INTERNATIONAL NURSING CONGRESS 1

Theme: Good practices of nursing representations

In the construction of society
May 9-12, 2017

O Princípio da Autonomia e a Bioética na Fase Terminal

Adenise de Jesus Silva (Graduanda em Enfermagem Bacharelado - Universidade Tiradentes -
Aracaju/SE) E-mail: adenisedjs@hotmail.com
Jordana Sobral Santos (Graduanda em Enfermagem Bacharelado - Universidade Tiradentes -
Aracaju/SE) E-mail: jo.sobral@hotmail.com
Anderson Pina Santos (Orientador, Mestre em Bioética, Docente da Universidade Tiradentes-
Aracaju/SE) E-mail:pinanderson@hotmail.com

Linha Assistencial 01 –. Modelos e impactos do cuidado de enfermagem nas condições de saúde da

população. Sublinha de pesquisa: Modelos e impactos do cuidado de enfermagem nas condições de
saúde da população.

INTRODUÇÃO dessa escolha (MATTOS, et. al. 2015). A palavra

eutanásia vem do grego euthanatos e significa ter
uma boa morte, sem sofrimento, de forma
O termo Bioética foi utilizado pela primeira vez
adequada ou sem dor, em pessoas enfermas. O
pelo teólogo protestante Fritz Jahr, em 1927, na
filósofo Francis Bancon em 1623 foi o
Alemanha Central, porém, essa expressão não foi
responsável pela denominação da eutanásia e
aceita de imediato. Possuindo uma maior
isso ocorreu a partir do emprego da mesma na
explanação a partir de Van Rensselaer Potter,
sua obra: Historia vitae et mortis, esta mostra que
que dizia que para adquirir o desenvolvimento da
o médico além de possuir o papel da cura, possui
espécie humana era necessária a manutenção de
também o de evitar o sofrimento. A eutanásia é
um sistema de ética, este, é nomeado de bioética
utilizada para evitar a distanásia, que por sua vez,
global, que é voltado para o conhecimento de
se trata de uma terapêutica, cujo objetivo é
todas as ciências com ênfase para a biológica e
prolongar a vida do indivíduo através dos
serve como extensão para a bioética médica e
recursos existentes. Existem diversas questões
ambiental (PESSINI, 2013). No início da década
dentro da bioética, para alguns indivíduos, a
de 70 os pesquisadores Tom L. Beauchamp e
morte em pacientes terminais significa um alívio
James F. Childress apresentaram um método de
ou o término de todo o sofrimento, enquanto para
análise da bioética baseado no principialismo que
outros, a morte é considerada um ato semelhante
se embasava nas teorias de William David Ross e
ao suicídio. O paciente em fase terminal possui
William Frankena. Segundo AZAMBUJA et. al.
uma série de questões, tanto éticas, quanto
(2015) seus quatro princípios, advêm de teorias
morais, culturais e jurídicas. Tudo isso gera
diferentes: o princípio da autonomia foi retirado da
conflito em relação à escolha entre viver e morrer.
teoria kantiana (Kant); a beneficência, da teoria
O indivíduo deve possuir uma autonomia em
utilitarista (Mill); a justiça, da teoria da justiça
relação a sua própria vida e tem o direito de uma
(Rawls); e a não maleficência, da teoria da
morte digna. Os casos de pacientes terminais que
moralidade comum (Clouser e Gert).O princípio
utilizam aparelhos, medicamentos geram nestes
da autonomia permite que o indivíduo tenha
tanto sofrimento físico como espiritual, além de
independência nas suas escolhas, ou seja,
gerar também uma tristeza nos familiares que
respeitar a autonomia do outro resulta na
presenciam a situação. É de fundamental
reciprocidade do reconhecimento da habilidade
importância existir uma boa relação entre o
que todo indivíduo possui para tomar suas
paciente e médico, respeitando as vontades, os
decisões com base nos aspectos culturais,
valores morais e as crenças, para que ocorra uma
valores e crenças. Deve-se enfatizar que não
autonomia na hora de executar as escolhas
quer dizer apenas, não opinar sobre a escolha do
(CORREIO, 2016).
outro, mas também a obrigação moral de
proporcionar situações favoráveis para a prática
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OBJETIVOS
O objetivo do presente estudo é realizar uma
análise da literatura científica sobre a eutanásia e
o respeito ao princípio da autonomia de pacientes
enfermos.
MATERIAL E MÉTODOS
Esse artigo se propõe a realizar uma revisão
bibliográfica e a elaboração do mesmo se deu a
partir de buscas na Biblioteca Virtual de Saúde
(BVS) e na Base de Dados Scientific Electronic
Library Online (Scielo), sendo utilizado como
Descritores em Ciências da Saúde (DECS):
Bioética, Eutanásia e Autonomia, empregando
como operadores boleanos or e and. Durante a
pesquisa, foram encontrados 360 artigos sobre o
assunto abordado e após a filtragem, foram
utilizados apenas 9 como referencial teórico. A
forma de avaliação dos artigos pesquisados foi
verificar o ano de publicação de cada um, verificar
se respondiam aos objetivos da revisão, com o
intuito de selecionar os mais atuais para o artigo.
O mesmo foi desenvolvido pelo Grupo de
Pesquisa em Direitos Humanos e Bioética.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo BOTTEGA (2015), a eutanásia pode
ser classificada de algumas formas, o que vai ser
considerado nessa etapa de classificação é a
intenção e o efeito da ação. Ela pode ocorrer de
forma voluntária, ou seja, o paciente participa da
decisão; involuntária, quando a ação é realizada
sem a concordância do mesmo, ou não
voluntária, quando se adota a ideia da morte sem
saber a opinião do paciente.Existem os tipos de
eutanásia e suas subdivisões, a eutanásia
passiva, também chamada de negativa ou
indireta, é quando ocorre a morte por omissão, ou
seja, não são utilizados métodos que possam
prolongar a vida, como por exemplo, a retirada de
aparelhos que estão ligados ao doente e a não
utilização de medicamentos. A ativa, conhecida
também como positiva e direta, é aquela em que
o paciente recebe a dose de algum tipo de
medicamento letal (CORDERO, 2014).A
eutanásia provocada pode ser classificada como
autônoma, nesta o doente comete o suicídio, ou
como heterônoma, através de uma terceira
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pessoa que pode ser um médico, amigo ou algum
familiar. Ainda é dividida em solutiva, ou seja, é
pura, autêntica e não abrevia a vida do indivíduo
e resolutiva, na qual a vida do paciente é cessada
com a sua autorização ou de algum membro da
família (LIMA, 2014).Para o filósofo Immanuel
Kant, uma ação só tem valor moral se for um
dever imposto pela lei. Refere-se a uma
concepção fundamentada na ideia de que o
indivíduo não exerce uma ação por vontade
própria, pois é submetido a propensões, de forma
que a lei se manifesta na forma de imperativo,
fazendo com que o livre arbítrio não seja efetivo
devido à necessidade das exigências da lei do
querer. (MATTOS, et. al. 2015).A palavra
autonomia significa em termos simples liberdade
e é um dos princípios da bioética. Quando ligada
a eutanásia, quer dizer respeitar o fim da vida
para aqueles pacientes terminais ou portadores
de uma enfermidade que é incurável. É através
da eutanásia que o sofrimento do indivíduo chega
ao fim, mas segundo a constituição, o direito à
vida é visto como fundamental (FARAVIM, et. al.
2015).O código de ética médica, idealizado pelo
modelo hipocrático que possuía influências
religiosas, era marcado pela alteridade entre
médico e paciente. O primeiro destes
mencionados, possuía o poder de decisão em
relação a terapêutica utilizada, enquanto o
usuário deve apenas obedecer, sem questionar.
Em 1960, houveram alterações no código de
ética, nas quais, a cultura e a crença do paciente
passaram a ser levadas em consideração e não
somente a técnica médica (SIQUEIRA, 2013). Na
atualidade o principal desafio encontrado é a
inter-relação prático teórica, visando a vertente
ética e moral médica. O médico está cada vez
mais preparado para lidar com qualquer tipo de
situação e a ética médica vem também
assumindo várias posições na sociedade
(FRANÇA, 2013). De acordo com o Código de
Ética de Médica de julho de 2010, Capítulo V, Art.
41 É vedado ao médico abreviar a vida do
paciente, ainda que a pedido deste ou de seu
representante legal.A autonomia do próprio
paciente é importante, mas há também outra
forma de prová-la, através do testamento vital, ou
seja, um instrumento ético e legal onde são
registradas todas as vontades do sujeito em
relação a algo futuro. Este instrumento pode se
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apresentar em várias formas, como uma escritura
pública em cartório; declaração escrita em
documento particular; declaração feita ao médico
assistente e registrada no prontuário devidamente
assinada (CORDERO, 2015).O primeiro país no
mundo a legalizar a eutanásia foi a Holanda, a
partir de uma lei criada em 1 de abril de 2002,
que concede a proteção aos médicos, se os
mesmos utilizarem critérios de minúcia para
explicar a execução do ato. De acordo com essa
lei, os médicos utilizam de fundamentos para
conseguir sua proteção em determinados casos
(BOTTEGA, 2015). No Brasil, a vida é vista como
bem mais inviolável e no caso da eutanásia, esta
é vista como um ato criminal, com pena de 6 a 20
anos de prisão, mas o novo código penal já
legaliza a prática da ortotanásia, que é
considerada um meio de prolongar a morte
através de recursos paliativos. Países com Itália,
França e também consideram a prática da
eutanásia como crime. Em outros países o
assunto também é discutido, na Alemanha a
questão da eutanásia já é mais tolerada pela
população e na Espanha, nos casos de eutanásia
passiva ocorre a despenalização (BOTTEGA,
2015).Uma forma de cuidado com o paciente
terminal é a prática da ortotanásia, que se opõe a
qualquer tipo de sofrimento ou padecimento da
morte na qual o indivíduo além de perder a sua
vida perde a sua dignidade. Essa prática
possibilita o tratamento humanizado, a morte
correta e com dignidade, sem necessitar de
atividades como a distanásia e eutanásia
(PESSIN, 2007). O pensamento equivocado de
que a saúde se trata somente da ausência de
doença, faz com que a saúde de um paciente
terminal não seja considerada, pois, dessa forma
o mesmo não a possui. Porém, quando a saúde é
vista como sinônimo de bem estar físico, mental e
espiritual a ortotanásia pode ser prática que vale
a pena ser realizada.
CONCLUSÕES
Diante do que foi abordado, foi possível
esclarecer alguns termos como bioética e sua
principiologia, eutanásia e suas vertentes e a
ortotanásia. Tendo em vista que o caminho mais
viável a ser percorrido é a ortotanásia, ou seja, a
prática que utiliza de recursos terapêuticos com
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fundamentos paliativos. É de grande relevância
avaliar o paciente de forma holística e
humanizada buscando entender a sua situação
de saúde e colaborar com bem estar físico,
mental, social e espiritual, como uma maneira de
favorecer o indivíduo em relação ao processo
saúde doença. E acima de tudo, respeitar a
escolha da ortotanásia pelos familiares e
paciente.
REFERÊNCIAS
AZAMBUJA; Letícia Erig Osório. et. al. A teoria da
moralidade comum na obra de beauchamp e childress.
Revista de Bioética. Brasília- DF.2015.
BOTTEGA; Clarissa et. al. Considerações sobre Eutanásia,
Distanásia e Ortanásia e a Bioética. Revista Jurídica da
Universidade de Cuiabá. Vol.13. nº2.2015.
CORDERO, José Antonio Silva. O fim da vida: Uma questão de
autonomia. Revista de Pediatria do Centro Hospitalar do
Porto. Vol. XXIII. Nº 2. 2015.
CORREIO; Mateus Salvadori. et. al. Principialismo e
Dworkin:Algumas considerações a cerca da eutanásia.
Revista de Filosofia. Vol.3. nº1. Abril de 2016.
FARAVIM; Aline Mendes. Análise teórica da terminologia
sobre eutanásia e seu enquadramento jurídico. Revista de
Sorbi, . Nº2, PÁG 23-34, 2014.
FRANÇA, Genival Veloso de. A velha e a nova ética
médica.Gac. int. cienc. Forense. Nº 9. Dezembro de 2013.
Disponível
em:http://www.uv.es/gicf/2TA1_Fransa_GICF_09.pdf
LIMA; Maria de Lourdes Feitosa. et al. Bioética e os cuidados do
fim da vida. Revista de Bioética. Fundação Oswaldo Cruz.
Vol. 23; N º1,pág 31-39 .2015.
MATTOS; Delmo. et. al.Entre a autonomia da vontade
Kantiana e o princípio da autonomia de beauchamp e
childress: uma discussão acerca da autonomia e da dignidade
humana na bioética e no direito. Revista Perspectiva
Filosófica, V.42, nº1, pág.35 -56, 2015.
.
PESSINI; Leo. No berço da bioética: O encontro de um
credo, com um imperativo e um princípio. Revista
Colombiana de Bioética. Vol.8. Nº1. Junho, 2013.
PESSINI, Leo; BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de.
Problemas atuais de bioética. Revista ampliada. 8ª ed. São
Paulo: Centro Universitário São Camilo: Loyola,