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República Democrática de São Tomé e Príncipe

Assembleia Nacional

Lei 16/92

O número 1 do artigo 88.º da Lei n.º 10/92, de 5 de Agosto, determina que lei
especial deve estabelecer os mecanismos de Gestão Patrimonial e Financeira do
Distrito.

No respeito dessa disposição é proibida a Lei das Finanças Locais que na sua
essência procura adequar e ajustar os interesses das estruturas autárquicas à
situação e capacidade económicas do País, tendo em conta a necessidade de
garantir o funcionamento das Assembleias Distritais e Câmaras Distritais.

Nestes termos, a Assembleia Nacional, aprova nos termos da alínea b) do artigo


86.º da Constituição Política a seguinte:

Lei das Finanças Locais

Artigo 1.º
Autonomia Patrimonial e Financeira das Autarquias Locais

1. As Autarquias Locais têm património próprio, cuja gestão compete aos


respectivos órgãos.
2. A tutela sobre a gestão patrimonial e financeira das locais é meramente
inspectiva e só pode ser exercida segundo as formas e nos casos previstos
na lei, salvaguardando sempre a democraticidade e a autonomia dos
órgãos do poder local.
3. A tutela inspectiva é complementada pela tutela correctiva,
exclusivamente exercida pelo Ministério responsável pela coordenação
dos Órgãos Autárquicas, nos casos que carecem de rectificação do
Governo:

a) Aprovar o orçamento das autarquias e as suas alterações;


b) Contrair empréstimos;
c) Aprovar regulamentos e posturas;
d) Aprovar planos de urbanização e construção civil;
e) Lançar derramas;
f) Criar ou alargar quadros de pessoal.
4. O regime de autonomia financeira das autarquias locais assenta,
designadamente, nos seguintes poderes dos seus órgãos

a) Elaborar, aprovar e alterar planos de actividades o orçamentos;


b) Elaborar e aprovar contas de gerências;
c) Dispor de receitas próprias, ordenar e processar as despesas e
arrecadar as receitas que por lei forem destinadas às autarquias;
d) Gerir o património autárquico;
e) Recorrer ao crédito.
5. São nulas as deliberações de qualquer órgão das autarquias locais que
determinem o lançamento de impostos, taxas, derramas ou contribuições
não previstos na lei.

Artigo 2.º
Princípios orçamentais

1. Os Orçamentos das autarquias locais respeitam os princípios da


anualidade, unidade universalidade, especialização, não consignação e não
compensação.
2. As alterações orçamentais podem consistir em revisões orçamentais que
impliquem aumento das despesas globais ou em simples alterações desde
que o volume das mesmas se mantenha, não podendo ser feita mais do que
duas.
3. Deverá ser dada adequada publicidade ao orçamento, depois de aprovado
pelo Órgão deliberativo.
4. O princípio de não consignação previsto no n.º 1 não se aplica Às receitas
provenientes de financiamento aos projectos específicos.
5. Para o efeito do disposto no precedente número 1, o ano financeiro
correspondente ao ano civil.

Artigo 3.º
Atribuições e competentes

1. Quando por lei for conferida qualquer nova atribuição ou competência às


Autarquias Locais o Orçamento Geral do Estado deve prever a verba
global necessária ao seu exercício.
2. A verba global será atribuída pelas Autarquias tendo em conta as despesas
que se prevêem realizar no exercício das novas atribuições ou
competências.
3. As receitas que as Autarquias receberem por força dos números anteriores
são destinadas, nos dois primeiros anos, ao exercício da atribuição ou
competência, devendo aquelas autarquias locais inscrever nos seus
respectivos orçamentos as dotações de despesa dos montantes
correspondentes.
4. Findos os dois anos de transição, a verba global é incluída no fundo de
Equilíbrio Financeiro (FFF), podendo os critérios da distribuição deste
serem alterados.
5. O plano de distribuição da verba global referida no n.º 2 deverá constar de
um mapa anexo ao Orçamento do Estado.
Artigo 4.º
Receitas Autárquicas

1. Constituem receitas autárquicas, 40% dos produtos da cobrança dos


seguintes impostos:
a) Contribuição predial urbana;
b) Imposto do selo sobre espectáculos, diversões e exposições;
c) Imposto de sisa;
d) Taxa de licença para extracção de vinho de palma;
e) Outros impostos que vierem a ser criados, segundo os termos a definir em
regulamento próprio.
2. Constituem ainda receita das autarquias, 30% do imposto de rendimento
anualmente arrecadado, segundo um critério de distribuição a definir pelo
Governo, tendo em vista a correcção das assimetrias regionais.
3. Também são consideradas receitas das autarquias as seguintes verbas:
a) As verbas que nos termos do n.º 4 do artigo 2.º e do n.º 2 do artigo 3.º
sejam postas à sua disposição;
b) O produto de lançamento de derramas;
c) A transferência do Orçamento Geral do Estado através do fundo de
equilíbrio Financeiro (FFF);
d) O produto da cobrança de taxas por licenças concedidas pelas autarquias;
e) O produto da cobrança de taxas ou tarifas resultantes da prestação de
serviços pelas autarquias.
f) O rendimento de serviços pertencentes às autarquias, por eles
administrados ou dados em concessão;
g) O produto de multas fixadas por lei, regulamento ou postura Municipal;
h) O produto de empréstimos;
i) O produto de lançamento de obrigações municipais;
j) O rendimento de bens próprios, móveis ou imóveis;
k) O produto de heranças, legados, doações e outras liberalidades e favor do
município;
l) O produto de alienação de bens;
m) Outras receitas estabelecidas por lei a favor dos municípios;
n) Quaisquer outras receitas que por lei, regulamento ou contrato lhes sejam
atribuídas.
4. A distribuição pelas autarquias dos impostos arrecadados pela Repartição
de Finanças, obedecem ao critério a definir, em cada ano, pelo Governo.

Artigo 5.º
Taxas Municipais

As Autarquias podem cobrar taxas por:

a) Concessão de licenças de loteamento, de execução de obras particulares e


empresas;
b) Concessão de licenças de ocupação da via pública por motivo de obras e
de utilização de edifícios públicos;
c) Ocupação do domínio público e aproveitamento dos bens de utilização
pública;
d) Prestação de serviços aos públicos por parte das repartições ou dos
funcionários municipais;
e) Ocupação e utilização de locais reservados nos mercados e feiras, postos
de vendas e similares.
f) Licenciamento de vendedores ambulantes e feirantes;
g) Aferição e conferição de pesos, medidas e aparelhos de medição;
h) Estacionamento de veículos em parques ou outros locais a esse fim
destinados;
i) Autorização para o emprego de meios de publicidades destinados a
propaganda comercial nas vias ou recintos públicos;
j) Utilização de quaisquer instalações destinadas ao conforto, comodidade
ou recreio público;
k) Enterramento, concessão de terrenos e uso de jazigos, de ossários e de
outras instalações em cemitérios municipais;
l) Licenciamento sanitário das instalações;
m) Registo de licenças de cães;
n) Registos determinados por lei;
o) Quaisquer outras licenças da competência das autarquias.

Artigo 6.º
Tarifas e preços de Serviços

1. As tarifas a que se refere a alínea f) no n.º 3 do artigo 4.º respeitam às


seguintes actividades:

a) Abastecimento de água;
b) Recolha, tratamento e depósito de lixos;
c) Ligação, conservação e tratamento esgotos.
2. As tarifas a fixar pelas Autarquias, bem como os preços a praticar nos
serviços referidos na alínea f) do n.º 3 do artigo 4.º, no âmbito dos serviços
autárquicos, não devem ser inferiores aos respectivos encargos
previsionais de exploração e de administração, acrescidos do montante
necessário à reintegração do equipamento.
3. Nos casos em que o município decida fixar tarifas ou preços dos serviços
em desobediência ao preceituado no número anterior terá de inscrever
obrigatoriamente como despesa o montante correspondente à
indemnização compensatória.

Artigo 7.º
Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF)
1. O FEF corresponde ao montante a transferir do Orçamento do Estado para
as Autarquias, nos termos dos artigos 8.º e 9.º deste diploma.
2. O FEF é calculado em cada ano pela seguinte fórmula:

FEFn =FEFn- -1 = ((IDn/IDn -1))

Em que:

- FEFn – Fundo – de Equilíbrio Financeiro para o ano de referência;


- FEFn – 1 – Fundo de Equilíbrio Financeiro do ano anterior;

IDn – Imposto Directo previsto no Orçamento do ano de referência;


IDn – 1 – quociente entre os valores de Impostos/Directores previsto e cobrado.

3. O montante global que cabe a cada Autarquia na transferência referida na


alínea e) do n.º 1 do artigo 4.º, figura num mapa publicado em anexo ao
Orçamento Geral do Estado e é efectuada por trimestre até ao dia 15 do
primeiro mês a que se referem.

Artigo 8.º
Distribuição do FEF

1. O montante global do FEF é repartido pelas Autarquias através da


aplicação dos seguintes critérios:

a) 10% igualmente por todas as Autarquias;


b) 40% na razão directa do número de habitantes;
c) 25% na razão directa no número de alojamento;
d) 15% na razão directa do número de alojamento;
e) 10% na razão directa da captação dos impostos directos.
2. A lei do Orçamento Geral do Estado fixará em cada ano as percentagens
do FEF para transferências correntes e de capital, não podendo a
percentagem relativa às segundas ser inferior a 40%.
3. Os elementos e os indicadores para aplicação dos critérios referidos no n.º
1 devem ser comunicados de forma disciplinada por cada Autarquia à
Assembleia Nacional, juntamente com a proposta da Lei do Orçamento
Geral do Estado.

Artigo 9.º
Subsídios e Comparticipações

1. Não são permitidas quaisquer formas de subsídios ou comparticipações


financeiras por parte do Estado, institutos públicos ou fundos autónomos.
2. o Governo poderá, porém, tomar excepcionalmente providências
orçamentais necessárias à concessão de auxílio financeiro nas seguintes
situações:
a) Calamidade pública;
b) Autarquias negativamente afectadas por investimento da
responsabilidade da Administração Central, em especial estradas,
portos , aeroportos e barragens;
c) Recuperação ou áreas de construção de habitação social ou de
renovação urbana, quando o seu peso relativo transcenda a
capacidade e responsabilidade autárquica, nos termos da lei;
d) Instalação de novos municípios.
3. O Governo definirá por Decreto-Lei, as condições em que haverá à
concessão de auxílio financeiro nas situações previstas no precedente
número 2.
4. As providências orçamentais a que se refere o n.º 2, à excepção da alínea
a), deverão constar do anexo à Lei do Orçamento do Estado, de forma
discriminada, por sectores, programa e municípios.

Artigo 10.º
Derramas

1. As Autarquias podem lançar derramas que não excedem 10% sobre as


colectas liquidadas na respectiva área em contribuição predial urbana.
2. A derrama tem carácter excepcional e só pode ser aprovada para ocorrer
ao financiamento de investimentos urgentes e ou no quadro de contratos
de reequilíbrios financeiro.
3. Ficam também sujeitas às derramas as pessoas singulares ou colectivas,
designadamente sociedade, cooperativas e empresas públicas, que seriam
tributadas em Imposto de Rendimento até 5% do imposto fixado, se não
beneficiassem de isenção destes impostos ou de outros benefícios fiscais,
que será cobrado na Repartição e posta à disposição das autarquias, nos
termos do disposto no n.º 4 do artigo4.º da presente lei.
4. São isentos do pagamento de derramas os rendimentos que beneficiem de
isenção permanente.
5. A deliberação sobre o lançamento das derramas deve ser comunicada
pelas Autarquias do Director de Finanças até 30 de Setembro do ano
anterior ao da cobrança.
6. A comunicação pela Administração Fiscal ao contribuinte dos valores
postos à cobrança por força do disposto neste Artigo deve ser feita com
menção expressa de que se trata de derrama municipal.

Artigo 11.º
Actualização do Rendimento Colectável em Contribuição Predial

1. O rendimento colectável dos prédios urbanos não arrendados será objecto


de actualização não cadastral, a efectuar de acordo com os seguintes
princípios:
a) O rendimento colectável dos prédios urbanos não arrendados será
actualizado anualmente, de acordo com os índices a incluir na Lei
do Orçamento Geral do Estado, os quais deverão ter em conta os
parâmetros de actualização do valor dos fogos de renda
condicionada e o grau de desactualização das matrizes.

2. O disposto no número anterior não prejudica a actualização cadastral.

Artigo12.º
Liquidação e cobrança

1. Os impostos referidos no n.º 1 do artigo 4.º, são liquidados pelas


Repartições de Finanças e cobrados pelas recebedorias de Finanças
territorialmente competentes, sem prejuízo do que se dispõe no número
seguinte.
2. As Autarquias podem deliberar proceder à cobrança, pelos seus próprios
serviços, dos impostos de cobrança virtual abrangidos pelo número
anterior, devendo neste caso fazer a respectiva comunicação às
Repartições de Finanças competentes para liquidação, até 30 de Junho do
ano anterior ao da cobrança.
3. Na situação considerada no n.º 2 as Repartições de Finanças procederão à
liquidação dos impostos em causa e entregarão aos municípios, 30 dias
antes da data prevista para o início da cobrança, os conhecimentos e
outros elementos necessários para o efeito.
4. Sem prejuízo do disposto no n.º 2, as receitas consideradas no número 1
do artigo 4.º, quando cobradas pela Recebedoria de Finanças, devem por
esta ser transferidas, até ao dia 15 do mês seguinte ao da cobrança, para a
autarquia titular.
5. As Autarquias serão compensados através de verba a inscrever no
Orçamento Geral do Estado pela isenção ou redução dos impostos
referidos no n.º 1 do artigo 4.º que venham a ser concedidas, para além das
actualmente estabelecidas, pela legislação em vigor.

Artigo 13.º
Cooperação entre o Governo e as Autarquias Locais

1. Os princípios e regras orientadoras dos sistemas financeiros de apoio ao


desenvolvimento regional e local serão definidos por Decreto-Lei,
devendo os correspondentes programas anuais de financiamento serem
publicados no Diário da República.
2. Anualmente serão inscritas verbas de forma discriminada no Orçamento
Geral do Estado, no âmbito do plano de investimentos da Administração
Central, para financiamento de projectos das autarquias locais.

a) Incluídos em programas integrados de desenvolvimento regional;


b) Objecto de contratos-programa de desenvolvimento a celebrar entre
as autarquias locais, preferentemente no quadro da cooperação
inter-municipal;
c) Incluídos em programas de reordenamento do território.

Artigo 14.º
Regime de Crédito

1. As Autarquias podem contrair empréstimos de quaisquer instituições


autorizadas por lei e conceder crédito, podendo ser de curto, médio ou
longo prazo.
2. As Autarquias podem emitir obrigações nos termos da lei.
3. Os empréstimos a curto prazo podem ser contraídos para ocorrer a
dificuldades de tesouraria, não podendo o seu montante, em circunstâncias
nenhuma, ultrapassar um décimo da verba do FEF que cabe a Autarquia.
4. Os empréstimos a médio e longo prazo podem ser contraídos para
aplicação em investimentos reprodutivos e em investimentos de carácter
social ou cultural ou ainda para proceder ao saneamento financeiro dos
municípios.
5. Os encargos anuais com amortizações e juros de empréstimos a médio e
longo prazo, incluindo os empréstimos obrigacionistas, não podem
exceder o maior dos limites do valor correspondente aos três duodécimos
do FEF que cabem à Autarquia ou a 40% das despesas realizadas para
investimento pelo município no ano anterior.
6. Quando ocorram atrasos nos prazos legalmente previstos para aprovação
da Lei do Orçamento Geral do Estado poderá a capacidade de endivida
mente autárquico ser transitoriamente avaliada com base nas
transferências orçamentais do ano imediatamente anterior, havendo lugar
a acertos posteriores à publicação daquele diploma se isso for do interesse
das Autarquias.
7. Os empréstimos contraídos junto de entidades privadas não podem
ocasionar encargos nem condições de amortizações mais desconfortáveis
do que os que resultem da sua contracção, em equivalentes condições de
acesso, junto de instituições públicas de crédito nacionais.
8. Aos empréstimos contraídos para construção de habitações destinadas à
venda, bem como àqueles que se destinam à reparação, conservação e
reabilitação de edifícios, contraídos nos termos da Lei, não é aplicável o
disposto no n.º 5.
9. Dos limites previstos no n.º 5 ficam também excluídas os encargos anuais
relativos a empréstimos contraídos com o fim exclusivo de ocorrer a
despesas extraordinárias necessárias à reparação de prejuízos ocorridos em
caso de calamidade pública.
10. Os empréstimos contraídos para construção de habitações destinadas a
venda são garantidos pela respectiva hipoteca.
11. O Governo regulamentará por Decreto-Lei os demais aspectos
relacionados com a contracção de empréstimos, nomeadamente no que diz
respeito ao recurso ao crédito pelos serviços municipalizados e
associações de municípios, à bonificação das taxas de juro, a prazo e
garantias, com exclusão de qualquer forma de aprovação tutelar.

Artigo 15.º
Contratos de Reequilíbrio Financeiro

1. As Autarquias em que se verifiquem situações de desequilíbrio financeiro


estrutural ou de ruptura financeiro com instituições autorizadas por lei a
conceder crédito.
2. Compete ao Governo regulamentar por Decreto-Lei as condições de
celebração dos contratos de reequilíbrio financeiro.

Artigo 16.º
Dívida ao Sector Público

Quando as Autarquias tenham dívidas às entidades não financeiras do sector


público, pode ser deduzida uma parcela às suas transferências correntes e de
capital, até ao limite de 15%, desde que aquelas dívidas se encontrem definidas
por sentença judicial transitada em julgado.

Artigo 17.º
Coimas e multas

1. A violação de posturas e de regulamentos de natureza genérica e de


execução permanente das autarquias locais constitui transgressão
sancionada com «coima».
2. As coimas a prever nas posturas e nos regulamentos das Autarquias não
podem ser superiores, respectivamente, a dez vezes o salário mínimo
nacional, nem exceder o montante das que forem impostas pelo Estado
para transgressão do mesmo tipo.
3. As posturas e regulamentos referidos no n.º 1 não podem entrar em vigor
antes de decorridos quinze dias sobre a sua publicação nos termos da lei.
4. A competência para a instrução dos processos de transgressão e aplicação
das coimas pertence aos órgãos executivos das autarquias locais, podendo
ser delegada em qualquer dos seus membros.
5. As Autarquias Locais beneficiam ainda, total ou parcialmente, das multas
fixadas por lei a seu favor.

Artigo 18.º
Contencioso Fiscal

1. As reclamações e impugnação dos interessados contra a liquidação e


cobrança dos impostos referidos no n.º 1 do artigo 4.º e das derramas que
sobre os mesmos incidem são deduzidos perante a entidade competente
para i liquidação e decididas nos termos do Código Geral Tributário e
Código de Contencioso das Contribuições e Impostos.
2. As reclamações e impugnações dos interessados contra a liquidação e
cobrança de taxas e demais rendimentos gerados em relação fiscal são
deduzidos perante os órgãos executivos das autarquias Locais, com
recurso para o Tribunal de Contencioso das contribuições e Impostos
competente.
3. Compete ao Tribunal Regional do Contencioso das Contribuições e
Impostos da área da residência ou sede dos infractores, a instrução e
julgamento das infracções cometidas em relação à liquidação dos
impostos e derramas mencionados nos artigos 4. º e 5.º.
4. Do auto de transgressão cometida em relação à liquidação e cobrança de
taxas pode haver reclamação no prazo de dez dias para os órgãos
executivos das autarquias, com recurso para os Tribunais do Contencioso
das Contribuições e Impostos Territorialmente competentes.
5. Compete as Repartições de Finanças a cobrança coerciva de dívidas às
autarquias locais provenientes de impostos, derramas, taxas, aplicando
com as necessidades adaptações, os termos estabelecidos no Código das
Execuções Fiscais.

Artigo 19.º
Contabilidade Autárquica

1. O regime relativo à contabilidade das autarquias locais visa a sua


uniformização, normalização e simplificação, de modo a constituir um
instrução de gestão económico-financeira e permitir a apreciação e o
julgamento da execução orçamental e patrimonial.
2. A contabilidade dos serviços autárquicos ou outras entidades à estas
afectas será aplicado o Plano Oficial de Contabilidade, com as adaptações
que se lhes impuserem.
3. A matéria respeitante à contabilidade autárquica é definida por Decreto-
Lei.

Artigo 20.º
Tutela Inspectiva

1. Cabe ao Governo, através da Inspecção de Finanças, fiscalizar a


legalidade da gestão patrimonial e financeira das Autarquias.
2. As Autarquias devem ser inspeccionadas ordinariamente pelo menos uma
vez no período de cada mandato dos respectivos órgãos.
3. O Governo pode ordenar inquéritos e sindicâncias mediantes queixas ou
participações devidamente fundamentadas.
4. Para o caso da Autarquia Especial do Príncipe, a competência referida nos
números anteriores cabe ao Representante do Governo na Região, que
pode solicitar na Inspecção de Finanças.
Artigo 21.º
Apreciação e Julgamento das Contas

1. As contas das Autarquias Locais são apreciadas pelo respectivo órgão


deliberativo, reunido em sessão ordinária, até ao final do mês de Março do
ano seguinte àquela a que respeitam.
2. As contas uma vez aprovadas, nos termos do precedente número 1, devem
ser remetidas ao Tribunal de Contas para julgamento até 30 de Abril.
3. O Tribunal de Contas deve julgar as contas até 30 de Setembro de cada
ano e remeter o seu acórdão aos respectivos órgãos autárquicos, com cópia
ao Ministério da Tutela.

Artigo 22.º
Isenções

1. O Estado e seus institutos e organismos autónomos personalizados estão


isentos de pagamentos de todas as taxas e licenças devido às autarquias
locais nos termos do presente diploma.
2. Exceptuam-se das isenções do n.º 1 as tarifas e preços de serviços
referidos no artigo 6.º.
3. As Autarquias Locais gozam do mesmo regime de isenção de pagamento
de todos os impostos, taxas, emolumentos e licenças de que goza e Estado.

Artigo 23.º
Aplicação à Autarquia Especial do Príncipe

A presente Lei é directamente aplicável à Autarquia Especial do Príncipe,


sem prejuízo da regulamentação própria na medida em que para tal se torne
necessário.

Artigo 24.º
Regime Transitório da Distribuição PEP

1. Nos três primeiros anos o FEF será distribuído pelas Autarquias de


forma proporcional aos respectivos níveis populacionais e áreas,
aplicando para o efeito o coeficiente de 70 e 30% respectivamente.
2. A aplicação dos novos critérios não pode em caso algum implicar
redução do valor nominal do FEF que a Autarquia recebeu no ano
anterior, devendo a eventual diferença ser cobertura através de uma
verba especial a inscrever no Orçamento Geral do Estado.

Artigo 25.º
Transferência de Competências
A transferência de competências actualmente exercidas pela Administração
Central do Estado para as Autarquias deve ser acompanhada da transferência de
recursos humanos e financeiros.

Artigo 26.º
Gabinete de Apoio de Coordenação das Autarquias

1. Sem prejuízo para autonomia administrativa e técnica das Autarquias


funcionará junto do Ministério da tutela um Gabinete de Apoio e Coordenação
das Autarquias no quadro da racionalização dos recursos.
2. O quadro de competências atribuições do referido Gabinete será definido em
diploma próprio.

Artigo 27.º
Revisão da Estrutura das Receitas

As receitas fixadas no artigo 4.º, para as Autarquias Locais poderão ser revistas
no quadro da reforma fiscal.

Artigo 28.º
Autorização Legislativa

Fica o Governo autorizado a aprovar por Decreto-Lei no prazo de 180 dias os


princípios e regras orientadoras dos sistemas financeiros de apoio ao
desenvolvimento regional e local, os regulamentos relacionados com a
contratação de empréstimos e com as condições de contratos de reequilíbrios
financeiros e outras regras e normas necessários ao adequado funcionamento e
desenvolvimento das autarquias em conformidade com os princípios constantes
da presente lei.

Artigo 29.º
Carácter Provisório

Esta Lei ter carácter provisório e deve ser revista 6 meses antes do fim do
primeiro mandato das Assembleias Distritais.

Artigo 30.º
Entrada em vigor

A presente Lei produz efeitos a partir de 1 de Janeiro de 1993, sendo aplicável na


elaboração e aprovação do Orçamento do Estado para 1993.

Assembleia Nacional, em São Tomé, aos 17 de Novembro de 1992.

O Presidente da Assembleia Nacional, Interino, Fernando José Paquete da Costa.


Promulgado em 4 de Dezembro de 1992.

Publique-se.

O Presidente da República, Miguel Anjos da Cunha Lisboa Trovoada.

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