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CURSO DE FORMAÇÃO DE ADVOGADOS ESTAGIÁRIOS

CIDADE DO MINDELO, 2019


FORMADOR:
DR. SIMÃO ALVES SANTOS
JUIZ DESEMBARGADOR
MESTRE EM DIREITO, CIÊNCIAS JURÍDICO-POLÍTICAS/DIREITO CONSTITUCIONAL

Hipótese prática

Durante um passeio de iate e exploração pela zona Sul da ilha de Santo Antão, X,
namorado de Y, cheio de ciúme porque vinha suspeitando que esta andava de caso
com Z, dono do iate, se zangou com ela, o que deu azo a uma discussão entre eles,
finda a qual Y confessou estar apaixonada pelo Z e disse ser correspondida por este.
Inconformado e cheio de ódio, X, que já havia engendrando um plano de vingança
caso se confirmassem as suas suspeitas, atirou veneno que trazia consigo para os
pratos de comida dos amantes, quando almoçavam em casa de amigos no Tarrafal.
Assim que ingeriram a comida, Y e Z começaram a se passar mal e logo Y entrou em
coma, ao que A, comandante do iate, decidiu logo abandonar a localidade do Tarrafal,
indo em direção à ilha de São Vicente, onde teriam melhor assistência médica.
Durante a viagem, pensando que o veneno não havia produzido efeito suficiente em Z,
ao avistar tubarões próximos do iate, X lhe atirou ao mar, instante em que Z foi
atacado, despedaçado e engolido por tubarões.
Quando X ia atirar Z para fora do iate, B apercebeu-se da sua intenção, ao que tentou
impedi-lo, momento em que X o chamou de “bichona”, lhe empurrou e, em seguida,
lhe atingiu com socos na face, tendo lhe acertado nos óculos que se partiram.
Assim que chegaram no porto do Mindelo, Y foi transportada imediatamente ao
hospital, onde viria a falecer, dois dias depois.
X foi detido pela Polícia Judiciária de São Vicente, que denunciou o caso e fez a sua
entrega ao MP que, por sua vez, promoveu o seu interrogatório judicial, o que foi feito
sem que X tivesse sido constituído arguido e, findo o qual, foi submetido à prisão
preventiva, por entender o Juiz que ele mentiu ao Tribunal ao dizer que foi traído.
O Procurador do Porto Novo, ao saber do sucedido através da televisão e de um
telefonema do responsável local, iniciou a instrução de um processo contra X.
Entretanto, o MP de SV já havia tomado essa iniciativa, ao que discorda o Juiz do PN.

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Quatro meses após o sucedido, B morreu de desgosto, porque X lhe chamou de
“bichona” e por não ter conseguido evitar que ele atirasse Z ao mar, instante em que
confidenciou a C que não conseguiu salvar o amigo porque X lhe empurrou, lhe deu
socos na face, fazendo com que os óculos se partissem, e lhe chamou de “bichona”.
Três meses após a morte de B, através de mandatário munido de poderes especiais, C
denunciou o caso à Polícia Nacional contra X.
Na sequência da queixa de C, quatro meses depois, D, irmão de B, ficou a saber do
sucedido e apresentou uma queixa contra X ao MP de SV e pediu para ser admitido
como assistente, sem constituir Advogado porque entendeu não ser preciso.
O MP recebeu a queixa, mandou a secretaria registar e apensar o novo processo ao já
instaurado contra X, ao que este se opôs dizendo que a queixa foi extemporânea.
Cinco meses depois, E, sobrinho de B, que também ficou a saber do sucedido com o
tio no mesmo dia que o pai dele, através do seu Advogado, apresentou uma queixa
conta X à Polícia e manifestou vontade em se constituir assistente.

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