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Sinopse
Bella têm sua vida tragicamente mudada após a morte repentina dos pais. Sem
desejo algum de viver, ela acaba conhecendo um estranho morador nas
proximidades de sua nova casa, Edward Cullen. Juntos descobrirão que o
amor é capaz de tudo, inclusive de fechar feridas e dar motivos para que
ambora vivam. Mas há um ssegredo que compromete o casal, Edward é um
vampiro.
Notas da história
*Personagens de Stephenie Meyer. Outros personagens serão de Jacqueline
Sampaio.
Índice
(Cap. 1) Prólogo
(Cap. 2) Capítulo 1: Som
(Cap. 3) Capítulo 2: O estranho
(Cap. 4) Capítulo 3: Monstro
(Cap. 5) Capítulo 4: Chamado
(Cap. 6) Capítulo 5: Sangue
(Cap. 7) Capítulo 6: O outro
(Cap. 8) Capítulo 7: Vigília
(Cap. 9) Capítulo 8: Lembranças
(Cap. 10) Capítulo 9: Beijo
(Cap. 11) Capítulo 10: Resolução
(Cap. 12) Capítulo 11: Viagem
(Cap. 13) Capítulo 12: Pesadelo
(Cap. 14) Capítulo 13: Garantia de vida
(Cap. 15) Capítulo 14: Atados
(Cap. 16) Capítulo 15: Interrupção
(Cap. 17) Capítulo 16: Juntos
(Cap. 18) Capítulo 17: Hora errada
(Cap. 19) Capítulo 18: Não há nada
(Cap. 20) Capitulo 19: Game over
(Cap. 21) Capitulo 20: Infligir dor
(Cap. 22) Capitulo 21: E o tempo recomeça
(Cap. 23) Epílogo
(Cap. 1) Prólogo
–É por isso que odeio hospitais públicos! Por que, ao invés de
pegarmos os exames de Bella no hospital de nossa cidade, temos que ir para o
hospital da cidade vizinha? –Minha mãe bufava de raiva no banco do carona.
Meu pai, a fim de evitar mais falatório por parte dela, ligou o som do carro.
Eu, meu pai, Charlie, e minha mãe, Renée, estavam indo para Camp
Pendleton North, a vinte e dois quilômetros de nossa cidade, São Marcos.
Eu sempre achei que aquele acidente de carro seria o fim de tudo, o fim
de Isabella Marie Swan e não um recomeço.
–Vamos guria. –Ele falou pegando minhas malas, as poucas coisas que
trouxe na verdade, e as carregando para sua picape, um Chevy 53, o mesmo
da época quando eu e meus pais morávamos próximos de sua casa.
Billy era filho de criação de minha avó, mãe de meu pai. Eu sempre o
vi como meu tio, embora na prática não seja. Eu era bem próxima dele e de
seus três filhos, Jacob, Rachel e Rebecca. Até que meus pais resolveram se
mudar da pequena cidade de Forks para São Marcos no estado da Califórnia.
A viagem que seria para mudar nossas vidas, meu pai assumindo um posto
maior em sua função de xerife e minha mãe como professora de uma escola
conceituada. Não foi o que aconteceu. A viagem a São Marcos foi à sentença
de morte para meus pais, queria que tivesse sido para mim, mas eu sobrevivi,
infelizmente.
Durante a viagem nada falamos. Agradeci por isso. Billy ajudou-me
novamente com as malas quando chegamos em sua casa.
–Jacob ficou em casa para deixar tudo arrumado para você. –Billy disse
e rapidamente olhou para avaliar minha reação.
–Que bom por que o Jake é novo demais para tirar a carteira e temos
um carro a mais em casa. Você poderá dirigi-lo assim vocês dois não
precisarão caminhar para a escola.
O restante do caminho foi silencioso. Eu sabia que eu teria que ser uma
boa atriz e fingir estar sempre bem, não queria preocupar Billy e os demais. O
problema era que até mesmo atuar o tempo todo, fingindo estar bem, cansa,
mas me servia de consolo que isso não iria durar. O meu sofrimento pela
perda de meus pais, por estar só não iria durar.
...
–Claro. Alguma preferência sobre o que quer comer Bells? Hoje é você
que manda! –Jacob disse.
...
O jantar foi um evento alegre, alegre para Billy e Jacob. Jake contou-
me tudo o que perdi desde que sai com meus pais para San Marcos, eu fingi
ouvir atentamente. Eu era uma boa atriz, aprendi durante o tempo após o
acidente em que fiquei internada no hospital recebendo mimos de
desconhecidos, amigos de meus pais e os funcionários do hospital. Após o
jantar Jacob quis conversar um pouco mais, saber sobre mim, mas eu aleguei
cansaço e me retirei para o quarto. Minhas coisas ainda estavam nas malas,
como eu ainda estava nas férias de verão eu tinha muito tempo para fazer isso.
Esse era o outro problema, como eu estava de férias de verão não teria a
desculpa da escola para fugir das gentilezas de Billy e Jacob, teria que pensar
em uma forma de me manter muito ocupada.
...
–Hmmm...
Sentia uma dor crescente na testa, mas não senti a terra ou a grama
abaixo de mim como deveria ser. Eu estava deitada em algo macio,
incrivelmente perfumado. Eu abri meus olhos não enxergando muito
nitidamente o ambiente que me cercava, estava escuro. Sentei-me no que
julguei ser a cama, uma luz de um abajur foi acessa e pude ver uma silhueta
sentada em uma poltrona vermelha. O desconhecido olhou-me, seus olhos
pareciam brilhar no quarto pouco iluminado. Eu fiquei olhando para aquela
rapaz. Eu sei que eu deveria me preocupar por estar só com um homem ou
perguntar como vim para ali, mas... Mas eu não pude. Por que diante de mim
estava o rapaz mais belo que eu já havia visto em toda a minha vida.
–Edward Cullen.
(Cap. 3) Capítulo 2: O estranho
–Está bem. Tenha mais cuidado quando for sair por ai para exploração.
Não é muito bem visto uma donzela sair por ai e se infiltrar em uma floresta. –
Edward disse. Seu sotaque e algumas expressões utilizadas me fizeram sentir
como se estivesse em um século anterior. –É melhor regressar a sua casa.
Certamente mora aqui nas proximidades, não é?
–Sim, por enquanto. –Fiz questão de arrumar a cama que até poucos
instantes estava deitada e passei a caminhar para a porta. Edward guiou-me,
nenhuma palavra foi trocada enquanto íamos para a saída. Eu estava tão
envergonhada pelo que fiz que apenas mantive meus olhos no piso. Eu pensei
que Edward apenas me guiaria até a frente de sua mansão, mas para a minha
surpresa ele saiu junto a mim.
–Esta deve ser sua moradia. –Edward falou e virou-se para me ver,
notei então qual a cor de seus olhos, eram de um estranho ocre, olhos tão
belos e intensos! –Tome cuidado quando andar por ai.
–Não foi incomodo. –Ele passou a caminhar para sua casa, mas eu não
consegui fazer o mesmo. Eu fiquei parada olhando-o. Para a minha surpresa
Edward parou.
–Clair de Lune... Era a musica que eu tocava ao piano, que a atraiu até
mim.
...
–Bom dia. –Disse para Jacob que estava na cozinha. Ele virou-se e
sorriu alegremente, eu sorri apenas para ser simpática.
–Bom dia. Sente-se Bells. –Ele me ofereceu uma cadeira alta de frente
para a bancada da cozinha, eu sentei. –Estou fazendo ovos com bacon, você
quer?
–Acho que vou querer algo mais nutritivo. –Falei. Jacob sorriu.
–Imagine Bells! Deixe disso! Sempre que quiser algo apenas pegue,
essa casa é sua. –Jacob falou de forma amistosa, eu apenas sorri. Eu jamais
veria aquela casa como minha. –A propósito como foi a sua primeira noite
aqui?
–Foi boa. –Eu disse e meus pensamentos foram para Edward. Ele era o
fato que fez minha noite ser boa. Aquilo me deixou confusa, eu não deveria
estar feliz só porque conheci um cara que gentilmente me ajudou. Servi-me de
cereal, não estava com fome, mas comi para não deixar ninguém preocupado
com meus hábitos.
–Tenho sim Jake, mas confesso que não tenho planos. Estou pensando
em, sei lá, ficar por aqui ajudando na limpeza da casa e estudando.
–Eu agradeço a sugestão Jake, mas quero aproveitar esse tempo para
ficar quietinha.
–Sim. Ela está diferente, está maior. Cresceu bastante. Você precisa ir
lá ver.
–Bom eu vou sair para dar uma ajuda para o velho, se quiser ir lá sabe
como chegar, não é?
–Eu faço questão e nem vem que não tem! –Jake riu com minhas
palavras.
–Tudo bem Bells. Faça como quiser. Mais tarde, se você quiser, eu
posso mostrar alguns lugares para você. Não será um passeio, apenas
reconhecimento de território. Mostrarei onde fica a escola, o melhor
restaurante daqui, o supermercado, a biblioteca...
–Tem.
Jacob saiu e me senti melhor por estar só, sem precisar fingir a alegria
e empolgação que não tinha. Mesmo sabendo que Billy e Jacob não iriam
aprovar, eu cuidei da casa limpando-a e arrumando-a. Queria fazer qualquer
coisa que mantivesse minha mente ocupada, para não pensar em nada ligado a
meu passado, meus pais, minha casa... Eu queria ter a mente vazia para não
pensar nas coisas que faziam meu peito doer. Enquanto preparava o almoço,
sabendo que logo Jacob e Billy estariam ali para comer, eu senti uma forte
pontada na cabeça. Precisei me afastar do fogão e sentar em uma das cadeiras
da pequena mesa da cozinha. Aquela dor era conhecida por mim, eu já a sentia
há algum tempo. Mas aprendi algo após a morte de meus pais, a ignorar a
saúde e sempre fingir que tudo está bem.
Eu não sei até quando ignoraria aquilo. Passei a mão pelo nariz e com
horror vi gotas de sangue sair de minhas narinas e cair na costa de minha mão
direita. Nada fiz. Apenas retirei o sangue de minha mão tomando o cuidado de
não deixar nenhum vestígio, e segui com meus afazeres.
...
–Poxa Bells, com essa chuva eu acho que teremos de deixar nosso
passeio para depois. –Jake falou pesaroso enquanto se servia pela segunda vez
da refeição que fiz.
–Tudo bem Jake. Fica para depois. –Eu disse. –Bom eu já comi antes
de vocês então eu vou para o quarto, tem algumas coisas que preciso
organizar.
–Ok Bella. Fique a vontade. –Billy disse. Eu segui para meu quarto.
–O-o que? Que-quem é... –Ele ligou uma lanterna que estava em sua
mão focando no rosto.
–Parece que meu plano de conduzi-la a minha casa deu certo, fico grato
por isso. –Então ele tocou a música para que eu viesse até ele? Minha voz
morreu. –Siga-me. –Ele falou caminhando para sua casa. Eu me vi incapaz de
recusar. Prontamente o segui sem me importar se minha atitude era certa ou
errada, apenas queria ir junto a ele.
–Não é nada. Acho melhor eu ir. Obrigada pelo convite de vir aqui
ouvi-lo tocar. Você toca muito bem. –Sorri. Levantei-me tentando manter-me
de pé. Edward ainda me olhava com curiosidade. –Eu preciso ir. –Anunciei
caminhando para a porta. Percebi que Edward andava ao meu lado.
–Tenho dezessete. Preciso ser idoso para gostar de uma cidade tão
pacifica como esta?
–Bom, os jovens que estão aqui em geral não gostam daqui por ser
pequena demais.
–Devo interpretar isso como uma confissão. Certamente você não gosta
de Forks, não é verdade, Bella? –Seus olhos arderam nos meus, estranhamente
adorei o modo como meu nome saiu de seus lábios.
–Não gosto muito daqui. Acho que isso ficou bem claro. Prefiro
cidades maiores.
–Então por que está aqui em Forks? –Eu tive vontade de contar. Sério,
tive vontade de me abrir com aquele desconhecido, à dor alucinante me
atingiu mais uma vez, eu senti que iria escorrer sangue pela minha narina.
Coloquei a mão sobre a mesma enquanto caminhava pela escuridão.
–Olha Edward, eu posso ir sozinha para casa. –Eu falei, mas quando
olhei para o lado, Edward não estava mais lá. Eu o procurei. Procurei. Nada.
Edward simplesmente evaporou. Eu achei aquilo estranho, ele não tinha dito
que iria me acompanhar? Como ele conseguiu sumir sem que eu notasse?
Mesmo com tantas dúvidas eu agradeci por ele ter sumido e segui desejando
ao menos chegar consciente em casa.
...
...
–Está decidido! Amanhã vamos sair. Não pode passar o dia inteiro aqui
Bells. –Jacob disse enquanto lavávamos a louça do jantar. Billy assistia um
jogo de basquete na televisão da sala.
–Tudo bem. –Concordei apenas por que eu sabia que meu
comportamento anti-social estava chamando atenção para mim e isso era algo
que eu não queria. –Aonde vamos?
–Vou levá-la por ai sem rumo. Tenho certeza de que vai curtir.
Também quero apresentá-la aos meus amigos. Eles estão curiosos para vê-la.
–Jacob falou empolgadamente.
O lobo fora agarrado pelo pescoço e agora parecia estar sem ar devido
à força ferrenha que Edward empregava em seu pescoço e... EDWARD?
EDWARD! Eu olhei mais atentamente e não tive duvidas, era Edward que
havia aparecido sabe-se lá de onde e tinha detido o ataque do lobo segurando
pelo pescoço. Eu achei que estava tudo acabado, subitamente Edward
aproximou o lodo de sua boca e, para minha maior surpresa, ele o mordeu
naquele local. O lobo movia-se desesperado enquanto o sangue de sua jugular
escorria até pingar no chão. Cai no chão de joelhos olhando a cena macabra
diante de mim. Realmente Edward estava se alimentando do animal,
alimentando-se com o seu sangue como se fosse um...
–Hei Bells, acorda! Nós vamos sair hoje, lembra-se? –Jacob disse.
Droga! Havia prometido a ele que sairíamos juntos!
...
–Hei pessoal, aqui está a Bella! –Jake disse colocando seu braço por
cima do meu ombro e me exibindo para seus amigos. Eu me senti um bicho de
estimação. Diante de mim estavam um grupo de adolescentes muito parecidos
com o Jacob, deviam ser descendentes de índios como Jacob e Billy eram.
–Nossa, cara ela é uma gata! –Um dos rapazes falou avaliando-me dos
pés a cabeça. Senti-me desconfortável. Até por que não estava me sentindo
gata com a calça jeans um pouco surrada que usava junto com meus tênis de
guerra branco e uma camisa branca simples por baixo do meu casaco.
–Hei Quil tira o olho dela! –Jake disse divertido ao rapaz que havia
feito tal comentário. –Bella essa é a minha gangue: San, Quil, Embry, Paul e
Seth. –Ele apontou para cada um dos rapazes. Eu sorri para todos eles.
–Melhor nós irmos logo Jacob. Vamos aproveitar que a praia ainda está
seca. –O rapaz aparentemente mais velho de nome San falou levantando-se.
Os outros que estavam próximos a ele encostados-se à parede de uma
lanchonete fizeram o mesmo. Em pouco tempo estávamos todos dentro de um
furgão preto pertencente a San, seguíamos pela auto-estrada para La Push,
único divertimento da pequena cidade de Forks, uma praia bela, quase deserta,
que ficava próximo a casa de Billy. Eu havia ido aquela praia algumas vezes
quando era criança e vivia em Forks com meus pais, eu adorava aquele lugar.
Fiquei surpresa quando cheguei lá e, mesmo diante de toda aquela beleza
paradisíaca, eu não me senti bem, feliz. Será que era por que havia perdido
meus pais? Era provável. Os rapazes estavam esfuziantes. Vi que haviam
trazido pranchas de surf e trocavam suas roupas por macacões típicos de
surfistas. Eu me afastei do grupo e sentei-me no galho seco e já esbranquiçado
de uma árvore.
–O dia está bonito, não é? Algo raro aqui em Forks. –Era Jake. Sentou-
se ao meu lado.
–Bells, quer caminhar? Deve ser um saco ficar muito tempo parada.
Agente pode caminhar pela praia. –Jake sugeriu. Sinceramente ficar parada
para mim era melhor, até por que eu estava com os músculos doloridos pela
corrida frenética que tive no bosque.
–Ah, isso é por que ela é nova, tem uns dois anos.
–Não sei bem, o cara malmente sai. Acho que o sobrenome dele é
Collen, Cuten... Algo assim. Nem sei o primeiro nome dele.
–Por que ele não sai?
–Não sei Bells. As poucas vezes em que alguém o viu foi ao anoitecer.
O cara é estranho. Vamos continuar nosso passeio. –Jake pegou em minha
mão. Eu não repeli seu contato, mas também eu não fiquei a vontade. Eu
nunca gostei muito de contato físico com outras pessoas, nem mesmo com os
meus pais. Muitas pessoas acharam que isso era frescura minha, algumas até
cogitaram a possibilidade de eu ser altista, vai entender! Continuamos a nossa
caminhada pela praia, meus olhos aos poucos deixaram a grande casa e se
fixaram sem vontade alguma para frente. Estranho dizer, mas a todo o
momento, desde que me aproximei do casarão, eu me senti sendo vigiada.
...
–Quer dizer que você conseguiu a proeza de levar Bella para passear?
Fico feliz com isso! –Billy disse enquanto se servia do jantar, eu comia quieta,
sentado na mesma com ele e Jacob. Às vezes dava sorrisos esporádicos. Eu
odiava aquela sensação de peixe fora da água que me acompanhava não
importasse aonde eu fosse. E eu sabia que aquilo nunca passaria. Refletindo
sobre minha conclusão tive de admitir que houve sim um lugar onde me senti
a vontade: a casa de Edward. Mesmo ele sendo um desconhecido, mesmo
aquela casa sendo desconhecida, ainda sim eu me senti bem lá, ouvindo-o
tocar naquele piano de calda.
...
–Hei Jake, pode pedir para pararmos? Quero ver um livro. –Eu falei.
Jake, que estava sentado ao meu lado no furgão de San, falou:
Eu sabia que minha idéia de ir a uma livraria não fora muito bem
aceita, mas ninguém reclamou e San estacionou. Eu desci com Jacob em meu
encalço.
–Eu não vou demorar Jake. Prometo. Fique ai com os seus amigos. –
Jake queria me acompanhar, eu podia ver isso em seus olhos. Mas ele aceitou
numa boa meu pedido.
–Tudo bem. Agente espera o tempo que for. Sem pressa. –Ele disse
piscando para mim. Eu sorri e fui até a livraria.
Decepção.
Aquela livraria quase não tinha bons livros ara vender, a maioria era
exotérica. Eu sabia que era perda de tempo tentar encontrar algum clássico.
Enquanto olhava as prateleiras algo me chamou atenção: um livro.
...
Última parada: praia de La Push. Era fim de tarde e as ondas estavam
magníficas. Desta vez Jake decidiu surfar com seus amigos. Eu me empoleirei
no tronco de uma árvore e retirei o livro do plástico. Comecei a ler. Era algo
bem simples, um livro mostrando os diferentes tipos de vampiros pelo mundo.
Antes eu acharia um livro deste ridículo, mas, após ver com meus próprios
olhos um deles, era como se tudo aquilo no livro fosse real. Existiam
vampiros dos mais diversos tipos com os mais diferentes poderes. Alguns
belos como anjos (certamente Edward se encaixava nesse perfil) e outros
horripilantes como monstros. Muitos dos vampiros citados lembraram-me
Edward: rápidos, velozes, caninos grandes e até mesmo a sua pele fria
(constatei a frieza certa vez quando nos tocamos).
Mais cinco minutos de leitura foi o suficiente para achar aquele livro
uma grande babaquice. Levantei-me e passei a caminhar, sem me preocupar
em avisar aos outros que daria um rápido passeio, o livro em minhas mãos. Eu
não sabia se o que estava acontecendo envolvendo Edward era bom ou ruim.
Talvez fosse bom, assim eu não pensaria tanto na morte de meus pais ou no
meu futuro. Por outro era ruim, eu julgar Edward a coisa mais interessante
daqui e persegui-lo ao invés de correr. Eu não sabia ao certo o que ele era,
mas estava na cara que se eu quisesse continuar a viver... Interrompi meus
pensamentos. Queria mesmo prolongar minha vida dessa forma? Não era eu
que estava ansiando pelo meu fim? E eu havia encontrado uma boa forma de
ter meu fim rapidamente, uma forma bela e sedutora que poderia, quem sabe,
fazer aquele grande favor para mim.
“Será que eu devia... Não sei. Não importa, ele me salvou naquele dia.
Deveria ter agradecido.” –Caminhei até o portão e fiz menção de abri-lo, mas
isso não ocorreu de imediato. Ainda me permiti ficar prostrada em frente ao
portão e decidir o melhor. Após instantes de reflexão, abri o portão que estava
destrancado e penetrei na mansão.
Eu não sabia muito bem o que faria, se bateria sua porta e agradeceria
ou se covardemente sairia sem ser percebida. Enquanto caminhava, meus
olhos fixos nas janelas na tentativa de vê-lo, eu acabei por tomar uma decisão
nada edificante. Segui direto para os fundos onde poderia sair da propriedade
e chegar à casa de Billy.
Desta vez eu não iria me perder, o Sol ainda reluzia fraco por entre a
copa das árvores. A trilha estava nítida. Caminhei despreocupada pelo local
demorando mais do que o necessário. Eu não queria encontrar com ninguém
na casa, talvez Billy estivesse lá. Eu provavelmente acabaria parando e
sentando em uma pedra esperando mais alguns minutos se eu não tivesse
ouvido um ruído familiar. Um uivo. Meu coração saltitou. Lembranças do dia
em que quase fui morta por lobos vieram.
“Merda! Devo ter algum feromônio estranho que está atraindo lobos
pra mim!” –Pensei em meio ao pânico enquanto praticamente corria pela
trilha. Como poderia existir alguém mais azarada do que eu? Vi um vulto
passar ao meu lado e passei então a correr desenfreada. Uma rápida olhada e
tive a certeza que eram lobos. Eu sabia que não conseguiria correr muito, já
sentia a exaustão me atingir. Claro que eu não fazia muita questão de viver,
mas ser comida por lobos não era algo que estava na gama de minhas
escolhas. Eu tive uma idéia insana e sabia que era minha única alternativa.
Peguei do bolso minhas chaves de casa e usando a chave com ponta mais
afiada produzi um corte na palma da mão direita. Já podia ver a casa a minha
frente, mas tropecei antes de chegar ao local. Eu olhei aterrorizada para os
lobos a minha frente e fechei os olhos quando os vi vir em minha direção.
Um uivo.
Grunhidos.
–Pois é. Obrigada por ter me deixado fazer isso aqui. Eu não queria dar
explicações ao Billy e aos demais. E... Desculpe pelo incomodo. –Falei
fitando o chão. Edward virou-se, nesse momento a primeira coisa que notei é
que meu livro “Vampiros de A a Z” estava em suas mãos. Edward caminhou
até o sofá de couro marrom, largo, baixo, sentou-se. Ele tinha um meio sorriso
sarcástico nos lábios enquanto folheava o livro.
–Não, eu não sei. Por isso estou perguntando para você, Isabella. Por
que se cortou ao invés de correr?
–Por que não tentou pegar um galho de uma árvore para se defender?
–Então por isso se cortou. Sabia que eu iria ao seu encontro após sentir
o seu sangue escorrer. Muito inteligente, mas... Eu poderia ter, naquele
momento, passado de protetor a predador. O que você faria se isso
acontecesse? –Eu quase poderia sentir a frieza de sua pele tão próxima a
minha, os lábios quase tocando minha nuca.
–Eu lhe diria “Obrigada” antes do fim. –Sinceridade. Foi assim que agi.
Edward afastou-se, tenho certeza que eu o confundira com minha resposta.
–Família? Bom eu acho que mortos não tem preocupações então tudo
bem se eu ficar um tempo desaparecida. –Me aproximei do sofá pegando meu
livro. Caminhei para a porta. Num átimo Edward estava em frente à porta, me
assustei com seu rápido movimento.
–Vou ir embora. Só por que não quero ir para a casa do Billy agora não
significa que ficarei aqui quando claramente não sou bem vinda. –Falei azeda,
indo para a porta. Coloquei a mão na maçaneta, mas Edward segurou minha
mão impedindo-me de abrir a porta e sair.
–Não foi o que pareceu com suas palavras, Edward. –Falei entredentes.
Edward deu um sorriso soturno.
Um pedido a Edward.
Eu sabia que, como o poderoso predador que aparentava ser, seria algo
fácil. Pouparia-me meses de sofrimento com minha enfermidade.
...
Eu realmente queria tanto assim a morte? Então por que não deixei
aqueles lobos me estraçalharem? Eu era uma incógnita para mim mesma. Ou
talvez fosse apenas uma covarde que queria a morte, mas tinha medo quando a
mesma batia minha porta. Ou talvez eu só quisesse vê-lo, um rosto querido e...
–Espero não estar incomodando. Apenas pensei que, já que você tem
liberdade para me visitar, eu poderia fazer o mesmo. –Ele falou tão baixo que
quase não ouvi suas palavras, quase. Sentei-me na cama vagarosamente
cruzando as pernas e o olhando o tempo todo, como se temesse ser atacada ou
algo assim enquanto estava distraída. Eu o observei durante alguns minutos
sem nada a dizer. Por fim me manifestei.
–Leu o livro que comprou? Sabia que não pode convidar um vampiro
para entrar em sua casa, caso o contrário ele será imune a qualquer arma.
–Não considere isso uma pergunta rude, ou insatisfação por estar aqui,
mas... Por que veio? –Eu me inclinei mais para ele. Edward inclinou-se como
se estivesse espelhando meus movimentos.
–Você não sabia? O ser humano é um ser social que precisa estar com
os seus para manter a sanidade. Eu não posso me isolar afinal, precisava ter
alguém para conversar e você é a única disponível.
–Por que não tem medo de mim? –Edward falou com tanta intensidade
que estremeci. Medo dele? Eu? Bom, era uma boa pergunta. Eu deveria temê-
lo, no entanto...
–Claro que acreditaria. Eu também não sei por que não quero devorá-
la, embora seu sangue me dê água na boca. –Ele falou aproximando-se de
mim, engatinhando pela cama até estarmos tão próximos que meu corpo
reagiu em ressonância com o dele. Eu senti meu corpo inteiro tremer, minha
respiração ficar ofegante como a dele. O que iria acontecer? Ele me beijaria?
Eu deixaria ele me beijar? O que eu deveria fazer? Eu não fiz nada, nem ele.
Edward afastou-se rapidamente, olhava-me tenso e então desapareceu pela
janela. Eu fiquei chocada com sua atitude. Havia eu feito algo de errado? Eu
percebi um pouco tarde o porquê de sua rápida escapada. Passei a mão em
meu nariz e vi a mancha de sangue na palma, um sangramento nasal. A dor
atingiu-me com força, a boa e velha dor aguda na cabeça. Levantei-me
cambaleante para o meu banheiro e, após ligar a luz, olhei horrorizada para
meu rosto. Eu estava sangrando, sangrando muito. Tentei conter o
sangramento lavando meu rosto na pia, mas mesmo lavando o sangue descia
pelas narinas. A dor novamente me golpeou e eu caí no piso do banheiro. Eu
não poderia desmaiar ali naquele lugar, não sem antes estacar o sangue e ir
para a cama. Eu não queria que Billy ou Jacob me encontrassem naquele
estado e me obrigassem a ir até um hospital. Eu não queria nada disso, mas
quem disse que tudo ocorre como nós queremos? Tudo ficou escuro e a última
coisa que me lembro de ter sentido foi algo frio tocar meu rosto.
(Cap. 7) Capítulo 6: O outro
–Bells, ta acordada? –Era Jacob. Eu iria responder, mas outra voz soou
do outro lado da porta.
–Deixe-a dormir Jake. Bella deve estar cansada pelo passeio de ontem.
–Era Billy.
–Mas eu queria chamá-la parar sair hoje de novo com o pessoal. Hoje
vamos ao cinema. -Jacob respondeu ao pai.
–Outro dia. Deixe-a descansar. Deixe o cinema para outro dia. –Os dois
se afastaram, pude notar pelos seus passos e vozes soando longe. Eu me
espreguicei gostosamente e então as lembranças da noite anterior me
assaltaram. Por que eu estava na cama e não no meu banheiro? Por que meu
rosto e pijama estavam limpos e não sujos de sangue? Teria eu imaginado
tudo o que aconteceu? Bastou olhar para a cesta de roupa suja e ver lá o
pijama que usei noite passada, sujo de sangue. Não, tudo havia sido real. Eu
só consegui pensar em uma pessoa que me ajudou: Edward. Eu sorri.
Levantei-me na cama para um novo dia já sabendo o que eu faria na ausência
de Jacob e Billy.
...
–Torta de maçã. Por que se deu ao trabalho de vir aqui com essa torta?
–Ele disse fechando a porta atrás de mim e pegando a torta de minhas mãos.
Ele caminhou para a cozinha, eu o segui.
–De acordo com minha com minha contagem, Isabella, foram apenas
duas vezes.
–Não me lembro de ter salvado você ontem. –Ele falou enquanto nos
servia com minha torta. Eu não conseguia tirar os olhos dele. Notei que vestia
um moletom colado ao corpo com gola rulê de cor vermelha, calça jeans
preta.
–E isso não é bom? Eu não diria que salvei você. Teria salvado se
tivesse levado você ao pronto socorro.
–Mais uma vez agradeço por tudo o que tem feito por mim. Um dia irei
lhe recompensar por tudo isso, atenderei a um pedido seu. –Eu disse isso me
levantando do banco. Edward caminhou ao meu lado sem dizer nada.
Lembrei-me do quase beijo que aconteceu na noite anterior. Maldisse o
sangramento que fez com que Edward se afastasse de mim. Eu não queria ir,
queria passar mais tempo em sua companhia, por mais estranho que fosse,
mas eu não poderia obrigá-lo a me ter ali. Quando cheguei à porta fazendo
menção de abri-la Edward colocou sua mão macia e fria sobre a minha.
–Qualquer coisa você disse? Espero que mantenha sua memória viva
quanto ao que me foi dito na cozinha, humana. –Ele sussurrou e eu fiquei
paralisada, incapaz de responder com palavras ou de olhá-lo, com medo que
as pequenas chamas daquele ato se transformassem em fogaréu caso virasse.
Assenti fracamente sem deixar a razão me guiar, não era uma boa idéia
concordar com qualquer pedido feito por ele. Sai sem olhá-lo seguindo a rota
mais segura, a rota da praia. Amaldiçoei-me por bancar a covarde, eu não
disse a ele que gostava do perigo? Então por que fugia a chance de tê-lo por
perto?
...
–Amanhã nós vamos sair Bells. Iríamos sair hoje, mas o velho me
arrastou para a oficina. –Jacob disse com pesar, eu sorri. Billy cutucou o filho.
–Olha como fala de mim rapaz ou amanhã ficará o dia todo na oficina!
–Ameaçou e vi Jacob engolir seco. Por algum motivo eu estava de bom humor
e isso pareceu surpreender os dois ocupantes da mesa de jantar. Fiquei em
companhia deles por um tempo demasiado longo ouvindo seus relatos
minuciosos de como fora o dia. Apesar de estar ali, rir no momento que
deveria e ficar séria no momento propício, minha cabeça estava longe. Eu me
recolhi às dez e meia, tomei um demorado banho e vesti um pijama. Meu
pijama sujo de sangue já estava limpo e não restou nenhum vestígio do
incidente daquela noite no banheiro.
...
...
–Bella, ta na hora de acordar! –Era Jacob, ele não sabia que eu estava
acordada desde ontem.
–Ok Bells. –Ele disse e ouvi seus passos ruidosos descendo pelas
escadas. Eu me joguei na cama. Eu estava um caco, não queria passear, mas
temia ficar sozinha em casa. E se o vampiro viesse me atacar? Talvez fosse
melhor sair de casa. Foi com essa resolução que eu me arrumei e sai com Jake
e sua “gangue”.
...
–É como eu disse pra você Bells. Esse é o point dos esportistas. –Jacob
disse enquanto passeávamos pelo único parque de Forks, àquela hora repleto
de pessoas, muitas delas praticando algum esporte ou exercícios.
–Tem certeza?
–Vou ler. Pode ir. –Eu disse e só assim Jacob se achou convencido a ir.
Eles não se afastaram muito, apenas o suficiente para não acabarem tacando a
bola em mim. Dei atenção ao volume diante de mim.
...
Um brilho prateado.
–Deve ser de algum turista. Nessa cidade pequena não tem ninguém
suficientemente rico pra comprar um carro desses. –Paul falou voltando sua
atenção ao seu almoço.
–É do Edward Cullen. –Uma voz soou grave, todos olharam para Sam,
dono da voz. –Às vezes ele sai da sua toca lá na praia. Como vocês sabem
meu pai é dono do único supermercado daqui de Forks. Às vezes ele vai de
carro para lá para comprar os mantimentos da casa.
–Eu nem sabia que aquele cara saia. –Jacob falou aos risos. Então o
assunto fora desviado para algo mais interessante para os rapazes, mas minha
mente estava focada nas palavras de Sam. Era Edward no carro? O carro
continuou parado do outro lado da rua. Desapareceu um pouco antes de
decidirmos dar continuidade ao nosso passeio.
...
Minha noite fora tranqüila. Isso por que estava tão cansada do passeio
com Jake e o pessoal que desabei na cama após me preparar para dormir. Mas
uma coisa me chamou a atenção. Ontem à noite eu havia trancado a porta e a
janela, fechado inclusive a cortina, coisa que não é meu habito com um medo
terrível de que o vampiro estranho fosse vir aqui (não que uma vidraça e uma
cortina o detivessem, claro.). Pela manhã a janela estava aberta e a cadeira da
minha escrivaninha estava bem próxima a minha cama voltada para mim. Um
medo me perpassou a espinha. O vampiro estranho e assustador teria vindo até
aqui? Bom, eu duvidava. Eu ainda estava respirando, não estava?
Sorri involuntariamente.
...
Procurei me ocupar só com esta tarefa o dia todo, mas acabei sendo
mais rápida do que previa, sendo assim eu terminei tudo o que tinha para fazer
e fiquei a toa. Não era uma atitude muito inteligente, eu sei, mas não agüentei
ficar tanto tempo enclausurada na casa. Decidi caminhar pelo bosque atrás da
casa. A tarde estava linda, não tão nublada como era característico de Forks.
Bem se eu queria sair poderia ir para qualquer lugar, um lugar mais
movimentado talvez. Mas eu queria mesmo, eu precisava ir até ele. Como um
imã que me puxa para sua direção, com sua beleza angelical e olhos
hipnotizantes, eu precisava ver Edward. Não sei quantos passos dei, creio que
apenas três ou quatro no interior do bosque. Ouvi um barulho acima de mim
me sobressaltou e eu olhei para a copa de uma árvore, alarmada. Lá estava ele,
sentado confortavelmente em um galho grosso, olhando para mim com certa
diversão.
–ia até a sua casa. –Falei incapaz de olhá-lo. Quando o olhei ele estava
sério.
–Sozinha?
–Sim. Com outra pessoa é que não iria. –Disse zombeteira. Ele desceu
rapidamente do galho e continuou a me olhar sério o que eu não entendi. Ele
queria que eu levasse mais alguém para a casa dele? Seus olhos minimamente
se desviaram dos meus para o ambiente ao nosso redor. Eu o vi se enrijecer,
como se estivesse alerta a algo e então veio até mim. Sem ao menos me
consultar pegou-me no colo.
HEI! ME LARGA!
–Estava entediada então decidi fazer uma visita. –Sorri levemente, mas
Edward parecia não acreditar em mim. Não, era outra coisa. Ele parecia estar
aborrecido com o que eu disse.
...
–Olá minha menininha. –Ele falou com a voz amigável, seus olhos
rubros em mim. –Está pronta? Vou dar a você o que você sempre quis. –Ele
falou e pulou em minha direção, para me matar.
...
“Venha pegar o medalhão. Creio que ter uma peça de sua falecida mãe
iria ser de seu agrado, mas... Caso não venha buscar, eu irei entregar
pessoalmente. Estou esperando você no velho carvalho, é um lugar próximo
ao parque onde esteve manhã passada.
James.”
–Hei Bells aonde você vai? –Jake perguntou ao me ver seguindo para a
porta da frente.
–Não Jake, fica e olha o pudim pra mim. Eu vou a pé. Até. –Sai em
meio à chuva não sendo muito protegida pelo meu casaco. Eu caminhava
apressada pela estrada que me levaria a Forks. Sabia como chegar ao parque,
sabia onde ficava o carvalho, só não sabia o que me esperava. Ou talvez
soubesse, mas não queria pensar nisso. Eu não ia para pegar o medalhão de
minha mãe, eu ia para obter respostas, respostas do dia em que eu quis
esquecer. O dia em que meus pais morreram.
...
Eu estava ensopada, tinha pouca gente nas ruas devido à chuva. Foi
fácil chegar ao carvalho. Não vi ninguém. Achei apenas o medalhão no chão.
O peguei e, colocando presa a corrente de prata, coloquei em meu pescoço. Eu
sentei no chão olhando para o nada.
–Não. Quem causou aquele acidente foi o seu pai. Mas fui eu que os
matei. –Eu estremeci e levantei olhando para ele assustada. –Não se lembra do
que eu fiz, minha menina?
Eu me lembrei, eu me lembrei!
Eu me lembrei.
–Ah, se lembrou! –Ele falou secando uma lágrima que percorria meu
rosto. –Parece que você andou reprimindo o que aconteceu, não é?
–Bella, você está bem? –Uma voz aflita perguntou enquanto tateava
meu rosto, meu pescoço, carregava todo o meu peso nos braços.
–Ah novamente você? Por que intervêm na minha caça? –James disse
aproximando-se. Edward olhou para ele e rosnou mantendo-me presa nos seus
braços. Eu estava desnorteada com tudo, um caos. Edward levantou-se me
colocando em seus braços, mas quando James fez menção de atacar, ele me
jogou no chão. Eu acabei por machucar as costas no processo. Quando olhei
para Edward, ele não estava mais lá, nem James. Eu podia ouvir ao longe um
barulho, como corpos chocando-se, ou talvez pedregulhos. Então eu corri
ainda desorientada não para longe daquilo tudo, para a segurança de um lar.
Eu corri para o perigo, para James aquele que eu queria matar a todo custo e a
Edward, aquele que, sem nem mesmo conhecer, eu estava envolvida por ele.
Ou talvez muito mais do que envolvida, mas isso eu não sabia e talvez nem
soubesse nessa vida.
Corri mais do que minhas pernas poderiam suportar, mas ainda sim me
sentia com forças para continuar correndo. E então, após uns vinte minutos de
corrida mata adentro, eu os encontrei em uma clareira. James ria, ele tinha um
ferimento no braço e no ombro e Edward tinha dois buracos imensos no peito
e abdômen. Eu caí de joelhos ante a cena. Edward parecia cansado, uma das
mãos nos ferimentos feitos por James enquanto estava de joelhos no chão.
–Ora parece que eu vou ganhar a disputa... –Ele disse e seus olhos
rubros voltaram-se para mim. –E meu premio está bem ali. –Ele deu um passo
para frente, Edward levantou-se, o corpo levemente inclinado. Rosnava.
–O que há? Por que está rindo? –James disse dando mais um passo.
...
O deitei em sua cama, fui ao closet pegar roupas secas para vesti-lo.
Edward ainda estava com os olhos fechados, imóvel. Quando estava pegando
algumas peças...
–Estou com sede. –Ele murmurou. Virei-me para olhá-lo. Seus olhos
estavam negros e seu queixo travado. Parecia que a qualquer momento ele
saltaria daquela cama king direto para o meu pescoço, no entanto não me vi
capaz de correr e deixá-lo ali sabendo que Edward estava ferido por minha
causa.
–Onde posso conseguir sangue pra você? Espero que não tenha que
caçar algum animal e arrastá-lo para cá. Eu não tenho habilidade nenhuma
com isso. –Edward riu fracamente.
–Adoraria vê-la tentar caçar, mas não há necessidade. Vá até a
geladeira, tem sangue humano estocado para alguma emergência. –Eu o olhei,
apavorada. Como assim sangue humano? Ele matou alguém para ter sangue
estocado? Edward pareceu notar minha reação.
–Sai daqui. –Foi tudo o que ouvi de Edward. Poxa o que aconteceu
com o “obrigado”? O olhei com raiva, mas ao fitá-lo entendi sua urgência em
me mandar sair. Os olhos negros olhavam fixamente para o sangue como um
louco. Meu corpo estremeceu ante a imagem. Sai às pressas e fechei a porta.
Decidi esperar na sala, sentada no sofá.
–Não. Graças a você. Obrigada pelo que fez. Você faz tanto por mim e
eu nada fiz para compensá-lo.
–Não preciso ser compensado. –Ele disse sentando-se em uma poltrona
um pouco afastado de mim.
–Por que fez isso? Não acho que temos um vinculo muito grande assim
para você sempre estar por perto tentando me manter viva. E você gritou para
o James: “Ela é minha!”. Por quê? –Eu queria saber o que se passava com
aquele rapaz, o olhei tentando desvendar seus pensamentos através dos seus
olhos... RUBROS? –Seus olhos... O que aconteceu?
Agora entendia o porquê dos olhos do vampiro James ser daquele jeito.
–Que bom. –Nós ficamos ali, nos olhando sem nada falar. Meu coração
acelerou enquanto via aqueles olhos rubros sobre mim, não com temor, mas
com fascínio. Eu não tinha palavras para descrever o que eu sentia após ter
sido salva inúmeras vezes por Edward. Eu queria dar muito mais do que um
simples “Obrigado”. Eu queria...
Eu o beijei sem ser correspondida. Bom, eu não havia pedido para ter
um beijo correspondido. Apenas um simples toque dos meus lábios nos dele,
nada mais. Eu me afastei e não ousei olhá-lo, sai pela sua porta. Eu não me
arrependi, quando se tem o tempo limitado não há arrependimentos, ainda
mais um desse tipo. E daí que ele poderia nunca mais olhar a minha cara? Eu
não tinha esquecido a minha vingança só por que James sumiu, ou por que eu
não iria conseguir feri-lo por ser uma estúpida humana fraca. Ele estava em
algum lugar me esperando. Eu não sabia onde, mas o modo como disse que eu
saberia deixou claro que eu iria descobrir onde ele estava e que iria até ele.
James estava certo. Eu não iria desistir. Cheguei quase à noite em casa, meu
pudim tinha queimado. Jacob não soube vigiar. Ele me perguntou o que tinha
acontecido, eu falei que tive de pegar uma encomenda no correio, mas que a
mesma extraviou. Não precisei dar mais explicações.
Isso não iria durar. James estava vivo e esperava por mim. Eu queria ir
atrás dele e me vingar, mesmo sem forças. Eu iria fazer isso assim que
descobrisse onde ele está. Lavei novamente meu rosto na pia do banheiro.
Tomei um remédio para dor, estava com uma dor de cabeça incomoda. Voltei
para a cama, ainda era de madrugada, havia dormido poucas horas. Peguei o
colar no meu pescoço e o retirei. Olhei para o cordão e abri o medalhão, ainda
tinha uma foto de meu pai jovem e uma foto minha com quatro anos. O colar
de minha mãe. Minha mente ficou turva com as recentes memórias que reavi.
A chuva, a conversa despreocupada dos meus pais, o vampiro no meio da rua,
o acidente e assassinato.
A rua.
...
–Eu não perguntei se está ferida. Sei que não está. Estou perguntando
se você está bem.
–Claro que estou Edward!
–Se você sabe Edward então por que pergunta? Como acha que eu
deveria estar? Eu acabo de lembrar o que houve no acidente dos meus pais.
Acreditei que eles tinham morrido em um acidente de carro quando na
verdade foram assassinados por um vampiro! –Eu estava furiosa, não com
Edward, mas com a situação em que estava. Fechei os olhos e procurei me
acalmar. Eu não devia descontar em Edward minhas frustrações.
–Não precisa agradecer. Então essa é a ligação que possui com aquele
vampiro? Por isso ele a perseguiu?
–Ninguém sabe que você sabe do segredo então está segura desde que
finja nada saber.
–Hei Bells! –Era Jacob. –Trouxe sua comida. Achei que você iria
querer comer algo diferente.
...
Eles saíram relutantes. Oh cara por que não posso sofrer calada? Fiquei
sentada na cama com minha cabeça apoiada nos joelhos e meus braços
envoltos da cabeça.
Meu pesadelo foi com meus pais. Eu revivi aquele dia sangrento em
meu sonho e, como no dia, nada pude fazer para salva-los. Agora era diferente
por que eu sabia para onde deveria ir. A resolução estava feita. Eu iria até o
encontro de James na manhã seguinte custe o que custar!
–Nossa Bells, fazia um tempo que você não ficava conosco pela
manhã. –Jacob comentou enquanto comia. Eu sorri. Iria aproveitar aquele
momento “em família”, principalmente se ele era o meu último.
–É que eu queria ficar aqui com vocês. –Falei dando de ombros e
comendo um pouco mais da panqueca feita por Billy. –Nossa, tio Billy essa
panqueca está ótima!
–Que bom que gostou Bella! –Billy abriu um enorme sorriso, ele
gostava de ter sua comida elogiada. Permanecemos em silencio comendo, me
manifestei quando todos estavam prestes a sair para mais um dia de trabalho.
–Eu sei que esse não é um bom momento, mas... Eu quero aproveitar
que estou de férias e ir para San Marcos. Sabe, levar flores para meus pais e
pegar algumas coisas minhas em nossa antiga casa... –Eu esperei pela resposta
de Billy, no fundo eu sabia o que ele diria. Ele sorriu tristonho.
–Claro minha filha. Vai amanha? Por que não no fim de semana assim
eu e Jake vamos com você.
–Não iria nos atrapalhar. Também quero visitar meu velho amigo.
Billy olhou para minha expressão e deve ter visto o quanto eu queria ir
só, pelo menos não viu que, por trás dessa suplica, havia desespero. Se eles
fossem eu não poderia garantir que eles não se machucariam.
–Bom então faça o que deve ser feito. Conversamos melhor sobre isso
mais tarde.
...
A ida até a rodoviária foi rápida, não havia uma grande fila como
supus. Assim que cheguei em casa, após o almoço, terminei de arrumar meus
pertences. Perguntei-me se realmente seria necessário levar algo. Se eu não
conseguisse eliminar James, o que eu mesma duvidava, provavelmente
morreria. Billy poderia desconfiar, foi essa resolução que me fez arrumar uma
pequena bolsa. Tudo estava preparado. Diria a Billy que dormiria na casa de
uma amiga e pronto. Considerei o que eu poderia me dispor para, quem sabe,
tentar danar James. Billy tinha uma arma em casa, usada para a caça esportiva.
Eu poderia pega-la, mas caso ele desse falta meus planos poderiam ser
arruinados. Lembrei-me então da arma de meu pai, ele era policial, tinha duas
armas: uma que usava em serviço e outra em casa, escondida. Minha casa
agora estava sendo ocupada por outra família que morava lá de aluguel, o
dinheiro do aluguel depositado em uma conta para mim junto com o dinheiro
deixado por meus pais. Os móveis, tudo o que pertenceu a mim e a minha
família que n ao foi trazido para cá para Forks estava guardado no porão de
minha casa, a porta trancada para que só eu tivesse acesso. Eu entraria e
procuraria a segunda arma de meu pai. Não que isso fosse me salvar, mas
nunca se sabe. Ficaria satisfeita em causar o mínimo dano que fosse a James,
ver seu rosto contorcido pela dor.
“Talvez seja minha última viagem, como foi para meus pais na estrada
de San Marcos. Se vou invariavelmente para o caminho que leva a minha
morte, eu posso...” –Pensei em Edward. A cena do beijo em minha cabeça. O
que Edward poderia estar pensando do meu ato? Nem eu mesma sabia ao
certo por que fiz isso, ou talvez eu não quisesse admitir o quanto eu estava
envolvida, o quanto eu estava encantada por Edward. Por que não dizer,
sabendo que ninguém ouviria meus pensamentos, que eu estava apaixonada
por ele. Eu não queria admitir isso por que Edward acabaria sendo um
empecilho para meus planos acerca de James. Eu pensaria duas vezes antes de
correr para a morte certa só para tê-lo por perto. E não era isso o que estava
acontecendo agora? Enquanto eu estava sentada em minha cama vendo minha
mala a minha frente, eu não estava reconsiderando minha decisão?
...
–Não sei. Queria visitar meus amigos então acho que uns três dias.
–Poxa! Três dias é muito! Eu tinha falado com o pessoal pra gente ir a
Seattle. Acha que consegue chegar a tempo cedo fim de semana? –Jacob
parecia aborrecido. Eu sorri.
–Leve seu celular assim poderei falar com você, perguntar se está tudo
bem. Dou uma carona pra você amanhã.
...
...
Em algum momento durante a madrugada eu estremeci de frio, a janela
estava aberta certamente. Abri um pouco meus olhos mal enxergando o quarto
naquela escuridão. Eu estava deitada em minha cama, a janela estava aberta.
Estranho, eu a tinha fechado. Meus olhos estavam quase fechados, estava com
muito sono, mas pude ver que havia alguém sentado na cadeira da minha
escrivaninha, a mesma próxima a minha cama, de frente para mim. Meu corpo
estremeceu novamente. Vejo um vulto fechar a janela cessando a brisa e ir até
minha cômoda. Pegou um cobertor eu acho. Colocou sobre mim e ficou
sentado na cama, as mãos frias acariciando meu cabelo, minha bochecha. Eu
adormeci novamente. Um nome me veio à cabeça: Edward. Era ele ali
vigiando meu sono, cobrindo-me para não sentir frio?
...
Acordei mais cedo do que pretendia. Tomei banho, vesti minha melhor
roupa (jeans, tênis e uma blusa branca por debaixo do suéter caramelo) e
tomei café com Billy e Jacob. A mala e a passagem na minha mão. Havia
outro item que também levei comigo, apenas para que ninguém o encontrasse:
meu exame que diagnosticava meu mal.
...
–Vá com Deus guria. Ligue assim que chegar lá e se precisar de algo é
só ligar. Prometo que da próxima eu e Jake vamos com você. –Billy falou.
Estávamos na rodoviária. Eu assenti e subitamente o abracei.
–Obrigada tio Billy. Não sei o que seria de mim sem o senhor. –Falei
com emoção. Aquela era uma despedida afinal. Billy pareceu sem jeito em me
abraçar, MS abraçou.
–Imagine. Não fiz nada demais. Melhor você ir, seu ônibus já vai sair.
–Volta logo Bells. A comida é uma droga sem você. –Ele falou com
diversão. Recebeu um cascudo de Billy. Eu sorri, me aproximei e o beijei na
bochecha.
“Terei que ser rápida com James. Caso o contrário ele irá me
impedir!”.
...
–Entre querida! Meu marido não está aqui, mas você pode tratar de
algum assunto a respeito do aluguel da casa comigo. –Disse a simpática
senhora de uns trinta e poucos anos. Lembrei-me vagamente de seu nome:
Summer.
–Não vim tratar de assuntos referentes ao aluguel, senhora. Vim aqui
na verdade para pegar uns pertences que ficaram na casa.
–Ah, eu sabia que mais cedo ou mais tarde alguém viria para pegar os
pertences que ficaram! Eu peguei tudo e, com a ajuda do John, coloquei tudo
em um dos quartos. Vamos lá, levo você lá. –A senhora disse guiando-me pela
casa. Um sentimento de nostalgia me atingiu. A decoração estava diferente,
mais moderna, com cores quentes, mas ainda era minha casa. Eu quase podia
ver as fotografias de quando eu era criança em cima da lareira, as flores do
campo em um vaso de cristal em cima da mesa da cozinha,...
–Claro. Fique a vontade. Eu vou preparar um café para nós duas. O que
você acha?
Meu pai era policial. Usava duas armas: uma usava durante o dia e
deixava na delegacia, a outra ficava em casa escondida debaixo de sua
cômoda. Descobri por acaso quando tinha uns quinze anos. Claro que nunca a
havia pegado. Aquele era o momento. Eu não sabia se uma bala poderia matar
um vampiro, mas eu não tinha nada além disso.
–Está escurecendo e logo vai chover. É meio perigoso seguir por essa
estrada. –O motorista comentou. Estava um pouco mais escuro por estar
nublado, algo raro em San Marcos. O chuvisco começou quando nós entramos
na estrada.
Ver aquela estrada quase no escuro em meio a um chuvisco lembrou-
me do acidente. Eu estava fervendo de raiva, a ânsia de acabar com James me
dominando. Eu sentia o peso da arma em minha cintura. Fiquei alheia a tudo,
o que me despertou foi à curva, a mesma curva em que houve o acidente.
–Eu vou levá-la até a cidade vizinha. Não vou deixá-la aqui nesse fim
de mundo! Se algo acontecer a você...
“Ele não está aqui!” –Pensei por não ver ou ouvir nada. Cansada pela
descida, sentei-me no gramado e olhei para a escuridão que era o bosque a
minha frente. Onde James poderia estar? Eu não conseguia pensar em um
lugar além daquele, mas rezei para que ele não decidisse ir à casa de Billy. Eu
não queria que ninguém ficasse ferido. Por outro lado James poderia ter
desistido. Afinal Edward havia me protegido e o ameaçado. A chuva estava
forte, típica chuva de verão. Eu decidi deixar aquele lugar e seguir para a
cidade. A idéia de retornar a Forks me pareceu tão agradável, encontrar com
todos, encontrar com Edward...
–Aonde pensa que vai, minha menina? –Ouvi a voz dizer. Antes
mesmo de me virar e ver quem era o dono da voz, algo me atingiu jogando-me
para mais fundo no barranco. Eu não sei de onde veio o objeto que me atingiu,
a que força ele se lançou para mim ou a que altura eu fui arremessada. Quando
abri meus olhos eu estava afastada da margem da rua, caída em um gramado
molhado recebendo as gotas de chuva que passavam pelas copas frondosas
das árvores acima de mim.
–Ah, adoro ver o seu rosto crispado pela dor, ainda que momentânea.
Como está, minha menininha? Sentiu minha falta? –Disse divertido. Eu
conseguia ver parcialmente seu rosto através do brilho mortiço da lua cheia
daquela noite que passava pela camada de nuvens e pelas frestas nas copas.
–Eu sei. Eu sabia que você me encontraria. Aqui foi o começo, é aqui
que deve terminar. –James caminhou lentamente para mim, eu posicionei a
mão por cima da arma escondida em minha cintura debaixo do moletom que
usava.
–Será o fim, mas não para mim. Será o nosso fim. Eu não vou sem te
levar junto! –Falei entredentes. James soltou uma gargalhada. Eu engoli em
seco sua atitude e peguei a arma escondendo dentro da manga de meu
moletom, minha mão direita segurando-a.
–Acha mesmo que pode fazer algo, Isabella? Como é tola! Então por
isso veio até mim? Acredita que irá me deter? Eu lamento meu bem, isso não
será possível. Uma mera humana com você não pode fazer nada para me
exterminar. –Os passos de James estreitavam mais e mais o espaço entre nós.
Eu sabia que precisava esperar até que ele estivesse suficientemente perto para
disparar. Esperei pela sua aproximação enquanto meu coração martelava
furioso no peito. Não era só a pulsação acelerada que James estava
provocando em mim. Eu sentia a dor de cabeça vindo, uma dor que eu sabia
que me incapacitaria.
Não! Eu não poderia fraquejar agora, não sem antes revidar em James,
descontar minha fúria!
–Aonde vai, Bella? –Ele disse e antes que eu pudesse sequer pensar em
fazer algo, James pegou-me pelo tornozelo erguendo-me no chão e me atirou
para longe. Eu bati minhas costas no solo, antes que pudesse me levantar eu
fui erguida pela gola da minha blusa que ficava por baixo do moletom.
James me olhava com fúria, notei que não havia ferimento algum em
sua pele.
Eu estava cansada, com dores por todo o corpo. Eu sabia que iria
desmaiar pela dor alucinante da cabeça que se sobrepunha a qualquer outra
dor. James parou e começou a correr, seria rápido, presumi. Rápido. Eu iria
morrer, se não pelas mãos dele, pelas mãos de Deus. Que fosse rápido então.
Algo interrompeu a corrida alucinada de James até mim. Foi difícil ver
o que era, mesmo com os olhos abertos na direção em que James estava. Algo
grande veio de trás de mim, aos fundos do bosque, e pulou em James jogando-
o para longe. Eu perdi James de vista tamanha a distancia em que ele foi
jogado. Então algo veio rapidamente até mim e ficou de pé diante de mim, eu
estava deitada no chão com o rosto na terra, eu só pude olhar para o sapato
preto do usuário.
–Eu não... Não chamei você... Você com meu sangue... Ed... Edward. –
Disse debilmente. Edward ajoelhou-se diante de mim e rapidamente me pegou
colocando-me em seus braços. Só assim pude ver um pouco do seu rosto, seu
rosto lindo, contorcido por algo que julguei ser dor. Por que ele estava com
dor? James teria machucado ele ou coisa assim? Eu fiquei imóvel em seus
braços sentindo-me quentinha. A chuva em meu rosto dele ter limpado um
pouco do sangue que estava em meu rosto. Notei então que os olhos de
Edward estavam escuros, ele estava com sede. Ainda sim não senti medo dele,
eu me sentia tão segura! Notei que ele não respirava, tentando não me atacar
quem sabe.
–Meu caro, está com algo que me pertence. –James disse polido, mas
ameaçador.
–Ah, mas ela pertence sim! Bella é minha presa. Se está com sede, meu
amigo, recomendo que procure outra para sustentá-lo. –Falou levemente
divertido. Edward estava se enfurecendo. A única coisa que o segurava para
não avançar em James certamente era eu. Edward olhou-me enquanto me
baixava e me deitava confortavelmente no chão, retirou o casaco que usava
uma jaqueta de couro bege por cima da camisa de gola rulê branca, e
entregou-me.
–Não se preocupe. Vai ficar tudo bem. –Disse e então os dois, ele e
James, desapareceram. Ouvi ao longe um barulho estrondoso de coisas solidas
chocando-se contra as árvores, causando uma grande destruição no bosque. Eu
fiquei parada, sentada no gramado segurando a jaqueta de Edward. A vesti por
cima de meu casaco e levantei-me. O sangramento nasal ainda era intenso e
meu corpo estava dolorido pelos machucados feitos por James. Eu era inútil
para ajudar Edward, mas não poderia simplesmente cruzar os braços enquanto
alguém se sacrificava por mim. Mesmo sentindo-me fraca e sabendo que era
inútil, levantei-me e caminhei para a direção de onde ouvia os barulhos. Eu
sabia que caminhando para lá a morte me encontraria, mas ela me encontraria
de qualquer forma então eu estava um pouco mais tranqüila. Que me
importava minha vida agora. Tudo o que eu queria era garantir a vida de
Edward, ele não precisava se sacrificar por causa de um cadáver. Eu continuei
a caminhar, caminhar...
...
–Eu não acho nenhuma graça nisso! Por que é sempre o homem a
sacrificar-se por uma mulher? –Meu pai resmungou claramente chateado por
não assistir ao seu jogo de basquete na televisão já que nós estávamos
monopolizando-a. –Por que a tal de Julieta não se sacrificou por ele desde o
inicio? Era ela a tomar o veneno ou o que quer que esse cara tenha tomado! –
Meu pai resmungou enquanto mantinha sua vista nas páginas de um jornal.
Minha mãe foi categórica.
–Ora, por que não tem graça à mocinha sacrifica-se pelo herói! –
Mamãe disse e voltou sua atenção para a televisão.
–EDWARD! NÃO! –Gritei e em meu pânico corri para ele, mas não
consegui chegar até onde ele estava algo me puxou pelo cabelo jogando-me
para longe. Eu fiquei parada, arfante, desorientada, enquanto algo me agarrava
pela gola do casaco de Edward tirando-me do chão.
–Não querida, você é minha. Não corra até ele, deixe que aquele lá
procure sua presa. Você pertence a mim. –Disse aos sussurros e puxou-me
para perto dele. Eu iria morrer, eu realmente iria morrer. O fim de uma agonia,
mas também o fim de uma alegria. Eu não tinha dito a Edward o que sentia, eu
queria dizer antes do fim. Bom, talvez fosse melhor assim, ficar calada. Eu
fechei os olhos e então algo me afastou de James. Abri os olhos, sentei-me e
vi que não fora Edward que interceptou o vampiro. Eram duas figuras
macabras cobertas por um capuz negro. Eu fiquei parada enquanto via James
ser imobilizado pelas duas figuras, ele a olhava, aterrorizado.
Mais três vultos surgiram, cobertos por um capuz negro, ficando por
trás de James e dos dois vampiros que o imobilizavam, não pude ver seus
rostos, estava escuro demais e o capuz dificultava as coisas. Fiquei imóvel e
olhando a cena.
–Temos uma evidencia viva. Precisa ser destruída. –A voz que havia
falado com James disse. Eu parei de respirar. –Demetri. –Disse e um deles deu
um passo.
Então eu havia sido salva por aqueles estranhos trajando negro, mas
seria morta no final das contas. Quando Demetri, meu executor, deu mais um
passo algo surgiu ficando entre mim e o grupo encapuzado. Era Edward.
Arfava cansado, mas ajoelhou-se diante de mim e abraçou-me protetor.
–Ela não. –Murmurou tão baixo que uma pessoa comum não ouviria,
mas suspeitei que eles não fossem pessoas comuns.
–Ah, entendo. –Ele disse. –Bem então, já que sua morte é certa, o que
deseja de nós, humana? –A figura perguntou. Eu fui clara.
–Me deixe morrer pela doença que carrego para poder me despedir das
pessoas que amo. Só isso. Tem minha palavra de que nada direi. –Falei e sem
duvida mostrei total sinceridade em meu olhar. Todos de capuz olharam para
mim, olharam em seguida para o porta-voz. Ele deu seu veredicto.
–Que seja. Lhe daremos mais um tempo de vida. Mas acho que seria
mais misericordioso matá-la agora, humana. Como queira. Vamos. Obrigado
por nos falar a localização de James, vampiro Edward. –E então os cinco
desapareceram, tão rápido que meus olhos não conseguiram acompanhar. Eu
fiquei parada olhando para frente, para o lugar onde estavam os homens de
capuz. Senti alguém se aproximar, Edward. Ele caminhou lentamente e pegou
meu exame que fora largado lá. O abriu e leu. Eu continuei parada agora
mirando meus olhos para ele. Os olhos de Edward pareciam se arregalar mais
e mais à medida que lia o conteúdo do documento. Após ler e saber do que se
tratava, Edward deixou o exame cair de suas mãos e me olhou aturdido,
parecendo em choque.
–Por quê? –Balbuciou. -Por que não disse? –Falou e vi a fúria brilhar
em seus olhos ocres. Eu dei um meio sorriso e simplesmente tudo se apagou
para mim.
Ficamos calados olhando para o outro. Eu não sabia o que dizer, até
por que ainda estava processando o que havia acontecido. Tudo passava num
borrão em minha cabeça. Edward levantou-se da poltrona em que estava
sentado e veio se sentar na cama, próximo de mim. Ficamos assim por mais
alguns minutos, ele sentado de frente para mim com seus olhos fixos nos meus
e eu imóvel. Ele ergueu sua mão e tocou minha bochecha direita, eu estremeci
com a frieza da sua mão.
–Não Bella... –Ele começou, sua voz sem potência. –O que a salvou,
não somente a você, mas também a mim, foi o seu exame. –Sua voz quebrou
ai e vi em seu olhar o quanto a noticia de minha doença o estava ferindo. Isso
me surpreendeu. Eu não imaginava que fosse tão importante assim.
Era tudo o que diria. Não havia mais nada a falar além de desculpas. Eu
não sabia se queria tocar no assunto envolvendo a descoberta por parte de
Edward sobre minha doença. Mais uma vez silêncio. Isso já estava me
enervando. Edward subitamente se levantou.
–Vou preparar algo para comer. Deve estar com fome já que passou um
dia sem comer. Seu tio Billy ligou para o seu celular, ligue para ele e diga que
está bem. Aproveite e fale que ficará mais três dias em sua cidade natal.
–Você está dormindo há um dia Bella. Não acho que seria bom se o seu
tio a visse agora. Você está um pouco machucada pelo ataque de James. –
Edward falou e só então me preocupei em me olhar. Vi algumas escoriações
aqui e ali, mas nada muito grave. Talvez por isso eu não acordei na cama de
um hospital.
–Você ficará aqui comigo durante esses três dias e eu cuidarei de você.
Não aceitarei um “não”. Mantenha Billy informado sobre você. –Edward saiu
do quarto após dizer isso.
...
Fiquei sem graça por que enquanto comia Edward não tirava os olhos
de mim. Freqüentemente fixava meus olhos em meu prato ou em qualquer
outra parte da ampla cozinha. Mas é claro que minha comida iria acabar e eu
ficaria a mercê daquele olhar perscrutador de Edward. Foi o que aconteceu.
–Verdade? Está feliz por estar viva? Não sei se realmente devo
acreditar em suas palavras. Você sabia que a morte iria encontrá-la e ainda
sim caminhou para ela. Por que fez isso, Bella? Odeia tanto sua vida?
–Eu não fiz isso por querer morrer. Eu fiz isso por que queria vingança.
James matou meus pais, eu não poderia deixar assim.
–Estou indo para a minha casa Edward. Não vou mais ficar aqui. –Falei
tentando conter a súbita raiva que se apoderou de mim. Por que Edward estava
com tanta raiva? Passei a caminhar para o quarto onde estava, provavelmente
meus pertences estavam lá. Ouvi passos atrás de mim, mas ignorei.
–Não pode ir para sua casa, seus machucados ainda estão visíveis. Seu
tio provavelmente... –Era Edward tentando argumentar comigo.
–Não é o que parece com essa sua atitude. Se eu incomodo não deveria
ter me convidado para ficar aqui com você durante alguns dias, Edward.
–Não estou assim por isso, jamais me importaria de ter sua companhia.
Se pareço furioso é por outro motivo. –Ele disse com a voz baixa como se não
quisesse esclarecer as coisas para mim. Pouco me importava. Peguei minha
mochila colocando-a nas costas e segui para a porta do quarto, sem olhá-lo,
claro.
–Obrigada por tudo. Eu vou para casa. –Disse e algo agarrou minha
mochila impedindo-me de sair. Virei-me e o vi Edward me olhar novamente
com fúria. Qual era o problema do cara? Se eu fico ele fica furioso e se eu
vou, ele também fica furioso?
–Por que você quer se isolar, fazendo tudo sozinha? Por que se afasta
de todos? –Edward perguntou com uma voz sôfrega.
–Olha quem fala! Você notou que vive do mesmo modo, Edward?
Deve ser por isso que nos damos bem, somos iguais.
–Posso saber o que você tinha para fazer? –Edward perguntou com
intensidade. Não recuei com sua aproximação. Uma atmosfera completamente
diferente nos atingiu, eu não conseguia caminhar para a saída. Seus olhos, sua
respiração, a frieza do seu corpo... Tudo me prendia ali.
–Então me diga Bella... Você realmente quer ficar sozinha até o fim? –
Ele sussurrou e só então percebi que nossos rostos estavam a centímetros, eu
podia sentir sua respiração na minha boca. Eu queria dizer que o amava, eu
queria tê-lo, mas isso seria egoísmo. O que minha atitude egoísta causaria a
Edward? Seja o que fosse não seria algo bom para ele. Fechei meus olhos.
–Eu quero. Eu quero ficar só. –E então eu saí pela porta do quarto sem
olhar para trás. Edward não me impediu.
...
Devia ser meio dia, era difícil saber com um dia tão nublado. Eu
caminhava pela trilha em meio ao bosque, esperava que Jacob e Billy não
estivessem em casa. A chuva estava branda, mas estava muito frio. Abracei-
me, minha jaqueta não me aquecia o suficiente. Ouvi um barulho atrás de
mim, passos no carvalho, e caminhei mais rapidamente. Poderia ser um
animal? Eu não sabia. Continuei a caminhar mais rapidamente.
–Se a atormenta tanto a doença que possui, se há algo que você almeja
mais do que a morte que te acompanha... Eu te livrarei disso tudo. –Sussurrou
e então sua cabeça moveu-se até o meu pescoço, senti seus lábios tocando-o,
sua língua passando rapidamente pela minha jugular e então senti seus dentes
roçando em minha pele sem me morder.
Eu o empurrei violentamente de cima de mim. Assustada, coloquei a
mão onde antes os lábios de Edward estavam no meu pescoço. Onde antes ele
iria morder. Eu sabia o que aconteceria a mim se ele mordesse, no que eu me
transformaria.
–Eu não quero... Não quero te perder. Já perdi tanto! Não fique só...
Não me deixe só... Eu amo você. Se você for agora... –Ele dizia com a voz
falha. Eu estaquei.
O que fazer?
O que dizer?
Eu jamais imaginei que Edward diria isso para mim, jamais imaginei
que meus sentimentos seriam correspondidos. Eu jamais imaginei que meu
amor iria ser correspondido. Edward ainda estava de joelho chorando, mas
sem verter lágrimas. Associei isso a sua condição de vampiro, talvez ele não
pudesse produzir lágrimas.
Eu estava cheio de amor por ele e pela primeira vez desejei viver um
pouco mais só para estar com ele, só para não deixá-lo sozinho e sofrendo. Eu
me perguntei então, varias e varias vezes se eu conseguiria viver só por
alguém. Eu não tinha a resposta ainda, não era o tipo de decisão que se podia
tomar em tão pouco tempo. Ajoelhei-me diante de Edward e coloquei minhas
mãos sobre as suas que ainda estavam em seu rosto.
Eu devia dizer para ele que o amava e certamente isso o deixaria feliz.
Eu não consegui. Apenas consegui dizer:
Eu não sabia quando eu teria uma chance como aquela, eu tinha que
fazer algo mais do que pedir perdão por tê-lo feito sofrer. Afastei-me o tanto
que seus braços permitiram, coloquei minhas mãos em seu rosto e o beijei.
Por Deus, como foi satisfatório beijá-lo! Desta vez, ao contrário da primeira
vez em que beijei Edward, ele correspondeu. Seus lábios, sua língua, suas
mãos tateando minhas costas... Melhor do que uma dose de morfina para um
corpo cansado e doente como o meu, melhor do que ir para o céu, melhor do
que a vingança intoxicante. Agora eu entendia a dor de Edward. Ele não
queria que eu morresse, desejava ficar comigo; eu não queria morrer, desejava
estar com ele.
“Se a atormenta tanto a doença que possui, se há algo que você almeja
mais do que a morte que te acompanha... Eu te livrarei disso tudo.”.
Foi algo tão bom! Dizer que o amava... Tirando um peso das costas.
Senti lágrimas nos meus olhos, mas as ignorei. Edward afastou-se e, com os
dedos, secou as lágrimas.
–Fico feliz, mas isso não é tudo o que eu quero ouvir. Quero ouvir
mais. Sabe o que deve dizer.
–Eu vou ficar na sua casa. Volto a minha casa daqui a três dias. –Sorri.
–Bella eu não... –Edward começou, mas tapei sua boca com o dedo
indicador.
...
Quando a porta da sala se fechou atrás de nós, eu estava ciente que nos
amávamos e que eu não teria tempo. Ou eu iria morreu ou iria me tornar uma
vampira. Eu não iria perder tempo. Fiquei ainda ao lado de Edward e apertei
sua mão. Eu não sei ao certo se Edward tinha entendido o que eu queria, só
confirmei isso quando ele ficou de frente para mim e me abraçou. Meus olhos
no chão.
–Não sei. Nunca estive com alguém antes. Você confia em mim? –
Perguntou e pude sentir a tensão por parte dele caso minha resposta fosse
negativa.
Confio. –Falei com tanta convicção que Edward não esperou mais. Um
dor surgiu no meio de minhas pernas e tão logo cessou quando Edward
distraiu-me com seus beijos.
...
“Bella,
Tive de sair para me alimentar. Estarei em casa antes que voce perceba
minha ausência.
Amo você.
Edward.”.
Segurei o bilhete contra o peito. Era uma doidice! Uma hora Edward
era um desconhecido e em outra agia como meu marido ou coisa parecida.
Isso era estranho, mas bom, muito bom.
Um minuto.
Dois minutos.
Quanto tempo se passou?
Eu não sei como cheguei em casa, mas lá estava ela. Vi minha janela,
não deveria estar trancada. Subi em uma árvore e consegui chegar ao segundo
andar e, após abrir lentamente a janela de vidro, entrei. Billy e Jacob deviam
estar dormindo, ainda sim tinha que ser silenciosa. Seria o fim se um deles me
visse naquele estado, pálida, fria e com sangramento. Eu tinha alguns
remédios que ganhei quando fui pegar o exame no hospital há meses atrás.
Ainda tinha doses de morfina dadas pelo médico já que quase nunca usava.
Acho até que seria a primeira vez a apelar para isso. Levantei da cama e
tranquei a porta. Tranquei a janela e peguei as doses escondidas, no fundo
falso da minha mala.
Não sentir a dor era tão bom! Mas havia algo que não era bom: estar
longe de Edward.
–Venha Bella! –Minha mãe disse erguendo sua mão para mim. Meu pai
estava ao seu lado, às mãos dele nos ombros de minha mãe.
Subitamente eu acordei.
Era manhã, uma brisa gostosa entrava pela persiana aberta do meu
quarto. Eu estava confortável, o edredom cobrindo-me até o pescoço.
Estranho. Eu não me sentia pegajosa com o meu sangue ou coisa parecida. A
última coisa de que me lembrava era de estar coberta de sangue sentada na
cama olhando para Edward que estava do outro lado da janela de vidro. Olhei
para a persiana, um pedaço do vidro estava quebrado. Senti uma presença ao
meu lado e só então notei Edward sentado na cadeira da minha escrivaninha,
uma expressão carrancuda no rosto, quase furiosa.
–Bella... –Sua voz era um sibilar, ele estava tão estranho! –Escute bem
o que eu vou dizer a você: Não espere até ser tarde demais para tomar a sua
decisão. Se por um acaso você não me der sua resposta e estiver debilitada
demais para fazê-lo... Eu irei transformá-la sendo sua vontade ou não! –Disse
entredentes. Estremeci com toda a hostilidade que sentia emanar dele. Edward
ficou encarando-me por mais alguns minutos e então ele desapareceu pela
minha janela.
...
–Bells, por que não nos avisou que estava vindo? –Jacob tinha uma
cara tão alegre, isso me assustou um pouco.
–Você não ia ficar em torno de três dias na casa de juma amiga? –Billy
perguntou. Notei que parecia desconfiado de algo.
–Ia, mas comecei a não me sentir bem lá então voltei. –Desci das
escadas e fui me juntar a eles. Não estava com fome, não sei ao certo, mas
isso poderia ser efeito da morfina em excesso. Ainda sim comi uma tigela de
cereais.
–Hei Bells já que está aqui podemos marcar mais um passeio, só que
dessa vez só nós dois. O que você acha? –Jacob perguntou quando Billy
estava saindo de casa para ir à oficina. Eu estaquei. Vi um brilho nos olhos de
Jacob que me incomodou, uma expectativa de algo. Naquele momento percebi
algo que não queria perceber: Jacob tinha interesse por mim.
–Tudo bem então. Vou com o velho pra oficina. Vejo você mais tarde.
–Inesperadamente Jacob beijou-me na bochecha e saiu. Seu ato me deixou
embasbacada. Definitivamente eu não deveria ter aceitado sair a sós com ele,
mas agora era tarde. Dei de ombros. Hoje seria um longo dia.
...
Eu queria vê-lo, saber como estava e sentir novamente tudo o que havia
sentido em seus braços. Eu queria Edward, mas depois do ocorrido essa
manhã não sabia se ele iria me querer. Ele estava com tanta raiva de mim!
Ainda sim, após o almoço, tomei um bom banho, vesti um vestido de alça que
não me lembrava de já ter usado (era lindo, azul marinho de alças até os
joelhos, rodado), calcei uma sapatilha preta (outra coisa que nunca havia
usado, presente de minha mãe) e liguei para Billy dizendo que iria sair com a
desculpa de que iria comprar roupas em alguma loja. Após avisar eu sai
seguindo pela trilha para a casa de Edward sem saber o que faria caso não
fosse recebida por ele.
Era difícil de acreditar que alguém tão maravilhoso como Edward era
apaixonado por mim e que eu tinha perdido minha virgindade com ele. Eu
poderia morrer agora e ser feliz! De repente o chão sumiu debaixo dos meus
pés. Merda! Eu estava caindo do mesmo barranco onde me acidentei antes e já
podia sentir os machucados que se formariam, mas subitamente minha queda
foi impedida por algo ou alguém. Algo gelado. Eu estava atordoada demais
para avaliar quem tinha me ajudado.
–Bella? Você está bem? –Uma voz grasnou atordoada em meu ouvido.
Afastei-me minimamente e o vi. Edward.
–Sei.
–Não custaria nada para você mentir e fingir estar bem, não é? Afinal
você está sempre me excluindo da sua vida! –A mascara de raiva que tinha
visto pela manhã voltara. Agora eu entendia por que Edward estava furioso.
–Tudo bem.
–Sente aqui Bella. –Ele disse olhando para o chão, as mãos no rosto.
Caminhei e sentei ao seu lado.
–Por que não ficou aqui me esperando quando passou mal? Você é
assim, sempre foge de mim quando precisa de ajuda. Prefere ficar sozinha a...
–Edward, me escuta, eu só saí da sua casa por que eu temia que fosse
difícil para você sentir cheiro de sangue. Além do mais eu estava com muita
dor e tinha remédio no meu quarto. Fui para lá pegar. Sinto muito se isso o
deixou chateado. Espero que entenda que fiz isso principalmente para te
poupar. –Falei. Eu não conseguia olhá-lo. E então senti suas mãos geladas e
macias sobre as minhas. Eu o olhei e vi sua face numa máscara de
arrependimento.
–Me desculpe. Eu já deveria ter deduzido que esse era o motivo para ir
embora, mas... Bella você não precisa ir embora quando seu sangue escorrer.
Eu me acostumei a ele de certa forma. A prova disso é que tratei de você e não
fiz nada imprudente.
–Mas é difícil para você mesmo assim, não é? –Eu olhei Edward
fixamente e vi pelos seus olhos que minha especulação estava certa. –Viu? Eu
sei que é difícil. Eu não quero causar nenhum mal a você Edward.
–Tudo bem.
–Eu queria que tivéssemos aqueles dias que você pediu a Billy, mas já
que você apareceu para eles é impossível. –Suspirou pesadamente.
–Eu virei vê-lo, invento alguma coisa. –Dei um sorriso tristonho. Não
era suficiente para mim vê-lo por poucas horas. Edward também sorriu
tristemente e soube que ele compartilhava da mesma opinião. Uma mão estava
sobre a minha, a outra ele ergueu e pegou uma mecha de cabelo acariciando-o.
–Você não tem idéia da dor que senti. Quando cheguei de minha rápida
viagem de caça e não a encontrei eu soube que algo estava errado. Fiquei
desesperado pensando que de repente algum vampiro poderia ter vindo aqui e
levado você.
–Que outro vampiro? James está morto, você sabe. Edward, não deixe
preocupações desnecessárias sobre você. –Eu disse querendo que Edward
parasse de sofrer por mim.
–Eu quero você novamente, Bella. Uma, duas, cem vezes, eternamente.
–Disse contra a pele do meu pescoço. Eu não conseguia responder, pelo
menos não algo coerente. Eu estava perdida demais no frenesi que era sentir o
Edward.
–O que? Não teve muito de mim por uma tarde? –Disse debochada.
Edward riu.
–Invente uma historia. Diga que nos conhecemos quando você foi ao
mercado comprar legumes em conserva. –Edward falou entre risos. Eu ri
abertamente com sua sugestão.
–Me dê um tempo para que eu possa pensar na historia toda. Dois dias,
que tal?
–Tudo bem. Ainda sim eu vou vê-la em seu quarto. Deixe a janela
aberta para mim. –Edward disse e fiquei feliz por saber que não ficaríamos
muito tempo afastados. Assim sendo levantei-me sem vontade alguma de sair,
vesti minhas roupas e segui para a sala. Para minha surpresa, quando segurava
a maçaneta para sair, Edward estava devidamente vestido.
–Vou levá-la para casa. Não deve fazer muito esforço. Vamos. –Abriu
a porta e caminhou ao meu lado pelo jardim. Pensei que apenas me
acompanharia por isso não protestei, mas quando Edward ergueu-me entendi
o que ele quis dizer ao alegar que não deveria fazer esforço.
–Não estou invalida a ponto de não caminhar, sabia? –alei com a testa
franzida. Edward olhou-me, o meio sorriso cravado nos lábios macios e frios.
–Deixe sua janela aberta, eu velarei pelo seu sono. –Ele disse beijando-
me nos lábios. Senti a brisa e então Edward não estava lá. Eu sorri. Eu
realmente estava tendo a felicidade que me escapava. Permiti-me ficar lá na
cama, lembrando de tudo e de nada, o cheiro de Edward em mim.
...
Dor.
...
...
–Oi Bella. Então vamos sair hoje? Você me prometeu que sairíamos
quando eu dissesse o dia... Então...
Tomei um demorado banho, vesti uma calça jeans, uma blusa azul
celeste e um moletom branco e sai. Preocupei-me com Edward, talvez ele
tivesse me esperando em sua casa e eu nada avisei a ele. Por fim decidi deixar
um bilhete em cima da minha casa avisando que eu iria sair com Jacob, deixei
a janela aberta.
...
–Eu gostei. Ótima parte quando aquele ator criou uma bomba com um
cotonete e uma bola de ping pong. –Disse aos risos. Jacob riu também.
Colocou a mão em meu ombro enquanto caminhávamos pela calçada. Eu não
recuei apesar do contato não me agradar tanto.
Cinema, ida a praça, visita a uma loja de discos, ida a uma livraria. Foi
divertido sair com Jacob como não pensei que fosse. Jacob era divertido, isso
eu já sabia. Mas descobri algo mais em Jacob, ele tinha um imenso carinho
por mim. Estranho... Quando isso começou? Quando Jacob se mostrou
interessado? Eu podia notar pelo seu olhar, o modo como sorria, lembrava-me
Edward. E Edward me amava. Pena. Eu realmente esperava que fosse só
engano, que Jacob não estivesse interessado em mim. Eu não queria trazer
muito sofrimento.
O dia foi passando, foi bom. Eu me lembraria daquele dia.
...
–Muito bom. Menos agitado do que quando estamos com seus amigos.
–Não, você não entendeu. Eu gostei, bem ao meu estilo. –E rimos com
minhas palavras, a água batendo nos meus pés descalços assim como os de
Jacob, nossos tênis em nossas mãos.
–O que disse?
–Bella... –Eu me virei e não tive tempo para reação. Jacob me puxou e
simplesmente... E beijou.
–Jacob, está ficando tarde. Melhor irmos. –Disse projetando meu corpo
para o caminho que nos levaria até a nossa casa. Jacob me seguiu calado o que
eu agradeci. A situação tensa pareceu estimular meu tumor a incomodar.
Antes mesmo de alcançar o portão da casa eu já estava sentindo a cabeça
latejar e a vista escurecer. Eu pretendia desaparecer dentro do meu quarto até
que eu pudesse me recompor, mas Jacob foi mais rápido.
–Bella...
–O que foi? –Perguntei de costas enquanto abria a porta. Tinha o
cuidado para não me virar afinal logo eu teria sangramento nasal.
–Eu vou pensar Jacob. To indo pro quarto. –Segui pelas escadas e corri
para meu quarto. Só tive tempo de trancar a porta, a inconsciência me tomou.
...
...
–Billy?
–Eu estou bem eu... Eu vou descer logo. –Disse com a voz fraca, mas
audível.
Após um longo banho, fiz algo que não costumo fazer: me maquiar. Eu
estava muito pálida e branca, precisava me maquiar para passar a idéia de
saudável. Desci e encontrei apenas com Billy na sala assistindo televisão. Ele
se virou ao ouvir o barulho que fiz no piso.
“Mal você sabe que quase eu fui dessa pra melhor.” –Pensei enquanto
ia sem nenhuma vontade xeretar a comida na cozinha.
–Sei. É bom saber assim eu não ficarei tão assustado. E Jacob estava
muito preocupado. –Billy disse. O observei para ver se ele dava alguma pista
de que sabia o que havia acontecido comigo e com Jacob, mas Billy
continuava tranqüilo. Comi e após isso segui para o quarto, para minha
surpresa Jacob estava na porta do meu quarto encostado na parede, já até
vestia pijama. Ele me olhava tristonho.
–Oi Bella.
–Oi Jake. –Eu fiz menção de entrar no meu quarto, mas Jacob me
impediu de abrir a maçaneta.
–Só se você prometer que não vai se enclausurar no seu quarto como
fez o dia todo.
Eu poderia fugir de tudo isso, poderia deixar para outro dia, mas se
meu tempo estava contado então eu teria que resolver tudo de imediato.
–Jake, você é como um irmão para mim e irmãos não tem nada a mais,
entende? –O olhei. Jake ficou surpreso com as minhas palavras e então forçou
um sorriso.
“Se eu for posso correr o risco de passar mal por ai. Edward vai vir me
ver. Vou deixar a janela aberta.” –Assim sendo eu deixei a janela aberta e me
aconcheguei na cama tomando uma pequena dose de morfina para não sentir
dor alguma.
...
...
“Ele deve ter ido rapidamente a algum lugar. Ele vai voltar. Está
cedo. Eu vou ficar aqui e esperar. Talvez hoje mesmo eu peça para ele me
transformar.”.
Vazia.
Perda.
Meu fim.
–Jacob, está ficando tarde. Melhor irmos. –Disse projetando meu corpo
para o caminho que nos levaria até a nossa casa. Jacob me seguiu calado o que
eu agradeci. A situação tensa pareceu estimular meu tumor a incomodar.
Antes mesmo de alcançar o portão da casa eu já estava sentindo a cabeça
latejar e a vista escurecer. Eu pretendia desaparecer dentro do meu quarto até
que eu pudesse me recompor, mas Jacob foi mais rápido.
–Bella...
–Eu vou pensar Jacob. To indo pro quarto. –Segui pelas escadas e corri
para meu quarto. Só tive tempo de trancar a porta, a inconsciência me tomou.
...
...
–Billy?
–Eu estou bem eu... Eu vou descer logo. –Disse com a voz fraca, mas
audível.
Após um longo banho, fiz algo que não costumo fazer: me maquiar. Eu
estava muito pálida e branca, precisava me maquiar para passar a idéia de
saudável. Desci e encontrei apenas com Billy na sala assistindo televisão. Ele
se virou ao ouvir o barulho que fiz no piso.
“Mal você sabe que quase eu fui dessa pra melhor.” –Pensei enquanto
ia sem nenhuma vontade xeretar a comida na cozinha.
–Sei. É bom saber assim eu não ficarei tão assustado. E Jacob estava
muito preocupado. –Billy disse. O observei para ver se ele dava alguma pista
de que sabia o que havia acontecido comigo e com Jacob, mas Billy
continuava tranqüilo. Comi e após isso segui para o quarto, para minha
surpresa Jacob estava na porta do meu quarto encostado na parede, já até
vestia pijama. Ele me olhava tristonho.
–Oi Bella.
–Oi Jake. –Eu fiz menção de entrar no meu quarto, mas Jacob me
impediu de abrir a maçaneta.
–Só se você prometer que não vai se enclausurar no seu quarto como
fez o dia todo.
Eu poderia fugir de tudo isso, poderia deixar para outro dia, mas se
meu tempo estava contado então eu teria que resolver tudo de imediato.
–Jake, você é como um irmão para mim e irmãos não tem nada a mais,
entende? –O olhei. Jake ficou surpreso com as minhas palavras e então forçou
um sorriso.
“Se eu for posso correr o risco de passar mal por ai. Edward vai vir me
ver. Vou deixar a janela aberta.” –Assim sendo eu deixei a janela aberta e me
aconcheguei na cama tomando uma pequena dose de morfina para não sentir
dor alguma.
...
...
“Ele deve ter ido rapidamente a algum lugar. Ele vai voltar. Está cedo.
Eu vou ficar aqui e esperar. Talvez hoje mesmo eu peça para ele me
transformar.”.
Vazia.
Perda.
Meu fim.
Billy tem ficado de olho em mim desde aquela tarde em que apareci e
nada disse como explicação, seguindo para o quarto. Ele não perguntou, mas
eu o ouvi conversar com Jacob e tentar persuadi-lo a conversar comigo. Jacob
tentou na manhã seguinte arrancar informações para o pai, mas eu bem sei que
a real curiosidade era dele. Jacob tem sido maravilhoso esses dias. O assunto
do beijo e da confissão fora esquecido, ou melhor, enterrado. Ele passou a agir
como um amigo, não que eu tivesse ficado observadora a isso. Uma semana se
passou desde que Edward desapareceu e eu estava tão profundamente
depressiva que não liguei para mais nada.
Por que eu estava perdida. Não pela chance de cura (se é que me tornar
vampira poderia ser considerado isso), mas por que o pouco de alegria e
esperança que Edward fez brotar em meu coração havia desaparecido junto a
ele. Eu queria morrer! Morrer! Morrer!
–Está sentindo alguma coisa? Você está tão pálida e tem comido
pouco. Parece muito doente. –Ele comentou e vi um olhar de incrível
preocupação.
–Eu estou bem. É só que... Deixa pra lá. –Comi mais duas colheradas
da comida e me levantei. –Tenho umas coisas pra fazer. Vou para o quarto. –
Subi as escadas e quando entrei no quarto fui para o banheiro. Vomitei. Não
por que eu bancava agora a bulímica, mas por que meu estomago parecia não
segurar nada. E para completar o sangue nasal que vinha com grande
freqüência. Esse era um dos motivos para não sair muito de casa, eu não
queria ter um sangramento no meio da rua e alguém contar a Billy o que tinha
acontecido. Não sei por que, mas penso que ele não interpretaria isso como
sintoma de uma grave doença e sim de que talvez eu estivesse usando alguma
droga pesada demais.
E mais um dia se passou, meu tempo estava acabando. Eu não sabia até
quando iria esconder minha enfermidade. Havia anoitecido, eu estava deitada,
a respiração pesada. Eu sabia que não iria dormir muito pelas dores
incomodas que parecia não se exaurir com morfina.
Ouvi vozes.
–Claro que não pai! Bella não é assim. Eu não sei, mas... Depois que eu
me confessei para ela, Bella tem agido estranho. Eu penso que talvez eu seja
culpado e...
–Não diga bobagens filho! Não deve ser por isso. De qualquer forma
eu conversei com um amigo meu e ele está vindo aqui para examiná-la, ele é
medico. –Billy e Jacob conversavam baixinho sobre isso, não queriam que eu
ouvisse, mas eu ouvi. O pânico me tomou. Se um médico me visse,
descobrisse que estou mal eu ficaria internada em um hospital. Eu não queria
isso. Eu não queria que as pessoas ao meu redor tivessem pena de mim,
ficassem tristes por mim. Eu quero morrer em paz.
Eu não pensei muito no que faria, quando dei por mim eu estava saindo
pela minha janela de pantufas e vestindo um hobby não muito grosso para me
proteger do frio noturno. Enquanto a dor de cabeça e náuseas novamente me
atacava com uma força quase incapacitante, eu segui pelo caminho escuro sem
me importar se iria cair e me machucar ou um lobo apareceria e me devoraria.
Que se dane. Eu não queria que me vissem mais, eu queria desaparecer, eu iria
desaparecer.
Eu queria vê-lo quem sabe uma última vez. Esse era meu desejo antes
do fim. Eu ignoraria a raiva que sentia por Edward ter me abandonado, eu
apenas me concentraria em ver seu rosto, ouvir sua voz, sentir seu cheiro e
calor e suplicar por um ultimo toque. Foi esse pensamento de que talvez
milagrosamente eu o encontrasse em sua antiga casa que me fez seguir para lá.
Senti o sangue descer pelas narinas, à visão ficar turva, mas mantive-me
caminhando.
...
Uma voz soou longe, uma voz apavorada. Eu abri precariamente meus
olhos e vi uma figura diante de mim, mas não consegui vê-la nitidamente,
minha visão estava embargada demais. Senti uma mão tocando meu rosto, um
soluço de choro e sorri ante a possibilidade de ser ELE. Agora sim eu poderia
morrer.
As vozes dos médicos discutiam meu estado e pelo pouco que ouvi eu
estava com o pé na cova. Isso, em outras circunstancias, teria me deixado
feliz, mas me lembrei de algo: alguém apareceu pouco antes de eu desmaiar,
alguém que conhecia o terreno, poderia ser...
–Ah, acordou! Espere minha querida, irei chamar o médico que está
cuidando de você. –Uma voz feminina disse. Isso não me impediu de chamar.
–Edward... Edward... –Eu murmurava querendo que ele aparecesse, eu
precisava vê-lo antes do fim. Ele me devia isso, não devia?
Eu esperei que o rosto que eu tanto queria ver irrompesse a porta como
o medico havia dito. Eu vi um rosto familiar passar com uma mascara
cobrindo a boca, um rosto bonito, uma expressão transtornada e feliz ao me
ver.
–Jake. –Sussurrei.
–Jake, o que houve? Como vim parar aqui? Há quanto tempo estou
aqui? –Apesar de não gaguejar, eu falei bem lentamente.
–Você esteve inconsciente por dois dias. Eu notei que você não estava
em canto nenhum e tive uma intuição de que você, por algum motivo, usou a
janela para sair. Segui uma trilha no bosque que nem mesmo eu conhecia.
Acabei parando no terreno da antiga casa do Cullen e então eu... –Ele se
interrompeu e estremeceu. –Vi você daquele jeito toda ensangüentada. Fiquei
desesperado. Vim para cá com Billy trazendo você e então soubemos umas
coisas...
–Não queria que sofressem comigo, Jake. Não tem cura. –Minha voz
não tinha sinal de sofrimento.
–Não diga isso Bella. Tenho certeza de que existe um jeito e...
–Chega Jake. Está vendo por que não contei? Eu não suporto gente me
dando falsa esperança. –Continuei com meus olhos fixos no nada. Eu podia
ouvir o choro contido de Jake.
...
Só contabilizei cinco dias, mas sei que se passou bem mais. Já estava
com tanta morfina no sistema que não sentia quando passava o efeito.
A morte não demoraria a chegar e acreditei que passaria por ela sem
hesitar, sem querer lutar pela minha vida. Que se danasse a vida!
Eu me lembrei naquele momento por que eu tinha que lutar, era por
ele, para ficar com ele, mas também me lembrei por que isso não mais
importava.
–Eu queria aceitar sua escolha, eu queria, mas... Mesmo que você
escolha outro, mesmo que escolha morrer como uma humana e que isso a faça
me odiar... Eu não vou deixá-la morrer.
–Eu só escolhi... Só escolhi você... Uma vida... Você... O fim do meu
sofrimento. Por que você... –Era difícil falar, mas consegui. –Por que me
abandonou? –E as lágrimas vinham ininterruptas.
–Não era minha... Minha escolha, mas agora é tard... –Eu disse e pude
sentir a dor tão intensa que meus sentidos se esvaiam. Talvez eu estivesse à
beira da morte, a dor estava ficando tão intensa, mas já a sentia se esvair.
Quando isso acontecesse completamente, eu iria morrer. Num arquejo de dor,
eu abri meus olhos tomados por lagrimas. Nada vi principio, senti o gosto de
sangue na boca. Senti algo mais também, um cálido beijo depositado nos
meus lábios.
Ele me amava. Sim, isso era uma certeza. Cheguei a ficar em duvida
pelo seu desaparecimento sem motivo, mas vendo aquela expressão que
beirava a loucura tamanha à tristeza, eu me sentia compelida a não ter
duvidas. Ver aquele rosto amado, magoada como eu estava, me fez querer
usar todas as minhas forças para chorar e assim o fiz vendo que meu ato
apenas o machucava mais.
–Você me faz mal. –Acusei numa voz pouco composta. Estava arfante
e o bip soava frenético. Edward olhava nervoso para meu rosto, para o
monitor que media freqüência cardíaca. –Eu quero ficar só... –Eu disse
fechando os olhos, sentindo minha força desfalecer.
–NÃO! –Ele disse numa voz alta, desesperada. Ouvi o bip soando mais
espaçado enquanto uma calmaria incomum vinha até mim. A morte.
–Bella... Não... Não ainda. Eu não ouvi a sua... A sua decisão. BELLA!
NÃO FAÇA ISSO! BELLA! –Ele falava alto, mas eu não conseguia encontrar
a minha voz.
“Eu amo você. Eu quero ficar com você. Eu escolho você, Edward.
Você sempre foi minha primeira opção. Minha luz. Quando tudo se apagou,
você foi capaz de irradiar luz suficiente para me envolver, ao seu mundo e ao
meu mundo sombrio.” –Eu pensei desejando querer verbalizar o que dizia.
Como Edward me alertou! Ele me dizia para não esperar até ser tarde demais
para tomar minha decisão e eu, estúpida, esperei até não ter forças para falar.
Eu devia ter me odiado desde o inicio pelo que aconteceu. O desaparecimento
de Edward foi culpa minha, não dele.
“Eu lhe disse Bella, se você não decidir antes do fim, eu decidirei por
você.”.
Lembrei do que Edward havia dito repetidas vezes essa mesma frase.
Ele decidiria agora por mim? Eu esperava que sim, mas era algo incerto,
muito incerto.
As noticias nunca eram boas, mas também não eram tão ruins. Bella
estava em um quadro estável e não saia do mesmo. Então eu estranhei quando,
após um mês de internação, o medico decidiu ligar para a oficina naquela
tarde de domingo.
...
–Olá senhor Billy, jovem Jake. –O medico disse, estava sério. Aquilo
não era bom. Eu me antecipei em perguntar, estava explodindo de ansiedade.
–Doutor, como ela está? Ela piorou? Por isso nos ligou, não é? Ou ela
está melhor e foi transferida para um apartamento? –Perguntei frenético. O
medico lançou um olhar de duvida para meu pai. Provavelmente ele esperava
que meu pai dissesse o que ele disse na conversa ao telefone.
...
Lívida, fria, branca, trajava um vestido que meu pai comprou para ela.
Seus pertences, todos, deixados para nós. Isso não importava. Era estranho,
tão estranho! E eu sabia que só iria chorar após o enterro, quando tudo
realmente estivesse terminado.
Branco.
Edward Cullen.
...
Dor.
Eu não sei por quanto tempo eu estive queimando, mas pouco a pouco
eu fui percebendo o ambiente ao meu redor, já podia mexer meu corpo, mas
não o mexi. Vozes vinham vez ou outra, lamentando algo.
Era estranho, eu sei, mas percebi. Desde que despertei eu não senti
necessidade de puxar ar para meus pulmões. Eu poderia ficar parada e refletir
sobre as coisas estranhas que eu podia sentir, mas eu me senti ansiosa para
sair daquela prisão de madeira. Soquei uma única vez e vi com assombro o
grande rombo que se formou. A terra invadiu o espaço e com rapidez
monstruosa eu me desvencilhei de minha prisão.
Eu estava tão mais forte, tão mais veloz e minha sepultura nada
significou a não ser um aborrecimento de que logo me livrei. E então eu
estava livre, a brisa gelada não me incomodou nenhum pouco. Trajava um
vestido antes branco, os pés descalços. Uma dor me golpeou a garganta e me
vi sedenta de imediato. Olhei então para o que antes era meu tumulo, de fato
eu havia sido sepultada viva, mas como? Como ninguém notou que eu ainda
estava viva?
–Bella...
–Enfim... Foi uma espera longa. Agora será eternamente minha. –Falou
com firmeza e quando dei por mim eu estava em seus braços sendo abraçada
fortemente, mas seu abraço não me incomodou. Eu enterrei meu rosto em seu
pescoço enquanto minhas mãos envolviam a cintura masculina e sorri.
Eu não senti o tempo passar, não quanto tinha alguém como Edward
em minha vida, ou melhor, em minha não-vida. Ele preenchia todos os meus
dias com seu amor, seu companheirismo, seu corpo... E não sobrava tempo
para sentimentos ruins, como o da perda, por exemplo.
–Jogar bilhar no céu? Essa é nova para mim. –Edward disse entre risos.
Aproximou-se e me puxou para colar seus lábios aos meus. Apesar de estar ao
seu lado, agora como sua esposa, há três anos, meu corpo sempre reagia como
se aquela fosse a primeira vez que ele me tocasse. Uma sensação de êxtase.
Seria sempre assim. Eu veria algum ente querido morrer, eu iria ao seu
sepultamento, mas não sentiria dor. Não existe dor quando você está ao lado
de sua alma gêmea, quando ela lhe diz palavras doces antes que a dor chegue,
sufocando-as.
FIM