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GUSTAVO ALVES MAGALHÃES – 2015695141

REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO


A ineficácia de uma política monetária foi um dos motivos para os adeptos da economia
novo clássica elaborarem propostas para a organização do Banco Central e conduzir
políticas monetárias capazes de reduzir os estímulos à implementação de políticas de
surpresa monetária. Sendo a criação de bancos centrais independentes e a utilização de
metas de inflação como objetivo da política monetária as propostas mais importantes.
Com isso, surge a tese da independência dos bancos centrais e as metas de inflação.
O regime de metas de inflação parte de que o principal objetivo da política monetária é
alcançar e preservar uma taxa de inflação baixa e estável.
Essa estrutura de política monetária melhora a comunicação entre o público, os
empresários e os mercados.
O foco é a estabilidade de preços, e essa meta é desenvolvida em torno do trinômio
credibilidade-reputação-delegação.
O regime de metas de inflação propõe uma meta de crescimento para algum índice de
inflação, índice esse que é anunciado no início de um determinado período. Essa meta é
determinada pelo governo e deve ser perseguida pelo Banco Central.
Com isso, a política monetária passa a ter como objetivo alcançar a meta inflacionária
determinada.
Esse regime de metas inflacionárias surge no modelo de Walsh de uma independência do
Banco Central e acompanhada do trinômio credibilidade-reputação-delegação. Ou seja,
essa tese tem o objetivo de delegar a política monetária a um agente que mantenha sua
reputação, a credibilidade nas regras monetárias e mantenha a inflação em patamar
aceitável e reduza a variação do produto.
No Brasil, o regime de metas inflacionarias foi adotado em 1999 devido ao descontrole
inflacionário que acompanhava o país nos anos 80 e 90, chegando a hiperinflação.
Foram feitas várias tentativas para se controlar esse descontrole inflacionário até que
finalmente o Plano Real, em 1994, conseguiu controlar a inflação através de uma ancora
cambial e da desindexação com a URV. O Plano Real foi um plano para estabilizar a
economia.
Porém, por volta de 1998 a ancora cambial estava ameaçada e não resistiu à pressão da
taxa de câmbio. Nesse contexto, surgiu a ideia de se adotar um regime de metas para
inflação, seguindo os exemplos de países que já adotavam esse regime, como por exemplo
Inglaterra, Suécia e Nova Zelândia.
Em 1999, ainda com incertezas quanto ao impacto da desvalorização do Real sobre a
inflação, o Brasil implementa o regime de metas para a inflação com o objetivo da
estabilidade dos preços e um crescimento econômico.
No Brasil, o CMN ( Conselho Monetário Nacional ) estabelece as metas de inflação, que
é presidido pelo ministro da fazenda e o COPOM do BCB tem que atingir o alvo da meta
de inflação através da taxa de juros de curto prazo.
A meta de inflação é baseada em um índice cheio, o IPCA ( Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo ), que é calculado pelo IBGE. Esse índice cheio foi escolhido por ser
a medida mais adequada para avaliar a evolução do poder aquisitivo da população.
Caso a meta não seja atingida, o presidente do Bacen efetua uma carta ao Ministro da
Fazenda justificando o não cumprimento da meta.
No brasil, é utilizado o ano calendário, ou seja, o cumprimento da meta é avaliado
considerando os 12 meses. Um tempo mais longo para a meta de inflação é uma boa forma
de lidar com os choques econômicos, já que a inflação tem certa inercia e requer maior
tempo para se ajustar.
Porém, um tempo mais curto para meta de inflação, possibilita a neutralização de parte
dos efeitos inflacionários decorrentes das expectativas elevadas para a inflação futura.
O regime de metas para a inflação tem sido bem sucedida no Brasil. O sistema tem
possibilitado que a inflação fique sob controle, em níveis relativamente baixos. Desde a
adoção do regime em 1999, a inflação tem se situado dentro do intervalo de tolerância na
maioria dos anos calendário.
Mesmo quando diante de choques significativos que colocaram a inflação fora do
intervalo de tolerância, a inflação retornou à trajetória das metas. Fundamental para isso
tem sido a ancoragem das expectativas de inflação. Isso dá maior previsibilidade para a
economia e melhora o planejamento das famílias, empresas e governo.
O sistema também trouxe altos níveis de transparência e responsabilização. Por exemplo,
o comunicado e a ata das reuniões do COPOM e o Relatório de Inflação trazem a visão
do COPOM sobre a economia e as razões das decisões tomadas.

Desde a adoção do regime de metas de inflação, a inflação efetiva, medida pelo IPCA
ultrapassou intervalo de tolerância em 2001-2002-2003-2015-2017 ; ficou acima da meta,
mas dentro do intervalo de tolerância em 2004-2005-2008-2010 a 2014 e ficou abaixo da
meta e dentro do intervalo de tolerância em 2006-2007-2009.

Considerando os intervalos de tolerância que a inflação efetiva ultrapassou (


2001,2002,2003,2015 e 2017), diversos choques externos e domésticos foram os
responsáveis por isso.

A crise energética no Brasil, os efeitos do 11 de Setembro 2001, a crise da Argentina e a


crise de confiança com as eleições presidenciais de 2002 atingiram a economia brasileira,
afetando significativamente a inflação.

Em 2001, a taxa de inflação ficou 1,7% acima do limite da meta, chegando a 7,7% e
aumentou para 12,5% em 2002, mais de 5% acima do limite da meta. A inflação encerrou
o ano acima da meta estabelecida em razão dos choques externos e internos que atingiram
a economia brasileira em 2001. No âmbito externo, a desaceleração da economia mundial,
o contágio proveniente da crise argentina e os ataques terroristas nos Estados Unidos
produziram forte pressão de depreciação do real em 2001.

Em 2003, a taxa de inflação também ficou acima da meta, ultrapassando o intervalo de


tolerância decorrente do efeito inercia da elevada inflação de 2002. A taxa nesse ano foi
de 9,3%, ou seja, acima da meta ajustada que era de 8,5%.
Em 2015, o nível de inflação de 2015 refletiu, em grande parte, os efeitos de dois importantes
processos de ajustes de preços relativos na economia, o realinhamento dos preços
administrados por contrato em relação aos chamados “preços livres” e o realinhamento dos
preços domésticos em relação aos internacionais , observados desde o final de 2014 e que se
estenderam ao longo de 2015.
Em 2017, a taxa de inflação ficou em 2,95%, ficando abaixo da meta e fora do intervalo
de tolerância devido a deflação dos preços de alimentação no domicílio.
Os gráficos a seguir mostram as metas e as respectivas taxas de inflação no período de
1999 a 2020:

Em conclusão, o regime de metas para a inflação envolve o conhecimento público e


prévio da meta para a inflação, a autonomia do banco central na adoção das medidas
necessárias para o cumprimento da meta, comunicação transparente e regular sobre os
objetivos e justificativas das decisões da política monetária e mecanismos de incentivo e
prestação de contas para que a autoridade monetária cumpra a meta. Ou seja, a meta dá
maior segurança sobre os rumos da política monetária, mostrando para a sociedade o
compromisso do Banco Central com a estabilidade de preços.

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