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Eng. Cláudio L. Jacintho da Silva.

LAMAV-CCT-UENF
Dr. Ronaldo Paranhos.
LAMAV-CCT-UENF.

Fissuração pelo Hidrogênio "Trincas a Frio"


Cláudio L. Jacintho da Silva
Prof. Ronaldo Paranhos

A fissuração por hidrogênio, ou trinca a frio, são Mecanismos da Fissuração


descontinuidades que ocorrem algum tempo
após a soldagem, o que a torna extremamente
crítica, sendo ainda mais perigosa do que a trin- A fissuração pelo hidrogênio é conseqüência
ca a quente, pois se não forem tomados cuidados da ação simultânea de quatro fatores: 1. A pre-
especiais, como por exemplo, inspeção com en- sença de hidrogênio dissolvido no metal fun-
saios não destrutivos (END) 48h após a execu- dido; 2. as tensões residuais associadas a
ção da soldagem, surpresas desagradáveis podem soldagem; 3. a uma micro-estrutura frágil (nor-
ocorrer, colocando em risco a integridade de pe- malmente a martensita) e 4. à baixa tempera-
ças, equipamentos e estruturas. No entanto, às tura (abaixo de 150ºC). Nenhum desses fato-
vezes o aparecimento destas trincas pode chegar res, isoladamente, provoca a fissuração a frio.
a dezenas de horas após a soldagem e possuir ta-
manhos abaixo do limite de detecção dos ensaios
não destrutivos adequados, o que as torna ainda Formação do Hidrogênio Atômico
mais traiçoeiras e perigosas. Desta maneira, este
tipo de descontinuidade deve ser evitado ao má- O hidrogênio que pode ser fornecido de diferentes
ximo, uma vez que podem causar danos muitos fontes (revestimento orgânico dos eletrodos; umi-
sérios a um equipamento soldado. As trincas a dade do fluxo e do revestimento do eletrodo; com-
frio, ou fissuração a frio, normalmente aparecem postos hidratados existentes na peça - ferrugem;
na ZTA, podendo também ocorrer na ZF de aços umidade do ar), se decompõe na atmosfera do arco
de maior resistência mecânica. liberando hidrogênio atômico ou iônico (H+)

Teor em H
Dissolvido

Austenita
Ferrita
Ferrita

Temperatura de Temperatura
Fusão Austenita

Trinca a frio na ZTA.

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Dr. Ronaldo Paranhos.
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Saturação da Solda por Hidrogênio


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A solda no estado líquido, dissolve quantidades
apreciáveis de hidrogênio e a solubilidade decresce 3
com a temperatura, e de forma contínua na 2 1
solidificação e nas modificações alotrópicas. Con-
seqüentemente, na fase final do resfriamento, a sol- 1. trinca sob cordão (underbead crack)
da estará super saturada em hidrogênio. 2. trincas na raiz (root cracks)
3. trincas na margem (toe cracks)
4. trincas transversais (transverse cracks)
Migração do Hidrogênio para a ZTA

Devido ao menor teor de carbono da solda, a


temperabilidade da zona fundida, normalmente, é Tipos de Trincas Provocadas pelo
inferior à da ZTA, o que permite que o hidrogênio Hidrogênio
migre para esta última zona. Caso a temperabilidade
na ZF seja superior ou quando a estrutura for
austenítica, o hidrogênio fica retido na ZF. As trincas na raiz e na margem resultam de enta-
lhes como; mordedura, falta de penetração e inclu-
sões, que promovem através da concentração de ten-
sões, deformações plásticas locais que põem em
movimento as discordâncias, que conduzem o hi-
Temperatura
R
ZF drogênio, aumentando a sua concentração no local,
ZAT favorecendo a fissuração junto aos entalhes.
α+Fe 3C ZF
α+Fe3C ZAT
Comportamento do Hidrogênio na
Metal Base
Tempo
Solda com o Tempo
∆t

O mecanismo de difusão, que depende da tempera-


tura, faz com que a maior parte do hidrogênio em
super saturação se difunda e abandone a solda após
um determinado tempo. Portanto, o risco de
Microestrutura Frágil e Baixa fissuração é temporário, existindo enquanto o hi-
Temperatura drogênio estiver se desprendendo da solda. Por-
tanto, é sempre recomendável o tratamento de pós-
aquecimento de soldas sensíveis à fissuração a frio,
A martensita, que é uma microestrutura de baixa para acelerar o processo de eliminação do hidro-
tenacidade, quando saturada em hidrogênio é con- gênio da solda
sideravelmente frágil. A solda, em virtude de sua
composição química e das condições térmicas da
soldagem, pode gerar tais microestruturas. Nessas Medidas Preventivas
condições e na fase final do resfriamento, apresen-
tará regiões frágeis a baixa temperatura saturadas
em hidrogênio, submetidas a um sistema de tensões Devem ser tomadas de acordo com as principais
residuais, cuja intensidade é próxima do limite de causas de formação de trincas:
escoamento da ZF. O mesmo pode ocorrer na ZTA. Teor de Hidrogênio: Manter a atmosfera com o me-
nor teor de hidrogênio possível. Manter os eletro-

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dos guardados em lugares adequados e secos, porte do hidrogênio para as extremidades dos en-
promovendo a secagem em forno dos mesmos talhes. Deve-se levar em conta a ação dos esfor-
antes de utiliza-los. ços como por exemplo: peso próprio, concentra-
Micro-estrutura frágil: O ideal é tentar evita- ção de outras soldas, teste de pressão, etc.
la, utilizando um pré-aquecimento, o aumento Temperatura: Use pré-aquecimento. Após a
da energia de soldagem, a escolha de metal de soldagem, manter a solda numa temperatura su-
adição de menor resistência possível. ficiente para permitir a difusão do hidrogênio,
Tensões: Tentar promover a soldagem com o me- diminuindo a sua concentração na solda, dimi-
nor grau de restrição possível, é uma excelente nui o risco de ocorre a fissuração a frio. Reali-
medida para evitar as tensões residuais, pois as zar um pós-aquecimento de 2h a 250 oC é na mai-
tensões promovem a deformação plástica do ma- oria das vezes suficiente para promover a difu-
terial, que por sua vez, aumenta o número de são do hidrogênio, eliminando a susceptibilida-
discordâncias , que são responsáveis pelo trans- de a trincas a frio.

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