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- FATEC SP -
LAJES DE
CONCRETO
2016
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Evolução Histórica das Lajes
As lajes são elementos que remetem à antiguidade. Sua constituição variou conforme a evolução
dos materiais.
Um dos mais antigos registros do uso de lajes é de 2575 a.C. a 2134 a.C., na pirâmide de Kéfren
no Egito. A laje cobria uma das câmaras da pirâmide e possuía rasgos horizontais para
iluminação e ventilação.
Também há relatos históricos de 605 a.C. a 562 a.C. do uso de lajes de pedra como separação
de pavimentos nos jardins suspensos da Babilônia.
Estes exemplos ilustram a importância das lajes e sua utilização desde a antiguidade.
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Definição
Segundo a NBR 6118:2014, podemos definir lajes como “elementos de superfície plana
sujeitos principalmente a ações normais a seu plano”.
Lajes podem ser definidas também como elementos planos bidimensionais que se
destinam a receber a maior parte das ações aplicadas na construção, os mais variados tipos de
carga que podem existir em função da finalidade arquitetônica do espaço que a laje faz parte.
Outra definição que podemos ter é que lajes são elementos planos das edificações
(horizontais ou inclinados), de estrutura monolítica e espessura relativamente pequena e que
são caracterizados por duas dimensões: sua largura e seu comprimento, predominantes em
relação à sua altura e servem para separar os diversos pisos de um edifício.
As ações nas lajes são normais ao seu plano e são normalmente transmitidas para as
vigas de apoio nas bordas da laje, mas eventualmente podem ser transmitidas diretamente aos
pilares.
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Tipos de Lajes
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Laje “lisa”
São aquelas que se apoiam diretamente nos pilares.
Laje “cogumelo”
São aquelas que se apoiam nos pilares através de capitéis.
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Laje maciça em concreto armado
São lajes executadas em concreto armado convencional.
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Lajes pré-moldadas
São lajes pré-moldadas (ou pré-executada) todas aquelas cujas partes constituintes são
fabricadas em larga escala por indústrias, sendo montada na obra. Podem ser de vigotas pré-
moldadas com blocos cerâmicos (ou de isopor) de preenchimento, ou em placas cimentícias
dispostas umas ao lado das outras.
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Lajes protendidas
São lajes que, para conter os esforços de tração, utilizam sistema de protensão.
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Funcionamento global das lajes
Mediante cargas perpendiculares ao seu plano médio, as lajes se comportam como
placas, e diante de cargas que atuam em seu próprio plano médio, comportam-se como chapas.
O comportamento da laje como chapa está ligado à sua contribuição ao contraventamento
da estrutura global tridimensional e à transmissão das cargas horizontais do vento aos elementos
resistentes, participando da estabilidade global da estrutura.
O comportamento da laje como placa, considera-se a laje desligada estruturalmente das
vigas que a sustentam e não se leva em consideração a influência da deformação das vigas.
Vão efetivo
O vão efetivo de uma laje é dado pela expressão:
l = + +
onde escolhemos o menor valor das expressões:
≤ ≤
0,3. ℎ 0,3. ℎ
e
Por razões práticas, pode-se tomar o vão efetivo como sendo de eixo de apoio a eixo de apoio.
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Carregamento das lajes
Para determinação dos esforços atuantes nas lajes, determinam-se quais cargas atuam
nas mesmas. De modo geral, as cargas consideradas são: peso próprio, enchimento (pode ser
de vários tipos, ocorre quando há rebaixamento das lajes), revestimento, carga permanente,
carga acidental.
Peso Próprio
O peso próprio das lajes maciças é determinado pelo produto da espessura h pelo peso
específico do material. O peso específico do concreto armado é 25 kN/m³; portanto, o peso
próprio será dado por:
h x 25 kN/m³
Enchimento
Para enchimentos, valem as mesmas considerações utilizadas para peso próprio, sendo
a única diferença o peso específico do material a ser utilizado. Segue abaixo o peso específico
de alguns materiais de enchimento:
_ entulho: 15 kN/m³;
_ cacos: 12 kN/m³;
_ argila expandida: 9 kN/m³;
_ terra: 18 kN/m³.
Revestimento
O revestimento depende do material utilizado. Seguem-se alguns valores a considerar:
revestimento de pisos 1,0 kN/m²; impermeabilização de pisos 1,0 kN/m².
Carga Verticais
As cargas verticais podem ser permanentes ou variáveis (acidentais) e variam conforme
o ambiente e a utilização da edificação.
A carga permanente é constituída pelo peso próprio da estrutura e pelo peso de todos os
elementos construtivos fixos e instalações permanentes.
Carga Acidental
A carga acidental varia conforme o ambiente e a utilização da edificação.
Segue abaixo algumas cargas a serem consideradas:
_ Dormitórios, salas, cozinhas e banheiros: 1,5 kN/m²;
_ Despensas, áreas de serviço e lavanderias: 2,0 kN/m²;
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_ Escadas sem acesso ao público: 2,5 kN/m²;
_ Escadas com acesso ao público: 3,0 kN/m²;
_ Corredores sem acesso ao público: 2,0 kN/m²;
_ Terraços sem acesso ao público: 2,0 kN/m²;
_ Corredores com acesso ao público: 3,0 kN/m²;
_ Terraços com acesso ao público: 3,0 kN/m²
A incidência das cargas acidentais nos pavimentos de uma edificação varia conforme o
pavimento considerado. A seguir, segue-se tabela para redução da carga acidental nos
pavimentos (devendo-se considerar o forro como piso).
_ 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, com o mínimo de para lajes de
considerados devem ser multiplicados por um coeficiente adicional , de acordo com a tabela
abaixo:
h (cm) ≥ 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10
1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35 1,40 1,45
Onde
= 1,95 – 0,05.h;
NOTA: O coeficiente deve majorar os esforços solicitantes finais de cálculo nas lajes em
Regime rígido-plástico
As reações em cada apoio são as correspondentes às cargas atuantes nos triângulos ou
trapézios determinados através das charneiras plásticas. As charneiras correspondem a zonas
de intensa fissuração da face tracionada.
Zonas de fissuração
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Quando a análise plástica não for efetuada, as charneiras podem ser aproximadas por
retas inclinadas, conforme a seguir:
_ 45° entre apoios do mesmo tipo;
_ 60° a partir do apoio considerado engastado, se o outro for considerado simplesmente
apoiado;
_ 90° a partir do apoio, quando a borda vizinha for livre.
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Vinculação nas bordas
Para a determinação dos momentos atuantes nas lajes, é importante estabelecer o vínculo
da laje com o apoio.
Bordas engastadas
Podem ser de engaste perfeito (é o caso de lajes em balanço) ou de engaste elástico (é
o caso de continuidade entre lajes).
Engaste elástico
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O engaste elástico ocorre devido aos momentos negativos diferentes que lajes com
continuidade entre si geram.
Para o cálculo das lajes maciças retangulares, a convenção de vinculação é feita da forma
a seguir:
Borda engastada
Borda em balanço
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Em função das diversas combinações de vínculos, as lajes são classificadas
numericamente, conforme o vínculo:
No caso em que uma laje está vinculada, no mesmo apoio, de forma diferente (um trecho
está engastado e no mesmo apoio outro trecho está apoiado), pode-se considerar o seguinte
critério:
_ Considera-se a borda apoiada se o comprimento do trecho apoiado for maior ou igual a
2/3 do vão total analisado.
Geralmente essa situação acontece porque uma laje maior se relaciona com outras duas
menores com condições de apoio diferentes.
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• O momento fletor M’kx tem plano de ação paralelo ao lado lx e, portanto, dará origem a
uma armadura A’sx a ser colocada junto à face superior da laje, sobre os apoios definidos
pelos lados ly e paralelamente ao lado lx;
• O momento fletor M’ky tem plano de ação paralelo ao lado ly e, portanto, dará origem a
uma armadura A’sy a ser colocada junto à face superior da laje, sobre os apoios definidos
pelos lados lx e paralelamente ao lado ly.
!
= >2
"
Os esforços solicitantes de maior intensidade estão atuando paralelamente ao lado lx,
chamado também de direção principal.
Com isso, a armadura resistente será disposta também paralelamente ao lado lx.
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Laje armada em duas direções (armada em cruz)
Quando a relação entre o lado maior e o lado menor resultar em:
!
= ≤2
"
Os esforços solicitantes de maior intensidade estão atuando paralelamente a ambos os
lados, ou seja, em ambas as direções.
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Cálculo dos Momentos Fletores
Para o cálculo dos momentos fletores é necessário ter a carga atuante na laje e suas
dimensões. Então, pelo vínculo das bordas classificamos a laje em 1, 2A, 2B, 3, 4A, 4B, 5A, 5B
e 6 (conforme classificação numérica exposta anteriormente).
Aplicando a Tabela de Lajes disponível no site da disciplina, aplicamos as fórmulas e
chegamos aos momentos positivos e negativos:
'× (
_ Momento positivo paralelo ao vão lx – %&" =
)(
'× (
_ Momento positivo paralelo ao vão ly – %&! =
)*
'× (
_ Momento negativo paralelo ao vão lx – %′&" =
,(
'× (
_ Momento negativo paralelo ao vão ly – %′&! =
,*
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3× " 6
= ×
4×ℎ 5 100
Onde:
_ p – carregamento uniformemente distribuído sobre a placa;
_ α – coeficiente tirado da tabela 01;
_ lx – menor vão da laje;
_ E – módulo de elasticidade do concreto;
_ h – altura ou espessura da laje.
O módulo de elasticidade do concreto é dado pela fórmula:
4 = 4760 × ;<=&
sendo fck em MPa.
TIPOS DE LAJES
λ TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 4 TIPO 5 TIPO 6 TIPO 7 TIPO 8 TIPO 9
1,00 4,67 3,20 3,20 2,42 2,21 2,21 1,81 1,81 1,46
1,05 5,17 3,61 3,42 2,67 2,55 2,31 2,04 1,92 1,60
1,10 5,64 4,04 3,63 2,91 2,92 2,41 2,27 2,04 1,74
1,15 6,09 4,47 3,82 3,12 3,29 2,48 2,49 2,14 1,87
1,20 6,52 4,91 4,02 3,34 3,67 2,56 2,72 2,24 1,98
1,25 6,95 5,34 4,18 3,55 4,07 2,63 2,95 2,33 2,10
1,30 7,36 5,77 4,35 3,73 4,48 2,69 3,16 2,42 2,20
1,35 7,76 6,21 4,50 3,92 4,92 2,72 3,36 2,48 2,30
1,40 8,14 6,62 4,65 4,08 5,31 2,75 3,56 2,56 2,37
1,45 8,51 7,02 4,78 4,23 5,73 2,80 3,73 2,62 2,45
1,50 8,87 7,41 4,92 4,38 6,14 2,84 3,91 2,68 2,51
1,55 9,22 7,81 5,00 4,53 6,54 2,86 4,07 2,53 2,57
1,60 9,54 8,17 5,09 4,65 6,93 2,87 4,22 2,87 2,63
1,65 9,86 8,52 5,13 4,77 7,33 2,87 4,37 2,78 2,68
1,70 10,15 8,87 5,17 4,88 7,70 2,88 4,51 2,79 2,72
1,75 10,43 9,19 5,26 4,97 8,06 2,88 4,63 2,81 2,76
1,80 10,71 9,52 5,36 5,07 8,43 2,89 4,75 2,83 2,80
1,85 10,96 9,82 5,43 5,16 8,77 2,89 4,87 2,85 2,83
1,90 11,21 10,11 5,50 5,23 9,08 2,90 4,98 2,87 2,85
1,95 11,44 10,39 5,58 5,31 9,41 2,90 5,08 2,89 2,88
21
2,00 11,68 10,68 5,66 5,39 9,72 2,91 5,19 2,91 2,91
∞ 15,35 15,35 6,38 6,38 15,35 3,07 6,38 3,07 3,07
Tabela 01
Cálculo da Armação
Determinados os momentos positivos e negativos, procede-se o cálculo da ferragem para
resistir a estes momentos. Nesta apostila não utilizaremos o método analítico, mas as tabelas K.
O momento calculado (tanto positivo quanto negativo compensado) deve ser majorado
pelo coeficiente de segurança γc, ficando: %> = %? × = . Usualmente o valor do coeficiente
de segurança de majoração do momento é 1,4. As forças resistentes (aço - fyd e concreto - fck)
ABC A*C
são minoradas também: <=@ = e <!@ =
DB DE
; usualmente o valor do coeficiente de segurança
FJ × %>
IJ =
>
A área de ferro será em cm², e a quantidade de barras será escolhida de modo a atender
uma faixa de 1,00m de laje. Com isso, o cálculo do Kc ficará:
100 × >
FG =
%>
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Disposição da Armação na Laje (detalhamento)
As armaduras devem ser dispostas de forma que possa ser garantido o seu
posicionamento durante a concretagem. Ao ser colocada o mais próximo da face inferior da laje
(altura útil d) será sempre a correspondente ao maior momento fletor; sobre ela será colocada a
correspondente ao menor momento fletor.
K
L
O diâmetro máximo para a armadura de flexão deve ser igual a .
2ℎ
O espaçamento máximo das barras (s) deve ser o menor dos valores entre N
20GO
para a
Armaduras Positivas
a) Bordas extremas
b ≥ 15 cm para Φ ≤ 6,3mm
b ≥ 20 cm para Φ ≤ 10mm
b) Bordas internas
Neste caso, para qualquer valor de b, as armaduras deverão ultrapassar a face da viga
de apoio de pelo menos 15 cm para prescindir dos ganchos.
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15 cm
Armaduras Negativas
a) Bordas extremas
h - 2cm
15cm
S
≥R 5
50GO
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b) Armadura Negativa Principal
a a
h-2 h-2
b = 40cm
≥R 4
50GO
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Na representação a, lx é o maior dos dois vãos menores das lajes envolvidas.
calcular o comprimento a do lado esquerdo, e o vão de eixo a eixo da laje do lado direito utilizado
para calcular o comprimento a do lado direito.
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Bibliografia
- http://chasqueweb.ufrgs.br/~americo/eng01112/lajes.pdf.
- ARAÚJO, José Milton de. Curso de Concreto Armado. Editora Dunas. Rio Grande – RS.
2v. 3° Ed. 2010.
- Estruturas de Concreto I – Lajes de Concreto. Notas de Aula. Prof. Dr. Paulo Sérgio dos
Santos Bastos. Bauru-SP. Novembro. 2005. (www.feb.unesp.br/pbastos)
- NBR 6118:2014.
- FUSCO, Péricles Brasiliense. Técnica de armar as estruturas de concreto. Ed. PINI. São
Paulo. 1995.
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ANEXO 01 – TABELA DE LAJES
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29
30
31
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34
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ANEXO 02 – TABELA TIPO K
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40
ANEXO 03 – TABELA TIPO K ANTIGA
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42
ANEXO 04 – TABELA DE GRINTER
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