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sobre ácaros do
amendoim no Brasil
Jaboticabal-SP
Funep - 2016
Copyright©: Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão - Funep
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7805-161-7
2016
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão punidos na forma da lei.
1 Introdução.................................................................................................... 01
5 Microácaro-do-amendoim:
Aceria pintoi Ferreira & Flechtmann (Acari: Eriophyidae)........13
7 Literatura consultada............................................................................21
Introdução
2 Ácaro-vermelho-do-amendoim: Tetranychus
ogmophallos Ferreira & Flechtmann (Acari: Te-
tranychidae)
O ácaro T. ogmophallos, popularmente conhecido como áca-
ro-vermelho-do-amendoim, devido à coloração vermelho-car-
mim intenso dos indivíduos adultos, possui importância para
a cultura do amendoim, principalmente nos períodos de seca
prolongada. Altas infestações do ácaro-vermelho podem causar
reduções de até 100% da produção se as condições forem favo-
ráveis e se não houver intervenção pelos produtores.
No campo, sua infestação inicia-se em pequenas reboleiras, o
que dificulta o diagnóstico precoce da praga na área, sendo per-
cebida, na maioria das vezes, somente quando a população está
bastante alta (Figuras 1 e 2). Desde que haja condições climáti-
1
cas favoráveis, o ácaro-vermelho pode ocorrer desde os
primeiros estágios de desenvolvimento até o final do ciclo da
cultura. Um dos sinais mais característicos da presença deste
ácaro é a elevada quantidade de teia produzida. As teias
podem chegar a cobrir toda a planta de amendoim e são
mais densas comparadas às teias produzidas por outros ácaros
tetraniquídeos (Figura 3).
Infesta principalmente folhas, porém é comum observar áca-
ros sobre as hastes jovens, principalmente quando a
população está elevada. Nas folhas inicialmente atacadas,
surgem pontua-ções esbranquiçadas devido à sua
alimentação, e rapidamente as folhas adquirem manchas
brancas ou amareladas que podem cobri-las totalmente (Figura
4). No final, as folhas secam e caem, afetando a capacidade
fotossintética das plantas, podendo levá-las à morte (Figura
4). Reduções da parte aérea das plantas também aumentam
as perdas na colheita, pois muitas vagens não são arrancadas
do solo pelas colhedoras.
2
Figura 2. Área de amendoim totalmente infestada pelo ácaro-vermelho-
-do-amendoim Tetranychus ogmophallos. (Foto: gentileza Engenheiro
Agrônomo Edvaldo Pereira dos Santos - COPLANA).
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Figura 4. Evolução dos sintomas do ácaro-vermelho-do-amendoim
Tetranychus ogmophallos, do início da infestação à morte da planta.
4
Ovo
Larva
Ciclo total:
14 dias (25º C)
Adulto
Protoninfa
Deutoninfa
Figura 5. Ciclo biológico do ácaro-vermelho-do-amendoim Tetranychus
ogmophallos.
5
vidade de vagens (KASAI, 2012). Caso a infestação ocorra nos
últimos estádios de desenvolvimento das plantas, há redução
na produtividade ao redor de 85% (MELVILLE, 2015).
(A) (B)
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da de modo a obter o máximo de representatividade do talhão.
Para garantir a confiabilidade da amostragem, ela deverá ser rea-
lizada em intervalos de 7 a 10 dias, utilizando-se de lupa de bolso
de 10 vezes de aumento para a visualização dos ácaros presentes.
As áreas de cultivo devem estar separadas em talhões, de no má-
ximo, 5 hectares para a realização da amostragem. Em caminha-
mento em zigue-zague, recomenda-se amostrar 100 folhas (400
folíolos) do terço inferior das plantas por talhão, anotando-se
presença e ausência do ácaro em toda folha (Figura 8). O nível de
controle sugerido é de 10% de folhas com presença do ácaro em
qualquer fase de desenvolvimento, com exceção dos ovos.
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3 Ácaro-verde: Mononychellus planki (McGregor)
(Acari: Tetranychidae)
É um ácaro facilmente encontrado nas lavouras de amendoim
do Brasil, especialmente no Estado de São Paulo. É também conhe-
cido como o ácaro-verde-da-soja (Figura 9). Infesta outras plantas
cultivadas além de amendoim e soja, tais como algodoeiro e fei-
joeiro. Diferentemente do ácaro-vermelho, não tece teias, e sua
população geralmente é bem distribuída nas áreas de amendoim
(distribuição aleatória), portanto não ocorre em reboleiras. Sua
mobilidade é baixa, comparada a outros tetraniquídeos e prefe-
re alimentar-se na superfície abaxial das folhas, principalmente
junto à nervura central. As condições climáticas mais favoráveis
para a ocorrência do ácaro-verde são temperaturas amenas (em
torno de 25º C) e umidade relativa mais elevada, entre 60 e 80%.
O ciclo biológico do ácaro-verde é idêntico ao ciclo do ácaro-ver-
melho, porém com duração média de 13-16 dias (Figura 9).
Este ácaro infesta toda a parte aérea da planta, todavia é veri-
ficada maior quantidade de ácaros no terço superior. A alimenta-
ção do ácaro reduz o tamanho dos folíolos e diminui a capacidade
fotossintética das plantas. Na safra de 2012/2013 e 2013/2014, fo-
ram observadas altas populações deste ácaro em áreas de amen-
doim, na região de Jaboticabal-SP (Figura 10). Em algumas áreas,
foram estimadas perdas de até 10% causadas por este ácaro.
Os sintomas causados às folhas pelo ácaro-verde são bastan-
te característicos. Nestas, surgem inicialmente pontuações es-
branquiçadas, popularmente conhecidas como mosqueamento
ou salpicado das folhas (Figura 11).
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Ovo
Adulto
Ciclo total:
Larva
13-16 dias
(25º C)
Protoninfa
Deutoninfa
9
Figura 10. Área de amendoim altamente infestada pelo ácaro-verde
Mononychellus planki na região de Jaboticabal-SP. (Foto: gentileza do Prof. Dr.
Odair Aparecido Fernandes – FCAV/UNESP).
10
deslocado pelo ácaro-vermelho, por ser menos competitivo e
por não formar colônias. Os prejuízos causados pelo ácaro-ver-
de geralmente são desconsiderados ou subestimados pelos pro-
dutores, pois o nível populacional deste ácaro geralmente é bai-
xo no campo e bem inferior ao do ácaro-vermelho. Além disso,
a ausência de teias induz a uma avaliação equivocada dos danos
e dos prejuízos, porém o ácaro-verde pode afetar grande núme-
ro de plantas em uma área, e os prejuízos são “mascarados”. De
maneira geral, o ácaro-verde pode afetar negativamente o de-
senvolvimento das plantas, acarretando diminuição do número
e do tamanho das vagens produzidas.
A amostragem do ácaro-verde em amendoim pode ser rea-
lizada da mesma forma como sugerido para o ácaro-vermelho.
Entretanto, as folhas amostradas devem ser retiradas do terço
superior da planta, sendo o nível de controle sugerido de 40%
de folhas com a presença do ácaro em qualquer fase de desen-
volvimento, exceto ovos (Figura 12).
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4 Ácaro-rajado: Tetranychus urticae Koch (Acari:
Tetranychidae)
12
(A) (B)
13
amendoim na região de Jaboticabal-SP (MELVILLE, 2015). Infor-
mações sobre dinâmica populacional e impacto econômico desta
espécie são totalmente desconhecidas pelos pesquisadores.
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6.1.3 Época de plantio
15
seticida sobre os ácaros, causando o fenômeno conhecido como
hormoligose. Por definição, hormoligose significa efeito estimu-
lante de uma pequena dose de determinada substância que, em
doses maiores, são tóxicas para o ácaro.
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6.3 Controle biológico
Dentre os inimigos naturais dos ácaros fitófagos, os ácaros
predadores da família Phytoseiidae são um dos mais importan-
tes. O ácaro Neoseiulus anonymus (McGregor) (Acari: Phytoseii-
dade) é o único predador, até o momento, encontrado associado
à cultura do amendoim (MELVILLE et al., 2014) (Figura 15).
Neoseiulus anonymus apresenta grande capacidade de bus-
ca pelos ácaros fitófagos, possui alta mobilidade e habilidade no
caminhamento sobre teias e alta capacidade de predação, além
de elevada taxa de crescimento populacional quando alimenta-
do com o ácaro-vemelho T. ogmophallos (Figura 15). Trabalhos
realizados na FCAV/UNESP têm demostrado a presença desse
ácaro em áreas sem aplicação de produtos fitossanitários.
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6.4 Controle químico
Um dos principais entraves no controle de ácaros em amen-
doim no Brasil é a falta de acaricidas registrados no Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No entanto,
a homologação recente do amendoim como integrante do grupo
de culturas denominadas pelo MAPA como “Minor Crops” (pe-
quenas culturas) pode amenizar o problema da falta de acaricidas
e dos demais produtos. Com a entrada do amendoim no grupo
dos “Minor Crops”, o registro de produtos fitossanitários pelas em-
presas é facilitado e poderá ser obtido mais rapidamente.
Pesquisas realizadas na FCAV/UNESP, com autorização do
MAPA, por meio do Registro Especial Temporário (RET), de-
monstraram eficácia do fenpyroximate (Orthus® 50 SC) em
condições de laboratório e de campo sobre os ácaros verme-
lho e verde em amendoim (SANTOS, 2015). Nos experimentos
de laboratório, constatou-se que o fenpyroximate, nas doses
acima de 50 mL p.c/100L, foram eficientes a partir do terceiro
dia após a aplicação sobre o ácaro-vermelho, com percentuais
de controle de 100% (Figura 16 A). Para o ácaro-verde, doses
de fenpyroximate acima de 50 mL p.c/100L foram eficientes a
partir do quinto dia após a aplicação em laboratório (Figura 16
B). Em relação aos experimentos de campo, os resultados para
fenpyroximate também foram promissores. Constatou-se que o
fenpyroximate, em dosagens acima de 0,5 L p.c/ha, foi eficiente
no controle dos ácaros vermelho e verde (Figura 17).
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Figura 16. (A) Eficiência de doses de fenpyroximate e de abamectina sobre
adultos do ácaro-vermelho Tetranychus ogmophallos a 1; 3; 5; 10 e 15 dias após
as aplicações em laboratório. (B) Eficiência de doses de fenpyroximate e de
abamectina sobre adultos de Mononychelus planki a 1; 3; 5; 10 e 15 dias após as
aplicações (SANTOS, 2015).
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Figura 17. (A) Eficiência de doses de fenpyroximate e de abamectina sobre o
ácaro-vermelho Tetranychus ogmophallos a 7; 14 e 21 dias após as aplicações
em campo. (B) Eficiência de doses de fenpyroximate e de abamectina sobre
o ácaro-verde Mononychelus planki a 7; 14 e 21 dias após as aplicações em
campo (SANTOS, 2015).
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7 Literatura consultada
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ROGGIA, S. Ácaros tetraniquídeos (Prostigmata: Tetranychidae)
as-sociados à soja no Rio Grande do Sul: ocorrência, identificação de
espécies e efeito de cultivares e de planta daninhas. Santa Maria.
2007. 113f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal)
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ogmophallos e Mononychellus planki (Acari: Tetranychidae) na cul-
tura do amendoim. 2015. 34f. Trabalho de Conclusão de Curso (Gra-
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Tetranychus ogmophallos em campo. In: XXV Congresso Brasileiro de
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tomologia, 2014.
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Bragantia, 2016.
USDA - United States Department of Agriculture, Foreign Agricul-
tural Service. PSD On line. Disponível em: <http://apps.fas.usda.gov/
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