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nos investimentos
por Fabricio Stefani Peruzzo
em 20/02/2010 às 11:09 | Dinheiro, Dr. Money
Pergunta: “Há pouco tempo comecei a pesquisar sobre fundos de investimento e
minha ideia é o seguinte: fazer um investimento mensal entre 600 e 1000 reais todos
os meses só que gostaria de saber que tipo de investimento me daria um retorno de
entre 2,9% a 4% ao mês.
E qual o melhor caminho para fazer isso, ou seja através de uma corretora ou o meu
banco. Ah, esse meu investimento é a longo prazo, tipo 120 meses. Obrigado e
aguardo contato.”
A maioria não planeja nada; apenas tem a ilusão de que um dia ficará rica por acaso,
com loteria ou algo extraordinário que obviamente não acontecerá, a não ser para um
percentual desprezível.
Uma minoria até faz algum planejamento e há muitos livros sobre o assunto, alguns
com métodos bem interessantes que podem, sim, levar à riqueza. Mas este não é o
problema principal. O problema principal que faz com que só um pequeno percentual
destes que planejam consigam enriquecer é o item 2: colocar o item 1 em prática.
O que sobra então? Devemos nos contentar com rendimentos minúsculos? Não.
Devemos aprender a enxergar riscos, avaliar quais as implicações desses riscos para o
nosso futuro, e decidir correr ou não esses riscos.
Quer saber como comprar um apartamento na planta sem nenhum pitaco feminino?
Vou relatar um dos últimos investimentos imobiliários que fiz, com rendimento de mais
de 8% ao mês durante 24 meses seguidos. São 200% em dois anos. Vou mostrar
alguns detalhes sobre como consegui entrar neste investimento e como qualquer um
poderia estar no meu lugar, com pouco mais de R$ 1000 mensais, mas principalmente
vou mostrar os riscos deste investimento e como um lucro maior implica normalmente
em uma liquidez muito menor.
O investimento é a compra de um imóvel na planta, para posteriormente vender com
lucro quando o prédio estiver pronto. Quantos leitores já não pensaram em fazer isso?
Quantos já fizeram e já lucraram e quantos já fizeram e quebraram a cara?
Pessoalmente conheço vários nas duas situações.
Essa última questão é interessante. Como investi junto com alguns amigos e
compramos 10 apartamentos simultaneamente, conseguimos adquirir os mesmos
antes do pré-lançamento, em uma tabela exclusiva para investidores. Um bom caso
onde a força do grupo faz a diferença. Ganhamos 5% extras com isso.
É fácil falar de um investimento e tudo parecer fácil. Nós buscamos o lucro, se uns
conseguem, por que não nós? Esquecemos que a situação de uns é diferente da
situação de outros: o que é risco para nós pode não ser para os outros.
Imagine a seguinte situação: muitos imóveis ficaram prontos ao mesmo tempo que este
em que investimos, vários semelhantes, mas com valores mais em conta, seja porque
possuem menos área comum, seja porque usam materiais mais simples. A questão é
que, na hora da venda, temos outras unidades mais baratas concorrendo com a nossa.
Se nosso lucro é alto como o que descrevi acima, provavelmente seja tranquilo baixar
um pouco o valor que pedimos, baixar nosso lucro e vender por um pouco menos.
Mas e se isso não for possível? Se nosso lucro não era tão grande, se a situação fosse
um lucro bom, de 20% ao ano, e de repente temos essa nova configuração de
mercado? Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Se vendermos por menos, talvez não consigamos nem o rendimento que um fundo de
renda fixa nos teria dado. Se não vendermos, teremos que assumir o financiamento do
restante para vender depois, tentando lucrar mais. Mas como lucrar mais pagando os
juros do financiamento?
E a situação mais crítica: como assumir o financiamento se não tivermos cacife para
isso? Aí, sim, teremos que torrar o apartamento antes de chegar a hora do
financiamento, sob o risco de nos tornarmos devedores e pagar multas, correr o risco
de perder o imóvel e todas as coisas ruins que acontecem com quem investe sem
avaliar os riscos de onde está se metendo.
Caro leitor, quer receber de 2,9% a 4% ao mês? Não peça para alguém lhe indicar uma
aplicação. Estude, entenda o funcionamento do mercado, leia livros e revistas sobre o
assunto, devore tudo que é material possível, faça simulações e depois decida por
conta própria. Só você pode cuidar bem do seu próprio dinheiro. Só você pode avaliar
os riscos que está disposto a correr.