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Texto extraído do Dicionário das Eleições. (SANTOS, Polianna Pereira dos. Qualidade da Democracia.
In: Cláudio André de Souza; Frederico Franco Alvim; Jaime Barreiros Neto; Humberto Dantas. (Org.).
Dicionário das Eleições. 1ed.Curitiba: Juruá, 2020, v. 1, p. 592-593.)
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Mestra em Direito Político (UFMG). Especialista em Ciências Penais (PUC MINAS). Membro-Fundadora
e Coordenadora Institucional da Academia Brasileiro de Direito Eleitoral e Política – ABRADEP.
Presidenta da Associação Visibilidade Feminina. Professora de Pós-Graduação em Direito Eleitoral na
PucMinas e no ILB.
respeito por liberdades civis e políticas, e a progressiva implementação de maior
igualdade política (social e econômica). Por fim, conectando as dimensões
procedimentais e substanciais, está a responsividade3.
Para os autores, nenhum regime pode ser considerado democrático a menos que
assegure a todos os adultos direitos de participação política, incluindo direito ao voto.
Para além de um critério mínimo de definição da democracia, destaca-se que maior é a
sua qualidade quanto maiores forem as garantias para a ampla participação popular,
incluindo, além do direito de voto, o direito de reunião, de protesto e de buscar por seus
interesses, participação em partidos políticos, de discussões públicas, demandando
prestação de contas de seus representantes, entre outros.
Veja-se, nesse aspecto, que o direito do voto para definição dos representantes é
requisito mínimo ou basilar para a democracia e primeiro passo para identificação sua
qualidade. Para dar suporte a esse requisito/dimensão da qualidade da democracia, a
cultura política exerce um papel muito importante, assim como a difusão da educação
básica e mesmo a alfabetização. Os autores destacam ainda uma forma comum de
subversão da participação, que passa pela apatia dos cidadãos, que duvidam da eficácia
dos mecanismos democráticos ou se tornam alienados do processo democrático como
resultado da baixa qualidade da democracia em outros aspectos – corrupção, por exemplo
(DIAMOND; MORLINO, 2004, p. 11).
Lauth esclarece que “a democracia é um construto social”, que, apesar das
diversas possibilidades, possui um núcleo normativo subjacente, qual seja, a soberania
popular (LAUTH, 2013, p. 117). A partir dessa compreensão, o autor discorre sobre a
necessidade de adotar regras pragmáticas para determinar a qualidade da democracia, e
afirma que a democracia é melhor entendida com bases em três dimensões: liberdade
política, igualdade política e controle político e judicial. Essas três dimensões coexistem
em permanente tensão, de forma que passa a ser importante trabalhar com a perspectiva
de limites que são continuamente redefinidos, sem a perda de identidade (LAUTH, 2013,
p. 124).
Alfredo Alejandro Gugliano pontua haver uma multiplicidade de conceitos de
qualidade de democracia, cita algumas classificações internacionais e traz ponderações
importantes sobre as críticas à metodologia das pesquisas, sobre a dificuldade para a
seleção e uso de indicadores e sobre a articulação entre os indicadores e seus referenciais
conceituais (GUGLIANO, 2013, p. 230-231).
Referências
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Sobre a correlação entre accountability e responsividade, Luis Felipe Miguel esclarece: “Os conceitos
sobrepõem-se, em parte, pois a sensibilidade dos representantes em relação às preferências dos
constituintes (‘responsividade’) é em grande medida derivada do poder que estes dispõem sobre o futuro
político daqueles (‘accountability’)”. (MIGUEL, 2009, p. 184)
http://cddrl.fsi.stanford.edu/publications/the_quality_of_democracy>. Acesso em:
30.05.2020.
GUGLIANO, Alfredo. Apontamentos sobre o conceito de qualidade da
democracia. Revista Debates, v. 7, n. 1, p. 229, 2013.
MOISÉS, José Álvaro. Cidadania, confiança e instituições democráticas. Lua Nova, São
Paulo, n. 65, p. 71-94, ago. 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
64452005000200004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 30.05.2020.