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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

DEMAT – DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS


Cursos técnicos de ELETROMECÂNICA E MECATRÔNICA

ACIONAMENTOS E COMANDOS ELÉTRICOS


Fundamentos para o Ensino Técnico
Teoria - Guias de Aulas Práticas

PROF. ANDRÉ BARROS DE MELLO OLIVEIRA

Campus I – Belo Horizonte Departamento


 MINAS GERAIS de Engenharia
Fevereiro de 2020
de Materiais
Acionamentos e Comandos Elétricos - Ensino Técnico

Campus I – Belo Horizonte

Av. Amazonas 5253 - Nova Suíça - Belo Horizonte - MG - Brasil


CEP 30.421-169 - Telefone: +55 (31) 3319-7000

ii
Acionamentos e Comandos Elétricos - Ensino Técnico

Prefácio

Este texto tem por objetivo principal oferecer um material básico de referência para a disciplina
Acionamentos e Comandos Elétricos, para os Cursos Técnicos de Eletromecânica e Mecatrônica do
CEFET-MG, do Departamento de Engenharia de Materiais – DEMAT.
O texto conta com oito capítulos, numa sequência que possibilita ao aluno consolidar os conceitos
teóricos através da leitura dos tópicos, dos exemplos resolvidos e da resolução de problemas e exercícios,
incluindo exercícios de simulação. Além disso, são disponibilizados guias de aulas práticas (Apêndice II)
para uso em laboratório.
É importante que o leitor tenha como pontos de partida conceitos fundamentais da eletricidade,
como o conhecimento do Sistema Internacional de Unidades (SI), da notação científica e de grandezas
elétricas básicas. No primeiro capítulo são apresentados conceitos básicos de corrente alternada (CA), com
ênfase no sistema trifásico. Para um aprofundamento neste assunto, o aluno já conta com uma disciplina no
curso, Circuitos Elétricos.
Esta apostila serve de base e complementa a literatura técnica da área de Acionamentos e Comandos
Elétricos. As referências bibliográficas aqui citadas são muito enriquecedoras em aspectos teóricos e
práticos. Recomendo aos alunos a leitura e a pesquisa dos assuntos referentes desta disciplina nos excelentes
livros editados em português, além de apostilas e tutoriais disponíveis na Internet.
Uma observação importante: considera-se no texto a tensão de alimentação de 220 V para o
acionamento dos contatores. Caso contrário, será informada a tensão no esquema do acionamento, por
exemplo, contator acionado por 24 V.
Pelos erros presentes no texto, peço a compreensão dos alunos, professores e leitores. Recebo com
satisfação e abertura as críticas, sugestões e observações, que certamente contribuirão para a constante
melhoria deste material didático.

Belo Horizonte, fevereiro de 2020.

Professor André Barros.

iii
Acionamentos e Comandos Elétricos - Ensino Técnico

“Um país se constrói com Homens e Livros.”


Monteiro Lobato

“Vencer a si próprio é a maior das vitórias.”


Platão

“Nossa maior fraqueza está em desistir.


O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.”
Thomas Edison

iv
Lista de Abreviaturas

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas - atua em todas as áreas técnicas do país. Os textos das
normas são adotados pelos órgãos governamentais (federais, estaduais e municipais) e pelas firmas.
Compõe-se de normas: NB, TB (terminologia), SB (simbologia), EB (especificação), MB (método de
ensaio) e PB (padronização).
AC – Alternating Current (corrente alternada).
ANSI – American National Standards Institute, Instituto de normas dos Estados Unidos que publica
recomendações e normas em praticamente todas as áreas técnicas. Na área dos dispositivos de comando de
baixa tensão, tem adotado frequentemente especificações da UL e da NEMA.
AT – Alta Tensão.
BT – Baixa Tensão.
CA – Corrente Alternada.
CC – Corrente Contínua.
CNC – Controle Numérico Computadorizado.
CV – Cavalo-Vapor, unidade de potência mecânica, correspondente a 736 Watts.
DC – Direct Current (corrente contínua).
DIN – Deutshe Industrie Normen, Associação de normas industriais alemãs. Suas publicações são
devidamente coordenadas com as da VDE.
fem – força eletromotriz.
FT – Relé de Sobrecarga.
IEC – International Electrotechinical Comission. Comissão formada por representantes de todos os paises
industrializados. As recomendações do IEC, publicadas por esta comissão, são normalmente adotadas na
íntegra pelos diversos paises ou, em outros casos, está se processando uma aproximação das normas
nacionais ao texto destas internacionais.
HP – Horse-Power, unidade de potência mecânica, correspondente a 746 Watts.
K – Contator.
KT – Relé de Tempo.
MI – Motor de Indução.
MIM ou MM – Motor de Indução Monofásico.
MIT – Motor de Indução Trifásico.
NA – Normalmente Aberto (relativo ao tipo de contato de uma chave).
NEMA – National Electrical Manufactures Association, Associação americana dos fabricantes de materiais
elétricos.
NF – Normalmente Fechado.
 - Rendimento.
RPM (ou rpm) – Rotações por minuto.
UL – Underwriters’ Laboratories Inc., entidade nacional de ensaio da área de proteção contra incêndio,
nos Estados Unidos, que entre outras coisas, realiza ensaios de equipamentos elétricos e publica as suas
prescrições.
VCC – Tensão Contínua (o mesmo que VDC, onde DC vem de Direct Current).
VDE – Verband Deutscher Elektrotechniker, Associação de normas alemãs que publica normas e
recomendações da área de eletricidade.
VF – Tensão de fase (tensão elétrica entre fase e neutro, VFN).
VL – Tensão de linha (tensão elétrica entre duas fases, VFF).

v
Sumário

Capítulo 1 - Corrente Alternada (CA): revisão de conceitos e aplicações............................................................ 10


1.1 – Introdução .........................................................................................................................................................................10
1.2 – Geração de Corrente Alternada .........................................................................................................................................14
1.2.1 - Princípio de funcionamento de um gerador elementar ....................................................................................................15
1.2.2 - Lei de Faraday – F.E.M. induzida ...................................................................................................................................16
1.2.3 – Sinais CA – principais parâmetros .................................................................................................................................17
1.2.4 – Sinais CA – valores característicos ................................................................................................................................18
1.2.4.1 – Valor médio, VCC ou VDC........................................................................................................................................21
1.3 – Relacionando graus elétricos e tempo e graus elétricos e mecânicos ................................................................................23
1.4 – Representação fasorial de uma grandeza elétrica senoidal ................................................................................................24
1.4.1 – Fasores .....................................................................................................................................................................24
1.4.2 - Representação matemática de um fasor ..........................................................................................................................25
1.4.3 – Operações matemáticas com fasores ..............................................................................................................................27
1.4.3.1 – Fasores representados por números complexos ....................................................................................................28
1.5 - Comportamento de circuitos resistivos, indutivos e capacitivos em CA ............................................................................31
1.5.1 – Circuito resistivo - corrente e tensão em fase ...........................................................................................................31
1.5.2 – Circuito puramente indutivo – tensão adiantada de 90 graus da corrente ...............................................................32
1.5.3 - Circuito puramente capacitivo – corrente adiantada de 90 graus da tensão ............................................................33
1.5.4 – Impedância de circuito CA .......................................................................................................................................34
1.5.4.1 – Lei de Ohm para a impedância Z em Corrente Alternada .....................................................................................36
1.5.4.2 – Associação de impedâncias ...................................................................................................................................36
1.6 - Sistema trifásico.................................................................................................................................................................37
Capítulo 2 – Introdução aos motores elétricos ....................................................................................................... 48
2.1 – Introdução .........................................................................................................................................................................48
2.2 – Aplicações de motores CC e CA .......................................................................................................................................48
2.2.1 – Motores de Corrente Contínua .........................................................................................................................................49
2.2.2 – Motores de Corrente Alternada ................................................................................................................................51
2.3 – O motor CA trifásico.........................................................................................................................................................52
2.3.1 – Motor de indução ......................................................................................................................................................52
2.3.1.1 - Motor de indução com rotor do tipo gaiola de esquilo...........................................................................................52
2.3.1.2 - Motor de anéis ou com rotor bobinado ..................................................................................................................53
2.3.2 – Motor trifásico de múltiplas velocidades ..................................................................................................................54
2.3.2.1 – Motor trifásico de enrolamentos separados ...........................................................................................................54
2.3.2.2 – Motor Dahlander ...................................................................................................................................................54
2.4 – Partes constituintes ............................................................................................................................................................55
2.5 – Princípio de funcionamento do motor CA.........................................................................................................................56
2.5.1 – Campo girante de um motor trifásico .......................................................................................................................56
2.5.2 – Velocidade síncrona (ns) ...........................................................................................................................................62
2.5.3 – Escorregamento (s) ...................................................................................................................................................62
2.5.3.1 – Tensões induzidas no rotor ....................................................................................................................................63
2.5.4 – Conjugado ................................................................................................................................................................64
2.5.5 – Energia, potência elétrica e potência mecânica .......................................................................................................65
2.5.6 – Potência aparente, ativa e reativa ............................................................................................................................66
2.5.7 – Fator de potência ......................................................................................................................................................67
2.5.8 – Rendimento ...............................................................................................................................................................68
2.5.9 – Categorias de conjugado ..........................................................................................................................................68

vi
2.6 – Principais características nominais ....................................................................................................................................71
2.7 – Ligações de motores de indução .......................................................................................................................................73
2.7.1 – Ligações de motores de 6 (seis) terminais ................................................................................................................74
2.7.2 – Ligações de motores de 9 (nove) terminais ...............................................................................................................75
2.7.3 – Ligações de motores de 12 (doze) terminais .............................................................................................................76
2.7.4 – Ligações de motores de duas velocidades (Dahlander) ............................................................................................78
Capítulo 3 – Contator magnético ............................................................................................................................. 82
3.1 – Introdução .........................................................................................................................................................................82
3.2 – Contatores – aspectos construtivos, classificação e aplicações .........................................................................................84
3.2.1 – Classificação dos contatores ....................................................................................................................................84
3.2.2 – Tipos de contatores ...................................................................................................................................................85
3.2.3 – Outras considerações................................................................................................................................................85
3.3 – Diagrama de carga ............................................................................................................................................................87
3.4 – Diagrama de comando.......................................................................................................................................................90
Capítulo 4 – Dispositivos de proteção e de comando............................................................................................ 102
4.1 – Introdução ....................................................................................................................................................................... 102
4.1.1 - Curto-circuito e proteção ........................................................................................................................................ 103
4.2 – Fusíveis ........................................................................................................................................................................... 103
4.2.1 - Operação do fusível ................................................................................................................................................. 103
4.2.2 - Fusível – definição clásica ...................................................................................................................................... 104
4.2.3 - Classificação ........................................................................................................................................................... 105
4.2.4 - Principais características ........................................................................................................................................ 105
4.3 – Disjuntores ...................................................................................................................................................................... 110
4.3.1 - Aspectos construtivos de um disjuntor..................................................................................................................... 110
4.3.2 – Curvas de disparo do Disjuntor .............................................................................................................................. 112
4.3.3 – Disjuntor diferencial residual (DR) ........................................................................................................................ 112
4.3.3.1 – DR: princípio de proteção das pessoas................................................................................................................ 113
4.4 – Relés de sobrecarga ......................................................................................................................................................... 115
4.4.1 – Relé de sobrecarga bimetálico com botão RESET e tecla multifunções .................................................................117
4.4.2 – Relés eletrônicos ..................................................................................................................................................... 119
4.5 – Relé de tempo .................................................................................................................................................................121
4.5.1 – Relés de tempo eletrônicos ...................................................................................................................................... 122
Capítulo 5 – Dispositivos de acionamento e de sinalização.................................................................................. 129
5.1 – Botão de comando ........................................................................................................................................................... 129
5.1.1 – Tipos de contato ...................................................................................................................................................... 129
5.2 – Chave de fim-de-curso .................................................................................................................................................... 133
5.3 – Sinalizadores ................................................................................................................................................................... 134
5.4 – Tomadas de uso industrial ............................................................................................................................................... 135
Capítulo 6 – Comando de motores trifásicos com contator ................................................................................. 141
6.1 – Comando local e à distância ............................................................................................................................................ 141
6.2 – Partida direta ................................................................................................................................................................... 141
6.3 – Reversão de rotação (manual e semi-automático) ........................................................................................................... 142
6.3.1 – Chave reversora de comando manual..................................................................................................................... 143
6.3.2 – Chave reversora de comando semi-automático ...................................................................................................... 144
6.4 – Motor de duas velocidades (Dahlander) .......................................................................................................................... 146
6.5 – Comando condicionado de motores elétricos .................................................................................................................. 147
Capítulo 7 – Sistemas de partida de motores elétricos de indução ..................................................................... 159
7.1 – Introdução ....................................................................................................................................................................... 159

vii
7.2 – Chave estrela-triângulo manual e semi-automática ......................................................................................................... 160
7.2.1 - Vantagens e desvantagens da partida Y-............................................................................................................... 160
7.2.2 – Diagrama da chave de partida estrela-triângulo no modo manual ........................................................................ 161
7.2.3 – Diagrama da chave de partida estrela-triângulo no modo semi-automático.......................................................... 162
7.2.4 – Dimensionamento dos contatores para a chave de partida estrela-triângulo......................................................... 163
7.2.5 – O Conjugado de partida da chave estrela-triângulo .............................................................................................. 164
7.3 – Chave compensadora semi-automática ........................................................................................................................... 165
7.3.1 – Equacionamento do torque de partida da chave de partida compensadora ........................................................... 167
7.3.2 – Correntes da chave compensadora ......................................................................................................................... 170
7.3.2.1 – O Autotransformador ........................................................................................................................................... 170
7.3.2.2 – Equacionamento das correntes da chave compensadora ..................................................................................... 171
7.4 – Chave para motor de indução com rotor bobinado .......................................................................................................... 173
7.4.1 – Chave de partida para motor de indução com rotor bobinado ............................................................................... 175
Capítulo 8 – Motor monofásico .............................................................................................................................. 180
8.1 – Motor monofásico - princípio de funcionamento e componentes ................................................................................... 180
8.1.2 – A partida em um motor monofásico ........................................................................................................................ 180
8.1.3 – Características principais do motor monofásico .................................................................................................... 182
8.1.4 – Motor monofásico x motor trifásico ........................................................................................................................ 183
8.2 – Diagramas de ligação em 127 V e em 220 V .................................................................................................................. 183
8.2.1 – Motor monofásico de 2 terminais ........................................................................................................................... 183
8.2.2 – Motor monofásico de 4 terminais ........................................................................................................................... 183
8.2.3 – Motor monofásico de 6 terminais ........................................................................................................................... 184
8.3 – Sistema de reversão de rotação no MM .......................................................................................................................... 185
Apêndice II – Analogia entre circuitos lógicos e circuitos de comando elétrico ................................................ 191
Apêndice III – Guias de aulas práticas.................................................................................................................. 195

Aula Prática 1 - Acionamento de Lâmpadas e Medição de Corrente e Tensão Monofásicas........................... 196


Aula Prática 2 - Comandos de Acionamento por Chaves e Medição de Valores Trifásicos ............................. 198
Aula Prática 3 – Controle de Carga utilizando Contator e Relé de Tempo ....................................................... 201
Aula Prática 4 - Chave de Partida Direta - Motor de Indução Trifásico (MIT) de 6 Terminais ..................... 203
Aula Prática 5 – Partida de um Motor Elétrico com Comando Direto e Intermitente ..................................... 206
Aula Prática 6 – Partida Direta de um MIT com Reversão Temporizada ......................................................... 208
Aula Prática 7 – Relé Eletrônico Temporizador aplicado na partida e na sinalização de um MIT ................ 212
Aula Prática 8 – Comando Condicionado de Cargas ........................................................................................... 216
Aula Prática 9 – Montagem de Chave de Partida Manual e Automática para um Motor Dahlander ............ 219
Aula Prática 10 – Montagem de Chave de Partida Estrela-Triângulo Semi-Automática ................................ 222
Aula Prática 11 – Chave de Partida Compensadora............................................................................................ 225
Aula Prática 12 – Motor Monofásico – Acionamento Manual em 127 e em 220 V ........................................... 228
Aula Prática 13 – Acionamento e Reversão Automática do Motor Monofásico ................................................ 231
Aula Prática 14 – Chave de Partida para MIT com Enrolamentos Separados (2 velocidades) ....................... 233
Aula Prática 15 – Frenagem de Motor de Indução .............................................................................................. 235

Apêndice III – Identificação dos terminais das bobinas do motor monofásico ................................................. 237

Referências Bibliográficas ...................................................................................................................................... 239

viii
Alfabeto Grego Prefixos SI*
Nome
Maiúsculas Minúsculas
Clássico
A  Alfa Fator Prefixo Símbolo
B  Beta 10-3 mili m
  Gamma 10-6 micro 
  Delta 10-9 nano n
E  Epsilon 10-12 pico p
Z  Zeta 103 quilo k
H  Eta
106 mega M
  Theta
109 giga G
I  Iota
1012 tera T
K  Kappa
  Lambda
M  Mu * SI: Sistema Internacional de Unidades
N  Nu
  Xi (ksi) É um conjunto sistematizado e padronizado de
O  Omicrón definições para unidades de medida, utilizado em quase
  Pi
todo o mundo moderno, que visa a uniformizar e
P  Rho
facilitar as medições e as relações internacionais daí
  Sigma
decorrentes.
T  Tau
Y  Upsilón
Fonte:
  Phi
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Internacional_de_Unidades
X  Chi
  Psi
  Ômega

"Escola de Atenas", Rafael Sanzio. Retrata filósofos gregos e personalidades da época do pintor.
Fonte: http://www.drsa.com.br/wp-content/uploads/2010/10/escola_atenas_rafael.jpg.

ix
Capítulo
CORRENTE ALTERNADA (CA):
1 REVISÃO DE CONCEITOS E APLICAÇÕES
Capítulo 1 - Corrente Alternada (CA): revisão de conceitos e aplicações

1.1 – Introdução

No Brasil, a energia elétrica que é fornecida às residências, indústria e comércio, é produzida em


grande parte nas usinas hidrelétricas (UHE) – Figura 1a. Nestas usinas ocorre a conversão de energia
mecânica em elétrica, sendo produzido um sinal de corrente alternada (CA) pela rotação do eixo de um
gerador trifásico, através de uma turbina acionada pela força da água (Figura 1b). Deste gerador, a energia
cinética convertida em energia elétrica é enviada através de condutores ao seu destino, através das linhas
de transmissão (LT). A energia elétrica é entregue das LT às subestações de distribuição e, a partir daí, aos
consumidores.

(a) (b)
Figura 1.1 – (a) Aspecto de uma Usina Hidrelétrica (UHE) – vista de perfil. (b) Esquema de barragem de UHE com
destaque para a turbina. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Hydroelectric_dam_portuguese.PNG

Outras formas de se obter energia elétrica estão ilustradas na Figura 1.2: energia eólica (força dos
ventos para tocar o eixo do gerador), energia solar, energia nuclear etc.

(a) (b) (c) (d) (e)


Figura 1.2 – Exemplos de fontes de corrente alternada: (a) usina geradora; (b) gerador CA portátil; (c) gerador
eólico; (d) painel solar; (e) gerador de sinais (BOYLESTAD, 2012).

10
- Questão importante: qual é a função do canal na entrada do duto em uma barragem de UHE? Responda
se possível, com suas palavras.

A Figura 1.3 mostra um zoom sobre a operação de


uma turbina hidráulica. Note-se que o seu eixo é que
aciona o gerador de energia elétrica.
A Figura 1.4 mostra um perfil da represa Grand
Coulee que é atualmente a terceira usina hidroelétrica mais
potente do mundo. Esta represa, localizada no Rio
Columbia (EUA), possui cerca de 1,6 km de comprimento,
e o dobro da altura das Cataratas do Niágara. A sua
construção foi iniciada em 1933. Foi inaugurada a 22 de
março de 1941, quando possuía a maior capacidade de
geração de eletricidade do mundo – aproximadamente
21.000 GWh/ano. Figura 1.3 – Esquema de uma turbina que aciona
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Represa_Grand_Coulee. um gerador de uma usina hidrelétrica1.

Figura 1.4 – Represa Grand Coulee, no estado americano de Washington, EUA.

A instalação de uma turbina hidráulica de um gerador de UHE é mostrada na Figura 1.5 (do tipo
Francis). Repare no diâmetro do rotor da turbina, onde os técnicos trabalham. A turbina hidráulica Francis
foi desenvolvida pelo engenheiro americano James B. Francis, em 1849, daí o seu nome. Turbinas Francis
são adequadas para operar entre quedas de 40 m até 400 m. No Brasil, estas turbinas são utilizadas nas
usinas hidrelétricas de Itaipu, de Tucuruí, de Furnas, e de Foz do Areia, dentre outras, com cerca de 100 m
de queda d’água. Na Figura 1.6 vê-se o rotor de uma turbina de um gerador da UHE de Estreito.

1 Fonte: http://www.eletrica.ufpr.br/~jean/Eletrotecnica/Material_Didatico/Aula03_Sistemas_Trifasicos.ppt

11
Figura 1.5 – Uma das 6 novas turbinas Francis, que produzem 1 milhão de HP
(cerca de 745 MW), sendo instalada na unidade 3 da represa Grand Coulee.
Fonte: https://www.usbr.gov/pn/grandcoulee/news/gallery/tpp/25.html.

Figura 1.6 – Instalação de partes da unidade geradora 1, da UHE Estreito, no Maranhão.


Fonte: http://www.pnegrao.com.br/2010/12/montagem-da-primeira-unidade-geradora.html.

A UHE de ITAIPU, nacional, é uma das que mais produz eletricidade no mundo. É um
empreendimento binacional desenvolvido pelo Brasil e pelo Paraguai, no rio Paraná. A potência instalada
da usina é de 12.600 MW, com 18 unidades geradoras de 700 MW cada. A Figura 1.7 mostra o seu aspecto
de sua barragem.

12
Figura 1.7 – Aspecto da Barragem da Usina hidrelétrica de Itaipu.
Fonte: http://www.adrenaline.com.br/forum/showthread.php?t=111453.

Perguntas e respostas – UHE Itaipu binacional (dados recentes)


Fonte: https://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/perguntas-frequentes

1. O que representa a energia da Itaipu para o Brasil e o Paraguai?

Em 2018, a usina produziu 96,5 milhões de Megawatts-hora (MWh). Como a demanda de energia do Paraguai
é bastante inferior à do Brasil, 15,6% de toda a eletricidade produzida foi suficiente para abastecer 90% da demanda
do país. Os outros 84% do total produzido em Itaipu foram enviados ao Brasil, abastecendo 15% do consumo nacional.
A pequena diferença de percentual (0,4%) abasteceu a própria usina.
Entretanto, cada país é dono de metade da geração. Como o Paraguai não consome toda a energia a que tem
direito, o Brasil adquire o excedente pagando pela cessão de energia. Em 2018, essa remuneração totalizou U$ 327
milhões.

2. Para onde vai a energia produzida pela UHE de Itaipu?

O escoamento da energia de Itaipu para o sistema interligado brasileiro, a partir da subestação de Foz do Iguaçu
no Paraná, é realizado por Furnas e Copel (Companhia Paranaense de Energia), sob coordenação do Operador
Nacional do Sistema (ONS). A energia em 50 Hz utiliza o sistema de corrente contínua (CC) de Furnas (elo CC) e a
energia em 60 Hz utiliza o sistema de 765 kV de Furnas e o sistema de 525 kV da Copel. Para o sistema paraguaio a
responsabilidade é da ANDE (Administración Nacional de Electricidad).

3. Qual a potência da Itaipu?

A capacidade instalada de Itaipu é de 14 mil megawatts (MW), com 20 unidades geradoras de 700 MW cada.

4. A usina chinesa de Três Gargantas é maior do que a Itaipu?

A Itaipu Binacional é líder mundial em produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,5
bilhões de MWh desde o início de sua operação. A capacidade instalada da usina de Três Gargantas é 60% maior que
a da Itaipu (22.400MW para 14.000MW) e, em termos do recorde anual de produção de energia, a usina chinesa
atingiu em 2018 uma produção 101,6 milhões de MWh, contra os 103,1 milhões de MWh obtidos pela Itaipu em 2016.
A Tabela 1.1 mostra uma comparação de alguns aspectos técnicos entre as usinas de Itaipu e a de Três
Gargantas (chinesa).

13
Tabela 1.1 – Quadro comparativo das usinas de Itaipu e de Três Gargantas (dados de 2010).
Fontes: http://www.itaipu.gov.br/energia/comparacoes e China Three Gorges Corporation.

Usina Itaipu (Brasil) Três Gargantas (China)


Turbinas 20 32 (6 subterrâneas)
Potência nominal 700 MW 700 MW
22.400 MW (quando completa, em
Potência instalada 14.000 MW
2011)
Recorde de produção anual 94,7 bilhões kWh/ano (2008) 84,3 bilhões kWh/ano (2010)
Produção anual 85,9 bilhões kWh/ano (2010) 84,3 bilhões kWh/ano (2010)
Concreto utilizado 12,57 milhões m³ 27,94 milhões m³
Altura 196 metros 181 metros
7.744 metros
4.149 metros (concreto 2.309 m e dique
Comprimento da barragem (concreto, enroscamento e terra) 175
Maoping 1.840 m)
metros (dique de Hernandárias)
Vertedouro - capacidade de vazão 62.200 m³/s 120.600 m³/s
Escavações 63,85 milhões m³ 134 milhões m³
Número de pessoas reassentadas 40 mil 1,13 milhão

1.2 – Geração de Corrente Alternada

A Figura 1.8 apresenta o esquema de um gerador elementar de uma espira, submetida à ação de um fluxo
magnético, interno à região entre os polos norte e sul de um ímã. Com os anéis coletores torna-se possível obter um
sinal alternado, senoidal, com a rotação desta espira, através de alguma forma de energia mecânica (turbina, por
exemplo).

Figura 1.8 – Aspecto básico de um gerador CA (O'MALLEY, 2014).

Mas, o que é uma espira? Numa definição simples, uma espira constitui um tipo de circuito elétrico, com
aplicações na produção de campo magnético e eletricidade. É um componente encontrado em geradores de energia
elétrica, motores elétricos, transformadores e indutores, dentre outros.
A Figura 1.9 mostra dois exemplos de bobinas, construídas a partir de um conjunto de espiras. A Figura 1.10
mostra a aplicação de uma bobina na construção de em um disjuntor (dispositivo de proteção).

(a) (b)
Figura 1.9 – (a) Aspecto de uma bobina. (b) Indutor ou bobina de comprimento l formado por N espiras.

14
Bobina

(a) (b)
Figura 1.10 – (a) Disjuntores (monofásico, bifásico e trifásico). Fonte: https://www.mundodaeletrica.com.br/como-funcionam-
os-disjuntores/. (b) Aspecto interno de um disjuntor (veja em destaque a sua bobina). Fonte: http://www.abracopel.org.br.

O transformador é outro equipamento onde, a partir do projeto de suas bobinas (entrada: primário e saída:
secundário), se pode elevar ou reduzir a amplitude de um sinal alternado aplicado nos terminais de entrada – veja a
Figura 1.11a. As bobinas do transformador são enroladas em torno de um núcleo comum (em baixa frequência o
núcleo é feito de material magnético como o aço laminado e em alta frequência é feito de materiais não magnéticos,
como o ferrite). A Figura 1.11b mostra um transformador de potência, trifásico (rede de distribuição de energia
elétrica).

(a) (b)
Figura 1.11 – (a) Transformador monofásico. (b) Transformador trifásico (rede de distribuição de energia elétrica).

1.2.1 - Princípio de funcionamento de um gerador elementar

O gerador elementar apresentado na Figura 1.8 contém um condutor (na prática uma bobina), o qual é
rotacionado por uma turbina a vapor ou qualquer outra forma de energia mecânica. Esta rotação provoca uma alteração
contínua no fluxo magnético em torno do condutor, o que faz surgir uma tensão induzida sob forma senoidal no
mesmo. A Figura 1.12a mostra uma espira inclinada por um ângulo alfa () em relação às linhas de campo magnético,
⃗ . Na Figura 1.12b, esta espira gira na região de campo magnético, o que produz uma tensão
indicadas pelo vetor 𝐵
senoidal nos terminais X e Y.

Reta normal
B à superfície

(a) (b)
Figura 1.12 – (a) Espira inclinada por um ângulo  em relação às linhas do campo magnético.
(b) A mesma espira de (a), girando na região de campo magnético – produção de tensão senoidal.
Fonte: http://macao.communications.museum/images/exhibits/small/2_4_1_1_por.png

15
1.2.2 - Lei de Faraday – F.E.M. induzida

O fluxo magnético em uma espira, como ilustrado na Figura 1.12, está associado à quantidade de
linhas de indução magnética que atravessa a sua superfície, como visto em (1.1).

 = B . A . cos  (1.1)

Onde:
- B é dado em Tesla [T]; A é a área da espira, em m2 e  é o ângulo
determinado entre a reta normal à superfície e a direção do vetor
indução.
A Lei de Faraday, também chamada de lei da Indução
Eletromagnética, está relacionada com a força eletromotriz induzida em
uma espira, quando há variação de fluxo magnético com o tempo.
“A f.e.m. em volts, induzida em um circuito é igual ao negativo
da taxa de variação com que o fluxo magnético através do circuito está
mudando no tempo”. (Michael Faraday, 1791-1867 – Figura 1.13).
Matematicamente a Lei de Faraday é expressa por (1.2):

N 
 =− (1.2) Figura 1.13 - Michael Faraday.
t

A variável N, nesta equação, é o número de espiras e o sinal negativo indica a polarização da f.e.m.
induzida (Lei de Lenz). Para uma variação infinitesimal ( e t tendendo para zero), utiliza-se a derivada,
d/dt. Para uma função cosenoidal, a sua derivada é dada pela Equação (1.3):

d
cos x = − sen x (1.3)
dx

Logo, a função seno é a derivada do co-seno e resulta (1.4).

Nd Nd ( BA cos  ) d ( cos  )


 =− =− = − NBA  = − k  ( − sen  )
dt dt dt

 = k . sen  (1.4)

Onde k = N.B.A é o valor máximo da tensão ou f.e.m. induzida. Logo, teremos:

max em  = 90 graus (sen 90o = 1)

min em  = 270 graus (sen 270o = - 1)

A Figura 1.14 mostra a formação de uma senóide de acordo com o giro de uma espira. Pela Equação
(1.4), determina-se o valor da f.e.m. induzida nos instantes 1, 2, 3, 4 e 5.
Outra interpretação da formação da senóide da Figura 1.13 leva em conta que:
- para os instantes 1, 3 e 5, onde a f.e.m. é nula. Isto se deve ao fato de que não há variação de fluxo
magnético nestes instantes. A variação máxima ocorre nos intervalos entre os instantes 1 e 2 (variação max
positiva), 2 e 3 (max negativa), 3 e 4 e 4 e 5.

16
1 2 3 4 5
Figura 1.14 – Um ciclo completo da tensão CA com o giro de 360 graus de uma espira.

Pela Figura 1.15, pode-se acompanhar o ciclo completo da senóide formada pelo giro de um fasor,
indicando no diagrama um ciclo de 0 a 360 graus.
Para um gerador de 2 polos (norte e sul), a rotação de uma bobina ao longo de 360º geométricos (ou
graus mecânicos) gera sempre 1 ciclo de 360º elétricos de tensão (gerador de 2 polos). Observe que, por
exemplo, para um ângulo  de 90 graus – veja a Equação (1.4), a tensão induzida na espira é máxima, pois
 = k.sen  = k.sen 900 = max.

90o 1 ciclo
B
,
A B C D A

C
1800 0o
A

D
2700 v(t) ¼ volta ½ volta ¾ volta 1 volta ,
B B

, , ,,
C A C A
0
A /2 
rad
3/2 2
rad
t
rad rad

,
D D
1 ciclo 1 ciclo

Figura 1.15 – Dois ciclos de tensão alternada gerados pela rotação de uma espira (GUSSOW, 2009).

1.2.3 – Sinais CA – principais parâmetros

• Período (T) - duração de um ciclo ou ainda o intervalo de tempo entre dois pontos da curva de mesma
situação (picos positivos ou negativos, p. ex.).
É medido em segundos (s).
• Frequência (f) – número de repetições ou ciclos por segundo.
É medida em Hertz (Hz). f = 1/T, logo, T = 1/f. Daí Hz = 1/s ou s-1.
• A frequência do sistema elétrico no Brasil é de 60 Hz; em outros países se usa 50 Hz.

17
• Curiosidade 1: na área de telefonia celular, os padrões de frequência de operação atuais estão na faixa
de GHz (lembre-se de que 1 G = 1 x 109).
• Curiosidade 2: para ondas de rádio (sinais sonoros), temos os sinais em AM (amplitude modulada) e em
FM (frequência modulada). O Rádio FM oferece maior qualidade sonora do que o AM, pois a sua banda
de passagem é de 200 kHz por canal, bem maior que os 10 kHz do rádio AM. Fonte:
http://www.willians.pro.br/frequencia/cap3_espectro.htm

EF - Exercícios de Fixação
Série 1

EF1 – Para a forma de onda de corrente CA (em mA) da Figura 1.16, pede-se encontrar o seu período e a
sua frequência e desenhar outro sinal de corrente com frequência duas vezes maior.

Figura 1.16.

EF2 – Por que, na construção de uma bobina, utiliza-se o fio de cobre envernizado?
EF3 – Explicar matematicamente (através de uma ou mais equações) por que em uma bobina com muitas espiras
se consegue induzir mais tensão elétrica.
EF4 – Seja o esquema da Figura 1.17.
a) Por que a corrente é alternada no resistor R?
b) Se um técnico projeta uma espira 3 x menor em relação à apresentada nesta figura, o que ocorre com o
valor de pico da senóide produzida? Justifique.
c) Se a espira fica parada, há indução de tensão nos terminais do resistor R?

EF5 – Examinar a Figura 1.18 e explicar por que a corrente elétrica é contínua no circuito externo
(representado pelo resistor R).

Figura 1.17. Figura 1.18.

1.2.4 – Sinais CA – valores característicos

A equação geral de um sinal de tensão senoidal (válida também para um sinal de corrente ou de
potência elétrica) é dada, de acordo com a Lei de Faraday, pela equação (1.5):

18
v(t) = Vmax . sen (t + ) (1.5)

Onde:

1) v(t) é o valor instantâneo da tensão;


2) Vmax é o seu valor máximo, também denominado
amplitude ou tensão de pico (Figura 1.19);
3) Valor de pico-a-pico, Vpp: é a distância entre os
valores máximo e mínimo. Matematicamente, para
um sinal simétrico como o da Figura 1.19, este
parâmetro é dado por (1.6).

Vpp = Vmax – (–Vmax) = 2Vmax (1.6)


Figura 1.19 – Representação de uma senóide,
v(t) = Vmax . sen (t + ).

4) O ângulo  (phi, legra grega) é o ângulo de fase inicial, que indica a posição angular onde se inicia o
semiciclo positivo da forma de onda senoidal.
5)  = t – ver (1.7) – é um ângulo em rad, onde  (teta) é uma letra grega. Graficamente,  é representado
no eixo horizontal, utilizado também para a variável tempo.

 = t = (2/T).t (1.7)

6) A frequência angular  (letra grega ômega) ou velocidade de giro angular, em rad/s, é definida
matematicamente por (1.8), ou por  = 2/T, em que f = frequência (Hz) e T = período (s).

 = 2f (1.8)

Ângulo de fase  – convenção de sinais

- Quando a onda senoidal ADIANTADA em relação ao instante 0 (zero), como mostra a Figura 1.20a, o
ângulo de fase  é considerado positivo na Equação (1.5). O semiciclo positivo começa sempre antes do
zero (0) no eixo t.

Sinal senoidal: v(t) = Vmax . sen (t + )

(a) (b)
Figura 1.20 – (a) Ângulo de fase  > 0 (onda senoidal ADIANTADA em relação a t = 0.
(b) Ângulo de fase  < 0 (onda senoidal ATRASADA em relação a t = 0.

- Na Figura 1.20b o semiciclo positivo começa após o instante zero no eixo t, ou seja, a onda senoidal
está ATRASADA. O ângulo de fase é considerado negativo ( < 0).

19
Identificação de grandezas elétricas variantes no tempo

As grandezas elétricas, quando variantes no tempo, são identificas pela letra MINÚSCULA. Por
exemplo: v(t), tensão CA e i(t), corrente CA. Quando se quer escrever/identificar os parâmetros destas
grandezas (valor máximo, valor de pico-a-pico, valor médio, valor eficaz etc.), faz-se o uso de letras
MAIÚSCULAS, como, por exemplo: Vpp ,Vmax ,VRMS , VDC etc.

Exemplo 1.1 – A expressão v(t) = 5.sen (100t + 350) mostra que este sinal possui um ângulo de fase positivo,
com  = 350. Logo, o sinal v(t) está adiantado em relação ao instante 0 s (ou ao ângulo 00).

Para t = 0, v(t) = 5.sen (0 + 350) = 2,87 V. Veja a forma de onda deste sinal na Figura 1.21 e verifique
este valor instantâneo (2,87 V em t = 0 ms).

v()  [rad/s] v(t)

5
Vmax
V 2,87
V
V

t
35o
0o
0ms

Figura 1.21.

EF - Exercícios de Fixação
Série 2

EF6 – Sejam as formas de onda da Figura 1.22. Pede-se determinar as equações de i(t) e v(t). As duas
formas de onda estão em fase? Justifique.

 ( + )

- Am.sen 

Figura 1.22 – EF6 (BOYLESTAD, 2012). Figura 1.23 – EF7 (BOYLESTAD, 2012).

EF7 – Seja a tensão senoidal da Figura 1.23, cuja equação é v(t) = 20 sen (500..t -  /4).
a) Qual é o seu valor máximo, Am? Qual é a sua velocidade angular () em rad/s?
b) Qual é o seu ângulo de defasagem inicial () em rad? Encontre este parâmetro em ms.
c) Encontre para este sinal o período (T) em s e a frequência (f) em Hz.

EF8 – Para o sinal da Figura 1.24, pede-se encontrar, com base nas informações:

Escala vertical: 2 V/div. e 1 A/div. Escala Horizontal: 0,2 ms / div.

20
a) o período de i(t) e e(t), em ms e a amplitude de pico a pico do sinal e(t);
b) o defasamento em graus e em ms entre os sinais e(t) e i(t).

1.2.4.1 – Valor médio, VCC ou VDC

O valor médio de uma função representa o resultado


líquido da variação de uma grandeza física como
deslocamento, temperatura, tensão, corrente etc.
(MUSSOI, 2006).
Para uma grandeza em função do tempo, por
exemplo, o valor médio é dado pela soma das áreas
positivas e negativas que são descritas periodicamente ao Figura 1.24 – Dois sinais defasados
longo do tempo. no tempo (BOYLESTAD, 2012).

Assim, para uma forma de onda, como mostra a


Figura 1.25, o valor médio é determinado pela área total
sob a curva, dividido pelo período da forma de onda. A
equação (1.9) retorna o valor médio de uma função, e é
apropriada para funções simétricas como a onda
quadrada, onda triangular etc.

Vmed =
 A =  Áreas sob a curva (1.9) Figura 1.25 – Exemplo gráfico do valor médio
T Comprimento da curva de uma forma de onda (MUSSOI, 2006).

Exemplo 1.2 – Qual é o valor médio da forma de onda da Figura 1.26?

Solução:

Figura 1.26 – (BOYLESTAD, 2012).

Exemplo 1.3 – Determine o valor médio para a forma de onda da Figura 1.27.

Solução:

Vmedio =
( 4  2 ) + ( −2  2 ) + ( 3  2 ) + (1 2 )
8
8 − 4 + 6 + 2 12
= = = 1,5 V.
Figura 1.27 (MUSSOI, 2006).
8 8

1.2.4.2 – Valor eficaz, Vef ou Vrms

O valor eficaz de uma função representa a capacidade de produção de trabalho efetivo de uma
grandeza variável no tempo entre as suas excursões positivas e negativa. Para uma grandeza senoidal - ver

21
a Figura 1.28, cuja equação no domínio do tempo é dada por v(t) = Vmax sen t -, o seu valor eficaz é
obtido pela equação (1.10).

Vmax
Vef = = 0, 707  Vmax (1.10)
2

v(t) Tensão eficaz = 0,707 Vmax


O significado físico do valor eficaz (ou valor RMS,
+ Vmax
de root mean square, valor médio quadrático), é extraído
da análise da potência elétrica fornecido a um mesmo
resistor, primeiro com uma fonte de tensão contínua e T
depois com uma fonte CA senoidal, como mostra a 0 T/2 t
Figura 1.29. No primeiro circuito, alimentado pelo sinal
em CC, obtém-se:
- Vmax
I1 = V1 R = 127 100 = 1, 27 A.
Figura 1.28 – Conceito gráfico do valor eficaz
Daí, P1 = V1I1 = 127 V  1,27 A = 161,29 W. de uma senóide (MUSSOI, 2006).

I1 i2
+ A - A

V1 R v2 R
100  100 

Figura 1.29 – Circuitos para medição da potência RMS num resistor. Simulação no Software PSpice®.

No segundo circuito, o resistor R é alimentado por um sinal senoidal v2, ajustado para que o
amperímetro indique uma corrente de 1,27 A, a fim de que seja dissipada a mesma potência que no primeiro
circuito. Logo, P2 RMS = 127 VRMS  1,27 ARMS = 161,29 WRMS. O valor ajustado para v2 equivale a uma
tensão CC, a qual aplicada ao resistor R, dissipa a mesma potência (em CA) que no primeiro circuito (em
CC). O circuito da Figura 1.30 mostra um outro modo prático de se medir a energia térmica entregue por
ambas as fontes ao resistor R.

iCA
ICC
S2
S1

v(t) V
Gerador CA Fonte CC

Figura 1.30 – Medição da energia dissipada por um resistor R


alimentado por fontes CC e CA (BOYLESTAD, 2012).

Em resumo:

O valor da tensão eficaz ou da corrente eficaz é o valor que produz numa resistência o mesmo
efeito que uma tensão/corrente contínua constante desse mesmo valor.

22
Observações:
• Os instrumentos comuns de medição em corrente alternada (voltímetros, amperímetros e multímetros) fornecem
valores eficazes somente para sinais senoidais;
• Para medir o valor eficaz de uma forma de onda de tensão (ou de corrente) não perfeitamente senoidal deverá ser
usado um voltímetro (ou amperímetro) mais sofisticado, conhecido como True RMS (valor eficaz verdadeiro). Este
tipo de instrumento é capaz de fazer a integração da forma de onda (de qualquer formato, senoidal, triangular etc.) e
fornecer o seu valor eficaz exato.
• Para uma forma de onda contínua constante, o valor eficaz (VRMS) é igual ao valor médio (VCC ou (VDC).

1.3 – Relacionando graus elétricos e tempo e graus elétricos e mecânicos

De acordo com a Figura 1.31, é muito simples relacionar graus elétricos (referentes a grandezas elétricas,
obviamente) e o tempo em segundos. Supondo que um ciclo da senóide desta figura (360 graus) ocorre em um tempo
de 10 ms, para encontrar, por exemplo o instante onde ocorre o primeiro valor máximo positivo (vB), basta resolver a
regra de três simples a seguir. Encontra-se para tB o instante 2,5 ms, correspondente a ¼ de ciclo.

360 graus 10 ms
0 90 graus tB

Figura 1.31 – Um ciclo de tensão alternada gerado pela rotação de uma espira (GUSSOW, 2009).

Para relacionarmos graus elétricos e mecânicos, basta aplicar a seguinte definição:

Numa máquina de p polos (veja a Figura 1.32), uma rotação completa do rotor corresponderá a p/2
ciclos de tensão. A denominação da posição do rotor de graus mecânicos e do ângulo correspondente a
cada valor do ciclo de tensão gerada de graus elétricos permite estabelecer (1.11).

p
elet =  mec (1.11)
2

Onde
elet = graus elétricos (em graus ou radianos) e
mec = graus mecânicos (físicos, em graus ou radianos) e p = número de polos.

23
(a) (b)
Figura 1.32 – (a) Gerador elementar CA monofásico de 2 polos. (b) Gerador elementar CA trifásico de 2 polos.

1.4 – Representação fasorial de uma grandeza elétrica senoidal

1.4.1 – Fasores

Uma grandeza senoidal é representada por um vetor que gira com velocidade  constante, em rad/s.
Se este representa uma grandeza elétrica (tensão ou corrente), é denominado de FASOR (ver a Figura 1.33).
O fasor não é como o vetor, pois possui somente módulo e sentido (horário ou anti-horário).

x(t)
+ Xmax
w [rad/s]

0
  2 t

- Xmax
Figura 1.33 – (a) Representação fasorial de uma grandeza senoidal x(t), ilustrada em (b).

 Na Figura 1.34, a onda B está adiantada ou atrasada da onda seno A? Qual é o seu ângulo de fase?

(a) (b)
Figura 1.34 – Ondas senoidais. (a) Formas de onda. (b) Diagrama de fasores.

Na Figura 1.35 são apresentados dois sinais, de tensão, v(t) e de corrente, i(t). No primeiro gráfico
o defasamento é de 180 graus (sinais fora de fase). No segundo gráfico as grandezas estão em fase (ângulo
de defasagem nulo entre ambas as formas de onda).
O oscilograma da Figura 1.36 mostra três sinais de tensão. Qual deles está mais adiantado? Os três
sinais possuem a mesma frequência? Justifique.

24
Figura 1.35 – Sinais em contra fase e em fase.

Figura 1.36 – Três senóides v1, v2 e v3, defasadas entre si.

1.4.2 - Representação matemática de um fasor

O FASOR ou vetor de fase é uma representação de uma função senoidal de amplitude, frequência
angular e fase invariantes no tempo. Alguns autores utilizam como comprimento do fasor o valor máximo;
outros o valor eficaz do sinal senoidal. Neste texto será adotado o valor eficaz como amplitude do fasor.
Os fasores podem ser representados nas formas polar (módulo e ângulo) e na forma complexa. Esta
última é utilizada para as operações de soma e subtração entre fasores. Para as operações de multiplicação
e divisão é recomendado a forma polar.

DOMÍNIO DO TEMPO: x(t) = X max sen ( ωt+ ) FORMA POLAR: X = X eficaz 

Exemplo 1.4 – Seja um sinal v(t) = 180 sen (377t + 450). Qual é a sua forma polar?
Solução:
Relembrando, o valor eficaz de um sinal senoidal é 𝑉𝑒𝑓 = 𝑉𝑚𝑎𝑥 ⁄√2.
Na forma polar este sinal pode ser representado como: V = 180 ( )
2 450 V.

Exemplo 1.5

Um fasor é representado como I = 5A -150. Pede-se encontrar a expressão de i(t) e a queda de


tensão em um resistor R de 10 ohms por onde circula esta corrente, escrita no domínio do tempo e na forma
polar.

Solução:

a) i(t) será representado no domínio do tempo como: i (t ) = 5 2.sen (t − 150 ) .

25
b) Da Lei de Ohm, vR(t) = Ri(t).

vR (t ) = R  i(t ) = 10  5 2.sen (t − 150 ) = 50 2.sen (t − 150 )


Na forma polar  VR = 50 -150 V .

Exemplo 1.6 (BOYLESTAD, 2012)

Seja um número complexo representado na forma polar, como visto na Figura 1.37. O número
complexo com sinal negativo, nesta figura, é oposto ao número complexo com sinal positivo, pois ocorre
um giro de 180 graus no fasor.

Forma polar:

-j
Figura 1.37 – Ilustrando o efeito de um sinal negativo sobre a forma polar (BOYLESTAD, 2012).

EF - Exercícios de Fixação
Série 3

EF9 - Escreva a função e desenhe a forma de onda de um sinal senoidal v1 com frequência 50 Hz e valor
de pico de 5 V. Adote este sinal como referência (angulo 0°).

EF10 - Suponha um sinal senoidal v2 atrasado de 90° em relação ao sinal v1, com valor de pico de 2 V e
mesma frequencia. Escreva a função e a forma de onda do sinal v2.

EF11 - Desenhar o diagrama fasorial dos sinais v1 e v2 da questão anterior. Qual o período destes sinais?

EF12 – Seja um sinal senoidal com período 1 ms e valor eficaz de 8 V, adiantado de 45° em relação à
referência.

a) Desenhe a forma de onda deste sinal.


b) Escreva a sua função matemática.
c) Represente o seu diagrama fasorial do sinal.

EF13 - Uma certa tensão elétrica é descrita pela equação v = 120 sen 377t.

a) Qual é o valor máximo desta tensão? Qual é o seu valor eficaz?


b) Qual é a tensão instantânea quando t = 10 ms?
c) A onda cosseno (com o mesmo aspecto da onda senoidal) é deslocada da onda senoidal de 90 graus (1/4
de período à frente). Escreva a equação da onda de tensão dada neste exercício na forma co-senoidal e
desenhe a mesma no oscilograma a seguir.

26
EF14 - Se uma tensão CA (Figura 1.38) tiver um valor máximo de 155,6 V, qual será o ângulo para o qual
a tensão instantânea é de 110 V?

v(t)
+ Vmax

0
 = t
- Vmax

Figura 1.38 – EF 14.

EF15 – Encontre o defasamento entre as formas de onda de tensão e corrente nas duas situações da Figura
1.39 (formas de onda em (a) e em (b)).

(a) (b)

Figura 1.39 – EF 15.

1.4.3 – Operações matemáticas com fasores

Na análise de circuitos elétricos, a representação trigonométrica (expressões trigonométricas, no


domínio do tempo) permite realizar algumas operações matemáticas entre as grandezas tensão, corrente e
potência elétricas, mas de modo trabalhoso.
A representação fasorial surge então como uma importante ferramenta, facilitando as operações
matemáticas. Isto porque os sinais senoidais podem ser representados através de fasores e estes, por sua
vez, podem ser representados por números complexos. As operações trigonométricas ficam reduzidas a
operações algébricas. Os números complexos são operados por uma álgebra própria, bem mais simples que
os cálculos envolvendo trigonometria. A Figura 1.40 explica isto de forma bastante visual.

27
Figura 1.40 – Representação em diagrama de blocos da operação com fasores (MUSSOI, 2006).

1.4.3.1 – Fasores representados por números complexos

Um fasor é um vetor radial girante, como já foi visto, e permite realizar com facilidade operações
algébricas entre os sinais de um sistema elétrico. Basta, para isto, utilizar uma ferramenta matemática para
a sua representação, a qual faz uso dos números complexos. Um número complexo pode ser representado
na forma retangular (ou forma cartesiana), como mostra a Figura 1.41. É um número composto por uma
parte real e uma parte imaginária, como descrito em (1.12):

Z = a + jb (1.12)

Figura 1.41 – Álgebra fasorial e números complexos.

Em (1.12), temos j, um operador matemático que desloca um fasor real de  90 graus para o eixo
imaginário. Deste modo, o fasor b, deslocado de + 90 graus é representado por + jb e, deslocado de – 90
graus, é representado por - jb. Portanto, o operador j é um operador rotacional.
O operador j, apresentado na Equação (1.12), é denominado operador complexo e definido:

j = −1 (1.13)

Na matemática é utilizado o operador i é usado invés do j, mas em Eletricidade o fator i poderia ser
confundido com o valor instantâneo da corrente, daí o uso preferencial do j.

28
Na Figura 1.42 o coeficiente a representa a projeção de Z no eixo real e b representa a projeção de
Z sobre o eixo imaginário. O ângulo do fasor pode ser encontrado facilmente por (1.14):

 = tan −1 ( b a ) (1.14)

Onde:
tan  = b/a;
a = cateto adjacente e
b = cateto oposto (ao ângulo teta, ).

Figura 1.42 – O fasor Z e seus componentes a e b.

Concluindo, as relações apresentadas anteriormente possibilitam transformações entre as notações


RETANGULAR → POLAR e POLAR → RETANGULAR.

Forma polar  Z = a 2 + b 2
Z = a + jb → 
Z= Z    = tg ( b a )
−1

Exemplo 1.7

Um fasor representado forma POLAR como I = 1A -300 será representado na forma


RETANGULAR ou COMPLEXA como:

I = (1.cos 300) + j (1.sen 300) → I = 0,87 + 0,5 j

1.4.3.2 – Adição e Subtração entre Fasores

Para estas operações, utiliza-se a forma retangular para obter o fasor resultante. Sejam os fasores
Z1 = a1 + jb1 e Z2 = a2 + jb2, sobre os quais se deseja obter a soma e a subtração entre eles. A regra
fundamental para estas operações entre fasores escritos na forma complexa é:

Na operação de soma e subtração, somam-se ou subtraem-se


separadamente os coeficientes reais e os imaginários.

Para os dois fasores Z1 e Z2:

Z12( soma ) = (a1 + jb1 ) + (a2 + jb2 )


SOMA: Z = Z1 + Z2 →
Z12( soma ) = (a1 + a2 ) + j (b1 + b2 )

Z12( Subtr .) = (a1 + jb1 ) − (a2 + jb2 )


SUBTRAÇÃO: Z = Z1 − Z2 →
Z12( Subtr .) = (a1 − a2 ) + j (b1 − b2 )

29
Exemplo 1.8 − Determinar a resultante de Z = Z1 + Z2, onde
Z1 = 5 + j2 e
Z2 = 5 − j7

Solução:  Z = (5 + 5) + j (2 − 7)

 Z = 10 − j5

Exemplo 1.9 − Qual é a resultante C12 dos fasores indicados na Figura 1.43?
Solução:

C12 = (2 + 3) + j(4+1) → C12 = 5 + j5. O fasor resultante está desenhado na Figura 1.44. Confira
as suas coordenadas.

Figura 1.43. Figura 1.44.

1.4.3.3 – Multiplicação e divisão entre fasores

a) Multiplicação

A multiplicação de números complexos deve ser feita na forma polar, não sendo recomendável a
multiplicação na forma retangular, embora possa ser realizada (os cálculos ficam difíceis). Multiplicam-se
os módulos e somam-se algebricamente os ângulos.
Sejam dois números complexos C1 e C2 escritos na forma polar:

C1 = Z1 1 e C2 = Z 2  2

A multiplicação destes entes será dada por

C1  C2 = Z1  Z 2 1 +  2

b) Divisão

A divisão de números complexos também deve ser feita na forma polar. O processo é análogo ao
da multiplicação, porém, ao dividir C1 por C2, dividem-se os seus módulos e subtraem-se algebricamente
os seus ângulos, como descrito matematicamente em (1.15). A Tabela 1.2 mostra um resumo de alguns
parâmetros e operadores de tensão e corrente elétricas.

C1 Z1
= 1 −  2 (1.15)
C2 Z 2

30
Tabela 1.2 – Representações matemáticas de sinais senoidais.
Descrição Tensão (V) Corrente (A)
Valor instantâneo
Domínio do tempo v(t) = Vp sen (t  v) i(t) = Ip sen (t  i)
Forma trigonométrica
Fasor
Domínio fasorial 𝑉̇ = 𝑉𝑒𝑓 v ̇ 𝐼𝑒𝑓 i
𝐼=
Forma polar
Fasor
Domínio fasorial
V̇= Vef (cos v + j sen v) İ= Ief (cos i + j sen i)
Forma retangular
(cartesiana ou complexa)
Valor eficaz Vp Ip
(ou médio quadrático Vef = I ef =
ou RMS) 2 2

1.5 - Comportamento de circuitos resistivos, indutivos e capacitivos em CA

Os componentes passivos – resistores (R), indutores (L) e capacitores (C) – possuem


comportamentos distintos quando conectados em uma fonte de CA. Todos estes tendem a fazer oposição à
passagem da corrente, porém cada qual irá provocar ou não um defasamento entre os ângulos da tensão e
o da corrente.

1.5.1 – Circuito resistivo - corrente e tensão em fase

Considerando-se uma carga R puramente resistiva (Figura 1.45), a potência fornecida pelo gerador
AC será totalmente absorvida por R. Isto ocorre porque a corrente (iR) e a tensão (vR) neste circuito estão
na mesma fase.
A oposição à passagem da corrente é dada
pelo valor ôhmico de R, em (1.16):

vR Vmax sen t
iR = =
R R
(1.16)
iR = I max sen t
Figura 1.45 – Circuito CA com carga
puramente resistiva.

Exemplo 1.10 (BOYLESTAD, 2002) − Dado um circuito puramente resistivo como o da Figura 1.45,
esboçar as suas formas de onda de v(t) e i(t) e o seu diagrama fasorial. São dados:

R = 2 ohms e i(t) = 4 sen (t + 300) A.

Solução: o fasor de corrente será dato por I = 4 2 A 300 = 2,83 A 300 . Logo, a tensão v(t) na forma polar
será encontrada por:

V = R  I = R 00  2,83 300 = 2 00  2,83 300 = 5,66 300 V .

No domínio do tempo,

v(t ) = Vmax .sen (t +  ) t = 5, 66 2  sen (t + 300 ) = 8, 0.sen (t + 300 ) .

31
A Figura 1.46a mostra as formas de onda de v(t) e i(t). Os respectivos fasores estão desenhados na
Figura 1.46b, em fase (00 de deslocamento entre ambos).

(a) (b)
Figura 1.46 – (a) Formas de onda do circuito do Exemplo 1.8. (b) Fasores de i(t) e v(t) (BOYLESTAD, 2012).

1.5.2 – Circuito puramente indutivo – tensão adiantada de 90 graus da corrente

Seja uma bobina alimentada por um sinal CA senoidal (Figura 1.47). Um indutor oferece uma
oposição à variação de corrente i(t) devido à sua propriedade de autoindução de tensão.

Figura 1.47 – Circuito puramente indutivo alimentado por uma fonte de tensão senoidal (MUSSOI, 2006).

Esta oposição estabelecida por um indutor em um circuito CA senoidal é encontrada aplicando-se


a equação:

Efeito = causa / oposição → Oposição = causa / efeito

Esta oposição à corrente iL é a reatância indutiva do indutor L (1.17), onde f é a frequência em


Hertz (Hz) e L a indutância em Henry (H).

XL = L = 2π f L (1.17)

Do circuito da Figura 1.47:

Vmax
VL ef V  L.I max
Oposição = = 2 = max = = L
I L ef I max I max I max
2

A tensão induzida na bobina é fornecida por (1.18).

vL = L. di(t ) dt (1.18)

32
Pela Figura 1.48a é fácil verificar que quando a derivada diL(t)/dt é máxima (instante A, igual em
ângulo a 90 graus), a tensão induzida na bobina é máxima. Para o instante B, diL(t)/dt é nula e, pela Equação
(1.16), vL(t) = 0. Na Figura 1.46b vê-se o fasor VL adiantado de 900 do fasor IL.

v(t)
VL max

(a) (b)
Figura 1.48 – (a) Formas de onda do circuito indutivo puro (Figura 1.47). (b) Fasores VL e IL.

Observando as formas de onda da Figura 1.49 - agora com a corrente iL(t) na referência, ou seja, com
ângulo de fase nulo - se conclui que nos terminais de um indutor num circuito CA, a tensão sempre estará
adiantada de 900 em relação à corrente.

Figura 1.49 – Sinais de i(t) e vL(t) para o circuito da Figura 1.45 (BOYLESTAD, 2002).

1.5.3 - Circuito puramente capacitivo – corrente adiantada de 90 graus da tensão

A oposição à passagem da corrente iC(t) em um circuito capacitivo puro (Figura 1.50) é determinada
pela reatância capacitiva do capacitor C, expressa por (1.19).

1 1
XC = = (1.19)
C 2 fC

iC(t)

v(t) vC(t) C

Figura 1.50 – Circuito capacitivo puro, alimentado por uma fonte de tensão senoidal.

Em (1.19)  é a frequência angular, em rad/s; XC é reatância capacitiva em ohms (Ω); f é a


frequência do gerador em Hertz (Hz) e C é a capacitância em Farad (F). As formas de onda deste circuito
são visualizadas na Figura 1.51. A corrente no capacitor é encontrada por (1.20).

33
vc(t)

(a) (b)
Figura 1.51 – (a) Ondas de corrente e tensão em um circuito capacitivo puro. (b) Fasores IC e VC.

dvC (t )
iC (t ) = C  (1.20)
dt

Analisando a Figura 1.51a, vê-se que o máximo da corrente ocorre quando a derivada da tensão no
capacitor é máxima (inclinação da reta tangente na curva vc(t), em 90 graus. Assim, nos terminais de um
capacitor num circuito CA, a corrente sempre estará adiantada de 900 em relação à tensão. Na Figura 1.51b
vê-se o fasor IC adiantado de 900 do fasor VC.

1.5.4 – Impedância de circuito CA

A impedância Z, dada pela relação entre tensão e corrente num circuito misto, contendo elementos
resistivos (R), capacitivos (C) e indutivos (L), representa a medida da oposição que este circuito oferece à
passagem de uma corrente alternada (MUSSOI, 2006).
Os elementos XL e XC (reatâncias indutiva e capacitiva, respectivamente), são fasores que são
posicionados no eixo imaginário, enquanto a resistência R fica posicionada no eixo real do plano complexo,
também chamado de Plano de Argand-Gauss ou Diagrama de Argand. As Figuras 1.52 e 1.53 mostram a
disposição destes fasores no plano complexo.

(a) (b) (c)


Figura 1.52 (MUSSOI, 2006) – (a) Reatâncias indutiva e capacitiva. Z resultante em: (b) um circuito RL. (c) um circuito RC.

O fasor XL está posicionado para cima,


com ângulo de + 900 enquanto XC está
posicionado para baixo, com ângulo de - 900.
Estes dois fasores são denominados de
componentes reativas de um circuito, ou seja,
armazenam energia. Já o resistor é um elemento
passivo, pois somente dissipa a energia elétrica
que recebe. A impedância complexa ou Figura 1.53 – Diagrama fasorial de impedância (Z).
retangular, também representada na Figura 1.53,
é dada pela Equação (1.21) Z = R + j( X L − X C ) (1.21)

34
Como encontrar o módulo da impedância Z?

O módulo de Z é encontrado aplicando-se o teorema de Pitágoras no triângulo formado pelos


fasores R (cateto adjacente ao ângulo  ou T ou ainda ) e pela resultante X = XL – XC, cateto oposto ao
ângulo , como mostra o diagrama fasorial abaixo. Disto resulta (1.22).

Z = R2 + ( X L − X C )
2
(1.22)

O ângulo da impedância é calculado por (1.23):

T = tan −1
( X L − XC ) (1.23)
R

Na forma polar, a impedância Z é dada pela Equação (1.24). Os componentes de Z podem ser
encontrados em função do ângulo T, como visto em (1.25) e (1.26).

Z = Z T (1.24)

R = Z  cos T (1.25)

X = Z  sen T (1.26)

Sendo conhecidas as equações de v(t) e i(t) em um circuito, determina-se a sua impedância Z. As


equações de tensão e corrente no domínio do tempo, onde 𝑉𝑝 = 𝑉𝑚𝑎𝑥 = √2𝑉𝑒𝑓 , são:

v(t) = Vp sen (t  v) e


i(t) = Ip sen (t  i)

Exemplo 1.11 - Dado o diagrama fasorial da Figura 1.54, onde o ângulo da


impedância é de 60 graus, pede-se calcular:
a) o módulo da impedância Z;
b) o valor de XL (reatância indutiva);
c) a representação de Z na forma complexa;
d) a representação de Z na forma polar.
Figura 1.54.
Solução:
2
a) R = Z.cos T → 2 = Z  cos 600 → Z = = 4 .
cos 600
b) XL = Z × sen θT → 4  sen 600 = 3, 46 .
c) Z = 4 + j(3,46 – 0) = 4 + j3,46.
d) Z = 4 600 ohms.

35
A Tabela 1.3 mostra as relações físicas e matemáticas entre tensão e corrente elétrica nos elementos
passivos de um circuito RLC.

Tabela 1.3 – Relações entre Tensão e Corrente nos elementos passivos RLC (MUSSOI, 2006).

Elemento Comportamento Domínio do tempo Domínio fasorial / unidade


v R (t)
Corrente em fase R= VR
Resistor (R) i R (t) R=
com a tensão
(resistência elétrica) IR

Corrente adiantada 90 dvC (t) VC


(reatância capacitiva)
Capacitor (C) iC (t) = C XC =
graus da tensão dt IC

Indutor Corrente atrasada 90 di L (t) VL (reatância indutiva)


vL (t) = L XL =
(L) graus da tensão dt IL

Impedância Corrente em fase (ou v(t) VZ


Z= Z= 
(Z) não) com a tensão i(t)
IZ

1.5.4.1 – Lei de Ohm para a impedância Z em Corrente Alternada

Como já é sabido, a Lei de Ohm relaciona as grandezas tensão e corrente elétricas através de uma
constante de proporcionalidade, expressa pela oposição entre a causa (tensão aplicada) e efeito (corrente).
Para um circuito CA, a relação entre a tensão e a corrente é a impedância Z. No domínio fasorial, tem-se a
impedância Z escrita de acordo com (1.27), onde, obviamente, o seu ângulo é T = V −  I .

Z T = V V I  I (1.27)

1.5.4.2 – Associação de impedâncias

As impedâncias, da mesma forma que as resistências, podem ser associadas, em série e em paralelo.
As Figuras 1.55 e 1.56 mostram os esquemas destas associações e as suas respectivas equações, para se
encontrar a impedância equivalente.

n
Z1 Z2 Z3 Zn Z eq =  Z i
a b i =1

Zeq = Z1 + Z2 + Z3 + … + Zn Impedância equivalente de


uma associação em série.

Figura 1.55 – Associação em série de impedâncias e sua equação de Z equivalente.

a
n
 1 
Z1 Z2 Z3 Zn Z eq =   
i =1  Z i 
b
Impedância equivalente de
uma associação em paralelo.

Figura 1.56 – Associação em paralelo de impedâncias e sua equação de Z equivalente.

36
Exemplo 1.12 − Encontre a impedância equivalente para um circuito RLC série, onde os parâmetros são
dados por: R = 10 , XL = 15  e XC = 5 .

Solução: Z = R + jX L + (− jX C ) = 10 + j15 − j5 → Z = 10 + j10 .

Exemplo 1.13 – Mostrar que, para a situação de duas impedâncias Z1 e Z2 conectadas em paralelo, resulta
uma impedância equivalente dada pela razão entre o produto e a soma entre ambas.

1 1 1 1 Z 2 + Z1 Z1  Z 2
Solução: = + → = → Z eq =
Z eq Z1 Z 2 Z eq Z1  Z 2 Z 2 + Z1

1.6 - Sistema trifásico

O sistema trifásico consta de três ondas senoidais defasadas entre si de 120 graus. A Figura 1.57a mostra um
gerador trifásico e a Figura 1.57b as bobinas deste gerador. Se conectadas com o ponto neutro (N) em comum, tem-
se a ligação em estrela (Y). A Figura 1.58 mostra um gerador de dois polos girando a uma velocidade n em RPM,
produzindo um campo girante com velocidade  em rad/s.

(a) (b)
Figura 1.57 – (a) Gerador trifásico. (b) Bobinas do gerador, defasadas entre si de 1200 (Boylestad, 2002).

(a) (b)
Figura 1.58 – (a) Modelo elementar de um gerador trifásico com as fases a, b e c
conectadas ao neutro. (b) Formas de onda (defasamento de 120 graus entre as tensões).

Definições importantes:
- Tensão de fase (VF ou VFN): é a tensão de cada fase em relação ao condutor neutro.
- Tensão de linha (VL ou VFF): é a tensão entre duas fases (por exemplo, vab na Figura 1.58a).
- Em qualquer instante de tempo (veja a Figura 1.58b), a soma fasorial das três tensões de fase de um gerador
trifásico é nula (BOYLESTAD, 2012).
A Figura 1.59 mostra as formas de onda de um sistema abc (tensões de fase e de linha). A representação fasorial
das tensões trifásicas está ilustrada na Figura 1.60a. As três tensões de fase (VFN) são defasadas entre si de 120 graus

37
e têm o mesmo módulo. Pode-se obter o fasor de uma tensão de linha (VFF) a partir desta figura. O seu cálculo é obtido
através da aplicação matemática da Lei dos Cossenos.

Figura 1.59 – Formas de onda de um sistema trifásico equilibrado (tensões de fase e de linha).
Fonte: http://www.ee.pucrs.br/~fdosreis/ftp/Eletronica_de_Potencia/trifasico1.gif

A tensão de linha vbc (entre as fases b e c), é encontrada pela Equação (1.28). Para se obter o
fasor -Vcn bastou desenhar o mesmo com defasamento de 180 graus.

→ → → → → → →
Vbc = V b - V c = V bn - V cn = V bn + (- V cn ) (1.28)

(a) (b)
Figura 1.60 – (a) Diagrama fasorial para um gerador trifásico – tensões de fase. (b) – Obtendo a tensão
de linha vbc, a partir das tensões nas fases b e c em relação ao neutro (regra do paralelogramo).

Pela regra do paralelogramo, aplicada no diagrama fasorial da Figura 1.60b, se obtém o fasor
⃗ 𝑏𝑐 ).
resultante (comprimento da diagonal 𝑉

38
Relembrando...

A rede elétrica CA monofásica é formada por dois fios, um chamado fase e outro chamado neutro.
O fio neutro possui potencial zero e o fio fase é por onde a tensão elétrica é transmitida. Como haverá
diferença de potencial entre a fase e o neutro, haverá tensão elétrica. O fio terra contém um sinal com zero
volt absoluto. Ele é usado para igualar o potencial elétrico entre equipamentos elétricos. Normalmente o
condutor terra é ligado à carcaça metálica do equipamento.

Fonte: Artigo: ATERRAMENTO. Gabriel Torres. Dezembro de 2002. Disponível em:


<http://www.clubedohardware.com.br/artigos/457>. Acesso em 22 dez 2010.

1.6.1 – Tensão de fase e tensão de linha

Sejam os fasores da Figura 1.61 − tensões de fase e de linha de um sistema trifásico equilibrado, na
sequência abc, como o do gerador da Figura 1.57. Estão aí destacadas as tensões nas fases a, van e b, vbn (em
relação ao neutro da conexão), para o cálculo do módulo da tensão de linha vab.

Figura 1.61 – Composição vetorial das três tensões de linha, para um sistema trifásico equilibrado.

Para o cálculo do módulo de uma tensão de linha, basta encontrar o fasor resultante de duas tensões de
fase. Na Figura 1.61, foi escolhida a tensão entre as fases a e b, vab, cuja resultante é, em (1.29):

→ → → → →
V ab = V an − V bn = V an + ( − V bn ) (1.29)

As tensões Van (lado superior do paralelogramo) e -Vbn formam um ângulo de 120 graus. Para se
encontrar a tensão de linha Vab basta aplicar a Lei dos Cossenos, o que permite obter (1.30).

Vab2 =Van2 +(Vbn ) 2 - 2.Van .(Vbn ).cosα → Vab2 =VF2 +(VF ) 2 - 2.VF .(VF ).cos1200

VL2 =VF2 +VF2 - 2.VF .(VF ).(-0,5) → VL2 =VF2 +VF2 +VF2 =3.VF2

VL = 3.VF (1.30)

Logo, a tensão VF é igual à tensão VL dividida por raiz de 3 e não por 2, como ocorre, por exemplo
no secundário de um transformador. Neste equipamento, a bobina do secundário é dividida ao meio pela
ligação de um fio no tap central (obtém-se, no secundário, p. ex., 220 V = 110 V + 110 V).

39
1.6.2 – Ligações em estrela e em triângulo

Em termos práticos, as alternativas mais comumente empregadas para a ligação de circuitos


trifásicos, envolvendo o gerador e a carga, são:

1. Gerador ligado em estrela (Y) e carga ligada em estrela (Y) – Figura 1.62a.
2. Gerador ligado em estrela (Y) e carga ligada em triângulo () – Figura 1.62b.

Na conexão Y a corrente de linha e a de fase são as mesmas. Na conexão  a tensão de fase na carga
é igual à tensão de linha do gerador.

(a)

(b)
Figura 1.62 – (a) Conexão Y-Y entre gerador e carga. (b). Conexão Y- entre gerador e carga (BOYLESTAD, 2012).

Na Figura 1.63, temos dois tipos de carga ligadas a uma mesma rede trifásica. A primeira está
ligada em estrela e a segunda em triângulo.

40
Figura 1.63 – Conexões Y-Y (primeira sequência) e Y- (segunda sequência) entre gerador e carga.

1.6.3 – Tensões e correntes nas ligações em estrela e em triângulo

A Figura 1.64 mostra as correntes de linha e de fase nas conexões triângulo e estrela (veja o esboço
das ligações). Na ligação em triângulo, a corrente de linha é maior que a de fase. E, na ligação em estrela,
a tensão de linha é maior que a de fase.

Figura 1.64 – Relação entre as correntes de linha e de fase nas ligações triângulo e estrela.

Notas:

1) na ligação em , a soma das correntes de fase é fasorial! Como estão defasadas de 120 graus, não
vale a relação IL = IF + IF = 2IF em qualquer vértice do triângulo;
2) este mesmo raciocínio se aplica para a ligação em estrela, onde não vale a relação
VL = VF + VF = 2VF;
3) a ligação em triângulo não possui o condutor de neutro;
4) na conexão em Y, se o sistema for equilibrado, no condutor de neutro não circula corrente, ou
seja, IN = Ia + Ib + Ic = 0.

Exemplo 1.14
Seja uma carga ligada em estrela (sistema trifásico equilibrado), onde a tensão de linha é dada por
Vab = 220 300 VRMS. Desenhar esta tensão em um diagrama fasorial e calcular a sua tensão de fase.

Solução: diagrama fasorial (abaixo). A tensão de fase é:

VF = VL /1,73

= 220 / 1,73 = 127 Volts.

41
EF - Exercícios de Fixação
Série 4

EF16 – Seja uma carga equilibrada, alimentada em estrela por um gerador CA trifásico conectado também
em estrela, como mostra a Figura 1.63.

Carga
balanceada

Figura 1.65 – Conexão Y-Y para uma carga indutiva (BOYLESTAD, 2012).

a) Encontre os ângulos 2 e 3 e o módulo das tensões de linha.


b) Encontre as correntes de fase na carga e mostre que no neutro tem-se  IF = 0.

EF17 – Um circuito série RLC é alimentado por uma fonte de tensão senoidal v1 (t), que, na forma polar, é
dada por V1 = 100 /00 V.

Os parâmetros do circuito são: R = 6 , XL = 10  e XC = 20 .

a) desenhar o triângulo de impedâncias e calcular o módulo da impedância;


b) determinar o valor da corrente na forma polar.

EF18 – Um circuito RL série é alimentado por uma fonte senoidal, v(t) = 10 sen t [V].

a) Sendo Z = 20 + j50 , calcular a corrente no mesmo para f = 10 Hz, 60 Hz e 200 Hz.


b) Desenhar os diagramas de impedância de v(t) e i(t) para as frequências citadas.

42
LEP 1
Lista de Exercícios e Problemas 1 – 17 Questões

1) O gráfico da Figura 1 mostra as formas de onda de tensão e corrente em um elemento de circuito.


a) Escrever as suas equações, v(t) e i(t), indicando os valores aproximados de Vmax e Imax.
b) Pode-se dizer que este elemento é um _________________ (resistor/capacitor/indutor).

Figura 1 – Sinais v(t) e i(t) em um elemento de circuito.

2) Mostre matematicamente que a onda seno está defasada da onda cosseno de 90 graus (ver a Figura 2).

Figura 2 (BOYLESTAD, 2012).

a) Determine: o módulo de Z, o ângulo T e o teor do circuito (mais indutivo ou mais capacitivo);


b) trace o triângulo de impedância e as formas de onda da tensão e da corrente na carga.

3) Um resistor R de 25 ohms tem uma potência média de 400 W. Determinar o valor máximo da corrente
iR(t), onde i(t) = Im.sen t.
Nota: a potência média em um resistor é PDC = V 2 max 2 R . Resp.: Im = 5,66 A.

4) Sendo v(t) = 100.sen 500t, pede-se encontrar:


a) o valor instantâneo de em t = 1,0 ms.
b) o período e a frequência de v1 = 10 − 5.cos (800t + 300) e i2 = 5,5.sen 2 10t.
Resp.: (a) v(1 ms)  100 V (b) T1 = 2,5 ms e f1 = 400 Hz; T2 = 314,16 ms e f2 = 3,18 Hz.

43
5) Dada a forma de onda da Figura 3, encontre:

a) a sua equação;
b) o seu valor médio (VDC) em V;
c) o seu período em ms se  = 300 rad/s.

Resp.: (b) VDC = 15 V ; (c) T  20,94 ms.


Figura 3.

6) Seja a forma de onda apresentada na Figura 4.

Calcule o seu valor médio, sendo que

Á𝑟𝑒𝑎 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑣(𝑡) 𝑛𝑢𝑚 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑇


𝑉𝐷𝐶 =
𝑇

Resposta: 6 V.

Figura 4.

7) Um resistor R de 50  tem uma queda de tensão sobre ele dada por vR(t) = 120.sen (377t + 450) V.
Calcule:
(a) o valor máximo da corrente neste resistor, iRmax.
(b) a potência média dissipada em R, sendo PDC = Vmax 2
2R .
Resp.: (a) iR max = 2,4 A. (b) PDC = 144 W.

8) Converta os seguintes números para a forma retangular.


a) Z1 = 11,8  510 b) IC = 15,8 A 2150 c) VR = 13,7 V1420 d) Z1 = 16,9 V360

Resp.: (a) 7,43 + j9,17; (b) –12,9 – j9,06; (c) –10,8 + j8,43; (d) 13,67 + j9,93.

9) Sejam dois componentes conectados em paralelo, cujas impedâncias, Z1 e Z2 são dadas por:
Z1 = 300  30o e Z2 = 400  - 50o.

(a) Encontre a impedância total desta associação.


(b) Determinar os possíveis elementos do circuito e a corrente da fonte V, se V na forma polar é dada por
V = 127 V30o.

10) Represente os fasores Z1, Z2 e Z3 na forma polar:

a) Z1 = 6 + j8 b) Z2 = 4 − j10 c) z3 = (z4 + z5 + z6) / z7 ,


4
onde:
Z1 2
j8  z4 = 40 + j 55  ,
j10  z5 = 100 - j 33  ,
Z2
53,10 z6 = - 20 - j 60  e
6 z7 = - 65 + j 90 .

Resp.: 10  53,1o Resp.: 10,77  - 68,2o Resp.: 1,13  - 143,41o

44
12) Um circuito RLC série possui os seguintes componentes: VT = 50 V 30o, R = 6 ohms, XL = 9 ohms
e XC = 17 ohms.
a) Calcule a sua impedância total e a máxima corrente do circuito.
b) Calcular a tensão na bobina, VL.
c) Quando XL = XC, que fenômeno elétrico ocorre neste circuito? O que se pode dizer a respeito da
corrente na fonte?

13) Seja o circuito paralelo da Figura 5, onde VT = 120 V 00.

a) Calcular as correntes nos ramos e a corrente total.


b) Traçar o diagrama fasorial de IT e de VT.
c) Encontrar a impedância Zeq através de VT / IT e de
Zeq = (Z1  Z2)/(Z1 + Z2). O resultado obtido é
o mesmo? Justifique.
Figura 5.

Resp.: (a) I1 = 1,46 + j5,82 [A]; I2 = 12 [A]; I3 = 13,46 + j5,82 [A]. (b) Zeq = 7,49 − j3,32 [].

14) Dado o circuito RL paralelo CA da Figura 6, onde VT = 127 V 00, pede-se:

IT

VT R1 L1

Figura 6.

a) mostrar que a impedância equivalente do circuito pode ser encontrada pela expressão:
RX L
Z eq = 900 − tan −1 ( X L R )
R 2 + X L2

b) Sabendo-se que a frequência da fonte CA é de 60 Hz, calcule o valor de Zeq e represente-a na forma
cartesiana. Resp.: Zeq = 16,34 + j 9,45 .
c) calcular e representar a corrente total do circuito (IT) na forma complexa. Resp.: IT = 5,83 – j 3,37 [A].

15) O diagrama fasorial da Figura 7 representa as tensões e correntes de fase em uma carga trifásica
equilibrada, na configuração estrela.

: ângulo entre a
tensão e a corrente

Figura 7 – Diagrama fasorial de tensões e correntes de um sistema trifásico.

45
É correto afirmar:
a. ( ) A corrente IC possui ângulo de (150o - ) e o fator de potência é igual ao cos .
b. ( ) A tensão VCA possui ângulo de + 150o e a corrente fasorial IB possui ângulo de -120o.
c. ( ) A tensão VBC possui ângulo de -90o e a carga é resistiva.
d. ( ) A tensão VAB possui ângulo de -90o e o fator de potência é igual ao cos .
e. ( ) A tensão VBC possui ângulo de -90o e o fator de potência é igual ao cos .

16) Três resistências de 20  estão ligadas em Y a uma linha trifásica de 240 V funcionando com um fator
de potência unitário (cos  = 1). Resp.: (a) 6,94 A. (b) idem. (c) 2890 W.

a) Calcule a corrente através de cada resistência.


b) Qual e a corrente de linha para esta conexão?
c) Qual é a potência consumida pelas três resistências.

17) Uma carga equilibrada indutiva, onde em cada fase a impedância é Z = 10 + j10 ohms (Figura 8) é
alimentada por uma tensão de linha EL = 220 VRMS.

a) Qual é o ângulo de fase T?


b) Mostre que a potência ativa total da (carga em W) é dada por 𝑃𝑇 = 3𝑅𝐼𝐿2 .
c) Calcule a potência ativa utilizando 𝑃𝑇 = √3 𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos 𝜃𝑇 . Compare o resultado com o obtido no item (b).

Figura 8 – Carga equilibrada ligada em estrela (BOYLESTAD, 2012).

46
Principais Relações Trigonométricas

sen x = cos (x – 90o) (1.1)

cos x = sen (x + 90o) (1.2)

tan x = sen x / cos x (1.3)

sen (− x) = − sen x (1.4)

cos (− x) = cos x (1.5)

sen (x  y) = sen x . cos y  cos x . sen y (1.6)

cos (x  y) = cos x . cos y ∓ sen x . sen y (1.7)

sen x . sen y = (1/2) . [cos (x – y) – cos (x + y)] (1.8)

cos x . cos y = (1/2) . [cos (x – y) + cos (x + y)] (1.9)

sen x . cos y = (1/2) . [sen (x – y) + sen (x + y)] (1.10)

sen x = sen (x  N360o), para qualquer inteiro N (1.11)

cos x = cos (x  N360o), para qualquer inteiro N (1.12)

Funções Circulares – Triângulo Retângulo

Dado um triângulo retângulo ABC, como o mostrado na Figura 5, pode-se escrever as equações (1.13), (1.14) e (1.15).

cateto oposto b (1.13)


sen θ = =
hipotenusa a
cateto adjacente c (1.14)
cos  = =
hipotenusa a
cateto oposto b (1.15)
tan θ = =
cateto adjacente c
Figura 9.

 VL = 3.VL

Sistema Trifásico – Potência Total em W:  IL = IF
 P = 3P = 3.V I cos 
 T F F F

47
Capítulo
INTRODUÇÃO AOS MOTORES ELÉTRICOS
2
Capítulo 2 – Introdução aos motores elétricos

2.1 – Introdução

O motor elétrico pode ser definido, de um modo simples e direto, como um equipamento que
converte energia elétrica em energia mecânica (em geral energia cinética) e desenvolve em seu eixo
um movimento de rotação e um conjugado (torque). A energia elétrica – fonte de alimentação - pode
ser na forma contínua (no caso dos motores CC) ou alternada (motores CA de indução, síncronos etc.).
Segundo informações da WEG Equipamentos Elétricos, o motor de indução é o mais usado de
todos os tipos de motores (cerca de 80 % a 90 % dos motores elétricos em serviço no mundo), pois
combina as vantagens da utilização de energia elétrica - baixo custo, facilidade de transporte, limpeza
e simplicidade de comando - com sua construção simples, custo reduzido, grande versatilidade de
adaptação às cargas dos mais diversos tipos e melhores rendimentos. A Figura 2.1 apresenta um motor
de indução em vista explodida.

2.2 – Aplicações de motores CC e CA

A Figura 2.2 mostra, de modo bastante gráfico, os tipos de motores elétricos, divididos em duas
categorias principais, em função da fonte de alimentação: motores de corrente contínua e motores de
corrente alternada.

Figura 2.1 – Aspecto do motor de indução, em vista explodida. Disponível em:


http://www.weg.net/files/products/WEG-motores-eletricos-baixa-tensao-mercado-brasil-050-catalogo-portugues-br.pdf

48
Figura 2.2 – Tipos de Motores Elétricos. (Guia de especificação - Motores Elétricos WEG, 2019)

2.2.1 – Motores de Corrente Contínua

O motor de CC foi o primeiro a ser utilizado na indústria, destacando-se pela simplicidade em se controlar a
velocidade de rotação em RPM e o torque. A Figura 2.3 mostra o aspecto e as partes principais do motor CC: a parte
fixa ou estática (estator ou campo) e a parte móvel (rotor ou armadura).

(a) (b) (c)

Figura 2.3 – (a) Aspecto do motor CC (UMANS, 2014). (b) e (c) Principais partes constituintes.

49
Veja o aspecto de um motor CC industrial na Figura 2.4. O estator ou campo constitui a parte fixa do
motor, possuindo sapatas polares formadas por pacotes de lâminas de aço silício justapostas. Em torno das
sapatas polares são enrolados os fios condutores, que formam as bobinas.
O rotor ou armadura é a parte móvel, montado no eixo de transmissão ou de movimento do motor CC.
Possui também um pacote de lâminas de aço silício com ranhuras, onde são inseridas as suas bobinas, cujos
terminais são conectados eletricamente ao coletor.

Figura 2.4 – Motor de CC. Fonte: http://www.ted-kyte.com/3D/Pictures/DC%20Motor%20Open.jpg

Relembrando... O motor de CC tem a sua operação baseada nas forças resultantes da interação entre o campo
magnético e a corrente que circula no seu enrolamento de armadura. Tais forças tendem a mover o condutor num
sentido perpendicular ao plano da corrente elétrica e do campo magnético (regra da mão esquerda ou Regra de
Fleming) – Figura 2.5. A Figura 2.6 mostra a ação motora em uma espira.

Figura 2.5 – Visualização do movimento de um condutor percorrido por corrente elétrica, no interior
de uma região onde há fluxo de linhas de campo magnético – Regra da Mão Esquerda (Fleming).

Figura 2.6 – Ação motora em uma espira: corrente produzindo movimento.

50
Os motores CC têm aplicações onde se requer um controle preciso de velocidade, que é a
sua principal característica. Devido à evolução da Eletrônica de Potência, hoje em dia estes
motores são acionados por fontes estáticas de CC com tiristores, com grande confiabilidade,
manutenção simples e baixo custo. Apesar do custo elevado, os motores CC ainda constituem uma
alternativa em uma série de aplicações onde é necessário o ajuste fino de velocidade.
Os acionamentos de corrente contínua, compostos por conversores CA/CC e motor CC
possuem excelentes propriedades técnicas de comando e regulação e garantem: regulagem precisa
de velocidade, aceleração constante e ampla sob qualquer condição de carga, aceleração e/ou
desaceleração controlada e finalmente um conjugado constante sob ampla faixa de velocidade com
controle através da armadura.
O motor CC vem sendo substituído pelos motores CA acionados por inversores de
frequência. Porém, em alguns processos o seu emprego é vantajoso, como:

- Máquinas de papel e de impressão; - Ferramentas de avanço;


- Máquinas têxteis - Tornos;
- Bobinadoras e desbobinadoras; - Mandrilhadoras;
- Laminadoras; - Indústria química e petroquímica;
- Extrusoras; - Indústria de borracha;
- Prensas; - Veículos de tração.
- Máquinas de moagem (moinho de rolos)
As principais características da máquina CC são:
- Altamente flexível e controlável;
- Torques de partida, aceleração e desaceleração elevados;
- É capaz de realizar inversões rápidas;
- Vasta gama de controle de velocidade e torque (uma variação de velocidade de 4:1 é obtida
facilmente com resistores, e de 40:1 com dispositivos eletrônicos);
- Torque máximo: é limitado por comutação e não por aquecimento, como em outras máquinas.
- Caras e frágeis devido ao comutador.

2.2.2 – Motores de Corrente Alternada

Os motores CA (Figura 2.7) constituem a maioria das aplicações industriais, principalmente porque
a distribuição de energia elétrica é feita em CA. A sua configuração mais econômica é o uso de motores de
indução de Gaiola de Esquilo (aproximadamente 90 % dos motores CA fabricados são deste tipo). A outra
configuração é com rotor bobinado, composto de três bobinas em estrela, com as características de partida
suave e velocidade ajustável.

Figura 2.7 – Motores de indução. Fontes: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Silniki_by_Zureks.jpg


e http://www.onelectriccars.com/inside-the-tesla-roadster-sport/606/

51
O uso dos motores CA se justifica (e é predominante) quando não são necessários o ajuste e o controle de
velocidade e para potência inferior a 500 CV. Para aplicações com variação de velocidade com motores CA,
empregam-se inversores de frequência.

Segundo FRANCHI,

O constante desenvolvimento da eletrônica de potência deve levar a um progressivo


abandono dos motores de corrente contínua. Isso porque fontes de tensão e frequência
controladas, que alimentam motores de corrente alternada, principalmente os de indução de
gaiola, já estão se transformando em opções mais atraentes quanto ao ajuste e ao controle de
velocidade (FRANCHI, Claiton Moro. Acionamentos Elétricos. 2ª. Ed. São Paulo: Ed. Érica,
2007).

Serão estudados em maior profundidade neste capítulo apenas os motores CA, visto que a imensa maioria
dos motores elétricos utilizados nos processos industriais pertence a essa categoria.
Quanto à velocidade de rotação, classificam-se os motores CA:
- Motor SÍNCRONO: aquele que opera com frequência fixa, igual àquela da rede de alimentação CA.
Utilizado para faixas de grandes potências (devido ao custo alto para tamanhos menores). Neste motor, a velocidade
do rotor é igual a do campo girante do estator (assunto que será estudado a seguir).
- Motor ASSÍNCRONO – opera com velocidade que varia ligeiramente com a carga mecânica aplicada ao
eixo. A velocidade do rotor é diferente da velocidade do campo girante do estator.

2.3 – O motor CA trifásico

2.3.1 – Motor de indução

O motor assíncrono de indução (velocidade variável) tem atualmente uma aplicação muito grande tanto na
indústria como em utilizações domésticas, dada a sua grande robustez, baixo preço e partida fácil (pode mesmo ser
direta, em motores de baixa potência). É o motor mais utilizado nos processos industriais nos dias de hoje.
Na sua configuração trifásica, o Motor de Indução Trifásico (MIT) apresenta, em relação aos motores
monofásicos, uma superioridade: é mais econômico tanto na construção como na utilização. Geralmente é o mais
utilizado para acionamento de compressores, bombas e ventiladores. O uso de MIT se justifica a partir de 2 kW. Para
potências menores, indica-se o motor de indução monofásico, o qual será estudado no capítulo 8 (características
construtivas e métodos de acionamento). Como vantagens em relação ao motor monofásico, o MIT apresenta
vantagens como partida mais simples, ruído menor e menor custo (FRANCHI, 2007).
O rotor de uma máquina de indução polifásica pode ser de dois tipos de tecnologia: 1) o rotor de gaiola de
esquilo e 2) o rotor enrolado ou bobinado.

2.3.1.1 - Motor de indução com rotor do tipo gaiola de esquilo

O motor de indução com rotor tipo gaiola de esquilo é também conhecido como motor de indução com rotor
em curto-circuito. O rotor é constituído por um núcleo de chapas ferromagnéticas de aço silício, isoladas entre si,
sobre o qual são colocadas barras de alumínio (condutores), dispostas paralelamente entre si e unidas nas suas
extremidades por dois anéis condutores (também de alumínio), os quais provocam um curto-circuito nos condutores,
como mostram as Figuras 2.8 e 2.9.

(a) (b)
Figura 2.8 – Rotor do tipo gaiola de esquilo: (a) estrutura e (b) localização interna ao estator.

52
A vantagem deste rotor, em comparação ao rotor bobinado, é a construção do induzido mais prática,
mais barata e mais rápida. Trata-se de um motor de simples fabricação, robusto, de manutenção reduzida,
de rápida ligação à rede, não sendo necessário o uso de anéis coletores (componente sensível e caro),
possibilitando melhor adaptabilidade aos ambientes mais agressivos. Obviamente não possui coletor (órgão
delicado e caro), não produz faíscas e tem, portanto, uma manutenção muito mais reduzida do que qualquer
outro motor. A Figura 2.10 mostra um motor de indução (vista em corte) com rotor em gaiola de esquilo.

(a) (b) (c)


Figura 2.9 – (a) Pacote de lâminas (material ferromagnético). (b) Gaiola (barras). (c) Rotor bobinado (pacote + gaiola). Fonte:
Laboratório Integrado II MTI Funcionamento, Construção e Ligações – Prof. Norberto Augusto Júnior (Notas de Aulas).

Figura 2.10 – Motor de Indução Trifásico – vista em corte. Fonte: WEG Equipamentos Elétricos S.A.

2.3.1.2 - Motor de anéis ou com rotor bobinado

É utilizado em geral para partir cargas de alta inércia ou que exijam conjugados de partida elevados, ou
ainda, quando o sistema de acionamento requer partidas suaves. O rotor bobinado, com estrutura semelhante ao
enrolamento do estator, é constituído por um núcleo de chapas de aço silício (isoladas entre si) sobre o qual são
alojadas as espiras que constituem o enrolamento (Figura 2.11).

Figura 2.11 – Rotor bobinado – aspecto construtivo.

Os terminais livres de cada uma das bobinas do enrolamento são ligados a anéis coletores ou deslizantes
(Figura 2.12). Os anéis coletores se conectam a um reostato constituído por resistências variáveis, com a função
de reduzir as correntes de partida elevadas, no caso de motores de elevada potência. Isto assegura uma partida
mais suave.

53
Figura 2.12 - Chave para Motor de indução com rotor bobinado (resistência rotórica).

2.3.2 – Motor trifásico de múltiplas velocidades

Neste tipo de motor podem ser obtidas velocidades distintas num mesmo eixo. Estes motores, em
sua maioria, operam com apenas uma tensão, pois as conexões/religações disponíveis geralmente permitem
a alteração apenas da velocidade. Para cada rotação, a potência e a corrente são diferentes. Basicamente são
encontrados dois tipos de motores trifásicos de velocidade múltipla: o motor de enrolamentos separados e
o motor Dahlander.

2.3.2.1 – Motor trifásico de enrolamentos separados

Este tipo de motor – veja a Figura 2.13 – é baseado em que a rotação de um motor elétrico (rotor
gaiola) depende do número de polos magnéticos formados internamente em seu estator. Possui na mesma
carcaça dois enrolamentos independentes e bobinados com números de polos diferentes. Ao alimentar um
enrolamento ou outro, obtêm-se duas rotações, uma denominada baixa e outra, alta.

(a) (b)
Figura 2.13 (BASOTTI, 2001) – (a) Numeração dos enrolamentos do motor de
enrolamentos separados. (b) Montagem do transformador semelhante à do motor.

As rotações dependerão dos dados construtivos do motor, não havendo relação obrigatória entre baixa
e alta velocidade. Exemplos: 6/4 polos (1200 /1800 rpm); 12/4 polos (600/1800 rpm), etc. Deve-se ficar atento
para o fato de que, ao alimentar o motor em uma das rotações (por exemplo a BAIXA), deve-se ter o cuidado de
manter as conexões do lado da outra rotação (no caso a ALTA) desligadas, isoladas e com o circuito aberto,
pois, obviamente, não é possível o motor girar em duas rotações simultaneamente.

2.3.2.2 – Motor Dahlander

O motor Dahlander é aquele que possui um enrolamento especial, o qual recebe dois tipos de
conexões, possibilitando alterar a quantidade de polos. Daí é possível se obter duas velocidades distintas,
sempre com relação 1:2, pois, de acordo com (2.1), a velocidade depende, além da frequência da fonte CA,
também do número de polos. Exemplos: 4/2 polos (1800/3600 rpm); 8/4 polos (900/1800 rpm).

54
120 f
n=  rpm (2.1)
p

Os diagramas de ligação para os motores acima citados, bem como o seu acionamento, serão
apresentados a partir do capítulo 6 e nos Guias de Aulas Práticas, disponíveis no Apêndice III.

2.4 – Partes constituintes

As partes constituintes do motor elétrico são localizadas em dois setores: o estator (parte fixa) e o
rotor (parte girante). O espaço entre o estator e o rotor é chamado de entreferro. A Figura 2.14 ilustra o
motor elétrico e na sequência são apresentados os componentes e sua descrição.

Estator

• Carcaça (1) - é a estrutura suporte do conjunto; de construção robusta em ferro fundido, aço ou
alumínio injetado, resistente à corrosão e com aletas.
• Núcleo de chapas (2) - as chapas são de aço magnético, tratadas termicamente para reduzir ao
mínimo as perdas no ferro.
• Enrolamento trifásico (8) - três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada fase, formando um
sistema trifásico ligado à rede trifásica de alimentação.

Figura 2.14 – Motor de indução – partes do estator e do rotor. Fonte: Disponível em:
http://www.weg.net/files/products/WEG-motores-eletricos-baixa-tensao-mercado-brasil-050-catalogo-portugues-br.pdf

Rotor

• Eixo (7) - transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. É tratado termicamente para
evitar problemas como empenamento e fadiga.
• Núcleo de chapas (3) - as chapas possuem as mesmas características das chapas do estator.
• Barras e anéis de curto-circuito (12) - são de alumínio injetado sob pressão numa única peça.
Outras partes do motor de indução trifásico: tampa (4), ventilador (5), tampa defletora (6), caixa de
ligação (9), terminais (10) e rolamentos (11).

55
2.5 – Princípio de funcionamento do motor CA

2.5.1 – Campo girante de um motor trifásico

Nesta seção serão estudados os campos girantes, assunto de extrema importância para o
entendimento do princípio de funcionamento das máquinas elétricas trifásicas. Antes disso, será
apresentado o campo magnético de uma máquina CA monofásica, que é pulsante.
O estator do motor de indução corresponde ao núcleo ferromagnético estacionário, como mostra a
Figura 2.15. Nas ranhuras do estator são alojadas as espiras de fio condutor que constituem os enrolamentos
ou bobinas do estator. Dependendo do número de ranhuras e da maneira como serão dispostas as espiras
dos enrolamentos, poderemos ter 2, 4, 6 ou 8 polos magnéticos.

Figura 2.15 – Construção do estator e rotor de uma máquina elétrica. Ranhuras para disposição dos enrolamentos.

Como já é sabido, em uma bobina na qual circula uma corrente elétrica, é criado um campo
magnético dirigido conforme o eixo da bobina. O valor deste campo é proporcional à corrente. As Figuras
2.16a e 2.16b mostram, respectivamente, um enrolamento monofásico e um enrolamento trifásico, ambos
atravessados por corrente(s) i(t) e o campo magnético H criado em ambas as situações2.

(a) (b)
Figura 2.16 – (a) Enrolamento monofásico atravessado por uma corrente alternada i(t) e a consequente formação de um campo
magnético pulsante. (b) Formação de um campo magnético girante em um enrolamento trifásico, a partir de tensões alternadas
defasadas de 120 graus elétricos, que geram, em dada fase, uma corrente i(t).

O enrolamento monofásico, apresentado na Figura 2.16a, é formado por um par de polos, um polo
NORTE e um polo SUL. Os efeitos destes polos são somados para estabelecer o campo magnético h(t), o
qual atravessa o rotor entre os dois polos, se fechando através do núcleo do estator. Se a corrente i(t) é
alternada, o campo magnético H também o será, como se verifica na Figura 2.17, produção do campo
magnético pulsante, senoidal.

2O campo magnético H (dado em A/m) e a densidade de campo magnético B (em Wb/m2 ou Tesla) se relacionam pela expressão
B = H, onde  é a permeabilidade magnética do meio, dada por  = r 0, com o = 4  10-7 [Wb/A.m] (permeabilidade magnética
do vácuo) e r é a permeabilidade relativa, ou do meio.

56
Figura 2.17 – Campo magnético pulsante B gerado por alimentação monofásica. Fonte:
http://minerva.ufpel.edu.br/~egcneves/disciplinas/mte/caderno_mte/motor_mono.pdf.

Este campo magnético criado devido a uma só fase é denominado pulsante porque tem sempre a
mesma direção e não permite a indução de correntes significativas nos enrolamentos rotóricos. Logo, não
se consegue a formação do campo magnético girante. Isto explica a dificuldade existente na partida dos
motores monofásicos CA, assunto a ser estudado no capítulo 8.
– Para as máquinas elétricas trifásicas, como é criado o campo magnético rotativo ou girante?
– Como é que se dá origem ao movimento de rotação de seu eixo?
Inicialmente considere três bobinas independentes no estator, as quais são montadas com uma
defasagem angular de 120˚ entre si – Figura 2.18.

Figura 2.18 - Produção do Campo Girante por meio do Sistema Trifásico.

Estas bobinas são alimentadas por tensões trifásicas va(t), vb(t) e vc(t), defasadas geometricamente
de 1200, como mostra a Figura 2.19. São produzidas então as correntes ia(t), ib(t) e ic(t), descritas por (2.2),
(2.3) e (2.4). Os campos magnéticos resultantes são indicados por (2.5), (2.6) e (2.7).

Figura 2.19 – Tensões trifásicas aplicadas aos enrolamentos do estator de um MIT.

57
ia(t) = Imax sen t (2.2)
ib(t) = Imax sen (t – 120o) (2.3)
o
ic(t) = Imax sen (t + 120 ) (2.4)
ha(t) = Hmax sen t (2.5)
hb(t) = Hmax sen (t – 120o) (2.6)
hc(t) = Hmax sen (t + 120o) (2.7)

Observando a Figura 2.19, ao redor dos enrolamentos do motor, o campo magnético em cada bobina
irá circular de acordo com a forma de onda trifásica aplicada. Note-se que o campo magnético individual
de cada bobina é pulsante e não girante - só será girante o campo magnético resultante, como será calculado
a seguir (REZEK, 2010).
Assim, em  = 90º na fase a (ou R) o campo magnético é mais intenso, enquanto que nas fases b e c
(ou S e T) é menos intenso e com polaridade oposta, pois a tensão na fase a (ou fase R) está no valor
máximo positivo e nas fases b e c (ou S e T), está na metade do valor máximo negativo.
Em  = 210º, tem-se o campo intenso e máximo na fase b (ou fase S) e os campos nas fases a e c (ou
fases R e T) com metade do valor máximo e com polaridades negativas. Fazendo a análise para outros
ângulos na Figura 2.19, pode-se encontrar o módulo do campo resultante e observar que este procede a um
movimento girante.

Exemplo 2.1 – Encontrar a resultante da composição vetorial dos campos magnéticos das fases a, b e c do
enrolamento trifásico mostrado na Figura 2.19, para os seguintes ângulos:

a) t = 00.
b) t = 900.
c) t = 1200.

Campos magnéticos das 3 fases:

ha (t ) = H max sen t


(
hb (t ) = H max sen t − 120o )
hc (t ) = H max sen (t + 120 ) o

Solução:

a) Para t = 00, na fase a: ha (t ) = H max sen 00 = 0.

Nas fases b e c:

( )
h b (ωt) = H max sen 00 - 120o = H max sen (-120o ) = - ( )
3 2 H max

h c (ωt) = H max sen ( 0 +120 ) = H


0 o
max sen 120o = ( )
3 2 H max

Os fasores de hb e hc estão desenhados na Figura 2.20. Observe que se o sinal de h(t) é negativo
para o ângulo considerado, deve ser desenhado segundo a orientação mostrada para cada bobina (lembrando
que em cada fase o campo é pulsante), como indicado na Figura 2.18. O mesmo procedimento vale para
um valor instantâneo positivo, com sinal (+).

58
Figura 2.20 – Composição dos fasores de hb(t) e hc(t) para t = 00.

⃗ 𝑟 , dos fasores ℎ
A Figura 2.21 mostra o fasor resultante ℎ ⃗𝑏 e ℎ
⃗ 𝑐 . Na Figura 2.22 vê-se o triângulo
ABC formado por estes fasores.

Figura 2.21 – Determinação do campo magnético resultante entre as fases b e c.

⃗ 𝑟, ℎ
Figura 2.22 – Triângulo ABC formado pelos fasores ℎ ⃗𝑏 eℎ
⃗ 𝑐.

Aplica-se (2.8), Lei dos Cossenos, para o cálculo de um dos lados do triângulo ABC (hr), dados os
outros dois lados (hb e hc) e o ângulo entre eles.

hr2 = hb2 + hc2 − 2hb hc cos  (2.8)

Os valores de hb(t) e hc(t) para t = 00 já foram calculados:

3 3
h b (00 ) = - H max e h c (00 ) = H max .
2 2

O ângulo  entre os fasores ℎ


⃗𝑏 e ℎ
⃗ 𝑐 é de 120 graus (Figura 2.20). Substituindo-se os valores em
módulo na Equação (2.8), obtém-se:

(( ) ) + (( ) ) ( ) ( )
2 2
hr2 = hb2 + hc2 − 2.hb .hc  cos1200 = 3 2 H max 3 2 H max − 2 3 2 H max  3 2 H max  ( −0,5 )

59
9 2 3
hr = H max = H max .
4 2

b) Para t = 900, os cálculos são:

ha (t ) = H max sen 900 = H max


( ) (
hb (t ) = H max sen 900 − 1200 = H max sen −300 = − 0,5 H max . )
hc (t ) = H max sen ( 90 0
+ 120 ) = H
0
max sen 2100 = − 0,5 H max .

⃗ 𝑎, ℎ
A Figura 2.23 mostra a disposição dos fasores ℎ ⃗ 𝑐 para um ângulo t = 900.
⃗𝑏 eℎ

Figura 2.23 – Composição dos fasores de hb(t) e hc(t) para Para t = 00.

Primeiramente, efetua-se o cálculo da resultante dos fasores ℎ⃗𝑏 e ℎ⃗𝑐 . Pela composição destes
fasores, como mostrado na Figura 2.23, pode-se aplicar a Lei dos cossenos, no triângulo MNO, mostrado
⃗𝑏 eℎ
na Figura 2.24. O ângulo entre os fasores ℎ ⃗ 𝑐 é de 600.

→ → →
Figura 2.24 – Triângulo MNO formado pelos fasores hbc , hb e hc .

hbc2 = hb2 + hc2 − 2.hb .hc  cos 600


= ( 0,5H max ) + ( 0,5H max ) − 2  ( 0,5H max )  ( 0,5H max )  ( 0,5 )
2 2

2
= 0, 25H max + 0, 25H max
2
− 0, 25H max
2
= 0, 25H max
2

hbc = 0, 25H max


2
= 0,5H max .

Como os fasores ℎ ⃗𝑎 e ℎ⃗ 𝑏𝑐 têm a mesma direção (orientação para cima, em 90 graus), o vetor
⃗ 𝑟 é encontrado por:
resultante ℎ

h r = h a + h bc

1 3
= H max + H max = H max .
2 2

60
c) Finalmente, para t = 1200:

3
ha (t ) = H max sen 1200 = H max .
2
hb (t ) = H max ( )
sen 1200 − 1200 = H max sen 00 = 0.

( )
hc (t ) = H max sen 1200 + 1200 = H max sen 2400 = −
2
3
H max .

Pelos cálculos anteriores, o campo magnético resultante é devido somente ao campo de duas fases.
A Figura 2.25 mostra o diagrama fasorial dos campos magnéticos das fases a e c para t = 1200.

Figura 2.25 – Composição dos fasores de ha(t) e hc(t) para t = 1200.

A resultante dos fasores de ha(t) e hc(t) para t = 1200 é mostrada na Figura 2.26a. Daí se obtém o
triângulo PQR, o qual será utilizado para o cálculo de hr, pela Lei dos Cossenos.

(a) (b)
Figura 2.26 – (a) Resultante da composição dos fasores de ha(t) e hc(t) para t = 1200.
(b) Triângulo PQR para o cálculo da resultante pela Lei dos Cossenos.

Cálculo do campo magnético resultante:

hr2 = ha2 + hc2 − 2.ha .hc  cos1200

2 2
 3   3   3   3   1
=  H max  +  H max  − 2   H max    H max    − 
 2   2   2   2   2

3 2 3 2 3 2 9 2
= H max + H max + H max = H max
4 4 4 4

9 2 3
hr = H max = H max .
4 2

61
2.5.2 – Velocidade síncrona (ns)

A velocidade síncrona do motor trifásico é definida pela velocidade de rotação do campo girante,
a qual depende do número de polos (P) do motor e da frequência (f) da rede elétrica, em Hz. O campo
girante possui o mesmo módulo para qualquer ângulo (t), igual a (3/2) Hmax, girando com velocidade
síncrona, s em rad/s. A velocidade síncrona do motor em rpm é dada pela Equação (2.9):

120 f
ns = (2.9)
P

onde ns = velocidade síncrona do motor, em rpm (rotações por minuto); f = frequência aplicada ao motor,
em Hz e P = número de polos do motor, ou seja, são os “P” polos girantes ao longo do entreferro.
A Tabela 2.1 mostra uma relação de velocidades síncronas em função do número de polos (P) de
um Motor Trifásico.

Tabela 2.1 – Velocidades síncronas de acordo como número de polos de


um motor trifásico, nas frequências de 50 e 60 Hz.
Número Rotação síncrona por minuto (RPM)
de polos 60 Hz 50 Hz
2 3600 3000
4 1800 1500
6 1200 1000
8 900 750
10 720 600

Os enrolamentos podem ser construídos com um ou mais pares de polos, que se distribuem
alternadamente (um “norte” e um “sul”) ao longo da periferia do núcleo magnético. O campo girante
percorre um par de polos (p) a cada ciclo. Assim, como o enrolamento tem P polos ou p pares de polos,
podemos escrever:

120 f 60 f
ns [rpm] = =
P p

Exemplo 2.2 – Qual é a rotação de um motor de 6 polos, em 50 Hz?


ns [rpm] = (120.50 ) 6 = 1000 rpm.
60.50
Resolvendo para 3 pares de polos, ou seja, p = 3, tem-se: ns = = 1000 rpm.
3

Exemplo 2.3 – Um motor síncrono alimentado por uma tensão de 60 Hz tem a rotação de seu eixo dada
por ns = 600 rpm. Calcule o número de polos do motor. Da Equação (2.9),

120 f 120.60
P= = = 12 polos
ns [rpm] 600

2.5.3 – Escorregamento (s)

Se o motor elétrico gira a uma velocidade diferente da velocidade síncrona (caso dos motores de
indução), isto é, se a velocidade do eixo difere da velocidade do campo girante, então o motor corta as
linhas de força magnética do campo magnético do estator. Daí, pelas leis do eletromagnetismo, circulam
no rotor correntes induzidas (FRANCHI, 2007).

62
O escorregamento (s) é a diferença entre a velocidade real do eixo do motor, dependente da carga
a ele aplicada, e a velocidade síncrona do campo girante (ns). Em geral, é expresso como um percentual da
velocidade síncrona. Percentualmente, o escorregamento é definido pela Equação (2.10).

ns − n ns − n
s= [adimensional] s= 100 [%] (2.10)
ns ns

O escorregamento varia com a carga aplicada ao motor: com o motor trabalhando em vazio, o
escorregamento é próximo de zero. À medida que a carga aumenta no eixo, o escorregamento também
aumenta. Isto é óbvio, pois, quando maior a carga, maior será o conjugado ou torque necessário para acioná-
la. Para se obter o torque, a diferença de velocidade terá que ser maior a fim de que as correntes induzidas
e os campos magnéticos produzidos sejam maiores. Logo, à medida que a carga aumenta, diminui a rotação
do motor.

2.5.3.1 – Tensões induzidas no rotor

Em função do escorregamento, existe um movimento relativo entre o fluxo do estator e os


condutores do rotor, o que induz tensões no mesmo de frequência fr, onde

fr = s.fe (2.11)

Esta frequência é denominada de frequência de escorregamento no rotor (FITZGERALD, 2006).


Logo, pode-se concluir que o comportamento elétrico das máquinas de indução é análogo ao de um
transformador, mas apresentando adicionalmente a característica de transformação de frequência produzida
pelo movimento relativo entre os campos magnéticos dos enrolamentos do estator e do rotor.
A velocidade do rotor (n ou nr) é, em função da Equação (2.10):

nr = (1 − s)ns (2.12)

Exemplo 2.4 – Um MIT como o da Figura 2.27, de 4


polos, é alimentado com tensão de 220 V, 60 Hz, girando a
1720 rpm.

a) Calcular o seu escorregamento em rpm.


b) Encontre o escorregamento percentual.

Figura 2.27 – Exemplo 2.4.


Solução:
a) A velocidade síncrona é dada por: b) Escorregamento:
120.60
ns [rpm] = = 1800 rpm. 1800 − 1720
4 s% = 100 = 4, 44 %.
Logo, s = 1800 – 1720 = 80 rpm. 1800

EF - Exercícios de Fixação
Série 5

EF19 – Qual é o sentido de rotação do campo girante desenvolvido no Exemplo 2.1?


EF20 – Invertendo duas das três fases do MIT da Figura 2.18, pede-se:

63
a) Desenhar as formas de onda de va(t), vb(t) e vc(t).
b) Encontre os módulos e o sentido de giro do campo magnético girante resultante para os seguintes valores
de t: 300, 600 e 2700.

EF21 – Explicar por que o campo magnético h(t) por fase é denominado pulsante e não girante.

EF22 – A força eletromagnética F é proporcional ao campo eletromagnético H em uma bobina. Para os


diagramas da Figura 2.28, identificar o ângulo t e escrever as equações senoidais de h(t) para as três fases
a, b e c.

Figura 2.28 – Exercício de Fixação 22.

EF23 – Sejam as formas de onda trifásicas da Figura 2.29 e os fasores, para os instantes de (1) até (6),
indicando a composição fasorial dos campos magnéticos das fases R, S e T.
Determinar, nos diagramas fasoriais dos instantes (3), (4), (5) e (6) a sequência dos campos magnéticos das
fases. Seguir a sequência da composição fasorial da Figura 2.18, abc = RST, bem como as polaridades dos
campos magnéticos pulsantes de cada fase.

Figura 2.29 - Campo magnético resultante, hr (t)

2.5.4 – Conjugado

O conjugado, também conhecido como torque, é a medida do esforço efetuado para girar um eixo.
Veja a Figura 2.30. Por experiência prática, para levantar um material contido em um balde, a força F

64
aplicada à manivela depende do comprimento d da manivela. Para uma manivela maior, menor será a força
F necessária.
Para medir o “esforço” necessário para girar o eixo não basta somente definir a força empregada: é
preciso também dizer a que distância do eixo a força é aplicada.

O “esforço” é medido pelo conjugado (ou torque), que é


o produto da força F pela distância d de sua aplicação ao eixo
de rotação – veja a Equação (2.13), para uma força aplicada
perpendicularmente ao eixo de rotação.

T = F.d (2.13)

Dobrando o tamanho d da manivela, a força F necessária


será diminuída à metade. No exemplo da Figura 2.30, sendo o
peso do balde de 20 N e o diâmetro do tambor de 0,20 m, a
corda transmitirá uma força de 20 N na superfície do tambor,
Figura 2.30 – Definição de Conjugado.
isto é, a 0,10 m do centro do eixo.
Para contrabalançar esta força (condição de equilíbrio, ou seja, manter o balde suspenso e parado), é
necessário aplicar uma força de 10 N na manivela, se o comprimento d for de 0,20 m. Se d for o dobro, isto é, 0,40 m,
a força F será a metade, ou seja, 5 N. Neste exemplo, para os valores citados, o conjugado é igual a

T = 20 N  0,10 m = 10 N  0,20 m = 5 N  0,40 m = 2,0 Nm.

2.5.5 – Energia, potência elétrica e potência mecânica

A potência é a grandeza que mede a “velocidade” com que a energia é aplicada ou consumida. No
exemplo da seção anterior, para um poço com 24,5 m de profundidade, calcula-se a energia gasta, ou
trabalho realizado para trazer o balde do fundo até a boca do poço com o uso de (2.14).

W=F.d [N.m] (2.14)

Assim, T = 20 N x 24,5 m = 490 N.m ou 490 J (joules, unidade de energia mecânica).


A unidade de medida de energia mecânica, N.m, é a mesma que utilizada para o conjugado. No
entanto, trata-se de grandezas de naturezas diferentes, que não devem ser confundidas (WEG, Motores
Elétricos de Baixa Tensão – catálogo em português disponível em www.weg.net).
Para a situação de se aplicar um motor elétrico para suspender o balde do exemplo acima, a sua
potência elétrica em Watts é derivada de uma taxa relacionando o trabalho realizado em um determinado
intervalo de tempo, como mostra (2.15). Pode-se calcular a potência elétrica deste motor em t1 = 2,0
segundos e em t2 = 1,0 segundo.

T  Joules  T  J 
P W  = = (2.15)
t  segundo  t  s 

490 J 490 J
Pmotor _ t1 = = 245 W. Pmotor _ t2 = = 490 W.
2, 0 s 1, 0 s

Potência mecânica em CAVALO-VAPOR (CV) e em HORSE-POWER (HP)

Em termos de potência mecânica (no caso de um motor elétrico, disponível em seu eixo), a sua unidade mais
usual é o CV (cavalo-vapor), equivalente a 736 W. Este termo se deve ao engenheiro escocês James Watt (1736-

65
1819), inventor da primeira máquina a vapor. Nesta máquina, a energia mecânica era obtida através do uso de cavalos,
rodas hidráulicas e moinhos de vento.
Há também o HP (horse-power, unidade de origem inglesa), com uma pequena diferença: equivalente a 746
W. As Equações (2.16) e (2.17) mostram as duas unidades em função do W (watt).

1 CV = ( kW 1000 ) 736 (2.16)

1 HP = ( kW  1000 ) 746 (2.17)

Assim, a potência mecânica dos dois motores elétricos acima citados é:

0,245 kW 1000 0, 490 kW 1000


P1 CV  = = 0,33 CV . P2 CV  = = 0,66 CV .
736 736

2.5.6 – Potência aparente, ativa e reativa

Um motor elétrico, como se sabe, absorve energia elétrica da rede de energia (monofásica ou trifásica) e a
transforma em energia mecânica disponível no eixo. A potência elétrica é dividida em três componentes:
1) Potência Aparente (S), em kVA – é a potência entregue pela concessionária aos consumidores. Matematicamente,
para cargas trifásicas, é descrita pela Equação (2.18), sendo igual ao produto entre os valores RMS da tensão e da
corrente de linha, sem levar em conta o tipo de carga (resistiva, indutiva ou capacitiva).

S3 = 3 VL I L (2.18)

2) Potência Ativa (P), em kW - é a parcela da potência aparente que realiza trabalho, ou seja, que é transformada em
energia. Veja a Equação (2.19), potência ativa trifásica. O ângulo , nesta equação, é a defasagem entre a corrente e a
tensão.

P3 = 3 VL I L  cos  (2.19)

3) Potência Reativa (Q), em kVAr – é a parcela da potência aparente que “não” realiza trabalho. Apenas é transferida
e armazenada nos elementos passivos (capacitores e indutores) do circuito. A Equação (2.20) descreve
matematicamente este tipo de potência elétrica (em sistemas trifásicos).

Q3 = 3 VL I L  sen  (2.20)

Conhecendo as três parcelas da potência elétrica, o próximo passo para descrevê-la graficamente é construir o
“triângulo de potências”. Este é facilmente obtido do “triângulo de impedâncias”, assunto já estudado no capítulo 1,
item 1.5.4, “Impedância de Circuito CA”. Na Figura 2.31a, é apresentado o diagrama fasorial de impedância. Ao
multiplicar cada lado do triângulo pela corrente ao quadrado, obtêm-se os lados do triângulo de potências, mostrado
na Figura 2.31b.

Figura 2.31 – (a) Triângulo de Impedância - circuito série RLC. (b) Triângulo de potência.

66
2.5.7 – Fator de potência

O Fator de Potência de um circuito é a razão entre a potência média (ou ativa) e a potência aparente.
Matematicamente é definido como (2.21).

P Pot. ativa
Fator de Potência (FP) = cos  = = (adimensional) (2.21)
S Pot. aparente

Para uma carga puramente resistiva (R): cos  = cos 00 = 1. Daí o FP é unitário. Um motor é uma
carga essencialmente indutiva. Logo o FP de um motor é sempre menor do a unidade (carga RL, onde a
indutância L predomina). Para uma carga trifásica, a Equação (2.22) é melhor escrita como:

P3 P3 ( kW ) 1000


cos  = = (2.22)
S3 3 VL I L

As principais causas do baixo FP são:


1) Motores elétricos superdimensionados ou com carga abaixo da nominal;
2) Lâmpadas de descarga: fluorescentes, vapor de sódio, vapor de mercúrio e outras (com reatores de baixo
FP, inclusive os eletrônicos);
3) Instalações de ar-condicionado;
4) Máquinas de solda;
5) Equipamentos eletrônicos (conhecidos como “cargas não-lineares”) como TVs e computadores por
exemplo;
6) Transformadores superdimensionados.

Leitura Recomendada

Considerações finais sobre o FP

- o FP de um circuito determina que parcela da potência aparente é potência real, podendo variar entre
1 e 0 (zero), quando  = 900;
- um baixo FP causa problemas à instalação elétrica, como sobrecarga nos cabos e transformadores,
aumento das quedas de tensão, distorções de corrente e tensão (harmônicos) etc.;
- o fator de potência de uma carga é um dos indicadores que afetam a eficiência
da transmissão e geração de energia elétrica;
- é possível corrigir o fator de potência para um valor próximo ao unitário. Tal procedimento é
conhecido como correção do fator de potência. A maneira mais simples é a conexão de bancos
de indutores ou capacitores, com uma potência reativa Q contrário ao da carga, tentando ao máximo anular
essa componente. Por exemplo, o efeito indutivo de motores pode ser anulado com a conexão em paralelo de
um capacitor (ou banco) junto ao equipamento.
- No Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL - estabelece que o FP nas unidades
consumidoras deve ser superior a 0,92 capacitivo durante 6 horas da madrugada e 0,92 indutivo durante as
outras 18 horas do dia. Esse limite é determinado pelo Artigo nº 64 da Resolução ANEEL nº 456 de 29 de
novembro de 2000. Para o consumidor que descumpre tal limite, aplica-se uma espécie de multa que leva em
conta o fator de potência medido e a energia consumida ao longo de um mês. A mesma resolução estabelece
que a exigência de medição do fator de potência pelas concessionárias é obrigatória para unidades
consumidoras de alta tensão (supridas com mais de 1 kV) e facultativa para unidades consumidoras de baixa
tensão (abaixo de 1 kV, como residências em geral). A cobrança em baixa tensão, na prática, raramente ocorre,
pois o fator de potência deste tipo de unidade consumidora geralmente está acima de 0,92. Tal cobrança não
compensa, pois demanda a instalação de medidores de energia reativa. No Brasil, ainda não existe legislação
para regulamentar os limites das distorções harmônicas nas instalações elétricas.

67
2.5.8 – Rendimento

O motor elétrico absorve energia elétrica da rede de alimentação e transforma esta energia em
energia mecânica, disponível no eixo, para a realização de trabalho (erguer um peso, movimento de um
braço de robô etc.). O rendimento é o parâmetro que define o quão é eficiente esta transformação.
Conhecendo a potência útil, Pu ou potência de saída (Po) disponível no eixo (dada em CV ou HP,
pois é potência mecânica), e a potência elétrica de entrada (potência absorvida da rede CA), P a ou Pi, o
rendimento será a relação entre as duas – ver (2.23).

PSaida Po 736  P(CV ) 1000  P(kW )


= = = = (2.23)
PEntrada Pi 3 VL I L cos  3 VL  I L  cos 

Em termos percentuais,

Po
% = 100
Pi

À medida que se aplica carga ao eixo do motor, o rendimento aumenta (veja que a potência
mecânica desenvolvida no eixo aumenta). O rendimento pode atingir valores em torno de 95 % em
máquinas elétricas de grande potência.
Para a análise correta do rendimento de um motor elétrico, devem-se levar em consideração duas
curvas, que serão estudadas futuramente na disciplina Máquinas Elétricas:

1) curva rendimento x potência nominal;


2) curva rendimento x potência do eixo.

EF - Exercícios de Fixação – Série 6


Referência: FRANCHI, Claiton Moro. Acionamentos Elétricos. 2ª. Ed. São Paulo: Ed. Érica, 2007.

EF24 – O que é potência reativa? Que equipamentos trabalham com este tipo de potência? Exemplifique.

EF25 – Um MIT onde a potência é de 20 CV e o rendimento é de 85 % opera com um FP de 0,86. Encontre


a potência aparente e a potência reativa.

EF26 – Seja uma instalação elétrica, com dois motores de indução de 10 CV, FP de 0,8.

a) Calcular a potência ativa deste grupo de motores, em kW?


b) Qual é a potência aparente entregue pela concessionária a estes motores?

EF27 – Quais são as vantagens da correção do FP? Quais são os benefícios desta técnica para a
concessionária de energia elétrica?

2.5.9 – Categorias de conjugado

Segundo o catálogo WEG de Motores Elétricos de Corrente Alternada, “o motor de indução, trabalhando
na velocidade síncrona, tem conjugado igual a zero. Como já foi citado anteriormente, à medida que a carga vai
aumentando, a rotação do motor vai caindo gradativamente, até um ponto em que o conjugado atinge o valor
máximo que o motor é capaz de desenvolver em rotação normal.

68
Se o conjugado da carga aumentar mais, a rotação do motor cai bruscamente, podendo chegar a travar
o rotor. Representando graficamente a variação do conjugado com a velocidade para um motor normal, obtém-
se uma curva com aspecto representado na Figura 2.32.

(a) (b)
Figura 2.32 – (a) Curva Conjugado x Rotação. (b) Variação da velocidade em função
do conjugado da carga. Fonte: WEG Equipamentos Elétricos S.A.

Os parâmetros da curva Conjugado x Rotação são:


Cn: Conjugado nominal ou de plena carga - é o conjugado desenvolvido pelo motor à potência nominal, sob
tensão e frequência nominais – veja a Figura 2.33.

Figura 2.33 – Curva C x n. Conjugado Motor e conjugado da carga.


Fonte: http://www.mecatronicaatual.com.br/files/image/Inversores_03.jpg

Cp: Conjugado com rotor bloqueado ou conjugado de partida, é o conjugado mínimo desenvolvido pelo
motor bloqueado, para todas as posições angulares do rotor, sob tensão e frequência nominais.
Este conjugado pode ser expresso em N.m ou, mais comumente, em porcentagem do conjugado
nominal, conforme a Equação (2.24).

Cp
C p (%) = 100 (2.24)
Cn

Na prática, o conjugado de rotor bloqueado deve ser o mais alto possível, a fim de que o rotor possa
vencer a inércia inicial da carga (conjugado resistente, Cn ou Cr) e possa acelerá-la rapidamente,
principalmente quando a partida é com tensão reduzida.

Cmin: Conjugado mínimo - é o menor conjugado desenvolvido pelo motor ao acelerar desde a velocidade zero
até a velocidade correspondente ao conjugado máximo. Na prática, este valor não deve ser muito baixo, isto é,
a curva não deve apresentar uma depressão acentuada na aceleração, para que a partida não seja muito demorada,
sobreaquecendo o motor, especialmente nos casos de alta inércia ou partida com tensão reduzida.

69
Cmáx: Conjugado máximo - é o maior conjugado desenvolvido pelo motor, sob tensão e frequência nominal, sem
queda brusca de velocidade. Na prática, o conjugado máximo deve ser o mais alto possível, por duas razões
principais:

1) O motor deve ser capaz de vencer, sem grandes dificuldades, eventuais picos de carga como pode acontecer
em certas aplicações, como em britadores, calandras, misturadores e outras.
2) O motor não deve “arriar”, isto é, perder bruscamente a velocidade, quando ocorrerem quedas de tensão,
momentaneamente, excessivas.
Conforme as suas características de conjugado em relação à velocidade e corrente de partida, os motores
de indução trifásicos com rotor de gaiola, são classificados em categorias, cada uma adequada a um tipo de carga.
Estas categorias são definidas em norma (NBR 7094), e são as seguintes:

Categoria N - Conjugado de partida normal, corrente de partida normal; baixo escorregamento. Constituem a
maioria dos motores encontrados no mercado e prestam-se ao acionamento de cargas normais, com baixo
conjugado de partida, como bombas, máquinas operatrizes, ventiladores etc.

Categoria H - Conjugado de partida alto, corrente de partida normal e baixo escorregamento. Usados para cargas
que exigem maior conjugado na partida, como peneiras, transportadores carregadores, cargas de alta inércia,
britadores, moinhos etc.

Categoria D - Conjugado de partida alto, corrente de partida normal e alto escorregamento (s > 5%). Usados
em prensas excêntricas e máquinas semelhantes, onde a carga apresenta picos periódicos. Usados também em
elevadores e cargas que necessitam de conjugados de partida muito altos e corrente de partida limitada. As curvas
conjugado  velocidade das diferentes categorias podem ser vistas na Figura 2.34.

Categoria NY - Esta categoria inclui os motores semelhantes aos de categoria N, porém, previstos para partida
estrela-triângulo. Para estes motores na ligação estrela, os valores mínimos do conjugado com rotor bloqueado
e do conjugado mínimo de partida são iguais a 25% dos valores indicados para os motores categoria N.

Categoria HY - Esta categoria inclui os motores semelhantes aos de categoria H, porém. previstos para partida
estrela-triângulo. Para estes motores na ligação estrela, os valores mínimos do conjugado com rotor bloqueado
e do conjugado mínimo de partida são iguais a 25% dos valores indicados para os motores de categoria H. Para
motores da categoria D, de 4, 6 e 8 polos e potência nominal igual ou inferior a 150 CV, tem-se, segundo a NBR
7094, que: a razão do conjugado com rotor bloqueado (Cp) para conjugado nominal (Cn) não deve ser inferior a
2,75. A norma não especifica os valores de Cmín e Cmáx. A NBR 7094 não especifica os valores mínimos de
conjugados exigidos para motores de 2 polos, categorias H e D” (WEG Equipamentos Elétricos S.A. – Motores
Elétricos de CA, 2009, p. D-18).
Conjugado em percentagem do
conjugado de plena carga

Velocidade

Figura 2.34 - Curvas Conjugado x Velocidade, das diferentes categorias de conjugado em relação à velocidade e corrente de
partida, conforme a Norma NBR 7094. Fonte: Manual de Motores Elétricos de CA. WEG Equipamentos Elétricos S.A.

70
2.6 – Principais características nominais

A Figura 2.35 mostra dois exemplos de placas de motores de indução trifásicos (dados nominais).

Figura 2.35 – Exemplos de placas com dados nominais de um MIT. Fonte: WEG Equipamentos Elétricos S.A.

Os parâmetros mais importantes (comentados com dados da primeira placa) são:

- Potência mecânica do motor (5 CV): fornece a capacidade do motor de executar o trabalho desejado.
- Tensão nominal múltipla: é a tensão de alimentação que o motor exige (220 ou 380 V). A grande
maioria dos motores elétricos é fornecida com terminais das bobinas religáveis, de modo que possam ser
conectados em redes de pelo menos duas tensões diferentes.
- Frequência exigida da tensão alimentadora (60 Hz).
- Rendimento () = 87,5 %, que, para este motor, indica que há 13 % de perdas.
- Categoria do conjugado: N, indicando conjugado de partida e corrente de partida normais, e baixo
escorregamento. Aplicação em bombas, máquinas operatrizes etc.
- Corrente nominal que o motor consumirá (13 ou 7,53 A, dependendo da tensão alimentadora), para
dimensionar os condutores de alimentação e os dispositivos de proteção.
- Corrente de Partida: é uma corrente que é um múltiplo da corrente nominal do motor, na faixa de seis a
oito vezes. Na placa do motor tem-se a indicação Ip/In que indica quantas vezes a corrente de partida é maior
que a nominal.
Para a placa da Figura 2.35:

I p I n = 9 → Para o MIT ligado em 220 V, In = 13 A.


A corrente de partida será: In = 9  In = 9  13 = 117 A.

- Regime de Serviço: S1. É definido como a regularidade de carga a que o motor é submetido. A norma
NBR 7094 estabelece dez padrões para regime de serviço de motores elétricos. No caso do regime S1, este
é considerado um regime contínuo, isto é, a carga é constante por um tempo indefinido, igual à potência
nominal do motor.
- Rotação Nominal: é a rotação do eixo do motor sob carga nominal, em rpm (3500 RPM).
- Esquema de ligação que mostra como os terminais devem ser ligados entre si e com a rede de alimentação
(triângulo - tensões de linha em 220 V e estrela - tensões de linha atingindo até 380 V).

71
- Classe de Isolamento: B, indicando que o limite máximo de temperatura que o isolamento do motor suporta
continuamente sem redução de sua vida útil (segundo a norma NBR 7034) é de 1300 C.
- Fator de serviço, FS (no caso do motor da Figura 2.35 é de 1,15), que indica a sobrecarga permissível que pode ser
apicada continuamente ao motor sobre condições específicas. Este parâmetro indica uma capacidade de sobrecarga
contínua, ou seja, uma reserva de potência que dá ao motor elétrico condições de funcionamento em condições
adversas. Para um FS de 1,15, este indica que o motor suporta continuamente 15% de sobrecarga acima de sua potência
nominal.
- Grau de Proteção, IP (Intrinsec Protection) do motor. IP = 55. Os invólucros dos equipamentos elétricos, conforme
as características do local em que serão instalados e de sua acessibilidade devem oferecer um determinado grau de
proteção.
Por exemplo, um equipamento a ser instalado num local sujeito a jatos de água deve possuir um invólucro
capaz de suportar tais jatos sob determinados valores de pressão e ângulo de inclinação sem que haja penetração de
água.
No caso dos motores elétricos, a carcaça tem a função de invólucro de proteção do motor, mais precisamente
do conjunto estator-motor. O nível do grau de Proteção Intrínseca (Intrinsic Protection, ou proteção própria do
equipamento) depende diretamente do ambiente no qual o motor está instalado.
Segundo FRANCHI (FRANCHI, 2007), um motor instalado em um local desprotegido de sol e chuva, exige
um grau de IP mais severo do que o de um motor instalado em um local limpo e seco. Para um motor elétrico,
ambientes considerados agressivos são aqueles onde há presença de pó, poeira, fibras, particulados etc. Os ambientes
molhados ou sujeitos a jatos d’água também são considerados agressivos.
As normas IEC e ABNT – NBR 6146 definem os graus de proteção dos equipamentos elétricos por meio das
letras características IP seguidas por dois algarismos. As Tabelas 2.2 e 2.3, com base na norma NBR IEC 60529 -
"Graus de proteção para invólucros de equipamentos elétricos (códigos IP)” indica os graus de proteção através de
dois dígitos e a sua descrição. O primeiro dígito indica proteção contra corpos sólidos, enquanto o segundo dígito
indica proteção contra água.

Tabela 2.2 - Graus de proteção contra a penetração de objetos sólidos estranhos indicados pelo
primeiro numeral característico.
Numeral Descrição sucinta do grau de proteção.
0 Não protegido
1 Protegido contra objetos sólidos de Ø (diâmetro) 50 mm e maior
2 Protegido contra objetos sólidos de Ø 12 mm e maior
3 Protegido contra objetos sólidos de Ø 2,5 mm e maior
4 Protegido contra objetos sólidos de Ø 1,0 mm e maior
5 Protegido contra poeira
6 Totalmente protegido contra poeira

Tabela 2.3 - Graus de proteção contra a penetração de água indicados pelo segundo numeral característico.
Numeral Descrição sucinta do grau de proteção
0 Não protegido
1 Protegido contra gotas d'água caindo verticalmente
Protegido contra queda de gotas d'água caindo verticalmente com invólucro
2
inclinado até 15°
3 Protegido contra aspersão d'água
4 Protegido contra projeção d'água
5 Protegido contra jatos d'água
6 Protegido contra jatos potentes d'água
7 Protegido contra efeitos de imersão temporária em água
8 Protegido contra efeitos de imersão contínua em água
Fonte: Revista Eletricidade Moderna (EM), julho, 2005.

72
 O que indica para um MIT o grau de proteção IP 55?

Para finalizar este item, a Tabela 2.4 mostra uma comparação entre os parâmetros dos motores de
indução de gaiola de esquilo e os de anéis.

Tabela 2.4 - Comparação entre diferentes tipos de máquinas de indução.

Fonte: Manual de Motores Elétricos de CA.WEG Equipamentos Elétricos S.A.

2.7 – Ligações de motores de indução

Serão abordados neste item os seguintes tipos de ligações em motores de indução:


– Ligações de motores de seis terminais em estrela e em triângulo.
– Ligações de motores de nove terminais em estrela e em triângulo.
– Ligações de motores de doze terminais em estrela e em triângulo.
– Ligações de motores de duas velocidades (Dahlander).
Os motores elétricos possuem enrolamentos (ou bobinas), construídos com fios de cobre esmaltados, onde
ocorre a produção de campo e de torque eletromagnético. Estes enrolamentos são dimensionados segundo parâmetros
próprios de cada motor, podendo variar: a espessura do fio, o número de espiras, o comprimento das bobinas, etc.
Através das conexões que podem ser feitas entre as bobinas do motor elétrico, pode-se alterar o seu
comportamento, com influência nos seguintes parâmetros: 1) reversão no sentido de rotação (horário ou anti-horário)
e 2) variação na velocidade em rpm.
Um motor trifásico trabalha em qualquer sentido de rotação, dependendo da conexão com a fonte elétrica.
Para inverter o sentido de rotação, inverte-se qualquer par de conexões entre motor e fonte elétrica. A maioria dos
motores trifásicos assíncronos possui ventilador bidirecional, proporcionando sua operação em qualquer sentido de
rotação, sem prejudicar a ventilação do motor. A Figura 2.36 mostra de modo gráfico o modo de se inverter o sentido
de rotação de um motor CA (muda-se o sentido do campo girante, como já foi visto e calculado).

Figura 2.36 – Mudança no sentido de rotação de um Motor CA (inversão na ligação de duas das três fases).

73
Tensão nominal múltipla

A grande maioria dos motores elétricos é fornecida com terminais do enrolamento religáveis, de
modo a funcionar em redes de pelo menos duas tensões diferentes. Os motores trifásicos são disponíveis
com 6, 9 e 12 terminais.

2.7.1 – Ligações de motores de 6 (seis) terminais

Os motores trifásicos com seis terminais só têm possibilidades de ligação em dois níveis de tensão:
127/220 V ou 220/380 V ou 440/760 V. Esses motores são ligados em  na menor tensão e em Y na maior
tensão. A Figura 2.37 mostra uma placa de ligação ou painel de ligações desse tipo de motor. A Figura 2.38
apresenta a conexão triângulo (), onde a tensão de fase é igual à de linha.

Figura 2.37 – Bobinas e painel de ligações do motor de 6 terminais (ligações em  e em Y).

Figura 2.38 - Motor Trifásico de 6 terminais – conexão em triângulo (em 220 V).

A corrente de linha é maior que a de fase, numa relação dada por: I L ( ) = 3.I F
A Figura 2.39 apresenta a conexão estrela (Y), com dois níveis de tensão (440 V, tensão de fase e
760 V, tensão de linha), onde as correntes de linha e de fase são iguais. Já a tensão de linha é maior do que
a de fase, segundo a relação:

VL (Y) = 3.VF

R A

VFF IL

S 1 VF 3

4 6
Fase 3 Fase 1
5

760 V V VFF
VF V Fase 2

2
VF = 440 V

T
Figura 2.39 - Motor Trifásico de 6 terminais – conexão em estrela (440/760 V).

Nas ligações da Figura 2.40, as bobinas estão alimentadas em 220 V. A primeira mostra uma
conexão estrela, onde a tensão de linha é 220  3 V = 380 V. Na segunda conexão, as tensões de fase e de
linha são iguais a 220 V.

74
Figura 2.40 - Motor Trifásico de 6 terminais com 220 V por fase – conexão em estrela e em triângulo.

2.7.2 – Ligações de motores de 9 (nove) terminais

Os motores elétricos trifásicos de 9 terminais apresentam o enrolamento de cada fase dividido em duas
partes (lembrar que o número de polos é sempre par, de modo que este tipo de ligação é sempre possível).
Ligando as duas metades em série, cada metade ficará com a metade da tensão de fase nominal do motor.
Nos motores elétricos com 9 terminais são possíveis as ligações nas seguintes tensões: 220 V, 380 V e
440 V. Nestes tipos de motores existem bobinas (com extremidades numeradas com 7, 8 e 9) que não são
acessíveis externamente, sendo conectadas em estrela internamente ao motor. O primeiro tipo desta conexão é
apresentado na Figura 2.41, onde se nota, por exemplo, que o terminal 1 é conectado ao terminal não acessível
da bobina de terminal 9.

Figura 2.41 - motor de nove terminais (triângulo/duplo-triângulo).

Isso vale para os terminais 2 e 3, que são conectados aos extremos das bobinas de terminal 7 e
8, respectivamente. Obviamente, outros terminais podem ser conectados aos extremos das bobinas de
terminais 7, 8 e 9. Deste tipo de conexão são derivadas as conexões triângulo (em 440 V, sendo 220 V
por bobina, na Figura 2.42a) e em duplo triângulo, 220 V por bobina, Figura 2.42a, ligação em paralelo.

(a) (b)
Figura 2.42 – (a) Ligação  série. (b) Ligação Duplo  paralelo.

Com os extremos das bobinas de terminais 7, 8 e 9 ligados em comum, ocorre:


1) a ligação dupla-estrela (Figura 2.43a, 2.43b e 2.44a) e
2) a ligação estrela série (Figura 2.44b).
A Figura 2.43 mostra uma conexão em YY, onde cada bobina está com a mesma tensão. Na Figura
2.44a as bobinas estão ligadas em 127 V (a tensão de linha é de 220 V).

75
R S T R
VL

(b)

Valores medidos:

Conexões internas
(a)
(a) (b)
Figura 2.43 - Motor Trifásico de 9 terminais com 220 V por fase. (a) Conexões acessíveis
externamente no painel do motor. (b) Conexões em YY, como efetuadas em (a).

(a) (b)
Figura 2.44 – (a) MIT de 9 terminais com 127 V/fase, na ligação YY. (b) Ligação Y série (motor de 9 terminais).

Na ligação estrela série, Figura 2.44b, é possível obter uma tensão de linha maior para a alimentação
do motor. No esquema da figura, cada bobina está com 127 V; com duas em série tem-se 254 V. A tensão
de linha é 254  1,73 = 440 V.

2.7.3 – Ligações de motores de 12 (doze) terminais

O motor de 12 pontas é uma combinação dos casos anteriores: o enrolamento de cada fase é dividido
em duas metades para ligação série-paralelo. Além disso, todos os terminais são acessíveis para ligação das
três fases em estrela ou triângulo (o motor não possui ligações internas entre bobinas).
É possível então efetuar quatro tipos de conexões para a alimentação do motor. As possíveis são
em 220, 380, 440 e 760*V (*somente para partida). A Figura 2.45 mostra conexões para obter tensões de
220, 380, 440 e 760 V (esta última com ligação em estrela, com os terminais 10, 11 e 12 ligados em comum).
A Figura 2.46 mostra o painel de ligações de um motor de 12 terminais ou 12 pontas.

Figura 2.45 – Conexões de um motor CA de 12 pontas para 4 níveis de tensão.

76
Figura 2.46 – Painel de um motor CA de 12 pontas.

EF - Exercícios de Fixação
Série 7

EF28 – redesenhar o circuito da Figura 2.47, representando as ligações no formato de triângulo. Se a tensão
de linha é 220 Vef, qual é a tensão em cada bobina da conexão? Se a corrente de fase é de 5 A, qual será a
corrente de linha?

EF29 – Redesenhar o circuito da Figura 2.48, representando a ligação no formato de um triângulo.


a) Se a tensão de linha for de 440 V, qual será a tensão em cada bobina?
b) Para uma corrente de linha de 10 A, qual será a corrente de fase?

Figura 2.47. Figura 2.48.

EF30 – Seja um motor de indução trifásico de 12 terminais, representados na Figura 2.49.

a) Desenhar nesta os fios (conexões) para formar uma ligação  série, onde cada bobina opera em 220 V.
b) Qual seria a tensão de linha deste motor?

EF31 – Seja o motor de 12 terminais, 8 CV, FP = 0,85, conectado em dupla estrela (Figura 2.50).

a) Qual é a tensão fase-neutro em cada bobina do motor?


b) Se a corrente lida na fase é de 20 A, qual é a corrente de linha?
c) Qual é a potência elétrica consumida pelo motor?

77
R S T

(a) (b)
Figura 2.49 – (a) Painel de ligações de um sistema trifásico com neutro e painel de ligações de MIT de 12 terminais. (b) Desenho
da ligação  série de acordo com as conexões em (a). Conexões: 4 e 7; 9 e 6; 5 e 8; Fase R: 1 e 11; Fase S: 2 e 12; Fase T: 3 e 10.

R A
iL = ?
iF = 20 A
S A
A A
iL = ?
iF = 20 A

vRS = vST = vTR

220 Vrms (60 Hz)

iL = ? A iF = 20 A

T A
Figura 2.50. Referência: FRANCHI, Claiton Moro. Acionamentos Elétricos. 2ª. Ed. São Paulo: Ed. Érica, 2007.

2.7.4 – Ligações de motores de duas velocidades (Dahlander)

O motor trifásico Dahlander pode ser aplicado em talhas, elevadores, correias transportadoras,
máquinas e equipamentos em geral ou outras aplicações que requeiram motores assíncronos de indução
trifásicos com duas velocidades. Possui apenas um enrolamento, uma única tensão de alimentação e duas
velocidades (sendo uma o dobro da outra). Na Figura 2.51 é apresentado o seu diagrama, onde os bornes
estão disponíveis em duas séries nos enrolamentos.

Figura 2.51 - Motor Dahlander (duas velocidades). Medições de interesse: VL , VF, IL, IF e n (rpm).

78
Para operação em baixa velocidade: deve-se alimentar os bornes U1, V1 e W1 ou 1U, 1V e 1W, como
escrito nos painéis de fabricantes diferentes, como mostra a Figura 2.52.

Em alta velocidade: deve-se alimentar os terminais U2, V2 e W2 (ou 2U, 2V e 2W) e ligar em curto-
circuito os terminais 1U, 1V e 1W.

L1 L2 L3
Painel de ligações
baixa rotação
(v1)

Painel de ligações
alta rotação
v2 = 2.v1
L1 L2 L3
Figura 2.52 – Ligações dos terminais do motor Dahlander (2 velocidades).

A ligação Dahlander permite uma relação de polos de 1:2, o que corresponde à mesma relação de
velocidade. Quando a quantidade de polos é maior a velocidade é mais baixa; quando é menor a velocidade
é mais alta. Isso decorre da Equação (2.25).

120  f
n=  (1 − s ) (2.25)
p

onde: n = velocidade, p é o número de polos, s = escorregamento e f = frequência.

Em resumo:

os motores Dahlander são motores de duas velocidades com enrolamento por comutação de polos.
A “ligação Dahlander” consiste numa relação de polos de 1:2 com consequente relação de rotação de 2:1.

LEP 2
Lista de Exercícios e Problemas 2 – 21 questões

1) Em que aplicações é mais indicado utilizar o motor de CC?

2) Quais são as principais características do motor CC?

3) Como se classificam os motores de CA, quanto à velocidade de rotação?

4) Como podem ser utilizados os MI em aplicações com variações de velocidade?

5) Qual é a vantagem do MI com rotor de gaiola de esquilo para o MI com rotor bobinado?

6) A Figura 1 mostra um MI em corte. Identifique o rotor com uma seta. Que tipo de rotor é este?

79
Figura 1 Figura 2.

7) O rotor da Figura 2 é de gaiola ou bobinado? Identificar


os seus componentes, indicados pelas setas.

8) Quais são os MI de múltiplas velocidades?

9) Identifique as partes constituintes (2), (3), (7), (8) e (10)


de um MI, como mostra Figura 3.

10) Por que o campo magnético por fase em um motor CA


trifásico é pulsante e não girante? Faça o esboço de um
campo magnético pulsante (forma de onda e fasor).

11) De acordo com a Figura 4, para  = 150 graus, qual é o


campo magnético mais intenso? Calcule hr (resultante) para Figura 3 – Partes constituintes de um MIT.
450, 1100 e 1500.

Figura 4.

12) Um MIT de 2 polos é alimentado em 220 V, 60 Hz.


a) Qual é a sua velocidade síncrona, ns?
b) Para um escorregamento de 5 %, encontrar nrotor (rpm).

13) Definir potência aparente, ativa e reativa. Desenhar o triângulo de potências.

14) Qual é a definição de fator de potência? Como calcular o FP de uma carga trifásica?

15) O que é rendimento de um motor elétrico? Qual é a equação que o define?

16) Seja um motor de indução de 6 terminais, cujos dados de placa são mostrados na Figura 5.
a) Calcular o número de polos e o escorregamento percentual deste motor.
b) Qual é a potência do motor em kW? Obs.: 1 CV (cavalo-vapor) = 736 W.
c) Qual é a sua tensão de fase?

80
d) Calcular o seu rendimento percentual, se o seu fator de potência (cos ) = 0,6.

17) Definir conjugado nominal e conjugado de partida.

Figura 5 – Questão 16.

18) Como definimos a corrente de partida de um motor elétrico?

19) Defina classe de serviço de um motor elétrico.

20) Compare o MI de gaiola com o MI de rotor bobinado, com relação aos seguintes itens: corrente de
partida; conjugado de partida; rendimento; manutenção e custo.

21) Sejam os painéis de um MIT de 12 terminais com as conexões efetuadas - Figura 6, painel (1) ao (4).
Identificar a ligação de cada painel. Nota: as opções podem ser , Y,  e YY.

Figura 6 – Diferentes ligações para um motor de 12 terminais.

81
Capítulo 3 – Contator magnético
Capítulo
CONTATOR MAGNÉTICO
3
3.1 – Introdução

Os motores elétricos são comandados através de “chaves” ou sistemas de partida, sendo que as mais
empregadas são:

1) Partida Direta/ Reversora, para acionamento de pequenos motores;


2) Partida Estrela Triângulo, para acionamento de grandes motores sem carga;
3) Partida Compensadora, para acionamento de grandes motores com carga;
4) Partida com Soft-Starter, para acionamento de grandes motores com carga;
5) Partida com Inversor de Freqüência, para acionamento de pequenos e grandes motores elétricos.

A Figura 3.1 mostra um painel completo para comando de motores elétricos (que deve conter os
circuitos de partida, comando e proteção).

Figura 3.1 – Quadro de comando para um grupo de motores elétricos.


Fonte: www.usedmachines.com.br/fotos/13.jpg

Todas as chaves de partida mencionadas anteriormente possuem um circuito principal e um


circuito de comando. O circuito principal ou de força é o responsável pela alimentação do motor, ou
seja, pela conexão dos terminais/fios do motor à rede elétrica. O circuito de comando (que será
extensivamente estudado neste curso) é responsável por comandar o circuito de força, determinando
quando o motor será ligado ou desligado.

82
As chaves de partida são compostas pelos dispositivos: (1) dispositivos de proteção, como fusível,
relé térmico e disjuntor; (2) dispositivos de comando, como botoeira, contator, temporizador e (3)
dispositivos de sinalização e medição (sinaleiro, voltímetro, amperímetro etc.).
A Figura 3.2a mostra uma botoeira com comandos liga-desliga e a Figura 3.2b apresenta uma
botoeira utilizada como botão de segurança. Na Figura 3.3 são apresentados, na sequência: botões,
dispositivos comutadores e sinaleiros.

(a) (b)
Figura 3.2. (a) Botoeira com comandos liga/desliga. (b) Botoeira utilizada como botão de segurança.

(a) (b)
(b) (c)
(c)
Figura 3.3 – (a) Botões, (b) dispositivos comutadores e (c) sinaleiros. Fonte: http://ecatalog.weg.net/

A Figura 3.4 apresenta um fusível tipo rosca, muito comum em instalações de comandos elétricos,
que conta com uma base para a sua fixação. O fusível é um componente que protege as linhas de
alimentação e os circuitos de comando e de carga contra o curto-circuito. O fusível, ao ser atuado, deve ser
substituído. A Figura 3.5 apresenta a posição dos dispositivos citados acima em um circuito de acionamento
de um motor elétrico trifásico (circuitos de potência e de comando).

Figura 3.4 – Fusível do tipo rosca. Fonte: https://www.saladaeletrica.com.br/fusivel/

Figura 3.5 – Circuitos de Comando e de Potência (acionamento de um motor elétrico).

83
3.2 – Contatores – aspectos construtivos, classificação e aplicações

Numa definição simples, contatores são dispositivos de manobra eletromecânica, construídos para
uma elevada frequência de operação. São comandados a distância, com uma única posição de repouso
estável (aberto ou fechado). Os contatores podem estabelecer, interromper e suportar correntes normais da
instalação (nominais) e ocasionalmente as de curto-circuito.
De acordo com a potência (carga), o contator é um dispositivo de comando de motor e pode ser
utilizado individualmente, acoplado a relés de sobrecarga, na proteção de sobrecorrente. Basicamente,
existem contatores para motores (circuito de potência) e contatores auxiliares (circuito de comando), como
mostra a Figura 3.6.

Circuito de potência Circuito de comando

Figura 3.6 – Exemplo de um sistema de acionamento de um MIT, com os diagramas de força ou potência e de comando.

3.2.1 – Classificação dos contatores

Os contatores podem ser classificados como principais (siglas CW e CWM) e auxiliares (CAW).
Os contatores auxiliares operam com corrente máxima de 10 A e possuem de 4 a 8 contatos,
podendo chegar até 12 contatos.
Os contatores principais trabalham com corrente máxima de até 600 A. De uma maneira geral
possuem três contatos principais do tipo NA, para manobra de cargas trifásicas a três fios.
A IEC classificou os contatores segundo a sua capacidade de suportar os esforços decorrentes da
interrupção de correntes superiores à sua corrente nominal e também à sua durabilidade frente às inúmeras
manobras de abertura e fechamento repetidas.
Tal classificação leva em conta:
1) a frequência de operações de ligar/desligar;
2) valor da sobrecarga;
3) fator de potência da carga e
4) tipo de operação dos motores elétricos: na partida, na frenagem, na reversão de rotação etc.

84
3.2.2 – Tipos de contatores

• Eletromagnéticos – a força necessária para fechar o circuito provém de um eletroímã;


• Pneumáticos – a força para efetuar a ligação provém do ar comprimido;
• Eletropneumáticos – similares aos pneumáticos, mas com o circuito de comando governado por
eletroválvulas.

3.2.3 – Outras considerações

O CONTATOR controla elevadas correntes através de um circuito de baixa corrente. É construído


de uma bobina – veja a Figura 3.7 –, que, quando alimentada por corrente, cria um campo eletromagnético
no núcleo fixo o qual atrai o núcleo móvel, fechando o circuito. Ao cessar a alimentação da bobina, o campo
eletromagnético é interrompido e aí o mecanismo volta à posição anterior (chave aberta).

Figura 3.7 – Esquema de um contator magnético.

Um dos critérios para selecionar um contato é o tipo de tensão de trabalho de suas bobinas. A bobina
constitui o terminal de entrada para o movimento da peça móvel do contator (armadura). A tensão de
alimentação da bobina pode ser do tipo contínuo (CC) ou alternado (CA), dependendo da tecnologia do
fabricante. Há uma grande variedade de bobinas com diversos níveis de tensão (de 24 até 600 V), tanto
para CC quanto para CA.
Na Figura 3.8 é apresentado o esquema de um contator trifásico de dois terminais, onde são utilizados
contatos NA e NF.

Mas o que são contatos NA e NF?

Para fins de classificação, os contatos são designados


de acordo com o seu estado de repouso. Como os contatos
“normalmente” se encontram nas situações de repouso, os
contatos são classificados de duas formas (Figura 3.8):
1) Normalmente Aberto (NA): indica contato aberto na
posição de repouso;
2) Normalmente Fechado (NF): indica contato fechado na
Figura 3.8 – Diagrama esquemático de
posição de repouso. um contator de 2 terminais, A1 e A2.

85
Assim como na classificação, os contatos são representados graficamente (no desenho) na posição
de repouso, ou seja, um contato NA será uma chave aberta e um contato NF uma chave fechada conforme
se vê a seguir:

Como é feito o comando da bobina?

É efetuado por meio de uma botoeira ou chave-bóia, por exemplo, com duas posições, cujos
elementos de comando estão ligados em série com a bobina. A velocidade de fechamento dos contatores é
resultado da força proveniente da bobina (força eletromagnética) e da força mecânica das molas de
separação que atuam em sentido contrário.
As molas são responsáveis pela velocidade de abertura do contator, o que ocorre quando a bobina
magnética não estiver sendo alimentada ou quando o valor da força magnética for inferior à força das molas.

Vantagens do Emprego de Contatores

- Comando à distância;
- Elevado número de manobras;
- Grande vida útil mecânica;
- Pequeno espaço para montagem;
- Garantia de contato imediato;
- Tensão de operação de 85 a 110 % da tensão nominal prevista para contator.

Características Principais

- Ligação rápida e segura do motor;


- Controle de alta corrente por meio de baixa corrente;
- Comando local ou à distância;
- Possibilidade de se construir vários tipos de chaves de partida;
- Proporciona proteção efetiva do operador;
- Garantia de desligamento do motor em caso de sobrecarga;
- Possibilidade de simplificação do sistema de operação e supervisão de uma instalação.

Defeitos mais freqüentes dos Contatores

- Sobrecarga da bobina magnética;


- Isolação deficiente;
- Desgaste excessivo dos contatos;
- Sobreaquecimento dos contatos;
- Defeitos mecânicos.

Franchi (2007) afirma que se pode relacionar a vida útil do contator diretamente com a vida elétrica
dos seus contatos, que por sua vez depende do nível da corrente e é determinado pelo número de manobras.
A vida útil do comando pode ser estimada de em função de aspectos mecânicos e elétricos. Com
relação à vida útil mecânica, esta possui um valor fixo, definido pelo projeto do contator e pelo desgaste
dos materiais utilizados. Numericamente falando, se pode citar um valor entre 10 x 106 a 15 x 106 manobras
(contatores de pequeno porte). Este parâmetro vem indicado no catálogo dos fabricantes.

86
Montagem dos Contatores

Os contatores devem ser montados de preferência verticalmente, em local que não esteja sujeito a
trepidação (Figura 3.9). Em geral, é permitida uma inclinação máxima do plano de montagem de 22,5o em
relação à vertical, o que permite a instalação em navios.

Figura 3.9 - Aspecto da montagem vertical de um contator.

Contatores e aplicações em diagramas de comandos elétricos

➢ O que são comandos elétricos?


Constituem toda forma de interferência, através de dispositivos, no sentido de ligar ou desligar
qualquer circuito elétrico. No caso de motores elétricos, o comando elétrico ou acionamento é a forma de
ligar ou desligar os seus circuitos através de dispositivos como relés, contatores magnéticos, sensores etc.

A representação destes circuitos é feita pelo método de diagramas, onde são desenhados os
componentes através de símbolos gráficos e literais seguindo as normas técnicas de cada país ou
comunidade, como, por exemplo: ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), DIN, IEC etc.
Os diagramas, apresentados nos itens a seguir, são: 1. Circuito ou diagrama de Carga ou de força
ou de potência (principal) e 2. Circuito ou diagrama de Comando (secundário).

3.3 – Diagrama de carga

O diagrama de carga de um acionamento é compreendido como o conjunto de todas as ligações


referentes à carga acionada, a qual poderá ser uma lâmpada, um motor elétrico, um elemento aquecedor
etc. Neste diagrama estão localizadas as chaves principais, as quais são mais robustas e destinam-se a
comandar altos valores de corrente típicos de motores e outras cargas. São sempre do tipo NA. Sua
identificação se faz com números unitários de 1 a 6 (Figura 3.10a). Na Figura 3.10b está representado um
exemplo de um diagrama de carga.
O circuito de carga não funciona sem o de comando e este último não tem nenhuma aplicação se não
houver o primeiro. Assim, o circuito de carga determina o que se quer do comando e este determina a
maneira como se deve funcionar a carga.
Um contator possui, além das chaves principais, utilizadas em diagramas de carga, as chaves
auxiliares, que são menos robustas, se prestando a comandar as baixas correntes de funcionamento dos
eletroímãs (bobinas) de outras chaves magnéticas, lâmpadas de sinalização ou alarmes sonoros. As chaves
auxiliares podem ser do tipo NA ou NF.

87
A Figura 3.11 mostra o esquema completo de um contator, com as suas partes constituintes: bobina,
chaves principais (identificadas por números de um dígito) e chaves auxiliares (identificadas por números
de dois dígitos).

(a) (b)
Figura 3.10 – (a) Numeração das chaves principais de um contator. (b) Diagrama de carga (exemplo).

Figura 3.11 – Simbologia de um contator: bobina e chaves NA e NF. Contator tripolar com contatos auxiliares integrados. Fonte:
http://www.weg.net/files/products/WEG-contatores-e-reles-de-sobrecarga-catalogo-completo-50026112-catalogo-portugues-r.pdf

Normas de identificação dos contatos dos contatores

A normalização nas identificações de terminais dos contatos e demais dispositivos de manobra de


baixa tensão é o meio utilizado para tornar mais uniforme a execução de projetos de comandos e facilitar a
localização e função desses elementos na instalação.
A identificação é feita por letras maiúsculas nas bobinas com apenas um enrolamento (veja os
exemplos nas Figuras 3.12 e 3.13). Para a identificação dos terminais principais e auxiliares de um contator,
observa-se que a identificação é feita por 2 dígitos, onde:

1º dígito: posição ocupada pelo contato a partir da esquerda.

2º dígito: função do contato – 1 para NF (abridor) e 3 para NA (fechador).

A identificação numérica apresentada nas Figuras 3.14 e 3.15 aplica-se aos contatos abridores e
fechadores (NF e NA). No exemplo da Figura 3.14, a chave numerada com 13 e 14 indica a primeira chave
(primeiro dígito, 1) e que é do tipo NA (normalmente aberta, segundo dígito: 3 e 4). Da mesma forma, a
chave numerada com 41 e 42 indica a quarta chave na sequência, sendo do tipo NF (normalmente fechada,
segundo dígito com finais 1 e 2).

88
Bobina com um enrolamento:
Identificação dos terminais para circuitos
A1 principais dos contatores:

1 3 5
A2 A1 A2 A1

Bobina para contatores com 2 enrolamentos: são


identificadas por letras maiúsculas e algarismos nas bobinas com A2
mais de um enrolamento e/ou terminações. 2 4 6

A1 B1 A1 B1 Identificação por algarismos:

ÍMPARES: entradas (rede CA)


A2 B2 A2 B2 PARES: saída (carga)

Figura 3.12 – Identificação das bobinas de um contator.

Figura 3.13 – Exemplo de um contator: bobina comandando chaves principais e auxiliares.

Figura 3.14 – Identificação de dois dígitos nos contatos.

(a) (b)

(c)
Figura 3.15 – Contator com chaves de contatos múltiplos, NA e NF. Numeração de seus terminais – (a), (b) e (c).

89
3.4 – Diagrama de comando

O diagrama de comando, como o próprio nome já diz, é o cérebro de um sistema de acionamento


elétrico. Consiste de dispositivos montados em uma sequência onde a lógica implementada define o tipo e
as operações no acionamento da carga. Para uma lâmpada, o seu acionamento (liga/desliga), tempo em que
vai ficar acesa (iluminação, luz de emergência, luz de sinalização). Para um motor elétrico, as operações
de: partida, temporização, intertravamento, reversão de rotação, parada, desligamento etc. Os dispositivos
do diagrama de comando são responsáveis pelo comando, proteção, regulação e sinalização do sistema.

➔ Exercício – intertravamento elétrico de contatores

O intertravamento é um sistema elétrico ou mecânico


destinado a evitar que dois ou mais contatores se fechem
acidentalmente, ao mesmo tempo provocando curto-circuito ou
mudança de sequência de funcionamento de um determinado
circuito.
A Figura 3.24 mostra um diagrama de comando onde as
chaves S1 e S2 são intertravadas, ou seja: quando S1 NA se fechar,
no ramo de K1, S1 NF se abre no ramo de K2. O mesmo se aplica
à chave S2 (NA no ramo de K2 e NF no ramo de K1). Isto impede
que os ramos dos contatores K1 e K2 sejam acionados
simultaneamente.

a) Descreva a atuação dos elementos do diagrama de comando da


Figura 3.24, primeiro acionando S1. Suponha que K1 acione uma
lâmpada no diagrama de carga, ligada em 220 VRMS.
Figura 3.24.

b) O que deve ser feito para acionar a lâmpada via chave S2?

Exemplo 3.3 – Multiplicação de contatos

Na Figura 3.25, vê-se que com uma única chave pode-se acionar o contator K1, o qual conta com
várias chaves que ligarão (NA) ou desligarão (NF) os circuitos ligados através dessas chaves. Isto permite
que com uma única chave (S1), seja possível operar vários circuitos simultaneamente.

Figura 3.25.

90
Exemplo 3.4 – Circuito teste de lâmpadas

Um circuito para teste de lâmpadas pode ser montado como mostra a Figura 3.26. Ele é utilizado
para testar as lâmpadas de sinalização de alarmes ou painéis, verificando se existe alguma lâmpada
queimada, para sua devida substituição.

Figura 3.26.

Funcionamento:

- O que ocorre ao pressionarmos a botoeira NA Bo ?

A botoeira Bo aciona as lâmpadas instantaneamente, o que permite verificar se há alguma danificada


(função de teste). O brilho das lâmpadas acionadas por esta botoeira é menor, pois a tensão eficaz é alterada
pela ação dos diodos em cada braço.
A corrente circula através dos diodos, fazendo com que as lâmpadas L 1, L2 e L3 acendam
independentemente do fechamento dos contatos K1, K2 ou K3.

O acionamento de cada lâmpada pode ser descrito pela equação Ln = Bo + Kn.

Para a lâmpada L2, por exemplo, L2 = Bo + K2, ou seja, esta será acionada pela botoeira Bo
(juntamente com as outras lâmpadas) OU pela chave NA do contator K2. Obviamente, o acionamento
independente só ocorre através do contator K2.

Exemplo 3.5 – Circuito de selo

Este circuito, mostrado na Figura 3.27b, é o princípio lógico das maiorias de todos os circuitos de
comandos elétricos. Os botões B0 (NF) e B1 em série, comandam o contator K1, o qual tem um contato NA,
em paralelo com B1 (NA).
Pressionando B1, a bobina de K1 é energizada. Liberando B1, K1 se mantém energizado, pois o seu
contato NA foi fechado pela ação de sua bobina.
Para desligar, basta apertar o botão B0, o que desarma a bobina do contator K1.

Exemplo 3.6 – Memorização de acionamento (outro exemplo de selo)

Através de uma das chaves (então chamada chave ou contato de selo ou de auto-retenção) pode-
se manter o contator acionado após um acionamento momentâneo da chave que o acionou.
No circuito da Figura 3.28, após acionar S1, as cargas ficarão acionadas como se a mesma se
mantivesse acionada, pois o contato 13-14 manterá o contator acionado (mesmo com S1 aberta). Para
DESLIGAR K1, basta abrir o contato NF S2, inserido em série com o eletroímã.

91
(a) (b)
Figura 3.27 – (a) Circuito de comando de uma lâmpada incandescente. (b) Circuito de
comando, constituído de uma chave em paralelo com a botoeira (selo ou retenção).

Figura 3.28 - O botão S1 aciona o contator que se mantém por selo. O botão S2 desliga o contator.

Exemplo 3.7 – Partida estrela-triângulo de um motor CA

Durante a partida e aceleração de um motor elétrico, até a sua rotação nominal, este solicita uma
sobrecorrente em torno de 6 a 8 vezes a corrente nominal, o que pode provocar a queda de tensão na rede
de alimentação e interferência no acionamento de outras cargas (lâmpadas, PCs etc.).
Adota-se então o uso de uma chave de partida ESTRELA-TRIÂNGULO, que é um diagrama de
comando onde, através de uma lógica de operação das chaves dos contatores, controla-se a corrente do
motor no período de transitório de partida.

 Uma observação importante:

Através desta manobra o motor realizará uma partida mais suave, reduzindo sua corrente de partida
em aproximadamente 1/3 da que seria se acionado em partida direta. A partida Y-Δ é utilizada quase que
exclusivamente para partidas sem carga. A Figura 3.29 ilustra este método de acionamento.

92
Figura 3.29 – Chave de Partida Estrela-Triângulo. Diagramas de Carga e de Comando.

Questões:
1) Observando os diagramas da Figura 3.29, qual dos contatores assegura a partida do MIT em triângulo?
2) A chave S2 intertravada está ligada de modo correto? Justifique.
3) Qual é a função do selo do contator K3?

Exemplo 3.8 – Exemplos comerciais de contatores


A Figura 3.30 mostra um exemplo comercial de contator, da GE – modelo CL, onde são mostradas
todas as suas partes constituintes. Este tipo de contator opera com corrente alternada e com corrente
contínua, na faixa de 9 a 140 A. Conta, dentre outros dispositivos, com um relé de sobrecarga e com um
temporizador eletrônico. A Figura 3.31 mostra uma combinação de contatores e de seus dispositivos.

Figura 3.30.

93
Figura 3.31 - Contatores e combinações de contatores. Fabricante: SIEMENS (Modelo SIRIUS).

Exercício de simulação 1 – ES1 – Uso de aplicativos em FLASH e do CADeSimu

As Figuras 3.32 e 3.33 mostram um aplicativo para simular uma chave de partida direta. Tente fazer
o download do arquivo e simular a operação de partida (modo automático). Para efetuar a simulação, clicar
no ícone PLAY, e em seguida, na botoeira b1, várias vezes, até ver preenchida a linha de alimentação do
motor (com o selo C1 fechado). O motor então parte começando a girar no sentido horário, como mostra a
Figura 3.33.

Figura 3.32 Simulação em Flash da chave de partida direta de um motor trifásico.


Fonte: http://www.portaldoeletrodomestico.com.br/video_animacao/91-PARTIDA-DIRETA.exe

94
Figura 3.33 – Resultado da simulação, com C1 acionado. O MIT parte alimentado pelas fases R, S e T.
Fonte: http://www.portaldoeletrodomestico.com.br/video_animacao/91-PARTIDA-DIRETA.exe

Software CADe SIMU

Aproveitando o último exercício, tratando de simulação, há um ótimo software, CADe Simu, um


software de CAD elétrico eletrônico que permite inserir diversos símbolos organizados em bibliotecas e
desenhar um diagrama de fiação de um modo rápido e fácil para posteriormente implementar a simulação.
CAD interage com o usuário e o desenho do diagrama e feita de forma rápida e fácil.
Atualmente possui as bibliotecas de simulação que se segue: alimentação CC e CA, fusíveis e
disjuntores, relés térmicos, contatores, motores elétricos, contatos auxiliares e contatos de temporizadores,
bobinas, interruptores etc. O download do programa, com exemplos prontos, pode ser efetuado na seguinte
homepage: https://www.saladaeletrica.com.br/cade-simu/
Nas Figuras 3.34 e 3.35 são apresentados, respectivamente, o ambiente para construção do circuito
e o resultado da simulação do MIT em partida direta.

Figura 3.34 – Simulação de partida direta do MIT com o software CADe Simu.

95
Figura 3.35 – Simulação de partida direta de um MIT no software CADe Simu.

EF - Exercícios de Fixação
Série 8

EF32 – Descrever outros exemplos (três, no mínimo) de aplicações dos contatos de um contator.
EF33 – Conceituar diagramas unifilares e multifilares. Dar um exemplo com desenho.
EF34 – O valor de corrente a ser comandada em um sistema de acionamento elétrico também influencia na
pressão de contato entre as partes móveis do contato: maiores correntes exigem maiores pressões de
contato. Justifique a expressão em negrito.
EF35 – O esquema da Figura 3.36a representa uma ligação muito conhecida em instalações elétricas
residenciais (diagrama multifilar).
a) Desenhar o seu diagrama unifilar (pesquisar).
b) Dimensionar a corrente da lâmpada, se ela é de 60 W, 127 V.

(a) (b)
Figura 3.36 – Acionamento de lâmpadas. (a) Acionamento por interruptores. Acionamento por contatores.

EF36 – Explicar o acionamento das lâmpadas L1 e L2 para o esquema da Figura 3.36b.


EF37 – Numerar os terminais das chaves do contator da Figura 3.37.

96
A1

K1
A2

Figura 3.37 – Contator – numeração dos contatos.

EF38 – Seja o diagrama apresentado na Figura 3.38 (diagrama de carga e diagrama unifilar). Pede-se:
a) desenhar o diagrama de comando;
b) conceituar cada componente, bem como do diagrama de carga;
c) numerar todos os bornes dos dispositivos utilizados;

EF 39 – Projetar e desenhar um circuito de sinalização para o circuito da Figura 3.38, para indicar a
partida do MIT, a ocorrência de uma anomalia (falha de curto-circuito, p. ex.) e a sua parada.

Figura 3.38.

97
LEP 3
Lista de Exercícios e Problemas 3 – 10 Questões

1) Explique o funcionamento do circuito da Figura 1.


Desenhar no quadro da Figura 2 um diagrama de carga,
onde a carga é comandada pelo diagrama da Figura 1
(podem ser utilizadas como carga, por exemplo, um motor
elétrico, uma lâmpada, um forno etc.).

2) Desenhar um circuito de comando e o respectivo de


carga para acionar um motor de indução trifásico, ligado
em 220 V (estrela), de forma que o operador, por motivos
de segurança, tenha que utilizar as duas mãos para realizar
o acionamento.
Figura 1 – Questão 1 (diagrama de comando).

Figura 2 – Desenho do diagrama de carga.

3) Seja o diagrama de carga da Figura 3. Projetar um diagrama de comando para o acionamento do MIT,
onde um contator comanda a sua partida e o seu desligamento após 2 minutos. Pesquisar sobre o dispositivo
relé de tempo e a sua conexão do circuito de comando.

vR
F1 1 2
~
vS
N F2 M1
3 4
~ 3~
vT
F3 5 6
~ FT 1 Motor de indução
trifásico (MIT)

K1
Figura 3 – Motor 3Ø acionado por um diagrama de comando (diagrama de carga).

98
4) Seja o diagrama de comando da Figura 4, onde KM1, KM2 e KM3 são contatores que comandam os
motores M1, M2 e M3. Desenhar o diagrama de carga correspondente e explicar o seu funcionamento.

Figura 4 – Questão 4.

5) Quais são os defeitos mais frequentes nos contatores? Classifique as suas chaves, dando um exemplo
em um circuito de acionamento.

6) Quais são as principais características dos contatores?

7) Qual é o procedimento para se eliminar o efeito de “bloco parasita” na bobina de um contator?

8) Quais são os critérios de dimensionamento de um contator?

9) Como são formados o circuito principal e o auxiliar de um contator magnético? Explicar a função
de cada um.

10) O Diagrama de comando da Figura 5a diz respeito ao acionamento de dois motores de indução
trifásicos, M1 e M2.

a) Completar as ligações pendentes nos diagramas de comando e de carga e numerar/identificar


os contatos de todos os dispositivos (botoeiras e contatores).
b) Como ocorre o comando dos motores M1 e M2?

99
Diagrama de comando Diagrama de Carga

(a) (b)

Figura 5 – Questão 10.

100
 EXERCÍCIO Extra: completar as ligações pendentes nos diagramas abaixo.

101
Capítulo 4 – Dispositivos de proteção e de comando
Capítulo

4 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO E DE COMANDO

4.1 – Introdução

Um curto-circuito pode ser definido como uma ligação acidental


de condutores sob tensão.
A impedância desta ligação é praticamente desprezível, com a
corrente atingindo um valor muito maior que a corrente de operação.
Tanto o equipamento quanto a instalação elétrica poderão sofrer
esforços térmicos e eletrodinâmicos excessivos.
A forma mais segura de se proteger uma instalação contra um curto-
circuito é dimensionar disjuntores ou fusíveis por onde a corrente elétrica
Figura 4.1.
passa (Figura 4.1).

Desta forma, se ocorrer um aumento na intensidade da corrente, o fusível queima e o disjuntor


desliga a chave, abrindo o circuito e não permitindo que a corrente passe pelos outros componentes do
mesmo. Um curto-circuito pode ser caracterizado de várias formas:

1) Duração do curto-circuito

- Auto-extinguível: como é o caso de um curto-circuito criado pela umidade. A temperatura


desenvolvida nesse ponto pode provocar a secagem e assim eliminar o defeito.
- Transitório: a falha de isolamento pode introduzir uma impedância relativamente elevada que
tende a manter-se originando uma intensidade de corrente superior ao valor da corrente de
serviço, mas que, na maior parte dos casos, rapidamente evolui para a corrente de curto circuito.
- Estacionário: mantém-se se não existir a atuação de um dispositivo de proteção.

2) Origem do curto-circuito

- mecânica: quebra ou corte de um condutor, contato acidental entre condutores.


- sobre-tensões internas ou de origem atmosférica.
- falha de isolamento: devido à temperatura, umidade ou a corrosão.
- localização: no interior ou exterior de equipamentos (máquinas ou dispositivos).
Um curto-circuito pode ser do tipo:
- fase-neutro;
- fase-terra: verifica-se este tipo de defeito em cerca de 80 % dos casos;
- fase-fase: cerca de 15 % dos defeitos verificando-se que normalmente degeneram num curto-
circuito trifásico;
- trifásico: apenas 5% dos casos reportados de situações de defeito são resultantes de um curto-
circuito que envolve as três fases.
Na Figura 4.2 representam-se estas diferentes situações de curto-circuito.

102
Figura 4.2 - Diferentes tipos de curto-circuito e as respectivas correntes. NOTA: A direção da corrente é arbitrária.

4.1.1 - Curto-circuito e proteção

A norma NBR 5410/97 prescreve que todo circuito, incluindo circuito terminal de motor, deve ser
protegido por dispositivos que interrompam a corrente, quando pelo menos um dos condutores for
percorrido por uma corrente de curto-circuito. A interrupção deve ocorrer num tempo suficiente curto para
evitar a deterioração dos condutores. Esta interrupção deve-se dar por dispositivo de seccionamento
automático. A norma aceita a utilização de fusíveis ou disjuntores para proteção específica contra falhas de
curto-circuito.

4.2 – Fusíveis

O princípio de funcionamento do fusível baseia-se na fusão do filamento e consequente abertura


do mesmo, quando por este percorre uma corrente elétrica superior ao valor de sua especificação. Para
entender esta operação, veja a Figura 4.3 (FRANCHI, 2007).

Figura 4.3 - Fusível – constituição.

O elemento fusível é um fio ou uma lâmina de metal, alocado no interior do fusível, um corpo
geralmente de porcelana e hermeticamente fechado. A maioria dos fusíveis possui um elemento indicador
(indicado por 3, na Figura 4.3) que indica a integridade do dispositivo. Este elemento é um fio ligado em
paralelo com o elemento fusível e que libera uma mola após a sua operação, o que provoca o aparecimento
do sinalizador na carcaça do fusível.
O meio extintor do fusível é um material granulado, geralmente areia de quartzo. O elemento fusível
assume diversas formas, de acordo com a sua corrente nominal, podendo ser composto por um ou mais fios
de lâminas ligados em paralelo, com trechos de seção reduzida. No fusível existe um ponto de solda em
que a temperatura de fusão é menor que a do elemento fusível.

4.2.1 - Operação do fusível

Quando o elemento fusível opera em regime permanente (onde a corrente que circula na carga em
série é estável), o condutor e o elemento fusível, obviamente, têm a mesma corrente elétrica, a qual produz
aquecimento em ambos (Figura 4.4).

103
A temperatura do condutor atinge então a temperatura 1. Já o elemento fusível, que possui uma
resistência elétrica mais alta, fica com uma temperatura superior, 2 (o aquecimento é maior, pelo efeito
Joule). Esta temperatura mais elevada ocorre no ponto médio do elemento fusível, como se vê na curva da
Figura 4.4.
A temperatura se comporta da seguinte forma: decresce do ponto médio até as extremidades do
elemento fusível. Nota-se que os pontos de conexão e o ponto médio não têm a mesma temperatura, mas
possuem uma temperatura maior que a dos condutores. A corrente que percorre o fusível sem ultrapassar
este valor é a sua corrente nominal. Um valor acima da corrente nominal provoca o rompimento do
elemento fusível (de acordo com a sua curva de atuação), e aí o circuito se abre.

Figura 4.4 – Característica da temperatura no interior de um fusível (FRANCHI, 2007).

Para o caso onde a corrente do fusível é muito superior à nominal, por exemplo na faixa de 10
vezes, ocorre a fusão do trecho da seção reduzida do elo fusível antes do ponto de solda, em razão da alta
corrente que naquele circula.
Na fusão do elo fusível, este está rompido mecanicamente, mas a corrente não é interrompida
plenamente, pois é mantida por um arco elétrico. A fusão e o arco elétrico provocam então a evaporação
do material metálico do elo. O arco é envolvido pelo elemento extintor, o qual vaporiza. Então o vapor do
metal é empurrado contra a areia, onde grande parte do arco elétrico se extingue, pois a areia penetra o arco
e retira a energia térmica do mesmo (FRANCHI, 2007).

4.2.2 - Fusível – definição clásica

Adotando uma definição clássica, o fusível consiste de


um filamento (veja a Figura 4.5) ou lâmina de um metal ou liga
metálica de baixo ponto de fusão que se intercala em um
ponto determinado de uma instalação elétrica para que se funda,
por efeito Joule, quando a intensidade de corrente elétrica
supere, devido a um curto-circuito ou sobrecarga, um
determinado valor que poderia danificar a integridade dos
condutores com o risco de incêndio ou destruição de outros
elementos do circuito.
Os FUSÍVEIS são dispositivos de segurança e proteção
que são inseridos nos circuitos elétricos, para interrompê-los
quando alguma anomalia acontece (situações anormais de Figura 4.5 – Constituição
de um fusível.
corrente, como curto-circuito ou sobrecargas de longa duração).

104
4.2.3 - Classificação

De um modo geral, os fusíveis são classificados segundo a tensão de alimentação em alta ou baixa
tensão, e, também, segundo as características de desligamento, em fusíveis de efeito RÁPIDO ou
RETARDADO.

Fusíveis de efeito rápido - os fusíveis de efeito rápido são empregados em circuitos que não há variação
considerável de corrente entre a fase de partida e a de regime normal de funcionamento. Esses fusíveis são
ideais para a proteção de circuitos resistivos (lâmpada, fornos, etc.)

Fusíveis de efeito retardado - os fusíveis de efeito retardado são apropriados para uso em circuitos cuja
corrente de partida atinge valores muitas vezes superiores ao valor da corrente nominal e em circuitos que
estejam sujeitos a sobrecarga de curta duração. Como exemplos podem ser citados motores elétricos e
cargas capacitivas em geral.
As formas construtivas mais comuns dos fusíveis aplicados nos circuitos de motores elétricos são
os tipos D (Diazed, diametral) e NH, de maior capacidade de corrente (Figura 4.6).

(a) (b)
Figura 4.6 – (a) Fusível DIAZED. (b) Fusível NH.

A Figura 4.7a mostra um grupo de fusíveis do tipo e NH e a Figura 4.7b mostra a simbologia
adotada para o fusível. Eles atendem as Normas IEC 269 e NBR 11841 e possuem marca de conformidade
do INMETRO até 160 A.

(a) (b)

Figura 4.7 – (a) Fusível do tipo NH, projetado para ambientes industriais e similares. Fonte: http://img-
europe.electrocomponents.com/largeimages/R421621-91.jpg. (b) Simbologia para o fusível. Normas IEC (Comissão Eletrotécnica
Internacional) e IEEE/ANSI (americana e canadense).

4.2.4 - Principais características

Os fusíveis D e NH, também conhecidos como fusíveis de força, atuam como dispositivos de
proteção em circuitos de motores elétricos principalmente, protegendo-os contra as correntes de curto-
circuito, de forma seletiva (em combinação com relés) contra sobrecargas de longa duração. Suas principais
características são:
- corrente nominal - corrente máxima que o fusível suporta continuamente sem interromper o
funcionamento do circuito. Esse valor é marcado no corpo de porcelana do fusível.
- corrente de curto circuito - corrente máxima que deve circular no circuito e que deve ser interrompida
instantaneamente.

105
- capacidade de ruptura (kA) - valor de corrente que o fusível é capaz de interromper com segurança. Não
depende da tensão nominal da instalação.
- tensão nominal - tensão para a qual o fusível foi construído. Os fusíveis normais para baixa tensão são indicados
para tensões de serviço de até 500 V em CA e 600 V em CC.
- resistência elétrica (ou resistência ôhmica) - grandeza elétrica que depende do material e da pressão exercida.
A resistência de contato entre a base e o fusível é responsável por eventuais aquecimentos que podem provocar
a queima do fusível.
O fusível tipo D é recomendado para o uso residencial e industrial, uma vez que possui proteção contra
contatos acidentais, podendo ser manuseado por pessoal não qualificado. Faixa de corrente: de 2 a 63 A,
capacidade de ruptura de 50 kA e tensão máxima de 500 V.

Fusíveis DIAZED

Os fusíveis Diazed podem ser de ação rápida, usados em circuitos resistivos (sem picos de corrente)
ou retardada, para circuitos com motores e capacitores, sujeitos a picos de corrente. Esses fusíveis são
construídos para valores de, no máximo 100 A e capacidade de ruptura é de 70 kA com uma tensão de 500
V. Na Figura 4.8a é apresentado um fusível Diazed montado em base tipo rosca e nas Figuras 4.8b e 4.8c
o seu aspecto construtivo.

(a) (b) (c)


Figura 4.8 – (a) Fusível Diazed montado em plataforma tipo rosca. (b) e (c) Partes constituintes.
Fonte: http://www.siemens.com.br/upfiles/446.pdf.

Fusíveis tipo D ultra-rápidos (Silized)

Os fusíveis ultra-rápidos SILIZED (Figura 4.9) são utilizados na


proteção de curto-circuito de semicondutores, tiristores, GTO's e diodos.
Estão adaptados às curvas de carga dos tiristores e diodos de
potência, permitindo, quando da sua instalação, seu manuseio sem riscos
de toque acidental. Possuem categoria de utilização gR, em três
Figura 4.9 – Aspecto do
tamanhos, e atendem às correntes nominais na faixa de 16 a 100 A.
fusível SILIZED.

Fusíveis NEOZED (Tipo D0)

Os fusíveis NEOZED (Figura 4.10) possuem tamanho reduzido e são aplicados na proteção de curto-
circuito em instalações típicas residenciais, comerciais e industriais. Atendem às Normas: NBR IEC 60 269
e VDE 0636. Possuem categoria de utilização gL/gG, atendendo as correntes nominais de 2 a 63 ampères.
Categoria de uso: gG (aplicação geral e capacidade de interrupção em toda zona tempo-corrente).
Tensão nominal: 400 VCA / 250 VCC.
Capacidade de interrupção nominal: 50 kA até 400 VCA e 8 kA até 250 VCC.

106
Fusíveis tipo NH

Os fusíveis NH recebem esta nomenclatura das iniciais de “Niederspannungs Hochleitungs”, que


em língua alemã significa “Baixa Tensão e alta capacidade de interrupção”. Estes fusíveis aplicam-se à
proteção de sobrecorrentes de curto-circuito e de sobrecarga em instalações elétricas industriais. Atendem
às normas IEC 60269-2-1, VDE 0636 (alemã) e NBR11841 (ABNT, brasileira).
A Figura 4.11 apresenta, no primeiro grupo, os fusíveis NH, com contato do tipo faca (blade contact).
No segundo grupo, para efeito de comparação, estão os fusíveis Diazed.

Figura 4.10 - Fusíveis Neozed e a base de montagem. Figura 4.11 – Fusíveis NH e fusíveis tipo D (Diazed).
Fonte: http://de.academic.ru/dic.nsf/dewiki/994016

Os fusíveis NH são constituídos pelas partes apresentadas na Figura 4.12. O fusível possui corpo de
porcelana de seção retangular. Dentro desse corpo, estão o elo porcelana existem duas facas de metal que
se encaixam perfeitamente nas garras da base. O elo fusível é feito de cobre em forma de lâminas vazadas
em determinados pontos para reduzir a seção condutora. O elo fusível pode ainda ser fabricado em prata.
A base é fabricada de material isolante como a esteatita, plástico ou termo fixo. Nela são fixados os contatos
em forma de garras, às quais estão acopladas molas que aumentam a pressão de contato.

Figura 4.12 – Componentes de um fusível tipo NH.

Os fusíveis NH suportam elevações de tensão durante certo tempo sem que ocorra fusão. Eles são
empregados em circuitos sujeitos a picos de corrente e onde existam cargas indutivas e capacitivas.
Em resumo, sua construção permite valores padronizados de corrente que variam de 6 a 1200 A. Sua
capacidade de ruptura é sempre superior a 70 kA com uma tensão máxima de 500 V.

Classificação dos fusíveis

Os fusíveis são classificados segundo a faixa de interrupção (ou classe de função), com a
representação pelas letras minúsculas g e a. A categoria e utilização é representada por letras maiúsculas,
como será indicado a seguir3.

3
Catálogo WEG - Fusíveis aR e gL/gG Tipo NH Contato Faca, NH Flush End e Diametral.

107
Fusíveis tipo g - Fusíveis de capacidade de interrupção em toda a faixa (faixa completa), ou seja, suportam
a corrente nominal por tempo indeterminado e são capazes de operar a partir do menor valor de
sobrecorrente até a corrente nominal de desligamento (atuam na menor intensidade de sobrecorrente).
Fusíveis tipo a - Fusíveis de capacidade de interrupção em faixa parcial (reagem a partir de um valor
elevado de sobrecorrente).

As classes de objetos protegidos são4:


L-G: cabos e linhas – proteção geral;
M: equipamentos eletromecânicos;
R: semicondutores e
B: instalações em condições pesadas (minas, por exemplo).

Classes de Serviço dos FUSÍVEIS:

Gl: proteção total de cabos e linhas; Am: proteção parcial de equipamentos eletromecânicos; Ar:
proteção parcial de equipamentos eletrônicos; Gr: proteção total de equipamentos eletrônicos e
Gb: proteção total de equipamentos em minas.

Os fusíveis classe Ar, de acordo com a norma IEC 60269 têm como característica baixos valores
de I²t e se aplicam a proteção contra curto-circuito de circuitos com semicondutores, não devendo ser
aplicados em situações de pequenas sobrecargas pois, nestas condições, pode ocorrer sobrecarga térmica
sobre o fusível causando a sua atuação indevida e redução da sua capacidade de interrupção.

Curva característica de um fusível

Os fusíveis apresentam curvas características do tempo máximo de atuação, t(seg), em função da


corrente, com a forma ilustrada na Figura 4.13.
No dimensionamento de fusíveis de efeito retardado (para motores elétricos e cargas capacitivas
em geral), devem-se levar em consideração os seguintes aspectos (FRANCHI, 2007):

1) o tempo de fusão virtual (exemplo para um motor: tempo


e corrente de partida) – neste caso, os fusíveis utilizados
devem suportar o pico da corrente de partida (Ip) sem fundir,
durante o tempo (transitório) de partida do motor, Tp. Tendo
em mãos os valores de Tp e Ip é fácil dimensionar o fusível a
ser empregado em cada fase do mesmo;
2) para assegurar a vida útil da instalação do motor elétrico,
deve-se dimensionar uma corrente no mínimo 20 % superior
à sua corrente nominal – logo, a equação (4.1) deve ser
Figura 4.13 – Curva característica
utilizada: para fusíveis Gg e Gm.

IFusivel = 1,2  I Nominal (4.1)

3) quanto aos outros dispositivos no circuito de alimentação, como contatores e relés de sobrecarga, deve-
se observar que os fusíveis deverão proteger estes elementos. Esta verificação é feita com base em cálculos
e em consultas em tabelas de contatores e de relés de sobrecarga.

4
Fonte https://static.weg.net/medias/downloadcenter/hf3/ha3/WEG-fusiveis-ar-e-gl-gg-50009817-catalogo-pt.pdf

108
Exemplo 4.1 – Cálculo para dimensionamento de fusíveis de um motor elétrico. Efetuar os cálculos para
dimensionar os fusíveis para a instalação de um motor elétrico de 5 CV, 220 V/ 60 Hz, 4 polos, supondo
um tempo de partida direta (Tp) de 500 ms.
Solução: consultando o catálogo do motor, tem-se:

Ip In = 8,2  Com In = 13,8 A, Ip = 8, 2  13,8 = 113, 6 A.

Seguindo as curvas características do fusível, com base nos valores de I p = 113,6 A (corrente de
partida) e Tp = 500 ms, encontra-se a região de corrente igual a 16 A, vista na Figura 4.14, gráfico tempo x
corrente, fusível NH / SIEMENS.

Figura 4.14 - Curva tempo x corrente (fusível NH SIEMENS).

Com o ponto de interseção obtido, o fusível deverá ser de 16 A (o ponto está dentro da área cuja
corrente é de 16 A). Adotando o segundo critério, IFusível = 1,2 × INominal = 1,2 × 13,8 = 16,56 A. Logo, pelo
segundo critério, continua valendo, graficamente, a escolha para um fusível de corrente 16 A.

LEP 4
Lista de Exercícios e Problemas 4 – 10 Questões
Tema: Dispositivos de Proteção e de Comando – Parte 1 – FUSÍVEIS
Referência: livro-texto Acionamentos Elétricos (C. M. Franchi, 3ª. edição), pp 126-127.

1. Quais são os valores comerciais dos fusíveis, em função de sua corrente nominal?
2. Por que os fusíveis são associados a chaves, nos circuitos de acionamentos elétricos?
3. A característica tempo-corrente para os fusíveis é ajustável? Justifique.

109
4. Os fusíveis são mais rápidos do que os disjuntores? Explicar.
5. Como se dimensiona a corrente de um fusível?
6. Onde são empregados os fusíveis de efeito rápido?
7. Onde se emprega os fusíveis de efeito retardado?
8. Os fusíveis devem também proteger os contatores e relés de sobrecarga? Justifique.
9. Com relação aos fusíveis NEOZED, responder:
a) Onde são aplicados?
b) Qual é a sua categoria de utilização?
10. Onde são utilizados os fusíveis SILIZED (ultra-rápidos)?

4.3 – Disjuntores

O disjuntor é um dispositivo eletromecânico que permite proteger uma determinada instalação


elétrica contra curto-circuito e/ou sobrecargas – veja a Figura 4.15.
Sua principal característica é a capacidade de poder ser
rearmado manualmente quando estes tipos de defeitos ocorrem,
diferindo do fusível, que tem a mesma função, mas que fica
inutilizado depois de proteger a instalação.
Assim, o disjuntor interrompe a corrente em uma instalação
elétrica antes que os efeitos térmicos e mecânicos desta corrente
possam se tornar perigosos às próprias instalações.
Por esse motivo, ele serve tanto como dispositivo de
Figura 4.15 – Grupo de disjuntores
manobra como de proteção de circuitos elétricos. em um quadro de distribuição.

Um disjuntor é constituído pelo relé, com um órgão de disparo (disparador) e um órgão de corte (o
interruptor). É dotado também de meios convenientes de extinção do arco elétrico, as câmaras de extinção do arco
elétrico.
O disjuntor mais simples é o disjuntor termomagnético, que possui um relé eletromagnético que protege
contra curto – circuitos e um relé térmico, constituído por uma lâmina bimetálica, que protege contra sobrecargas.

4.3.1 - Aspectos construtivos de um disjuntor

As Figuras 4.16 e 4.17 mostram os elementos construtivos de um disjuntor e suas respectivas


funções, descritas a seguir.

Figura 4.16 – Elementos de um minidisjuntor de 10 A. Fonte:


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/Circuitbreaker.jpg

110
1. Atuador - chave para desligar ou resetar manualmente o disjuntor. Também indica o estado do
disjuntor (Ligado/Desligado ou desarmado). A maioria dos disjuntores é projetada de forma que o
disjuntor desarme mesmo que o atuador seja segurado ou travado na posição "liga".
2. Mecanismo atuador- une os contatos juntos ou independentes.
3. Contatos - Permitem que a corrente flua quando o disjuntor está ligado e seja interrompida quando
desligado.
4. Terminais.
5. Trip bimetálico
6. Parafuso calibrador - permite que o fabricante ajuste precisamente a corrente de trip do dispositivo
após montagem.
7. Solenóide.
8. Extintor de arco.

Figura 4.17 – Visão interna de um disjuntor e funções integradas.

A Figura 4.18 mostra os disjuntores para circuitos monofásicos, bifásicos e trifásicos.

Em uma definição simples, os disjuntores são


dispositivos “termomagnéticos” que fazem a proteção
de uma instalação contra curtos-circuitos e contra
sobrecargas. O Disjuntor não deve ser utilizado como
dispositivo de liga-desliga de um circuito elétrico e
sim, de proteção.
Como visto no esquema anterior, no disjuntor,
para a proteção contra a sobrecarga existe um
elemento térmico (bi-metálico) e para a proteção
contra curto-circuito existe um elemento magnético.
Quanto à simbologia para o disjuntor, na
Figura 4.19 veem-se algumas indicações, de acordo Figura 4.18 – Disjuntores para diferentes
com as Normas ABNT. números de fases de um circuito.

111
(a) (b) (c) (d)
Figura 4.19 – Simbologia (normas ABNT) para o disjuntor. (a) Seccionador-disjuntor. (b) Disjuntor tripolar. (c)
Disjuntor com elemento magnético, proteção contra corrente de curto-circuito. (d) Disjuntor tripolar com elementos
térmicos e magnéticos, proteção contra correntes de curto-circuito e sobrecarga.

4.3.2 – Curvas de disparo do Disjuntor

As curvas de disparo do disjuntor indicam o tempo que o mesmo leva para interromper a
corrente quando esta ultrapassa o valor da nominal. Um exemplo é mostrado na Figura 4.20. Note que
quanto maior a corrente, menor o será o tempo para a interrupção.

4.3.3 – Disjuntor diferencial residual (DR)

Este tipo de disjuntor é indicado para proteção


contra correntes de fuga à terra em instalações elétricas de
BT, protegendo, portanto, equipamentos e a vida das
pessoas.
A relevância dessa proteção faz com que a Norma
Brasileira de Instalações Elétricas – ABNT NBR 5410
(uso obrigatório em todo território nacional conforme lei
8078/90, art. 39 - VIII, art. 12, art. 14), defina claramente
a proteção de pessoas contra os perigos dos choques
elétricos que podem ser fatais, por meio do uso do
Dispositivo DR de alta sensibilidade (≤ 30mA).
A Figura 4.21 mostra os efeitos da corrente
elétrica sobre o corpo humano – gráfico tempo de
duração do choque elétrico x corrente elétrica (veja a Corrente →
tabela na sequência). Figura 4.20 – Curva tempo x corrente de um
disjuntor. Fonte: Catálogo de Disjuntores SIEMENS –
Modelos 5SX, 5SP e 5SY.

Observações Importantes:
1) O Disjuntor Diferencial (DR) tem como função principal proteger as pessoas ou o patrimônio contra
faltas à terra, evitando choques elétricos (proteção às pessoas) e evitando incêndios (proteção ao
patrimônio). O DR não substitui um disjuntor, pois ele não protege contra sobrecargas e cutro-circuitos.
Para estas proteções, devem-se utilizar disjuntores em associação.
2) Sensibilidade: a sensibilidade do interruptor varia de 30 a 500mA e deve ser dimensionada com
cuidado, pois existem perdas para terra inerentes à própria qualidade da instalação.
Proteção contra contato direto: 30mA. Contato direto com partes energizadas pode ocasionar fuga de
corrente elétrica, através do corpo humano, para terra.
Proteção contra contato indireto: 100mA a 300mA. No caso de uma falta interna em algum equipamento
ou falha na isolação, peças de metal podem tornar-se "vivas" (energizadas).
Proteção contra incêndio: 500mA. Correntes para terra com este valor podem gerar arcos / faíscas e
provocar incêndios.
Fonte: http://www.geindustrial.com.br/produtos/disjuntores/dr/

112
Figura 4.21 – Gráfico com zonas tempo x corrente e os efeitos sobre as pessoas. IEC 60.479-1 – Percurso
mão esquerda ao pé. Fonte: Catálogo de Disjuntores DR – AGO – 90 - SIEMENS.

4.3.3.1 – DR: princípio de proteção das pessoas

Qualquer atividade biológica no corpo humano seja ela glandular, nervosa ou muscular é originada
de impulsos de corrente elétrica
Se a essa corrente fisiológica interna somar-se uma corrente de origem externa (corrente de fuga),
devido a um contato elétrico, ocorrerá no organismo humano uma alteração das funções vitais, que,
dependendo da duração e da intensidade da corrente, poderá provocar efeitos fisiológicos graves,
irreversíveis ou até a morte da pessoa.
Ainda a respeito do Disjuntor DR, o gráfico da Figura 4.22 apresenta as áreas de atuação
relacionadas com a corrente nominal do equipamento (veja a Tabela 4.1).

113
Figura 4.22 – Gráfico tempo x corrente – minidisjuntor DR (fabricante GE).
Fonte: http://www.msacontrol.com.br/GE_mini_dr.pdf

Tabela 4.1 – Atuação do minidisjuntor DR - Curvas em função de INOMINAL do equipamento (veja a Figura 4.22).
Valor de
Curva Tempo de Disparo Aplicação
Atuação
Cargas resistivas como:
entre 3 In e t  0,1 s
B Aquecedores, chuveiros elétricos, fornos elétricos,
3 e 5 In 5 In e t < 0,1 s
iluminação incandescente
- Cargas indutivas ou com corrente de partida elevada
entre 5 In e t  0,1 s
C - Iluminação fluorescente
5 e 10 In 10 In e t < 0,1 s
- Pequenos motores
- Para proteção de circuitos que alimentam cargas altamente
indutivas que apresentam elevados picos de corrente no
entre
D momento de ligação, como grandes motores,
10 e 20 In
transformadores, além de circuitos de características
semelhantes a essas.
Fonte: Catálogo GE – Minidisjuntores IEC. Disponível em http://www.msacontrol.com.br/GE_mini_dr.pdf

LEP 5
Lista de Exercícios e Problemas 5 – 9 Questões

Questão 1 – Caracterizar um curto-circuito quanto à duração e à origem.


Questão 2 – Qual é o princípio de funcionamento do fusível?
Questão 3 – Diferenciar fusíveis de efeito rápido de fusíveis de efeito retardado.
Questão 4 – Onde são utilizados os fusíveis tipo D (Diazed) e tipo NH?

114
Questão 5 – Quanto à classe de objetos e à classe de serviços, classifique os seguintes fusíveis: aM, aL, gB
e gL. Qual o significado técnico das letras minúsculas a e g?
Questão 6 – Identificar para o disjuntor da Figura 1 e explicar a função dos componentes:

(a) atuador;
(b) extintor de arco-voltaico;
(c) solenóide.

Figura 1 – Aspecto interno de um disjuntor.

Questão 7 – Quais são os principais defeitos em contatores elétricos?

Questão 8 – Para dimensionar um contator, que critérios devem-se levar em conta?

Questão 9 – Complete as lacunas abaixo:

No disjuntor, para a proteção contra a ___________________ existe um elemento térmico (bi-metálico) e


para a proteção contra ___________________ existe um elemento magnético.

4.4 – Relés de sobrecarga

Os relés de sobrecarga são dispositivos baseados no princípio da dilatação de partes elétricas


bimetálicas (metais diferentes) que sofrem dilatações diferentes quando submetidas a uma variação de
temperatura. A Figura 4.23 mostra a deflexão do bimetal, onde se vê que a sua curvatura ocorre em função
do metal de maior coeficiente de dilatação. Esta curvatura é utilizada para desarmar um contato e, portanto,
desligar o relé.

AB = CD AB > CD
Figura 4.23 – Deflexão do bimetal, de acordo com o parâmetro  (coeficiente de dilatação linear).

O relé de proteção contra sobrecarga, também conhecido como relé bimetálico ou ainda relé
térmico é aplicado na proteção de motores elétricos contra sobrecarga.

115
Mas, o que vem a ser a sobrecarga em um motor elétrico?

A sobrecarga é a operação do motor elétrico acima de suas condições nominais.


A atuação do relé de sobrecarga consiste então em desligar a alimentação do motor a fim de protegê-
lo contra valores de corrente e de tempo que possam deteriorar a isolação da instalação.
Existem dois tipos de relé de proteção contra a sobrecarga, de acordo com o princípio construtivo:
1) relés de sobrecarga bimetálico (Figura 4.24) e
2) relés de sobrecarga eletrônico, apropriados para as funções de proteção contra sobrecarga,
proteção de falta de fase e assimetria de fase. Podem oferecer também uma detecção interna de
fuga à terra, possuindo rearme elétrico remoto integrado (fonte: fabricante SIEMENS).

A Figura 4.24 mostra o esquema de um relé


de sobrecarga bimetálico. Note-se os
componentes 4 e 6 (lâminas bimetálicas
auxiliar e principal).

Elementos de um relé de sobrecorrente:

1 – botão de rearme
2 - contatos auxiliares
3 - botão de teste
4 – lâmina bimetálica auxiliar
5 – cursor de arraste
6 – lâmina bimetálica principal
Figura 4.24 – Representação do esquema de
7 – ajuste de corrente um relé de sobrecarga bimetálico.

Os relés de sobrecarga são utilizados na proteção de equipamentos elétricos, como motores e


transformadores, por exemplo, de um possível superaquecimento.

No caso de um motor elétrico, o que pode causar o superaquecimento?


1. Sobrecarga mecânica na ponta do eixo;
2. tempo de partida muito alto;
3. rotor bloqueado;
4. falta de uma fase;
5. desvios excessivos de tensão e frequência da rede.

A Figura 4.25 mostra o aspecto (vista superior) de um relé de sobrecarga eletrônico, bem como a
identificação dos seus terminais. Os terminais do relé de sobrecarga são marcados da mesma forma que os
terminais de potência dos contatores.

(a) (b)
Figura 4.25 – (a) Aspecto de um relé de sobrecarga. (b) Identificação dos terminais.

116
Os terminais dos circuitos auxiliares do relé (Figura 4.26) são marcados com funções específicas.
Com a terminação 6 (95-96), a chave é do tipo NF e com a terminação 8, a chave é do tipo NA (95-98 ou
97-98, no caso do duplo contato).

Figura 4.26 – Contatos NA e NF de um relé de sobrecarga.

4.4.1 – Relé de sobrecarga bimetálico com botão RESET e tecla multifunções

De acordo com o fabricante WEG,

Os relés de sobrecarga bimetálicos protegem cargas contra o aquecimento indevido causado por
sobrecarga ou falta de fase. Quando temos uma sobrecarga ou uma falta de fase no circuito ocorre
um aumento na corrente do motor. Esta elevação de corrente causa o acionamento do mecanismo
de disparo que atuará sobre os contatos auxiliares 95-96 (NF) e 97-98 (NA). Os contatos auxiliares
desligam a carga por meio de um contator. O tempo para o desligamento é uma função da corrente
de disparo em relação à corrente ajustada, que se encontra devidamente representada na curva de
disparo do relé. Após o desarme, deve-se aguardar o restabelecimento do sistema para que se faça
o rearme, que pode ser feito de forma manual ou automática. Os relés de sobrecarga bimetálicos
RW foram projetados para a proteção de motores trifásicos e monofásicos em CA, e para motores
em CC. Se os relés de sobrecarga RW forem utilizados na proteção de cargas monofásicas em CA
ou cargas em CC, os esquemas de ligação apresentados em catálogo deverão ser respeitados.
Fonte: Catálogo – Contatores e Relés de Sobrecarga. WEG Equipamentos Elétricos S.A. Disponível em:
http://www.weg.net/files/products/WEG-contatores-e-reles-de-sobrecarga-folheto-905-catalogo-portugues-br.pdf

As funções de um relé de sobrecarga (ver as Figuras 4.27a e 4.27b) equipados com um botão
RESET são:
A - Função somente o rearme automático;
AUTO - Função de rearme automático e função teste;
HAND - Função de rearme manual e função teste;
H - Função somente rearme manual.

(a) (b)
Figura 4.27 – (a) Tecla multifunção / botão RESET do relé eletrônico série RW 117/217/317.
(b) Modelo RW 27D. Fabricante: WEG. Fonte: http://farm3.static.flickr.com/2580/4112623488_b8a3c6e2cf_z.jpg

117
Descrição de funcionamento

Nas posições H (manual - somente rearme) e A (automático - somente rearme), as funções de


teste estão bloqueadas, enquanto nas posições HAND (manual) e AUTO (automático) é possível a
simulação de teste e o desarme através da atuação direta na tecla Reset.

• Nas posições H e HAND: o relé após atuar (relé desarmado) tem que ser resetado manualmente
através de pressão na tecla Reset, enquanto nas posições A e AUTO o relé após atuar (relé
desarmado) é resetado automaticamente.

• Funções H, HAND, AUTO e A: o ajuste das funções H, HAND, AUTO e A ocorre através do giro
sem pressão do botão vermelho (com uma chave apropriada), posicionando o mesmo nas indicações
da tecla Reset.

Na passagem de HAND para AUTO a tecla Reset deve ser levemente pressionada
simultaneamente ao giro do botão vermelho. A Figura 4.28 mostra a instalação de um relé de
sobrecarga em um diagrama de acionamento.

Representação no
circuito de comando

Representação
no circuito de
carga

Figura 4.28 – Instalação do relé térmico de sobrecarga.

Com relação à instalação de relés de sobrecarga trifásicos para operação em circuitos bifásicos ou
monofásicos, as ligações são efetuadas como ilustra a Figura 4.29.

(a) (b)
Figura 4.29 - Relé térmico de sobrecarga trifásico para serviço: (a) monofásico; (b) bifásico.

118
4.4.2 – Relés eletrônicos

Os relés eletrônicos podem desempenhar diversas funções, além de proteção contra sobrecarga:
1) temporização,
2) proteção de sequência de fase,
3) proteção de falta de fase ou falta de neutro,
4) proteção de sub e sobretensão,
5) proteção para monitoramento de temperatura do motor elétrico com sonda PTC e
6) controle de nível (automação de reservatórios) etc.
A seguir serão descritos resumidamente alguns modelos de relés eletrônicos.

Exemplo 4.2 – Relé eletrônico de sobrecarga – Fabricante: Allen Bradley®. Modelo: E1 Plus (Figura 4.30).

Características:

Faixa de ajuste 5:1 (cobre a faixa de 4 relés bimetálicos, reduzindo o


estoque).
Compensação de temperatura ambiente.
Proteção contra sobrecarga e perda de fase (3 segundos).
Pouca geração de calor e baixo consumo: 150mW.
Relés de 0,1 a 800 Ampères.
Classe de desarme ajustável: 10/15/20/30 seg.
Opcionais: Comunicação em rede, proteção de travamento de eixo, fuga a
Figura 4.30. terra, entrada PTC.
Fonte: http://www.macrotec.net.br/

Exemplo 4.3 – Relé eletrônico de sobrecarga – Fabricante: SIEMENS®. Modelo: 3RB20/21 Sirius (Figura 4.31).

Legenda – Funções:
(1) Terminais para montagem em contator coordenado de modo ideal com relação aos aspectos
elétricos, mecânicos e de design dos contatores e soft-starters. Estes pinos de conexão permitem
uma montagem direta do relé de sobrecarga. Como alternativa, pode ser realizada uma
montagem individual (alguns tamanhos necessitam de suporte para montagem individual do
relé).
(2) Seletor para RESET manual/automático A chave deslizante permite a seleção simples entre
rearme manual e automático.
(3) Botão de RESET Pressionando o botão de RESET, o dispositivo poderá ser rearmado
localmente, quando o ajuste estiver na posição de RESET manual.
(4) Indicador de estado e função de teste (TEST) das ligações indica um disparo e permite o
teste das ligações.
Figura 4.31. (5) Teste eletrônico: permite o teste dos principais componentes e funções do dispositivo.

(6) Ajuste da corrente do motor Através do parafuso rotativo de ajuste é possível realizar o ajuste simples
do dispositivo em relação à corrente nominal do motor.
(7) Ajuste da classe de disparo / detecção interna de fuga à terra (apenas 3RB21). Através do parafuso
rotativo de ajuste é possível ajustar a classe de disparo necessária em função das características da partida
e a detecção interna de fuga à terra poderá ser ativada.
(8) Terminais (bloco de terminais para circuitos auxiliares, removível) Dimensionados de modo especial,
permitem a ligação de dois condutores possuindo diferentes seções para os circuitos principal e auxiliar. A
ligação do circuito auxiliar pode se realizar através da conexão por parafusos ou através da conexão cage-
clamp.

119
Os relés eletrônicos mantêm a estabilidade, desempenho, segurança e qualidade de motores e
instalações, tendo em vista também a economia. Por serem eletrônicos possuem a grande vantagem da baixa
perda de potência, reduzindo o consumo de energia em até 98% em relação aos relés de sobrecarga térmicos.
Pela possibilidade de aplicação contínua, conferem uma técnica inovadora e um significativo
número reduzido de execuções graças às amplas faixas de ajuste de corrente. Atendem integralmente aos
mais rígidos padrões de conformidade.

Figura 4. 32 – Relés de sobrecarga SIEMENS – Modelos 3RB20 e 3RB21. Fonte:


http://www.industry.siemens.com.br/automation/br/pt/dispositivos-baixa-tensao/Reles/reles-de-sobrecarga/3rb/3rb20-21/Documents/3.pdf

Os relés eletrônicos de sobrecarga autoalimentados são destinados para a proteção de cargas com
partidas normais e pesadas, contra um aquecimento indevido causado por sobrecarga, assimetria de fases
ou falta de fase. Adicionalmente o relé eletrônico de sobrecarga oferece uma detecção interna de fuga à
terra e possui rearme elétrico remoto integrado. Possuem ampla faixa de ajuste (relação 1:4 comparado com
os relés térmicos) e potência consumida extremamente baixa. Podem ser montados tanto individualmente
como diretamente aos contatores, proporcionando maior economia de espaço.
Fonte: catálogo de Relés Eletrônicos SIEMENS. Série 3RB Sirius (adapatado).
Disponível em: http://www.eletricabrasilia.com.br/public/imgs/up/siemens_3rb2021.pdf

Exemplo 4.4 – Relé eletrônico de proteção contra inversão na sequência de fase – Fabricante: WEG®.

Estes relés são dispositivos eletrônicos que protegem os sistemas trifásicos contra inversão da
sequência de fase. Sempre que houver esta anomalia no sistema trifásico o relé atuará para interromper a
operação do motor ou processo a ser protegido.
A Figura 4.33 mostra o aspecto deste relé, bem como os esquemas de ligação, onde as 3 fases R, S
e T da rede a ser monitorada são conectadas aos bornes L1, L2 e L3.

Figura 4. 33 – Relés Eletrônico de proteção contra inversão de sequência de fase. Modelo RPW-SF. Fonte:
Catálogo WEG - Relés Protetores RPW, Relés Temporizadores RTW e Relés de Nível RNW. Disponível em:
www.weg.net/files/products/WEG-reles-temporizadores-protetores-e-de-nivel-50009830-catalogo-portugues-br.pdf

120
Funcionamento: se a sequência de fase estiver correta o relé de saída comuta os contatos para a posição de
operação (fechando os terminais 15-18, NA) e o LED vermelho (relé) e o verde (alimentação) ligarão –
veja a Figura 4.34 (gráfico de atuação).
Na ocorrência de inversão das fases, o LED vermelho desliga e o relé comuta a sua chave para a
posição 15-16 (NF).

Inversão
em L1-L2-L3

Figura 4.34 - Fonte: www.weg.net/files/products/WEG-reles-temporizadores-protetores-e-de-nivel-50009830-catalogo-portugues-br.pdf

4.5 – Relé de tempo

Os relés de tempo são temporizadores para controle de intervalos de tempo de curta duração,
utilizados no controle de máquinas e processos industriais, em tarefas como: 1) sequenciamento, 2)
interrupções de comandos e 3) chaves de partida. O relé de tempo comuta os seus contatos de saída,
decorrido o tempo selecionado na sua escala (Figura 4.35). O início da temporização ocorre quando da
energização da sua bobina. A Figura 4.36 mostra um exemplo de aspecto frontal e os contatos utilizados
(NA e NF).
As tensões de comando (usuais) são 24 V em CC; 127 V (ou 110 V) e 220 V em CA. Os seus
contatos são do tipo reversor (1 ou 2 contatos do tipo reversor).

Figura 4.35 – Princípio básico do relé de tempo.

(a) (b)

Figura 4.36 − (a) Aspecto frontal de um relé de tempo, fabricante WEG. (b) Diagrama de ligação e funções
NF e NA. Contatos: A1 – A2: alimentação; 15 (contato comum); 16 (contato NF) e 18 (contato NA).

121
4.5.1 – Relés de tempo eletrônicos

Os principais relés de tempo eletrônicos são: (1) relés com retardo na energização ou para ligar (TRE); (2) com
retardo na desenergização ou para desligar (TRD) e (3) relés cíclicos.
Um relé eletrônico do tipo TRE é aquele que ao ser energizado (tensão na bobina A1-A2), não arma os seus
contatos imediatamente. A partir daí, inicia-se a contagem do tempo tRE pré-selecionado na escala, após o qual o relé
arma, ou seja, comuta seus contatos de 15-16 para 15-18. O seu símbolo e as suas formas de onda (energização e
resposta dos contatos) podem ser vistos na Figura 4.37.

RT1

Figura 4.37 – Relé de tempo com retardo na energização de seus contatos (TRE) – símbolo e formas de onda.

Um relé eletrônico do tipo TRD é apresentado na Figura 4.38 – símbolo e formas de onda. Este relé,
ao ser energizado (tensão na bobina A1-A2), arma seus contatos. Inicia-se então a contagem do tempo tRD
pré-selecionado na escala, que dura do instante t2 ao instante t3, onde o relé comuta os seus contatos.

Figura 4.38 – Relé de tempo com retardo na desenergização de seus contatos (TRD) – símbolo e formas de onda.

Exemplo 4.5 – Aplicação do relé de tempo TRE

O Relé TRE é também conhecido como relé AO TRABALHO. Na Figura 4.39a, vê-se uma aplicação
simples, onde através do relé se controla o tempo de funcionamento de uma lâmpada. Note-se a sua simbologia. É
identificado nos esquemas por KT.
Operação: ao ligar a chave S1, é iniciada a contagem de tempo conforme o ajuste (por exemplo, 10 segundos). A
chave está na posição NA. Uma vez atingido o tempo final, os contatos comutarão acendendo a lâmpada. Ao desligar
a chave S1, a lâmpada apaga, pois o relé fica sem energia (Figura 4.39b, formas de onda).

+ Chave S1
Fechada

S1 L1
Aberta

Tempo
RT1 RT1 NF Lâmpada
L1
Acesa

Apagada
-
(a) (b)
Figura 4.39 – (a) Atuação de um relé TRE acionando uma lâmpada. (b) formas de onda.
Fonte: http://www.scribd.com/doc/8527597/ApostilaDispEletrico.

122
Exemplo 4.6 – Aplicação do relé de tempo TRD

O Relé TRD é também conhecido como relé AO REPOUSO. Na Figura 4.40, este relé controla o
tempo de funcionamento de uma lâmpada. Ao fechar a chave S, o relé é ativado, comutando os contatos e
acendendo a lâmpada (chave NA ligada). Ao desligar a chave S, a lâmpada permanece acesa durante um
tempo preestabelecido.
Com este relé, há um ATRASO entre o comando de desligar o contator (botoeira S aberta) e o
desligamento da lâmpada. O relé de tempo com retardo no desligamento mantém seus contatos comutados
por um tempo determinado (regulável através de uma escala), após desenergização dos terminais de
alimentação (chave S aberta).

RT1 RT1

Figura 4.40 - Fonte: http://www.scribd.com/doc/8527597/ApostilaDispEletrico

Exemplo 4.7 – Relé cíclico

O relé cíclico é aquele que possui dois tempos de ajuste independentes: relé energizado (tON) e relé
desenergizado (tOFF). O funcionamento deste relé está representado na Figura 4.41a., onde o relé em questão
tem aplicações em equipamentos para avicultura, máquinas para fabricação de gelo, freezers em geral,
dozadores, balcões e câmaras frigoríficas e equipamentos de refrigeração.

(a)

(b)

Figura 4.41 – Relé cíclico: modo de operação. (a) Formas de onda. (b) Funções indicadas no painel
frontal do instrumento. Fonte: http://www.shop.com.br/polipartes/paginas/RTDF.pdf

123
Exemplo 4.8 – Aplicação do relé em controle de nível de reservatórios

Os Relés de nível são dispositivos eletrônicos de controle que permitem o monitoramento e a


regulagem automática do nível de líquidos (Figura 4.42), com o uso de sensores capacitivos ou de eletrodos,
para líquidos condutores de corrente elétrica. São bastante utilizados em automação de reservatórios em
geral, em diversas aplicações como prevenção de funcionamento a seco da bomba, proteção contra
transbordamento do tanque de enchimento, acionamento de solenóides ou alarmes sonoros / luminosos.

Figura 4.42 – Modelo de controle de nível de reservatórios. (1) Aspecto do quadro de ligações dos relés. (2) Caixa d’água superior.
(3) Caixa d’água inferior. Fonte: www.weg.net/files/products/WEG-reles-temporizadores-protetores-e-de-nivel-50009830-
catalogo-portugues-br.pdf.

O princípio de funcionamento na medição do nível se apóia na resposta dos sensores de presença/ausência


de líquido. O relé possui um DIAL (potenciômetro) de sensibilidade que permite ajustar a resposta do sensor.
Os relés de nível são disponíveis em funções de controle de enchimento e de esvaziamento. Os eletrodos ou sensores
são fixados no reservatório (Figura 4.43) em níveis diferentes para o controle: máximo (reservatório cheio), mínimo
e referência (reservatório vazio). A Fig. 4.44 mostra a localização dos terminais e o diagrama de ligação do relé de
controle de esvaziamento RNW-ES do fabricante WEG.

Figura 4.43 – Fixação dos eletrodos no reservatório - verticalmente (tipo pêndulo) ou horizontalmente (tipo haste).
Fonte: www.weg.net/files/products/WEG-reles-temporizadores-protetores-e-de-nivel-50009830-catalogo-portugues-br.pdf

Figura 4.44 - Esquema de ligação (terminais) do relé RNW-ES (WEG). O borne C é o terminal de nível de referência. Fonte:
www.weg.net/files/products/WEG-reles-temporizadores-protetores-e-de-nivel-50009830-catalogo-portugues-br.pdf

124
Controle do esvaziamento do reservatório

O relé de saída energiza (fecha os contatos 15-18) quando o líquido atinge o eletrodo/sensor de
nível máximo e desenergiza (abre os contatos 15-18) quando o eletrodo/sensor de nível mínimo é acionado
– Figura 4.45a.
Função Enchimento: o relé de saída energiza (fecha os contatos 15-18) quando o sensor de nível
mínimo é acionado e desenergiza (abre os contatos 15-18) quando o líquido atinge o sensor de nível máximo
(Figura 4.45b).

(a) (b)
Figura 4.45 – (a) Curva de operação do relé de esvaziamento RNW-ES (fabricante WEG). (b) Curva de operação do
relé de esvaziamento RNW-ENS (fabricante WEG). Disponível em: www.weg.net/files/products/WEG-reles-
temporizadores-protetores-e-de-nivel-50009830-catalogo-portugues-br.pdf

125
LEP 6
Lista de Exercícios e Problemas 5 – 17 Questões

Questão 1

a) Com base no esquema Figura 1, numere os itens de acordo com a seqüência genérica de acionamento de
um motor elétrico.
b) Seja a Figura 2. Projetar um acionamento de um motor trifásico para reversão de rotação que utilize o
contator da Figura 2, juntamente com um relé de tempo.

( ) Proteção contra sobrecarga

( ) Seccionamento

( ) Dispositivo de manobra

( ) Proteção contra curto-circuito

( ) Motor

( ) Rede elétrica

Figura 1. Figura 2 - Diagrama esquemático de um


contator com 2 terminais NA e um NF.

Questão 2 – Como funciona um relé de controle de sequência de fase? Montar um diagrama com este relé,
onde a carga é um MIT.

Questão 3 – A Figura 3 mostra um diagrama de


atuação de um relé eletrônico, onde são
destacados os estados das saídas 15-16 e 15-18.
Pelas curvas apresentadas, pode-se dizer que
este é um relé eletrônico de:

a. ( ) Sequência de fase
b. ( ) Cíclico de tempo
c. ( ) Falta de fase ou falta do neutro
d. ( ) Inversão de fase
e. ( ) Controle de Nível
Figura 3 – Diagrama de atuação de um relé eletrônico.

Questão 4 – Seja o esquema da Figura 4, que indica um esboço de


um relé eletromecânico, utilizado em circuitos eletrônicos.

a) Explicar a função dos seguintes componentes: contatos da bobina,


bobina e contatos elétricos A e B.

b) Os contatos A e B deste relé são do tipo NA ou NF? Justifique.


Figura 4 – Relé eletromecânico.

Questão 5 – Qual é a finalidade de uso do relé de proteção PTC? Como é instalado o sensor de temperatura
no motor?

126
Questão 6 – A Figura 5 mostra o layout, o esquema de ligação e as formas de onda de um relé eletrônico
de falta de fase ou neutro. Explique o seu funcionamento.

Figura 5 – Relé de falta de fase ou de neutro. Disponível em: www.weg.net/files/products/WEG-reles-


temporizadores-protetores-e-de-nivel-50009830-catalogo-portugues-br.pdf

Questão 7 – Utilizando relés ao repouso e ao trabalho, projetar um acionamento de um motor Dahlander


que utilize um destes relés (ou os dois).

Questão 8 – Definir o relé térmico ou de sobrecarga.

Questão 9 – Definir Fator de Serviço (FS) de um motor elétrico.

Questão 10 – Qual é a função de um relé térmico?

Questão 11 – Quais são os tipos mais comuns de superaquecimento que podem ocorrer na operação de
motores elétricos e transformadores?

Questão 12 – Um relé térmico disparado volta à sua posição de repouso automaticamente? Justifique.

Questão 13 – Como pode ser calculada a corrente de dimensionamento (Ir, corrente de ajuste) para a
operação de um relé térmico? Calcule para o motor utilizado nesta aula, considerando um fator de serviço
(FS) de 1,15.

Questão 14 – Complete as lacunas nas expressões a seguir:

a) O Relé é uma chave comandada por uma ______________. Ele é uma chave porque ele
_________________ um circuito elétrico, permitindo a passagem da corrente elétrica como o resultado do
fechamento de contato ou impedindo a passagem da corrente durante o estado de contato aberto.

b) O relé é geralmente utilizado para _____________________ a capacidade dos contatos ou


_____________________ as funções de chaveamento de um dispositivo piloto adicionando mais contatos
ao circuito.

c) Os Relés de Falta de Fase (FF) destinam-se à proteção de sistemas trifásicos contra ________________
_________________ (ou neutro).

Questão 15 – Projete um circuito de comando para efetuar as funções a seguir, adotando para CARGA 1 e
CARGA 2 equipamentos como motores CA, resistência de aquecimento etc. As funções do circuito de
comando devem ser:
- comandar a CARGA 1 a partir de um acionamento manual, com uma lâmpada de sinalização (L1)
indicando estado LIGADO (ON);

127
- decorridos 5 minutos de operação da CARGA 1, a CARGA 2 deve ser acionada. A lâmpada L1 deve
apagar e a lâmpada L2 deve acender. Esta última lâmpada indica em um painel o funcionamento simultâneo
das CARGAS 1 e 2;
- depois de 10 minutos de funcionamento da CARGA 2, ambas as cargas devem ser desligadas, a lâmpada
L2 se apaga e uma terceira lâmpada acende indicando o fim do processo.
Importante: o circuito deve ser protegido por fusível e relé térmico. Em caso de sobrecarga, o circuito deve
ser desligado e uma quarta lâmpada, L4, deve acender para alertar o operador.

Questão 16 – A Figura 6 mostra o diagrama dos sinais de acionamento de um relé de tempo, onde o sinal
superior é o da alimentação e o inferior a resposta dos contatos comum (C) e normalmente aberto (NA), em
relação ao primeiro. Classifique este relé de tempo.

Figura 6 – Questão 16.

Questão 17 – A Figura 7 mostra um MIT que pode operar alimentado por duas redes de alimentação
distintas. Explicar em que condições se poderia dar a transferência de uma rede de alimentação para outra.

Figura 7 – Questão 17.

128
Capítulo

DISPOSITIVOS DE ACIONAMENTO E SINALIZAÇÃO


5
Capítulo 5 – Dispositivos de acionamento e de sinalização
5.1 – Botão de comando

Um botão de comando é aquele que aciona uma chave. Denominamos uma chave, em um circuito
de comando, de contato. Uma chave tem a função de conectar e desconectar dois pontos de um circuito
elétrico. Uma chave tem no mínimo dois terminais: um deve ser ligado à fonte (ou gerador, podendo ser de
CC ou de CA) e outro ligado à carga (ou receptor). É feita de metal de baixa resistência elétrica para facilitar
a passagem de corrente e alta resistência mecânica, de modo a poder ligar e desligar muitos milhares de
vezes (número de manobras). A sua estrutura metálica tem área de seção transversal proporcional à corrente
que comandam.
O valor de corrente a ser comandada influencia na pressão de contato entre as partes móveis da
chave: maiores correntes exigem maiores pressões de contato, para garantir que a resistência no ponto de
contato seja a menor possível - veja a Equação (5.1).

V A
I= → R=  → I =V  (5.1)
R A 

A separação dos contatos na condição de desligamento deve ser tanto maior quanto maior for a
tensão para a qual o contato foi produzido, pois a resistência elétrica é diretamente proporcional à tensão
(Lei de Ohm).
A velocidade de ligação ou desligamento deve ser a mais alta possível, para evitar o desgaste
provocado pelo calor proveniente do arco voltaico, provocado no desligamento quando a carga é indutiva.

5.1.1 – Tipos de contato

O contato pode ser do tipo com trava (por exemplo, o tipo alavanca usado nos interruptores de
iluminação) e pode ser do tipo de impulso, com uma posição normal mantida por mola e uma posição
contrária mantida apenas enquanto durar o impulso de atuação do contato. Nesse caso se chama fechador
ou abridor conforme a posição mantida pela mola.
Fechador: Também chamado ligador, é mantido aberto por ação de uma mola e se fecha enquanto
acionado. Como a mola o mantém aberto é ainda denominado normalmente aberto (ou NA, ou do inglês
normally open, NO).
Abridor ou ligador: é mantido fechado por ação de uma mola e se abre enquanto acionado. Como a mola
o mantém fechado, é chamado também de normalmente fechado (ou NF, ou do inglês normally closed,
NC). A Figura 5.1 mostra a simbologia adotada para as chaves NA e NF. A Figura 5.2 mostra o mecanismo
com mola para o funcionamento das chaves NA e NF.

(a) (b)
Figura 5.1 – Simbologia usual para chaves NA (a) e NF (b). A segunda e a
terceira chave de cada modelo estão de acordo com a norma ABNT.

Uma chave com botão ou botoeira é apresentada na Figura 5.3. A Figura 5.4 mostra uma botoeira
liga-desliga e aplicações.

129
Figura 5.2 – Relé com contatos NA e NF. Figura 5.3 – Aspecto de uma botoeira.

(a) (b)

Figura 5.4 – (a) Botoeira liga-deliga. (b) Botoeira de três funções (por exemplo: subir, emergência, descer).

EM RESUMO:

Uma botoeira é uma chave que comanda um circuito por PULSOS, interrompendo ou fechando
contatos no mesmo.

A Figura 5.5 apresenta uma simbologia para botões, sugerida pela norma FEM 9941. Alguns
símbolos são bastante familiares a nós, como no caso de equipamentos como elevadores. A Figura 5.6
mostra um exemplo de um conjunto pendente de botoeiras, onde o operador pode, através da mesma, operar
uma ponte rolante (veja os tipos de conexões em uma ponte rolante na Figura 5.7).

Figura 5.5 – Simbologia de botões de acordo com a Norma FEM 9941.


Fonte: http://www.steck.com.br/brasil/downloads/botoeiras.pdf

130
Figura 5.6 – Conjunto pendente de botoeiras. Fonte: http://www.steck.com.br/brasil/downloads/botoeiras.pdf

Figura 5.7 - Esquema apresentando as conexões de comando de uma esteira rolante.


Fonte: http://www.rmhoist.com/portuguese/images/FullQXlayout.jpg

Exercício de simulação 2 – ES2

A Figura 5.8 mostra um aplicativo em FLASH para simulação de um guindaste giratório. Após
fazer o download do arquivo, simular o mesmo com um aplicativo (PLAYER) para arquivos de extensão
.SWF.
Os ícones do controle com botoeiras permitem acionar o guincho para cima e para baixo (suspender
ou abaixar uma carga) e efetuar o movimento horizontal do guincho (ajuste de posicionamento da carga).
Já o movimento giratório do guindaste é feito manualmente (clicando-se nos ícones sentido horário e
sentido anti-horário, disponíveis na parte inferior à direita, na tela).

131
Figura 5.8 – Simulação em Flash de um Guindaste Giratório. Arquivo disponível
em: Fonte: http://www.4shared.com/video/ADfJFL6p/guindaste.html

Exercício de simulação 2 – ES3


Este é um exercício onde é possível simular o movimento de uma ponte rolante – veja as Figura
5.9 e 5.10. Há três motores, para o movimento horizontal da ponte, e para os movimentos do guincho
(horizontal, para posicionamento e vertical, para controle da carga).

Figura 5.9 – Simulação em Flash de uma Ponte Rolante. Disponível em:


Fonte: http://www.4shared.com/video/d9oY2xU1/ponterolante.html

Figura 5.10 – Aspecto de uma ponte rolante empilhadeira.


Fonte: http://storage.mais.uol.com.br/1565100-orig.jpg?ver=1

132
Exemplo 5.1 – Aplicação de botão de comando com chave

Este exemplo constitui um botão de comando com chave, que já foi bastante utilizada para acionar portões
de garagem antes do aparecimento do controle remoto portátil (de chaveiro) – veja a Figura 5.11.

Figura 5.11 – Nos portões eletrônicos antigos era utilizado um sistema semelhante ao da figura, onde o motorista abria
o portão através de uma chave (não existia o controle remoto, como rotineiramente utilizamos hoje). Disponível em:
http://www.kap.com.br/pdf/br/kp_c_br.pdf

Exemplo 5.2 – Botão Comutador e botão duplo. A Fig. 5.12 mostra alguns exemplos de botoeiras que
fazem o papel de chave comutadora e de botão duplo.

(a) (b)
Figura 5.12 – (a) Botão comutador e (b) botão duplo. Fonte:
http://www.steck.com.br/brasil/downloads/maxbottom.pdf

5.2 – Chave de fim-de-curso

As chaves de fim-de-curso (CFC) têm a maior aplicação como limitadores de deslocamento e proteção de
máquinas. Um exemplo clássico de aplicação é no acionamento de portões eletrônicos.
A Figura 5.13a mostra os símbolos (Normas ABNT) para este tipo de chave (tipos NA e NF). Na Figura
5.13b têm se alguns exemplos e na Figura 5.13c é apresentada uma CFC com contatos NA e NF, com o recurso de
intertravamento.

(a) (b) (c)


Figura 5.13 – (a) Símbolos (padrão ABNT) para CFC NF e NA. (b) Exemplos de CFC com rolete (SIEMENS). Fonte:
www.siemens.com.br/medias/IMAGES/14121_20081111145533.jpg. (c) Exemplo de CFC com intertravamento. Fonte:
www.industry.siemens.com.br/automation/br/pt/seguranca-de-maquinas/fim-de-curso/Documents/Catalogo3SE5-final-capa.pdf

133
5.3 – Sinalizadores

Os sinalizadores têm a função de indicar o status de um circuito, facilitando para o operador do


mesmo o reconhecimento das diversas situações da operação (ligado (ON), desligado (OFF), sobrecarga
etc.). Veja alguns exemplos na Figura 5.14. Existem os sinalizadores sonoros e os luminosos. Como
sinalizador sonoro usa-se geralmente sirene ou campainha (buzzer) – Figura 5.15.

Figura 5.14 - Botões de comando e sinalizadores. Fabricante: SIEMENS. Fonte:


www.industry.siemens.com.br/automation/br/PublishingImages/banner%20superior%20botoes%20393.jpg

O sinalizador sonoro tipo cigarra (Figura 5.15, o primeiro na sequência), é fabricado em plástico,
com grau de proteção IP 40 e alta resistência mecânica, elétrica e ao calor, sendo disponível nas tensões de
24/48 V (CA/CC) até 110/220/380 V (CA). Atende as mais variadas aplicações que necessitam de interface
homem-máquina ou quaisquer tipos de equipamentos para transporte ou elevação.

Figura 5.15 – Sinalizadores sonoros (tipos cigarra, sirene e alarme-audiovisual).

Na sinalização luminosa são variados os tipos de sinaleiros existentes; são usados nas portas de
quadros de comando, na frente de máquinas, na parte superior das máquinas etc.
A cor do sinalizador pode indicar alguma função específica. Veja as Tabelas 5.1 e 5.2.

Tabela 5.1.

134
Tabela 5.2.

Fonte: http://saladaeletrica.blogspot.com/p/comandos-eletricos.html

Exemplo 5.3 – Botão comutador e botão duplo

A Figura 5.16 mostra os aspectos de um botão luminoso, com o objetivo de sinalizar um comando. Nos
botões ilustrados, o botão é luminoso de empurrar, com retorno por mola e tecla saliente. A tecla ilumina-se (ou apaga-
se) quando é operada. O fabricante recomenda, na utilização de lâmpada incandescente, limitar a potência de 2,4 W.

(a) (b)
Figura 5.16 – Botão luminoso. (a) Botão saliente. (b) Botão protegido. Fonte: Catálogo KAP
Componentes Elétricos. Disponível em http://www.kap.com.br/pdf/br/kp_c_br.pdf

5.4 – Tomadas de uso industrial

A tomada industrial é usada na alimentação de máquinas que requerem correntes de valores maiores,
normalmente acima de 16 A (Figura 5.17). Existem em diversas formas físicas e com variado número de polos (3F +
N + T, 2F + N, 3F + N etc.). Os tipos de tomadas mais usados são: a) tomadas para ambientes normais e b) tomadas
para ambientes especiais, com modelos à prova de explosão e à prova de umidade, gases, vapores e pós. Alguns
modelos operam em temperaturas até 120 graus (trabalho contínuo) e até 200 graus (tempo de 30 minutos). Fonte:
Catálogo – Plugs e tomadas blindadas. Disponível em http://www.steck.com.br/brasil/downloads/newkon.pdf.

Figura 5.17 – Grupo de tomadas e plugs de uso industrial. Fabricante: STECK.


Fonte: http://www.steck.com.br/brasil/downloads/newkon.pdf.

135
Na instalação destas tomadas é importante criar um padrão para a conexão dos fios evitando-se
problemas com sequência de fases e outros condutores. A Tabela 5.3 e a Figura 5.18 mostram alguns
detalhes técnicos do plug e da tomada para uma ampla faixa de tensões (Fabricante: STECK).
As Figuras 5.19 e 5.20 mostram alguns aspectos de uma tomada industrial (desenhos). E,
finalmente, a Figura 5.121 mostra uma caixa de tomada industrial com os soquetes 3 x 16 A industriais.

Tabela 5.3 – Tomadas e plugs – Fabricante: STECK.


Lilás Amarelo Azul Vermelho Preto Verde

Figura 5.18 – Visualização de um plug e de uma tomada de sobrepor, de uso industrial.


Fabricante: STECK. Disponível em: http://www.steck.com.br/brasil/downloads/newkon.pdf.

(a) (b)
Figura 5.19 – Conector de 6 pontas com fio terra. (b) Conector macho e fêmea. Fonte: Trabalho apresentado na área de
manutenção para o Concurso Inova SENAI-2008, por André Vand’Or de Oliveira CFP 1.26 e Guilherme Gomes de Aquino Costa,
CFP 1.33. Disponível em: http://revistaeletronica.sp.senai.br/index.php/seer/article/viewFile/57/34

Figura 5.20 – Tomada industrial – Vistas de perfil e explodida. Localização na carcaça de um motor. Fonte: Trabalho apresentado
na área de manutenção para o Concurso Inova SENAI-2008, por André Vand’Or de Oliveira CFP 1.26 e Guilherme Gomes de
Aquino Costa, CFP 1.33. Disponível em: http://revistaeletronica.sp.senai.br/index.php/seer/article/viewFile/57/34

136
Figura 5.21 - Caixa de tomada industrial com os soquetes 3 x 16 Ampères industriais e extensão.
Fonte: http://portuguese.alibaba.com/product-cgs/industrial-outlet-box-with-3x16amp-industrial-sockets-215349137.html

LEP 7
Lista de Exercícios e Problemas 7 – 11 Questões

Questão 1 – Comando com duplo sentido de rotação com inversão direta e temporizada. A Figura 1 mostra um
circuito de acionamento (chave de partida) de um motor CA trifásico, com reversão, através de chaves de fim de curso.
(a) Fechar as ligações pendentes e explicar a operação do acionamento. (b) Inserir no comando um relé de tempo, para
que o motor, que aciona um portão eletrônico, só reverta a rotação após 30 segundos.

Figura 1 – Questão 1 (motor trifásico com reversão de rotação).

137
Questão 2 – Completar as lacunas a seguir:

As chaves auxiliares botoeiras são comandadas manualmente e têm a função de ____________________


momentaneamente, por pulso, um circuito de comando para ____________________ um processo de automação
(FRANCHI, 2007).
Fonte: FRANCHI, Claiton Moro. Acionamentos Elétricos. 2ª. Ed. São Paulo: Ed. Érica, 2007.

Questão 3 – Identifique, de acordo com a cor da botoeira, a sua função:

(1) vermelho. ( ) iniciar um retorno, eliminar uma condição perigosa.


(2) Verde ou preto ( ) qualquer função diferente das anteriores.
(3) Branco ou azul. ( ) parar, desligar ou botão de emergência.
(4) Amarelo ( ) ligar, partida.

Questão 4 – Conceituar chave com retenção (ou trava). Fazer um esboço.

Questão 5 – O que são chaves de fim-de-curso? Quais são as suas aplicações?

Questão 6 – Conceituar “arco elétrico” ou “arco voltaico”. Dar dois exemplos.

Questão 7 – Seja o esquema da Figura 3, que indica um sistema de iluminação (com a lâmpada L1 ou um
grupo de lâmpadas). Há também um acionamento de iluminação de emergência, pela lâmpada L2, alimentada
por uma bateria de 12 V.
Nota: a iluminação deve ser ligada através da botoeira S1.

a) Indicar no desenho onde é conectada a bateria (com tensão nominal de 12 V, que alimenta a lâmpada de
sinalização L2).

b) Explicar o funcionamento deste sistema. Está faltando algum componente?

c) Modificar o sistema, de modo que a lâmpada L2 fique ligada ainda por 30 s, mesmo como retorno da rede
CA.

Figura 3.

Questão 8 – A Figura 4 mostra o diagrama de ligação de um motor monofásico, para acionamento de uma bomba
d’água, para controle de nível de uma caixa d’água de 10.000 litros. Modos de funcionamento:
Modo 1: modo manual (chave SH1 na posição 1). Modo 2: modo automático (chave SH1 na posição 2).

138
Inserir no diagrama a chave-bóia (nível mínimo, 500 litros) e um alarme sonoro, que indique caixa cheia.
O tempo estimado para encher a caixa, de 500 a 10.000 litros, é de 3 h 30 min.

Figura 4 – Questão 8, acionamento de uma bomba d’água.

Questão 9 – Os diagramas da Figura 5 dizem respeito ao acionamento de uma bomba para controle de
nível de um reservatório de água.
a) Complete o diagrama de comando para que a bomba (acionada por um motor trifásico) seja ligada e
desligada nos modos manual (MAN) e automático (AUT). Observação: Sb pode ser uma chave
intertravada com a chave NF ligada nos pontos X1 e X2 (onde está ligada uma chave-bóia).
b) Inserir um sensor com chave de fim de curso, para que a bomba seja ligada com o reservatório vazio.
c) Sendo conhecida a vazão do fluxo de água, monitorar o controle de nível do reservatório com o uso de
relé de tempo.

Figura 5 – Questão 9, acionamento de uma bomba para controle de nível de um reservatório de água.

Questão 10 − Explicar o funcionamento dos motores M1 e M2, para os diagramas de acionamento e


comando da Figura 6. Inserir uma modificação, a fim de que o motor M2 só seja ligado tão logo M1 seja
desligado (o motor M2 é um motor reserva neste sistema).

139
Figura 6 – Questão 10.

Questão 11 – Seja o esquema da Figura 7, que mostra um diagrama incompleto para o acionamento de uma
bomba, para controle de nível de uma caixa d’água. A Figura 8 mostra o uso de uma chave de três posições
(MANUAL - 1, DESLIGADO - 0 e AUTOMÁTICO - 2).
a) Projetar um sistema de acionamento para controle de nível da caixa d’água de 1000 litros, para que no
modo 2 (AUT), com controle de nível máximo (chave S2, Figura 1) e de nível mínimo.
b) Sabendo-se que para completar o volume da caixa d’água são necessárias 2 horas, inserir também um
relé de tempo, caso a chave-bóia S2 falhar.

Figura 7. Figura 8.

140
Capítulo 6 – Comando de motores trifásicos com contator
Capítulo
COMANDO DE MOTORES
6 TRIFÁSICOS COM CONTATOR
6.1 – Comando local e à distância

Um comando local para um acionamento é aquele onde o circuito de comando está muito próximo
do circuito de carga. No circuito da Figura 6.1, o contator K é acionado pela chave S3 (local). O selo é
fechado, garantindo a energização da bobina e a chave K fechada.

Figura 6.1 – Exemplo básico de um comando local e à distância.

No comando à distância, a chave de acionamento (comando LIGA) também está em paralelo com
o selo do contator, mas está distante da carga acionada. Este acionamento é denominado de comando remoto
ou à distância.
Para citar alguns exemplos, equipamentos como bombas, exaustores, centrais de ar-
condicionado, aquecedores etc. podem ser controlados à distância, a partir de uma central instalada longe
dos mesmos, em uma sala de manutenção de uma indústria, em um painel de portaria de um condomínio
etc. Também podem ser controladas à distância a abertura e fechamento de válvulas solenóides em
tubulações de líquidos, em instalações prediais ou industriais, sendo ou não acopladas a uma central com
controles e sensores adicionais. (Fonte: http://www.comtron.com.br/quadros.htm).

6.2 – Partida direta

Um sistema de partida de motor elétrico é comumente chamado de “chave de partida”. O texto


Acionamentos Industriais – Cap. 5: Métodos de comando de um motor de indução, destaca: “o modo mais
simples de dar a partida a um MI é o de ‘partida direta’, no qual o motor é ligado à rede CA diretamente
através de um contator – Figura 6.2.
Este método se aplica às seguintes situações:
- em máquinas com qualquer tipo de carga;
- em máquinas que permitem normalmente suportar o conjugado (torque) de aceleração;
- onde há fonte com disponibilidade de potência para alimentação do motor;
- onde há confiabilidade de serviço pela composição e comando simples.
Há três formas usuais para a partida direta de um motor de indução, todas com base no modo de
proteção do motor contra curto-circuito e sobrecarga:
1) utilizando fusível e relé de sobrecarga térmico;

141
2) fazendo uso de disjuntor e mantendo o relé térmico e
3) fazendo uso do disjuntor onde o mesmo executa a tarefa de proteção contra curto-circuito e contra
sobrecarga.” (Acionamentos Industriais - Apostila. Cubatão: IFSP – Curso Superior de Tecnologia em
Automação Industrial, Campus Cubatão, 2010, p. 51).

Figura 6.2 – Diagramas de Carga e de comando de um MIT em Partida Direta. Fonte:


http://amauri.pro.br/arquivos/SAI471_ACI/Apostila_Acionamentos_Industriais_94p_rev_06.pdf

Este tipo de partida não é recomendado para motores elétricos de grande porte, pois, como já foi
estudado no capítulo 2, a corrente de partida de um motor de indução quando ligado diretamente à tensão
da rede é 6 a 8 vezes maior do que a corrente nominal. Assim, outros métodos de partida são utilizados,
como por exemplo:
- partida estrela-triângulo;
- partida por autotransformador (também chamada de compensadora);
- partida suave (soft-starter), por meio do uso da eletrônica de potência, através da conexão do
motor a um inversor de frequência.

6.3 – Reversão de rotação (manual e semi-automático)

Como foi visto no capítulo 2, é o campo magnético H, na condição de campo girante, que determina
o sentido de rotação do eixo de um motor trifásico. Tal campo girante é criado pela interação das correntes
de alimentação trifásicas (ação motora: injeta-se nos terminais do equipamento energia elétrica e obtém-se
no seu eixo energia mecânica). Explicando em outras palavras, o campo girante, criado pelo enrolamento
trifásico do estator, induz tensões nas barras do rotor (linhas de fluxo cortam as barras do rotor) as quais
geram correntes, e consequentemente, um campo no rotor, de polaridade oposta à do campo girante. Como
campos opostos se atraem e como o campo do estator (campo girante) é rotativo, o rotor tende a acompanhar
a sua rotação. Desenvolve-se então, no rotor, um conjugado motor que faz com que ele gire, acionando a
carga (fonte: catálogo de Motores Elétricos WEG).
A reversão de rotação, em um motor trifásico, é obtida de modo muito simples: basta inverter
qualquer par de conexões entre o motor e fonte elétrica.

142
A Figura 6.3 mostra uma furadeira de impacto que opera com o recurso de reversão de rotação (a
furadeira utiliza um motor monofásico, do tipo Universal).

(a) (b)

Figura 6.3 – Furadeira de impacto. Figura 6.4 - (a) Chave reversora manual
Fonte: www.tramontina.com.br (aspecto). (b) Modelo de fabricante.

6.3.1 – Chave reversora de comando manual

A chave reversora de comando manual tem o seu aspecto ilustrado na Figura 6.4a. Possui três
posições: direita (D), desligada (0) e esquerda (E). De acordo com o esquema da Figura 6.5, estando a
chave na posição zero (0), não há conexão da alimentação com o motor, pois as fases R, S e T não são
ligadas aos terminais 1, 2 e 3 do mesmo. Portanto, o MIT está desligado (sem alimentação das fases R, S
e T) e o seu eixo não gira.

Com a manopla do dispositivo na


posição (D), ocorrem as conexões mostradas
na Figura 6.6a. As fases R, S e T são
conectadas aos terminais 1, 2 e 3 do MIT, que
gira no sentido horário.
Na posição E, Figura 6.6b, as
conexões são alteradas em duas das três fases
(a única ligação inalterada é a da fase T com
o borne 3 do MIT). Nesta situação ocorre Figura 6.5 – Chave reversora com posição (0) ajustada. Fonte:
reversão de rotação. Apostila de Máquinas e Comandos Elétricos – SENAI-SP.

(a) (b)
Figura 6.6 – Chave reversora com: (a) posição (D) ajustada; (b) posição (E) ajustada. Fonte: Apostila de Máquinas e Comandos
Elétricos – SENAI-SP. Disponível em: http://www.ebah.com.br/apostila-maquinas-e-comandos-eletricos-pdf-a82379.html.

A Figura 6.7 mostra um acionamento com reversão de rotação para um motor de indução trifásico
(MIT), no modo MANUAL, através de contatores (K1 e K2), botoeira (S0) e chaves NA e NF intertravadas
(S1 e S2). A proteção é feita pelos fusíveis (F1,2,3) e pelo relé térmico (FT1).

143
Figura 6.7 – Diagramas de carga e de comando para a reversão MANUAL de rotação de um MIT.

 Faça uma descrição sequencial do acionamento do MIT da Figura 6.7.

 Projetar um acionamento de um motor trifásico para


reversão de rotação que utilize o contator da figura ao lado,
juntamente com um relé de tempo.

Diagrama esquemático de um contator


com 2 terminais NA e um NF.

6.3.2 – Chave reversora de comando semi-automático

Este tipo de comando é muito utilizado no acionamento de portões, conhecido como “portão
eletrônico”, onde, através de um controle remoto, o usuário abre e fecha o portão. O sistema de acionamento

144
define a partida, o tempo de parada (para a entrada/saída de veículos), o início da reversão e o
fechamento/desligamento do portão.
São utilizadas chaves de fim-de-curso, relés de tempo e outros dispositivos. Ver o EF 44: projeto
de um portão eletrônico.

EF - Exercícios de Fixação
Série 9

EF 41 – Sejam os diagramas da Figura 6.8 - comando de um MIT, local e à distância.

a) Completar as ligações para um comando local e explicar o seu funcionamento.


b) Inserir um comando remoto (chave S11) de acionamento no diagrama, que sinalize no local o motor
trifásico ligado.

Figura 6.8 - comando de um motor trifásico, local e à distância.

EF 42 – Projeto de um acionamento de um MIT com reversão de rotação.

a) Alterar o diagrama de comando para o sistema da Figura 6.7 (reversão de rotação de um MIT), de
modo que o acionamento seja automático, com K1 acionando o MIT por 30 segundos, e após 10
segundos, o contator K2 aciona o MIT com reversão de rotação, por 30 segundos.
b) Após este tempo, liga-se de novo o MIT manualmente e o ciclo recomeça. É possível reiniciar a
operação do MIT automaticamente? Faça um projeto.

EF 43 – O sistema da Figura 6.9 é um diagrama para controle de nível de um reservatório de água, de 1000
litros. Modificar o circuito de acionamento, de modo que possa haver um acionamento remoto (liga/desliga)
para a bomba.

145
EF 44 – PROJETO 1

Para o projeto de um “portão eletrônico” (Figura


6.10) acionado por um motor de indução trifásico, pensou-
se em utilizar os seguintes componentes, nos diagramas de
comando e de carga:
2 chaves de fim-de-curso, 2 botoeiras (1 NA e 1 NF), 5
fusíveis Diazed, 1 relé térmico, 2 contatores (K1 e K2), e 1
relé de tempo, ajustado para 30 segundos. Este tempo é
suficiente, no caso do motor acionando um portão de
garagem, para um veículo entrar ou sair com segurança).
Devem ser utilizadas ainda 2 lâmpadas de sinalização (para
indicar portão em movimento e motor em modo de espera,
antes de fechar). Projetar, desenhar e explicar este sistema
de acionamento, desde a abertura até o fechamento do Figura 6.9.
portão eletrônico.

Figura 6.10 – Portão eletrônico e posições das chaves de fim-de-curso.

6.4 – Motor de duas velocidades (Dahlander) - Para o acionamento de um motor Dahlander, deve-se seguir
o padrão das ligações apresentado na Figura 6.11. Repare no fechamento dos terminais 1U, 1V e 1W em
um ponto comum (em curto-circuito). Como mostram as Figuras 6.11 e 6.12, este motor possui em seu
estator seis bobinas, combinadas de duas formas: estrela/triângulo e dupla estrela.

Figura 6.11 – Ligações no painel de um motor Dahlander (baixa e alta velocidades).

146
Relembrando ...

O circuito da Figura 6.11, já estudado no capítulo 2,


mostra os enrolamentos deste motor. Em baixa velocidade a
alimentação trifásica é ligada aos terminais 1U, 1W e 1V e os
terminais 2U, 2V e 2W não são conectados. Na velocidade alta,
a alimentação trifásica é ligada diretamente aos terminais 2U, 2V
e 2W e são curto-circuitados 1U, 1V e 1W. Figura 6.12.

A Figura 6.13 mostra um diagrama completo de acionamento (diagramas de comando e de carga)


para o motor Dahlander. O circuito opera da seguinte forma: acionando a botoeira S1, o motor parte em
baixa velocidade, pois o contator K1 alimenta os bornes U1, V1 e W1. Decorridos 5 segundos, o relé RT1
atua através da sua chave NA, e os seus contatos 15-18 são fechados, alimentando os contatores K2 e K3 e
seus respectivos selos. Então é desligado o contator K1 pela chave NF K2. Com K2 e K3 acionados, o motor
gira em alta velocidade – os bornes U1, V1 e W1 são ligados em comum pelo contator K2 e os bornes U2, V2
e W2 são alimentados pela rede trifásica via contator K3.

(a) (b)
Figura 6.13 – Acionamento temporizado do motor Dahlander. (a) Diagrama de Carga. (b) Diagrama de Comando.

6.5 – Comando condicionado de motores elétricos

Ocorre entre, pelo menos, dois motores. Por exemplo, sejam dois motores, M1 e M2, onde o objetivo
é ligar o motor M1 e após um determinado tempo, acionar o motor M2, sempre nesta ordem, utilizando um
relé temporizado. Logo, o segundo motor só é ligado se o primeiro estiver ligado, daí o nome de comando
condicionado ou subsequente.
Na ligação subsequente de motores, podemos acionar uma esteira, ponte rolante ou um sistema
automático industrial, a fim de desenvolver um produto determinado, mas sempre levando em conta que
o(s) motor (es) seguinte(s) só funciona(m) se o anterior funcionar.

147
A instalação representada na Figura 6.14 é constituída por duas correias transportadoras tendo ao
meio um moinho. É necessário que os motores entrem em funcionamento sucessivo pela seguinte ordem:
m1, m2 e m3. Explique o motivo.

Figura 6.14 – Comando condicionado de três motores – esteira rolante.

Se o leitor não conseguiu responder, vai aqui uma explicação:


Na sequência indicada, evitar-se-à a acumulação dos materiais transportados. Primeiramente é
ligado o motor m1, para o transporte do material recebido do moinho acionado por m2. Este motor só liga
se m1 for ligado antes. Seguindo o processo, o material que entra no moinho vem da esteira acionada por
m3. Este motor é acionado após o motor m2.
E para desligar os motores? Qual deve ser desligado primeiro? Para evitar o acúmulo de material
nas esteiras e no moinho, é coerente a sequência: primeiro, desligar o motor m3 (um sensor pode ser
utilizado – esteira 3 vazia). A seguir, após o moinho m2 esvaziar, desligar m2 e, finalmente, após a esteira
de m1 esvaziar, desligar m1.
Um diagrama de carga para o sistema da Figura 6.14 é apresentado na Figura 6.15. Note que há um
erro no sistema de proteção, pois somente um motor tem um conjunto de fusíveis para as fases de
alimentação, M2 e M3 ficam sem proteção individual. Um possível diagrama de comando para os três
motores, M1, M2 e M3 é apresentado na Figura 6.16.

Figura 6.15 – Diagrama de carga para o comando condicionado de três motores.

Modo de operação:

Pressionando a botoeira B1 o contator KM1 atraca e o motor M1 parte. Só depois de atracar o contator
KM1 (fechando o contato auxiliar 13-14, selo de KM1) se poderá acionar o motor M2. Para isto deve-se
pressionar a botoeira B2.

148
O motor M3 só poderá ser acionado após atracar o contactor KM2, que fechará o contato auxiliar 13-14 (selo).
Basta pressionar o botão B3 para o contactor KM3 atracar e o motor M3 arrancar. Se houver alguma situação de
sobrecarga no motor M1 todos os motores em funcionamento pararão.
Como é feita a parada do sistema? A parada dos motores em funcionamento em qualquer momento é feita
após pressionar o botão de paragem B0. Finalizando o item, na Figura 6.17 é apresentada uma foto de uma esteira
industrial.

Figura 6.16 – Diagrama de Comando para o sistema da Figura 6.12.

Figura 6.17 – Esteira transportadora industrial de caixas, que após um processo, deslizam em uma rampa. Fonte:
http://3.bp.blogspot.com/_1Kz6dHKHAEU/S9VJo1v0AnI/AAAAAAAANWI/d5kr0RYfwag/s1600/8I04A_Briefzentrum.jpg.

EF - Exercícios de Fixação
Série 10

EF45 – Modificar o diagrama de comando da Figura 6.15, de modo que o motor M2 seja ligado 10 segundos
após o motor M1. O motor M3 só será ligado 20 segundos após M1. Os três motores deverão ficar ligados
durante 45 segundos e, decorrido este tempo, serão desligados.

EF46 – Para o sistema de esteiras mostrado na Figura 6.18, onde os motores M1 e M2 operam em modo
subsequente, pede-se:

149
a) Descrever o funcionamento do sistema, de acordo com o que mostra a Figura 6.14 – são decorridos 15
segundos entre uma situação e outra.

b) Projetar um diagrama de comando temporizado para este sistema funcionar. Desenhar também o
diagrama de carga, onde M1 e M2 são motores de indução trifásicos.

Figura 6.18 – Exercício EF42.

EF47 – A Figura 6.19 mostra um circuito de acionamento (chave de partida) de um motor CA, utilizado
para abrir e fechar uma persiana.
a) Explicar o funcionamento do circuito e a função das chaves de fim-de-curso Q2 e Q3.
b) É possível temporizar o tempo de fechamento da persiana? Monte um diagrama de acionamento
temporizado.

Figura 6.19 – EF43, reversão no acionamento de uma persiana.

150
LEP 8
Lista de Exercícios e Problemas 7 – 10 Questões

Questão 1 – Descrever quais e a quantidade de dispositivos necessários para a manobra de dois motores,
onde um deve ter partida direta e o outro, partida com reversão. Descrever também qual a função de cada
elemento dentro do circuito.

Questão 2 – Explicar a sequência do acionamento do seguinte sistema de reversão (Figura 1).

Questão 3 – Um relé eletrônico do tipo TRE (Retardo na Energização) é aquele que ao ser energizado
(bobina A1-A2), não arma os seus contatos imediatamente. A partir daí, inicia-se a contagem do tempo t
(tRE) pré-selecionado na escala, após o qual o relé arma. Já um relé eletrônico do tipo TRD (Retardo na
Desenergização) é aquele que ao ser energizado (bobina A1-A2), arma seus contatos imediatamente. Ao
ser desenergizado inicia-se a contagem do tempo t (tRD) pré-selecionado na escala, após o qual o relé
desarma.
Projetar um sistema de acionamento (reversão de velocidade, comando subsequente etc.)
empregando pelo menos um destes tipos de relé, onde as cargas são dois motores de indução trifásicos, M1
e M2. Nota: deverá ser utilizada uma lâmpada de sinalização L1, que mostra os dois motores funcionando
juntos.

Figura 1 – Questão 1.

Questão 4 – Para o acionamento da Figura 2, completar as ligações pendentes, para o comando


condicionado dos dois motores e para reversão de velocidade no primeiro motor 30 s após a partida.

151
Figura 2 – Comando condicionado de dois motores trifásicos – diagramas de carga e de comando.

Questão 5 – Seja o esquema da Figura 3, para o comando manual do Motor Dahlander. Completar as
ligações pendentes e descrever a sequência do acionamento.

a) Descrever a sequência do acionamento.

152
b) Desafio: elaborar um diagrama de comando para manobrar dois motores de modo que o primeiro pode
ser ligado de forma independente. O segundo pode ser ligado apenas quando o primeiro for ligado, mas
pode se manter ligado mesmo quando se desliga o primeiro motor.
Fonte: http://www.gerson.110mb.com/index_arquivos/Apostila2mca.pdf

Circuito de carga (ou principal) Circuito de comando (auxiliar ou funcional)


Figura 3 – Motor Dahlander – Diagramas de Carga e de Comando (comando manual).

Questão 6 – PROJETO

Seja um elevador elétrico, como mostram os esquemas das Figura 4a e 4b. O carro e o contrapeso
são suspensos por cabos de aço que passam por polias, de tração e de desvio, instaladas na casa de máquinas
ou na parte superior da caixa. O movimento de subida e descida do carro e do contrapeso é proporcionado
pela máquina elétrica de tração, que imprime à polia a rotação necessária para garantir a velocidade
especificada para o elevador. A aceleração e o retardamento ocorrem em função da variação de corrente
elétrica no motor. A parada é possibilitada pela ação de um freio instalado na máquina.

153
- Projetar o acionamento completo (carga e comando) para este elevador, onde o mesmo é deslocado
verticalmente por somente dois andares.
- Prever para o movimento um sistema de parada utilizando chaves de fim-de-curso. Desprezar o controle
de velocidade (aceleração e frenagem).
Como sugestão de leitura, consultar o trabalho técnico “Controle de Elevador”, disponível em:
http://www.vargasp.net/download/livros/Contr_dig_de_elevador.pdf.

(a) b)

Figura 4 – Esquema de um elevador elétrico. (a) Posicionamento dos componentes do elevador para projetos de
edifícios com casa de máquinas. (b) Layout dos componentes de um elevador sem casa de máquinas. Fonte:
http://www.atlas.schindler.com/manual_transporte_vertical_2008.pdf

Questão 7 – Uma ponte rolante é apresentada na Figura 5, com todos os motores necessários para a sua
operação: movimento da ponte na horizontal (motor M2), movimento do guincho na horizontal (motor M1)
e movimento do guincho na vertical (motor M3). Projetar um acionamento elétrico para este sistema,
prevendo os movimentos citados.

Figura 5 – Esquema de uma ponte rolante – movimentos dos motores e operador com controle remoto industrial.
Fonte: http://www.senai.fieb.org.br/img/infra/LogCADsticaeEMI-EMI-Ponterolante2004.gif

154
Questão 8 – O Diagrama completo de acionamento de um motor Dahlander é mostrado na Figura 6. Os
contatores do diagrama de comando operam em 220 V.

Figura 6 – Reversão de velocidade em motor Dahlander. Diagramas de Carga e de Comando.

a) Identifique e corrija os erros que impedem este sistema de funcionar (partida e reversão de velocidade).
b) Inserir um comando automático onde o motor liga; após 10 segundos ocorra a reversão de velocidade e
30 segundos após ocorra o desligamento do sistema.

Questão 9 – Projetar um diagrama de comando e de carga, para o sistema de carregamento a granel


apresentado na Figura 7.

A mistura controlada pelo motor M6 só é ativada se pelo menos 3 materiais estão sendo depositados na esteira. Caso
contrário, a esteira (M5) cessa o movimento, bem como o misturador. Os motores M1, M2, M3 e M4 são ligados
somente nesta sequência, 5 segundos após o outro (comando subsequente), permanecendo ligados enquanto houver
material nos seus respectivos silos. A esteira M5 é ligada assim que o motor M4 é ligado.

Se, por exemplo, pelo menos dois silos estiverem sem material, os motores M1 a M4 são desligados. Para ativar
novamente o processo de mistura, é preciso encher pelo menos 3 silos acima do nível médio (metade do silo, acima
do nível mínimo).

155
Figura 7 – Sistema de carregamento a granel. Fonte: http://www.bextra.com.br.

Questão 10 – PROJETO. Projetar um diagrama de comando para a ponte rolante mostrada na Figura 8 (e
desenhar o correspondente diagrama de carga, para quatro motores), a fim de se implementar a seguinte
sequência de movimentos (ida e volta):
a) movimento horizontal na direção A-B, com dois motores atuando simultaneamente;
b) movimento horizontal na direção E-F, através de um só motor;
c) movimento vertical na direção C-D, com um só motor (levantamento e descida da carga pelo guincho).
Uma observação importante: prever a atuação de um relé térmico, caso a carga a ser controlada seja
acima de 500 kg. Fazer a simulação utilizando o software CADE Simu.

Figura 8 – Sistema de uma ponte rolante com vários movimentos, na horizontal e na vertical.
Fonte: http://croaciamc.com.br/simula/ponterolante.swf

156
LEITURA RECOMENDADA

Ponte rolante: um dos equipamentos mais largamente utilizados para o manuseio de cargas

Para movimentar com segurança de um ponto a outro não existe um equipamento mais versátil.
Uma Ponte Rolante possui várias formas e é altamente adaptável em diferentes ambientes. A seguir temos
uma lista de razões pelas quais esta peça de equipamento é muito valiosa.
- Não existe a necessidade de liberar corredores. Uma ponte rolante pode mover-se em lugares onde
nenhum outro equipamento consegue chegar. Você já teve o caminho de suas empilhadeiras bloqueado e
foi obrigado a redirecionar mão-de-obra para poder liberar um corredor. Obviamente que com uma ponte
isto não aconteceria. Com uma botoeira independente ou mesmo com um controle remoto seu operador
de ponte pode desviar-se dos obstáculos e até mesmo manobrar a carga facilmente sem qualquer
obstrução. Você pode arrumar o pavimento da planta, com material exatamente onde este é necessário
sem preocupar-se com obstruir o caminho da carga em movimento.

- Espaço Livre no Pavimento. Seu pavimento estará livre porque os suportes da ponte não estão no
caminho. Normalmente o seu projetista irá fazer o design e posicionamento de colunas que esteja em
espaço adequado, alinhadas com as paredes do pavilhão ou acompanhando as colunas deste. Você pode
escolher uma ponte montada no topo das paredes (geralmente este projeto é feito já em conjunto com a
construção) ou pode levantar os suportes da ponte do solo. Algumas vezes o projeto é uma combinação
das duas coisas.

- Segurança. O operador pode posicionar-se em localização privilegiada para mover a carga em segurança.
As empilhadeiras criam pontos cegos que são inerentes à estrutura ao redor do operador. Empilhadeiras
são conhecidas causadoras de acidentes, fatais inclusive, por sua propensão a capotar ou virar quando a
carga não está corretamente posicionada nos garfos. Funcionários podem se atropelados por
empilhadeiras, fato comum bem como quedas de operadores. Pontes rolantes podem ser projetadas com
aparelhos anti-colisão evitando choques com outras pontes dentro do mesmo pavimento.

157
- Customizáveis e adaptáveis. Pontes rolantes são bastante versáteis quando se refere aos acessórios
conectados ao gancho principal. Os tipos são quase ilimitados. Acessórios que podem ser utilizados
incluem barras de distribuição, ganchos em C, balanças, ferramentas customizadas de levantamento,
manipuladores, levantadores a vácuo só para citar alguns. A indústria em geral possui vários tipos de
ferramentas que são trocadas para cada trabalho em particular.

- Cargas mais pesadas. Cargas de alto peso podem ser manuseadas enquanto mantém-se o pessoal
trabalhando na planta fora do alcance da carga. Empilhadeiras requerem que o operador esteja muito
próximo da carga. Com uma ponte rolante o operador pode fixar a carga e afastar-se desta e do perigo
que um acidente, com alguns tipos de carga, poderia gerar. O Controle remoto facilita o serviço e aumenta
a segurança.

Uma ponte rolante pode trabalhar ao longo de toda a extensão da planta sem interrupções.

- Cobertura Completa. Sua planta inteira pode ser coberta sem nenhum ponto morto. Maior flexibilidade
quando se faz o design da área operacional.

- Custos operacionais baratos. Os custos operacionais das pontes são muito baixos. Desde tipos que não
requerem energia e são totalmente manuais até um sistema trifásico muito econômico. Não existem
necessidades de cargas em baterias ou tanques de combustível. Uma ponte rolante está sempre pronta
para o trabalho.

- Facilidade ergonômica. Uma das máximas da atualidade é ajudar o trabalhador em seu local. Pontes
Pequenas e ergonômicas em forma de cela substituíram o trabalhador movendo produtos manualmente e
permitindo que este levante um produto com um aparelho de suporte. Uma carga típica de 30 quilos pode
ser elevada pela ponte e o operador perceberá meio quilo de força. Quando uma ponte do tipo
“workstation” é equipada com ferramentas de levantamento customizadas o trabalho pode ser feito com
maior produtividade e os danos ao produto em si são largamente minimizados.

- Aumento da produtividade. Em se tratando de transporte de carga, manuseio na área de produção, sua


mão-de-obra é otimizada, a produção aumenta significativamente. Em plantas de produção de ciclagem
rápida uma ponte rolante do tipo Box-girder ou Workstation é facilmente justificada e o retorno do
investimento é em curto período de tempo.

- Mão-de-obra diversificada. Com o uso de pontes seu grupo de trabalho pode incluir ambos os sexos,
tanto quando trabalhadores de constituição física mais frágil, que não poderiam ser designados para
trabalho manual pesado. Na medida que nossa mão-de-obra envelhece e inclui mais o sexo feminino,
uma ponte rolante torna-se ainda mais importante e um equipamento a ser seriamente considerado.

Fonte: http://ponterolante.co/vantagens-de-uma-ponte-rolante/
ZL Equipamentos Industriais e Projetos Ltda.

158
Capítulo 7 – Sistemas de partida de motores elétricos de indução
Capítulo
SISTEMAS DE PARTIDA DE
7 MOTORES ELÉTRICOS DE INDUÇÃO

7.1 – Introdução

A ligação de um motor elétrico à rede de alimentação deve ser feita com base em recomendações
da concessionária de energia local e de normas técnicas. O objetivo é que todo o sistema funcione com o
máximo rendimento, e que a montagem do mesmo seja efetuada otimizando espaço, custo e
funcionalidade.
Existem duas maneiras de se ligar um motor elétrico: 1) partida direta e 2) partida indireta.

1) Sistema de partida direta

A partida direta, (ver o item 6.2), é aquela em que o motor é energizado com a tensão de
funcionamento desde o instante da partida (botoeira ligada). Apresenta como características a
simplicidade, a facilidade de instalação, o baixo custo e o maior conjugado de partida do motor. Apresenta
os inconvenientes:

1) a corrente de partida muito alta (cerca de 8 a 10 vezes maior do que a corrente nominal),
o que inviabiliza a sua aplicação com motores de potência elevada. Conforme determinações
das concessionárias de energia, é consenso adotar os limites de potência de 5 CV nas redes de
220 V/127 V e de 7,5 CV nas redes de 380 V/ 220 V;

2) pode ocasionar a uma elevada queda de tensão no sistema de alimentação da rede CA;

3) o sistema de proteção (cabos, contatores, fusíveis e disjuntores) terá que ser


superdimensionado, ocasionando um custo elevado.

2) Sistema de partida indireta

Este sistema consiste em reduzir a corrente de partida do motor, através da aplicação de uma
tensão inferior à nominal no instante da partida. Daí, a potência do motor fica reduzida e,
consequentemente, sua corrente de partida. Quando o motor atingir a rotação nominal, eleva-se sua
tensão de trabalho até o valor correto (ver dados de placa do motor). Assim, elimina-se o problema
de corrente de pico na partida.
Os sistemas de partida indireta são caros e complexos. Além disso, o motor não pode partir
com plena carga, pois a corrente é reduzida e o conjugado. A redução que ocorre na corrente e no
conjugado é proporcional ao quadrado da tensão. Por exemplo: se a tensão for reduzida 2 (duas)
vezes, a corrente e o conjugado ficam reduzidos 4 (quatro) vezes.
Justifica-se o uso de partida indireta em um motor elétrico somente se houver a comutação
correta (na rotação nominal mudar para a tensão plena). Isto porque ocorrerá um segundo pico de
corrente neste momento, com um valor praticamente igual ao primeiro (corrente de partida), o que
tornaria o sistema sem função – veja a Figura 7.1. Tal comutação pode ser feita através de uma chave

159
manual, acionada diretamente pelo operador – que deve estar orientado/treinado para o sistema que
supervisiona – ou automaticamente por um relé de tempo.
Neste capítulo serão estudadas as chaves de partida: 1) Estrela/Triângulo, 2) Compensadora e 3)
chave para Motor de Indução com rotor bobinado (resistência rotórica), cuja função é reduzir as correntes
de partida elevadas, no caso de motores de elevada potência.

Figura 7.1 – Corrente de partida em partida direta e indireta. Variação da velocidade


em função do conjugado da carga. Fonte: WEG Equipamentos Elétricos S.A.

7.2 – Chave estrela-triângulo manual e semi-automática

O método de partida estrela-triângulo é empregado em motores elétricos trifásicos, onde se utiliza


uma chave de mesmo nome. Esta chave, manual ou automática, é interligada aos enrolamentos do motor,
que devem estar desmembrados em seis terminais disponíveis. É indicada para partida sem carga (a vazio).
Neste método, o motor parte ligado em estrela (Figura 7.2), conexão que proporciona uma maior
impedância, e menor tensão nas bobinas, diminuindo assim a corrente de partida juntamente com seu
conjugado, ocasionando uma perda considerável de torque na partida.

Figura 7.2 – Ligação Estrela (Y).

7.2.1 - Vantagens e desvantagens da partida Y-

Vantagens:
▪ é muito utilizada, devido ao seu custo reduzido;
▪ não tem limites quanto ao seu número de manobras;
▪ os componentes ocupam pouco espaço;
▪ a corrente de partida fica reduzida para aproximadamente 1/3 da nominal.

Desvantagens:
▪ a tensão de linha da rede deve coincidir com a tensão da ligação triângulo do motor;

160
▪ se o motor não atingir 90 % da velocidade nominal no momento da troca de ligação, o pico de
corrente na comutação será quase como se fosse uma partida direta, o que não justifica o seu uso;
▪ para ser possível a ligação em Y-Δ, faz-se necessário que os motores tenham a possibilidade de
serem ligados em dupla tensão (220 V / 380 V ou 380 V / 660 V ou 440 V / 760 V), além de
terem no mínimo, seis bornes de ligação.

Comentários – chave de partida Y-Δ

• Através desta manobra o motor realizará uma partida mais suave, reduzindo sua corrente de partida
em aproximadamente 1/3 da que seria se acionado em partida direta. Daí ocorre a redução do torque
de partida, também em 33 %;
• logo, esta chave deve ser empregada em aplicações com conjugado resistente (conjugado de carga) de
até 1/3 do conjugado de partida, ou seja, deve ser utilizada quase que exclusivamente para partidas
sem carga (FRANCHI, 2007);
• durante a partida ocorre uma redução de tensão nas bobinas do motor. O motor parte em ligação Y,
com uma tensão de 58 % da tensão nominal;
• na partida Y-Δ no modo automático, a passagem de ligação Y para a ligação Δ é controlada por um
relé temporizador;
• no modo manual, utiliza-se uma chave especifica – Figura 7.3;

Figura 7.3 – Chave comutadora Y-Δ manual e conexões efetuadas em triângulo e em estrela.
Fonte: http://www.schneider-electric.com.br/images/datasheet/residential/Fort/fort_3.jpg

• um ponto importantíssimo em relação a este tipo de partida de motor elétrico trifásico, é que o
fechamento para triângulo só deverá ser feito quando o motor atingir pelos menos 90 % (noventa
por cento) de sua velocidade em RPM. Logo, o ajuste de tempo de mudança estrela-triângulo deverá
estar baseado neste fato. O uso de um tacômetro é essencial nesta tarefa na primeira ligação do motor
com carga. A mudança da configuração para triângulo sem que o motor tenha atingido este
percentual de rotação provocaria um pico de corrente praticamente igual ao que teria se usasse
partida direta. Caso o motor em questão não atenda a este quesito devido à carga acionada, é indicado
outro tipo de partida como por exemplo, chave compensadora, soft-start (partida suave) ou um
inversor de frequência nesta função;
• no uso do temporizador estrela-triângulo recomenda-se um atraso de 30 a 100 ms (tempo fixo) para
evitar um curto-circuito entre as fases, pois os contatores não podem ser fechados simultaneamente
(FRANCHI, 2007).

7.2.2 – Diagrama da chave de partida estrela-triângulo no modo manual

Um exemplo de diagrama de carga e de comando para a partida Y-Δ em modo manual é


apresentado na Figura 7.4.

Modo de operação:

- De acordo com o diagrama de acionamento (à direita, na Figura 7.4), ao se pressionar a botoeira S1, energiza-se o
contator K1, o que leva ao fechamento do seu respectivo selo. A lâmpada L1 se acende e os contatos de força de K1
no circuito de carga à esquerda se fecham.

161
- Ao mesmo tempo, a bobina de K2 é energizada, seus contatos de força são acionados e a chave K2 NF se abre no
ramo de K3 (o que impede a energização da bobina deste contator). Deste modo, o motor está operando na ligação
ESTRELA.
- A chave S2 possui contatos intertravados (NA e NF). Ao se pressionar a chave S2 (ramo de K3), a chave S2 NF no
ramo de K2 é aberta, desfaz-se então a ligação Y. A chave K3 NF é aberta, o que impede de K2 e K3 operarem juntos.
O MIT opera então na conexão  (contatores K1 e K3 acionados).

Figura 7.4 - Partida no Método Estrela-Triângulo (modo manual).

7.2.3 – Diagrama da chave de partida estrela-triângulo no modo semi-automático

A Figura 7.5 mostra uma chave de partida no método Estrela-Triângulo semi-automático. A sequência de
eventos na partida é muito simples:
1) Apertando a botoeira S1, o contator K1 é energizado, o que fecha o seu selo. Daí é energizado o relé de
tempo D1 e são fechados os contatos de potência de K1 e de K2 (energizado pela chave 15-16 do relé de
tempo D1).
2) O motor parte então ligado em estrela. Note que o ramo de K3 está aberto (chave NF de K2 atuou). Decorrido
o tempo ajustado em D1, a sua chave comuta para 15-18, desligando K2 e ligando K3. Daí é feita a transição
para a ligação triângulo (ligação dos bornes 1-6, 2-4 e 3-5 no MIT).

Figura 7.5 – Partida Y- semi-automática. (a) Diagrama de comando. (b) Diagrama de Carga.

162
7.2.4 – Dimensionamento dos contatores para a chave de partida estrela-triângulo

Tomando como base o diagrama de carga apresentado nas Figura 7.6a, tem-se que: - o contator
K1 é utilizado para a conexão direta do motor 3 à rede elétrica; - o contator K3 efetua a conexão em
estrela; - o contator K2 efetua a conexão em triângulo.
A Figura 7.6b mostra a conexão dos contatores K1 e K2 para a operação em triângulo (1-6, 2-4 e
3-5 nos bornes do motor). Na ligação em triângulo, as correntes nos contatores K1 e K2 são IK1 e IK2,
respectivamente.

Figura 7.6 – (a) Diagrama de carga – partida estrela-triângulo. (b) Conexões para a operação em .

A corrente de linha é IL, a corrente nominal do motor (In).

- Conexão TRIÂNGULO:
IL
I K1 = I K 2 = I  = → I  = 0,58  I n
3

A impedância de cada fase do motor é dada pela Equação (7.1), a partir da qual se obtém (7.2).

VF
Z= (7.1)
IF

VF V V  3
Z= = L = L (7.2)
IF IL 3 In

- Conexão ESTRELA:

Na conexão estrela, representada pela Figura 7.7, a corrente em cada chave do contator K3 é IK3,
obtida pela Equação (7.3):

Vn Vn
IY = 3 = 3 = I n = 0,33.I (7.3)
Vn  3 3
n
Z
In

163
A corrente nos contatores K1 e K3 é a mesma. Logo, I K 3 = I K 1 = 0,33.I n .

Figura 7.7 – Conexão em estrela: dimensionamento da corrente IK3.

7.2.5 – O Conjugado de partida da chave estrela-triângulo

Como fica o conjugado do motor após a transição da conexão em estrela para triângulo?
Tendo que Vn é a tensão nominal de cada uma das fases do enrolamento do motor, o conjugado
desenvolvido pelo mesmo na conexão triângulo é obtido pela Equação (7.4).

T = k .Vn2 (7.4)

Onde:

T é o torque na ligação  e k é uma constante do motor e Vn = VL(Rede).


Daí, a Equação (7.4) pode ser reescrita como em (7.5):

T = k.VL2 = T = k.VRede
2
(7.5)

Na partida em conexão Y, a tensão em cada fase do motor é VF = VL (Rede) 3.

O torque de partida na conexão estrela, TY, é dado por (7.6).

( )
2
TY = k .VF2 = k . VL (Rede) 3 (7.6)

Desenvolvendo esta equação (verifique), obtém-se TY = T/3, comprovando que, na partida do


MIT em Y, ocorre uma redução de 33 % no seu torque ou conjugado de partida.

Exercício de simulação 4 – ES4

A Figura 7.8 mostra um aplicativo em Flash para simulação de uma chave de partida Y-. Tente
fazer o download do arquivo e simular a operação de partida (modo automático).
Verificar na simulação:
- os contatores que atuam na conexão em estrela;
- idem para a conexão em triângulo.

164
Figura 7.8 – Simulação em FLASH da Chave de Partida Y-. Disponível em:
http://www.eletrodomesticosforum.com/video_animacao/95-ESTRELA-TRIANGULO.exe

7.3 – Chave compensadora semi-automática

Esta chave de partida alimenta as bobinas do motor com tensão reduzida. Tal redução é feita
através da ligação de um autotransformador em série com as bobinas. Após a partida do motor, as suas
bobinas recebem a tensão nominal (FRANCHI, 2007). Uma chave de partida compensadora é composta,
na maioria dos casos, dos seguintes equipamentos:
1) um transformador ligado em estrela;
2) três contatores;
3) um relé de sobrecarga;
4) três fusíveis retardados e
5) um relé de tempo.
- Destina-se a máquinas que partem com conjugado tais como, bombas, compressores,
ventiladores, exaustores etc.
- Partidas normais (< 10 s).
- Para partidas prolongadas (pesadas) deve-se ajustar as especificações do contator, relé de
sobrecarga, condutores etc.
A partida compensadora ou chave compensadora é utilizada para partidas sob cargas
de motores de indução trifásicos com rotor em curto-circuito, onde a chave estrela-triângulo é inadequada.
As normas técnicas e manuais de fabricantes preveem a utilização desta chave para motores cuja potência
seja maior ou igual a 15 CV.
Esta chave reduz a corrente de partida, evitando sobrecarregar a linha de alimentação. Mesmo
assim, o motor fica com conjugado suficiente para a partida. A tensão na chave compensadora é reduzida
através de um autotransformador trifásico que geralmente possui taps de 50 %, 65 % e 80 % da tensão
nominal.

Exemplo 7.1 – Chave compensadora com dois taps de ajuste, em modo automático
A Figura 7.8 mostra o diagrama de carga para uma chave compensadora com dois taps de ajuste
da tensão nominal: 65 % e 80 %. A Figura 7.9 mostra o respectivo diagrama de comando.

165
Figura 7.8 – Chave compensadora para um MIT com dois taps de ajuste.

Figura 7.9 – Diagrama de comando para a chave compensadora – diagrama de carga da Figura 7.8.

Exemplo 7.2 – Chave compensadora com quatro taps de ajuste, em modo automático

A Figura 7.10 mostra outro exemplo de chave de partida compensadora. Estudar o diagrama de
comando da Figura 7.11 e descrever a sua operação.
 Há erros neste diagrama?

166
(a) (b)

Figura 7.10 – Chave compensadora para um MIT com quatro taps de ajuste.
(a) Diagrama trifilar. (b) Diagrama unifilar.

Figura 7.11 – Diagrama de Comando da Chave compensadora para um MIT com quatro taps de ajuste.

7.3.1 – Equacionamento do torque de partida da chave de partida compensadora

Primeiramente, será apresentado o esquema de um autotransformador, utilizado para a partida


com chave compensadora do motor trifásico.
A Figura 7.12 mostra o esquema de um autotransformador, no qual é aplicada uma tensão à sua
bobina, que possui vários taps de ajuste.

167
Figura 7.12 – Esquema de um autotransformador.

Considerando que não há perdas neste sistema, a potência de saída é igual à de entrada, ou seja:

Pentrada = Pi e Psaída = Po → Vo I o = Vi Ii

A relação de espiras, N2/N1 será chamada de fator a (fator de redução da tensão da entrada). Este
fator será então, para tensão e corrente, escrito como em (7.7).

N 2 Vo I i
a= = = (7.7)
N1 Vi I o

Torque do motor com chave compensadora

De posse destas relações acima, encontra-se a redução percentual no Torque de partida do motor
submetido a este processo de partida. Relembrando, o torque do motor é dado por T = k Vn2 ,
Onde:
T é o torque do motor; k é uma constante do motor e
Vn a sua tensão nominal (dados de placa ou do fabricante).
Logo, temos um torque de partida nominal dado por Tp ( n ) = k p ( n ) .Vn2

Torque com compensação

Com o uso da chave compensadora, a tensão nominal do motor é a tensão de saída do


autotransformador. Então o torque será indicado por Tp(c) , descrito por (7.8).

Tp ( c ) = k p ( c ) .Vc2 = k p ( c ) .(a.Vi ) 2 = k p ( c ) . a 2 .Vi 2 (7.8)

Como a tensão de entrada do autotransformador é a própria tensão da rede de alimentação (Vn) e


kp(c) = kp(n), constantes do motor, podemos reescrever (7.8) e obter (7.9).

Tp ( c ) = k p (c ) . a 2 . Vn2 = a 2 . ( k p (c ) .Vn2 )

Tp ( c ) = a 2 . Tp ( n ) (7.9)

Logo, o conjugado compensado é o produto do conjugado nominal pela relação do número de


espiras ao quadrado.

168
Exemplo 7.3

Se fosse aplicada uma relação de transformação no autotransformador de uma chave


compensadora, onde o fator de redução a = 0,5 ou 50 %, com N1 = 100 e N2 = 50 espiras, qual seria a
redução do conjugado em relação ao nominal?

Aplicando na equação de conjugado: Tp ( c ) = a 2 . Tp ( n ) = 0,52. Tp ( n ) → Tp ( c ) = 0, 25. Tp ( n )


Logo, o conjugado de partida compensado seria igual a ¼ do conjugado de partida nominal.

EF 48
Por que é importante conhecer o conjugado da carga para a aplicação de uma chave
compensadora?
RESP.: É importante e fundamental conhecer o conjugado resistente (ex.: o peso máximo da carga de um
elevador), para escolher o TAP correto. Ocorre neste método, uma redução significativa no conjugado
de partida e, para partir, o motor tem que apresentar um conjugado de partida maior que o conjugado
resistente.

EF 49
Quais são as aplicações da chave compensadora?
O acionamento com chave de partida compensadora normalmente é indicado para motores de
potência elevada, acionando cargas com alto índice de atrito, tais como acionadores de compressores,
grandes ventiladores, laminadores, moinhos, bombas helicoidais e axiais (aplicações em poços
artesianos), britadores, calandros, máquinas acionadas por correias etc.

Exercício de simulação 5 – ES5


A Figura 7.13 mostra um aplicativo em Flash para simulação de uma chave compensadora. Tente
fazer o download do arquivo e simular a operação de partida (modo automático).

Figura 7.13 – Simulação em Flash da Chave Compensadora (com relé de tempo).


Fonte: http://www.eletrodomesticosforum.com/video_animacao/98-CHAVE-MAGNETICA-COMPENSADORA.exe

169
7.3.2 – Correntes da chave compensadora

O diagrama unifilar de partida utilizando a chave compensadora é destacado na Figura 7.14, onde há vários
TAPs (ou derivações ou ainda pontos de tomada, à direita em zoom). Para o correto entendimento deste circuito,
será necessário compreender como funciona um autotransformador.

Figura 7.14 – Taps da chave compensadora. À direita, um zoom mostrando as derivações e correntes..

7.3.2.1 – O Autotransformador

O funcionamento de um autotransformador será apresentado neste item. Na Figura 7.15 são apresentados
o seu aspecto construtivo e o seu circuito elétrico.

Figura 7.15 – Autotransformador. (a) Aspecto construtivo. (b) Circuito elétrico.

A corrente I1, através da parte superior ou em série do enrolamento de N1 espiras, produz o fluxo magnético
1. Pela Lei de Lenz, a corrente natural da parte inferior do enrolamento (de N2 espiras) produz um fluxo oposto 2.
Portanto, a corrente I2 sai do enrolamento pelo TAP, identificado como ponto b no esquema da Figura 15.
A Figura 7.16 mostra a direção dos fluxos magnéticos 1 e 2.

Figura 7.16 – Autotransformador – direção das componentes de fluxo magnético.

170
Numa definição clássica, o autotransformador constitui um enrolamento eletricamente contínuo,
com um ou mais pontos de tomada (TAG ou TAP), em um núcleo magnético (EDMINISTER, 1985). O
seu circuito magnético pode ser representado pela Figura 7.17, de onde se obtém a sua relação de
transformação, em (7.10).

Figura 7.17.

V1 N1 + N 2
= = a +1 (7.10)
V2 N2

De (7.10) obtém-se ( V1 V2 ) = ( I 2 I1 ) = a + 1 , da qual resulta a relação de correntes do


autotransformador, em (7.11).

I2 = (a + 1)I1 (7.11)

Esta relação excede por uma unidade a relação de transformação de um transformador ideal de
dois enrolamentos com a mesma relação de espiras. Daí, por aproximação, as correntes estão também na
mesma relação de transformação de um transformador ideal. Chamando de N1/ o número total de espiras
do primário (do ponto a ao c no circuito ao lado), pode-se escrever:

V1 I 2 N1
= = =a (7.12)
V2 I1 N 2

onde N1 = N1 + N2 .

7.3.2.2 – Equacionamento das correntes da chave compensadora

Para a determinação das correntes da chave compensadora, consideram-se as seguintes


premissas:
- no contator K1 flui a corrente nominal, In;
- a impedância do motor, constante, é dada por Z = Vn/In.
Quando da aplicação da tensão reduzida, lembrando que VS = aVe e que Ve = Vn, obtém-se a
equação (7.13) - ver a Figura 7.18.

VS V
Z = =a n (7.13)
IS IS

171
Como a impedância do motor é constante, Z = Z  e sendo
conhecidas a corrente e a tensão nominais (FRANCHI, 2007), tem-se,
em (7.14):
Vn V
=k n (7.14)
In Is

onde k = a é o fator de transformação ou de redução.


N2 NS
De (7.14), encontra-se k = a = = , ajustado pelos taps do
N1 N e
autotransformador.
Figura 7.18.
Da Equação (7.14), isolando a corrente Is, obtém-se:

Vn V
= k n → I S = k .I n (7.15)
In IS

 Corrente no contator K2

Com base no esquema da Figura 7.19 e considerando o


autotransformador sem perdas (situação ideal), pode-se
escrever:

Ps = Pe

Ou seja:
VS .I S = Ve .I e

k .Vn .k .I n = Vn .I K 2

A corrente no contator K2 é então:


Figura 7.19.
I K 2 = k 2 .I n (7.16)

 Correntes nos contatores K1 e K3

A corrente IK1 é a própria corrente nominal do motor, ocorrendo somente quando o contator K1 é
acionado (operação com tensão plena). Logo, IK1 = In.
Para o contator K3 atuando, pela LKC no tap selecionado (ver a Figura 7.19), obtém-se (7.17).

IS = IK 2 + IK 3
I K 3 = I S − I K 2 = k .I n − k 2 .I n

I K 3 = In .( k − k 2 ) (7.17)

172
 Corrente no relé de sobrecarga

É a mesma do contator K1, pois está situado logo


abaixo deste, em série. Assim, I FT 1 = I K 1.
Em resumo, todas as correntes do circuito do
autotransformador são:

I K1 = I n
I K 2 = k 2 .I n
I K 3 = In .( k − k 2 )
I FT 1 = I K 1 Figura 7.20.

A Tabela 7.1 apresenta o cálculo das correntes nos contatores K2 e K3 para os seguintes valores
ajustados nos TAPs do autotransformador (FRANCHI, 2007).

Tabela 7.1 – Correntes nos contatores K2 e K3 a partir da relação de TAPs do autotransformador (FRANCHI, 2007).
Taps do autotransformador
Fator de redução (k) Corrente IK2 Corrente IK3
(ajuste em % de Vn)
85 0,85 0,72 In 0,13 In
80 0,80 0,64 In 0,16 In
65 0,65 0,42 In 0,23 In
50 0,50 0,25 In 0,25 In

7.4 – Chave para motor de indução com rotor bobinado

Este tipo de chave de partida com variação da resistência rotórica é utilizada e motores de rotor
bobinado, onde os terminais são acessíveis. Daí se consegue alterar a resistência do enrolamento de cada
fase, através da introdução de resistências externas, em série com o circuito do rotor.
A ligação destas resistências com o motor é efetuada através de três anéis coletores (veja a Figura
7.21). Desta ação se obtém (REZEK, 2010):

- diminuição e controle da corrente de partida;


- aumento do conjugado de partida e
- controle de velocidade.

Figura 7.21 – Esquema de ligação do reostato externo ao motor CA de rotor bobinado.

O enrolamento trifásico deste tipo de motor é formado por um enrolamento trifásico construído
com condutores de cobre isolados e dispostos em ranhuras, formando as bobinas, conectadas em estrela.
Os terminais livres de cada enrolamento, como se vê na Figura 7.21, encontram-se ligados a um coletor
de anéis que fazem contato com a parte estatórica através de um conjunto de escovas de carvão grafítico.

173
A função do reostato de partida, ligado aos enrolamentos do rotor, é reduzir as correntes de partida
elevadas, no caso de motores de elevada potência (Figura 7.22).

Figura 7.22 – Conexão do reostato de partida aos enrolamentos do rotor.

À medida que o motor ganha velocidade, as resistências são retiradas progressivamente do


circuito até ficarem curto-circuitadas, quando o motor passa a funcionar no seu regime nominal. A Figura
7.23 mostra a curva C x n do motor (conjugado x rotação). Note-se que na velocidade síncrona não há
conjugado, uma vez que o motor opera em vazio (n = ns, velocidade síncrona, do campo girante).
Como se vê pelas curvas da Figura 7.24 – Conjugado  Escorregamento, C  s –, o conjugado
máximo do motor se desloca para a esquerda com o aumento da resistência aplicada aos enrolamentos do
rotor, de R0 para R1 para R2. Como o conjugado é uma função da corrente do rotor, suas curvas são
fortemente influenciadas pela variação da resistência rotórica.

Figura 7.23 – Curva C x s. Fonte: http://www.geindustrial.com.br/download/artigos/nt01.pdf.

R2 > R1 > R0

Figura 7.24 – Efeitos da introdução de resistências sobre as curvas C x s. Fonte:


http://www.vias.org/feee/c13_motors_09.html

174
Como verificado nas curvas conjugado  rotação, Figuras 7.23 e 7.24, a variação da resistência
do circuito do rotor tem um efeito bastante significativo nas características de partida do motor. Com o
aumento da resistência do rotor, a velocidade diminui do ponto onde ocorre o conjugado máximo.
Entretanto, o conjugado máximo não altera o seu valor, como se observa na Figura 7.24, pois não depende
da resistência do rotor. Assim, o conjugado máximo não muda, mas sim o ponto onde ocorre.
Em resumo, quanto maior for a resistência do rotor, maior será o conjugado de partida. Em
contrapartida, valores baixos para resistências rotóricas causam pouca inclinação da curva na região de
operação. Verifica-se então que a rotação do motor varia pouco em relação rotação nominal, qualquer que
seja a carga. O controle de velocidade através da variação de resistências não é muito indicado, pois
acarreta perdas ao sistema.

7.4.1 – Chave de partida para motor de indução com rotor bobinado

As Figuras 7.25 e 7.26 mostram, respectivamente, os diagramas de carga e de comando para uma
chave de partida que controla a inserção de resistências no circuito do rotor de um MIT. Descreva a
operação do circuito de comando.

Figura 7.25.

Figura 7.26 – Diagrama de comando para o MIT com rotor bobinado da Figura 7.24.

175
LEP 9
Lista de Exercícios e Problemas 9 – 11 Questões

Questão 1 – Seja o esquema da Figura 1: diagrama de comando para um MIT no sistema de partida
estrela-triângulo (Y-).

a) Por que, no caso do motor partindo em estrela, ocorre uma redução da tensão nas suas bobinas? Em
termos percentuais, qual é esta redução? Demonstrar.
b) Onde é utilizada, na prática, a chave estrela-triângulo?
c) No esquema da Figura 1, qual é o contator responsável pelo fechamento das bobinas em triângulo?

Figura 1 – Chave de Partida Y-. Diagrama de Carga.

Questão 2 (FRANCHI, 2007) – Mostrar com cálculos, que, na ligação do motor em estrela (Y), ocorre
uma redução do conjugado (torque) na partida do motor em 1/3 (33 %).

Questão 3 (FRANCHI, 2007) – Citar as vantagens e desvantagens da Chave de Partida Estrela-Triângulo.

Questão 4 (FRANCHI, 2007) – Elaborar um diagrama de comando para uma Chave de Partida Y-
automática, utilizando relés de tempo, dos tipos TRE e TRD. O tempo de partida, de acordo com a carga
conectada ao motor, deverá ser de 500 ms (tempo para o motor atingir pelos menos 90 % (noventa por
cento) de sua velocidade em RPM). O motor deverá permanecer em regime permanente durante 30
segundos e, após este tempo, desligar.

Questão 5 (FRANCHI, 2007) – Sobre a Chave de Partida Compensadora, responda:


a) Quais são os dispositivos utilizados nesta chave?

176
b) Pode-se substituir os relés de sobrecarga e os fusíveis retardados neste tipo de comando?
c) Justifique a afirmativa:

“na partida por chave compensadora, o conjugado da máquina acionada e a corrente que circula no
enrolamento do motor ficam reduzidos por fatores correspondentes ao TAP (derivação) do
autotransformador escolhido para a operação”.

Questão 6 – Que tipo de temporizador é indicado pelo diagrama da Figura 2? Explicar o seu
funcionamento, projetando um diagrama de acionamento apropriado.

Figura 2 – Questão 6.

Questão 7 – O esquema da Figura 3 diz respeito aos diagramas de carga e de comando de um motor de
indução trifásico (MIT) – método de partida em Estrela-Triângulo.
a) Para os diagramas apresentados, descrever os possíveis erros de ligações e de identificação pendentes.
b) A corrente do contator K2 é igual à corrente nominal do motor? Justifique.

Figura 3 – Questão 7.

Questão 8 – Seja o diagrama de comando da Figura 4b, para o acionamento de um MIT – Partida com
chave compensadora.
a) Identificar corretamente as chaves utilizadas neste diagrama,
b) Como fica o conjugado de partida do motor com este tipo de acionamento?

177
Figura 4 – Questão 8.

Questão 9 – Para o diagrama de comando da Figura 5a, observar se há erros que comprometem o comando
do MIT da Figura 5b. Corrigir os eventuais erros e refazer o diagrama de comando.

(a) (b)
Figura 5 – Chave compensadora, questão 9: diagramas de carga e de comando.

178
Questão 10 – Projetar para o motor de indução trifásico da Figura 6:
a) um diagrama de comando para partida em Y- (modo manual) e reversão de rotação após 10 segundos;
b) um diagrama de comando onde todo o procedimento seja automático – partida em estrela-triângulo, reversão
de rotação e parada/desligamento do motor. Os tempos de ajuste do relé serão:
(1) partida Y-: 200 ms; (2) reversão: 30 s após a partida e (3) desligamento: 5 min. após a partida.

Figura 6 – Diagrama de carga de um MIT para partida em estrela-triângulo com reversão de rotação.

Questão 11 – Identificar e corrigir os eventuais erros no diagrama de comando da Figura 7b, a fim de que
possa ser realizada a partida compensada para o MIT da Figura 7a.

(a) (b)
Figura 7 – MIT acionado por uma chave compensadora. (a) Diagrama de carga. (b) Diagrama de comando.

179
Capítulo 8 – Motor monofásico
Capítulo

8 MOTOR MONOFÁSICO

8.1 – Motor monofásico - princípio de funcionamento e componentes

8.1.1 Para definir de uma maneira objetiva um motor monofásico (MM), bastaria mencionar que este é uma versão
simplificada de um motor trifásico, pois há somente uma bobina ou um enrolamento estatórico distribuído. A Figura
8.1 apresenta duas versões de motores monofásicos.

(a) (b)
Figura 8.1 – (a) Motor monofásico, utilizado exclusivamente para aplicações didáticas (baixa potência). Disponível em:
www.delorenzogroup.com/dl/altri/portoghese/eurolab/euro_por06.pdf. (b) Torno industrial, equipado com motor monofásico de
220 V. Fonte: http://www.dmitaliasrl.com/it/Scheda_prodotto/Foto/Tornio_BVB25L3.jpg.

Os motores elétricos monofásicos, de um modo geral, constituem uma alternativa quando não se dispõe da
rede elétrica trifásica. Esta é uma situação que ocorre na zona rural, onde, em algumas comunidades só existe a rede
monofásica, em 110 V (derivada através do transformador bifásico com secundário de 220 V).
Pelo fato de possuírem apenas uma fase de alimentação, não há a formação do campo magnético girante,
característica principal dos motores trifásicos. Daí não ocorre o conjugado de partida, pois no rotor é induzido um
campo magnético alinhado com o campo magnético do estator.
A fim de solucionar o problema da partida do motor monofásico, são utilizados enrolamentos auxiliares de
partida, dimensionados e posicionados de forma a criar uma segunda fase fictícia, o que permite a formação do
campo girante para a partida. Em decorrência, o motor monofásico é sempre maior e mais caro que o trifásico, para
uma mesma potência, e requer uma maior manutenção.

8.1.2 – A partida em um motor monofásico

A partida é dada por meio de um enrolamento auxiliar ao qual é ligado um capacitor em série com a bobina
(chamado de capacitor de partida), que provoca um defasamento da corrente, fazendo o motor funcionar como
bifásico. Um dispositivo centrífugo (chave mecânica) em série com o capacitor de partida desliga o enrolamento
auxiliar após o motor ter atingido uma certa velocidade (veja as Figuras 8.2a e 8.2b).
Pela inclusão do capacitor de partida (capacitor start) em série com o enrolamento auxiliar de partida, é
criado um ângulo de defasagem entre as correntes dos enrolamentos principal e auxiliar, elevando o torque de partida
(o ângulo de fase da corrente do enrolamento auxiliar é colocado em avanço de fase de 90 graus, relativamente à
corrente no enrolamento principal). Como os dois enrolamentos, na construção do motor, estão separados de 90
graus, a diferença de fase de 90 graus das correntes produzirá um único campo magnético, uniforme e girante, e o
motor se comporta como se arrancasse a partir de uma rede de alimentação trifásica. O conjugado de partida por
atingir até 4 (quatro) vezes o valor do conjungado nominal. O motor monofásico com capacitor de partida é bastante
utilizado em potências na faixa de ¼ CV até 15 CV.
A inversão do sentido de rotação do motor monofásico ocorre quando as ligações do enrolamento auxiliar
são invertidas, trocando o terminal número 6 pelo número 5.

180
(a) (b)
Figura 8.2 – Enrolamentos de um motor monofásico.

Em resumo, o princípio de funcionamento do motor monofásico é descrito da seguinte forma:


1) O enrolamento principal monofásico produz um campo pulsante.
2) Matematicamente o campo pulsante é decomposto em dois campos girantes girando em oposição, como mostra
a Figura 8.3.
3) A interação entre estes campos e as correntes induzidas no rotor produzem binários opostos.

Figura 8.3 – Decomposição do campo pulsante.

A Figura 8.4 mostra a formação do campo magnético pulsante para duas fases (defasadas de 180 graus)
atuando. O campo magnético resultante no motor não é girante.

Figura 8.4 – Campo magnético pulsante para duas fases atuando (motor monofásico).

181
Os motores monofásicos não partem por si só, quando alimentados por uma tensão alternada,
visto que não há a formação do campo girante, como ocorre nos trifásicos. A Figura 8.5 apresenta a
formação do campo magnético devido a uma só fase (rede senoidal monofásica).
Como se vê, este campo é pulsante e tem sempre a mesma direção, não permitindo então a
indução de correntes significativas nos enrolamentos do rotor.

Figura 8.5 – Campo magnético pulsante, Bp, gerado pela alimentação senoidal,
aplicada aos terminais do motor de indução monofásico.

Pode-se criar um método de criação de um segundo campo magnético, com uma defasagem de
90 graus em relação à alimentação. Surge então um sistema bifásico, com a consequente formação de um
campo magnético girante, capaz de provocar a partida do motor, como mostra a Figura 8.6.

Figura 8.6 – Campo magnético girante B, formado gerado pela alimentação


senoidal bifásica, aplicada aos terminais do motor de indução monofásico.

8.1.3 – Características principais do motor monofásico

- Os motores monofásicos possuem um campo magnético pulsante.


- Devido ao baixo torque de partida, além do enrolamento principal utiliza-se um enrolamento auxiliar
(que defasa corrente em 90º).
- Não é recomendada a utilização de motores maiores que 3 CV (provoca desbalanceamento da rede
elétrica).

182
- O motor de indução monofásico é o motor mais usado em aplicações domésticas como frigoríficos,
máquinas de lavar, relógios, compressores, bombas, etc.
- A potência vai até 10 HP. Acima de 1 HP têm menor conjugado de partida, são mais caros e mais
ruidosos que os motores trifásicos.

8.1.4 – Motor monofásico x motor trifásico

Em uma comparação com motores trifásicos, os monofásicos apresentam desvantagens, listadas


a seguir (NEVES, 2010):

1) apresentam maiores volume e peso para potências e velocidades iguais (em média 4 vezes); em razão
disto, seu custo é também mais elevado que os de motores trifásicos de mesma potência e velocidade;
2) necessitam de manutenção mais apurada devido ao circuito de partida e seus acessórios;
3) apresentam rendimento e fator de potência menores para a mesma potência (ver a Tabela 8.1) - em
função disso apresentam maior consumo de energia (em média 20% a mais).
4) possuem menor conjugado de partida;
5) são difíceis de encontrar no comércio para potências mais elevadas (acima de 10 CV);
6) apresentam rendimento e FP menores;
7) alcançam apenas 60 a 70 % da potência do motor trifásico do mesmo tamanho;
8) não é possível inverter diretamente o sentido de rotação dos motores monofásicos.

Tabela 8.1 – Comparação entre rendimento () e fator de potência (cos ) de motores mono e trifásicos para a
mesma faixa de potência. Fonte: O motor elétrico rural – Companhia Energética de São Paulo, CESP, 1980.
Faixa de Rendimento () Fator de Potência (cos )
Potências (CV) Monofásico Trifásico Monofásico Trifásico
1,6 – 1,0 0,5 – 0,65 0,59 – 0,74 0,50 – 0,65 0,58 – 0,70
1,5 – 10,0 0,67 – 0,76 0,74 – 0,78 0,68 – 0,80 0,75 – 0,85
11,0 – 25,0 0,76 – 0,80 0,78 – 0,89 0,80 – 0,83 0,85 – 0,86

8.2 – Diagramas de ligação em 127 V e em 220 V

8.2.1 – Motor monofásico de 2 terminais

São destinados apenas a um valor de tensão. Neste tipo de motor não é possível a reversão do seu
sentido de rotação. Exemplos: motores de pequenas bombas d’água, motores de ventiladores grandes para
o meio rural etc.

8.2.2 – Motor monofásico de 4 terminais

Opera com dois valores de tensão: 110 V e 220 V. Não é possível inverter o sentido de rotação.
Esquemas (alimentação no painel frontal de ligações): ver a Figura 8.7.

(a) (b)
Figura 8.7 – (a) Ligação em 110 V (bobinas em paralelo). (b) Ligação das bobinas em 220 V (conexão série).

183
A Figura 8.8 mostra os circuitos correspondentes às ligações em série e em paralelo para as
bobinas do MM.

A F1 A
F 1 2 1

I RMS L1 110 VRMS


I RMS
3
127 VRMS V L1 L2 220 VRMS V 2
L2
3 4 4
N F2
(a) (b)
Figura 8.8 – (a) circuito do MM para ligação em 127 V – bobinas em paralelo.
(b) Circuito para ligação das bobinas em 220 V (conexão série).

8.2.3 – Motor monofásico de 6 terminais

Este tipo de motor monofásico permite dois tipos de alimentação diferentes, uma o dobro da outra
(110 V e 220 V), como no motor de 4 terminais.
Pode-se inverter o sentido de giro do motor. As Figuras 8.9 e 8.10 mostram os esquemas de
ligação, de duas maneiras diferentes. Notar, nestas figuras, que o terceiro ramo possui uma chave
centrífuga e um capacitor auxiliar de partida.

Inversão de
sentido de rotação
Conexão série (220 V)

Inversão de
sentido de rotação
Conexão Paralelo (110 V)

Figura 8.9 – Conexões possíveis em um MM de 6 terminais.

(a) (b)
Figura 8.10 – Motor monofásico alimentado em (a) 110 V e (b) 220 V.

184
8.3 – Sistema de reversão de rotação no MM

Para que haja inversão (ou reversão) na rotação do eixo, basta inverter a ligação dos bornes 5 e 6
do enrolamento auxiliar para com os terminais do enrolamento principal, o que garante a inversão do
sentido da corrente e, obviamente, do campo magnético em uma das bobinas.
Para o MM alimentado em 110 V ou 127 V, a reversão será mostrada na Figura 8.11, de acordo
com a atuação dos contatores K1, K2 e K3. Na primeira situação (Figura 8.11a), os bornes 1 e 3 e 2 e 4
estão ligados no painel do motor. O contator K1 liga estes bornes à fase e ao neutro (rede de alimentação
CA). O enrolamento secundário ou auxiliar ainda não foi ligado. Com K3 ligado, os bornes 5 e 6 são
ligados à rede de 127 V (Figura 8.11b). Ocorre a partida do motor monofásico.

 Somente o contator K1 acionado:

Bornes 1-3 (ligados manualmente) e 2-4


(idem) do MM conectados à rede CA
monofásica.
O enrolamento auxiliar está desconectado
(bornes 5 e 6 do motor).

(a)

  Contator K1 e K3 acionados:

Bornes 1-3 (ligados manualmente) e 2-4


(idem) do MM ligados na rede CA
monofásica, bem como o enrolamento
auxiliar (bornes 5 e 6).

(b)

  Contator K1 e K2 acionados:

Bornes 1-3 (ligados manualmente) e 2-4


(idem) do MM ligados na rede CA
monofásica.
O contator K2 acionado proporciona a
troca de ligação dos terminais 5 e 6 do
enrolamento auxiliar (5 → 4 e 6 → 3).

(c)
Figura 8.11 – Partida do motor monofásico alimentado em 127 V. Sequência de operação dos contatores.

Reversão de rotação

Para ocorrer a reversão de rotação, o contator K3 deve ser desligado e o contator K2 ligado, para
haver a troca entre os terminais do enrolamento auxiliar e do enrolamento principal (5 liga com 4 e 6 liga
com 3) – Figura 8.11c.

185
Mas, deve ser observar que esta troca só deve ser feita com a parada do motor (contator
K3 desligado), pois não se garante que, ao ligar o contator K2, o contator K3 esteja desligado (mesmo
havendo intertravamento entre os ramos de K2 e de K3), podendo ocorrer um curto-circuito fase-
neutro. Para garantir um intervalo de tempo entre a abertura de K3 e o fechamento de K2, recomenda-
se o uso de um relé de tempo.
Respeitando-se este critério, o motor agora funciona comandando por K1 e K2, e com reversão
de rotação - Figura 8.11c.
Resumindo:
Contatores K1 e K3 – o motor gira em sentido horário (anti-horário).
Contatores K1 e K2 – o motor gira em sentido anti-horário (horário).
O mesmo raciocínio empregado no acionamento em 127 V vale para o acionamento em 220
volts.

A Figura 8.12 mostra o diagrama de


carga deste motor. A Figura 8.13 mostra os
dados de placa de um motor monofásico. Da
sua correta interpretação depende a correta
instalação e o bom funcionamento deste motor.
Ver a conexão dos bornes para a operação em
MAIOR TENSÃO (220 V) e em MENOR
TENSÃO (110 V).
A Figura 8.14 mostra uma das muitas
aplicações de um motor monofásico:
acionamento de uma betoneira (na área de
construção civil), para mistura de massa de
concreto. O motor opera com tensões de 110 V
e 220 V, 60 Hz. O tambor da betoneira pode
girar em até 26 RPM (rotações por minuto).

Figura 8.12 – Diagrama de Carga para


reversão de rotação do motor monofásico.

Figura 8.13 – Dados de placa de um motor monofásico. Fonte:


www.kcel.com.br/MyFiles/fotos%20nova/IP21%20Mono.tif.jpg

186
A Figura 8.14 mostra uma das muitas aplicações de um motor monofásico: acionamento de uma
betoneira (na área de construção civil), para mistura de massa de concreto. O motor opera com tensões de
110 V e 220 V, 60 Hz. O tambor da betoneira pode girar em até 26 RPM (rotações por minuto).

Figura 8.14 – Betoneira acionada por um motor monofásico.

LEP 10
Lista de Exercícios e Problemas 10 – 10 Questões

Questão 1 – Responda, com relação ao motor de indução monofásico:

a) Como é feita a partida deste motor? Como é constituído o enrolamento de armadura?

b) Quais são as desvantagens do motor de indução monofásico, com relação ao motor de indução trifásico?

Questão 2 – A Figura 1 mostra o circuito de um motor de indução monofásico.

a) Qual é o papel do interruptor centrífugo neste esquema?


b) Desenhar o esquema dos enrolamentos deste motor (considere o mesmo de 6 terminais), para ligação
em 127 V e em 220 V.

I Interruptor centrífugo
Enrolamento
de arranque

V Enrolamento
principal

C Rotor
Figura 1.

Questão 3 – Citar as características do motor monofásico de fase dividida (split phase). O torque de
partida deste motor é elevado? Desenhar a curva C x n.

Questão 4 – Representar os enrolamentos do motor monofásico, para conexão em 110 V (ou 127 V) e
para conexão em 220 V.

187
Questão 5 – Quais são as características do motor universal? Quais são as suas aplicações?

Questão 6 – Como se identifica os enrolamentos de um motor monofásico de 6 terminais?

Questão 7 – Projetar um diagrama de comando em modo automático para o motor monofásico cujo
diagrama de carga é o da Figura 8.12. A sequência do acionamento dos contatores será a seguinte:

1) ligar o motor – K1 e K3 (operação por 10 segundos);


2) parar o motor (10 segundos);
3) ligar o motor com reversão (K1 e K2) e operar o mesmo por 30 segundos;
4) nova parada, desligar K2 e K1.

Questão 8 – Seja o sistema de controle de nível, para reservatórios de água de um condomínio (Figura
2a). É possível utilizar o motor monofásico como bomba d’água elétrica? Se afirmativo, projetar um
diagrama de comando para o sistema. Ver a operação da chave-bóia, Figura 2b.

VCA

B
Reservatório
superior
BOMBA
LIGADA
Eletronível 2
Posição das chaves Bomba
microswitch nas de água
(elétrica)
boias eletronível
Eletronível 1

Eletronível 2

A
Reservatório
inferior
Eletronível 1

(a)
Bóia eletronível virada para baixo Bóia eletronível virada para cima
Fio a conecta-
Fio b conecta- a se ao fio b a
se ao fio c b b
c c
Peso
a a
b b
c c
Peso
Posição dos contatos Posição dos contatos
na chave microswitch na chave microswitch

(b)

Figura 2 - (a) Esquema elétrico de um sistema automático que liga/desliga uma bomba d’água elétrica usando chave-
bóia para medição de nível. Fonte: http://www.sociedadedosol.org.br/agua/blts_h2o/imagens/reletro6.jpg. (b)
Chave-bóia: modo de operação.

Para fazer o liga/desliga automático de uma bomba elétrica (ou moto-bomba) é necessário um
conjunto de componentes associados entre a bomba e a rede elétrica. O liga/desliga da bomba será feito
segundo uma leitura do nível da água de dentro do(s) reservatório(s). Para fazer essa leitura, usa-se bóia
eletronível, ou sensor de nível (micro-bóia que comanda uma micro chave elétrica tipo microswitch).

188
A bóia eletronível contém no seu interior uma chave microswitch, que abre ou fecha os contatos
conforme a posição que a bóia estiver virada (para cima ou para baixo). No cabo que é presa essa bóia,
contém no seu interior três fios (a, b e c) ligados nos contatos a, b e c. da chave microswitch, e para
ajustar o nível de água desejado dentro do reservatório, usa-se um peso ajustável e preso nesse cabo para
determinar os pontos exatos em que deve-se ligar ou desligar a bomba.
Observação importante: se for usar a bóia de nível em bomba com motor trifásico, ou
monofásico maior que 1 HP em 127V ou 2 HP em 220V, deverá instalar um contator (tipo de relê com
chave contatora acionada pela bóia de nível). Isso é importante para não haver a queima do motor ou dos
contatos da chave microswitch de dentro da bóia eletronível. Para o caso do micro-sensor, o uso do
contator é obrigatório para ligar/desligar qualquer tipo de carga (bomba, lâmpada etc.).

Fonte: ONG Sociedade do Sol - BOLETIM 0087 - 19/06/2007. Disponível em:


<http://www.sociedadedosol.org.br/agua/blts_h2o/h2o0087.htm>. Acesso em 25 mar 2011.

189
Apêndice I – Informações Úteis. Normas e Símbolos utilizados em Comandos Elétricos

1. Tensão senoidal – equações e parâmetros: Relações Trigonométricas e aplicações:


T = 1/f (período em s) e f = 1/T
v(t) = Vmax .sen (ωt +  ) , onde:  = 2f, (frequência, em Hz)
sen x = cos (x – 900)
cos x = sen (x + 900)
frequência angular [rads/s] e  = ângulo de defasagem  = t = (2/T).t [rad]
tan x = sen x cos x
entre dois sinais, onde  > 0: sinal adiantado e  < 0:  180o 
Graus =  Se v(t) = Vmax .sen ( ):
  rad
sinal atrasado.   
v(t) v(t)
I = V/R [A] e P = VI [W] sen ( ) = →  = sen −1
Valor eficaz: VRMS = Vef = Vmax 2 Vmax Vmax

2. Impedância (Z) Imaginário a = Z cos Z = Z ( cos  + j sen  ) = R + j ( X L − X C ) Operações com fasores:


b
Z b = Z sen  R = Z.cos θ (+ ) e ( −) : Z = Z1  Z 2 = ( a1 + jb1 )  ( a2 + jb2 )
Reatâncias indutiva Daí : 
 (X L − X C ) = Z. sen θ Z12 = (a1  a2 ) + j (b1  b2 )
e capacitiva: 0 a
Real
 X − XC  () e () : Dados C1 = Z1 1 e C2 = Z 2  2
X L =  L = 2 fL Forma Polar: Z = Z    = tg  L −1

Forma retangular:  R  C1  C2 = Z1  Z 2 1 +  2
XC =
1
=
1 x(t ) = X max sen (t +  ) → X = X eficaz  C1 C2 = Z1 Z 2 1 −  2
C 2 fC Z = R + j( X L − X C )

3. Potência Elétrica, Fator de Potência e Rendimento Fator de potência - rede 3: F .P. = cos = P(kW ) 1000 3.VL .I L
Potência em Watts, conhecida a sua potência em - Carga Resistiva: cos  = 1
- Carga Indutiva: cos  atrasado (a corrente está atrasada da tensão).
Cavalo-vapor.............. P(W) = P(CV) x 736
- Carga Capacitiva: cos  adiantado (a corrente se adianta da tensão).
Potência elétrica – ligação trifásica (3).
RENDIMENTO do motor (): Po (W ) P(CV )  736
P= 3.S. cos = 3.VL .I L . cos = 3R.I L2 = =
Pi (W ) 3.VL .I L .cos 
Escorregamento: s = ns - n, onde ns é a velocidade síncrona, sendo n = 120 f P
s
. P é o número de polos do motor. Percentualmente,
s% = ( ns − n ) ns   100 %

- Velocidade (rotação): ns = (120 • f ) P n = ns • (1 − s)

4. MIT de 6 terminais: exemplos de conexão em triângulo e em estrela 5. Contatores


Chaves principais e auxiliares e identificação da função: em chaves com 2
dígitos (aux.), 2º. digito 1-2 (NF) e 2º. digito 3-4 (NA).

A1 1L1 3L2 5L3 13NO 21NC 31NC 43NO

Kn

A2 2T1 4T2 6T3 14NO 22NC 32NC 44NO

(1) I L = 3  I F (2) VL = VF (1) I L = I F (2) VL = 3  VF Bobina contatos principais contatos auxiliares

6. RELÉS DE TEMPO - (a) Relés TRE (ao trabalho, com retardo na energização) e (b) TRD (ao repouso, com retardo na desenergização).
vA1-A2
vA1-A2
(bobina)
(bobina)
(a) (bobina) (b)
t (bobina)
vcontatos t
vcontatos
vcontatos
vcontatos vcontatos
t vcontatos
t
7. SIMBOLOGIA – Dispositivos de manobra, proteção e comando.
Tabela 1 - Simbologia dos principais dispositivos empregados em diagramas de comando e de carga, segundo as Normas ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas). Podem ser apresentados também símbolos em outras normas, como as normas DIN (alemã) e ANSI (americana).

S1 S1
FT1
DIN DIN Bobina Lâmpada de
Relé térmico ou de Fusível
Motor de 6 Chave NA eletromagnética, sobrecarga (circ. de sinalização
Chave NF
terminais (normalmente aberta) (normalmente fechada) geral (do contator) carga 3f.)

Relé térmico
(exemplo de chave
NF no circuito de
comando) S0 S1
Relé de tempo TRE Relé de tempo TRD Comando
(retardo para energizar (retardo para desligar ou Chave do relé
Disjuntor manual (botoeira Comando manual
ou operar, ou AO desenergizar, ou AO de tempo DESLIGA) (botoeira LIGA)
monofásico TRABALHO) REPOUSO)

190
Apêndice II – Analogia entre circuitos lógicos e circuitos de comando elétrico
Apêndice II – Analogia entre circuitos lógicos e circuitos de comando elétrico

Este item apresenta alguns exemplos de circuitos elétricos construídos a partir das funções lógicas
binárias e teoremas da Álgebra de Boole. São apresentadas técnicas para o projeto de alguns circuitos
elétricos de comando com o uso de chaves e de contatores, com o objetivo de automatizar processos simples.
Um problema na área de automação é chamado de combinatório quando os estados das saídas para os
elementos de comando são dependentes somente da combinação lógica dos estados lógicos (binários) das
entradas (BONACORSO, 2008).
A seguir são apresentadas as funções lógicas com o uso de chaves (variáveis de entrada) e de uma
lâmpada (variável de saída).

1 – Função lógica SIM (afirmação)

Esta função, também chamada de identidade, mostra que a saída estará em nível alto somente se a(s)
entrada(s) estiver(em) em nível alto (BONACORSO, 2008). No caso do circuito da Figura II.1, a lâmpada L
só será acionada se a chave S estiver acionada também.

Função Lógica: Tabela-verdade:


Entrada Saída
L=S Chave Lâmpada
S L=S
A lâmpada L é acesa somente 0 0
se a chave S é acionada. 1 1
Figura II.1.

2 – Função lógica NÃO ou NOT (negação)

Nesta função, ocorre o oposto do circuito da Figura II.1: a lâmpada L só é acionada (L = 1) se a chave
S NÃO estiver acionada (S = 0). A saída terá um estado lógico inverso ao da entrada (ver a Figura II.2).

Tabela-verdade:
Função Lógica: Entrada Saída
Chave Lâmpada
L = S̅ __

S L=S
A lâmpada L SERÁ acesa somente 0 1
se a chave S NÃO estiver acionada. 1 0

Figura II.2.

3 – Função lógica E ou AND (associação em série)

Na função lógica E, ou AND, só se tem a lâmpada acesa (nível lógico 1) se as chaves S 1 e S2, na
Figura II.3, estiverem acionadas (veja a tabela-verdade, última linha).

191
Função Lógica: Tabela-verdade:
S1 S2 L = S1.S2
L = S1.S2 0 0 0
0 1 0
A lâmpada L SERÁ acesa 1 0 0
somente se as chaves S1 e S2 1 1 1
estiverem acionadas.
Figura II.3.

4 – Função lógica OU (OR) − associação em paralelo

Neste tipo de função lógica, teremos nível alto na saída quando qualquer das entradas estiver em
nível alto. Então, a lâmpada L do circuito da Figura II.4 estará acesa (nível lógico 1) se qualquer uma das
chaves estiver fechada ou com ambas fechadas (ou acionadas, nível lógico 1).

Função Lógica: Tabela-verdade:


S1 S2 L
L = S1 + S2 0 0 0
0 1 1
A lâmpada L SERÁ acesa 1 0 1
somente se a chave S1 ou S2 ou
1 1 1
ambas estiverem acionadas.
Figura II.4.

5 – Função lógica não E (ou NAND)

A função lógica NAND apresenta a saída em nível alto quando pelo menos uma das entradas estiver
em nível baixo, ou não-acionada (ver a tabela-verdade). Um circuito para realizar esta função está mostrado
na Figura II.5.

Função Lógica:
Tabela-verdade:
L = ̅̅̅̅̅̅̅
S1 . S2 S1 S2 S1.S2 L = S ̅̅̅̅̅̅̅
1 . S2
0 0 0 1
A lâmpada L SERÁ acesa 0 1 0 1
se S1 ou S2 ou ambas não 1 0 0 1
Figura II.5. estiverem acionadas. 1 1 1 0

6 – Função lógica não OU (ou EXOR)

Nesta função lógica, a saída possui nível alto (L = 1) somente se as entradas estiverem em nível
baixo, ou não-acionadas. O circuito para realizar esta função é visto na Figura II.6.

Função Lógica: Tabela-verdade:


S1 S2 S1 + S2 L
L = ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
S1 + S2 = S̅1 . S̅̅̅2 0 0 0 1
0 1 1 0
A lâmpada L será
acesa se S1 e S2 não 1 0 1 0
Figura II.6. estiverem acionadas. 1 1 1 0

192
7 – Função lógica OU exclusivo (EXOR)

A função EXOR (ou exclusivo) funciona da seguinte forma: a


lâmpada L só será acesa quando a chave S1 estiver acionada (nível alto)
e a outra (S2) não estiver e vice-versa.
O circuito equivalente é mostrado na Figura II.7. Note que as
chaves S1 e S2 têm contatos intertravados, o que possibilita obter a
seguinte função lógica:

L = S1 ̅̅̅
S2 + S2 S̅1 → L = S1  S2

Figura II.7.
Tabela-verdade: função EXOR.
__ __ __ __
S1 S2 S1 S2 S1  S2 S2  S1 L = S1  S2
0 0 1 1 0 0 0
1 0 0 1 1 0 1
0 1 1 0 0 1 1
1 1 0 0 0 0 0

Exemplo 3.1 – Circuito lógico com uma carga acionada por dois contatores

O circuito da Figura II.8 mostra um “circuito lógico” com os contatores X e Y, onde A = 1 significa
chave A atuando (comando com nível lógico em nível alto) e A ̅ significa a chave A sem comando ou sem
atuar (nível lógico 0). Isso vale para as outras chaves, B, C, X e Y.

 Encontrar a expressão lógica resultante que explique os estados das chaves A, B, C, X e Y.

Solução:

̅ indica
Uma expressão booleana resultante para a lâmpada L ser acionada é (II.1), onde a variável Y
que o contator Y não atuou.

̅+Y
L = CX ̅ (II.1)

Figura II.8.

Da Equação (3.1), a variável Y indica que o contator Y não atuou. Para as chaves, a convenção é:
S → chave atuando (nível lógico 1);

193
S→ chave não atuando (nível lógico 0);
Dos contatores X e Y, têm-se, respectivamente:

̅B
̅ e Y=A
X=A+B

Substituindo as variáveis X e Y na Equação (II.1):

̅Y, e fazendo N = BC, obtém-se:


Através da propriedade X + Y = X + X

̅ ou pela chave C.
Logo, a lâmpada pode ser acionada pela chave A, ou pela chave B

194
Apêndice III – Guias de aulas práticas
Apêndice III – Guias de aulas práticas

Elaboração:

Prof. André Barros de Mello Oliveira


Prof. Daniel Soares de Alcântara – Professor do CEFET-MG, campus Varginha
Técnico Antônio Carlos Borges – Técnico de Laboratório, campus Varginha

195
Aula Prática 1 - Acionamento de lâmpadas e medição de corrente e tensão monofásicas
Aula ACIONAMENTO DE LÂMPADAS E MEDIÇÃO
prática 1 DE CORRENTE E TENSÃO MONOFÁSICAS

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1.1 – Procedimentos

a) Montar o circuito da Figura 1.1, onde Q1 é um disjuntor monofásico e as lâmpadas são incandescentes.

Figura 1.1 – Lâmpadas alimentadas em série. Figura 1.2 – Esquema: lâmpadas alimentadas em paralelo.

b) Medir para este circuito as tensões e a corrente indicadas na Tabela 1.1.

Dados: Vnom1 = ______ V; Pnom1 = ______ W; Vnom2 = ______ V; Pnom2 = ______ W.

2 ⁄
Observação: Rnom é a resistência nominal da lâmpada, dada por 𝑅𝑛𝑜𝑚 = 𝑉𝑛𝑜𝑚 𝑃𝑛𝑜𝑚 e Rop é a resistência
de operação da lâmpada, calculada por Rop = VL/IL, onde VL e IL são os valores eficazes medidos na
lâmpada.

Tabela 1.1 – Medições para as lâmpadas L1 e L2 conectadas em série.


Grandezas VFN (VRMS) VL1 (VRMS) VL2 (VRMS) I (ARMS) Rnom () Rop ()
Medições

c) Colocar as lâmpadas em paralelo e desenhar o circuito no espaço da Figura 1.2.

d) Medir novamente os valores de tensão e de corrente e anotar na Tabela 1.2.

Tabela 1.2 – Medições para as lâmpadas L1 e L2 conectadas em paralelo.


VFN (VRMS) VL1 (VRMS) VL2 (VRMS) I (ARMS) IL1 (ARMS) IL2 (ARMS) Rnom () Rop ()

196
1.2 – Questões

1.2.1 – Calcule, para os dois circuitos montados, a potência dissipada pelas lâmpadas. Obs.: P = VI.
Cálculos:

1.2.2 – A soma das potências dissipadas nas lâmpadas é igual à potência entregue às mesmas pela fonte de
tensão monofásica? Justifique.

1.3 – Considerações Finais

Anotar abaixo as principais considerações a respeito desta aula prática.

Leitura dinâmica

Tabela 1.1 – Comparação entre lâmpadas incandescentes e fluorescentes compactas.


Fonte: http://www.ecocasa.pt/energia_content.php?id=2
Incandescente Fluorescente compacta
Potência 50 W 11 W
Fluxo Luminoso 590 lm
Tempo de vida 1 000 h 10 000 h
Horas de utilização diária 4 4
Preço da lâmpada 1,15 € 6,8 €
Consumo de electricidade em 5 anos 365 kWh 80,3 kWh
Custo (kWh a 0.1631 €) 59,5 € 13,1 €
8 1
Número de lâmpadas necessárias nos 5 anos
(com mais 700 horas de uso) (mais de 2700 horas de uso)
Custo com preço das lâmpadas 68,7 € 19,9 €

197
Aula Prática 2 - Comandos de Acionamento por Chaves e Medição de Valores Trifásicos
Aula COMANDO DE ACIONAMENTO POR CHAVES
prática 2 E MEDIÇÃO DE VALORES TRIFÁSICOS

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2.1 – Ligação de uma lâmpada em 220 V e medição de tensão e corrente de linha

Na Figura 2.1, a chave S1 é um interruptor simples. Pode ser utilizada também uma chave NA,
normalmente aberta, como ilustrado na Figura 2.2 – verifique este tipo de chave também. A lâmpada é de
220 V, com potência nominal de _________ W (verificar, se disponível a indicação na lâmpada).

Figura 2.1 – Montagem 1: acionamento de Figura 2.2 – Montagem 2: uso de uma botoeira
uma lâmpada com um interruptor simples. NA para acionar a lâmpada em 220 volts.

a) Desenhar no espaço da Figura 2.3 o circuito da Figura 2.2 com um amperímetro para medição da corrente
na lâmpada.

Figura 2.3 – Desenho da Montagem 1, com a ligação do amperímetro.

198
b) Conferir as ligações juntamente com o professor/técnico e então energizar o circuito.

MEDIÇÕES: Tensão na lâmpada = _________ V. Corrente na lâmpada: _________ A.

2.2 – Ligação de lâmpadas de 220 V no sistema trifásico

2.2.1 - Seja o circuito da Figura 2.4, onde as lâmpadas são de 220 V. Completar as ligações em linha
pontilhada, a fim de que as lâmpadas sejam conectadas em triângulo. Representar também no circuito a
conexão do (s) voltímetro (s) e do (s) amperímetro (s), para medição das tensões e correntes, de linha e de
fase.

Figura 2.4. Figura 2.5

2.2.2 - Neste tipo de ligação, de acordo com a alimentação disponível no laboratório, cada lâmpada recebe
uma tensão de (preencher a Tabela 2.1):

Tabela 2.1 – Tensão nas lâmpadas (ligação em triângulo).


VL1 (V) VL2 (V) VL3 (V)

2.2.3 - A corrente de linha é igual à corrente de fase? Justifique e faça as medições, tomando como base as
fases R e S.

IR = _________ A (corrente de linha). IRS = _________ A (corrente de fase).

2.2.4 – Representar na Figura 2.5 a conexão das lâmpadas em estrela (Y).

2.2.5 – Medir a tensão de linha e a tensão de fase, por exemplo, na fase R e fases RS:

VRS = _________ V. VRN = _________ V.

199
2.2.7 – Explique as principais diferenças na alimentação das 3 lâmpadas em triângulo e em estrela.

2.3 – Questões

2.3.1 – Qual é a vantagem do uso da botoeira em relação ao uso de uma chave do tipo interruptor simples?

2.3.2 – Qual é a função de um fusível?

2.3.3 – O que é o curto-circuito e que situações podem provocá-lo?

2.3.4 – Onde é utilizado o fusível diametral (Diazed)? Em que faixa de valores de corrente ele atua? Faça
o esboço deste tipo de fusível.

Esboço:

200
Aula Prática 3 – Controle de carga utilizando contator e relé de tempo
Aula CONTROLE DE CARGA UTILIZANDO
prática 3 CONTATOR E RELÉ DE TEMPO

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3.1 - Procedimentos

a) Montar inicialmente o diagrama de comando da Figura 3.1b. Ajustar para o relé KT1 um tempo de 10 s
(ver o esquema de ligação de sua chave na Figura 3.2). Conferir as ligações juntamente com o
professor/técnico e então energizar o circuito.

(a) (b)
Figura 3.1 – Diagramas de carga (a) e de comando (b) para o acionamento de uma lâmpada.

b) Ao acionar a botoeira B1, o que ocorre?

201
c) Qual é a função do relé de tempo KT1 nesta montagem?

Figura 3.2 – Esquema


do relé de tempo
(contatos NF e NA).

d) Montar o diagrama de carga da Figura 3.1a. No lugar de um fusível é utilizada uma chave disjuntora
monopolar (Q1). L1 pode ser uma lâmpada de 127 V (ligada entre fase e neutro) ou uma lâmpada de 220 V
(ligada entre duas fases). Conferir as ligações juntamente com o professor/técnico e então energizar o
circuito. Descrever o seu funcionamento.

e) Inserir uma lâmpada L2 em paralelo com L1, de modo que L2 seja ligada com o desligamento de L1.
Desenhar o novo esquema do diagrama de comando e energizar o circuito. Explicar o seu funcionamento.

Esquema:

Funcionamento:

202
Aula Prática 4 - Chave de partida direta - Motor de indução trifásico de 6 terminais
Aula
prática 4 CHAVE DE PARTIDA DIRETA – MIT DE 6 TERMINAIS

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4.1 – Partida direta de um MIT com conexão em Triângulo (220 V)

a) Montar primeiramente o diagrama de comando da Figura 4.1b. Após a montagem, conferir as ligações
do circuito com o professor ou o técnico de laboratório e colocar o mesmo em funcionamento. Observação:
na Figura 4.1a, Q1 representa um disjuntor tripolar, substituindo os fusíveis F1, F2 e F3.

3~ 60 Hz 220 V

(a) (b)

Figura 4.1 – (a) Diagrama de Carga ou principal. (b) Diagrama de Comando (auxiliar ou funcional).

203
b) Qual é a função do selo K1?

c) Montar o diagrama de carga (Figura 4.1a). Após a montagem, conferir as ligações do circuito com o
professor ou o técnico de laboratório e colocar o mesmo em funcionamento, através da botoeira B1.

d) Medir a corrente e a tensão de linha e a rotação do MIT. Anotar os valores medidos na Tabela 1.

Tabela 1 - Medidas efetuadas no MIT acionado em ligação triângulo.


IL (A), com o VL (V), com o
n (rpm), com o tacômetro digital
amperímetro alicate voltímetro do painel

e) Alterar o diagrama de comando do MIT, através das seguintes funções:

- inserir uma lâmpada de sinalização indicando motor em operação;


- inserir um relé de tempo (KT1) para desligamento automático do MIT em 10 segundos.

Faça o desenho do novo diagrama de comando no espaço da Figura 4.2, abaixo.

Figura 4.2 – Diagrama de comando (ou auxiliar) para uso de lâmpada de sinalização e de relé de tempo.

204
4.2 – Questões

4.1 – Calcular a potência do MIT de 6 terminais, utilizando os dados medidos. Usar o FP (fator de potência)
nominal dado na placa do motor.

4.2 – O que muda com a conexão do motor em estrela? Calcular, em função dos valores medidos
anteriormente, as tensões de linha e de fase e a corrente de linha.

205
Aula Prática 5 – Partida de um MIT com comando direto e intermitente
Aula PARTIDA DE UM MIT COM
prática 5 COMANDO DIRETO E INTERMITENTE

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5.1 – Comando Direto e Intermitente – Interpretação do Circuito

Tendo como base os diagramas da Figura 5.1a e 5.1b, completar as linhas para acionamento do
MIT (ligado em estrela) ou do Motor Dahlander (ligado em baixa velocidade).

a) Com o uso da chave S1, o comando é


_________________ (direto/intermitente).

b) Com a chave S2 acionada, o comando é


_________________ (direto/intermitente).
Neste caso, o motor ameaça partir, dando
pequenos arranques. Finalidade: pequenos
ajustes, como por exemplo, um torque rápido
para apertar um parafuso, ou um ajuste para
deslocar em um pequeno trecho uma ponte
rolante.

5.2 – Montagem e verificação

a) Montar primeiramente o diagrama de


comando da Figura 5.1b. Após conferir a
montagem com a ajuda do professor ou do
técnico, energizar a mesma. Conferir o
funcionamento e anotar o que ocorre.

(a) (b)
Figura 5.1. – Diagramas de carga (a) e de comando (b).

b) Montar o diagrama de carga da Figura 5.1a e verificar o comando intermitente do motor. Utilizar um
MIT ou um motor Dahlander, o que estiver mais próximo aos cabos de alimentação do diagrama de
comando. Assinalar a seguir o motor utilizado e indicar as ligações efetuadas.

206
( ) Motor Trifásico - Alimentação em Estrela (Y).
LIGAÇÕES:

( ) Motor Dahlander - Alimentação em Baixa Velocidade.


LIGAÇÕES:

c) Interromper o motor utilizado pelo relé térmico, explicando a sua atuação no circuito (verificar a sua
atuação através do botão AUTO-HAND).

5.3 – Exercício

Completar os diagramas de comando e de carga do sistema com 2 motores da Figura 5.2, de modo que
o motor M2 seja ligado 30 segundos após o motor M1.

Figura 5.2. – Diagramas de carga (a) e de comando (b) de um MIT.

207
Aula Prática 6 – Partida direta de um MIT com reversão temporizada
Aula
prática 6 PARTIDA DIRETA DE UM MIT COM REVERSÃO TEMPORIZADA

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6.1 – Montagem

a) Sejam os diagramas da Figura 6.1. Completar as linhas do diagrama de carga e explicar a sequência
de atuação dos contatores K1, K2 e K3 (utilize o verso ou uma folha à parte). Ajustar o relé de tempo
para 10 s, conferir as ligações com o professor e energizar a bancada.

(a) (b)
Figura 6.1 – Diagramas de carga (a) e de comando (b).

Descrição completa do acionamento:

208
b) Inserir uma chave de fim-de-curso (NA) no ramo do contator K2. O que ocorre com o funcionamento
do motor?

b) A Figura 6.2 apresenta uma outra opção de acionamento para o MIT, com reversão instantânea de
rotação. São utilizados apenas dois contatores. Esta montagem foi simulada e comprovada com o
software CadeSIMU. Montar o circuito e verificar o seu funcionamento.

(a) (b)
Figura 6.2 – Opção de reversão temporizada de um MIT utilizando somente dois contatores.
(a) Diagrama de carga. (b) Diagrama de comando.

209
6.2 – Projeto: portão eletrônico com um MIT

Alterar o diagrama de comando da Figura 6.3, utilizando chaves de fim-de-curso, e o relé de


tempo ajustado para 30 s. Desta forma, haveria um tempo suficiente, no caso do motor acionando um
portão de garagem, para um veículo entrar ou sair com segurança. Um exemplo de portão eletrônico é
apresentado na Figura 6.4.

Figura 6.3 – Diagrama de comando para uso em um portão eletrônico.

(a) (b)
Figura 6.4 – (a) Aspecto de um portão eletrônico, utilizado em portões de garagem, principalmente residencial.
(b) Motor elétrico utilizado – veja a engrenagem que move o portão4.

4
Fontes: http://casaconstruida.com/wp-content/gallery/portao-eletronico/portao-eletronico-14.jpg e
http://images02.olx.com.br/ui/5/84/48/1270729312_86697648_2-Portao-eletronico-portoes-eletronicos-3332-3689-Curitiba-1270729312.jpg

210
6.3 – Projeto: Estrutura de um Pórtico Rolante – controle de movimentos

A Figura 6.5 mostra a estrutura de um pórtico rolante, onde quatro motores elétricos são
acionados – ver simulação online em http://croaciamc.com.br/simula/porticomanual.swf.
No controle ilustrado, as botoeiras B1 e B2 acionam os motores M1 e M2 (movimento do
conjunto do pórtico rolante nos trilhos). Para o movimento horizontal e vertical do guincho (motores
M3 e M4), são acionadas, respectivamente, os pares de botoeiras B3/B4, e B5/B6.

PROJETO:

Projetar o acionamento dos motores 1 e 2 (que operam simultaneamente), de modo que:

1) os motores M1 e M2 sejam acionados pela botoeira B5, para um movimento de 10 segundos, a partir
do início dos trilhos (início do curso).

2) Decorrido este tempo, após um intervalo de 10 segundos, o pórtico rolante é movimentado até o fim
de seu curso.

B6
B5

B4
B3

B1
B2

Figura 6.5 – Pórtico Rolante (estrutura). Fonte: http://croaciamc.com.br/simula/porticomanual.swf

211
Aula Prática 7 – Relé eletrônico temporizador aplicado na partida e na sinalização de um MIT
Aula RELÉ ELETRÔNICO TEMPORIZADOR APLICADO
prática 7 NA PARTIDA E NA SINALIZAÇÃO DE UM MIT

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7.1 – Montagem e verificação do acionamento

Sejam os diagramas da Figura 7.1, onde o relé RT1 é um relé eletrônico temporizador,
comandando as chaves de saída A (15-16-18) e B (25-26-28). RT1 pode ser um relé em modo cíclico.

(a) (b)
Figura 7.1 – Diagramas de carga (a) e de comando (b). Relé temporizador: comando e sinalização de um MIT.

Para um relé eletrônico do tipo CÍCLICO, na Figura 7.2 são apresentadas as formas de onda das
saídas A e B. Seja, como exemplo, o relé RTW CI (WEG). O seu dial superior determina o tempo t ON
em que os contatos permanecem acionados, enquanto o dial inferior determina o tempo tOFF em que os
contatos permanecem desacionados.

212
a) Montar primeiramente o diagrama de comando – Figura 7.1b. Após a conferência do mesmo pelo
professor, energizar a bancada. Ajustar o dial superior para 6 segundos e o inferior para 3 segundos. As
lâmpadas L1 e L2 acendem juntas? Justifique.

Alimentação
A1-A2 / A3-A2

Saída
15-16-18 / 25-26-28

ton toff
Figura 7.2 – Tempos de atuação de um relé eletrônico cíclico.

b) Seria possível utilizar as chaves A e B do relé cíclico para comandar um processo de reversão de
rotação no MIT? Justifique.

c) Montar o diagrama de carga para acionar o MIT, ligado em estrela, ou um motor Dahlander. Observar
o que ocorre e descrever o acionamento completo.

7.2 – Projeto – Ponte rolante

Elaborar, a partir do diagrama de comando da Figura 7.1, um projeto para acionar os 4 motores
da ponte rolante da Figura 7.3 – veja, no detalhe à direita, um perfil do controle remoto do operador.

Sentidos de movimento da ponte rolante, de acordo com os motores utilizados (M1 a M4):
M1 e M2 acionados conjuntamente: movimento horizontal, nos sentidos AB e BA.
M4: movimento vertical (sentido CD e DC).
M3: movimento horizontal (sentidos EF e FE).

213
Figura 7.3 – Estrutura de uma ponte rolante. Fonte: http://croaciamc.com.br/simula/ponterolante.swf

7.3 – Relé temporizador (cíclico)

Sejam as formas de onda da Figura 7.4, de um relé RT1 - relé eletrônico temporizador -, onde
as suas bobinas acionam as chaves de saída A (15-16-18) e B (25-26-28).
O dial superior do relé RTW CI (WEG) determina o tempo tON em que os contatos permanecem
acionados, enquanto o dial inferior determina o tempo tOFF em que os contatos permanecem
desacionados.

(a) (b) (c)


Figura 7.4 – Relé cíclico. (a) Formas de onda. (b) Aspecto do
relé (modelo RTW CI – WEG). (c) Identificação dos terminais.

MONTAGEM EXTRA

Inserir no diagrama de carga da Figura 7.1 um relé de proteção contra falta de fase (ver a Figura
7.4). As suas conexões são indicadas na Figura 7.4c.
As conexões L1, L2 e L3 apresentadas na Figura 7.5c devem ser conectadas às fases R, S e T da
rede elétrica. A chave NA do relé de FF deve ser utilizada para interromper o diagrama de comando no
caso da falta de uma fase. No diagrama de carga, este instrumento deve ser representado como visto na
Figura 7.6.

214
(a) (b) (c)
Figura 7.5 – Relé de falta de fase – Fabricante: WEG Equipamentos Elétricos S.A. (a) e
(b) Vista do painel do dispositivo. (c) Esquema de ligação nos diagramas de carga e de comando.

Figura 7.6 – Diagrama de carga de um MIT com relé de proteção de falta-de-fase.

215
Aula Prática 8 – Comando condicionado de cargas
Aula
prática 8 COMANDO CONDICIONADO DE CARGAS

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8.1 – Montagem e verificação do acionamento

O comando condicionado de cargas é aquele onde só é possível acionar mais de uma carga
se a primeira (e anterior, se forem mais de duas cargas) estiver (em) acionada(s). Este tipo de
acionamento é muito utilizado em processos industriais onde, por exemplo, uma esteira só é
acionada se uma unidade de produção de bebidas estiver abastecendo a mesma.
Seja o diagrama de comando da Figura 8.1, onde K1 e K2 são contatores que comandam
duas cargas (motores M1 e M2, ou motor M1 e lâmpada L1, por exemplo).

a) Completar as ligações pendentes no


diagrama de comando e desenhar abaixo o
diagrama de carga.
Diagrama de carga:

Figura 8.1 – Diagrama de comando para o comando


condicionado de duas cargas (incompleto).

216
b) Descrição do funcionamento – comando condicionado de 2 cargas.

c) Montar este diagrama para acionar 2 (dois) motores trifásicos, ou um motor trifásico e uma lâmpada.

PROJETO 1
Alterar o diagrama de comando da Figura 8.1, de modo que:
- a carga 1 seja ligada;
- 10 segundos depois a carga 2 seja ligada;
- 10 segundos depois as duas cargas 1 e 2 sejam desligadas. Desenhar a seguir os novos diagramas.

Diagrama de comando: Diagrama de carga: um motor (M1) e uma


lâmpada (L1) ou dois motores (M1 e M2).

8.2 - Relés de Tempo

8.2.1 - RELÉS de Retardo na Energização (TRE) e de Retardo na Desenergização (TRD)

Um relé eletrônico do tipo TRE (retardo na energização) é aquele que ao ser energizado (bobina
A1-A2), não arma os seus contatos imediatamente. A partir daí, inicia-se a contagem do tempo t (tRE)
pré-selecionado na escala, após o qual o relé arma. As suas formas de onda (energização e resposta dos
contatos) podem ser vistas na Figura 8.2a.

217
Já um relé eletrônico do tipo TRD (retardo na desenergização) é aquele que ao ser energizado
(bobina A1-A2), arma seus contatos. Ao ser desenergizado inicia-se a contagem do tempo t (tRD) pré-
selecionado na escala, após o qual o relé desarma – veja a Figura 8.2b.

Figura 8.2 – Formas de onda de relés TRE (a) e TRD (b).

PROJETO 2

Projetar um sistema de acionamento onde sejam empregados os relés TRE ou TRD, para o controle de
dois motores de indução trifásicos, M1 e M2. Deverá ser utilizada uma lâmpada de sinalização L1, para
mostrar os dois motores funcionando juntos.

Figura 8.3 – Equipe trabalhando na montagem de um quadro de comando. Fonte:


http://picasaweb.google.com/lh/photo/GH31cKQaAzqUxzBiad8nDQ

218
Aula Prática 9 – Montagem de chave de partida manual e automática para um motor Dahlander
Aula MONTAGEM DE CHAVE DE PARTIDA MANUAL E
prática 9 AUTOMÁTICA PARA UM MOTOR DAHLANDER

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9.1 – Montagem

A Figura 9.1 apresenta os diagramas de carga e de comando para a partida manual do motor
Dahlander. Completar as ligações pendentes.

Figura 9.1 – Motor Dahlander – Diagramas de carga e de comando (modo manual).

219
9.1.1 – Montagem da chave de partida em modo manual

O motor Dahlander possui um enrolamento especial, com dois tipos de conexões, o que possibilita
alterar o número de polos. Daí é possível se obter duas velocidades distintas, sempre com relação 1:2, pois
a velocidade depende, além da frequência da fonte de alimentação CA, também do número de polos, pela
equação n = 120.f/p [RPM].

Exemplos: 4/2 polos (1800/3600 RPM); 8/4 polos (900/1800 RPM).

a) Com base nos diagramas da Figura 9.1, com as ligações pendentes completadas e conferidas, montar
primeiramente o diagrama de comando, para acionamento dos contatores K1, K2 e K3. Conferir a montagem
com o professor e energizar as ligações.

a.1) Qual é a sequência de acionamento dos contatores?

Fazer uma análise do diagrama de carga, sincronizado com o diagrama de comando. Responder:
a.2) Que contatores comandam o motor em baixa velocidade?

a.3) Quais são os contatores para comandar o motor em alta velocidade?

b) Montar o diagrama de comando, observando a conexão dos bornes do motor Dahlander, para baixa e
alta velocidade – Figura 9.2.

L1 L2 L3

Painel de ligações Painel de ligações


baixa rotação alta rotação
(v1) v2 = 2.v1

L1 L2 L3
Figura 9.2 – Ligações no painel de um motor Dahlander (baixa e alta velocidade).

c) Energizar a montagem após conferir as suas ligações.

d) Medir com um tacômetro digital as velocidades baixa e alta.

n1 = ______________ RPM.

n2 = ______________ RPM.

220
9.1.2 – Montagem da chave de partida em modo automático

a) Um diagrama de comando automático para o motor Dahlander é mostrado na Figura 9.3a (com conexões
pendentes). Analisar e completar estas ligações, bem como no diagrama de carga da Figura 9.3b (veja
novamente a Figura 9.2, conexões dos bornes).

(a) (b)
Figura 9.3 – Acionamento temporizado do motor Dahlander. (a) Diagrama de comando. (b) Diagrama de carga.

c) Montar o diagrama de comando, ajustando para o relé de tempo 10 segundos. Efetuar o teste do mesmo
após conferir as ligações.
d) Energizar o conjunto e verificar a variação da velocidade após a atuação do relé de tempo.

9.2 – Verificação do acionamento (comentários)

221
Aula Prática 10 – Montagem de chave de partida estrela-triângulo semi-automática
Aula MONTAGEM DE CHAVE DE PARTIDA
prática 10 ESTRELA-TRIÂNGULO SEMI-AUTOMÁTICA

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10.1 – Montagem

a) Montar, inicialmente, o diagrama da Figura 10.1a (diagrama de COMANDO).

Figura 10.1 – Partida Y- semi-automática. (a) Diagrama de comando. (b) Diagrama de Carga.

Ajustar para o relé de tempo um intervalo de 5 (cinco) segundos. VERIFICAR junto ao


professor/técnico responsável pelo laboratório se as conexões estão corretas e em seguida, energizar a
bancada.

b) Ao apertar a botoeira S1, o contator _____ é energizado inicialmente. Decorridos aproximadamente 10


segundos (tempo ajustado para o relé RT1), o que ocorre?

c) Após a verificação do diagrama de comando, montar o diagrama de CARGA (Figura 10.1b). Verificar
atentamente a numeração dos contatos de K1, K2 e K3, bem como dos terminais do MIT (motor de indução
trifásico).

222
10.2 – Verificação das tensões e correntes

Após a montagem e verificação, utilizar um VOLTÍMETRO para medir a tensão em uma das
bobinas do MIT, nas conexões em ESTRELA e em TRIÂNGULO, e um AMPERÍMETRO-ALICATE,
para medição da corrente de linha, seguindo o roteiro:

a) Medição das tensões da bobina do MIT

Na ligação em Y (estrela), os terminais 4, 5 e 6 do MIT são interligados, através do contator K2


(veja a Figura 10.1b e as Figuras 10.2a e 10.2b).

Figura 10.2 – Motor de 6 terminais (a): formação das conexões em estrela (b) e em triângulo (c).

Primeiramente, ajustar a chave do multímetro para leitura de TENSÃO CA, no maior calibre
(recomenda-se maior de 300 V).
Para a medição de VFN (tensão fase-neutro), um terminal do voltímetro deverá ser ligado em um
dos pontos de entrada da conexão Y (ponto 1, Figura 10.2b, por exemplo, para medição na bobina 1-4) e o
outro terminal no “ponto de neutro” – ponto 4, por exemplo.
Quando da mudança de conexão de Y para , a bobina 1-4 recebe a tensão de linha (fases R e S
conectadas, Figura 10.2c). Nesta conexão o voltímetro mede tensão de linha, VFF.

- Medições:

VFN (partida em estrela): ______ V. VFF = VL (conexão em triângulo): _____ V.

b) Medição das correntes do MIT


Através de um amperímetro alicate, com o calibre para medição de CORRENTE CA ajustado corretamente,
medir o valor de IL na partida. Esta corrente circula nos contatores K1 e K2 (veja as Figuras 10.3 e 10.4).

IK1 (partida em estrela): ______ A.

IK2 (em Y)

K2

Figura 10.3 – Correntes nos contatores, para partida do motor elétrico em Y.

223
IK1

VF em Y
e VL em 
v

IK2 (Y)
IK3 ()
Figura 10.4 – Representação do voltímetro para leitura da tensão de fase (na ligação em Y) e de linha
(na ligação em ). Representação do amperímetro alicate para leitura da corrente de linha.

- Conexão em Triângulo:

Nesta conexão estão acionados os contatores K1 IK3


e K3, como mostra a Figura 10.5. As bobinas do MIT
estão conectadas como mostra o esquema:

K3
Medições:
IK1 (): _______ A.
IK3 (Y): _______ A. Figura 10.5 – Correntes na conexão .

10.3 - Questões

a) Verificar e comparar (por escrito), através das medidas efetuadas, as relações entre as tensões e correntes
do MIT nas conexões estrela e triângulo.
b) Anotar os dados de placa do MIT utilizado para calcular as correntes dos contatores K1, K2 e K3. Adotar
a relação Ip/In igual a 8.

224
Aula Prática 11 – Chave de partida compensadora
Aula
prática 11 CHAVE DE PARTIDA COMPENSADORA

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11.1 – Montagem e verificação do acionamento

a) Montar inicialmente, o diagrama da Figura 11.1a (diagrama de COMANDO). Ajustar para o relé de
tempo um intervalo de 5 (cinco) segundos. VERIFICAR junto ao professor/técnico responsável pelo
laboratório se as conexões estão corretas e em seguida, energizar a bancada.

(a) (b)
Figura 11.1 – Partida com Chave Compensadora. (a) Diagrama de carga. (b) Diagrama de comando.

b) Verificar as medições da tensão e da corrente de linha, com K2 e K3 e somente com K1 atuando. Anotar
na Tabela 11.1.

Tabela 11.1 – Medidas das tensões e corrente de linha: chave de partida compensadora.
Tipo de operação VL (V) IL (A)
Operação compensada (K2 e K3)
Operação com tensão nominal (K1)

225
c) Cálculo da Potência do motor em W

De posse dos valores medidos da tensão e da corrente de linha, calcular a potência ativa do motor,
sendo conhecido o seu FP (fator de potência do motor, igual a cos , impresso na sua placa).
Verificar o FP impresso na placa do motor de indução utilizado: FP = cos  = _______ (nominal).
Cálculo:

P = S.cos  = VL.IL.cos  = __________________ = ________ W.

d) Medição da Potência do motor em W e comprovação do FP

O Wattímetro como instrumento de medição de potência ativa (kW) - é um instrumento de medição que
utiliza o princípio eletrodinamométrico. A bobina fixa ou de campo, é utilizada em série com a carga e a
bobina móvel ou de potencial, é utilizada em paralelo com a carga (Figura 11.2). O seu esquema interno é
visto na Figura 11.3.

Figura 11.2 – Ligação do wattímetro em um circuito.


Fonte: http://www.labspot.ufsc.br/circuitos1/aula07m.pdf

Figura 11.3 – Esquema interno (visão básica) do wattímetro.


Fonte: http://www.labspot.ufsc.br/circuitos1/aula07m.pdf

Com o MIT operando com tensão nominal, medir com o wattímetro a sua potência ativa.

Procedimento: ligar os cabos de tensão de dois dos terminais R-S-T aos terminais de linha do motor (ligação
da bobina de tensão, ver novamente a Figura 11.2). Para ligar a bobina de corrente do wattímetro, basta
abrir uma das fases do motor e conectar no lugar os terminais de corrente I3 – I4 ou I1 – I2.

A medida encontrada foi: Pmotor = _____________ W.


Daí, isola-se o fator de potência, cos , na equação Pmotor = VL.IL.cos 

226
Pmotor
FP = cos  = = ________
VL  I L

Figura 11.4 – Esquema da ligação de um wattímetro em um circuito indutivo (BOYLESTAD, 2012).

 Simulação: CADe_SIMU – Figura 11.5.

Figura 11.5 - Simulação de uma Chave Compensadora de um Motor Trifásico no software CADE Simu.
Fonte: http://saladaeletrica.blogspot.com/p/cade-simu_16.html (neste link se encontra um breve tutorial).

227
Aula Prática 12 – Motor monofásico – acionamento manual em 127 e em 220 V
Aula MOTOR MONOFÁSICO – ACIONAMENTO
prática 12 MANUAL EM 127 V E EM 220 V

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12.1 – Partida Manual com Chave Mecânica

O motor monofásico (MM) com 6 terminais, como mostra a Figura 12.1, pode ser alimentado
em 127 V ou em 220 V. Nesta figura se vê a ligação das bobinas – enrolamentos principal e auxiliar –
para a partida em 127 V.
A Figura 12.2 mostra o esquema para o acionamento de um motor monofásico em 127 V com
chave mecânica, S1. O motor recebe a energia elétrica diretamente da rede CA, através de S1.

Enrolamento
Principal

Figura 12.1. Figura 12.2.

12.2 – Parte Prática

Montar o esquema da Figura 12.1 e medir a tensão e a corrente nos terminais do MM - operação
em 127 V. Anotar as medidas na Tabela 12.1.

Tabela 12.1 – Medições de tensão e corrente no motor 1 em 127 V.


Modo de alimentação Tensão no motor: VFN (V) Corrente de alimentação: I (A)
Monofásico em 127 V

228
12.2.1 – Partida Manual com o uso do Contator

a) Montar, conferir e energizar o diagrama de comando do circuito da Figura 12.3.


b) Montar o diagrama de carga e medir novamente a tensão e a corrente indicadas.

Figura 12.3 – Diagramas de carga e de comando para acionamento de um MM em 127 V.

c) Como deve ser a ligação do MM no esquema da Figura 12.3 para que o mesmo seja alimentado
em 220 V? Com base na Fig. 12.4a, completar o esquema de ligação das bobinas do MM na Figura
12.4b, bem como o diagrama de carga, na Figura 12.5.

(a) (b)
Figura 12.4 – (a) MM, alimentação em 220 V. (b) Outro modo de ligação das bobinas do MM – circuito incompleto.

229
Figura 12.5 - MM – Esboço dos diagramas de comando e de carga (incompleto – ligar as linhas pendentes).

d) Seguindo o esquema da Figura 12.5, montar os diagramas de comando e de carga. Conferir a montagem
e energizar a bancada.

e) Medir novamente a corrente do MM.

Corrente de alimentação (efizaz) = ____________ A.

f) O que ocorre com a corrente do motor, desde a partida até a operação em regime permanente?

12.3 – Conclusões – Acionamento Manual do MM

230
Aula Prática 13 – Acionamento e reversão automática do motor monofásico
Aula ACIONAMENTO E REVERSÃO
prática 13 AUTOMÁTICA DO MOTOR MONOFÁSICO

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13.1 – Chave de partida do motor monofásico com reversão temporizada

A Figura 13.1 mostra os enrolamentos de um motor de indução monofásico (MM). Na Figura 13.2
é apresentado o diagrama de carga para o seu acionamento em 127 V (bobinas em paralelo).

Chave
centrífuga

Capacitor
de partida

Enrolamento Enrolamento
principal auxiliar
Figura 13.1 – Enrolamentos do motor 1.

a) desenhar as bobinas do MM em 127 V.

Figura 13.2 – Diagrama de carga


para reversão de rotação.

13.2 – Parte Prática: diagramas e verificações

Seja o diagrama de carga de um MM, visto na Figura 13.3a. O seu diagrama de comando para
reversão automática, mostrado na Figura 13.3b, permite que o motor seja ligado e funcione em 10 segundos

231
com rotação no sentido horário, parando em seguida. Após 10 segundos, o motor deve partir novamente,
invertendo a sua rotação.

Observar o uso de todos os contatos NA dos contatores K1, K2 e K3


no diagrama de carga (ligação dos borne 4 com o 5).

(a) (b)
Figura 13.3 – Motor Monofásico: (a) Diagrama de carga. (b) Diagrama de comando – reversão automática.

a) Descrever a sequência completa do acionamento do MM, de acordo com o esquema de diagrama de


comando apresentado.

e) Projetar um diagrama de acionamento para o diagrama de carga da Figura 13.3a, diferente do apresentado
na Figura 13.3b.

232
Aula Prática 14 – Chave de partida para MIT com enrolamentos separados (2 velocidades)
Aula CHAVE DE PARTIDA PARA MIT COM
prática 14 ENROLAMENTOS SEPARADOS (2 VELOCIDADES)

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14.1 – Montagem e verificação do acionamento

a) Montar os diagramas de carga e de comando das Figuras 14.1a e 14.1b.

(a) (b)
Figura 14.1. (a) Diagrama de carga e (b) diagrama de comando, manual.

14.2 – Operação e medições

a) Medir a rotação do MIT, com K1 acionado e em seguida com K2.

V1(K1) = _________ rpm. V2(K2) = _________ rpm.

233
b) É possível inserir outro relé de tempo para que o motor ligue novamente com velocidade v1? Caso
afirmativo, desenhar a alteração no diagrama de comando a seguir – Figura 14.2.

Figura 14.2.

c) Mostrar os sinais de atuação para os relés de tempo utilizados - item (a). Destacar qual contator é acionado
por cada relé de tempo.

234
Aula Prática 15 – Frenagem eletromagnética de MIT
Aula
prática 15 FRENAGEM ELETROMAGNÉTICA DE MIT

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15.1 – Introdução

Este método de partida permite a partida automática do MIT, a reversão do sentido de rotação e a
frenagem eletromagnética, através da corrente obtida de uma ponte retificadora. As Figuras 15.1 e 15.2
mostram, respectivamente, os diagramas de carga e de comando para esta montagem.

Figura 15.1 Figura 15.2.

15.2 – Operação do Sistema

O sistema funciona da seguinte forma: no diagrama de comando, ao apertar a botoeira b1, energiza-
se o contato c1. O motor está ligado e gira, por hipótese, no sentido anti-horário.
Uma observação importante: é imprescindível que o MIT esteja parado (eixo sem rotação), a fim
de que se dê a partida no sentido indicado pelo diagrama de comando, definido pela atuação dos contatores
de reversão, c1 e c2.

235
FRENAGEM DO MOTOR

Seja o MIT estando em rotação em um sentido ou outro, definido pela atuação de c1 ou c2 –


observe-se que as chaves c1 e c2 são intertravadas.
Ao apertar a botoeira b0, os contatores c1 e c2 são desenergizados. São energizados os contatores
c3 e c4. O MIT é então frenado. Os contatores c3 e c4 travam os contatores c1 e c2.

Observações sobre a frenagem eletromagnética:

236
Apêndice III – Identificação dos terminais das bobinas do motor monofásico
Apêndice IV– Identificação dos terminais das bobinas do motor monofásico

Placa com
A identificação dos terminais e bobinas de um motor dados
monofásico é uma tarefa simples. Primeiramente, basta nominais
do motor
consultar a placa do motor, fornecida pelo fabricante, como
mostra a Figura 1.
Se o motor não apresentar esta placa, é preciso
identificar estas bobinas, em um procedimento efetuado com
o uso de um multímetro, na função ohmímetro.

Figura 1.
- Identificação das bobinas do MI monofásico

O MI monofásico contém em sua caixa de ligações seis terminais, numerados conforme a regra
apresentada abaixo (GONZALES, 2011):
1 e 3, 2 e 4: identificam, respectivamente, o início e o final dos terminais das bobinas de trabalho
(enrolamento principal, ver a Figura 2);
5 e 6: identificam os terminais da bobina de partida (que contém ainda a chave centrífuga e o
capacitor de partida, Figura 2).

Figura 2 – Terminais do MI monofásico.

Os terminais dos MI monofásicos não são identificados da mesma forma pelos fabricantes. Pode
ocorrer uma numeração diferente para os enrolamentos principais, como mostra a Figura 3.

Figura 3 – Outra numeração dos terminais do motor monofásico.

237
Para identificar os terminais das bobinas, utilizar um multímetro e selecionar a função ohmímetro.
Seguir o roteiro:
1) retirar a tampa da caixa de ligações e a tampa do capacitor de partida;
2) colocar uma das pontas de prova em um dos terminais do capacitor, e medir com a outra um a
um os terminais do motor. Aquele terminal que apresentar continuidade, é o terminal 5 (veja
novamente os terminais previstos na Figura 2, sequências 135 e 246);
3) com o outro terminal do capacitor, repetir o procedimento anterior. O terminal do MI
monofásico que apresentar continuidade é o terminal de número 6;
4) para os terminais das bobinas de trabalho, testar os pares restantes; aqueles que apresentarem
continuidade definirão uma bobina;
5) como não se conhece a polaridade correta das bobinas de trabalho, deve-se numerá-las
intuitivamente: 1 e 2 para a primeira bobina e 3 e 4 para a segunda;
6) efetuar a ligação das bobinas para 220 V ou 127 V;
7) energizar o motor; caso não funcione de acordo, emitindo um ruído anormal, basta efetuar a
trocar dos terminais 2 e 4.
Feitos os testes e identificados os terminais do MM, as suas ligações são efetuadas levando em
conta que os enrolamentos tenham uma tensão menor ou igual à especificada na placa do motor.
O motor monofásico admite uma flexibilidade na tensão sobre os enrolamentos, podendo operar
com os valores de 110 V e 127 V, sem nenhum inconveniente.

238
Referências Bibliográficas

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BONARCORSO, Nelson Gauze. Automação Eletropneumática. 11ª ed. São Paulo: Érica, 2008.

BOYLESTAD, Robert A. Introdução à Análise de Circuitos. 8ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
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EDMINISTER, J. A. Circuitos Elétricos. 2ª ed. São Paulo: Ed. McGraw-Hill, 1985.

FRANCHI, Claiton Moro. Acionamentos Elétricos. 2ª. Ed. São Paulo: Ed. Érica, 2007.

FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY Jr., C. e UMANS, S. D. Máquinas Elétricas. 6ª ed. Porto Alegre:
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GUSSOW, Milton. Eletricidade Básica. 2ª. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

HENRIQUE, J. Comandos Elétricos. Apostila. Camaçari: CETEB-BA, 2008. Disponível em:


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MUSSOI, F., L., R. Sinais Senoidais: tensão e corrente alternadas. Apostila. 3ª ed. Florianópolis:
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NASCIMENTO Júnior, Geraldo C. Máquinas elétricas – Teoria e Ensaios. 2ª d. Revisada. São Paulo:
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O’MALLEY, John. Análise de Circuitos. 2ª. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.

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ZANCAN, M. D. Acionamentos Elétricos. Apostila. Santa Maria: UFSM – Colégio Técnico Industrial,
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ABMO - Contagem, 30 de dezembro de 2019.

240

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