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Formigas no Laboratório

Plano de atividade

TEMA:
Regimes alimentares

PÚBLICO-ALVO:
1.º Ciclo, 2.º Ano

ESPAÇO DESTINADO À ELABORAÇÃO DA AULA:


Laboratório

ORGANIZAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO:


3 Grupos de trabalho

BREVE DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE:


Originárias do período Cretácico, as formigas evoluíram e colonizaram quase todos os ambientes terrestres
atualmente disponíveis. Mas o que promoveu o sucesso destes insetos sociais? No Laboratório do Pavilhão
do Conhecimento, vamos observar formigueiros, explorar a vida social das formigas, descobrir de que se
alimentam, como comunicam e como se defendem.
*Esta actividade foi desenvolvida com o especialista em formigas Eduardo Sequeira e surge no seguimento
do workshop de 16 de Junho de 2012, Diferentes Abordagens ao Ensino da Biologia, no âmbito do Projecto
NetS-EU.

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INTEGRAÇÃO DO TEMA NAS VÁRIAS ÁREAS DO PROGRAMA CURRICULAR:
As áreas de contexto de aplicação poderão ser:
 Estudo do meio: Reconhecer a enorme diversidade de seres vivos e regimes alimentares; Relacionar
os regimes alimentares dos animais com a variedade de comportamentos que apresentam;
Classificar animais.
 Formação cívica: Paralelismo com situações quotidianas; Reconhecer a importância de preservar
recursos naturais.

OBJECTIVOS GERAIS:
As atividades propostas visam o desenvolvimento das seguintes aptidões:
1) Manipulativas e sensoriais através da observação dos formigueiros;
2) Estabelecimento e interpretação de relações do tipo causa-efeito;
3) Desenvolvimento de um raciocínio lógico e crítico através da resolução dos problemas
apresentados;
4) Sensibilização para questões relacionadas com problemáticas associadas a desequilíbrios
ambientais;
5) Fomentar a curiosidade das crianças por atividades científicas e o gosto pela sua divulgação
através da partilha de experiências.

PRINCIPAIS CONCEITOS:
Formigas;
Formigueiros;
Insetos;
Morfologia;
Comportamentos sociais;
Resposta a estímulos ambientais.

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CONTEXTUALIZAÇÃO:

A Entomologia é a ciência que estuda os insetos. Os insetos (do latim insectum) são animais invertebrados, com
exosqueleto rígido quitinoso, corpo dividido em três segmentos (cabeça, tórax e abdómen), três pares de patas
articuladas, olhos compostos e duas antenas sensoriais. Os insetos não têm pulmões (as trocas gasosas ocorrem ao
nível de pequenas válvulas situadas no exosqueleto), ou um sistema complexo de vasos sanguíneos e o seu sistema
nervoso consiste num cordão nervoso ventral, que se liga à extremidade dos apêndices através de ramificações.
Algumas espécies de insetos podem ainda possuir asas (e.g. abelhas, moscas, borboletas, besouros, …). A classe Insecta
compõe o maior e mais diversificado grupo de animais do filo Arthropoda, distribuindo-se amplamente por todos os
ecossistemas do planeta.
Os insetos são geralmente caracterizados como animais prejudiciais, que transmitem doenças (e.g. mosquitos, moscas),
danificam construções (e.g. térmitas) ou destroem colheitas (e.g. gafanhotos). Existe no entanto uma grande maioria de
espécies benéficas ao meio ambiente e à atividade humana. Por exemplo, os insetos são os principais intervenientes
envolvidos na polinização das plantas (como as vespas, abelhas e borboletas), e alguns estão envolvidos na reciclagem
de produtos orgânicos. Muitas espécies produzem também substâncias úteis para o homem, como o mel, a cera, e a
seda. Em alguns países os insetos chegam a ser usados na alimentação, e na antiga medicina, as larvas da mosca
doméstica eram usadas para tratar feridas gangrenadas, uma vez que consomem apenas tecido necrótico. No entanto,
a maior vantagem dos insetos talvez esteja na sua própria dinâmica interna – muitos insetos alimentam-se de outros
insetos, ajudando a manter o equilíbrio na natureza e, portanto, a redução de pragas.
O facto de existir uma quantidade tão grande de insetos, tanto de espécies quanto de indivíduos deve-se
provavelmente a um conjunto de características que os distinguem. A presença de um exosqueleto de quitina fornece
proteção mecânica e previne a desidratação, a eventual presença de asas que permitam a deslocação em longas
distâncias, o seu ciclo de vida de curta duração favorece mudanças de natureza adaptativa nas populações como
resposta a mudanças ambientais, e o seu tamanho diminuto e metamorfose completa permite-lhes a exploração dos
mais variados nichos, aumentando a probabilidade de sucesso, menor exaustão de recursos e exposição a inimigos
naturais.

Reino: Animalia

Filo: Arthropoda - Invertebrados que possuem um exosqueleto rígido de quitina, copo segmentado, e vários pares de
apêndices articulados, cujo número varia de acordo com as classes.

Classe: Insecta - Corpo dividido em três segmentos (cabeça, tórax e abdómen), três pares de patas articuladas, olhos
compostos e duas antenas sensoriais.

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Ordem: Hymenoptera - Dois pares de asas membranosas (sem escamas, e em que as asas posteriores são menores
que as anteriores), complexo maxilar-labial móvel com a forma de um 7, geralmente ocorre também uma união muito
estreita entre o abdómen e o tórax (“cintura de vespa”).

Família: Formicidae

Todas as formigas são insetos relativamente pequenos. As maiores formigas do mundo encontram-se no Brasil, com 33
mm de comprimento e as mais pequenas no Sri Lanka com cerca de 0,9 mm.
Acredita-se que as formigas surgiram na Terra durante o período Cretácico (145 a 65 milhões de anos) e que terão
evoluído a partir de um ascendente comum com as vespas. Desde essa altura, as formigas colonizaram quase todos os
ambientes disponíveis, à excepção da Antártida e outros desertos inóspitos, e representam cerca de 15% a 25% de toda
a biomassa animal terrestre.
O seu sucesso evolutivo tem sido atribuído à sua capacidade para formar níveis avançados de organização social, e à
sua aptidão para modificarem habitats, explorarem recursos e se defenderem.
As formigas são então consideradas animais eusociais (animais que apresentam uma sobreposição de gerações num
mesmo ninho, o cuidado cooperativo com a prole, e uma divisão de tarefas), à semelhança de algumas espécies de
vespas e abelhas.
As formigas formam colónias que podem variar entre uma dúzia de indivíduos predadores, habitantes de pequenas
cavidades naturais, a milhares de indivíduos altamente organizados que habitam formigueiros subterrâneos muito
complexos, com centenas de túneis com funções especiais (e.g. armazenamento de alimentos, berçário, área de
compostagem, cemitério, …). Estas colónias são muitas vezes descritas como “superorganismos” (todos trabalham
juntos para o mesmo fim – proteger e alimentar a colónia).
As sociedades das formigas são organizadas por diferentes “castas”, ou seja, grupos com diferentes divisões de tarefas.
Estas castas podem ser organizadas de acordo com o tamanho e/ou pela idade do indivíduo.
A função da reprodução é realizada pela rainha e pelos machos, e ocorre durante um “voo nupcial”. A rainha vive
dentro do formigueiro, é maior que as restantes formigas, perde as asas depois de fecundada e durante toda a sua vida
põe ovos. Os machos aparecem apenas quando é necessário fecundar uma nova rainha, o que acontece durante um
voo em que participam milhares de fêmeas e machos alados; depois da fecundação, os machos não são autorizados a
entrar no formigueiro e geralmente morrem rapidamente.
As restantes funções, como a procura de alimentos, construção e manutenção do formigueiro e sua defesa, são
asseguradas por fêmeas estéreis (que não possuem asas, para maior mobilidade no formigueiro): as obreiras, muitas
vezes também elas divididas por castas; as formigas operárias, que tomam conta das crias (ovos, larvas e pupas), fazem
a limpeza do formigueiro e coletam o alimento; e os soldados, que guardam a entrada do formigueiro.
As formigas comunicam entre si através de sinais químicos, as feromonas. As feromonas podem ser usadas para
localizar um alimento, enviar sinais de alarme para preparar um ataque, ou confundir outras espécies de insetos. As

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suas antenas têm uma função sensorial, funcionando de forma semelhante ao sentido do olfato. É também através
delas que conseguem percecionar alterações de vibração e a sua intensidade.
As suas mandíbulas são muito desenvolvidas e otimizadas para a mordedura, que usam também como forma de
defesa. Dependendo das espécies, pode ocorrer também a injeção de compostos químicos, como ácido fórmico.
As formigas são largamente conhecidas pela sua extraordinária capacidade em carregar pesos muito superiores ao seu.
Em média, uma operária consegue levantar cerca de 5 a 10 vezes o seu peso e arrastar objectos 20 a 50 vezes mais
pesados. O segredo da sua “força” reside sobretudo em 2 pontos principais: a sua anatomia, que permite uma boa
distribuição do peso ao longo de todo o seu corpo e o seu tamanho. Se fossemos do tamanho de formigas, também nós
conseguiríamos levantar tanto peso. As formigas têm, proporcionalmente, maior capacidade muscular, também porque
não têm que suportar uma enorme carga do seu próprio peso.
As formigas apresentam metamorfose completa isto é, as fases de desenvolvimento passam pelo ovo, larva, pupa e
adulto. Os ovos são de tamanho microscópicos e, por isso, difíceis de identificar a olho nu. As larvas, de coloração
esbranquiçada, não tem pernas e são alimentadas pelas obreiras por um processo chamado trofalaxia, no qual a
obreira regurgita alimentos por ela ingeridos e digeridos (os adultos também distribuem alimento entre si por este
processo). A pupa já se caracteriza como a forma adulta, com as patas, as antenas e os futuros órgãos adultos, porém
encerrada dentro de um casulo, que só é perdido na entrada para o estado adulto. Uma vez atingida a fase adulta a
formiga deixa de crescer.
Uma formiga leva cerca de 6 a 10 semanas a atingir o estado adulto e a sua longevidade é altamente variável de acordo
com a espécie. As operárias podem chegar aos 3 anos de vida, sendo que a rainha vive geralmente muito mais tempo.
A diferenciação em castas é determinada pelo tipo de alimento que recebem nos diferentes estados larvares e as
mudanças morfológicas que as caracterizam aparecem abruptamente. Quando as reservas alimentares são reduzidas,
todas as larvas se desenvolvem em operárias, no entanto, quando os recursos são abundantes, algumas das larvas
receberão maiores cuidados, originando formigas aladas, sexualmente maturas, destinadas a abandonar o formigueiro
e estabelecer uma nova colónia – as rainhas.
As rainhas abandonam o formigueiro e preparam-se para o voo nupcial quando o solo está húmido mas o tempo ainda
quente e há pouco vento, logo depois das primeiras chuvadas. Os acasalamentos ocorrem entre formigas de diferentes
colónias, mas da mesma espécie. Durante o acasalamento o macho fecunda a fêmea e, em seguida, morre. As rainhas
voam por grandes distâncias até encontrarem um local para iniciar uma nova colónia; uma vez encontrado o lugar
adequado, cortam as suas asas e iniciam a escavação do formigueiro. A rainha nunca mais sairá ao exterior, excepto se
for forçada, e torna-se fotofóbica.
Normalmente, a rainha inicia de imediato a postura de ovos e coloca aproximadamente 1 ovo por dia. Durante este
período, e até ao nascimento das primeiras operárias, a rainha sobrevive da energia proveniente da degradação
metabólica dos músculos das suas asas, e eventualmente, da postura de alguns ovos estéreis, que são consumidos
como fonte de nutrientes. A maioria dos ovos é no entanto fertilizada pela rainha, que usa o esperma do macho, retido
no seu recetáculo seminal durante o voo nupcial. Os ovos fertilizados (diplóides, 2n) darão origem a fêmeas, enquanto
eventuais ovos não fertilizados (haplóides, n) originam os machos.

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A importância ecológica das formigas apoia-se em diferentes fatores: 1) São predadoras de diversos artrópodes, muitos
deles pragas agrícolas; 2) Dispersam sementes e promovem a sua germinação contribuindo para o reflorestamento de
muitos ecossistemas; 3) Fazem a poda de algumas plantas promovendo o seu crescimento vegetativo; 4) Exercem um
papel importante no arejamento do solo.

Bibliografia complementar:

Wilson E.O., Holldobler B. (1990). The Ants. Belknap Press.


Paterson P. (2011). The science of ant communication: A discussion of how ants talk to each other. Writer Types Inc. at
Smashwords.

Wilson E.O., Holldobler B. (2005). The rise of the ants: A phylogenetic and ecological explanation. PNAS 102(21): 7411.
Wilson E.O., Holldobler B. (2005). Eusociality: Origin and consequences. PNAS, 102(38): 13367.
Jackson D.E., Ratnieks F.L.W. (2006). Communication in ants. Current Biology, 16(15): R570.

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EXPLORAÇÃO (~70’)

I. As formigas como insetos (15’)


Material: Plasticina, Lupas binoculares, Pinças, Caixas de Petri com amostras, modelos de insetos
(e.g. mosca, escaravelho, …)

Discutir com os alunos alguns conceitos relacionados com as formigas e a sua classificação. Por
exemplo: Como são as formigas? Será a formiga um inseto? O que é um inseto afinal?
Construção de modelos em plasticina como forma de avaliação de conceitos prévios. Observação de
uma formiga à lupa e análise das características diagnosticantes. Confrontação com o modelo
anterior.

Resultados experimentais e principais conclusões (O que observamos?):


Os alunos devem ser capazes de identificar algumas das características específicas dos insetos
(divisão das partes do corpo, posição das antenas, número de patas, …).

II. Exploração dos formigueiros (45’)


O monitor pode começar por pedir aos alunos que indiquem questões que lhes despertam
curiosidade em relação às formigas como insetos sociais (e.g. Como se organizam socialmente?
Como organizam os espaços do formigueiro? Que tipo de funções exercem? O que comem? Como
transportam a comida para o ninho?). Do conjunto de questões, devem ser seleccionadas algumas
que possam ser respondidas através de experiências curtas e simples que possam decorrer no
ambiente de laboratório. As questões não respondidas, podem ser registradas pelo professor
responsável, e exploradas posteriormente em sala de aula.
Seguem alguns exemplos que podemos explorar durante a actividade.

1. Como funciona um formigueiro?

Material: Formigueiro, Lupas de mão.

Observação atenta dos formigueiros; identificação de diferentes zonas e, se possível, de


diferentes castas.
Esta atividade deve ser comum a todos os grupos.

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Teremos presentes três espécies de formigas diferentes:

- Camponotus cruentatus: Insetívoras e exploram afídeos (protegem-nos dos seus predadores


naturais de modo a recolher deles a melada que produzem); possuem ácido fórmico; são muito
agressivas; possuem estômago social muito desenvolvido.

- Messor barbarus: Principalmente granívoras; sem ácido fórmico; formigas muito calmas e com
grande polimorfismo; Presença de obreiras soldado com cabeça muito desenvolvida.

- Formiga doméstica – a mais vulgar que pode ser encontrada em residências, fábricas,
armazéns, hospitais e outros, em busca de alimentos doces e açucarados.

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Num formigueiro não perturbado podem-se observar formigas a descansar, formigas a
limparem-se ou a limpar outras, formigas a trocarem alimentos ou a alimentarem-se,
comportamentos de comunicação cada vez que se encontram duas formigas... Os participantes
devem observar e formigueiro cerca de 15-20 minutos para conseguirem observar e identificar
estes e outros comportamentos; devem conseguir descrevê-lo e ilustrá-lo se necessário,
sabendo como estavam as antenas, qual o movimento que fizeram, como estavam as patas...
Por exemplo para limpar as antenas as formigas utilizam as patas da frente... Mas usam as duas
ao mesmo tempo? Alternadas? Ou usam só a esquerda? E usam a pata toda ou apenas uma
parte ou estrutura específica da pata? Elas passam a pata na boca e depois na antena? Onde
estão as larvas? É só uma formiga que anda com elas ou as outras à volta tentam também pegar-
lhes?

2. Como reagem as formigas às variações da exposição à luz?

Material: Formigueiro, pano escuro.

Para responder a esta questão pode tapar-se temporariamente parte do formigueiro com um
pano, para que não receba luz, e observar a movimentação das formigas.

Resultados experimentais e principais conclusões (O que observamos?):


As formigas vão deslocar-se preferencialmente para a zona não exposta à luz. Quando se
destapa a parte do formigueiro que esteve às escuras durante algum tempo, expondo-o à luz, as
formigas vão automaticamente reagir, tornando-se mais ativas.
Os formigueiros são construídos dentro da terra ou de árvores, permanecendo sempre no
escuro. Apesar das formigas não terem medo da luz, pois vêm ao exterior em busca de comida, a
presença da mesma no formigueiro indica que este está exposto (foi escavado, a árvore partiu) e
origina comportamentos defensivos, levando as formigas a carregarem as larvas e ovos e
procurarem de novo o escuro.

3. Como reagem as formigas às variações de temperatura?

Material: Formigueiro, Caixas de Petri grandes, Micro-ondas, Frigorífico.

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Para responder a esta questão pode colocar-se sobre cada metade do formigueiro uma caixa de
Petri previamente aquecida (micro-ondas) versus uma caixa de Petri previamente arrefecida
(frigorífico). Observar depois a movimentação das formigas.

Resultados experimentais e principais conclusões (o que observamos?):


Sendo animais ectotérmicos (ou seja, a temperatura interna do corpo varia de acordo com a
temperatura do ambiente), as formigas deslocar-se-ão preferencialmente para a zona aquecida,
aumentando o seu metabolismo.

4. Como reagem as formigas às vibrações?

Material: Formigueiro, pinça.

Com a pinça ou outro objeto causar perturbação no formigueiro, batendo com o objeto
escolhido no vidro protetor. Quando batemos com o objeto produzimos vibrações (por exemplo,
um som alto ou batimentos) que colocam as formigas em estado de alerta, tornando-as mais
ativas e levando-as a circularem de forma desordenada para depois se voltarem a aproximar
quando as vibrações param.

Resultados experimentais e principais conclusões (o que observamos?):


À semelhança do que acontece com a exposição repentina à luz na atividade anterior, quando
sujeitas a uma vibração, as formigas vão reagir, tornando-se mais ativas. Na natureza a
existência de vibrações fortes pode indicar a presença de uma perturbação no formigueiro,
como por exemplo um predador. Esse tipo de perturbação origina comportamentos defensivos,
mas também comportamentos agressivos, em que é dado o sinal de alarme. Em espécies
arborícolas, como por exemplo Crematogaster scutelaris, bater na árvore onde está o
formigueiro, de forma rápida e ritmada, leva à saída de milhares de formigas que se colocam em
posição de ataque, com o abdómen levantado e o ferrão com uma pequena gota de veneno,
prontas a defender a colónia.

5. Que alimentos preferem as formigas?

Material: Formigueiro, pinça, lupa de mão, diferentes alimentos.

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Com a ajuda da pinça colocar dentro da caixa da alimentação do formigueiro vários tipos de
alimentos e observar qual deles é preferido pela(s) espécie(s) em causa.
Exemplo de alguns tipos de comida: Fruta (uvas ou maçã), sementes (alpista, girassol ou trigo),
bolachas, delícias do mar, …

Resultados experimentais e principais conclusões (o que observamos?):


Cada espécie está adaptada a um determinado tipo de habitat e alimentação. Da alimentação
fazem sempre parte uma fonte de proteínas e uma de açúcares. A parte proteica pode ser de
origem animal (insetos e outros pequenos artrópodes) ou de origem vegetal (sementes) e é
crucial para o desenvolvimento das larvas e para a dieta da rainha. A parte açucarada
(energética) é de origem vegetal (néctares e/ou seiva de plantas) e fornece energia à colónia.

6. A cor dos alimentos tem influência na preferência das formigas?

Material: Formigueiro, pinça, caixa de Petri, soluções açucaradas e coradas de diferentes cores.

Podem individualizar-se algumas formigas numa caixa de Petri com soluções idênticas, mas
coradas com diferentes cores. Vão demonstrar preferência por alguma delas?

Resultados experimentais e principais conclusões (o que observamos?):


A cor da solução não deve influenciar a escolha das formigas.
A cor da solução pode no entanto melhorar a observação do papo, que toma também o nome
de estômago social, por ser o local utilizado para armazenar temporariamente alimento antes de
transferi-lo para outras formigas (por trofalaxia).
A superfície do olho composto é formada por um mosaico de facetas hexagonais, que permitem
a entrada da luz para cada omatídeo; este tem o aspeto de uma lente que direciona a luz sobre
células recetoras, chamadas células reticulares. Essas células possuem rodopsinas, possuindo
assim, a capacidade de captar luz. Partindo do princípio que cada omatídeo do olho composto
está direcionado a um lugar diferente do campo visual, somente imagens sem detalhes ou
descontínuas podem ser conduzidas dos olhos compostos ao Sistema Nervoso Central.

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7. Como se comportam as formigas perante um obstáculo? 1

Material: Formigueiro, alimento, moeda (ou anilha).

É necessário formar um carreiro de formigas, por exemplo, em busca de alimento. Depois do


carreiro construído, pode colocar-se uma moeda como obstáculo e deslocá-lo progressivamente.
No final, o objeto pode ser removido.
A atividade não é muito fácil de executar em pouco tempo. A única forma de o fazer, será
colocar previamente um monte de sementes num canto da caixa de alimentação das Messor e
esperar que elas comecem a carregar para dentro do terrário.

Resultados experimentais e principais conclusões (o que observamos?):


Quando uma colónia procura alimento, as formigas exploram as vizinhanças do formigueiro de
forma casual. Neste movimento as formigas deixam um trilho químico de feromonas no solo.
Durante a viagem de regresso a quantidade de feromona depositada no caminho pode depender
da qualidade e da quantidade do alimento encontrado. Estas feromonas permitem que outras
formigas detetem e sigam o caminho até ao alimento através do olfato. Ao seguirem o percurso
estas formigas vão depositando mais feromonas neste trilho, acumulando-se mais feromona nos
caminhos com mais e melhor alimento. De uma forma geral, as formigas tendem a escolher
preferencialmente percursos marcados com grandes concentrações de feromonas, uma vez que
caminhos fortemente marcados promovem uma melhor orientação e constituem um estímulo.
Ao colocar um obstáculo, por exemplo uma moeda sobre uma porção do carreiro seguido pelas
formigas, elas tendem a contornar a moeda pelo lado mais próximo do caminho que seguiam.
Quando o obstáculo é deslocado progressivamente no sentido do carreiro, as formigas
continuam a contornar o objeto. O percurso é cada vez mais longo, afastando-se cada vez mais
do trilho inicial. Quando se retira o obstáculo, as formigas continuam como se a moeda existisse.
O odor existente no solo deixado pelas formigas que anteriormente descreveram o trilho é
suficiente para guiar as formigas que descrevem posteriormente o caminho entre o alimento e o
formigueiro.
Esta experiência é mais complicada de executar com as Cruentatus, que geralmente não formam
carreiros definidos. Cada indivíduo sai do formigueiro e percorre as proximidades em busca de
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Adaptado de Silva, P. (2007). Experiências em educação não formal em Física. Departamento de Física. Universidade
de Aveiro.

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alimento sozinho. Na eventualidade do recurso ser abundante (um inseto grande, por exemplo)
elas regressam ao formigueiro para recrutar mais obreiras para ajudar.

8. Reconhecimento entre espécies e testes de agressividade

Material: 2 Formigueiros com formigas da mesma espécie e 1 formigueiro com formigas de uma
espécie diferente, caixas de Petri.

Como reagem as formigas na presença de indivíduos de espécies diferentes?


Como reagem na presença de indivíduos da mesma espécie, mas de outro formigueiro?
Esta experiência pode ser feita facilmente individualizando as formigas numa caixa de Petri.

Resultados experimentais e principais conclusões (o que observamos?):


Quando se juntam formigas de espécies diferentes ou mesmo formigas da mesma espécie, mas
de outro formigueiro, elas não se reconhecem e lutam entre si.
Na natureza as colónias competem por espaço e alimento. Se duas formigas de colónias
diferentes se encontram pode ocorrer o confronto, pois não se reconhecem como pertencendo
à mesma colónia. Esse reconhecimento é feito através de toques de antenas em que é
interpretado o “cheiro” de cada uma. Esse cheiro é determinado pelo património genético e é
partilhado por todas as obreiras da colónia.
No final da experiência, pode tentar perceber-se também a libertação de ácido fórmico.

Vídeos demonstrativos:
http://www.youtube.com/watch?v=EKP5y1QQR3M&list=PL156A2699898C2E8F
http://www.youtube.com/watch?v=iz8KJSFd6W0&list=PL156A2699898C2E8F

Nota: Pela sua complexidade, as atividades 6, 7 e 8 não são realizadas com alunos na ECV.

No final da atividade, deve ainda ser discutido com os alunos a importância e algumas das vantagens
adaptativas dos insetos, com particular ênfase nas formigas.

SUGESTÃO PARA ATIVIDADES DE FOLLOW-UP (A DESENVOLVER NA ESCOLA):

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 Quantas formas têm os insetos
Escolha com os alunos uma das possíveis técnicas de amostragem de insetos e proceda à recolha de
uma amostra num local pré-definido.
Sugere-se a construção de um aspirador entomológico muito útil na captura de insetos pequenos
pousados na vegetação. Pode ser construído com os seguintes materiais: uma caixa de plástico, dois
tubos de plástico (um maior e outro mais pequeno) que se inserem no fundo e na tampa da caixa. A
entrada do tubo mais pequeno deve ser coberta com uma gaze ou rede para evitar a sução dos
insetos.
Os insetos recolhidos devem ser observados à lupa binocular no laboratório e separados em grupos
de acordo com as suas semelhanças. Dependendo do nível de ensino, pode posteriormente
proceder-se à classificação dos insetos até à ordem (ou nalgum casos até à espécie) recorrendo a
guias de identificação e chaves dicotómicas.
Cada grupo deve pensar na forma de organizar os seus registos (sob a forma de desenhos, gráficos,
tabelas, etc.) com o objectivo de comunicar os resultados – grupos de insetos identificados. O
trabalho deve ser cooperativo, mas cada aluno deve fazer os seus próprios registos.

 Vamos construir um formigueiro


Construa um terrário e complemente a atividade com outros testes e registos de observação, de
acordo com o interesse dos alunos. Explore a influência de fatores bióticos, abióticos e sociais.
1. Faça uma margem no vidro com cerca de 1 cm.
2. Molde argila (ou barro) sobre um vidro de 15 x 20 cm, sem ultrapassar a margem anteriormente
delimitada (Figura 1). O padrão moldado é aleatório e resultará nas galerias para a passagem
das formigas.
3. Insira um tubo plástico numa das extremidades da argila, voltado para fora. O tubo deve ficar
alinhado com a extremidade do vidro sem que a parte inferior lhe toque.
4. Coloque o vidro com a argila dentro do molde de madeira e preencha com cimento (Figura 2).
Pode introduzir 3 tampas de plástico sobre o cimento para servir de apoio. Deixe o cimento
secar (Figura 3).
5. Depois de seco, coloque o molde com o cimento dentro de água durante 24 horas. Retire e
deixe secar.
6. Retire o molde de madeira, e depois o tubo plástico e o vidro (cuidado para não de partir).
7. Debaixo de água corrente, e de forma a desobstruir as galerias, destaque a argila com a ajuda
de uma escova de dentes (Figura 4).

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8. Deixe secar novamente o cimento e volte a colocar o vidro, agora limpo. Fixe-o ao cimento com
fita adesiva.
9. Ligue o terrário à caixa de plástico com tubo transparente (aproximadamente 15 cm). Coloque
uma extremidade do tubo no orifício do terrário e a outra na caixa de plástico que servirá de
alimentador (Figura 5). A caixa deve ter uma tampa com um orifício para permitir a entrada de
ar. Deve untar-se ligeiramente com azeite ao redor do orifício para impedir a saída de formigas.
10. O passo seguinte é ocupar o formigueiro com as formigas. Sugere-se que os alunos pensem e
pesquisem previamente como poderão iniciar o seu formigueiro. Para tal, pode recolher-se no
campo uma rainha. No entanto, este procedimento exige alguma prática de identificação. Uma
alternativa é encontrar um formigueiro no campo, recolher uma porção da terra com as
formigas e colocar tudo dentro da caixa de plástico na tentativa de ter recolhido a rainha.
Passado pouco tempo, as formigas vão ocupar as galerias do terrário de acordo com a sua
preferência.
Figura 1 Figura 2 Figura 3

Figura 4 Figura 5

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