Uma história pra falar de amor

O que é amor se não cuidado? Se não enfrentamento? Confronto? Entrega? Quando a

gente ama, a gente torce, a gente vibra, da a mão pro amado que caiu, convida pra
levantar, e mantém a mão estendida, pra quando ele se sentir pronto a aceitar. Amar é
aprender a dizer não, para o outro, pra aquilo que deixa o corpo doido de vontade, mas
que faz mal. É dar o tempo para o outro aprender. Amar é deixar ir e vir. É deixar o ego
de lado e ouvir o coração. Permitir que as emoções falem, que os olhos chorem, que o
toque do outro encoste no seu com ternura. É olho no olho, e corpos distantes – se é isso
o que o momento pede pra que você e o outro fiquem bem.

As luzes estão apagadas.

A luz se acende quando a música começa (À primeira vista – Chico César).

1 – Todos estão olhando para o chão

2 – A olha para B.
3 – A anda alguns passos.
4 – A pede a mão de B, estendendo seu braço. B dá a mão e puxa A pra si.
5 – A vem girando.
6 – As duas dançam com os braços de B performando os de uma mãe/pai, ninando um
bebê. Pessoa A está mais contraída, aconchegada. Dois passos pra frente, dois para trás.
Vão em direção à esquerda.
7 – Pessoa D gira até próximo de pessoa E.
8 – D coloca suas mãos nos dois ombros de E, e a movimenta, para a esquerda e depois
para a direita. E segue olhando para baixo.
9 - Em meio a isso, pessoa C começa a dançar sozinha com os braços erguidos para o
alto, em posição de bailarina. Girando sem sair do lugar.
10 - A e B, que até então seguiam seus movimentos, veem C dançando e começam a
andar em volta, separadamente. A fica mais pra esquerda.
11 – B vai para a direita.
12 – Pessoa E ergue a cabeça e se solta de D.
13 – D se afasta e gira o ombro direito para trás.
14 – E copia o movimento. Em seguida, E gira o ombro esquerdo e depois repete a
sequência, movendo o corpo para frente e para trás. D copia. Com o tempo atingem a
sincronia na movimentação.
15 – C cai no chão.
16 – A chama por C no chão com os braços.
17 – B se afasta, tapando os olhos com os braços. Para e segue dançando com
movimentos de braço e mãos que oscilam entre tapar os olhos, os ouvidos, a boca.
18 – C arrasta os braços para o chão, mas sem mover o corpo, gesticula como se
estivesse cavando o chão.
19 – Devagar, C volta a olhar para cima. A continua com os braços e mão abertos,
chamando-o.
20 – C segura na mão de A e lentamente levanta. A e C giram juntos, indo para a
esquerda. Lá seguem girando e dançando juntos.
21 – D e E começam a dessincronizar. E gira os dois ombros para trás – diferentemente
de D, que ainda gira um ombro, depois o outro – e vai se afastando. Até parar num
ponto e se virar de costas para D.
22 – E para de mover os ombros e começa a experimentar movimentações livres com o
braço.
23 – B encara suas mãos e deixa os braços caírem, Gira o pescoço para os dois lados,
olha para frente e começa a girar. Gira até o “centro frente” do palco e dança até chegar
em E. 24 – B e E trombam.
25 – E vira de costas e encara B.
26 – D observa de longe, se abraça e senta no chão.
27 – A e C dançam agora de forma diferente. Se encarando, giram oscilando entre as
palmas da mão direita de A encontrando a esquerda de C. Os dois param, e se encaram.
As mãos ainda se tocando. A e C encaram suas mãos e seus olhos, oscilando.
28 – E da um largo passo para trás. B vai para frente. Os dois seguem se encarando,
relutantes.
29 – Devagar, E se levanta.
30 – A e C afastam seus corpos, mas seguem se olhando. B e D também se afastam. 31
– 31 – Devagar todos se movem pelo espaço. Todos param. Agora, olham para frente.
As luzes se apagam.