Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
D O Empirismo À Ciência: Aevolução Doconhecimentode Enfermagem
D O Empirismo À Ciência: Aevolução Doconhecimentode Enfermagem
Margareth Angelo**
Hideko Takeuchi Forcella**
Ilza Marlene Kuae Fukuda**
U N I T E R M O S : H i s t ó r i a da E n f e r m a g e m . E x e r c í c i o da Enfermagem.
Educação em Enfermagem.
* T r a b a l h o a p r e s e n t a d o n o 4º E N F T E C , 1994
** E n f e r m e i r a . Professor D o u t o r d o D e p a r t a m e n t o d e E n f e r m a g e m M a t e r n o - I n f a n t i l e Psiquiátrica da
E s c o l a d e E n f e r m a g e m da U n i v e r s i d a d e de São Paulo. Coordenadora do Centro Histórico-
Cultural da E n f e r m a g e m Ibero-Americana
A p r e s e n t a r e m o s , p o r t a n t o , a l g u n s a s p e c t o s d a H i s t ó r i a da E n f e r m a -
g e m , n o s e n t i d o d e c a r a c t e r i z a r as m a n e i r a s c o m p l e x a s c o m q u e as p e s s o a s e
as i d é i a s d o p a s s a d o t ê m i n f l u e n c i a d o n o s s o p r e s e n t e .
C o m o intuito de associar a história ao c o n h e c i m e n t o de Enfermagem,
e s t a b e l e c e m o s u m a d i v i s ã o p o r fases q u e n o r t e a r ã o o d e s e n v o l v i m e n t o da
profissão e do profissional.
II A E V O L U Ç Ã O D A E N F E R M A G E M
a
I F a s e : O i n i c i o d a E n f e r m a g e m : " A M a i s A n t i g a das Artes"
A E n f e r m a g e m s u r g i u c o m o r e s p o s t a i n t u i t i v a a o d e s e j o d e m a n t e r as
pessoas saudáveis, c o m o t a m b é m de p r o p o r c i o n a r conforto, c u i d a d o e prote-
ç ã o ao doente. Esta resposta e m a n o u de certas mulheres que p r o v a r a m ser
particularmente aptas em proporcionar um ambiente doméstico saudável,
p r o t e g e n d o c r i a n ç a s e c u i d a n d o dos v e l h o s e dos outros m e m b r o s da família.
O c u i d a d o é p a r t e integral da v i d a h u m a n a e está c o n t i d o nas raízes da
história das mulheres, pois é ao redor do c u i d a d o que a principal parte do
d e s t i n o d a s m u l h e r e s foi t e c i d a . A H i s t ó r i a d a E n f e r m a g e m é s e m p r e r e f e r i -
da c o m o u m e p i s ó d i o na história mulher.
A t r a v é s da história c o u b e à m u l h e r a responsabilidade de assegurar a
c o n t i n u i d a d e d a v i d a , l i d a n d o c o m o s a s p e c t o s d a v i d a r e l a c i o n a d o s à fertili-
dade, c o m o cuidar dos recém-nascidos e de suas mães. e p r o m o v e r o cresci-
m e n t o e o d e s e n v o l v i m e n t o de crianças. Estando a morte ligada ao nasci-
m e n t o , as m u l h e r e s o c u p a v a m - s e d o s d o e n t e s , m a s n ã o d o s f e r i d o s p o i s e s t a
era r e s p o n s a b i l i d a d e dos h o m e n s , que d e s e n v o l v e r a m habilidades de tratar
de lesões n o corpo, e d e s e n v o l v e r atividades de caça e guerra q u e lhes cabia.
A l é m d o s d o e n t e s c a b i a às m u l h e r e s c u i d a r d o s v e l h o s o u d o s q u e e s t a v a m
morrendo.
A i n d a q u e e s t a s f o s s e m r e s p o n s a b i l i d a d e s d e t o d a s as m u l h e r e s , a l g u -
m a s e r a m m a i s a p t a s d o q u e o u t r a s p a r a l i d a r e m c o m as p e s s o a s e m s u a s
crises pessoais e familiares.
A s s i m , o p a p e l d e " e n f e r m e i r a " e r a a s s u m i d o n ã o p o r t o d a s as m u l h e -
res, m a s p o r a q u e l a s q u e p o s s u í a m o real d e s e j o e h a b i l i d a d e p a r a cuidar.
D u r a n t e o s p e r í o d o s e m q u e as m u l h e r e s e s t a v a m r e s t r i t a s a o lar p o r
c o n v e n ç õ e s sociais e suas ações limitadas à vida familiar, a e n f e r m a g e m tam-
bém p o d e ser caracterizada c o m o sendo uma arte doméstica.
As p r i m e i r a s e n f e r m e i r a s e r a m g e n e r a l i s t a s i n d e p e n d e n t e s , q u e
possuíam a liberdade de ação para serem tão criativas quanto suas habilida-
des intelectuais e p e s s o a i s p e r m i t i s s e m . E m b o r a s u a s respostas iniciais fos-
s e m i n t u i t i v a s , o s a b e r foi c o n s t r u í d o a t r a v é s da s o l u ç ã o d o s p r o b l e m a s e m e r -
gentes e assim um corpo de c o n h e c i m e n t o s g r a d u a l m e n t e se d e s e n v o l v e u e
expandiu.
Intuitivamente, a "enfermeira" buscava alimentos para c o m p o r u m a
d i e t a o m a i s b a l a n c e a d a p o s s í v e l p a r a as p e s s o a s q u e c u i d a v a . N e s s e p r o c e s -
so, ela d e s c o b r i u q u e c e r t o s a l i m e n t o s p r o v o c a v a m r e a ç õ e s c o m o v ô m i t o e
diarréia, e q u e t a m b é m era possível extrair i n g r e d i e n t e s m e d i c i n a i s de se-
mentes, folhas, raízes, ervas. O c o n h e c i m e n t o d e s e n v o l v i d o pela m u l h e r so-
b r e p l a n t a s e c o m o u t i l i z á - l a s n a a l i m e n t a ç ã o e c o m o r e c u r s o m e d i c i n a l , for-
m a v a m p a r t e de seus métodos pessoais de cuidar.
O c o n h e c i m e n t o que estas m u l h e r e s d e s e n v o l v i a m e a c u m u l a v a m so-
bre saúde e experiências de vida, eram ensinados para outras mulheres que
d e m o n s t r a v a m m o t i v a ç ã o p a r a cuidar. A s s i m , ainda q u e o r a l m e n t e , a tradi-
ç ã o d o c u i d a r foi e x p a n d i d a d e g e r a ç ã o p a r a g e r a ç ã o .
O l h a n d o p a r a o passado, v e m o s esta figura de m u l h e r q u e além de
d e s e m p e n h a r os d e v e r e s d e e n f e r m e i r a , d e s e m p e n h a v a o u t r o s t a m b é m c o m o
os d e n u t r i c i o n i s t a , f a r m a c ê u t i c a , a s s i s t e n t e s o c i a l e f i s i o t e r a p e u t a . È i m p o r -
t a n t e d e s t a c a r q u e estas raízes c u l t u r a i s d e c u i d a d o r e l a c i o n a d a s ás p r á t i c a s
das m u l h e r e s , com seu c o n h e c i m e n t o intuitivo (empírico), s ã o o r i g e m n ã o só
da e n f e r m a g e m , m a s t a m b é m d e o u t r a s p r o f i s s õ e s c o m o a f a r m a c o l o g i a e a
agricultura. A s s i m era d e s e n v o l v i d a a e n f e r m a g e m , até o a d v e n t o d e u m a
n o v a fase.
a
2 Fase. "Da E p w a Sombria ao Renascimento"
a
3 F a s e : " U m a N o v a Profissão"
a
4 F a s e : " A C o n q u i s t a da Identidade"
F l o r e n c e N i g h t i n g a l e e l e v o u a e n f e r m a g e m na o p i n i ã o p ú b l i c a o m a i s
d o q u e n i n g u ó m . foi r e s p o n s á v e l p e l a c o n c r e t i z a ç ã o d o c o n c e i t o d e e n f e r m e i -
ra t r e i n a d a . E s t o s u c e s s o foi d e v i d o p r i n c i p a l m e n t e à s u a d e t e r m i n a ç ã o , m a s
t a m b ó m em p a r t e a o fato de q u e suas idóias c o i n c i d i a m c o m a e m a n c i p a ç ã o
da m u l h e r . E m b o r a , ela própria, evitasse e n v o l v e r - s e n o m o v i m e n t o feminis-
ta, i n s i s t i a q u e as m u l h e r e s t i n h a m o d i r e i t o d e s e r e m e d u c a d a s .
A o e s t a b e l e c e r a e n f e r m a g e m c o m o u m a p r o f i s s ã o , ela a b r i u u m g r a n -
d e c a m p o p a r a as m u l h e r e s q u e g r a d u a l m e n t e a t i n g i r a m m a i s l i b e r d a d e .
O t r a b a l h o d e F l o r e n c e , a o f u n d a r s u a e s c o l a d e e n f e r m a g e m na I n g l a -
t e r r a , t o r n o u - s e b a s t a n t e c o n h e c i d o na A m é r i c a . *Já há a l g u m t e m p o , o u t r a s
pessoas partilhavam do sua visão do que uma melhor e n f e r m a g e m poderia
ser obtida por mulheres educadas.
Nos Estados Unidos o trabalho educacional de Florence Nightingale o
a g u e r r a civil, focalizaram a a t e n ç ã o para a n e c e s s i d a d e de enfermeiras o
para a i m p o r t a n c i a de um sistema educacional no qual p u d e s s e m ser propa-
radas.
E m 18(5Í) a A s s o c i a ç ã o M ó d i c a A m e r i c a n a r e c o m e n d o u q u e a e n f e r m a -
g e m f o s s o c o l o c a d a s o b o c o n t r o l e da m e d i c i n a . P r o p o n d o , a i n d a , q u e d e v e r i a
1
h a v e r u m a e s c o l a p a r a t r e i n a m e n t o d o e n f e r m e i r a s em c a d a g r a n d e h o s p i t a l ,
n ã o s o m e n t e p a r a a t e n d e r as d e m a n d a s d o h o s p i t a l , m a s t a m b ó m p a r a trei-
nar enfermeiras p a r a c u i d a r e m de famílias em s u a s casas.
Estas r e c o m e n d a ç õ e s , n o entanto, não foram adotadas.
A idóia de enfermeira treinada v i n h a g r a d a t i v a m e n t e s e n d o substituí-
da pela n e c e s s i d a d e d e e n f e r m e i r a profissional q u e seria f o r m a d a p o r um
p r o g r a m a educacional bem planejado, com um corpo específico do conheci-
m e n t o , diferente d o c o n t e ú d o da m e d i c i n a . Este c o n h e c i m e n t o seria o b t i d o
n u m a instituição educacional, ao invós de uma instituição voltada para o
serviço.
A f i n a l i z a ç ã o d o t r e i n a m e n t o r e s u l t a r i a na o b t e n ç ã o d e g r a u a c a d ê m i -
co o um certificado profissional. Este seria o c a m i n h o para. de u m a vez. a
e n f e r m a g e m estabelecer sua p o s i ç ã o na sociedade.
Até o e s t a b e l e c i m e n t o das primeiras escolas formais p a r a enfermeiras,
as p e s s o a s e n v o l v i d a s n o c u i d a d o d e d o e n t e s r e c e b i a m a u l a s o c a s i o n a i s d e
médicos, o que não consistia em instrução organizada, mas informações sim-
ples e isoladas p a r a realizar o c u i d a d o aos doentes.
As irmandades católicas dispunham de um preparo mais organizado,
restrito aos m e m b r o s da o r d e m .
O i n t e r e s s e na e d u c a ç ã o d e e n f e r m a g e m era g r a n d e e c u l m i n o u c o m o
a p a r e c i m e n t o d e e s c o l a s , e m 1 8 7 3 , e m N o v a Y o r k , B o s t o n e N e w H a v e n , ini-
cialmente baseadas no m o d e l o Nightingale, mas que p o r força das circuns-
tâncias foram levadas a seguir um c a m i n h o diferente.
O s i s t e m a d e e n s i n o n ã o t i n h a f o r ç a , e a i n d a q u e as e s c o l a s t e n h a m
sido criadas independentemente de hospitais, os hospitais descobriram que
as e s c o l a s p o d e r i a m s e r c r i a d a s p a r a s e r v i r as s u a s n e c e s s i d a d e s . A s s i m o
cuidado de enfermagem tornou-se o principal p r o d u t o dispensado pelos hos-
p i t a i s , e a f u n ç ã o real d a s e s c o l a s d e e n f e r m a g e m , d e i x o u d e s e r a e d u c a ç ã o ,
para atender ao serviço.
Além disso, n e n h u m a norma para controle do n ú m e r o de escolas de
e n f e r m a g e m o u d e p a d r õ e s d e a d m i s s ã o e g r a d u a ç ã o foi e s t a b e l e c i d o , o q u e
resultou n u m a proliferação de escolas de e n f e r m a g e m sob o c o n t r o l e e dire-
ção geral d o hospital.
N u m a época em que o c o n c e i t o de q u e na u n i d a d e havia força, c o n c e i t o
este s e g u i d o pela indústria e grupos sociais e políticos, a e n f e r m a g e m passa
t a m b é m a d e s e n v o l v e r u m a c o n s c i ê n c i a de g r u p o , o q u e resultou na forma-
ção de organizações oficiais.
U m a d a s p r i m e i r a s o r g a n i z a ç õ e s foi u m a a s s o c i a ç ã o d e e n f e r m e i r o s
graduados (1890) que depois passou a ser d e n o m i n a d a A s s o c i a ç ã o America-
na d e E n f e r m a g e m ( 1 9 1 1 ) .
A s e n f e r m e i r a s h a v i a m s e n t i d o a n e c e s s i d a d e d e d e s e n v o l v e r s u a in-
fluência, r e c o n h e c e n d o a urgência de trabalharem c o l e t i v a m e n t e p a r a con-
t r o l a r e e l e v a r as e s c o l a s d e e n f e r m a g e m e p r o v e r p r o f e s s o r e s q u a l i f i c a d o s
para o sistema de e n f e r m a g e m p o d e r sobreviver e crescer.
A v i s ã o de F l o r e n c e N i g h t i n g a l e influenciou a i d e n t i d a d e da Enferma-
gem e c o n s e q ü e n t e m e n t e o seu ensino, em p r a t i c a m e n t e todos os c o n t i n e n -
tes, a i n d a n o s é c u l o 19. N o B r a s i l , a s u a i n f l u ê n c i a t e v e i n í c i o n a d é c a d a d e
1920.
A e n f e r m a g e m deixa o t r e i n a m e n t o ocasional para os s e r v i ç o s hospita-
lares e e n t r a n o s é c u l o 20. c o m u m a i d e n t i d a d e estabelecida, r e s u l t a n t e d e
e d u c a ç ã o b a s e a d a em c o n t e ú d o e s p e c í f i c o de e n f e r m a g e m e fortalecida pelas
organizações criadas, que passaram a desenvolver recomendações relevan-
tes a o s p a d r õ e s e d u c a c i o n a i s e d a p r á t i c a .
a
5 F a s e : " A B u s c a da A u t o n o m i a "
E m m e a d o s d e 1800, F l o r e n c e N i g h t i n g a l e j á e x p r e s s a v a s u a f i r m e c o n -
vicção de que a enfermagem necessitava de c o n h e c i m e n t o distinto do conhe-
cimento médico.
E m c o n s e q ü ê n c i a da m e l h o r o r g a n i z a ç ã o d o e n s i n o de e n f e r m a g e m , a
literatura de e n f e r m a g e m passa a se expandir. Há u m g r a n d e a u m e n t o de
l i v r o s t e x t o s e d e r e f e r ê n c i a , s e n d o a l g u n s p r o d u z i d o s p e l a s e n f e r m e i r a s , in-
dividualmente ou através de suas organizações.
O p r i m e i r o l i v r o a m e r i c a n o d e e n f e r m a g e m foi p u b l i c a d o e m 1 8 8 5 , e
em 1930 h a v i a a p r o x i m a d a m e n t e 700 livros p a r a enfermeiras.
As revistas t a m b é m se fizeram necessárias c o m o meios de c o m u n i c a -
ç ã o e n t r e a s e n f e r m e i r a s d e v á r i o s l o c a i s . A s s i m , e m 1 9 0 0 foi e d i t a d o o p r i -
meiro n ú m e r o d o "American Journal of Nursing".
A t é a d é c a d a de 50, neste s é c u l o 20, a prática de e n f e r m a g e m era
baseada em regras, princípios e tradições passados através de e d u c a ç ã o e
senso c o m u m , conseqüentes de anos de experiência.
A e n f e r m a g e m c o m e ç a a e m e r g i r c o m o ciência n o m u n d o á partir dos
anos 50. Em 1952 é p u b l i c a d a u m a revista " N u r s i n g Research" e s p e c i a l m e n -
t e d e s t i n a d a a s e r v e í c u l o p a r a c o m u n i c a ç ã o d o s e s t u d o s r e l a c i o n a d o s à en-
fermagem.
A pesquisa em enfermagem é nova e antiga ao m e s m o tempo. Florence
N i g h t i n g a l e foi t a m b é m a p r i m e i r a " e n f e r m e i r a p e s q u i s a d o r a " , u m a v e z q u e
suas reformas na e n f e r m a g e m foram baseadas em c u i d a d o s a s investigações.
E m 1 8 5 8 , F l o r e n c e N i g h t i n g a l e foi e l e i t a m e m b r o d a s o c i e d a d e real d e
e s t a t í s t i c a ( I n g l a t e r r a ) e e m 1874. m e m b r o h o n o r á r i o d a S o c i e d a d e A m e r i c a -
na d e Estatística, p o r ter s i d o p i o n e i r a n o m é t o d o g r á f i c o de a p r e s e n t a ç ã o de
registros hospitalares, tabelas corretas de mortalidade e uma classificação
lógica de d o e n ç a s .
E m b o r a a tradição de N i g h t i n g a l e de c o m o fazer e ensinar enferma-
g e m tenha sido transmitida para o m u n d o , sua a b o r d a g e m e u s o de pesquisa
n ã o o foi. A a t m o s f e r a d o s a m b i e n t e s d e e n s i n o e d e s e r v i ç o o n d e p r e v a l e c i a
u m a disciplina rígida e obediência inquestionável, em nada favoreciam men-
tes i n q u i r i d o r a s . A l é m d i s s o , e s t e s a m b i e n t e s n ã o c o n d u z i a m p a r a a p e s q u i -
s a e n e m e r a m as e n f e r m e i r a s p r e p a r a d a s p a r a tais h a b i l i d a d e s .
E n t r e t a n t o , a n e c e s s i d a d e p a r a p e s q u i s a r foi r e c o n h e c i d a e o c a m i n h o
para gerar novos conhecimentos para a enfermagem e o cuidado começou a
ser trilhado.
A p e n a s na d é c a d a de 50, ou seja, q u a s e 90 anos após F l o r e n c e
N i g h t i n g a l e ter a p r e s e n t a d o sua d e f i n i ç ã o e teoria d e e n f e r m a g e m , os enfer-
meiros iniciaram intensos esforços p a r a d e s e n v o l v e r , articular e testar teo-
rias d e e n f e r m a g e m .
O p r o g r e s s o nos estudos e no d e s e n v o l v i m e n t o de teorias de enferma-
g e m é u m a s p e c t o s i g n i f i c a t i v o na e v o l u ç ã o da e n f e r m a g e m e o f u n d a m e n t o
para afirmar-se c o m o disciplina autônoma.
O d e s e n v o l v i m e n t o d e t e o r i a s r e v e l o u - s e u m m e i o d e e s t a b e l e c e r a en-
f e r m a g e m c o m o p r o f i s s ã o e é i n e r e n t e a o i n t e r e s s e d o s e n f e r m e i r o s e m defi-
nir u m c o r p o d e c o n h e c i m e n t o p r ó p r i o d e e n f e r m a g e m .
A p r o d u ç ã o e a utilização do c o n h e c i m e n t o específico, p r o d u z i d o pelos
p r ó p r i o s e n f e r m e i r o s , têm a j u d a d o a definir e d i r e c i o n a r a profissão, a esta-
belecer a evolução, o c a m i n h o a ser p e r c o r r i d o p e l o enfermeiro, em sua histó-
ria p e s s o a l .
a
6 Fase: "A Evolução do Enfermeiro"
("orno v i m o s , a m a n e i r a c o m o o c o n h e c i m e n t o d e e n f e r m a g e m foi
construído c o m o profissão, com identidade estabelecida e que v e m realizan-
do significativos progressos em direção ã sua autonomia, u m a v e z que possui
u m c o r p o d e c o n h e c i m e n t o p r ó p r i o e a c a d a d i a s e t o r n a m a i s c o m p l e t o na
c a p a c i d a d e de explicar o f e n ô m e n o do cuidar em e n f e r m a g e m .
E s t e m o v i m e n t o d a e n f e r m a g e m foi p o s s í v e l p o r q u e p e s s o a s , a l g u m a s
c o n h e c i d a s p o r nós, o u t r a s a n ô n i m a s , c o m p r o m e t e r a m - s e ou e r a m a p a i x o n a -
d a s p e l o q u e f a z i a m . E é d e v i d o às s u a s m e n t e s i n q u i r i d o r a s , m o t i v a ç ã o e
trabalho que resultaram em certos p e n s a m e n t o s e ações, que temos suporte
p a r a r e f e r i r m o - n o s h o j e , s o b r e a c i ê n c i a da e n f e r m a g e m .
A h i s t ó r i a r e v e l o u o d e s e n v o l v i m e n t o da p r o f i s s ã o c o m o u m p r o c e s s o ,
u m c o n s t a n t e vir a ser. A s s i m sendo, a e n f e r m a g e m d e p e n d e d a q u e l e s que a
v i v e m e da m a n e i r a c o m o a v i v e m .
E tal c o m o a e n f e r m a g e m , o d e s e n v o l v i m e n t o d o p r o f i s s i o n a l p o d e s e r
t a m b é m v i s t o c o m o t e n d o os m e s m o s q u a t r o e l e m e n t o s ; a m o t i v a ç ã o q u e nos
leva a s e n t i r q u e este é o c a m i n h o q u e desejamos trilhar, o inicio na profissão
q u e p o d e ser c a r a c t e r i z a d o p e l o c o n h e c i m e n t o o b t i d o nas escolas d e gra-
duação, que nos confere nossa identidade de enfermeiros e o início d o traba-
l h o e m e n f e r m a g e m . Q u a n t o à a u t o n o m i a , e s t a m a i s d o q u e as a n t e r i o r e s ,
e s t á n a s m ã o s d e c a d a p r o f i s s i o n a l , q u e d e v e r á c o n s t r u í - l a p a r a si m e s m o ,
q u a n d o aplica c o n h e c i m e n t o s n o seu c o t i d i a n o ou vai além p r o p o n d o n o v a s
A N G E L O . M . et al. F r o m the empiricism to the science: the evolution of the nursing
knowledge. R e v . E s c . E n f . USP. v 2 9 , n . 2 . p . 2 1 1 - 2 3 . aug 1995
The aim of this paper is to show the evolution of the nursing knowledge. Some
relations with the nursing history are purposed, in order to indicate the ways the
people and ideas of today in nursing was influenced by the past. The authors make a
correlation between the development of the nursing as profession and of the nurse as
profissional.
BULLOUGH. V.L.; BULLOUGH. The emergence of modern nursing 2 ed. London. McMillan
Co.. 1969.
C O L L I E R E , M.F. I n v i s i b l e c a r e a n d i n s i b l e w o m e n a s h e a l t h c a r e - p r o v i d e r s . I n t . J. Nurs.
S t u d . , v. 2 3 . n. 2 . p 9 5 - 1 1 2 . 1986
D O L A N . I.A.; F I T Z P A T R I C K . M . L . : H E R R M A N N . E.K. N u r s i n g in S o c i e t y : a h i s t o n c o l
p e r s p e c t i v e . 15 ed. P h i l a d e l p h i a . Saunders. 1983
HAMILTON. D.B. T h e i d e a o f h i s t o r y a n d t h e h i s t o r y o f i d e a s . I m a g e , v 2 5 . n . 1. p . 4 5 - 8 .
1993.
K I D D . . P.; M O R R I S O N , E . F . T h e p r o g r e s s i o n o f k n o w l e d g e in n u r s i n g : a s s e a r c h f o r m e a n i n g .
I m a g e , v . 2 0 . n. 4 . p . 2 2 2 - 2 4 . 1 9 8 8 .
P E P I N . J.I. F a m i l y c o r i n g a n d c o r i n g in n u r s i n g . I m a g e , v. 2 4 . n. 2 . p . 1 2 7 - 3 1 . 1 9 9 2 .
T H O M P S O N , J. L . P r a c t i c d d i s c o u r s e in n u r s i n g : g o i n g b e y o n d e x p i r i c i s m a n d historicism
A d v . N u r s . S c . . v . 7, n. 4 . p 59-71. 1985