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CENTRO UNIVERSITARIO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL

UNIPLAN

SAÚDE DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA


LGBTTTQ+

BRASÍLIA/DF
2020
CENTRO UNIVERSITARIO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL-UNIPLAN

SAÚDE DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA LGBTTTQ+

DÉBORA DOS SANTOS ALENCAR


ELIZETE AMARAL CASTRO
FERNANDA SANTANA BARBOSA
MAURÍCIO LACERDA FARIA
NATÁLIA APARECIDA NASCIMENTO
NATHALIA ISAMAEL SABINO
VITÓRIA PINHEIRO
WILLIAN ROMUALDO PEREIRA DE ALENCAR

Professor: Rangel Fernandes


Disciplina: Enfermagem Integrada

BRASÍLIA/DF
2020
INTRODUÇÃO

Temos como objetivo apresentar a realidade vivida por pessoas de


orientação sexual e/ou gênero diversos, sendo o grupo (Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBTTTQ+), que por motivos passam pela
situação de risco social, mas especificamente, pela situação de rua. Entre 14,02%
do total da população em situação de rua pertencem à comunidade LGBT.
Os principais dilemas sofridos por esses indivíduos, que além de suas
desvantagens em um sistema capitalista de desigualdade, há preconceito,
desemprego, violência e pobreza.
Por falta de apoio e despreparo para a vida adulta, ao serem atingidos pela
rejeição, condenação e desrespeito quanto à sua diferença, não encontram outra
possibilidade de regularizar suas vidas e adentram à situação de risco social onde
seus laços familiares se encontram rompidos e não existe um espaço para morar
e muito menos para trabalhar ou buscar emprego.
Sendo assim, uma grande parcela desses sujeitos, fragilizados
psicologicamente pelos preconceitos gerados na família e na sociedade,
enquadram-se num perfil bastante discutido nas atualidades, as pessoas em
situação de rua.
DESENVOLVIMENTO

Em 2013 foi implementada a Política Nacional de Saúde Integral de


Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBTT), composta por um
conjunto de diretrizes onde é organizada por planos que requer estratégias e
metas sanitárias onde se deparam com diversos desafios.
É de grande importância o comprometimento das instancias de entidades
governamentais, bem como;
 Secretarias Estaduais de saúde:
 Secretarias Municipais de Saúde;
 Conselhos de Saúde;
 Ministério da Saúde e todas as suas áreas;
Pontos importantes das diretrizes do SUS fazem parte da PNSI LGBTT:
 Equidade: proporcionando igualdade, sendo oferecido
atendimento conforme a necessidade, sem privilégios ou
barreiras;
 Universalidade: proporcionando a todos acesso à saúde sem
qualquer tipo de discriminação;
 Integralidade: visando o indivíduo como um todo, atendendo
todas as suas necessidades, incluindo prevenção de
doenças, tratamentos e reabilitação.
Política também reconhece a complexidade da situação de saúde do
grupo LGBT, especialmente, diante das evidências que a orientação sexual,
expressão e identidade de gênero têm na determinação social e cultural da
saúde.
A condição de LGBT possivelmente incorra em hábitos, alterações
corporais ou mesmo práticas sexuais que podem guardar alguma relação com o
grau de vulnerabilidade destas pessoas. No entanto, para esta Política, o maior e
mais profundo sofrimento vivenciado pela população LGBT é aquele decorrente
da discriminação e do preconceito, não só pelo impacto social e psicológico que
eles causam na vida destas pessoa e, sobretudo, porque o estigma e a
discriminação seguem como principais obstáculos para o acesso à saúde.
Nossa sociedade está moldada de fortes desigualdades de gênero, raça
etnia, classe social, geração e orientação sexual, sendo assim, os principais
dilemas sofridos por pessoas LGBT em situação de rua, provêm da sua condição
de desvantagem em um sistema capitalista de desigualdades, onde o
preconceito, o desemprego, a violência e a pobreza são consideradas exemplos
das expressões da questão social.
A violência à qual a população LGBT está exposta é outro grave problema
enfrentado por este grupo social, sendo os mais vulneráveis dentro do segmento
as pessoas que se auto afirmam enquanto travestis e transexuais. Frente a essa
situação, o MS pretende tornar os registros suspeitos e/ou confirmados dos casos
de violência por homofobia uma situação de notificação compulsória a ser
informada com preenchimento da ficha destinada ao Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (SINAN).
Com essa medida, a homofobia será inclusa nos tipos de agressão que
pode ser física, psicológica ou por discriminação. É o próprio usuário/a que
deverá dizer ao/à profissional de saúde se a agressão que sofreu tem relação
com a homofobia. Casos de agressão entre casais homossexuais serão
entendidos como violência doméstica. Na avaliação do MS, isso poderá trazer
maior clareza sobre a dimensão do problema para a formulação de políticas de
enfrentamento às violências contra homossexuais.
Divulgação do direito de travestis e transexuais de usar o nome social nos
serviços, de acordo com a Port. GM MS nº 1820/2009 (Carta dos direitos dos
usuários da Saúde).
Apoio as iniciativas (intra/inter) setoriais que visem combater e prevenir
preconceito, discriminação, violência e exclusão de usuários LGBT nos serviços
de saúde.
Articulação com outras políticas públicas, incluindo instituições
governamentais e não governamentais, com vistas a contribuir para a melhoria
das condições de vida da população LGBT, em conformidade com a Política
Nacional.
Incentivo à inclusão dos quesitos de identidade de gênero e de orientação
sexual nos formulários, prontuários e sistemas de informação em saúde.
Participação em diversos espaços técnico-científicos no sentido de ampliar
o debate com a sociedade sobre as questões dos direitos humanos de LGBT,
priorizando aqueles que transversalizam com as questões do direito à saúde.
Fomento a realização de estudos e pesquisas voltados para a população
LGBT, incluindo recortes étnico-racial.
Articulação inter e intrainstitucional no sentido de realizar e apoiar ações e
estratégias que visam de educação permanente em saúde para gestores (as) e
profissionais de saúde voltadas para o tema do enfrentamento às discriminações
de gênero, orientação sexual, raça, cor, etnia bem como territorial das
especificidades da população LGBT.
Apoio aos movimentos sociais organizados LGBT para atuação e a
conscientização sobre o seu direito à saúde e a importância da defesa do SUS.
De acordo com a Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de
Rua (META, 2008), cerca de 31 mil pessoas estão em risco social no Brasil, e,
considerando que este levantamento foi feito no ano de 2008. O perfil desse
grupo é predominante masculino, sendo uma pequena parcela de mulheres; a
faixa etária que prevalece vai de 25 a 44 anos; declaram-se, em sua maioria,
pretos e pardos, sendo pequeno o quantitativo de brancos, ou seja, há uma
predominância de negros; a escolaridade varia de Ensino Fundamental
incompleto a Ensino Médio incompleto, existindo uma boa parte de analfabetos; e
os níveis de renda, os conflitos familiares correspondem a 29,1% das razões para
as idas para a rua, ficando abaixo apenas do desemprego (29,8%) e
alcoolismo/drogas (35,5%). Entretanto, neste levantamento não foi questionado o
motivo do conflito familiar e não houve questões que abordassem as relações de
gênero, orientação sexual e identidade de gênero dos participantes.
A luta é constante, é um público que sofre violações muito graves, e
especificas, entendemos através de pesquisas que a população LGBT é
vulnerável, se tornando ainda mais vulnerável em situação de rua.
Lutando constantemente por direitos e melhorias, por políticas públicas,
atendimento à saúde, com políticas de trabalho e renda e com inclusão social
(econômica e afetiva) destinadas a essa comunidade, junto à sociedade e
pesquisadores, através de encontros, movimentos e debates.
A população em situação de rua, tem sido apontada como bastante
vulnerável à infecção pelo HIV/AIDS, justamente pela amplificação da situação de
miséria econômica que nela observamos, fato que soma ao abuso comum de
substancias psicoativas, a falta de moradia fixa e a marginalização e a violência a
que está submetida.
A violência associada ao termo “LGBTQ+ em situação de rua” e a violência
ao não reconhecimento da vulnerabilidade especifica ao agravos da saúde
presentes em jovens e adultos LGBTQ+ de rua se relacionam a sociabilidade
nômade presente neste segmento, embora este tipo de sociabilidade possa ser
relacionado ao contexto de preconceito heterossexista nas famílias, escolas e
ambientes de trabalho, as trajetórias destas pessoas mostram também a
resistência aos ideais de fixação presentes nestas instituições, o que requer a
atenção dos formuladores de políticas públicas em relação ao conhecimento e
respeito necessário para que a atenção direcionada a este segmento, não vise
aplacar as singularidades destas trajetórias.
Parte dos “esquecidos” são os indivíduos em situação de rua, cuja
definição perpassa por três conceitos: sobrevivência por meio de atividades
produtivas desenvolvidas nas ruas; vínculos familiares interrompidos ou
fragilizados; não referência de moradia regular.
Ainda em subnotificação extrema, o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) apontava em 2015 sobre a população em situação de rua que:
24,8% não tinha algum documento e 61,6% não exerciam direito de voto.
Indicativos de que a maioria não possui expressão e voz políticas e incomoda
pelo simples fato de existir – vista como o devir da loucura, do sujo, do não
civilizado foucaultiano.
CONCLUSÃO

Resultado e condicionamento disso (o incomodar), eles sofrem violências


diversas e (num jogo recíproco de distanciamentos e medos) têm dificuldades de
acesso à Saúde. E quando há oportunidade para isso, não se sentem num
acolhimento adequado, vítimas de um desespero crônico de marginalização que
não ofereceu saídas.
Todos os movimentos realizados por essa comunidade, tem nos mostrado
a necessidade de ampliar o acesso aos serviços de saúde, para este grupo de
situação de rua, como um dos pontos mais importantes a seguir:
 Promover o acolhimento diferenciado deste segmento, de forma de
favorecer a vinculação ao serviço de saúde.
 Combater as normas burocráticas de muitas instituições de saúde,
que envolvem a exigência de documentos de identificação e de
comprovação de moradia.
 Superar a resistência dos profissionais de saúde, principalmente em
relação a higiene considerada inadequada por parte de muitas das
pessoas em situação de rua.
 Desenvolvimento do Módulo de Educação à Distância (EaD) sobre a
Política Nacional de Saúde Integral LGBT, em parceria com a
UNASUS e a UERJ.
 Desenvolvimento da pesquisa “Análise do acesso e da qualidade da
atenção Integral à saúde da população LGBT no SUS", em parceria
com a UnB (Coordenação Executiva) e pesquisadores de diversos
estados. A pesquisa ainda encontra-se em andamento.
 Inclusão do nome social de travestis e transexuais no Cartão do
Sistema Único de Saúde (Cartão SUS) - Portaria MS nº 1.820, de 13
de agosto de 2009, que dispõe sobre os direitos e deveres dos
usuários da saúde, entre eles o direito ao uso do nome social.
 Publicação da Portaria nº 2.803, de 19 de novembro de 2013, que
redefine a amplia o Processo Transexualizador no SUS.
 A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde Da Mulher tem
como premissa o direito à saúde e o respeito às diretrizes do SUS
no atendimento a todas as mulheres
Um dos objetivos dessa política é contribuir para a redução da morbidade e
da mortalidade femininas no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos
os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de
qualquer espécie.
O questionamento da diversas formas de violência direcionadas a essas
pessoas em situação de rua, pressupõe que as políticas públicas e
não=governamentais, ao invés de buscar “sedentizar” tais pessoas, devem
desenvolver mecanismos para um acolhimento que respeite tal forma de
sociabilidade, justamente como forma de não se reproduzir violências normativas
acerca de modelos “corretos” de comportamentos frente as supostas orientações
sexuais e a outros campos vivenciais deste segmento, como a da vida nas ruas,
comercio sexual e uso de drogas ilícitas.
REFERÊNCIAS

CAMPOS, Dalvan Antonio de; MORETTI-PIRES, Rodrigo Otávio.


Trajetórias sociais de gays e lésbicas moradores de rua de Florianópolis (SC),
2016. Rev. Estud. Fem.,  Florianópolis ,  v. 26, n. 2,  e45995,    2018 .   Available
from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
026X2018000200209&lng=en&nrm=iso>. access on  28  Apr.  2020.
Epub June 11, 2018.

Br.noticias.yahoo.com

Encontro011. abraspo.org.br

População em situações de rua LGBTQ+

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