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Fontes alternativas

As fontes primárias alternativas têm como característica comum a produção de energia


elétrica em escala muito menor que as fontes convencionais, porém podem ser bastante
úteis em aplicações específicas. Como o kWh produzido por fontes alternativas é, em
geral, várias vezes mais caro que o de fontes convencionais, cada aplicação precisa ser
analisada cuidadosamente sob vários aspectos.

Solar
Eletricidade pode ser produzida a partir da energia solar de duas maneiras: (a)
concentrando os raios solares, através de espelhos refletores, que aquecem uma caldeira
de vapor que, por sua vez, aciona um conjunto turbina+gerador; (b) utilizando painéis de
células fotovoltaicas. Essa segunda forma, bem mais usada que a primeira, baseia-se na
propriedade física de certos materiais que conseguem converter diretamente luz solar (ou
artificial) em eletricidade (efeito fotoelétrico). O material mais usado atualmente para se
construir células fotovoltaicas é o silício que pode estar nas formas monocristalina,
policristalina ou amorfa. Em poucas palavras o efeito fotoelétrico funciona da seguinte
maneira: em uma base de silício são injetados átomos de boro - que criam uma região
eletricamente positiva e átomos de fósforo - que criam uma outra região eletricamente
negativa; entre essas regiões estabelece-se, portanto um campo elétrico dentro do
material; quando incide luz sobre a placa de silício, alguns de seus elétrons absorvem
energia luminosa (fótons) e se desprendem da estrutura atômica adquirindo mobilidade;
então, sob a ação do campo elétrico esses elétrons se movem estabelecendo uma
corrente elétrica que pode ser dirigida para uma carga externa; essa corrente é do tipo
contínua. Cada célula fotovoltaica produz uma tensão baixa (da ordem de 0,5 V) e
portanto são conectadas em série, formando painéis capazes de fornecer 12 V ou mais. O
rendimento da conversão luz-eletricidade em um painel comercial situa-se entre 10 e 15
% atualmente, permitindo que 1m2 de placa tenha uma potência instalada de 100 a 150
W, supondo insolação máxima.

Veja as figuras que ilustram um painel fotovoltaico típico, bem como sua instalação no
telhado de residências. Um sistema típico de geração de energia elétrica baseada em
painéis fotovoltaicos é mostrado na figura abaixo. Note que o painel vai carregando as
baterias através de um módulo regulador/controlador. As cargas são alimentadas através
das baterias e não diretamente pelo painel, sendo que aquelas que necessitam
alimentação em corrente alternada são supridas via um inversor (equipamento que
converte tensão contínua da bateria em tensão alternada). Em função do custo e
capacidade de geração, sistemas fotovoltaicos somente são competitivos em casos que o
suprimento for fontes convencionais, de difícil acesso ou mesmo impossível, como é o
caso das naves e estações espaciais.
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Tubarão, no Sul catarinense, possui a maior usina solar do Brasil em operação, conforme
a companhia responsável pela implantação. Com 19.424 painéis fotovoltáicos, ela tem
capacidade de gerar energia solar para cerca de 2,5 mil casas em um ano, o equivalente
para atender uma cidade entre 10 mil e 15 mil pessoas, com capacidade instalada de
3MWp (pico de incidência do Sol).

Eólica
Outra fonte alternativa de eletricidade aproveita a energia eólica (dos ventos) através de
cataventos. Um catavento converte energia eólica em energia mecânica em um eixo que
aciona um gerador elétrico. Em geral, os cataventos utilizados para gerar eletricidade
possuem eixo horizontal, embora existam também cataventos de eixo vertical.
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A ilustração abaixo mostra um tipo de catavento de três pás com eixo horizontal capaz de
gerar 500 kW de pico; a torre tem 44 metros de altura e cada pá tem 20 metros de
comprimento.

No Brasil, esse tipo de catavento (que é o mais usado em todo o mundo para este fim)
está sendo utilizado em regiões dos estados do Ceará, Paraná e Minas Gerais onde o
regime de ventos é adequado; vários cataventos são agrupados formando uma usina
eólica, que pode então ser interligada à rede elétrica normal. Os sistemas de geração de
energia elétrica a partir de cataventos, especialmente aqueles projetados para serem
interligados à uma rede elétrica costumam utilizar geradores de indução que produzem
tensão alternada senoidal. Como a velocidade do vento é bastante variável, a tensão e
freqüência da forma de onda gerada também varia, o que é altamente indesejável. Duas
maneiras têm sido utilizadas para contornar o problema: controlar a velocidade de rotação
do catavento (através de engrenagens redutoras, ângulos das pás, etc.) mantendo-a
dentro de uma faixa bem estreita ou deixar a velocidade variar ao sabor do vento e
controlar eletronicamente a tensão e frequência através de dispositivos semicondutores. A
primeira solução é mais barata, porém desperdiça parte da potência dos ventos, enquanto
que a segunda é mais eficiente, porém mais cara. A maior usina eólica do Brasil é o
Parque Eólico Bons Ventos, no Ceará, com capacidade instalada de 138,5 MW.
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Geotérmica
Já as fontes geotérmicas consistem em aproveitar as atividades vulcânicas do interior da
terra como fonte de calor. Existem vários lugares onde essa atividade vulcânica está perto
da superfície, permitindo instalar tubulações injetadas com água de tal modo a gerar
vapor a partir do calor do magma terrestre. O vapor é então canalizado para acionar uma
turbina a vapor que, por sua vez, aciona um gerador de eletricidade. Trata-se, portanto de
uma usina termelétrica convencional, cuja particularidade é a fonte de calor.
Evidentemente, esse tipo de usina somente pode existir em certos locais, técnica e
economicamente viáveis. No Brasil, não há usinas geotérmicas, mas México, USA, Japão,
Itália e Nova Zelândia utilizam essa forma de geração, embora em pequena escala.

Marés
Outro tipo muito específico de gerar eletricidade consiste em explorar os desníveis das
marés. A idéia é simples: quando a maré sobe, armazena-se água através de um dique;
quando a maré desce, usa-se a água acumulada para gerar eletricidade através de uma
turbina hidráulica acoplada a um gerador. Trata-se, portanto, de uma usina hidrelétrica
convencional, cuja particularidade é a forma de acumulação de água. Claramente, só se
justifica construir uma usina deste tipo em lugares onde o desnível das marés é muito
grande. É uma fonte primária pouco usada em todo o mundo. O Brasil não possui usina
maremotriz.
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Ondas
A energia das ondas ou ondomotriz, provém do aproveitamento das ondas oceânicas.
É uma energia "limpa", isto é, sem quaisquer custos para o ambiente e até a atualidade,
não está disponível de forma comercial, apesar de ser estudada desde o ano de 1890. A
instalação de equipamentos técnicos capazes de gerar este tipo de energia ocorreu pela
primeira vez no dia 23 de setembro de 2008 em Portugal, no Parque de Ondas da
Aguçadoura. A energia das ondas é uma fonte de energia renovável que resulta da
transformação da energia contida nas ondas marítimas em energia elétrica. Este tipo de
tecnologia, embora não se encontre disponível de forma comercial, tem vindo a ser
desenvolvida desde os anos 70 num conjunto de países com potencial para explorar este
tipo de energia, que incluem o Reino Unido, Portugal, Noruega, Japão. A usina de ondas
no Brasil é localizada no quebra-mar do Porto de Pecém, a 60 km de Fortaleza, a usina
de ondas é a primeira na América Latina responsável pela geração de energia elétrica por
meio do movimento das ondas do mar.

Biomassa
As centrais de biomassa são, no fundo, uma espécie de centrais termoeléctricas
em que, em vez de serem utilizados combustíveis fósseis, é utilizada matéria
orgânica.
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A biomassa é a quantidade total de matéria viva existente num ecossistema ou numa


população animal ou vegetal. Esta matéria orgânica possui reservas de energia
potencial, através da fotossíntese (através da qual sintetizam dióxido de carbono e água,
obtendo açúcares e oxigénio, ou numa equação química, 6CO2 + 6H2O → C6H12O6 +
6O2).

Nas centrais de biomassa, produz-se electricidade através da queima da biomassa, de


modo a obter energia calorífica que ferve água, originando fumo a altas pressões que são
usados para mover turbinas e accionar geradores eléctricos.

Apesar desta queima provocar a libertação de dióxido de carbono para a atmosfera,


este dióxido de carbono já tinha sido absorvido pelas plantas que deram origem ao
combustível, tornando o balanço de emissões de CO2 nulo.

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