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Seminário:

Externalidades e Bens Públicos

Alunos:

Augusto Reigota Blanco 200812471


Caio Vinicius Valença 200811621
Eron Tiago Viana Dauricio 200812541
José Roberto Montanhez Junior 200812591
Marcelo Malaguti Teodoro Souza 200812611

Docente:
Prof. Ércio Roberto Proença

Ilha Solteira – São Paulo, 31 de maio de 2010.


Sumário

1. Introdução 1
2. Externalidades 1
2.1. Externalidades Negativas 2
2.2. Externalidades Positivas 3
2.3. Ineficiência da alocação de recursos diante das externalidades 4
2.4. Problema dos recursos comunitários (Tragedy of Commons) 5
2.5. Soluções para as externalidades 5
2.5.1. Soluções Privadas 6
2.5.1.1. Fusões 6
2.5.1.2. Sanções Sociais 6
2.5.1.3. Direitos de propriedade e Teorema de Coase 7
2.5.2. Soluções Públicas 8
2.5.2.1. Impostos e subsídios corretivos (Pigouvianos) 8
2.5.2.2. Regulaões e Multas 10
3. Bens Públicos 10
3.1. Puros 10
3.2. Impuros ou Quase-Públicos 11
3.3. Ineficiência da provisão privada de bens públicos 11
4. Conclusão 12
1. Introdução
As condições em que os mercados privados não conseguem ter uma
eficiente alocação de recursos no sentido de Pareto determinam falhas de
mercado. Há vários tipos de falha de mercado, sendo aqui abordadas as causadas
pelas externalidades e bens públicos. Na verdade, bens públicos são causadores
de externalidades (positivas e negativas), uma vez que limites de direito de
propriedades não estão definidos para eles. Essa ineficiência na alocação de
recursos dos mercados privados faz com que a intervenção do governo, na
maioria dos casos, seja necessária, aplicando seu poder coercitivo para que o
equilíbrio de mercado seja reestabelecido. Uma breve explicação sobre tentativas
de solucionar essas falhas de mercado também serão citadas, as quais consistem
em internalizar a externalidade. Os conceitos de alocação de recursos, falhas de
mercado, externalidades e bens públicos serão apresentados neste trabalho, que,
de forma coerente e didática, tenta explicar uma pequena parte do
funcionamento do mercado.

2. Externalidades
Externalidades são consideradas uma subdivisão das falhas de mercado, e
contribuem para a ineficiência da alocação de recursos dos mercados privados.

Uma externalidade ocorre quando o consumo e/ou produção de um bem,


afetam os consumidores e/ou produtores, em outros mercados, e esses impactos
não são considerados no preço de mercado do bem que causa a externalidade.

Por exemplo, um fumante pode aumentar o risco de causar uma doença


respiratória em um não-fumante ao seu lado (fumante passivo), trazendo um
custo externo a este. Isso é um exemplo de uma externalidade negativa (custo
externo), causada de consumidor para consumidor. Uma externalidade, como já
dito, pode ser causada tanto de consumidor para consumidor, produtor para
produtor, como também consumidor para produtor e vice-versa.

A educação é um exemplo de externalidade positiva, uma vez que, segundo


estudos, uma sociedade mais educada tem taxas de criminalidade, por exemplo,
reduzidas, ou seja, a sociedade ganha (benefício externo) com a educação.

A ineficiencia de alocação de recursos na presença de externalidades ocorre


porque no caso do fumante, por exemplo, fará com que o não-fumante tenha
gastos adicionais ao seu orçamento, causando uma distorção na sua própria
alocação de recursos. O correto, ou socialmente desejável, seria que o fumante
recompensasse o não-fumante pela externalidade negativa causada, ou seja, o
custo adicional do não-fumante, teria de ser computado no custo do cigarro do
fumante. Como isso não ocorre, há uma clara distorção na alocação de recursos.

Externalidades negativas e positivas causam distorções diferentes (e


contrárias) na alocações de recurso do mercado privado, como será visto agora.
Vale lembrar que no caso de externalidades negativas, o custo privado é menor
que o custo social, enquanto no caso de externalidades positivas, o benefício
privado é menor que o benefício social.

2.1. Externalidades Negativas


Como caso de externalidade negativa vamos citar uma empresa de fundição
de cobre que, devido aos poluentes químicos que joga ao meio, causa chuvas
ácidas, o que destrói total ou parcialmente uma plantação agrícola, gerando
externalidade negativa ao produtor. O custo total dessa atividade, para a
sociedade, inclui tanto os custos com a produção de cobre quanto os custos
adicionais devido à destruição da plantação agrícola, assim como possível
contaminação do alimento, que gera doenças na sociedade. Pensando em um
gráfico de Preço x Quantidade, podemos representar as curvas de demanda e de
oferta como sendo o benefício marginal privado e o custo marginal privado,
respectivamente. No gráfico, para cada nível de quantidade, o custo externo
(provido da externalidade) é adicionado ao custo privado, para gerar o custo
social. Assim, a diferença vertical entre as duas curvas são os custos externos,
por unidade produzida.

Gráfico 1 – Deslocamento da curva de oferta diante de externalidades negativas


(custos externos).
Como as curvas de demanda e oferta incluem apenas os benefícios e custos
privados, nesse caso, no equilíbrio de mercado, que diz que a oferta deve ser
igual à demanda, a combinação preço-quantidade é Pm-Qm. Esse equilíbrio não
representa a totalidade dos custos para a sociedade pois não inclui os custos
externos, que quando incluídos faz com que o equilíbrio de mercado tenha a
combinação preço-quantidade de P-Q. A falha de mercado é evidenciada nesse
caso pois a fábrica tem uma superprodução de cobre (Qm > Q) e avalia-os a
preços mais baixos aos seus custos totais de oportunidade (Pm < P).

2.2. Externalidades Positivas


No caso da presença de externalidades negativas, os níveis de produção
associados ao equilíbrio de mercado são inferiores àqueles socialmente
desejáveis ou ótimos, já que o benefício marginal privado é menor que o
benefício social. Assim, tomando como exemplo o caso da educação, se ela for
expandida, os benefícios gerados para a sociedade extrapolam os benefícios
auferidos aos estudantes e suas famílias. Essa extrapolação para a sociedade não
é levada em conta quando se decide estudar, por isso o nível de produção, que
nesse caso seriam os alunos com um bom grau de escolaridade ou eduação, são
menores que os socialmente desejáveis (ou seja, todos nas escolas). Pensando
num gráfico Preço x Oferta, a curva de benefício privado do estudante fica
abaixo da curva de benefício da sociedade, fazendo com que a produção (nível de
escolaridade) no equilíbrio de mercado seja Qm. Quando os benefícios adicionais
externos à essa atividade são contabilizados, a curva da demanda é projetada para
cima e o novo equilíbrio de mercado fica Q.
Gráfico 2 – Deslocamento da curva de demanda diante de externalidades
positivas (benefícios externos).

2.3. Ineficiência da alocação de recursos diante das


externalidades
A ineficiência da alocação de recursos ocorre porque, um agente, não
diretamente envolvido na atividade geradora da externalidade, precisa usar de
recursos adicionais para corrigir os efeitos dos custos (ou benefícios) externos, e
esses custos não são computados, causando uma falha de mercado pois distorce a
alocação de recursos. Um exemplo usando externalidade positiva é o caso do
avião. A invenção desse meio de transporte aéreo foi extremamente útil para a
sociedade, tanto para transporte de carga, como de pessoas e até para uso em
guerras. Porém, os benefícios auferidos para a sociedade devido à invenção do
avião não foram totalmente (ou quase nada) atribuídos ao seu inventor, Alberto
Santos Dumont, acabando por ‘não compensar’ todos os custos e esforços
exercidos por ele. Um exemplo na externalidade negativa é que os custos
adicionais causados para os hospitais e doentes devidos às externalidades
causadas pela produção de cobre (poluição e contaminação de alimentos)
representam efetivamente gastos com doentes para o governo ou hospital
privado, porém não são contabilizados nos custos da empresa de cobre. A
distorção na alocação de recursos neste caso pode ser vista tanto nos hospitais
(falta de leitos) como na empresa produtora de remédios, que precisará de mais
insumos (adicionais aos computados para o caso socialmente desejável) para a
produção de mais remédios.

2.4. Problema dos recursos comunitários (Tragedy of


Commons)
Os recursos comunitários são um caso especial das externalidades, porque
não podem ser individualizados. Os direitos de propriedades não estão atribuídos
e portanto os recursos são considerados ‘livres’. Como um exemplo, podemos
citar um vilarejo que existe um único pasto (ou podem ser vários). O uso do pasto
não tem normas e nem regras e seus direitos de propriedades não são definidos,
assim, qualquer um pode levar seu gado lá para pastar o quanto quiser. Nesse
caso, como não há custos para o uso do pasto, os que tem mais gado terão um
consumo excessivo já que é vantajoso, fazendo com que em determinado tempo
o pasto não seja suficiente para todos. Por outro lado, não adianta que apenas um
dos detentores de gado poupe o pasto pois outro irá consumir no lugar dele e não
haverá benefícios para o que deixou de consumir.

Torna-se evidente o conflito entre interesses privados e públicos, uma vez


que o benefício marginal privado (consumo excessivo do pasto) é bem maior que
o benefício marginal social (que deve levar em conta o impacto do uso
excessivo). Do ponto de vista do vilarejo, a solução seria limitar o uso do pasto
por pessoa, ou por unidade de gado, para garantir que o pasto seja suficiente para
todo o vilarejo.

Como as pessoas não consideram o impacto causado ao vilarejo neste caso,


e o benefício marginal privado é grande, não há incentivos para usar o pasto de
forma eficiente e racional. Nesses casos onde direitos de propriedades não estão
estabelecidos, é necessária a intervenção do governo fazendo uso do seu poder
coercitivo, através de limitações para o uso do pasto e impostos ou multas para
consumo excessivo.

2.5. Soluções para as externalidades


As soluções a fim de corrigir as falhas de mercado causadas pelas
externalidades consistem basicamente em internalizar as externalidades (no caso
das soluções privadas), ou implicar impostos, subsídios e multas (no caso das
soluções públicas).
2.5.1. Soluções Privadas
As soluções privadas para estas falhas de mercados consistem em fusões,
sanções sociais e atribuição de direitos de propriedades (teorema de Coase), que
serão discutidas a seguir.

2.5.1.1. Fusões
Um caso clássico das soluções privadas consistem na fusão das partes
envolvidas nas externalidades. Um exemplo clássico seria uma usina termelétrica
e uma empresa de pesca. A usina termelétrica precisa despejar água numa
temperatura elevada; esta é despejada no rio, onde a empresa de pesca busca seus
peixes. Esse aumento de temperatura na água do rio causa instabilidade no meio
aquático, matando uma quantidade elevada de peixes, o que causa prejuízos para
a empresa de pesca, que terá menos insumos. Se a industria termelétrica
resolvesse se fundir com a empresa de pesca, a externalidade causada pela
indústria termelétrica afetaria diretamente seu próprio insumo, uma vez que a
pesca agora é de sua propriedade, fazendo com que repensasse na atitude de
despejo irracional de água no rio. Isso implica que a indústria teria que equilibrar
seu despejo de água com o tanto de peixes que ela deseja pescar, fazendo com
que a externalidade seja interna, de modo que agora, a rigor, a externalidade seja
extinta.

2.5.1.2. Sanções Sociais


Uma outra forma de ‘internalizar’ as externalidades são através de sanções
sociais, onde os agentes causadores de externalidades negativas são
discriminados, e os causadores de externalidades positivas são premiados. Por
exemplo, em uma sociedade, jogar lixo na rua é um ato reprovável e se uma
pessoa é vista fazendo-o, as outras pessoas da sociedade automaticamente a
discriminam, causando uma auto-conscientização na pessoa causadora da
externalidade negativa. Isso fará com que, nas próximas vezes, a pessoa jogue o
lixo no seu devido lugar. Por outro lado, quando uma pessoa separa o lixo para
reciclagem, este ato é visto como beneficente para a sociedade pois além de não
sujar os bens públicos, causa um reaproveitamento de matéria-prima, que é uma
externalidade positiva para a sociedade e meio ambiente, respectivamente.

Essa censura (ou aprovação) social contribui, em muitos casos, para inibir
(ou estimular) os comportamentos causadores das externalidades e estimula a
adoção de atitudes que consideram o bem-estar da coletividade eliminando,
assim, as falhas de mercado daí decorrentes.
2.5.1.3. Direitos de propriedade e Teorema de
Coase
As externalidades proliferam, particularmente, em situações em que os
direitos de propriedade não estão bem estabelecidos. Esses direitos podem
representar, por exemplo, um conjunto de normas pré-estabelecidas. A existência
dessas normas permite que numa situação causadora de externalidade negativa, a
parte lesada saiba onde recorrer para que não tenha de usar recursos adicionais
para corrigir os danos, eliminando total ou parcialmente a ineficiência da
alocação de recursos. Quanto mais esses direitos de propriedades estiverem bem
estabelecidos, mais protegidas estão as partes lesadas.

Desde que esses direitos estejam bem definidos, independentemente de


quem os detenha, é possível solucionar o problema das externalidades negativas
por meio da negociação entre as partes envolvidas, sem precisar da intervenção
do governo, como poder coercitivo. Essa possibilidade de negociação é
conhecida como o Teorema de Coase, que foi quem propôs a eficiência da
negociação nestes casos.

Pensemos no caso em que dois carros populares são envolvidos num


acidente, onde evidentemente um motorista possui a culpa pelo acontecimento.
Assim, o Teorema de Coase pode ser aplicado neste caso, uma vez que os
direitos de propriedades estão bem definidos (cada motorista tem propriedade
sobre seu carro), os custos para a negociação são baixos (trata-se de carros
populares) e existem apenas duas partes envolvidas. Essas características são
essenciais para que a aplicação do teorema seja eficiente.

Quando as partes envolvidas são numerosas, o teorema não se aplica, pois a


negociação se daria de forma que a decisão tomada nunca agradaria a todas as
partes, fazendo com que a negociação não aconteça. Um exemplo é a poluição do
ar causada por uma fábrica, que envolvem vários agentes (sociedade, ambiente,
todos componentes da fábrica, etc), sendo assim impossível que a negociação
sugerida por Coase possa chegar a um acordo satisfatório a custos relativamente
baixos. A sociedade gostaria que a poluição não existisse, por outro lado os
funcionários da fábrica estarão sujeitos ao desemprego caso isso ocorra, sendo
impossibilitada uma solução satisfatória neste caso.

Quando o custo de uma negociação é muito elevado, ou seja, um ganharia


muito enquanto o outro perderia muito, a negociação também não é efetivada.
Isso pode ser exemplificado se no caso do acidente anteriormente citado, os
carros envolvidos fossem um carro popular e um carro altamente caro e
importado.
2.5.2. Soluções Públicas
Dentre as soluções públicas para a correção das externalidades se destacam
tributação corretiva (pigouviana, ou, impostos e subsidios) e o controle através de
regulações e multas, que serão discutidas adiante.

2.5.2.1. Impostos e subsídios corretivos


(Pigouvianos)
A correção das externalidades pode ser feita mediante a tributação
corretiva, forma de correção conhecida como tributação pigouviana, em razão de
ter sido inicialmente proposta por Arthur Cecil Pigou, economista que propôs a
idéia de que o governo, através de subsídios e impostos, poderia corrigir esta
falha de mercado.

Nesse caso, quando o governo decide penalizar os agentes causadores de


externalidades negativas mediante impostos, faz com que o custo adicional
devido à externalidade seja computado no custo marginal privado do agente,
formando assim o custo marginal social e fazendo com que o agente considere os
custos externos gerados por suas ações. Em termos do gráfico 1 anteriormente
representado, isto significa deslocar a curva da oferta para cima e esquerda.
Dessa forma é possível identificar o nível de impostos exigidos para que a curva
de custo marginal privado seja equivalente ao custo marginal social. O grande
problema desta solução é saber o quanto, efetivamente, seria o valor desse
imposto. Por exemplo, não é possível medir, em questão econômica, o prejuízo
que a sociedade tem devido à poluição, sendo assim impossível estimar o valor
do imposto cobrado.

O mesmo acontece na presença de externalidades positivas, onde o governo


oferece subsídios para os agentes causadores desta. Nos termos do gráfico,
equivale a deslocar a curva da demanda para cima e para a direita, sendo possível
determinar o nível de subsídio oferecido para que o benefício marginal privado
seja coincidente com o beneficio marginal social. Analogamente à situação
anterior, o valor do subsidio é impossível de ser determinado.
Gráfico 3 – Deslocamento da curva de oferta quando da correção de
externaliades negativas mediante uso de imposto.

Na ausência da tributação corretiva, as firmas produzirão Qm, que é uma


quantidade superestimada quando comparada ao equilíbrio de mercado incluindo
o custo adicional devido à externalidade. O imposto exigido faz com que este
equilíbrio de mercado seja atingido e as firmas produzam Q ao invés de Qm.

Gráfico 4 – Deslocamento da curva de demanda quando da correção de


externalidades positivas mediante uso de subsídio.

Da mesma forma, sem o oferecimento de subsídios, as firmas produzirão


Qm, uma quantidade menor que a socialmente desejável. Quando os subsídios
são oferecidos, as firmas produzem Q*, corrigindo o equilíbrio de mercado na
presença das externalidades. Um exemplo é que um subsídio seja oferecido
quando uma pessoa ingressa na escola, fazendo com que mais alunos se
matriculem, educando mais a sociedade e causando externalidades positivas
maiores, como anteriormente citado.

2.5.2.2. Regulações e Multas


Uma outra forma do governo solucionar os problemas da externalidade é
fixando esquemas regulatórios. Ele pode obrigar um agente a reduzir a produção
e/ou consumo causador de externalidade negativa ao nível socialmente desejável,
e, caso o agente não respeite essa regra ou norma, ele estará sujeito ao pagamento
de multas. Novamente o problema é estipular qual o nível ideal de produção e/ou
consumo socialmente desejável/aceitável. Esse nível exige que se leve em conta
muitos fatores como os benefícios decorrentes da redução desse
consumo/produção, assim como os custos.

No caso da poluição, por exemplo, os custos estão associados à produção de


filtros e implementações de tecnologias ‘limpas’ e os custos em termos da
redução dos lucros decorrentes da decisão de se diminuir a poluição, enquanto
que os benefícios estão associados à redução de danos ao meio ambiente bem
como para a sociedade, e também a melhor aprovação da empresa perante o
mercado e sociedade.

3. Bens Públicos
Os bens públicos constituem um exemplo extremo de externalidades, uma
vez que eles não tem direitos de propriedades definidos. Há dois tipos de bens
públicos, os quais serão explicados nos próximos itens.

3.1. Puros
Os bens públicos puros, ou simplesmente bens puros, a exemplo dos
recursos comunitários, a propriedade desses bens não pode ser individualizada
em razão deste bem não ser divisível. Além disso, contrariamente aos bens
privados, o ato de consumir o bem público não reduz a quantidade disponível
para consumo das outras pessoas. Portanto, os bens públicos puros apresentam
duas características importantes; eles são não-rivais e não-excludentes.

A impossibilidade de exclusão implica que os indivíduos não podem ser


privados dos benefícios auferidos pelo uso do bem ou serviço, mesmo se não
tiverem contribuído para seu financiamento. Um exemplo claro seriam as praças
públicas e a justiça, onde independentemente do indivíduo ter contribuído para o
financiamento desses serviços e bens, não podem ser privados deles. A
impossibilidade de exclusão, ao inviabilizar o uso do sistema de preços para
racionalização, tira o incentivo do financiamento do bem, o que causa uma falha
de mercado.

O fato dos bens públicos serem não rivais implica que o custo marginal
acrescido por um indivíduo a mais querer usufruí-lo é nulo. Ou seja, a decisão de
um indivíduo a mais usar o bem não tem valor acrescido, uma vez definido o
preço do bem ou serviço, ele não muda por unidade (custo marginal zero).
Ademais, a decisão desse indivíduo adicional querer usufruir do bem de nada
atrapalha os que já estão usufruindo. Isso representa um contraste enorme com os
bens privados, que tem um nível elevado de rivalidade no consumo. Por
exemplo, o fato de ocuparmos um lugar no cinema ou teatro, exclui a
disponibilidade do assento para outras pessoas.

Os bens privados são totalmente o contrário dos bens públicos, e os bens


quase-públicos – que serão explicados adiante - estão entre esses dois extremos.

3.2. Impuros ou Quase-Públicos


A definição de bens públicos anteriormente dita não é absoluta. Se
pegarmos por exemplo a energia elétrica, ela é um bem privado quando utilizada
nas residências, pois se não for paga, o consumo é cortado excluindo o
proprietário de seu consumo (característica excludente). Se um indivíduo
consume uma determinada quantidade de quilowatts, esta quantidade não está
mais disponível para outro usuário (característica de rivalidade). Em contra-
partida, se essa energia for usada para iluminar locais públicos, ela se torna um
bem público puro. Isso porque ninguém estará privado de usufruir da iluminação,
independentemente de pagar ou não (não-excludente), e o custo da iluminação
para um indivíduo adicional é zero (não-rival).

Os bens que atendem parcial ou totalmente a pelo menos uma das


características de não-rivalidade e não-excludência são chamados de bens
públicos impuros ou bens quase-públicos.

3.3. Ineficiência da provisão privada de bens públicos


Há bens quase-públicos que devem ser, essencialmente, ofertados pelo
estado. Se pegarmos o exemplo da defesa nacional, há a questão de saber qual
será o nível eficiente da provisão desse bem público puro. Suponha-se que, com
exceção de alguns indivíduos da sociedade, esta é a favor da necessidade de um
sistema de defesa nacional eficiente. Porém, há dois grupos distintos: os que
acham que não haverá ataques externos e os que acreditam em ataques externos
iminentes. Os primeiros pensarão quais gastos são realmente prioridade com a
defesa nacional, e de alguma forma se recusarão a contribuir com valores que
deixem a defesa nacional eficiente. Os segundos concordarão em contribuir para
o financiamento de uma defesa nacional realmente eficiente. Entretanto, devido
ao primeiro grupo, os valores arrecadados estarão aquém do ideal para financiar
uma defesa nacional que consiga segurar o inimigo no caso de algum ataque
externo. Assim, para que os níveis da defesa nacional sejam eficientes, seu
financiamento deve ser oferecido pelo governo através de tributos.

Há também o exemplo de uma estrada vicinal pouco frequentada. Se o


governo decide terceirizar esta estrada, a empresa que agora detém sua
propriedade irá cobrar pedágios para o tráfego, racionalizando seu uso. Porém, o
custo adicional para um veículo a mais trafegar nela é praticamente nulo,
deixando assim de fazer sentido a necessidade de racionalização. Isso acarretaria
em uma subutilização ou até inutilização da estrada. Essa racionalização (ou
restrição) desnecessária acarreta um custo para a sociedade, em termos de bem-
estar. É nesse sentido que a provisão privada desse tipo de bem é socialmente
ineficiente.

4. Conclusão
Uma vez entendido o conceito de externalidades, fica claro que a
intervenção do governo é extremamente necessária aplicando, na maioria dos
casos, a tributação corretiva. Se antes deste trabalho ser apresentado, não se sabia
exatamente o porque ou de onde o governo tira tantos impostos, agora, pensando
melhor e de outra maneira, é visto que essa tributação é extremamente necessária
para que o mercado mantenha seu equilíbrio. Entretanto, a própria ação do
governo pode gerar certas ineficiências no mercado – conhecida como ‘falhas de
governo’ – uma vez que as abordagens feitas muitas vezes não leva em
consideração aspectos importantes das ciências políticas, e assim é interessante
levar em conta, desde que possível, os ‘custos’ acarretados por essas ineficiencias
governamentais.

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