ato me deixou
embasbacada. Definitivamente eu não deveria ter aceitado sair a sós com ele,
mas agora era tarde. Dei de ombros. Hoje seria um longo dia.

...

Eu queria vê-lo, saber como estava e sentir novamente tudo o que havia
sentido em seus braços. Eu queria Edward, mas depois do ocorrido essa
manhã não sabia se ele iria me querer. Ele estava com tanta raiva de mim!
Ainda sim, após o almoço, tomei um bom banho, vesti um vestido de alça que
não me lembrava de já ter usado (era lindo, azul marinho de alças até os
joelhos, rodado), calcei uma sapatilha preta (outra coisa que nunca havia
usado, presente de minha mãe) e liguei para Billy dizendo que iria sair com a
desculpa de que iria comprar roupas em alguma loja. Após avisar eu sai
seguindo pela trilha para a casa de Edward sem saber o que faria caso não
fosse recebida por ele.

Enquanto pensava em tudo e ao mesmo tempo nada, eu seguia pela


trilha. Apesar do que tinha acontecido essa manhã, em minha mente apenas as
lembranças do que tinha acontecido entre nós dois vinham à tona. Tudo estava
gravado com perfeição: seu calor, seu cheiro, seu toque...

Era difícil de acreditar que alguém tão maravilhoso como Edward era
apaixonado por mim e que eu tinha perdido minha virgindade com ele. Eu
poderia morrer agora e ser feliz! De repente o chão sumiu debaixo dos meus
pés. Merda! Eu estava caindo do mesmo barranco onde me acidentei antes e já
podia sentir os machucados que se formariam, mas subitamente minha queda
foi impedida por algo ou alguém. Algo gelado. Eu estava atordoada demais
para avaliar quem tinha me ajudado.

–Bella? Você está bem? –Uma voz grasnou atordoada em meu ouvido.
Afastei-me minimamente e o vi. Edward.

–Eu... Eu to bem. –Levantei-me. A preocupação do rosto de Edward


desaparecera e se tornou algo parecido com desconfiança.
–O que houve? Passou mal?

–Não eu só estava distraída e não vi direito onde pisava.

Edward parecia não se convencer do que eu disse.

–Sei.

–Hei Edward eu to falando sério!

–Não custaria nada para você mentir e fingir estar bem, não é? Afinal
você está sempre me excluindo da sua vida! –A mascara de raiva que tinha
visto pela manhã voltara. Agora eu entendia por que Edward estava furioso.

–Edward, vamos conversar na sua casa?

–Tudo bem.

Caminhamos em silencio para sua casa enquanto eu pensava em como


dissolver toda aquela raiva de Edward. Assim que nós passamos pela porta eu
mostrei meu melhor sorriso para ver se conseguia desfazer sua carranca.
Infelizmente eu não tive o efeito desejado. Isso pareceu irritar mais Edward.
Por fim ele suspirou e seguiu para a sala de visitas e sentou em um dos sofás.

–Sente aqui Bella. –Ele disse olhando para o chão, as mãos no rosto.
Caminhei e sentei ao seu lado.

–Edward, olha... Eu...

–Por que não ficou aqui me esperando quando passou mal? Você é
assim, sempre foge de mim quando precisa de ajuda. Prefere ficar sozinha a...

–Edward, me escuta, eu só saí da sua casa por que eu temia que fosse
difícil para você sentir cheiro de sangue. Além do mais eu estava com muita
dor e tinha remédio no meu quarto. Fui para lá pegar. Sinto muito se isso o
deixou chateado. Espero que entenda que fiz isso principalmente para te
poupar. –Falei. Eu não conseguia olhá-lo. E então senti suas mãos geladas e
macias sobre as minhas. Eu o olhei e vi sua face numa máscara de
arrependimento.

–Me desculpe. Eu já deveria ter deduzido que esse era o motivo para ir
embora, mas... Bella você não precisa ir embora quando seu sangue escorrer.
Eu me acostumei a ele de certa forma. A prova disso é que tratei de você e não
fiz nada imprudente.
–Mas é difícil para você mesmo assim, não é? –Eu olhei Edward
fixamente e vi pelos seus olhos que minha especulação estava certa. –Viu? Eu
sei que é difícil. Eu não quero causar nenhum mal a você Edward.

–Bella, quando você passar mal não hesite em me procurar. –Falou


com a voz firme. Soou mais como uma ordem. Eu assenti incapaz de discutir.

–Tudo bem.

–Eu queria que tivéssemos aqueles dias que você pediu a Billy, mas já
que você apareceu para eles é impossível. –Suspirou pesadamente.

–Eu virei vê-lo, invento alguma coisa. –Dei um sorriso tristonho. Não
era suficiente para mim vê-lo por poucas horas. Edward também sorriu
tristemente e soube que ele compartilhava da mesma opinião. Uma mão estava
sobre a minha, a outra ele ergueu e pegou uma mecha de cabelo acariciando-o.

–Você não tem idéia da dor que senti. Quando cheguei de minha rápida
viagem de caça e não a encontrei eu soube que algo estava errado. Fiquei
desesperado pensando que de repente algum vampiro poderia ter vindo aqui e
levado você.

–Que outro vampiro? James está morto, você sabe. Edward, não deixe
preocupações desnecessárias sobre você. –Eu disse querendo que Edward
parasse de sofrer por mim.

–Bella, James não é o único vampiro da face da Terra, sabia? Existem


outros e... Não importa! Eu senti um resquício do seu sangue no banheiro e
algo me disse que tinha a ver com sua doença. Eu segui seu rastro até sua casa
e fiquei em pânico quando a vi, ensangüentada na cama. O pior é que eu não
sabia o que fazer. Eu sabia que ao menor movimento entrando em seu quarto
poderia despertar algum morador e isso seria um grande problema. Felizmente
eu consegui entrar, mas não poderia fazer muito por você. Eu não posso retirar
seu mal, Bella. –Ele disse, a voz cheia de angustia. –Eu quase... Eu quase a
transformei. Enquanto a via ficar sob o efeito da morfina, sua respiração e
batimentos cardíacos desacelerarem, eu fiquei apavorado pensando que iria
perdê-la! Foi por muito pouco que não a transformei.

Eu me senti mal, mal por Edward. Só havia uma forma de compensá-


lo: minha decisão. No entanto eu não queria me precipitar. Só consegui pensar
em uma coisa para tirar aquela tristeza dele, pelo menos temporariamente. Eu
me inclinei timidamente e o beijei. Beijar Edward era como flutuar, eu tinha
certeza de que jamais me enjoaria disso. Edward correspondeu ao beijo com
paixão. Envolveu-me pela cintura e me deitou no sofá cobrindo meu corpo
com o seu. Apesar do corpo frio, Edward fazia meu corpo ficar quente. Ele
afastou-se arfante e sussurrou em meu ouvido.

–A propósito... Você está linda! Perdão pela rudeza, eu deveria tê-la


elogiado antes de qualquer coisa. –Dizia e mordiscou minha orelha, eu me
arrepiei inteirinha. Meu corpo foi tomado pela excitação. Minhas mãos
moviam-se cobiçosas pelas suas costas malhadas por cima de sua camisa preta
colada ao corpo. As mãos de Edward passeavam pelas minhas costas até
encontrar minhas coxas, seus lábios não deixavam os meus. Edward num
átimo me ergueu encaixando-me em seu colo, seus lábios ainda nos meus
afastando-se minimamente para que eu respirasse. Levou-me rapidamente
para o seu quarto e deitou-me lentamente na cama.

–Eu quero você novamente, Bella. Uma, duas, cem vezes, eternamente.
–Disse contra a pele do meu pescoço. Eu não conseguia responder, pelo
menos não algo coerente. Eu estava perdida demais no frenesi que era sentir o
Edward.

–Eu quero você sempre... Edward. –Eu sussurrei e Edward afastou-se


olhando diretamente para mim. Tomou meus lábios novamente enquanto suas
mãos trabalhavam para me despir com mais rapidez do que o esperado. E
quando eu menos esperava eu já estava sendo dele, suas mãos tocavam cada
parte do meu corpo, beijavam cada parte do meu corpo. Ele sussurrava
palavras doces enquanto me penetrava e às vezes afastava-se apenas para me
olhar, seus olhos tão intensos que eu sentia necessidade de fechar meus olhos.
Eu fui me perdendo naquele contato, naquele prazer e então soube que eu o
queria hoje, amanhã, sempre.

Minha decisão já estava tomada.

Notas finais do capítulo


Espero que gostem. Essa fic não demorará a acabar. Deixem reviews o/

(Cap. 18) Capítulo 17: Hora errada


Estávamos em sua cama, nus, olhando para o outro. Edward prendia-
me a seu corpo com seus braços fortes, frios. Beijou-me na testa. Suspirei.

–Você precisa ir. –Edward disse contra meus cabelos.


–Infelizmente sim. Tenho que chegar em casa antes de Jake e Billy. –
Os braços de Edward se apertaram mais a minha volta como que querendo
criar uma prisão inescapável para mim através de seus braços.

–Eu não quero me privar de você nem um minuto.

–O que? Não teve muito de mim por uma tarde? –Disse debochada.
Edward riu.

–Não. Você é um vicio, uma droga. Preciso de doses a cada minuto.

–Você também representa o mesmo pra mim, sabia? –Beijei seu


pescoço apreciando a textura da pele, sua frieza, o cheiro.

–Apresente-me como seu namorado. –Edward sussurrou e com essa eu


tive que me afastar e olhar seu rosto.

–Como é que é? –Perguntei sentindo a confusão me tomar.

–Se você, Bella, me apresentar como seu namorado para seus


familiares, eu poderia vê-la com muito mais freqüência.

–Seria estranho. Você é tido como um fantasma pelos populares de


Forks sabia? E de repente eu surjo e digo: Olha tio Billy ele é meu namorado,
o conheci quando invadi o seu terreno e bati minha cabeça! –Falei
sarcasticamente. Edward sorria com malicia divertindo-se.

–Invente uma historia. Diga que nos conhecemos quando você foi ao
mercado comprar legumes em conserva. –Edward falou entre risos. Eu ri
abertamente com sua sugestão.

–Me dê um tempo para que eu possa pensar na historia toda. Dois dias,
que tal?

–Tudo bem. Ainda sim eu vou vê-la em seu quarto. Deixe a janela
aberta para mim. –Edward disse e fiquei feliz por saber que não ficaríamos
muito tempo afastados. Assim sendo levantei-me sem vontade alguma de sair,
vesti minhas roupas e segui para a sala. Para minha surpresa, quando segurava
a maçaneta para sair, Edward estava devidamente vestido.

–Vou levá-la para casa. Não deve fazer muito esforço. Vamos. –Abriu
a porta e caminhou ao meu lado pelo jardim. Pensei que apenas me
acompanharia por isso não protestei, mas quando Edward ergueu-me entendi
o que ele quis dizer ao alegar que não deveria fazer esforço.
–Não estou invalida a ponto de não caminhar, sabia? –alei com a testa
franzida. Edward olhou-me, o meio sorriso cravado nos lábios macios e frios.

–Assim chegaremos mais rápido. –E Edward disparou por entre as


árvores. Eu fechei os olhos para não ter um enjôo. Sentia o vento, a respiração
tranqüila de Edward e nada mais. A frieza do seu corpo não me incomodava,
muito pelo contrário, ele fazia meu corpo ficar quente. Ele parou e abri meus
olhos, estávamos atrás da casa de Billy. Edward deu um solavanco e
estávamos em meu quarto. Ele deitou-me zeloso na cama, os olhos em mim,
tão ternos! Beijou-me na testa, os braços deixando-me na cama.

–Deixe sua janela aberta, eu velarei pelo seu sono. –Ele disse beijando-
me nos lábios. Senti a brisa e então Edward não estava lá. Eu sorri. Eu
realmente estava tendo a felicidade que me escapava. Permiti-me ficar lá na
cama, lembrando de tudo e de nada, o cheiro de Edward em mim.

...

Jacob e Billy conversavam animadamente. Eu olhava minha


almôndega distante. Billy se interrompia e perguntava como tinha sido meu
dia, por que estava tão pensativa. Eu dizia que não era nada. Eu não o
enganava, ele notou que eu estava diferente, mas não falou nada. Jacob
parecia agitado, olhava para mim freneticamente, isso me enervou. Após
alguns minutos vendo-os conversar, eu segui para o quarto. A janela estava
aberta desde a hora que Edward me deixou em casa.

Dor.

Ela veio com potencia, inesperadamente. Eu cambaleei, mas consegui


cair na cama. Bela hora para uma crise! Permaneci deitada esperando que a
dor cessasse, poderia ser uma crise rápida. Não cessou. Corri e peguei na
minha gaveta de roupas, bem escondida, uma dose de morfina. Não esperei
pelo sangramento nasal para aplicar. A sensação da dor desaparecendo era
ótima! Deitei-me e só consegui fazer isso, nem tive tempo de me cobrir com o
edredom. Eu simplesmente apaguei. Senti gosto de sangue enquanto fazia
isso, enquanto adormecia pelo efeito da morfina. Droga! Por que tinha de
sangrar?

...

“Idiota. O que está esperando? Está esperando morrer? Eu lhe disse


Bella, se você não decidir antes do fim, eu decidirei por você.”.

A voz soou longe. Edward me dando bronca. Poderia ser um sonho,


mas algo dizia que não era. Ele chegou ao anoitecer em minha janela e me viu
no estado deplorável. Bosta! E o pior era que... Eu havia me esquecido de
comunicar a ele minha decisão.

...

Acordei grogue, um gosto ruim na boca. Levantei-me zonza e fui


diretamente para o banheiro, cuspi sangue. Apesar disso eu não sentia dor.
Olhei para a janela, estava fechada. Edward deve tê-la fechado quando saiu, se
é que ele estava aqui.

–Bella? –Ouvi uma leve batida na porta. Liguei a torneira retirando os


vestígios de sangue da pia e fiz gargarejo. Voltei para cama e sentei.

–Entra. –Disse e Jacob passou pela porta, um pouco constrangido.

–Oi Bella. Então vamos sair hoje? Você me prometeu que sairíamos
quando eu dissesse o dia... Então...

–Tudo bem. Espere-me lá embaixo, vou me arrumar. –Sorri e Jacob


pareceu radiante. Se eu ia tomar minha decisão então eu tinha que me despedir
de todos a começar por Jacob.

Tomei um demorado banho, vesti uma calça jeans, uma blusa azul
celeste e um moletom branco e sai. Preocupei-me com Edward, talvez ele
tivesse me esperando em sua casa e eu nada avisei a ele. Por fim decidi deixar
um bilhete em cima da minha casa avisando que eu iria sair com Jacob, deixei
a janela aberta.

...

–E ai Bells, o que achou daquele filme?

–Eu gostei. Ótima parte quando aquele ator criou uma bomba com um
cotonete e uma bola de ping pong. –Disse aos risos. Jacob riu também.
Colocou a mão em meu ombro enquanto caminhávamos pela calçada. Eu não
recuei apesar do contato não me agradar tanto.

Cinema, ida a praça, visita a uma loja de discos, ida a uma livraria. Foi
divertido sair com Jacob como não pensei que fosse. Jacob era divertido, isso
eu já sabia. Mas descobri algo mais em Jacob, ele tinha um imenso carinho
por mim. Estranho... Quando isso começou? Quando Jacob se mostrou
interessado? Eu podia notar pelo seu olhar, o modo como sorria, lembrava-me
Edward. E Edward me amava. Pena. Eu realmente esperava que fosse só
engano, que Jacob não estivesse interessado em mim. Eu não queria trazer
muito sofrimento.
O dia foi passando, foi bom. Eu me lembraria daquele dia.

...

–Gostou do dia? –Jacob perguntou enquanto caminhávamos na praia. O


fim de tarde estava lindo. Eu estava cansada e com dores, mas aceitei seu
convite quando sugeriu a praia.

–Muito bom. Menos agitado do que quando estamos com seus amigos.

–Eu sei. Desculpe se nosso passeio foi tedioso Bells.

–Não, você não entendeu. Eu gostei, bem ao meu estilo. –E rimos com
minhas palavras, a água batendo nos meus pés descalços assim como os de
Jacob, nossos tênis em nossas mãos.

–Vou sentir falta disso. –Murmurei e estaquei. Jacob me olhou


confuso.

–O que disse?

–Nada não Jake. Melhor voltarmos. –E eu queria voltar, minha dor de


cabeça estava aumentando. Eu não queria ter uma crise na frente de Jacob. Fiz
o caminho de volta, mas alguém segurou minha mão. Era Jacob.

–Bella... –Eu me virei e não tive tempo para reação. Jacob me puxou e
simplesmente... E beijou.

Capitulo 18: não há nada

O susto me deixou congelada, eu não esbocei reação alguma, tão pouco


correspondi ao beijo. Eu fiquei parada. Jacob percebeu minha imobilidade e
afastou-se, olhava-me confuso. Não sei por quanto tempo ficamos parados,
mas fui eu que quebrei o gelo.

–Jacob, está ficando tarde. Melhor irmos. –Disse projetando meu corpo
para o caminho que nos levaria até a nossa casa. Jacob me seguiu calado o que
eu agradeci. A situação tensa pareceu estimular meu tumor a incomodar.
Antes mesmo de alcançar o portão da casa eu já estava sentindo a cabeça
latejar e a vista escurecer. Eu pretendia desaparecer dentro do meu quarto até
que eu pudesse me recompor, mas Jacob foi mais rápido.

–Bella...
–O que foi? –Perguntei de costas enquanto abria a porta. Tinha o
cuidado para não me virar afinal logo eu teria sangramento nasal.

–Promete pensar? No que houve? Promete que vai considerar? –A voz


dele era suplicante e aquilo me deu pena. Eu não queria duvidas na minha
cabeça, eu já havia escolhido Edward. Eu não conseguia raciocinar, estava
com dor demais.

–Eu vou pensar Jacob. To indo pro quarto. –Segui pelas escadas e corri
para meu quarto. Só tive tempo de trancar a porta, a inconsciência me tomou.

...

Devia ser de madrugada, a dor alucinante me despertou. Sentia o gosto


de sangue na boca. Rastejei-me até a gaveta onde escondia a morfina e
apliquei uma dose, ou duas, não sei. Estava desnorteada demais para notar.
Mais uma vez adormeci.

...

–Bella querida, está acordada? –A voz soou longe. Billy.

–Billy?

–Você está bem? Não saiu o dia todo? Jacob e eu estamos


preocupados. Jacob me disse que não sai do quarto desde ontem à tarde. Está
tudo bem?

Eu estava zonza, a garganta seca. Há quanto tempo eu estive


desacordada? Pelo que Billy me falou eu estou desde ontem sem aparecer isso
significa que por quase um dia já que já havia anoitecido.

–Eu estou bem eu... Eu vou descer logo. –Disse com a voz fraca, mas
audível.

–Tudo bem garota. Venha e coma algo.

O barulho de Billy descendo as escadas era incrivelmente audível.


Relaxei quando não ouvi mais nada.

Levantei e segui cambaleante para o banheiro. Eu estava péssima! A


cara e vestes cheias de sangue, eu estava branca como uma vela e com
olheiras profundas.

“Eu preciso me refazer. Por Deus! Passei mais de um dia


desacordada!”.
Eu estava mal, muito mal. Eu não iria durar muito mais, eu podia
sentir. Quanto tempo eu tinha? Meses? Semanas? Eu teria que falar com
Edward o quanto antes.

Após um longo banho, fiz algo que não costumo fazer: me maquiar. Eu
estava muito pálida e branca, precisava me maquiar para passar a idéia de
saudável. Desci e encontrei apenas com Billy na sala assistindo televisão. Ele
se virou ao ouvir o barulho que fiz no piso.

–Hei garota, pensei que estivesse morta no seu quarto! –Comentou


risonho voltando sua atenção a televisão. Fiquei feliz por Jacob não está lá.

“Mal você sabe que quase eu fui dessa pra melhor.” –Pensei enquanto
ia sem nenhuma vontade xeretar a comida na cozinha.

–Desculpe preocupá-los. Eu tenho essa mania às vezes de me isolar.

–Sei. É bom saber assim eu não ficarei tão assustado. E Jacob estava
muito preocupado. –Billy disse. O observei para ver se ele dava alguma pista
de que sabia o que havia acontecido comigo e com Jacob, mas Billy
continuava tranqüilo. Comi e após isso segui para o quarto, para minha
surpresa Jacob estava na porta do meu quarto encostado na parede, já até
vestia pijama. Ele me olhava tristonho.

–Oi Bella.

–Oi Jake. –Eu fiz menção de entrar no meu quarto, mas Jacob me
impediu de abrir a maçaneta.

–Bella, eu quero conversar com você. –Ele estava decidido a ouvir


minha decisão agora. Suspirei. Não seria fácil.

–Jake, nós podemos falar isso outro dia?

–Só se você prometer que não vai se enclausurar no seu quarto como
fez o dia todo.

Eu poderia fugir de tudo isso, poderia deixar para outro dia, mas se
meu tempo estava contado então eu teria que resolver tudo de imediato.

–Jake, você é como um irmão para mim e irmãos não tem nada a mais,
entende? –O olhei. Jake ficou surpreso com as minhas palavras e então forçou
um sorriso.

–Entendo. Bom pelo menos eu tentei.


–Você vai encontrar alguém melhor, tenho certeza Jake. –Sorri e toquei
seu rosto afagando a bochecha. Eu não fiquei muito tempo diante dele, segui
para meu quarto.

Eu não estava me sentindo tão cansada. Pensei na possibilidade de sair


e ver Edward, eu queria vê-lo, dizer a ele minha decisão, mas sentia a vista um
pouco turva.

“Se eu for posso correr o risco de passar mal por ai. Edward vai vir me
ver. Vou deixar a janela aberta.” –Assim sendo eu deixei a janela aberta e me
aconcheguei na cama tomando uma pequena dose de morfina para não sentir
dor alguma.

“O Edward vem me ver, tenho certeza.” –E pensando assim eu dormi


rapidamente.

...

Eu não o vi na cadeira da minha escrivaninha como ele costumava


aparecer. A janela estava aberta, mas não havia sinal de que alguém passou
por ali. O que estava acontecendo? Era de manhã e eu estava decidida a ir à
casa de Edward para me justificar por ter desaparecido. Ele compreenderia.

“Assim que Billy e Jacob saírem eu vou a casa dele.”.

...

Não havia ninguém nos arredores na propriedade, na sala, nos quartos,


na cozinha, banheiros, escritório. A casa estava vazia e, mais do que isso, as
roupas de Edward não estavam lá. O que estava acontecendo? Para onde
Edward foi levando suas roupas? Teria viajado? Claro, todo o restante estava
ali, ele não sairia de forma definitiva sem levar o restante dos objetos da casa.
Sentei na escadaria cambaleante. Um frio na barriga me atingiu e a respiração
estava falha. Eu não estava entendendo nada.

“Ele deve ter ido rapidamente a algum lugar. Ele vai voltar. Está
cedo. Eu vou ficar aqui e esperar. Talvez hoje mesmo eu peça para ele me
transformar.”.

E eu esperei sentada na escadaria, deitada no sofá, deitada na cama de


Edward, enquanto caminhava pelos jardins...

...Ele não voltou naquele dia.

Eu fui para casa frustrada e tendo a sensação de que o meu inferno


pessoal só estava começando.
–Bella? Mas o que...? –Billy começou a dizer a me ver passar pela
porta cruzando a sala, ele não sabia que eu tinha saído. Deve ter pensado que
estava no quarto. Jacob não estava à vista, felizmente. Apenas retirei meus
sapatos e me joguei na cama se me importar em deixar a janela aberta. Por que
por mais que eu não quisesse admitir, Edward não iria voltar. Ele tomou a
decisão por nós, ele desapareceu deixando a patética humana para trás.

O sangramento e as dores começaram enquanto eu tentava dormir, mas


eu ignorei. A dor pela ausência dele era bem pior do que qualquer coisa.

Sangue com lágrimas.

Vazia.

Perda.

Meu fim.

Notas finais do capítulo


Deixem coments! o/

(Cap. 19) Capítulo 18: Não há nada

O susto me deixou congelada, eu não esbocei reação alguma, tão pouco


correspondi ao beijo. Eu fiquei parada. Jacob percebeu minha imobilidade e
afastou-se, olhava-me confuso. Não sei por quanto tempo ficamos parados,
mas fui eu que quebrei o gelo.

–Jacob, está ficando tarde. Melhor irmos. –Disse projetando meu corpo
para o caminho que nos levaria até a nossa casa. Jacob me seguiu calado o que
eu agradeci. A situação tensa pareceu estimular meu tumor a incomodar.
Antes mesmo de alcançar o portão da casa eu já estava sentindo a cabeça
latejar e a vista escurecer. Eu pretendia desaparecer dentro do meu quarto até
que eu pudesse me recompor, mas Jacob foi mais rápido.

–Bella...

–O que foi? –Perguntei de costas enquanto abria a porta. Tinha o


cuidado para não me virar afinal logo eu teria sangramento nasal.
–Promete pensar? No que houve? Promete que vai considerar? –A voz
dele era suplicante e aquilo me deu pena. Eu não queria duvidas na minha
cabeça, eu já havia escolhido Edward. Eu não conseguia raciocinar, estava
com dor demais.

–Eu vou pensar Jacob. To indo pro quarto. –Segui pelas escadas e corri
para meu quarto. Só tive tempo de trancar a porta, a inconsciência me tomou.

...

Devia ser de madrugada, a dor alucinante me despertou. Sentia o gosto


de sangue na boca. Rastejei-me até a gaveta onde escondia a morfina e
apliquei uma dose, ou duas, não sei. Estava desnorteada demais para notar.
Mais uma vez adormeci.

...

–Bella querida, está acordada? –A voz soou longe. Billy.

–Billy?

–Você está bem? Não saiu o dia todo? Jacob e eu estamos


preocupados. Jacob me disse que não sai do quarto desde ontem à tarde. Está
tudo bem?

Eu estava zonza, a garganta seca. Há quanto tempo eu estive


desacordada? Pelo que Billy me falou eu estou desde ontem sem aparecer isso
significa que por quase um dia já que já havia anoitecido.

–Eu estou bem eu... Eu vou descer logo. –Disse com a voz fraca, mas
audível.

–Tudo bem garota. Venha e coma algo.

O barulho de Billy descendo as escadas era incrivelmente audível.


Relaxei quando não ouvi mais nada.

Levantei e segui cambaleante para o banheiro. Eu estava péssima! A


cara e vestes cheias de sangue, eu estava branca como uma vela e com
olheiras profundas.

“Eu preciso me refazer. Por Deus! Passei mais de um dia


desacordada!”.
Eu estava mal, muito mal. Eu não iria durar muito mais, eu podia
sentir. Quanto tempo eu tinha? Meses? Semanas? Eu teria que falar com
Edward o quanto antes.

Após um longo banho, fiz algo que não costumo fazer: me maquiar. Eu
estava muito pálida e branca, precisava me maquiar para passar a idéia de
saudável. Desci e encontrei apenas com Billy na sala assistindo televisão. Ele
se virou ao ouvir o barulho que fiz no piso.

–Hei garota, pensei que estivesse morta no seu quarto! –Comentou


risonho voltando sua atenção a televisão. Fiquei feliz por Jacob não está lá.

“Mal você sabe que quase eu fui dessa pra melhor.” –Pensei enquanto
ia sem nenhuma vontade xeretar a comida na cozinha.

–Desculpe preocupá-los. Eu tenho essa mania às vezes de me isolar.

–Sei. É bom saber assim eu não ficarei tão assustado. E Jacob estava
muito preocupado. –Billy disse. O observei para ver se ele dava alguma pista
de que sabia o que havia acontecido comigo e com Jacob, mas Billy
continuava tranqüilo. Comi e após isso segui para o quarto, para minha
surpresa Jacob estava na porta do meu quarto encostado na parede, já até
vestia pijama. Ele me olhava tristonho.

–Oi Bella.

–Oi Jake. –Eu fiz menção de entrar no meu quarto, mas Jacob me
impediu de abrir a maçaneta.

–Bella, eu quero conversar com você. –Ele estava decidido a ouvir


minha decisão agora. Suspirei. Não seria fácil.

–Jake, nós podemos falar isso outro dia?

–Só se você prometer que não vai se enclausurar no seu quarto como
fez o dia todo.

Eu poderia fugir de tudo isso, poderia deixar para outro dia, mas se
meu tempo estava contado então eu teria que resolver tudo de imediato.

–Jake, você é como um irmão para mim e irmãos não tem nada a mais,
entende? –O olhei. Jake ficou surpreso com as minhas palavras e então forçou
um sorriso.

–Entendo. Bom pelo menos eu tentei.


–Você vai encontrar alguém melhor, tenho certeza Jake. –Sorri e toquei
seu rosto afagando a bochecha. Eu não fiquei muito tempo diante dele, segui
para meu quarto.

Eu não estava me sentindo tão cansada. Pensei na possibilidade de sair


e ver Edward, eu queria vê-lo, dizer a ele minha decisão, mas sentia a vista um
pouco turva.

“Se eu for posso correr o risco de passar mal por ai. Edward vai vir me
ver. Vou deixar a janela aberta.” –Assim sendo eu deixei a janela aberta e me
aconcheguei na cama tomando uma pequena dose de morfina para não sentir
dor alguma.

“O Edward vem me ver, tenho certeza.” –E pensando assim eu dormi


rapidamente.

...

Eu não o vi na cadeira da minha escrivaninha como ele costumava


aparecer. A janela estava aberta, mas não havia sinal de que alguém passou
por ali. O que estava acontecendo? Era de manhã e eu estava decidida a ir à
casa de Edward para me justificar por ter desaparecido. Ele compreenderia.

“Assim que Billy e Jacob saírem eu vou a casa dele.”.

...

Não havia ninguém nos arredores na propriedade, na sala, nos quartos,


na cozinha, banheiros, escritório. A casa estava vazia e, mais do que isso, as
roupas de Edward não estavam lá. O que estava acontecendo? Para onde
Edward foi levando suas roupas? Teria viajado? Claro, todo o restante estava
ali, ele não sairia de forma definitiva sem levar o restante dos objetos da casa.
Sentei na escadaria cambaleante. Um frio na barriga me atingiu e a respiração
estava falha. Eu não estava entendendo nada.

“Ele deve ter ido rapidamente a algum lugar. Ele vai voltar. Está cedo.
Eu vou ficar aqui e esperar. Talvez hoje mesmo eu peça para ele me
transformar.”.

E eu esperei sentada na escadaria, deitada no sofá, deitada na cama de


Edward, enquanto caminhava pelos jardins...

...Ele não voltou naquele dia.

Eu fui para casa frustrada e tendo a sensação de que o meu inferno


pessoal só estava começando.
–Bella? Mas o que...? –Billy começou a dizer a me ver passar pela
porta cruzando a sala, ele não sabia que eu tinha saído. Deve ter pensado que
estava no quarto. Jacob não estava à vista, felizmente. Apenas retirei meus
sapatos e me joguei na cama se me importar em deixar a janela aberta. Por que
por mais que eu não quisesse admitir, Edward não iria voltar. Ele tomou a
decisão por nós, ele desapareceu deixando a patética humana para trás.

O sangramento e as dores começaram enquanto eu tentava dormir, mas


eu ignorei. A dor pela ausência dele era bem pior do que qualquer coisa.

Sangue com lágrimas.

Vazia.

Perda.

Meu fim.

Notas finais do capítulo


Deixem reviews o/

(Cap. 20) Capitulo 19: Game over

Apesar de ansiar pela morte após perder meus pais, eu nunca


verdadeiramente me entreguei à doença. Mesmo que eu a tratasse com
descaso, eu procurava ter uma vida normal. Não mais. Eu mergulhei no meu
mal à medida que os dias se passavam e Edward não aparecia. Especulei,
tentando manter a esperança de que Edward voltaria, talvez tivesse ido
resolver um problema grave, sei lá. Não, eu sabia que não era isso. Edward
sabia que meus dias estavam contados, ele me via piorar a cada dia mesmo
tentando me manter saudável. Por que ele me deixou? Teria ele se arrependido
da proposta que me fizera? Quanto mais eu pensava no assunto, mais meu
estado piorava. Para complicar as coisas Billy e Jacob pareciam preocupados
com minha saúde devido a aparência deplorável que eu tinha.

Billy tem ficado de olho em mim desde aquela tarde em que apareci e
nada disse como explicação, seguindo para o quarto. Ele não perguntou, mas
eu o ouvi conversar com Jacob e tentar persuadi-lo a conversar comigo. Jacob
tentou na manhã seguinte arrancar informações para o pai, mas eu bem sei que
a real curiosidade era dele. Jacob tem sido maravilhoso esses dias. O assunto
do beijo e da confissão fora esquecido, ou melhor, enterrado. Ele passou a agir
como um amigo, não que eu tivesse ficado observadora a isso. Uma semana se
passou desde que Edward desapareceu e eu estava tão profundamente
depressiva que não liguei para mais nada.

Por que eu estava perdida. Não pela chance de cura (se é que me tornar
vampira poderia ser considerado isso), mas por que o pouco de alegria e
esperança que Edward fez brotar em meu coração havia desaparecido junto a
ele. Eu queria morrer! Morrer! Morrer!

–Bella? –Billy me chama enquanto eu mexo na comida diante de mim


com a colher, sem desejo nenhum de comer. Eu o olhei sem nem ao menos
tentar fazer um ar mais saudável.

–Sim? –Falei com a voz arrastada.

–Está sentindo alguma coisa? Você está tão pálida e tem comido
pouco. Parece muito doente. –Ele comentou e vi um olhar de incrível
preocupação.

–Eu estou bem. É só que... Deixa pra lá. –Comi mais duas colheradas
da comida e me levantei. –Tenho umas coisas pra fazer. Vou para o quarto. –
Subi as escadas e quando entrei no quarto fui para o banheiro. Vomitei. Não
por que eu bancava agora a bulímica, mas por que meu estomago parecia não
segurar nada. E para completar o sangue nasal que vinha com grande
freqüência. Esse era um dos motivos para não sair muito de casa, eu não
queria ter um sangramento no meio da rua e alguém contar a Billy o que tinha
acontecido. Não sei por que, mas penso que ele não interpretaria isso como
sintoma de uma grave doença e sim de que talvez eu estivesse usando alguma
droga pesada demais.

E mais um dia se passou, meu tempo estava acabando. Eu não sabia até
quando iria esconder minha enfermidade. Havia anoitecido, eu estava deitada,
a respiração pesada. Eu sabia que não iria dormir muito pelas dores
incomodas que parecia não se exaurir com morfina.

Ouvi vozes.

Levantei-me e segue para próximo da porta, Billy e Jacob


conversavam.

–Ela não parece bem de saúde. –Jacob murmurou, a testa vincada de


preocupação.
–Eu não sei o que está havendo com ela. Será que Bella está usando
drogas?

–Claro que não pai! Bella não é assim. Eu não sei, mas... Depois que eu
me confessei para ela, Bella tem agido estranho. Eu penso que talvez eu seja
culpado e...

–Não diga bobagens filho! Não deve ser por isso. De qualquer forma
eu conversei com um amigo meu e ele está vindo aqui para examiná-la, ele é
medico. –Billy e Jacob conversavam baixinho sobre isso, não queriam que eu
ouvisse, mas eu ouvi. O pânico me tomou. Se um médico me visse,
descobrisse que estou mal eu ficaria internada em um hospital. Eu não queria
isso. Eu não queria que as pessoas ao meu redor tivessem pena de mim,
ficassem tristes por mim. Eu quero morrer em paz.

Eu não pensei muito no que faria, quando dei por mim eu estava saindo
pela minha janela de pantufas e vestindo um hobby não muito grosso para me
proteger do frio noturno. Enquanto a dor de cabeça e náuseas novamente me
atacava com uma força quase incapacitante, eu segui pelo caminho escuro sem
me importar se iria cair e me machucar ou um lobo apareceria e me devoraria.
Que se dane. Eu não queria que me vissem mais, eu queria desaparecer, eu iria
desaparecer.

Eu queria vê-lo quem sabe uma última vez. Esse era meu desejo antes
do fim. Eu ignoraria a raiva que sentia por Edward ter me abandonado, eu
apenas me concentraria em ver seu rosto, ouvir sua voz, sentir seu cheiro e
calor e suplicar por um ultimo toque. Foi esse pensamento de que talvez
milagrosamente eu o encontrasse em sua antiga casa que me fez seguir para lá.
Senti o sangue descer pelas narinas, à visão ficar turva, mas mantive-me
caminhando.

Eu caminhei por tanto tempo naquela escuridão que cheguei a pensar


que havia me perdido, ou a casa também havia desaparecido. Após algum
tempo lá estava ela, a pequena mansão na escuridão. Pude ver seus contornos
graças ao brilho mortiço da Lua. Sorri. Eu estava me sentindo tão mal que
talvez eu morresse assim que meu corpo se recostasse em algum lugar, mas
não liguei.

Eu não fui muito longe, é claro. Eu caí em meio ao jardim próximo a


porta de entrada. A inconsciência me tomou.

...

O frio estava se dissipando enquanto eu voltava a ficar consciente.


Sentia o gosto de sangue na boca, uma dificuldade absurda para respirar.
–Bella?

Uma voz soou longe, uma voz apavorada. Eu abri precariamente meus
olhos e vi uma figura diante de mim, mas não consegui vê-la nitidamente,
minha visão estava embargada demais. Senti uma mão tocando meu rosto, um
soluço de choro e sorri ante a possibilidade de ser ELE. Agora sim eu poderia
morrer.

Acho eu enquanto a inconsciência vinha, eu sorri.

Notas finais do capítulo


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(Cap. 21) Capitulo 20: Infligir dor


Eu permaneci alheio a tudo por tempo demais. Perguntei-me se afinal
eu havia morrido e fiquei triste ao constatar que eu não estava no mesmo local
que meus pais. Isso seria um consolo e tanto, não seria? Onde meus pais
estavam? Enquanto algo, possivelmente a consciência, vinha, vozes surgiram.
Eu apenas captei algumas. Elas vinham em minha mente como em um sonho.

“O quadro é irreversível. Podemos apenas utilizar morfina para


diminuir a dor.” –A voz masculina disse. Tinha um tom profissional
conhecido por mim, um médico. Eu não estava morta afinal. Se pudesse
encontrar o meu corpo em meio a toda aquela morfina, eu teria suspirado
pesadamente.

“O tumor está em crescimento acelerado e seu corpo está debilitado


demais para suportar a pressão craniana.” –Outra voz soou, deviam estar
próximos a mim.

As vozes dos médicos discutiam meu estado e pelo pouco que ouvi eu
estava com o pé na cova. Isso, em outras circunstancias, teria me deixado
feliz, mas me lembrei de algo: alguém apareceu pouco antes de eu desmaiar,
alguém que conhecia o terreno, poderia ser...

–Edward. –Murmurei sem forças para abrir meus olhos.

–Ah, acordou! Espere minha querida, irei chamar o médico que está
cuidando de você. –Uma voz feminina disse. Isso não me impediu de chamar.
–Edward... Edward... –Eu murmurava querendo que ele aparecesse, eu
precisava vê-lo antes do fim. Ele me devia isso, não devia?

–Ela está chamando esse nome desde que acordou da letargia da


morfina, doutor. Deve ser o rapaz que a trouxe, posso apostar. –Uma voz
feminina disse, devia ser da enfermeira que notou que eu estava acordando.
Eu me senti frenética, tentando sair completamente da letargia, quando ouvi
suas palavras. Já podia sentir o controle de meus membros vindos para mim,
mas também sentia u a dor intensa na cabeça. Eu poderia dizer que sentia dor,
mas isso implicaria em novas doses de morfina. Eu queria ver Edward, falar
com ele.

–Ela está recuperando a consciência. Talvez devêssemos dar um tempo


com os familiares e amigos que aqui estão. Ela não tem muito tempo,
infelizmente. –A voz do médico soou pesarosa. Eu não me surpreendi com
suas palavras, eu já sabia. Eu sentia o meu fim bem próximo e
verdadeiramente não era isso que me atordoava. Eu só queria vê-lo, uma vez
mais.

Enquanto o pequeno tumulto de funcionários diminuía no quarto em


que eu estava, eu procurei me restabelecer e consegui a façanha em pouco
tempo. Abri meus olhos e a principio me vi incomodada com a forte
iluminação, mas logo meus olhos se adaptaram. Eu estava em um pequeno
quarto, deitada em uma cama dessas com grades, típicas de hospital. Toda
uma parafernália estava ligada a mim como monitor para medir minha
freqüência cardíaca, um tubo levando soro, preso a minha mão, um tubo preso
as minhas narinas ajudando meu corpo a se suprir de oxigênio.

Apesar de poder ver e ouvir, eu estava exausta, como se uma grande


pedra estivesse sobre o meu corpo. Não era o efeito da morfina, a morfina
estava passando e eu já poderia sentir a dor na cabeça se apossando de mim.

Eu esperei que o rosto que eu tanto queria ver irrompesse a porta como
o medico havia dito. Eu vi um rosto familiar passar com uma mascara
cobrindo a boca, um rosto bonito, uma expressão transtornada e feliz ao me
ver.

–Jake. –Sussurrei.

–Oi Bells. –Ele falou e veio prontamente se sentar na beirada da minha


cama. Olhou em volta, talvez se certificando de que não havia nenhum
funcionário que iria repreendê-lo por ficar tão próximo a mim. Quando me
olhou, tentou passar uma expressão serena.
–Oi Bells. Bom ver você acordada. –Ergueu a mão e, hesitante, afagou
meu cabelo. Minha pele da cabeça estava tão sensível que o toque
despreocupado de seus dedos em meu couro cabeludo pareceu como navalhas
paradas com o intuito de machucar. Procurei conter a vontade de gritar.

–Jake, o que houve? Como vim parar aqui? Há quanto tempo estou
aqui? –Apesar de não gaguejar, eu falei bem lentamente.

–Você esteve inconsciente por dois dias. Eu notei que você não estava
em canto nenhum e tive uma intuição de que você, por algum motivo, usou a
janela para sair. Segui uma trilha no bosque que nem mesmo eu conhecia.
Acabei parando no terreno da antiga casa do Cullen e então eu... –Ele se
interrompeu e estremeceu. –Vi você daquele jeito toda ensangüentada. Fiquei
desesperado. Vim para cá com Billy trazendo você e então soubemos umas
coisas...

–Coisas? Que coisas, Jacob? –Perguntei nervosa, o que ele estava


sabendo? Mais do que nervosa, porém, eu estava decepcionada. Não foi
Edward que me encontrou, foi Jacob.

–Bella, a quanto tempo você andava se sentindo mal? –Ele perguntou e


notei que ele já estava ciente de minha situação. Ele e os outros. Eu fiquei
calada e Jacob encontrou todas as suas respostas em minha expressão facial.
Movi meus olhos para o canto.

–Você sabia de tudo então. Por que não nos contou?

–Não queria que sofressem comigo, Jake. Não tem cura. –Minha voz
não tinha sinal de sofrimento.

–Não diga isso Bella. Tenho certeza de que existe um jeito e...

–Chega Jake. Está vendo por que não contei? Eu não suporto gente me
dando falsa esperança. –Continuei com meus olhos fixos no nada. Eu podia
ouvir o choro contido de Jake.

Eu estava realmente querendo ficar dopada até o fim.

...

Eu já devia estar a cinco dias internada, meu estado apenas piorava. Eu


me recusava a comer e estava ficando caquética. Os médicos acabaram tendo
de me alimentar através do sangue. Eu queria apenas ficar entorpecida, não
estar ciente da dor de não ter uma luz do fim do túnel. Fingia às vezes estar
com dor apenas para ser dopada. A minha conversa com o Jacob foi o último
contato que tive com ele, com o restante de minha família.
Eu não sei quanto tempo se passou.

Só contabilizei cinco dias, mas sei que se passou bem mais. Já estava
com tanta morfina no sistema que não sentia quando passava o efeito.

E o tempo foi passando...

A morte não demoraria a chegar e acreditei que passaria por ela sem
hesitar, sem querer lutar pela minha vida. Que se danasse a vida!

Um toque frio me tirou da letargia.

A morfina tinha perdido sua potencia, eu podia sentir e ouvir. A


princípio eu ignorei o toque frio, poderia ser qualquer coisa, poderia ser o
toque da morte. Uma voz linda soou pelo ambiente e eu soube que não era a
morte me chamando.

–Bella... –A voz me chamou num grau de sofrimento tão intenso que


me sobressaltou. Eu reconhecia a voz, eu reconhecia o toque frio afagando
meu rosto. Queria abrir meus olhos, mas não conseguia. –Eu amo você. Eu
sinto muito. –Ele murmurou encostando sua testa na minha, seu corpo bem
próximo e senti a frieza.

Eu me lembrei naquele momento por que eu tinha que lutar, era por
ele, para ficar com ele, mas também me lembrei por que isso não mais
importava.

Edward tinha me deixado para morrer.

Eu sabia que aquele seria o melhor e o pior momento de nossas vidas.


O momento decisivo. Eu não abri meus olhos ou me mexi, mas falei. Eu
conseguia falar ainda que fracamente.

–Me deixa... –Eu disse e senti a umidade nos olhos. Eu estava


chorando. –Me deixa... Morrer...

Edward deitou seu tronco sobre o meu e me abraçou com cuidado.


Apesar da magoa, eu queria abrir os olhos e vê-lo. Eu não conseguia.
Sussurrou em meu ouvido.

–Eu queria aceitar sua escolha, eu queria, mas... Mesmo que você
escolha outro, mesmo que escolha morrer como uma humana e que isso a faça
me odiar... Eu não vou deixá-la morrer.
–Eu só escolhi... Só escolhi você... Uma vida... Você... O fim do meu
sofrimento. Por que você... –Era difícil falar, mas consegui. –Por que me
abandonou? –E as lágrimas vinham ininterruptas.

–Eu apenas abdiquei da minha felicidade pela sua. Eu a vi na praia,


você e aquele...

Eu me lembrei do beijo de imediato. Claro, ele viu e interpretou da pior


forma. Eu deveria ter pensado nisso, mas estava derrotada demais com o
sentimento de abandono para pensar o que havia causado seu
desaparecimento.

–Não era minha... Minha escolha, mas agora é tard... –Eu disse e pude
sentir a dor tão intensa que meus sentidos se esvaiam. Talvez eu estivesse à
beira da morte, a dor estava ficando tão intensa, mas já a sentia se esvair.
Quando isso acontecesse completamente, eu iria morrer. Num arquejo de dor,
eu abri meus olhos tomados por lagrimas. Nada vi principio, senti o gosto de
sangue na boca. Senti algo mais também, um cálido beijo depositado nos
meus lábios.

Minha visão clareou e vi então Edward trajando vestes de medico,


deveria ter roubado de alguém eu suponho. Ele tinha uma expressão tão
sofrida, tão miserável, que eu fiquei paralisada ignorando o forte mal estar que
me tomava. Eu se ti naquele instante que a dor que sofri (a perda de meus
pais, minha doença, o desaparecimento de Edward) não era nada se
comparado ao que Edward estava sofrendo por mim.

Ele me amava. Sim, isso era uma certeza. Cheguei a ficar em duvida
pelo seu desaparecimento sem motivo, mas vendo aquela expressão que
beirava a loucura tamanha à tristeza, eu me sentia compelida a não ter
duvidas. Ver aquele rosto amado, magoada como eu estava, me fez querer
usar todas as minhas forças para chorar e assim o fiz vendo que meu ato
apenas o machucava mais.

–Você me faz mal. –Acusei numa voz pouco composta. Estava arfante
e o bip soava frenético. Edward olhava nervoso para meu rosto, para o
monitor que media freqüência cardíaca. –Eu quero ficar só... –Eu disse
fechando os olhos, sentindo minha força desfalecer.

–NÃO! –Ele disse numa voz alta, desesperada. Ouvi o bip soando mais
espaçado enquanto uma calmaria incomum vinha até mim. A morte.

Eu senti a frieza dos braços de Edward me abraçando-me puxando para


mais perto enquanto chorava sem lágrimas. Eu fiquei imóvel sentindo minha
pulsação se acalmar anormalmente enquanto a dor cedia. O gosto de sangue
na boca era intenso e já podia sentir o sangue se esvair por outros orifícios,
nasal e auditivo. Edward deitou-me na cama e afagava freneticamente meu
rosto co uma mão enquanto a outra me sacudia.

–Bella... Não... Não ainda. Eu não ouvi a sua... A sua decisão. BELLA!
NÃO FAÇA ISSO! BELLA! –Ele falava alto, mas eu não conseguia encontrar
a minha voz.

Eu estava me perdendo naquela doença. Apesar de ter dito que eu


queria me entregar, eu sabia que mentia para mim mesma. Eu não gostava de
ver Edward sofrer. Eu não queria morrer. Eu queria ficar com Edward para
sempre.

“Eu amo você. Eu quero ficar com você. Eu escolho você, Edward.
Você sempre foi minha primeira opção. Minha luz. Quando tudo se apagou,
você foi capaz de irradiar luz suficiente para me envolver, ao seu mundo e ao
meu mundo sombrio.” –Eu pensei desejando querer verbalizar o que dizia.
Como Edward me alertou! Ele me dizia para não esperar até ser tarde demais
para tomar minha decisão e eu, estúpida, esperei até não ter forças para falar.
Eu devia ter me odiado desde o inicio pelo que aconteceu. O desaparecimento
de Edward foi culpa minha, não dele.

Será que Edward tomaria meu silencio e imobilidade como uma


decisão? De que eu queria morrer? Uma tristeza me tomou. Eu não queria
isso. Eu queria...

“Eu lhe disse Bella, se você não decidir antes do fim, eu decidirei por
você.”.

Lembrei do que Edward havia dito repetidas vezes essa mesma frase.
Ele decidiria agora por mim? Eu esperava que sim, mas era algo incerto,
muito incerto.

A escuridão me puxou e me senti incapaz de encontrar o caminho de


volta.

Notas finais do capítulo


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(Cap. 22) Capitulo 21: E o tempo recomeça


Versão de Jacob Black

Havia se passado um mês desde que o mundo desabou em nossas


cabeças, na minha e na de meu pai. Bella doente, muito doente. Era doloroso
vê-la definhar quando eu tinha sentimentos para com ela. Ainda lembrava-me
como a encontrei. Estava desacordada, ensangüentada, nas proximidades da
antiga casa do Cullen. E o pior surgiu após eu levá-la ao hospital. Bella tinha
um tumor cerebral e os médicos nada poderiam fazer.

Eu estive bem próximo dela durante o mês em que estava internada,


falei com Bella apenas uma vez e então ela estava imersa em morfina, incapaz
de falar.

As noticias nunca eram boas, mas também não eram tão ruins. Bella
estava em um quadro estável e não saia do mesmo. Então eu estranhei quando,
após um mês de internação, o medico decidiu ligar para a oficina naquela
tarde de domingo.

Meu pai havia deixado nossos telefones para ele, o da oficina e o de


casa. Como tínhamos muito trabalho com os carros fomos no domingo para a
oficina. Quem atendeu o telefone foi meu pai, eu estava trocando o óleo de um
carro de segunda mão. Eu ouvi o telefone tocar, mas dei de ombros. Só mais
um cliente. Eu deveria imaginar, pela cara que meu pai fazia enquanto
conversava, que não era isso.

...

Corri frenético até o corredor que levava ao quarto de Bella, o quarto


que entrei uma única vez. Meu pai me seguia e tinha uma expressão terrível.
Quando ele recebeu a ligação do medico que pedia para irmos ao hospital, eu
não perguntei por mais detalhes. Tínhamos que ir para o hospital? Então
iríamos! Eu não queria saber por que ele estava com aquela cara terrível. A
mesma cara que vi quando minha mãe...

–Olá senhor Billy, jovem Jake. –O medico disse, estava sério. Aquilo
não era bom. Eu me antecipei em perguntar, estava explodindo de ansiedade.

–Doutor, como ela está? Ela piorou? Por isso nos ligou, não é? Ou ela
está melhor e foi transferida para um apartamento? –Perguntei frenético. O
medico lançou um olhar de duvida para meu pai. Provavelmente ele esperava
que meu pai dissesse o que ele disse na conversa ao telefone.

–Infelizmente o quadro de Isabella piorou. Ela entrou em coma e creio


que não voltará a ficar consciente. Devemos nos preparar para o pior. Isabella
deve ter apenas dias de vida, por mais que tentemos manter sua vida, não acho
que seja o suficiente.

Suas palavras foram como açoites em meu peito. Ao invés de chorar,


de desmaiar, eu fiquei apenas parado contemplando o caos de suas palavras.
Como era possível? Como uma garota tão jovem e bonita, simplesmente,
estava definhando? O chão saiu de meus pés enquanto eu processava a
situação. Implorava internamente por palavras positivas que eu sabia que não
viriam.

E elas não vieram.

...

Era surreal. Eu a vi em um dia sorrindo, com seus segredos refletidos


nos orbes castanhos, mas agora...

Lívida, fria, branca, trajava um vestido que meu pai comprou para ela.
Seus pertences, todos, deixados para nós. Isso não importava. Era estranho,
tão estranho! E eu sabia que só iria chorar após o enterro, quando tudo
realmente estivesse terminado.

Bella estava morta e agora seu corpo imóvel estava dentro de um


caixão diante de mim. Muitos amigos vieram: amigos de Forks e amigos de
sua antiga cidade. Todos choravam sua morte. Eu não vi realmente ninguém
lá, incapaz de desviar meus olhos dela até que por fim alguém fechasse o
caixão.

Branco.

Aquele branco realmente conseguiu chamar a atenção. Ninguém


pareceu notá-lo, mas eu notei. Ele veio, caminhava lentamente, uma rosa
branca nas mãos brancas. Passou incólume por todos que se espremiam em
nossa pequena sala para acompanhar o velório de Bella. Eu o conhecia de
vista, era Edward Cullen, o visinho misterioso que quase nunca saia de sua
mansão e que, após vivendo um tempo por aqui, simplesmente desapareceu.
Ninguém fez caso disso, ele era como um fantasma para nossa comunidade.
Subitamente me lembrei que, quando encontrei Bella desacordada, foi diante
de sua casa. Jamais entendi por que Bella rumou para lá e agora que ela estava
morta eu jamais entenderia. Eu poderia perguntar a ele, claro, mas quando
pensei nessa possibilidade Edward já não estava mais lá. Nas mãos brancas de
Bella repousava a rosa branca trazida por ele.

Versão de Isabella Swan


Meu corpo flutuava, a dor havia cedido quase que completamente. Eu
sabia que ainda estava presa ao mundo terreno, mas que logo iria me
desprender e por fim deixar minha vida como Isabella Swan. Havia algo que
me prendia a Terra, eu sabia, mas o que poderia ser?

Edward Cullen.

Este nome ardia em meus pensamentos. Era estranho. Como pude me


ligar tanto a uma simples pessoa? Talvez por que ele não era exatamente uma
pessoa. Não importa. Não importa se Edward era um vampiro, ele sempre
seria para mim apenas o Edward. Ele que me ensinou o que é estar amando,
ele que me deu forças para continuar vivendo, forças e alternativas. Era bem
verdade que me abandonou, mas parando para pensar nas razões apresentadas,
ele não foi o culpado de tudo. Apenas um mal entendido... Que iria custar
minha vida. Eu não queria deixá-lo. Edward sempre esteve só e eu fui a única
a me aproximar, a não temer sua natureza, a me entregar a ele. Eu queria, eu
precisava viver e ficar com ele deixando de lado as mágoas, tudo! Então
entendi que era Edward que me prendia tanto a minha vida como a humana
frágil e doente. Mas eu não tinha mais forças, meu tempo tinha terminado.

Eu fui arrastada contra a vontade par a escuridão, agradecida por ao


menos tê-lo conhecido.

...

Dor.

Uma dor no pescoço e pulsos. Uma dor nauseante, como se aqueles


pontos estivessem sendo queimados. A princípio foi algo suportável, mas a
intensidade era crescente. O que estava acontecendo? Eu estava sendo
queimada viva? O fogo tomava conta de meu corpo mais e mais e eu me vi
incapaz de me mexer, gritar, mostrar que eu estava viva. O que estava
acontecendo? Eu estava sendo cremada e não notaram que ainda vivia?

Eu queria morrer! Queria morrer! Por que eu não morria? Quanto da


minha carne queimaria? Quanto eu iria sofrer para morrer por fim? Nada valia
essa dor, nada!

Eu não sei por quanto tempo eu estive queimando, mas pouco a pouco
eu fui percebendo o ambiente ao meu redor, já podia mexer meu corpo, mas
não o mexi. Vozes vinham vez ou outra, lamentando algo.

“Pobre jovem, tão nova!”.

“Ela me parecia muito saudável.”.


“Não fica assim Jake. Isso vai passar.”.

E mais vozes, mais sons, eu pude ouvir num turbilhão angustiante de


sensações. Como estar de olhos fechados, mas não precisar abri-los para saber
o que se passava. Eu sabia pela minha audição apurada.

As dores foram deixando lentamente meu corpo após o consumirem.


Meus pecados foram pagos nessa tortura. E eu sabia que tão logo iria me
libertar. Ainda sem saber ao certo o que houve, mas agradecida pelo simples
fato de não sentir mais dor, eu abri meus olhos, olhos novos, mais capazes, e
me deparei com o que devia ser escuridão. Eu podia ver e cheirar tudo, eram
tantas coisas que percebia que era difícil catalogar. Mas o mais importante
era... Eu estava dentro de um caixão e pelos cheiros que percebia, eu havia
sido enterrada.

Eu devia estar desesperada, mas naquele momento eu só me


perguntava: como? Como posso estar viva? Eu deveria ter morrido. Eu fui
queimada, eu senti. Então a agonia me tomou e eu comecei a socar o caixão
sabendo que isso poderia apenas apressar minha morte, fazer esforço e
consumir todo o meu oxigênio.

Eu não estava sentindo necessidade de respirar.

Era estranho, eu sei, mas percebi. Desde que despertei eu não senti
necessidade de puxar ar para meus pulmões. Eu poderia ficar parada e refletir
sobre as coisas estranhas que eu podia sentir, mas eu me senti ansiosa para
sair daquela prisão de madeira. Soquei uma única vez e vi com assombro o
grande rombo que se formou. A terra invadiu o espaço e com rapidez
monstruosa eu me desvencilhei de minha prisão.

Eu estava tão mais forte, tão mais veloz e minha sepultura nada
significou a não ser um aborrecimento de que logo me livrei. E então eu
estava livre, a brisa gelada não me incomodou nenhum pouco. Trajava um
vestido antes branco, os pés descalços. Uma dor me golpeou a garganta e me
vi sedenta de imediato. Olhei então para o que antes era meu tumulo, de fato
eu havia sido sepultada viva, mas como? Como ninguém notou que eu ainda
estava viva?

–Bella...

O som veio atrás de mim e virei-me tão rapidamente que me assustei


com o meu próprio movimento. Ele estava lá, de pé, trajava branco, um terno
branco, como um anjo. E então rapidamente eu entendi tudo. Edward havia
decidido por nós, agora eu sabia por que tudo parecia estranho. Eu não era a
mesma. Isabella Marie Swan havia morrido de fato. Eu era uma Nova criatura
renascida pelas mãos daquele homem apenas para estar ao seu lado. Minhas
conclusões me encheram se satisfação.

Ele se aproximou a passos humanos enquanto eu o olhava, bestificada.


Com meus novos olhos eu pude verdadeiramente vê-lo, um arcanjo que vivia
entre mortais. A voz era ainda mais bela e seu cheiro era viciante. Ele era um
Edward todo novo, melhor do que o anterior, e existia só para mim.

Edward ficou a apenas um metro de mim, um sorriso lindo na face


como um servo reverenciando seu amado Deus.

–Enfim... Foi uma espera longa. Agora será eternamente minha. –Falou
com firmeza e quando dei por mim eu estava em seus braços sendo abraçada
fortemente, mas seu abraço não me incomodou. Eu enterrei meu rosto em seu
pescoço enquanto minhas mãos envolviam a cintura masculina e sorri.

Finalmente toda a dor havia acabado. A corrente que prendia apenas ao


sofrimento, minha corrente e a dele, havia sido rompida por ambos.

Pela primeira vez tive esperanças de que as coisas só iriam melhorar.

(Cap. 23) Epílogo


Quando você é imortal, o tempo passa e você não percebe. Dias
poderiam se equivaler a segundos, meses poderiam se equivaler a horas, anos
poderiam se equivaler a fim de semana na casa de sua avó.

Eu não senti o tempo passar, não quanto tinha alguém como Edward
em minha vida, ou melhor, em minha não-vida. Ele preenchia todos os meus
dias com seu amor, seu companheirismo, seu corpo... E não sobrava tempo
para sentimentos ruins, como o da perda, por exemplo.

Depositei a rosa vermelha em minhas mãos no tumulo daquele que fora


meu amigo e pai por um curto tempo. Havia se passado quatro anos desde o
meu suposto falecimento e um ano desde o falecimento de Billy Black.

–Sentirei sua falta, meu amigo. –Murmurei voltando a ficar de pé. Só


havia duas pessoas no pequeno cemitério de Forks: eu e meu marido, Edward.
Ao fita-lo ele me lançou um sorriso tristonho.

–Sinto muito. –Disse em detrimento da morte de Billy. Eu sorri.


–Eu estou bem. Certamente Billy está bem aonde quer que esteja.
Conversando com meus pais, jogando bilhar com Charlie... Essas coisas.

–Jogar bilhar no céu? Essa é nova para mim. –Edward disse entre risos.
Aproximou-se e me puxou para colar seus lábios aos meus. Apesar de estar ao
seu lado, agora como sua esposa, há três anos, meu corpo sempre reagia como
se aquela fosse a primeira vez que ele me tocasse. Uma sensação de êxtase.

–Devemos ir agora. –Ele falou segurando minha mão. Eu me deixei


levar dando uma ultima olhada para o tumulo.

Seria sempre assim. Eu veria algum ente querido morrer, eu iria ao seu
sepultamento, mas não sentiria dor. Não existe dor quando você está ao lado
de sua alma gêmea, quando ela lhe diz palavras doces antes que a dor chegue,
sufocando-as.

As novas correntes que me envolviam com Edward eram especiais,


eram correntes do puro amor e contentamento das quais eu nunca iria me
libertar. Eu sorri para isso.

As pegadas no chão representavam bem o que acontecia. Eu havia


deixado Isabella Swan morta no falso tumulo e agora eu seguia para ser
Isabella Cullen e nada mais.

FIM

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