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Mestrados em Educação Musical e em Ensino de Música

1º Ano Desenvolvimento Musical


Docente Graça Boal Palheiros

Ficha de leitura

Nome José Luís Duarte da Silveira, 4130050 Data: abril de 2020

Referência do artigo (autores, data, título, revista, número, números de páginas)

Ian, Cross (2005). Música, mente e evolução, Faculdade de Música, Universidade de Cambridge,
Reino Unido, pp. 22-29

Resumo:

O autor começa por referir o aspeto social da música, apresentando várias evidências de que
praticamente todos os Seres Humanos consomem música de alguma forma ou são capazes de
criar um elo de ligação com a mesma.
O crescimento dos estudos nas áreas científicas tem levado a que se tente compreender de
que forma é que o nosso cérebro se comporta quando ouvimos música e a que se tente perceber
que lugar é que esta forma de arte ocupa na evolução dos Humanos.
Ian Cross apresenta, de seguida, as duas maiores teorias formuladas acerca dos processos
cerebrais dos Humanos, sendo que uma considera que o Ser Humano evoluiu dos primatas e que
os organismos prevalecentes são aqueles que têm uma maior capacidade de adaptação às
condições que o nosso planeta oferece, acreditando que os nossos comportamentos são
influenciados pelos nossos genes. A outra rejeita a proposta apresentada anteriormente e
considera que a nossa mente não pode ser compreendida pelos processos inerentes à evolução e
que a mente de cada um é influenciada pelas experiências pessoais e não pela genética.
Desta forma, há quem defenda que a música tem origem numa base genética e há quem
considere que a música tem origens evolutivas mais antigas. Contudo, encontram-se poucas
semelhanças entre as canções complexas que o Ser Humano cria e os padrões sonoros que os
pássaros ou os primatas reproduzem.
O autor refere que ambas as teorias veem a música como um processo de adaptação.
Enquanto uma defende que a música é acessória à evolução e que apenas ofereceu a
capacidade de diferenciação de alturas de som, outra defende que são as experiências sociais,
culturais e biológicas que têm um papel determinante na formação das perceções e cognições
maduras.
No entanto, há muitas evidências no comportamento dos bebés que sugerem que temos
comportamentos pré-programados, como o caso da linguagem, que é enriquecida através do
contacto com outras pessoas. Da mesma forma, os bebés revelam uma pré-programação para a
música, revelando sensibilidade para padrões melódicos, e utilizando alguns mecanismos
musicais para comunicar. O autor entende assim que a evolução deve ser relacionada com a
predisposição de cada um para ser musical e não com as expressões de indivíduos maduros
inseridos numa determinada cultura.
De seguida, Ian Cross identifica os vários significados que a música ocupa em algumas
culturas, sendo utilizada para comunicar com mortos, para reestruturar relações sociais, como
ritual, etc.. O autor refere, portanto, que a música pode, dentro do mesmo contexto, adotar
diferentes significados para cada indivíduo e que pode nem ter um efeito imediato. A música tem
algumas bases universais, mas não apresenta um significado universal.
Desta forma, o autor conclui que a música tanto pode explorar relações sociais como pode
oferecer a cada um uma maior flexibilidade cognitiva, especialmente aos bebés, nos quais ajuda a
criar relações entre os domínios biológicos, psicológicos e mecânicos. O autor argumenta ainda
que a música pode ter tido um papel fundamental na nossa flexibilidade cognitiva, uma vez que o
Ser Humano atual se mostra capaz de transferir conhecimentos aprendidos pelos seus
antecessores menos evoluídos. Como prova, temos agora alguns artefactos arqueológicos que
demonstram que os instrumentos musicais são utilizados desde o início da raça humana,
pensando-se ainda que será possível no futuro encontrar-se instrumentos ainda mais antigos
feitos a partir de pedra. Contudo, o autor termina referindo que a música deixa poucas marcas na
história, estando apenas presente na cabeça de cada indivíduo.
Mestrados em Educação Musical e em Ensino de Música
1º Ano Desenvolvimento Musical
Docente Graça Boal Palheiros

Reflexão:

Tal como já foi abordado nas aulas de Desenvolvimento Musical, a música tem um papel
transformativo na capacidade cognitiva de cada um. Considero, portanto, que também na
dimensão evolutiva do Ser Humano, a música teve um papel fundamental na forma como o
cérebro se foi formando.
Sou capaz de perceber ambas as teorias relativas aos processos cerebrais dos humanos,
compreendendo por um lado o aspeto social que a música apresenta, sendo explorada, cultivada
e tornando-se cada vez mais complexa nas mais variadas comunidades ou contextos sociais do
mundo, e por outro lado, os fatores genéticos que, na minha opinião, contribuem fortemente para
a formação de um Ser musical, assim como para a flexibilidade cognitiva de cada um.
De acordo com o artigo explorado anteriormente, de Susan Hallam, considero que a música
não tem apenas um papel acessório na formação de cada indivíduo, mas afigura-se sim como um
conjunto de habilidades que aumentam as capacidades de cada pessoa, tanto a nível psicológico
como motor.
Pelo exposto, concordo com o autor quando refere que a música, no que diz respeito ao seu
lugar na evolução, deve ser relacionada com a predisposição de cada um para ser musical e não
com as expressões de indivíduos maduros e inseridos numa determinada cultura. Contudo,
considero que também as expressões sociais contribuem imenso para o desenvolvimento da
música enquanto linguagem e fortalecem as relações entre indivíduos.

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