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PIMENTEL, Alexandre; DE AMORIM, Bruna Liana Andrade. Demandas de massa e o problema da
admissibilidade do IRDR no CPC-2015. Revista do CEJ – TJPE , Centro de Estudo Judiciário do TJPE, ISSN
1883-8662,vol 05 , série 01, P.49.
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CARNEIRO DA CUNHA, Leonardo. As causas Repetitivas e um Regime que lhes seja Próprio. P.236.
Disponível em: http://www.fdsm.edu.br/adm/artigos/6ea85962ff34254460414154a9541524.pdf. Acesso em 04
junho de 2020.
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código de processo civil (CPC), serão suspensos todos os processos com mesma
questão de direito que estejam à jurisdição do tribunal que admitiu o incidente.
O IRDR nada mais é uma que uma tentativa do legislador em resolver o
despreparo do judiciário ao sanar conflitos em massa; é um regime voltado para as
causas repetitivas e por mais criticado que seja, o IRDR tem uma função plausível e
muito interessante na teoria.
Pois bem. Um dos requisitos para admitir o IRDR é a causa pendente no
tribunal presente no art 978, parágrafo único do CPC, afinal, o IRDR é um incidente
processual é necessário à existência de um processo base para sua instauração.
Ocorre que tal requisito não foi observado pelo Des. Francisco Roberto Machado do
Tribunal Regional Federal da 5º Região, admitiu um incidente nº 0804575-
80.2016.4.05.0000 sem a causa pendente e em seu voto fundamentou apenas com
posições doutrinárias contrárias ao artigo citado.
Ocorre que a doutrina não pode se sobrepor ao legislador e não há um
entendimento superior afirmando que o IRDR possa ser cabível sem causa
pendente no tribunal; por mais que tenhamos a influência do musterverfaren no
incidente, nós utilizamos a causa piloto e não o procedimento-modelo. Portanto, a
atitude do magistrado colocou em tese a legitimidade do feito.
Ora, um procedimento legítimo é aquele pautado pela isonomia presente na
aplicação do contraditório; nada obstante, a legitimidade de um procedimento está
no pronunciamento judicial fundamentado com base no art. 489,CPC, afinal, é na
fundamentação onde há a análise de todo o processo, por este motivo a sentença é
também fonte de legitimidade e segurança jurídica e ainda: um procedimento
legítimo é aquele onde há uma aplicação coerente da norma. No caso do IRDR
acreditamos que a sua legitimidade tem por fundamento também um juízo de
admissibilidade devidamente analisado.
Há quem defenda que o a intervenção do amicus curiae irá legitimar o
procedimento do IRDR, é o caso dos professores Marcos Cavalcanti de Araújo e
Sofia Temer, por exemplo. Porém, acreditamos que o amigo da corte não irá sanar a
falta no juízo de admissibilidade, ele é um especialista sobre a matéria do incidente
e sua intervenção não tem o poder de resolver um problema que colocou em tese a
legitimidade do procedimento. Acreditamos a legitimidade do procedimento é um
conjunto de aspectos onde a falta de um coloca em tese todo o processo.
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Entendemos ainda que não existe processo mais legítimo que o outro; ou a
legitimidade existe ou ela simplesmente não está presente, não há um meio termo.
A atitude do Des. Francisco Roberto Machado nos colocou diante de um
caso de usurpação a uma regra de competência; foi atribuída ao incidente uma
natureza de ação autônoma e o IRDR é um incidente processual ele necessita de
um processo base para ser instaurado.
Portanto o IRDR nº 0804575-80.2016.4.05.0000, o primeiro incidente em
direito securitário, não poderia ser admitido. Isto colocou em tese toda a legitimidade
do procedimento. Tal caso deixou claro que não estamos maduros para trabalhar
com o sistema de precedentes afinal, fica evidente que os precedentes judiciais não
garantem uma atuação legítima do juiz; nada impede que a posição do magistrado
seja arbitrária e ainda que o precedente não tenha um procedimento legítimo o que
coloca em tese toda a segurança jurídica, afinal esta garantia constitucional está
presente não apenas na uniformização da jurisprudência, mas também no trâmite
dos processos e em seus pronunciamentos.
Referências Bibliográficas: