A Quaresma é um itinerário de purificação (sobretudo de ideias, comportamentos,
prejuízos, condicionalismos) para chegarmos aos frutos de Cristo Ressuscitado. Por isso, não se trata de uma simples preparação para a Festa, mas de uma verdadeira iniciação sacramental, isto, um caminho de fé, fundamentado na escuta da Palavra de Deus e dos sinais sacramentais, no contexto da assembleia litúrgica, que se articula em várias etapas, tendo em conta o testemunho do catecumenado no decorrer da história. Ao iniciar a Quaresma partilhamos um sinal comum, neste tempo forte da Igreja. Esta tradição remonta à Igreja primitiva como sinal de arrependimento e penitência pelos pecados. Desde o século XI, a Igreja de Roma impõe a cinza na cabeça no início deste tempo. A cinza era colocada na cabeça dos fiéis, não na fronte, e eram apresentados comunidade com um hábito penitencial para serem, depois, admitidos de novo na manhã de Quinta-Feira Santa, e assim participar no Tríduo Pascal. Depois do Vaticano II, acrescentou-se uma nova fórmula para este momento celebrativo: Convertei-vos e acreditai no Evangelho (cf. Mc 1, 15). Pode, no entanto, continuar a usar-se a fórmula tradicional: És pó e ao pó voltarás! (Gn 3, 19). Com a cabeça ‘acinzentada’, iniciamos este tempo quaresmal, que nos conduzirá até à sua limpeza, graças às águas batismais, que jorram de Cristo Ressuscitado! (E.V.A., MD 3, 2021).