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Guaratinguetá
2012
Feijoo, Gabriel Coelho
F297e Estudo do sistema elétrico em embarcações marítimas com propulsão
diesel-elétrica / Gabriel Coelho Feijoo – Guaratinguetá : [s.n], 2012.
70 f : il.
Bibliografia: f. 68-70
1. Navios I. Título
CDU 629.5
DADOS CURRICULARES
Agradeço a Deus e aos planos espirituais, presentes desde meu nascimento nesse mundo
pela minha vida e as pessoas presentes ao meu lado,
ao meu pai José Luiz, um dos meus pilares da vida, que sempre me deu a oportunidade
de crescer e evoluir, como um homem,
a minha mãe Sueli, meu segundo pilar que me ensinou que honestidade, integridade e
amor nos tornarão sempre os melhores,
aos meus irmãos Gustavo e Guilherme, fonte de companheirismo e irmandade. Sem
seus apoios eu não teria sido o mesmo,
ao meu orientador Prof. Dr. Daniel Sampaio, que me orientou não só nesse trabalho.
Sem sua dedicação não teria realizado importantes passos na minha vida,
ao Prof. Dr.Pedro Magalhães por todas as oportunidades,
aos meus amigos em especial Caio, Gustavo, Daniela e Luana, por tudo que fizeram
por mim, sempre serão lembrados e levados comigo,
aos todos os meus amigos da República D.V, que farão sempre parte da minha vida e da
minha família de coração,
a todos quem convivi no meu período na Alemanha, cada um teve uma participação
diferente e especial na minha vida e nunca serão esquecidos,
a todos meus colegas de sala e de trabalho por seus ensinamentos indiretos e diretos,
que sempre contribuíram para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo
começo, qualquer um pode começar agora e fazer um
novo fim".
Chico Xavier
FEIJÓO, G. C. Estudo do sistema elétrico em embarcações marítimas com propulsão
diesel-elétrica. 2012. 70 f. Trabalho de Graduação (Engenharia Mecânica) – Faculdade de
Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá,
2012.
RESUMO
A globalização cresce de forma agressiva, exigindo cada vez mais que produtos sejam
fabricados e entregues em diversos pontos do globo. Sendo assim, um sistema de transporte
eficiente e vigoroso é exigido. Existem diversas formas de se transportar um produto, porém
uma das formas mais utilizadas no mundo é a por transporte marítimo. Uma embarcação
marítima apresenta diversificadas estruturas de tamanho e funções. Para que esse sistema de
transporte tenha uma eficiência maior, alternativas devem ser usadas para que haja
importantes economias de energia. Comumente, um navio apresenta uma propulsão
puramente mecânica, entretanto o uso de propulsões alternativas, como a diesel-elétrica tem
crescido muito. Esse trabalho de graduação tem como foco principal demonstrar o
funcionamento de um sistema de propulsão diesel-elétrico, desde as características principais
de cada componente do sistema, bem como as análises e cálculos elétricos, mostrando as
vantagens em relação ao sistema de propulsão convencional a diesel.
ABSTRACT
The globalization is each day more aggressive and demanding even more that new products
be manufactured and therefore be delivered to many places in the globe. Thus, an efficient
and vigorous transport system is demanded. There are many ways to transport a product, but
one of the most used in the world is shipping. A marine vessel presents diversified structures
of size and functions. In order to this system has more efficiency, alternatives should be used
to obtain important energy savings. Usually, a vessel present a propulsion system purely
mechanical, therefore the use of alternatives propulsions, like diesel-electric, is increasing.
This graduation work has as main focus demonstrate the functioning of a diesel-electric
propulsion system, since the main characteristics of each component of the system, likewise
the analysis and electrical calculation, showing the advantages in relation to the conventional
diesel propulsion system.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................12
1.1 Justificativa ........................................................................................................................13
1.2 Estrutura do trabalho ..........................................................................................................13
1.3 Objetivo .............................................................................................................................14
2 MARINHA MERCANTE BRASILEIRA ...........................................................................15
2.1 História da Marinha Mercante ............................................................................................15
2.2 Ressurgimento da Marinha Mercante no Brasil ...................................................................16
2.3 Tipos de Embarcações ........................................................................................................17
2.4 Participantes do mercado de embarcações ..........................................................................21
3 EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS .......................................................................................22
3.1 Introdução ao sistema elétrico ............................................................................................22
3.2 Diagrama unifilar ...............................................................................................................22
3.3 Grupos geradores a diesel ...................................................................................................23
3.3.1 Motor Diesel ......................................................................................................................24
3.3.2 Geradores ...........................................................................................................................26
3.3.3 Aplicação de Geradores em Embarcações Marítimas ..........................................................30
3.4 Painéis elétricos .................................................................................................................31
3.4.1 Colunas e Gavetas ..............................................................................................................32
3.4.2 Barramento ........................................................................................................................33
3.4.3 Disjuntores de ligação entre barramentos (tiebreakers) .......................................................35
3.5 Sistemas de proteção de carga ............................................................................................35
3.5.1 Disjuntores .........................................................................................................................36
3.5.2 Fusível ...............................................................................................................................38
3.5.3 Relé ...................................................................................................................................38
3.5.4 Aterramento .......................................................................................................................39
3.6 Transformadores ................................................................................................................40
3.6.1 Transformador Ideal ...........................................................................................................40
3.6.2 Transformador com perdas .................................................................................................43
3.6.3 Rendimento de um transformador .......................................................................................43
3.6.4 Aplicação de Transformadores em Embarcações Marítimas ................................................44
3.7 Partidas de motores ............................................................................................................47
3.8 Retificadores ......................................................................................................................48
3.9 Inversores de frequência .....................................................................................................49
3.9.1 Conversores estáticos de frequência ...................................................................................50
3.9.2 Conversores de frequência com modulação por largura de pulsos .......................................50
3.9.3 Funcionamento do conversor de frequência ........................................................................52
3.9.4 Aplicabilidade em embarcações marítimas .........................................................................53
3.10 Sistema de propulsão ..........................................................................................................55
3.10.1 Propulsor de proa (Bow Thruster) .......................................................................................55
3.10.2 Propulsores de popa ...........................................................................................................57
4 EXEMPLO DE UM SISTEMA ELÉTRICO DE UM NAVIO DE RECUPERAÇÃO DE
ÓLEO DERRAMADO .....................................................................................................................61
5 COMPARAÇÃO ENTRE SISTEMA DE PROPULSÃO CONVENCIONAL E SISTEMA
DE PROPULSÃO DIESEL-ELÉTRICO ...........................................................................................62
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................67
REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................68
12
1 INTRODUÇÃO
Será mostrado que esse tipo de sistema apresenta um rendimento maior comparado à
propulsão convencional, além do fato de que em um sistema elétrico, todos os principais
equipamentos terão rendimentos maiores do que puramente mecânicos.
Pode-se ainda dizer que no sistema diesel-elétrico, o controle dos equipamentos
presentes é feito de maneira mais eficiente, desde a geração até o controle da rotação dos
motores.
Esse trabalho irá mostrar a maior parte de soluções existentes no mercado atual para um
sistema com propulsão diesel-elétrica com o detalhamento da função de cada equipamento
elétrico e o cálculo para o dimensionamento do sistema de proteção para esses equipamentos.
1.1 Justificativa
1.3 Objetivo
Esse trabalho tem como objetivo analisar a geração e a distribuição de energia dentro de
uma embarcação marítima com propulsão diesel-elétrica, bem como o cálculo do sistema
elétrico, suas proteções, acionamentos, e também descrição de todos os equipamentos que
fazem parte desse sistema elétrico, desde os geradores até os motores propulsores.
15
O Brasil apresenta uma costa marítima de cerca de oito mil e quinhentos quilômetros, o
que torna o país bastante dependente do mar. O país desenvolve intensa atividade pesqueira e
uma exploração de óleo e gás do fundo do mar, que tem grande participação de todas as
atividades marítimas brasileiras. “Cerca de 95% do volume de exportações e importações
brasileiras, superior a US$ 160 bilhões, são transportados em navios, por todos os oceanos do
planeta.” (BRASIL, 2005).
Essas características poderiam ser um forte indicador do país ser uma potência mundial
na área de Marinha Mercante. Esse cenário era real, nas décadas de 1970 e 1980, quando o
país foi o segundo maior construtor naval do mundo (perdendo apenas para o Japão) e navios
de bandeira brasileira correspondiam a aproximadamente 90% do comércio exterior.
Após esse período áureo da Marinha Mercante, na década de 90, a frota nacional
reduziu-se drasticamente, tornando a pior fase da Marinha Mercante brasileira. Grandes
companhias faliram, estaleiros foram fechados, parando assim a fabricação de novas
embarcações, e no fim tudo que foi investido durante anos foi perdido.
Porém, esse período já faz parte do passado. Apesar de atualmente, “os navios de
bandeira brasileira respondem por menos de 4% de nosso comércio exterior.” (BRASIL,
2005), fazendo com que o Brasil pague frete em 96% das mercadorias brasileiras. Mas esse
cenário irá mudar, nos últimos dez anos, uma das maiores preocupações do governo brasileiro
é a de recuperar o poder no setor naval, o que levou a implantação de diversas ações para
garantir um novo início para um país com clara vocação marítima.
Inclua a isso o fato que tais gastos com fretamento aumentam ainda mais o déficit na
conta do balanço de pagamentos com o exterior e ainda, o valor do frete tem participação
direta na competitividade dos produtos brasileiros nas exportações.
A expansão da infraestrutura logística e de transportes traz a tona o tema da recuperação
do setor naval. A conquista de novos mercados e o aumento nas nossas vendas externas indica
que é necessário construirmos novas embarcações com bandeira brasileira. Soma-se a isso um
poderoso item: o petróleo. Desde o inicio do novo milênio o Brasil se tornou uma potencia
mundial em todos os processos que envolvam o petróleo, desde a extração até a distribuição,
com o qual aqueceu a indústria brasileira, trazendo assim a reativação de vários estaleiros.
Com essa reativação de estaleiros, e a construção de novos, a crescente exploração de
petróleo força a construção de novas embarcações, mais modernas, e a renovação da frota
existente que esta em condições não adequadas de uso. Grandes armadores, como a
17
Transpetro (maior armador do país), e novos armadores requerem uma demanda maior de
embarcações.
Uma das maneiras encontradas para atender essa demanda é o Fundo da Marinha
Mercante (FMM), que junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) concede linha
de crédito aos armadores para a construção de novas embarcações, a juros menores, com o
propósito de incentivar essa renovação na indústria naval. Porém, esse crédito é concedido
somente se na construção das embarcações 65% do conteúdo da embarcação seja local, ou
seja, construído no Brasil.
Nesse cenário, pode-se dizer que, a Petrobrás é a maior responsável por essa
revitalização no setor marítimo, por causa da grande encomenda de plataformas e de navios
de apoio à plataforma offshore.
O número de encomendas no setor é exorbitante, o que indica ainda mais que a Marinha
Mercante brasileira irá ressurgir, os primeiros passos foram dados, e a demanda requer que o
cenário mude. Somente o tempo nos dirá se isso irá realmente acontecer, mas tudo indica que
o Brasil voltará a ser uma potência no setor marítimo.
Os navios de apoio à plataforma, mais conhecidos pela sigla do seu nome em inglês
(PSV), são os navios que atualmente tem a maior carteira de pedidos no Brasil. Isso acontece
devido ao grande motivo do ressurgimento da indústria naval brasileira, a exploração do
petróleo.
Apesar de ser uma classificação um pouco genérica, devido ao fato de que existem
outros tipos de embarcações que oferecem o apoio às plataformas de exploração, o PSV é o
mais utilizado, podendo ter variações conforme a necessidade da plataforma.
Apresentam tamanhos que variam de 20 a 100 metros de comprimento e é responsável
pelo transporte de suprimentos para a plataforma, como por exemplo, combustível diesel,
18
água (potável e não potável), produtos químicos usados na perfuração, entre outros. É também
responsável pelo retorno de outras cargas de volta ao continente.
A Figura 1 apresenta um navio de apoio à plataforma:
Os navios conhecidos como AHTS, são construídos também com a finalidade de apoiar
as plataformas de exploração de petróleo, porém essas embarcações tem papel maior no
apoio.
O AHTS é uma embarcação maior, de 100 a 140 metros, que possui potência em seus
motores significativamente maior do que os outros tipos de embarcações de apoio. Isso pelo
fato de que o AHTS tem três funções principais, que são: manuseio de âncoras das
plataformas, rebocá-las para a posição correta e ancorar as mesmas na localização exata para a
exploração do petróleo.
As embarcações AHTS apresentam diversos equipamentos diferenciados para esses
propósitos e ainda apresenta sua popa aberta para permitir a docagem das âncoras.
A Figura 3 exibe um navio de apoio ao manuseio de âncora e reboque:
O FPSO é preferível em relação a linhas de distribuição por tubos, pois seu custo é
menor e não requer toda a infraestrutura envolvida na construção dessas linhas. Além disso, o
FPSO tem a capacidade de processar o petróleo trazendo certa economia no tempo do
processo total de exploração e produção de produtos derivados do petróleo.
A Figura 4 apresenta um exemplo de um FPSO:
Existem diversos outros tipos de embarcações além dos apresentados. A seguir outros
tipos que são facilmente encontrados:
¾ Pipelay Vessel: Responsável pela construção da infraestrutura submarina de
conexões de tubos para a distribuição de petróleo entre plataforma e embarcações;
¾ Sheerleg: Embarcação que apresenta guindastes em sua estrutura que servem para
facilitar na construção de estruturas navais, como plataformas de exploração de
petróleo;
¾ Empurradores fluviais: Encontrados nos rios de bacias como a do Amazonas e do
Paraná, são embarcações pequenas que empurram balsas para o transporte de
grãos, minério de ferro e outras matérias primas;
¾ Rebocadores: Praticamente do mesmo porte que os empurradores, porem com o
propósito de puxar embarcações maiores por caminhos tortuosos ou para rebocá-los
para uma posição desejada em um porto.
21
3 EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
“Filho de alemães e nascido na França, Rudolph Diesel registrou a patente do seu motor
de combustão interna em 1893” (CAPELLI, 2007)
Quando criado por Rudolph Diesel, o motor a diesel funcionava com carvão
pulverizado como combustível. “Somente em 1912 outro francês que se chamava L’Orange
desenvolveu o motor diesel como conhecemos hoje, isto é, com quatro cilindros (no mínimo);
injeção direta de combustível e óleo diesel no lugar de carvão.” (CAPELLI, 2007).
O motor diesel é considerado um Motor de Ignição Espontânea (MIE), ou seja, para que
o motor funcione não é necessário que haja uma faísca em seu sistema, isso se deve ao fato do
óleo combustível ser injetado nos cilindros a alta pressão, o que leva o óleo a atingir altas
temperaturas e consequentemente, detonação.
O motor a diesel é um motor de quatro tempos, ou seja, em um ciclo de rotação do
motor, todo o processo se passa por quatro momentos (ou tempos). Os quatro tempos de um
motor a diesel são: Admissão, Compressão, Expansão e Exaustão.
25
3.3.2 Geradores
“Qualquer condutor, quando percorrido por uma corrente elétrica, gera ao seu redor um
campo eletromagnético. Se esse condutor estiver dentro de um campo magnético uniforme, o
campo ao seu redor empurra o campo formado pelos ímãs. O resultado é o surgimento de uma
27
x Efeito Motor:
- Aplica-se uma corrente elétrica na armadura;
- Um campo eletromagnético é gerado em volta da armadura;
- Esse campo interagirá com o campo eletromagnético já existente dos pólos
magnéticos;
- Essa armadura ganhará uma rotação;
- Assim o sistema gera energia mecânica, e finalmente tem-se o efeito motor no sistema.
x Efeito Gerador:
- Aplica-se uma rotação na armadura através de meios externos, como por exemplo, um
motor a diesel;
- Essa rotação fará com que o fluxo magnético que passa por dentro da armadura varie;
- Essa variação resulta na geração de uma corrente elétrica na armadura, que pode ser
conectada a uma rede elétrica;
- Esse sistema tornasse um gerador, causando o efeito gerador.
“O inglês Michael Faraday, em 1831, e o alemão H. F. E. Lenz, em 1834, estabeleceram
as primeiras equações da força eletromotriz em um condutor quando submetido a uma
variação do campo magnético” (CAPELLI, 2007).
28
(1)
Onde:
F = Força Eletromotriz [N];
ß = Densidade do Campo Magnético [Weber/m²];
I = Corrente Elétrica pelo Condutor [A];
l = Comprimento do Condutor [m].
Pode-se determinar de maneira muito simples a direção de cada grandeza, através da
regra da mão direito da Fleming, onde o dedo indicador é o fluxo magnético, o dedo médio é
o sentido da corrente e o polegar será o sentido do movimento.
Aprofundando ainda mais os equacionamentos, Faraday chegou ao valor da tensão
induzida (e), que é dado pela equação (2):
(2)
ou
(3)
Onde:
e = Tensão Induzida Instantânea [V];
Φ = Intensidade de Fluxo [Webers]
ß = Densidade do Campo Magnético [Weber/m²];
V = Velocidade do Condutor [m/s];
l = Comprimento do Condutor [m].
Sabe-se que é de suma importância que seja conhecido o comportamento da corrente e
da tensão dentro de um gerador.
Da equação de Faraday, pode-se observar que a tensão em um gerador é dada pela
derivada negativa do fluxo no tempo, ou seja, a tensão é dada pela variação do fluxo no
tempo.
29
Com esse conceito, pode-se chegar à conclusão que o ponto de maior variação de fluxo
magnético na armadura, de maior tensão, é quando ela está paralela às linhas do campo
magnético, pois é a maior variação de fluxo dentro da armadura e, do mesmo modo, a menor
variação (menor tensão) ocorre quando a armadura estiver perpendicular às linhas magnéticas.
A partir desse entendimento é possível saber o comportamento da tensão e da corrente
no gerador.
Analisando o gráfico senoidal da Figura 12:
No eixo das abscissas está o ângulo entre a armadura central e os pólos do gerador e no
eixo das ordenadas, o valor da tensão em um caso hipotético. Quando a armadura e as linhas
magnéticas estão perpendiculares, o valor da tensão é zero e quando a armadura está paralela,
a tensão apresenta o maior valor. A senóide apresenta parte negativa devido aos pólos
magnéticos, pois os pólos de excitação do gerador estão sempre na mesma direção e os pólos
da armadura alternam de acordo com a rotação da mesma.
Para concluir o entendimento sobre geradores, deve-se conhecer como esses geradores
são construídos na prática, como eles são construídos de maneira que a teoria posso ser levada
a pratica.
Os geradores são construídos, com duas partes principais: o estator, onde os
enrolamentos são fixos e o rotor, que é a parte móvel do gerador.
“Estator é a parte de um motor ou gerador elétrico que se mantém fixo à carcaça e tem
por função conduzir o fluxo magnético, nos motores para rotacionar e nos geradores para
transformar a energia cinética do induzido. É formado basicamente por ferro tratado
termicamente e dotado de ranhuras (também chamados de canais) no seu interior onde são
alojadas as bobinas, e na sua face externa observa-se que possui aletas para melhor dissipação
do calor” (WIKIPEDIA, 2012).
30
“O rotor é formado por um eixo que suporta um conjunto de bobinas enroladas sobre
um núcleo magnético que pode girar dentro de um campo magnético criado tanto por um imã
ou pela passagem por outro conjunto de bobinas, enroladas sobre umas peças polares, que
permanecem estáticas e que constituem o que se denomina estator de uma corrente contínua
ou alternada, dependendo do tipo de máquina do qual se trate.” (WIKIPEDIA, 2012).
Os geradores, assim como os motores podem ter 2, 3, 4, 6, 8, 10 ou 12 pólos
magnéticos. A equação (4), relaciona a frequência, número de pólos e rotação da máquina:
(4)
Onde:
f = a frequência em Hz
p = número de pólos
n = rotação [rpm]
A Figura 13 mostra um rotor e um estator em um gerador construído:
Em um AHTS, que é uma embarcação maior, o sistema apresenta seis geradores, com
potências que variam de 1800 kVA até 2500 kVA.
Esses geradores raramente atuam simultaneamente, eles geralmente ficam dispostos em
barramentos diferentes, por exemplo, em um PSV, os geradores são dispostos de dois em
dois, assim eles não se sobrecarregam e conseguem gerar a carga necessária para que o navio
seja impulsionado pelos motores.
Outro ponto importante dos geradores ficarem dispostos dessa maneira é a eficiência
energética que isso trás, pois os geradores não precisam atuar com carga máxima,
economizando energia e reduzindo perdas.
Como dito, a disposição, quantidade e potência dos geradores dependem da aplicação
que lhe será designada, ficando na grande maioria das vezes de acordo com o critério do
projetista da embarcação, que definirá os fatores através da aplicação da embarcação.
Como visto, os geradores são responsáveis pela geração da energia elétrica no sistema
elétrico dentro da embarcação marítima.
Essa energia gerada deve ser distribuída por toda a embarcação, com todas as proteções
necessárias, para que todos os equipamentos elétricos, desde uma simples lâmpada até os
motores de propulsão, recebam a energia necessária para seu funcionamento correto.
Para que essa distribuição seja de forma organizada e protegida, os painéis elétricos
foram idealizados para que esse processo seja feito de maneira precisa, controlada e viável.
Um painel elétrico funciona basicamente como um armário, apresenta uma estrutura
externa metálica e seu interior preenchido com componentes elétricos para o controle da
geração e da distribuição de energia, acionamentos elétricos para motores e alimentação para
transformadores, inversores e painéis auxiliares.
Os painéis são utilizados em grande parte dos sistemas elétricos, desde uma instalação
domiciliar até aplicações em grandes indústrias. A área marítima apresenta painéis de média
tensão, de 13,8 kV até 6,6 kV e de baixa tensão de 690 V até 127 V. Dependendo do
entendimento de projetistas, esses valores podem variar, mas o mais usuais são os
considerados acima.
Um exemplo de painel elétrico pode ser observado na Figura 14:
32
As vantagens da utilização de painéis nos sistemas elétricos são diversas, mas podem-se
citar as seguintes vantagens:
x Economia de espaço, instalação, operação e manutenção:
Espaço: devido sua estrutura ser única e reduzida, aproveita-se muito bem os espaços
dentro do painel;
Instalação: os painéis já vêm prontos dos fornecedores sendo necessário somente o
posicionamento dos mesmos nas embarcações e subsequente instalação dos cabos para o
sistema elétrico a ser alimentado;
Operação: apresenta visores e sistemas de fácil observação e manuseio, tornando a
operação e supervisão dos painéis muito fácil e simples;
Manutenção: dependendo do fabricante de painéis, a qualidade do mesmo é tão grande e
precisa que na grande maioria das vezes, a manutenção é simples e barata, sendo que muitas
vezes o próprio operador pode realizar as manutenções nos equipamentos.
x Segurança operacional e pessoal:
Devido aos diversos sistemas de proteção dos equipamentos e do próprio painel, eles
são produzidos para trazer a máxima segurança para os operadores e para o sistema elétrico.
x Qualidade
Apresentam qualidade e tecnologia inquestionáveis para um melhor desempenho e
ergonomia para os sistemas elétricos a serem utilizados.
3.4.2 Barramento
Os geradores são conectados aos painéis, que no seu interior apresentam barramentos
para a entrada de energia dos geradores e a saída para os equipamentos a serem distribuída a
energia. Mas essas entradas comumente não são feitas por apenas um barramento, devido ao
excesso de carga sobre o mesmo e também pela falta de necessidade de um barramento para
essa situação.
Por isso, são construídos dentro dos painéis mais de um barramento, de 2 a 5 barras para
apenas uma embarcação. Levando à necessidade de uma ligação entre esses barramentos, que
são conhecidos do inglês como tiebreakers, ou disjuntores de ligação entre barramentos.
O tiebreaker apresenta características importantíssimas para o funcionamento correto
das embarcações. Eles geralmente são alocados em uma coluna inteira, variando de acordo
com a potência da embarcação.
Um tiebreaker tem a função de separar os barramentos devido ao número de entradas de
geradores no sistema ao todo, por exemplo, um PSV apresenta geralmente quatro geradores
principais, esses geradores são alocados com duas entradas em cada barramento. Isso se deve
ao fato que o navio não atua em plena carga por toda a sua operação, não necessitando de
potência total de seus geradores e assim o nível de curto-circuito em cada barramento fica em
valores aceitáveis e passiveis de serem produzidos pelos fabricantes.
Soma-se a isso o fato de que para proteger o sistema ao todo, se ocorre uma falha em
um dos barramentos, o tiebreaker isola essa região, protegendo o resto do sistema e tornando
possível o uso dos equipamentos do outro barramento que apresentam boas condições de uso.
3.5.1 Disjuntores
- os disjuntores abertos (ou “de força”) que possuem todas as partes componentes
montadas em uma estrutura geralmente metálica, aberta;
- os disjuntores em caixa moldada que são montados em uma caixa de material isolante
que suporta e encerra todas as partes componentes.
Os disjuntores abertos são geralmente tripolares de corrente nominal acima de 200 A,
com acionamento manual ou motorizado, podendo ser equipados com:
- disparadores de sobrecorrente eletromagnéticos, instantâneos ou com retardo
definidos, para proteção contra sobrecargas e contra curtos-circuitos;
- disparadores térmicos de sobrecarga;
- disparadores de subtensão.
São utilizados para proteção e manobra de circuitos de distribuição principais (de porte)
e para proteção de alternadores, transformadores, capacitores etc., montados em subestações,
cabinas ou quadros de distribuição de grande porte.
Os disjuntores de caixa moldada, de construção compacta, podem ser unipolares,
bipolares ou tripolares, geralmente com acionamento manual, podendo ser equipados com:
- disparadores de sobrecorrente eletromagnéticos, instantâneos ou com retardo definido,
para proteção contra curtos-circuitos;
- disparadores térmicos de sobrecarga;
- disparadores de subtensão.
São geralmente utilizados para proteção e manobra de circuitos de distribuição e
terminais, montados em quadros de distribuição padronizados.
Os disjuntores equipados com disparadores térmicos e eletromagnéticos são chamados
de disjuntores termomagnéticos, sendo geralmente em caixa moldada. Os disjuntores em
caixa moldada equipados apenas com disparadores eletromagnéticos para proteção contra
curtos-circuitos são chamados de disjuntores apenas magnéticos (da designação norte-
americana “magnetic-onlybreaker”).
Muito embora os disjuntores sejam sempre dispositivos automáticos, a norma NBR
5361 refere-se a “disjuntor de baixa tensão não automático”. Trata-se de uma impropriedade
derivada do termo norte-americano “non-automaticbreaker”, servindo para designar um
disjuntor em caixa moldada desprovido de disparadores; melhor seria chamá-lo de “chave de
caixa moldada”.
A NB 5361 define a estrutura (de um disjuntor de baixa tensão) como sendo a parte do
disjuntor quando são excluídos os disparadores-série, os terminais e os (eventuais) acessórios.
A Figura 15 apresenta exemplos desses disjuntores:
38
3.5.2 Fusível
3.5.3 Relé
satisfeitas nos circuitos de entrada que controlam o dispositivo. É importante observar que a
definição aplica-se aos relés elétricos de qualquer tipo e para qualquer finalidade, no sentido
elementar, isto é, com apenas uma função lógica entre os circuitos de entrada e os circuitos de
saída, incluindo todos os elementos adicionais necessários ao seu perfeito funcionamento
específico. Os relés são associados eletricamente aos disjuntores ou contatores, provocando
sua abertura quando da detecção de alguma condição anormal (sobrecorrente, subtensão,
desequilíbrios etc.).
Não se deve confundir relé com disparador. Muito embora ambos possam funcionar sob
o mesmo princípio e realizar funções análogas, o relé é associado eletricamente ao dispositivo
de manobra, ao passo que o disparador é associado mecanicamente ao disposto.
Alguns tipos de relés podem ser: Relé eletromecânico, relé estático, relé de medição,
relé térmico etc..
3.5.4 Aterramento
A terra, isto é, o solo pode ser considerado como um condutor através do qual a corrente
elétrica pode fluir, difundindo-se. Observe que são considerados “bons condutores” solos com
resistividades na faixa de 50 a 100 Ωm (apenas como comparação, a resistividade do cobre é
da ordem de 17 x 10-7 Ωm).
Chama-se aterramento a ligação intencional com a terra, que pode ser realizada
utilizando apenas os condutores elétricos necessários – é o aterramento direto – ou através da
inserção (intencional) de um resistor ou reato, introduzindo uma impedância no caminho da
corrente.
Nas instalações elétricas, são considerados dois tipos de aterramento:
- o aterramento funcional, que consiste na ligação à terra de um dos condutores do
sistema, geralmente o neutro, e está relacionado com o funcionamento correto, seguro e
confiável da instalação;
- o aterramento de proteção, que consiste na ligação à terra das massas e dos elementos
condutores estranhos instalação, visando à proteção contra choques elétricos por contato
indireto.
Dentro de determinadas condições pode-se ter, numa instalação, um aterramento
(combinado) funcional e de proteção.
40
Pode-se falar também no aterramento de trabalho, cujo objetivo é permitir ações seguras
de manutenção em partes da instalação normalmente sobtensão, postas fora de serviço, para
esse fim. Trata-se de um aterramento logicamente provisório.
O eletrodo de aterramento é o condutor ou o conjunto de condutores que enterrado(s) no
solo e eletricamente ligado(s) a terra para fazer um aterramento. O termo tanto se aplica a uma
simples haste enterrada, como a várias hastes enterradas e interligadas e a diversos outros
tipos de condutores em diversas configurações.
3.6 Transformadores
Para que um transformador seja considerado ideal, algumas premissas devem ser
levadas em consideração:
O fluxo magnético deve estar apenas presente no núcleo e envolver os dois
enrolamentos somente;
41
, tem-se:
(5)
(6)
(7)
Ou seja, as tensões estão entre si na relação direta do numero das espiras dos respectivos
O fato de se colocar a carga no secundário fará aparecer uma corrente I2 tal que:
42
(8)
(9)
Assim:
(10)
Assim:
(14)
Sabendo-se que:
(15)
43
(16)
(17)
E finalmente:
(18)
(19)
(20)
44
(21)
A potência desses transformadores pode variar desde 4000 kVA (embarcações como um
AHTS) até 100 kVA (transformadores de 440 V para 230 V).
Pode-se observar através da Figura 5 também, que acima dos motores de propulsão
existem dois equipamentos ligados. Um é o inversor de frequência, que será detalhado em um
momento futuro e acima dele esta um transformador.
Observa-se que esse transformador apresenta uma característica diferente, ele apresenta
um círculo acima (primário) e dois círculos abaixo (secundários). Nem sempre o secundário
será duplo, ele pode ser um único secundário ou apresentar três secundários na saída para o
inversor.
E explicação para o porquê de se utilizar mais de um secundário é possível após uma
explicação do que é distorção harmônica em corrente alternada.
“Uma tensão ou corrente harmônica pode ser definida como um sinal senoidal cuja
frequência é múltiplo inteiro da frequência fundamental do sinal de alimentação.
A forma de onda da tensão ou de corrente em um dado ponto de uma instalação pode ter
o aspecto do sinal T que está mostrado na Figura 18 (onda deformada). Observando essa
situação, vemos que o sinal T é a soma ponto a ponto dos sinais 1 a 5 formados por senóides
perfeitas de amplitudes e frequências diferentes, chamadas de harmônicas.” (PROCOBRE,
2001).
Esses transformadores são utilizados com diversas potencias que variam de 1000 kVA
até 4000 kVA.
Vale a ressalva que não são todas embarcações que utilizam esses transformadores para
a propulsão, pois depende da maneira que o projetista pensou na alimentação dos propulsores
que podem ser com inversores, soft-starters ou partidas compensadas.
grandes, pois cada vez que o motor é acionado, o sistema apresenta uma corrente de pico, que
em motores menores é aceitável, porém para motores maiores, essa corrente pode danificar o
sistema e o acionamento.
- Partida suave ou soft-starter:
A partida suave é uma partida muito utilizada quando se deseja que essa corrente de
pico não apareça no sistema. É um acionamento caro em relação aos demais, porém é
utilizada em muitos casos, principalmente em motores grandes.
Ela só não é a mais utilizada, pois ela não apresenta um controle de corrente para que o
motor funcione com menos ou mais potência, ou seja, para que rotacione com mais ou menor
velocidade, para casos que exijam um controle de rotação, deve ser utilizado um inversor de
frequência, que apresenta a melhor solução para esses casos, tendo como principal
aplicabilidade nos motores de propulsão.
3.8 Retificadores
O retificador é um equipamento que tem como objetivo fazer com que a corrente
alternada seja constante ou transformada em corrente contínua. Existem três tipos principais
de retificadores:
- Retificador de meia-onda;
- Retificador de onda completa com terminal central;
- Retificador de onda completa em ponte.
Os retificadores podem ser controlados ou não controlados e ainda podem ser
monofásicos ou trifásicos.
Esses equipamentos estão contidos na área de eletrônica de potência e com isso os
dispositivos presentes neles são diodos e tiristores, que combinados alcançam essa
transformação da corrente em corrente contínua.
A aplicação para esses retificadores são diversas e nas embarcações marítimas, eles são
utilizados para levar corrente contínua para os inversores que alimentarão os motores de
propulsão.
Os mais utilizados são os de seis pulsos, doze pulsos ou de 24 pulsos. Abaixo será
demonstrada uma pequena explicação de como funciona um retificador trifásico de onda
completa em ponte de seis pulsos, com base em Ahmed, 2000.
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Figura 20 - Diagrama do circuito retificador de onda completa em seis pulsos (Ahmed, 2000)
isso, varia-se a velocidade de rotação do rotor da maneira que for desejada. O inversor numa
embarcação marítima é usado para o controle dos motores de propulsão do navio.
A seguir será demonstrado, em três subtítulos, como é o funcionamento de um inversor
de frequência, sendo que seu conteúdo foi retirado como base de CENATEC, 2009.
(22)
(23)
Onde:
- = Fluxo de Magnetização;
- = Corrente do rotor;
- = Tensão de estator;
- = Frequência da rede.
Para possibilitar a operação do motor com conjugado constante para diferentes
velocidades, deve-se fazer variar a tensão V1 proporcionalmente com a variação da frequência
f1 mantendo-se forma o fluxo constante.
O circuito de controle é responsável pela geração dos pulsos para condução dos
transistores, monitoração e proteção dos componentes de potência, interpretação dos
comandos externos, proteção e segurança.
Pode-se notar então, que o conjugado permanece constante até a frequência nominal e,
desta forma, começa a decrescer. A potência de saída do conversor de frequência comporta-se
da mesma forma que a variação U/f, ou seja, cresce linearmente até a frequência nominal
permanecer constante acima desta.
53
exigido do mesmo. Eles na maioria dos casos são construídos para operar na tensão principal
da embarcação, geralmente 690 V para PSVs.
Esses motores elétricos são alimentados na maioria das vezes por inversores de
frequência, porem como não apresentam uma potência tão elevada quanto os motores de
propulsão principal, podem ser alimentados através de outros acionamentos, os mais
utilizados são partidas suaves ou partidas compensadas.
Como dito, os motores se localizam acima das hélices de propulsão e estão ligados aos
mesmos através de acoplamentos mecânicos, para que a rotação do motor seja transferida de
um eixo vertical para um eixo horizontal e assim as hélices podem girar de acordo com o
requisitado pela embarcação.
Como pode ser observado, o propulsor azimutal apresenta três áreas principais: sala do
propulsor, módulo azimutal e o módulo de propulsão.
Como o sistema apresenta dois conjuntos de hélices, a eficiência é muito maior que
qualquer outro tipo de sistema propulsor e com isso o esforço mecânico em cada hélice é
muito menor do que se fosse apenas um sistema de hélices.
O motor elétrico nesse sistema é posicionado horizontalmente, na sala de propulsão e
através de acoplamentos mecânicos a rotação no motor elétrico é transmitida para as hélices
do navio, para que o impulsionamento possa ser realizado.
60
Os motores para a propulsão de popa são motores robustos que apresentam potências
bem variadas, que podem partir de 1500 kW até potências grandes como 7500 kW. Isso
sempre dependerá do tamanho do navio e aplicação do mesmo. A tensão para esses motores é
a tensão principal, que para PSVs fica em 690 V, porém para AHTS (que são maiores) essa
tensão pode ser em média tensão, até 6600 V.
Nos propulsores de popa existem ainda dois tipos de construção de hélices. A seguir é
comentado como funciona cada sistema.
O Propulsor de Passo Fixo (do inglês, Fixed Pitch Propeller) mais conhecido como FPP
apresenta um passo de hélice constante, ou seja, a forma construtiva da hélice do propulsor
será sempre a mesma, sendo que a força e velocidade de propulsão só pode ser modificada
através do controle feito pelo inversor de frequência que alimenta o motor principal para a
propulsão.
Já o Propulsor de Passo Controlável (do inglês, Controlled Pitch Propeller) conhecido
como CPP, apresenta um passo de hélice variável. Esse passo é controlado através de motores
elétricos presentes em cada pá da hélice que torna possível a rotação da pá da hélice, com o
objetivo de se ter mais torque ou menos torque na rotação do conjunto.
O CPP é muito utilizado por muitos fabricantes, porém o FPP ainda é preferível dentro
da indústria naval pela menor complexidade, sendo que apesar de ser mais simples, é capaz de
desempenhar a função de maneira eficiente.
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Para que a teoria possa ser visualizada, a seguir será demonstrado como se pode calcular
o sistema de proteção de um sistema elétrico de uma embarcação Oil Spill Recovery Vessel,
cujo projeto é real e com produção sendo realizada.
Primeiramente para o projeto ser feito deve-se saber qual será a função da embarcação.
Nesse estudo, foi considerado um navio de recuperação de óleo derramado, ou do inglês
OSRV.
Depois de ser estipulada a finalidade do navio, todos os equipamentos dentro do navio
devem ser dimensionados de maneira a atender todas as necessidades da embarcação.
Nesse passo, os principais consumidores de energia são os motores azimutais (motores
de popa), os motores de proa (motores de proa) e os transformadores de distribuição, que pode
ser considerado um consumidor, pois leva energia do painel principal para os painéis
auxiliares.
Determinado os equipamentos da embarcação, o próximo passo é o dimensionamento
dos grupos moto-geradores. Esses grupos devem ser pensados não somente na potência dos
mesmos, mas também a quantidade, pois somente um gerador com uma potência muito
grande teria um custo muito grande que inviabilizaria o projeto.
Considera-se ainda que um sistema de controle de energia deve ser instalado dentro do
navio, de maneira a dispor da melhor maneira possível como a energia será distribuída no
navio, portanto, não é necessário que a soma das potências dos geradores seja igual à soma
das potências dos consumidores, visto o fato de que os equipamentos geralmente não
funcionam a 100% da sua capacidade a todo o momento.
Após todo o sistema elétrico ter sido pensado e dimensionado, o diagrama unifilar do
sistema em estudo deverá ficar disposto da seguinte maneira.
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Observa-se na Figura 31 que esse navio apresenta 3 geradores com 1667 kVA de
potência a 1800 rpm, 4 transformadores de distribuição, sendo que 2 são de 150 kVA de
potência e os outros 2 são de 160 kVA. Observa-se ainda a presença de 2 motores azimutais
de 1500 kW de potência e por fim, 2 motores de proa, com 600 kW de potência.
muito grande de energia comparando com o sistema diesel-elétrico que utiliza também
energia recuperada.
Uma grande perda também dentro do sistema convencional é também as perdas por
conta dos eixos e acoplamentos mecânicos, que quanto maiores e mais robustos, apresentam
perdas maiores devido ao atrito dos eixos, que reduzem o torque utilizado do motor, e as
perdas térmicas devido ao atrito são iminentes.
Pode-se observar que cada motor apresenta um faixa de carga utilizada mais adequada,
de maneira a alcançar a maior eficiência possível.
Após a análise da eficiência total de um motor, é possível também a percepção de como
que a energia dentro de um motor é dissipada através das perdas.
Os motores elétricos podem chegar a até 98% de eficiência energética, ou seja, apenas
2% são dissipadas por perdas, por conta do atrito e a iminente dissipação térmica dentro do
equipamento.
Sendo que um motor elétrico apresenta uma construção semelhante a um gerador
elétrico é possível então se concluir que um gerador também apresenta uma eficiência em
torno de 95% (dependendo da potência).
Visualizando o sistema de propulsão diesel-elétrica como um todo dentro da
embarcação, leva-se em conta que as perdas por gases de exaustão e a utilização da energia
produzida pelos geradores elétricos é distribuída por toda a embarcação realizando todos os
processos necessários, principalmente o aquecimento de água para se produzir vapor e o
condicionamento do ar dentro da embarcação com o propósito de manter um conforto térmico
no mesmo.
Na Figura 35, um balanço de energia dentro de uma embarcação é apresentado, esse
balanço é baseado em um artigo da MAN, 2012.
Como dito, o sistema utiliza a geração de energia proveniente dos geradores para suprir
todas as necessidades dos navios, sejam eles utilizados aonde forem.
Para embarcações de apoio marítimo, a grande quantidade de energia produzida é
orientada para os motores de propulsão, sendo que o resto da energia é para aplicações de
apoio às plataformas.
Observa-se que da energia produzida pelos geradores, apenas 27% é perdido (soma de
15% de perdas por gases de exaustão e 12% de perdas por resfriamento pela água do mar).
Aqui as perdas mecânicas devido ao acoplamento já estão sendo consideradas no balanço.
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6 CONCLUSÃO
A busca por novas alternativas de energia sustentável que possuam uma maior
eficiência energética, sempre se apresenta como um desafio para a sociedade que tem
intensificado a pesquisa para que novas tecnologias sejam criadas e disponibilizadas.
Analisar um sistema elétrico completo é um processo demorado e minucioso, que se for
feito em seus mínimos detalhes podem surpreender até o mais experiente conhecedor de
tecnologias.
Esse trabalho teve como objetivo a demonstração de cada equipamento elétrico, uma
análise de um sistema completo e uma comparação entre dois sistemas diferentes, porém
muito utilizados, o sistema de propulsão a diesel convencional e o sistema de propulsão
diesel-elétrico. Foi demonstrado que cada equipamento tem uma função essencial dentro do
sistema elétrico completo, trazendo para si uma grande importância para o todo.
O sistema diesel-elétrico já está presente no mercado mundial há algum tempo e mostra
que está crescendo e evoluindo para que a tecnologia esteja implementada em grande parte
das embarcações marítimas.
Conclui-se após a realização desse trabalho que o objetivo foi alcançado e que o sistema
diesel-elétrico é um elemento tecnológico no mundo que apresenta uma solução energética
eficiente, limpa e que se tornará a cada dia mais presente em embarcações marítimas.
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REFERÊNCIAS
CAPELLI, Alexandre. Energia elétrica para sistemas automáticos da produção. 1. ed. São
Paulo: Ética, 2007. 320 p.
OLIVEIRA JUNIOR, Prof. Engº Durval Piza de. Motores de Combustão Interna. 1997. 129
f. Monografia (acompanhamento das aulas de Sistemas Mecânicos II) – Faculdade
Tecnológica de São Paulo, Piracicaba, 1997.
COTRIM, Ademaro. Instalações elétricas. 3ª ed. São Paulo: Makron Books, 1992. 887 p.
AHMED, Ashfaq. Eletrônica de Potência. São Paulo: Prentice Hall, 2000. 479 p.
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PROCOBRE, Instituto Brasileiro de Cobre. Harmônicas nas instalações elétricas. 1a ed. São
Paulo: PROCOBRE, 2001. 66 p.