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Prefácio à terceira edição

Este ensaio foi escrito há quarenta anos e, desta vez, não quero
reimprimi-lo em sua forma original. Muitas coisas mudaram e me vejo
obrigado a fazer várias correções e acréscimos ao texto primitivo. A
descoberta do inconsciente coletivo foi a responsável pelo surgimento
de
novos problemas na teoria dos complexos. Antigamente a
personalidade se
manifestava, por assim dizer, como única e enraizada no vazio; mas,
agora,
associada com as causas dos complexos, individualmente adquiridas,
viu-se
que era uma precondição humana geral, isto é, a estrutura biológica
hereditária e inata que é a base instintiva de todo ser humano. Dessa
esfera
emanam as forças determinantes, como acontece em todo o reino
animal,
que inibem ou fortalecem as constelações mais ou menos fortuitas da
vida
do indivíduo. Cada uma das situações humanas normais é, por assim
dizer,
prevista e impressa nessa estrutura herdada, uma vez que já ocorreu
inúmeras vezes em nossos antepassados. Ao mesmo tempo, a estrutura
traz
consigo uma tendência inata de procurar ou produzir instintivamente
tais
situações. Um conteúdo reprimido poderia realmente desaparecer no
vazio
se não estivesse preso e seguro neste substrato instintivo
preestabelecido.
Aqui estão aquelas forças que fazem a maior resistência à razão e à
vontade
e possibilitam, assim, a natureza conflitiva do complexo. Tentei
modificar o
texto antigo de acordo com essas descobertas e trazê-lo à altura dos
conhecimentos de hoje.

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