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ARTIGO

MODELO LÓGICO DE BANCO


DE DADOS PROPOSTO PARA
UMA CONT ABILIDADE DE
CONTABILIDADE
PARTIDA MÚLTIPLA
Dinaldo do N. Araújo*

RESUMO balho de IJIRI (1967), onde o mesmo menci-


ona a importância da contabilidade no mo-
O presente artigo aborda conceitos de banco de dados,
visões de banco de dados, componentes de um SGBD, mento de subsidiar os usuários da contabili-
projeto lógico de banco de dados, projeto físico de banco dade com informações úteis e diversas, o
de dados, modelos de banco de dados e Modelo Entidade-
Relacionamento (E-R), com a finalidade de propor a imple-
que ele chama de Partidas Múltiplas e Con-
mentação de um projeto lógico de banco de dados que tabilidade Multidimensional.
colabore para uma contabilidade de partida múltipla. Logo, este trabalho tem a finalidade de abor-
dar Banco de Dados como uma ferramenta
que possa contribuir de alguma forma com o
que IJIRI (1967) chama de Partidas Múltiplas.
I - INTRODUÇÃO O trabalho abordará conceitos de banco de
dados relacional e o método de partidas
Do período da Revolução Industrial até o fi- múltiplas assim chamado por IJIRI (1967).
nal do século XIX, o mundo se deparou com
diversas mudanças e das mais variadas or- II - TERMINOLOGIA BÁSICA
dens: sociais, políticas, econômicas e cul-
turais. Uma destas mudanças foi com rela- BIT – Representa a menor parcela que o
ção ao tratamento dado à informação . As computador pode manipular.
organizações e as pessoas passaram a tra-
tar a informação proveniente dos sistemas BYTE – É um grupo de bits (8 bits) que re-
existentes de uma maneira mais significativa presenta um único símbolo ou caractere.
e valorosa. Chegando ao ponto de criarem
reservatórios de dados e de informações, o CAMPO – É um agrupamento de caracteres
que deu origem ao que nós chamamos de em uma palavra, grupo de palavras, número
Banco de Dados. No que tange à área con- ou um conjunto de números.
tábil, este tratamento especial dado à infor-
mação também teve reflexo nas teorias con- REGISTRO – É uma coleção de campos
tábeis, o que pode ser evidenciado no tra- de dados relacionados.

* Contador, Pós-Graduado em Sistemas de Informações e Professor do Curso de Cièncias Contábeis da UNAMA

Adcontar, Belém, v.4, n.2, p.27-44, nov. 2003


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P ARA UMA CONT ABILIDADE DE P
CONTABILIDADE ARTIDA MÚLTIPLA
PARTIDA Dinaldo do N. Araújo

ARQUIVO – É um grupo de registros de LAUNDON & LAUNDON (1999), definem


dados relacionados. banco de dados da seguinte forma: “uma
coleção de dados organizados de tal forma
BANCO DE DADOS – É o arquivo físico, que possam ser acessados e utilizados por
em dispositivos periféricos, onde estão ar- muitas aplicações diferentes”.
mazenados os dados de diversos sistemas,
para consulta e atualização pelo usuário. Portanto, dentro das empresas, segundo
LAUNDON & LAUNDON (1999) em todo sis-
S.G.B.D
.D.. (Sistema Gerenciador de Banco de
.G.B.D tema de informação os dados devem ser or-
Dados) – É o software responsável pelo ge- ganizados e estruturados para que possam
renciamento (armazenamento e recuperação) ser usados com eficácia, caso contrário o
dos dados no Banco de Dados. sistema não pode alcançar seu objetivo. E
para isto existem os métodos de armazena-
DADO – É o valor do campo quando é ar- gem e de recuperação de informação, que
mazenado no Banco de Dados. dependendo da sua construção e do seu
uso, podem levar um sistema de informação
INFORMAÇÃO – É o valor que este campo ao sucesso ou insucesso. Exemplos exis-
representa para as atividades a que se pro- tem vários no mercado, empresas com ex-
põe determinado Banco de Dados. celentes hardwares, mas com softwares que
não conseguem produzir informações opor-
III - BANCO DE DADOS tunas e precisas.

Como foi mencionado na introdução des- Vivemos num emaranhado mundo de in-
te trabalho, até o século XIX a informação ob- formações, e se não planejarmos, estrutu-
teve um tratamento especial. Para nós fica rarmos e armazenarmos estas informações
claro que do século XX em diante estaremos de maneira lógica e de fácil acesso, corre-
ou teremos que gerenciar os dados e as in- mos o sério risco de nos perdermos em mo-
formações, atividade esta que para nós se mentos de decisões importantes e acabar-
tornou muito importante dentro das organi- mos ficando desinformados. Portanto, este
zações. De acordo com CHEN (1990), ao é o objetivo do Banco de Dados, armazenar
longo dos tempos, o surgimento de novas dados e informações, de maneira lógica, de
formas de comunicação ou transações en- fácil acesso e de maneira rápida.
tre as organizações e as pessoas e o de-
senvolvimento tecnológico, acabam nos le- IV - SISTEMA DE BANCO DE
vando para uma sociedade orientada para a DADOS X SISTEMA DE AR-
informação, o que provavelmente pode se QUIVOS TRADICIONAIS
transformar num problema: como organizar
os dados para maximizar sua utilidade? Um sistema de arquivos tradicional é
aquele em que os dados do sistema estão
Na realidade, este é o papel dos siste- armazenados fisicamente separados um do
mas de arquivo e sistemas de Banco de outro. O acesso é feito pelos programas de
Dados baseados em computador: tentar aplicação, associando o nome externo dos
simplificar a tarefa de manter e recuperar uma arquivos e definindo todo o registro indepen-
grande quantidade de dados e informações. dente da utilização dos campos.

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Problemas do sistema de arquivos tradicio- dados). Fisicamente estão armazenados em


nal: um único local, sendo o acesso realizado
apenas através do SGBD. Nos programas
a ) Redundância de dados – refere-se à pre- de aplicação, é necessário apenas definir os
sença de dados duplicados em múltiplos campos que serão utilizados pelo programa.
arquivos de dados. Em outras palavras, Muitos dos problemas do ambiente de ar-
um certo dado pode aparecer em mais quivos tradicional podem ser resolvidos ado-
de um arquivo, pelo fato de se ter vários tando-se uma abordagem de Banco de Da-
sistemas. Ex. o nome de um funcionário dos para o gerenciamento e armazenamen-
pode aparecer em vários arquivos, pelo to dos dados.
fato de determinada empresa ter dois ou
mais sistemas que usem o nome do fun- Vantagens do uso do Banco de Dados:
cionário.
a ) Redução ou eliminação de redundâncias
b ) Dependência de programas e dados – – Possibilita a eliminação de dados priva-
refere-se ao estreito relacionamento en- tivos de cada sistema. Os dados, que
tre os dados armazenados em arquivos eventualmente são comuns a mais de um
e os programas que os utilizam. No caso sistema, são compartilhados por eles,
de alterar algum formato de dado ou na permitindo o acesso a uma única informa-
estrutura de um arquivo, será necessário ção consultada por vários sistemas.
alterar o programa que o usa. Ex. se qui-
sermos alterar o formato do CEP de um b ) Eliminação de inconsistências – Através
determinado arquivo, de cinco dígitos do armazenamento da informação em
para oito dígitos, será necessário alterar um único local com acesso descentrali-
o arquivo e os sistemas que o usam, zado e, sendo compartilhada a vários sis-
exigirá um esforço considerável, princi- temas, os usuários estarão utilizando
palmente de tempo. uma informação confiável. A inconsistên-
cia ocorre quando um mesmo campo
c ) Inconsistência de dados - São as incon- tem valores diferentes em sistemas dife-
sistências entre as diversas representa- rentes. Exemplo, o estado civil de uma
ções do mesmo fragmento de dado em pessoa é solteiro em um sistema e ca-
diferentes sistemas e arquivos. Ex. o en- sada em outro. Isto ocorre porque esta
dereço de uma pessoa em um sistema pessoa atualizou o campo em um siste-
pode ser X (endereço velho, não atuali- ma e não o atualizou em outro. Quando
zado) e em outro sistema o endereço o dado é armazenado em um único lo-
pode ser Y (endereço novo), isto pode cal e compartilhado pelos sistemas, este
causar sérios problemas de atualização. problema não ocorre.

d ) Custos excessivos – a manutenção se c ) Compartilhamento dos dados – Permite


torna onerosa, para manter os diversos a utilização simultânea e segura de um
arquivos e sistemas atualizados. dado, por mais de uma aplicação ou
usuário, independente da operação que
Sistema de banco de dados – É aquele em esteja sendo realizada. Deve ser obser-
que os dados são definidos para o SGBD, vado apenas o processo de atualização
através da DDL (Linguagem de definição de concorrente, para não gerar erros de pro-

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cessamento (atualizar simultaneamente de aplicação. Esta recuperação deverá


o mesmo campo do mesmo registro). ser totalmente independente da maneira
Os aplicativos são por natureza multiu- com que os dados estão fisicamente ar-
suário. mazenados. Quando um programa reti-
ra ou inclui dados, o SGBD compacta-
d ) Restrições de acesso – Define para cada os para que haja um menor consumo de
usuário o nível de acesso a ele concedi- espaço no disco. Este conhecimento do
do (leitura, leitura e gravação ou sem formato de armazenamento do campo é
acesso) ao arquivo e/ou campo. Este totalmente transparente para o usuário.
recurso impede que pessoas não autori- A independência dos dados permite os
zadas utilizem ou atualizem um determi- seguintes recursos:
nado arquivo ou campo.
e ) Padronização dos dados – Permite que • Os programas de aplicação definem os
os campos armazenados na base de campos que serão utilizados independen-
dados sejam padronizados segundo um te da estrutura interna dos arquivos;
determinado formato de armazenamen-
to (padronização de tabela, conteúdo de • Quando há inclusão de novos campos no
campos, etc...) e ao nome de variáveis arquivo, será feita manutenção apenas nos
segundo critérios e padrões preestabe- programas que utilizam esses campos,
lecidos pela empresa (ou analista cria- não sendo necessário mexer nos demais
dor do BD). Exemplo, para o campo programas.
“Sexo” somente será permitido armaze-
namento dos conteúdos “M” ou “F”. Obs: nos sistemas tradicionais este tipo de
operação requer a alteração no lay-out de
f ) Manutenção de integridade – Exige que todos os programas do sistema que utilizam
o conteúdo dos dados armazenados no o arquivo.
Banco de Dados possua valores coeren-
tes ao objetivo do campo, não permitin- V - VISÕES DO BANCO DE
do que valores absurdos sejam cadas-
trados. Exemplo, um funcionário que faça DADOS
no mês 500 horas extras, ou um aluno
que tenha nascido no ano de 1860. Segundo LAUNDON & LAUNDON
(1999), o conceito de banco de dados dis-
g ) Evitar necessidades conflitantes – Repre- tingue entre visões físicas e lógicas de da-
senta a capacidade que o administrador dos. Neste trabalho, acrescentamos alguns
de banco de Dados deve ter para soluci- outros detalhes e conceitos que os autores
onar “prioridades sempre altas” de todos chamam de visões física e lógica.
os sistemas, tendo ele que avaliar a real
necessidade de cada sistema para a Visão Lógica ou Externa – É aquela
empresa priorizar a sua implantação. vista pelo usuário que opera os comandos
de manipulação e operação dos dados. Os
h ) Independência dos dados – Representa dados são apresentados como seriam per-
a forma física de armazenamento dos cebidos por usuários finais.
dados no Banco de Dados e a recupe-
ração das informações pelos programas Visão Física – Mostra como os dados

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são de fato armazenados e estruturados no VI - COMPONENTES DE UM


meio de armazenamento físico. Em outras
palavras, é a visão dos analistas e adminis- SISTEMA GERENCIADOR
tradores do banco de dados. Podendo ain- DE BANCO DE DADOS -
da ser sub-classificada em: visão conceitu-
al e interna.
SGBD

• Visão conceitual – é aquela vista pelo Um SGBD é um sistema de propósito


analista de desenvolvimento e pelo admi- geral que facilita o processo de definição,
nistrador das bases de dados. Existe a construção e manipulação de banco de da-
preocupação na definição de normas e dos voltados a diversas aplicações.
procedimentos para manipulação dos da-
dos, para garantir a sua segurança e con- O SGBD permite que os dados sejam ar-
fiabilidade. O desenvolvimento de siste- mazenados em um só lugar, disponível para
mas e programas aplicativos possibilita a qualquer aplicação. Um sistema de gerenci-
definição no banco de dados de novos amento de banco de dados tem três com-
arquivos e campos. Na visão conceitual ponentes: uma linguagem de definição de
existem 2 (duas) linguagens de operação dados, uma linguagem de manipulação de
que são: dados e um dicionário de dados.

1 - Linguagem de definição dos dados (DDL) Linguagem de definição de dados


– Linguagem que define as aplicações, ar- (DDL) – Define cada elemento de dado
quivos e campos que irão compor o banco como ele aparece no banco de dados antes
de dados (comandos de criação e atualiza- de ser convertido para a forma requerida pe-
ção da estrutura dos campos dos arquivos). los diversos programas aplicativos. Usa-se
esta linguagem quando do desenvolvimen-
2 - Linguagem de manipulação dos dados to do banco de dados.
(DML) – Linguagem que define os coman-
dos de manipulação e operação dos da- Linguagem de manipulação de da-
dos (comandos de consulta e atualização dos (DML) – É a ferramenta que manipula
dos dados dos arquivos). os dados do Banco de Dados. É utilizada
em conjunto com algumas linguagens de
• Visão interna – É aquela vista pelo res- programação convencionais de terceira ou
ponsável pela manutenção e desenvolvi- quarta geração. Dispõe de recursos que tan-
mento do SGBD. Existe a preocupação com to especialistas como os usuários finais po-
a forma de recuperação e manipulação dos dem usar para extrair dados ou manipular da-
dados dentro do dos do Banco
Banco de Dados. de Dados. A
mais importan-
Desenvolvimento de
Segundo as ex- aplicações te linguagem
plicações acima,
ANALISTAS VISÃO
CONCEITUAL
utilizando recursos do
SGBD de manipula-
teríamos o seguin-
E
ADMINISTRADORE
VISÃO FÍSICA
VISÃO INTERNA
Desenvolvimento do SGBD
ção é a SQL
(Structured
ADMINISTRATORES
te quadro, para re-
S
VISÃO Utilização das
presentar tal abor- EXTERNA aplicações Query Langua-
USUÁRIO OU Desenvolvidas
dagem: LÓGICA ge), que é a lin-

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guagem de manipulação de dados de sis- projetista tem pouca ferramenta que o auxilie,
temas de gerenciamento de banco de da- tendo que apelar para a sua experiência e in-
dos de mainframes como DB2 da IBM, com tuição (que falha), o que pode ser comprova-
versões de softwares para gerenciamento de do em muitos bancos de dados cujos proje-
banco de dados de PC’s. tos lógicos são deficientes e mal projetados.

Dicionário de dados - É um arquivo au- O projeto físico de banco de dados “é o


tomatizado que armazena definições de ele- processo de selecionar uma estrutura física
mentos de dados e outras características de dados para uma dada estrutura lógica de
como padrões de utilização, propriedade, re- dados”. Isto é, traduzir ou tentar materializar
lacionamentos entre os elementos de dados um projeto lógico em físico.
e a segurança. Funciona como um documen-
to de todo o banco de dados, possibilitan- Seguindo o raciocínio de CHEN (1990),
do futuras resoluções de problemas com re- adaptamos o seguinte gráfico onde tentamos
lação ao banco de dados. demonstrar o projeto lógico e o projeto físi-
co de dados:

Mundo Real = Estrutura Lógia de Dados = Estrutura Física de Dados


Projeto lógico de B.D. Projeto físico de B.D.

DEPARTAMENTO
DEPARTAMENTO

e FUNCIONÁRIO

FUNCIONÁRIO A FUNCIONÁRIO B

VII - PROJETO LÓGICO DE VIII - MODELOS DE BANCO DE


BANCO DE DADOS E DADOS
PROJETO FÍSICO DE
De acordo com LAUNDON & LAUNDON
BANCO DE DADOS (1999), existem três modelos de projeto de ló-
gico de banco de dados: o modelo hierárqui-
O projeto de banco de dados pode ser co, o modelo em rede e o modelo relacional.
dividido em duas etapas: projeto lógico e
projeto físico de dados. Estes modelos são, na realidade, manei-
ras de como os dados são organizados em
Segundo CHEN (1990), o projeto lógico um banco de dados e que dependem da na-
de banco de dados “é o processo de plane- tureza de cada problema que se deseja so-
jar a estrutura lógica de dados para o banco lucionar.
de dados”. Isto envolve uma análise do am-
biente de aplicação e dos tipos de estruturas Modelo Hierárquico – O modelo de
lógicas de dados disponíveis no sistema de Banco de Dados Hierárquico organiza os da-
banco de dados. No momento do planeja- dos de cima para baixo, como uma árvore,
mento e elaboração deste projeto lógico, o e requer que os tipos de registros de dados

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sejam organizados em uma forma hierárqui- Representação gráfica
ca. Um pai pode ter mais de um filho, mas
um filho só pode ter um pai.
Departamento
Essa estrutura hierárquica funciona bem
com alguns bancos de dados, mas torna-
se difícil projetar banco de dados usando um
sistema hierárquico quando não existe uma Empregado Habilidade
hierarquia natural entre os tipos de registro.

Exemplo
Exemplo: um departamento conectado
a diversos níveis inferiores (empregado) e
cada empregado conectado a outros seg- Empregado - Habilidade
mentos subordinados.

Observem a representação gráfica: Este modelo em rede, assim como o hi-


erárquico, não é de fácil adaptação a mu-
Representação gráfica danças ou alterações de estruturas no Ban-
co de Dados.

Modelo Relacional – O modelo de Ban-


Departamento co de Dados Relacional é a mais recente es-
trutura de banco de dados. Representa to-
dos os dados do banco de dados em tabe-
Empregado las simples bidimensionais denominadas re-
lações. Sua criação se deu ao fato da limita-
ção dos dois outros modelos, apresentados
Desempenho Habilidade anteriormente. Assim, surgiu com a intenção
de superar as limitações dos antigos mode-
los. No modelo relacional, um elemento de
dado de um arquivo ou tabela pode ser rela-
Os SGBD’s hierárquicos são bastante cionado a qualquer fragmento de dado em
úteis para maciços processamentos, do tipo outro arquivo ou tabela desde que ambas
reservas de passagens aéreas e transações as tabelas compartilhem um elemento de
bancárias de caixas eletrônicos. dado comum.
Exemplo: usando o mesmo exemplo anterior.
Modelo em Rede – O modelo de Ban-
co de Dados em Rede permite que um tipo Tabela de Departamento
de registro tenha múltiplos tipos de regis-
tro como pais. Ou seja, um filho pode ter Nº Depart. Departamento
mais de um pai. Estes tipos de sistemas 1 Administração
proporcionam capacidades mais comple- 2 Produção
xas de estruturas de dados do que os sis- 3 Estoque
temas hierárquicos. N N

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Tabela de Funcionário
IX - MODELO DE BANCO DE
Nº Func. Funcionário
1 Alberto DADOS RELACIONAL
2 João
3 Paulo
n N Método Entidade-Relacionamento (E-R)

O método Entidade-Relacionamento é
De acordo com a classificação mencio- um novo método para projeto lógico de
nada, teríamos o seguinte esquema: banco de dados. Surgiu na década de 70 a
partir de trabalhos inspirados
De acordo com a classificação mencionada, por Peter Chen e, desde então,
teríamos o seguinte esquema: tal teoria vem se difundindo e
Hierárquica
se desenvolvendo pelo mundo
afora. A idéia básica do méto-
Projeto lógico
de banco de dados Rede do E-R é acrescentar um está-
Pontos de gio intermediário ao projeto ló-
interesse
para a
gico de banco de dados.
empresa Relacional

Vejamos a figura a seguir:

Segundo CHEN (1990), os mé-


todos convencionais de projeto
Mundo Real = Esquema da Empresa lógico de banco de dados usual-
= Esquema do Usuário mente apresentam uma única
Hierárquica
fase: mapeamento de informa-
ções sobre objetos do mundo real
Rede diretamente em um esquema do
usuário. O método E-R para pro-
jeto lógico de banco de dados
Relacional
consiste em duas fases principais:

1) Definição do esquema da
empresa usando o diagrama de
Entidade-Relacionamento – nes-
ta fase o projetista primeiro identifica as en-
tidades e relacionamentos que são de inte-
Ressaltamos que neste trabalho o mode- resse para a empresa usando a técnica dia-
lo que será alvo de estudo é o modelo re- gramática Entidade-Relacionamento (E-R).
lacional
lacional, já é o mais moderno e possuir uma Isto é, o projetista deve examinar os dados
melhor metodologia, o que o deixa em situ- do ponto de vista da empresa como um
ação privilegiada sobre os demais, no de- todo (e não restringir-se à visão do progra-
senvolvimento de projeto lógico de banco mador). Este esquema da empresa deve ser
de dados. uma tradução pura do mundo real e deve

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ser independente de considerações sobre soas não ligadas no processamento ele-


armazenamento e eficiência. trônico de dados.

2) Tradução do esquema da empresa em um Componentes do Modelo Entidade-


esquema do usuário – o projetista nesta Relacionamento
fase tem a tarefa de traduzir o esquema
real para um esquema que possa ser com- O modelo E-R é composto por: entida-
preensível para o usuário, entretanto, que des, instância de entidade, atributos, domí-
seja de forma lógica e válida para posteri- nio do atributo e relacionamentos.
or implementação.
Entidade – Identifica o objeto de interesse do
Logo, podemos afirmar que o modelo E- sistema e tem “vida” própria, ou seja, a re-
R consiste em mapear o mundo real do sis- presentação abstrata de um objeto do mun-
tema em um modelo gráfico que irá repre- do real sobre o qual desejamos guardar in-
sentar o modelo e o relacionamento existen- formações. Exemplo: clientes, fornecedores,
te entre os dados. contas, lançamentos, funcionários, etc.

De acordo com CHEN (1990) o método Não são entidades:


E-R apresenta as seguintes vantagens: • entidade com apenas 1 elemento;
• operações do sistema;
1 . A divisão da funcionalidade e trabalho em • saídas do sistema;
duas fases torna o processo de projeto • pessoas que realizam trabalhos (usuários
de banco de dados mais simples e mais do sistema);
bem organizado. • cargos de direção.

2. O esquema da empresa é mais fácil de ser Instância de entidade – São os ele-


projetado do que o esquema do usuário, mentos da entidade.
uma vez que não precisa ser restrito pelas Exemplo
Exemplo: cliente 10, funcionário João,
características do sistema de banco de Conta Caixa, etc..
dados e é independente de considerações Atributo – São informações que deseja-
sobre armazenamento e eficiência. mos guardar sobre a instância de entidade.
Os atributos podem ser atômicos e não atô-
3. O esquema da empresa é mais estável micos. Os atômicos são características úni-
do que o esquema do usuário. Se uma cas e exclusivas que somente um compo-
pessoa quiser mudar de um sistema de nente de uma dada entidade pode ter e os
banco de dados para outro, provavel- não atômicos são características comuns,
mente terá de alterar o esquema do usu- que qualquer componente de uma entidade
ário, mas não necessariamente o esque- pode ter.
ma da empresa, uma vez que este é in- Exemplo de atributo
atributo: nome do cliente,
dependente dos sistemas de banco de número da nota fiscal, endereço do fornece-
dados usados. dor, etc.
Exemplo de atributo atômico
atômico: matrí-
4. O esquema da empresa expresso pelo cula do aluno, código do cliente, código da
diagrama de entidade-relacionamento é conta, etc.
mais facilmente compreendido por pes- Exemplo de atributo não atômico atômico:

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nome do cliente, histórico do lançamento, Cardinalidade de Relacionamentos


nome da conta, etc.
Representa a freqüência com que existe o
Domínio do atributo – É o universo de relacionamento entre os elementos que com-
valores que um atributo pode armazenar. põem as entidades que se relacionam. Temos
Exemplo: conjunto de valores do atributo os seguintes tipos de relacionamentos:
Sexo do funcionário: M ou F;
conjunto de valores do atributo natu- a) Relacionamento 1:1 (um para um ): onde
reza da conta: D ou C; se tem uma ocorrência para um lado e
conjunto de valores do atributo nome uma ocorrência para o outro. Entenda-se:
do cliente: 40 caracteres alfanumérico.
Relacionamento – Representa a asso- “Um homem pode casar com mais de
ciação entre os elementos do conjunto de uma mulher? Não, só pode casar com uma.
uma entidade com outra entidade. Uma mulher pode casar com mais de um
Exemplo
Exemplo: A loja Fura Bolo é cliente da em- homem? Não, só pode casar com um homem”.
presa e está cadastrada no plano de contas.
1 1
A loja fura bolo – elemento do conjunto
de valores do atributo Nome do Cliente da HOMEM CASAMENTO MULHER

entidade Cliente
Plano de contas – é uma entidade que b) Relacionamento 1:N ou N:1 (n para n):
tem como um dos elementos o cliente Loja onde para um lado temos uma ocorrência
Fura Bolo e para o outro mais de uma ocorrência.
Cadastrado – ligação existente entre um Exemplo: Um empregado pode estar lo-
cliente e o plano de contas tado em mais de um departamento? Não,
só em um departamento. Mas um departa-
Representação Gráfica mento pode lotar mais de um empregado?
Todos estes componentes do modelo E- Sim, N empregados
R, que ora abordamos, tem a sua própria re- N 1
presentação gráfica, conforme abaixo: EMPREGADOS LOTAÇÃO DEPARTAMENTO

- Representação gráfica da ENTIDADE

- Representação gráfica do RELACIONAMENTO

- Representação gráfica do ATRIBUTO ATÔMICO

- Representação gráfica do ATRIBUTO NÃO ATÔMICO

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c) Relacionamento N:M (n para m): onde de uma FN para outra é feita tendo como
para um lado temos várias ocorrências e base o resultado obtido na etapa anterior, ou
para outro, também, várias ocorrências. seja, na FN anterior.

Exemplo: Um aluno pode estar matricu- Para realizar a normalização dos dados,
lado em mais de uma disciplina? Sim, M dis- é primordial que seja definido um campo cha-
ciplinas. E em uma disciplina pode estar ma- ve para a estrutura, campo este que permite
triculado mais de um aluno? Sim, N alunos. identificar os demais campos da estrutura.
As formas normais são:

ALUNOS MATRÍCULA DISCIPLINA


1) Primeira Forma Normal (1FN) –
Consiste em retirar da estrutura os elemen-
tos repetitivos, ou seja, aqueles dados que
Notem que estes tipos de relacionamen- podem compor uma estrutura de vetor. Po-
tos levam em consideração a regra geral do demos afirmar que uma estrutura está nor-
mundo real, as exceções devem ficar de fora. malizada na 1FN se não possuir elementos
Por exemplo, no caso do homem e mulher: repetitivos.
se por acaso o homem tiver mais de uma Exemplo:
mulher, é uma exceção, visto que, a regra a) Estrutura original:
geral que vale para nós é o casamento com Arquivo de Notas Fiscais: número da NF,
apenas uma mulher. Série, data emissão, código do cliente, nome
do cliente, endereço do cliente, CNPJ do cli-
Normalização de Dados ente, relação das mercadorias vendidas
(onde para cada mercadoria temos um có-
Consiste em definir o formato lógico ade- digo, descrição da mercadoria, quantidade
quado para as estruturas de dados identifi- vendida, preço unitário, total de venda de
cados no projeto lógico do sistema, com o mercadoria).
objetivo de minimizar o espaço utilizado pe-
los dados e garantir a integridade e confia- Analisando este arquivo acima, observa-
bilidade das informações. mos que existem várias mercadorias em
uma única Nota Fiscal, sendo portanto ele-
A normalização é feita, através da análise mentos repetitivos que deverão ser retirados.
dos dados que compõem as estruturas utili- b) Estrutura na 1FN:
zando o conceito chamado “Formas Normais Arquivo de Notas Fiscais: número da NF,
(FN)”. As FN são conjuntos de restrições nas série, data emissão, código do cliente, nome
quais os dados devem satisfazê-las. do cliente, endereço do cliente, CNPJ do cli-
ente e total geral da Nota.
Exemplo: pode-se dizer que a estrutura
está na primeira forma normal (1FN), se os Arquivo de vendas: Número da NF, códi-
dados que a compõem satisfazem as restri- go da mercadoria, descrição da mercado-
ções definidas para esta etapa. ria, quantidade vendida, preço de venda uni-
tário e total da venda desta mercadoria.
A normalização completa dos dados é > Como resultado desta etapa, ocorre um
feita seguindo as restrições das três formas desdobramento dos dados em duas estru-
normais existentes, sendo que a passagem turas, a saber:

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P ARA UMA CONT ABILIDADE DE P
CONTABILIDADE ARTIDA MÚLTIPLA
PARTIDA Dinaldo do N. Araújo

- Primeira estrutura (Arquivo de Notas Fis- - Primeira estrutura (Arquivo de Vendas):


cais): dados que compõem a estrutura ori- contém os elementos originais, sendo exclu-
ginal, excluindo os elementos repetitivos. ídos os dados que são dependentes ape-
nas do campo código da mercadoria.
- Segunda estrutura (Arquivo de vendas): - Segunda estrutura (Arquivo de Mercadori-
dados que compõem os elementos repetiti- as): contém os elementos que são identifica-
vos da estrutura original, tendo como chave dos apenas pelo código da mercadoria, ou seja,
o campo chave da estrutura original (núme- independentemente da Nota Fiscal, a descrição
ro da NF) e o campo chave da estrutura de e o preço de venda serão constantes.
repetição (código da mercadoria).
3) Terceira Forma Normal (3FN) – con-
2) Segunda Forma Normal (2FN) - siste em retirar das estruturas os campos que
consiste em retirar das estruturas que pos- são funcionalmente dependentes de outros
suem chaves compostas(campo chave sen- campos que não são chaves. Podemos afir-
do formado por mais de um campo), os ele- mar que uma estrutura está na 3FN se ela
mentos que são funcionalmente dependen- estiver na 2FN e não possuir campos depen-
te de parte da chave. Podemos afirmar que dentes de outros campos não chaves.
uma estrutura está na 2FN, se ela estiver na Exemplo:
1FN e não possuir campos que são funcio- a) Estrutura na 2FN:
nalmente dependentes de parte da chave. Arquivo de Notas Fiscais: número da NF,
Exemplo: série, data emissão, cód. do cliente, nome
a) Estrutura na 1FN: do cliente, endereço do cliente, CNPJ do cli-
Arquivo de Notas FiscaisFiscais: número da ente e total geral da Nota.
NF, série, data emissão, cód. do cliente, Arquivo de Vendas: número da NF, códi-
nome do cliente, endereço do cliente, CNPJ go da mercadoria, quantidade vendida e to-
do cliente e total geral da Nota. tal da venda desta mercadoria.
Arquivo de Vendas
Vendas: número da NF, có- Arquivo de Mercadorias: código da mer-
digo da mercadoria, descrição da mercado- cadoria, descrição da mercadoria, preço de
ria, quantidade vendida, preço de venda uni- venda unitário.
tário e total da venda desta mercadoria. b) Estrutura na 3FN:
b) Estrutura na 2FN: Arquivo de Notas Fiscais: número da NF,
Arquivo de Notas FiscaisFiscais: número da série, data emissão, código do cliente e to-
NF, série, data emissão, código do cliente, tal geral da nota.
nome do cliente, endereço do cliente, CNPJ Arquivo de Mercadorias: código da mer-
do cliente e total geral da Nota. cadoria, descrição da mercadoria, preço de
Arquivo de Vendas
Vendas: número da NF, có- venda unitário.
digo da mercadoria, quantidade vendida e Arquivo de Clientes: código do cliente,
total da venda desta mercadoria. nome do cliente, endereço do cliente e CNPJ
Arquivo de Mercadorias
Mercadorias: código da do cliente.
mercadoria, descrição da mercadoria, pre- Como resultado desta etapa, houve um
ço de venda unitário. desdobramento do arquivo de Notas Fiscais
Como resultado desta etapa, houve um des- por ser o único que possuía campos que não
dobramento do arquivo de Vendas (o arquivo eram dependentes da chave principal (núme-
de notas fiscais não foi alterado por não possuir ro da NF), uma vez que independente da
chave composta) em duas estruturas a saber: Nota Fiscal, o Nome, endereço e CNPJ do

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P ARA UMA CONT
CONTABILIDADE ARTIDA MÚLTIPLA
PARTIDA
ABILIDADE DE P

cliente são inalterados. Este procedimento sistema contábil de partidas múltiplas, usan-
permite evitar inconsistência nos dados dos do o modelo E-R como metodologia deste
arquivos e economizar espaço por eliminar projeto.
o armazenamento freqüente e repetidas ve-
zes destes dados. A cada nota fiscal com- Partidas Múltiplas
prada pelo cliente haverá o armazenamento
destes dados e poderá ocorrer divergência Conforme o capítulo 5 da obra The Foun-
entre eles. dations of Accounting Measurement – A Ma-
thmatical, Economic and Behavioral Inquiry,
As estruturas alteradas foram pelos moti- de YUJI IJIRI (1967), que menciona que des-
vos, a saber: de a exposição do trabalho de Luca Pacioli
do método das partidas dobradas em 1494
- Primeira estrutura (Arquivo de Notas Fis- até os dias atuais, assim podemos dizer, mui-
cais): contém os elementos originais, sen- tos dizem que este é um sistema perfeito;
do excluídos os dados que são dependen- assim como um teorema, que nada pode ser
tes apenas do campo código do cliente (in- feito para melhorar e que acaba sendo con-
formações referentes ao cliente) siderado um sistema absoluto. Entretanto,
- Segunda estrutura (Arquivo de Clientes): IJIRI (1967) neste trabalho, demonstra que a
contém os elementos que são identificados teoria contábil tem como evoluir e expandir
apenas pelo código do cliente, ou seja, in- o conceito que está por trás do sistema das
dependente da Nota fiscal, o nome, endere- partidas dobradas, no que se refere à parte
ço e CNPJ dos clientes serão constantes. matemática, filosófica e comportamental que
alicerçam o sistema de partida dobrada.
Após a normalização, as estruturas dos
dados estão projetadas para eliminar as in- No mesmo trabalho, o autor faz referên-
consistências e redundâncias dos dados, eli- cia à existência de duas possíveis visões
minando desta forma qualquer problema de para o sistema de partida dobrada: a classi-
atualização e operacionalização do sistema. ficatória e a causal.
A versão final dos dados poderá sofrer algu-
ma alteração, para atender as necessidades Partida dobrada classificatória – trata de
específicas do sistema, a critério do analista cada aumento ou redução do valor do Ativo
de desenvolvimento durante o projeto físico independente. A dualidade vem do aumento
do sistema. ou redução das duas diferentes classifica-
ções (Ativo e Passivo). É um mecanismo de
X - MODELO LÓGICO DE BAN- dupla classificação.
CO DE DADOS PROPOSTO Partida causal – trata do aumento e redu-
PARA UMA CONT ABILIDA-
CONTABILIDA- ção como tendo um relacionamento de cau-
sa e efeito, e a dualidade vem da paridade
DE DE P ARTIDA MÚLTIPLA
PARTIDA do aumento com a redução.
Como mencionamos na introdução des- Feita esta abordagem de que o sistema
te trabalho, esta é uma proposta de um mo- de partida dobrada tem estas duas manei-
delo lógico de banco de dados relacional, ras de ser visualizado e entendido, o autor
que possa ajudar no desenvolvimento de um ainda demonstra através de um pequeno

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CONTABILIDADE ARTIDA MÚLTIPLA
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exemplo de como expandir a classificação b) Um grupo de contas pode estar cadas-


de Ativos pelas suas localizações e tempo trado mais de uma vez no plano de contas?
ou prazo de utilização. Esta evolução por Sim, N vezes.
parte de IJIRI é o que ele chama de Partida
Múltipla. Em outras palavras, trata-se de uma Uma conta do plano de contas pode ca-
contabilidade que vai além do débito e do dastrar mais de um grupo de contas? Não,
crédito, do Ativo e do Passivo, onde pode- somente uma vez.
mos registrar, por exemplo a localização dos
Ativos e o seu prazo de realização. c) Uma conta do plano de contas pode ter
E nossa proposta neste trabalho é justamen- mais de uma localização? Não, somente
te a de implementar ou projetar um projeto uma.
lógico de banco de dados, baseado no
exemplo de IJIRI (1967), onde possamos ter Uma localização pode estar cadastrada
como resultado uma contabilidade de parti- em mais de uma conta? Sim, em N contas.
da múltipla.
d) Uma conta do plano de contas pode ter
a) Diagrama do Modelo Entidade-Re- mais de um prazo? Não, somente um.
lacionamento:
Um prazo pode estar cadastrado em mais
de uma conta do
1 N plano de contas?
NATUREZA Ter
GRUPO DE
CONTAS
Sim, N contas.
1

Cadastrar
e) Uma conta pode
ser lançada mais de
N uma vez? Sim, N
1 N N
PLANO DE
1
vezes.
PRAZO Cadastrar Cadastrar LOCALIZAÇÃO
CONTAS

1 Um lançamento
Lançar
pode ter mais de
N N 1
uma conta? Não,
somente uma con-
LANÇAMENTO Lançar HISTÓRICO
ta.

Baseado em um Diagrama do Modelo Observamos que dependendo do siste-


Entidade-Relacionamento, podemos enume- ma desenvolvido, no lançamento podemos
rar algumas conclusões acerca dessa abor- ter mais de uma conta, entretanto, para efei-
dagem, analisando os relacionamentos: to de facilitar o projeto lógico, consideramos
a) Um grupo de contas pode ter mais de que os lançamentos devam ser realizados
uma natureza? Não, só uma. um a um (individualmente).

Uma natureza pode estar em mais de um f) Um lançamento pode ter mais de um


grupo de contas? Sim, N grupos de conta. histórico padrão? Não, somente um.

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PARA UMA CONT
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PARTIDA
ABILIDADE DE P

Um histórico padrão pode ser lançado


em mais de um lançamento? Sim, N lança- Tabela PRAZO:
mentos. * CódigoPrazo
Prazo
b) Diagrama de estruturas:

Este diagrama demonstra o mecanismo de Tabela LOCALIZAÇÃO:


funcionamento do Banco de Dados, isto é,
* CódigoLocalização
de onde vem os dados e para onde estão
apontando (destino). Localização

GRUPO DE
NATUREZA
CONTAS
Tabela PLANO DE CONTAS:
* CódigoReduzido
PRAZO
PLANO DE
CONTAS
LOCALIZAÇÃO CódigoContábil
NomeConta
SaldoInicial
LANÇAMENTO HISTÓRICO CódigoGrupo
CódigoPrazo
CódigoLocalização

c) Tabela de dados:

Aqui devem estar previstos os dados e


sua respectiva natureza da informação, com Tabela LANÇAMENTOS:
a atribuição de um código específico. É a * CódigoLançamento
matriz onde constarão todos os tipos de da- Data
dos que serão inseridos no modelo lógico CódigoReduzido
de partidas múltiplas, com sua respectiva ValoraDébito
identificação. Exemplo:
ValoraCrédito
CódigoHistórico
Tabela NATUREZA:
Complemento
* CódigoNatureza
Natureza

Tabela HISTÓRICO:
Tabela GRUPO DE CONTAS:
* CódigoHistórico
* CódigoGrupo
Histórico
Grupo
CódigoNatureza

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d ) Resultado que expressa uma relação de causa e efei-


to, isto é, mostra o processo de transfe-
rência de valores entre os diversos ciclos
operacionais da empresa, permitindo que
Após a implementação do projeto lógico, se possa ter uma visão dinâmica das
num sistema de Gerenciamento de Banco operações executadas e não somente
“estática” como comentam vários críticos
de Dados, é possível vislumbrar, além de do processo contábil”, o que é bastante
ganho operacional, uma integração com o perceptível no modelo tradicional de lan-
sistema das partidas dobradas. çamentos (partidas dobradas).

ATIVO P ASSIVO LOCALIZAÇÃO PRAZO

Caixa $10 Duplic. A Pagar $20 Escritório Central $30 menos 6 meses $40

Duplic. A Receber $20 Juros a Pagar $ 1 0 Fábrica $40 menos 1 ano $10

Estoques $20 Empréstimos $40 Armazém $30 menos 2 anos $10

Imóveis $40 Capital $30 mais 2 anos $40

Equipamentos $10

Total $100 Total $100 Total $100 Total $100

O presente projeto lógico foi implemen- Portanto, acreditamos que talvez este
tado usando a ferramenta ACCESS 2000 ainda não seja o projeto lógico de banco
(Microsoft), utilizando os mesmos núme- de dados ideal para uma contabilidade de
ros do exemplo de Ijiri, onde obtemos partidas múltiplas, mas se torna um início
como resultado de um determinado rela- e ao mesmo tempo um avanço da área
tório o mesmo quadro apresentado acima. contábil aliada com a tecnologia de ban-
É possível perceber pelo exemplo que co de dados.
mesmo buscando um sistema contábil de
partidas múltiplas, é necessário o uso das CONCLUSÃO
partidas dobradas.
Cremos que ficou clara a importância
Como menciona RICCIO (1989), apoia- dos conceitos de Banco de Dados para o
do pelas palavras de Ijiri, a lógica contida momento que então vivemos, a era da in-
no método das partidas dobradas empres- formação. E dentre os conceitos aborda-
ta ao novo sistema características únicas dos, o que obteve maior relevância para
e destaca a seguinte: este trabalho fora o projeto lógico de ban-
“permite a criação de um registro padrão co de dados, que aliado com a metodolo-

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PARTIDA
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gia ou o modelo Entidade-Relacionamen- Outro ponto forte deste trabalho, são as


to de banco de dados, acabam sendo, idéias de Ijiri (1967) no que se refere a es-
sem dúvida alguma, importantes ferramen- tudar as partidas dobradas sob ângulos di-
tas quando bem definidos e projetados ferentes, o que é também defendido e afir-
para o desenvolvimento de qualquer sis- mado em Riccio (1989), dizendo que a
tema, incluindo o estudado neste ensaio contabilidade deve sair do que é, da sua
(um sistema contábil de partidas múltiplas). concepção estática para ser uma contabi-
lidade dinâmica e, assim, mais útil e valo-
Salientamos, por fim, que quando um rizada. Portanto, acreditamos que a pre-
projeto lógico é bem definido e projetado, sente proposta de trabalho para a criação
certamente evita-se desperdícios de tem- e uso de um modelo lógico de banco de
po, de custo e de futuras mudanças nos dados para uma contabilidade dinâmica,
sistemas, independente das ferramentas sem dúvida, contribuirá para futuras incur-
de implementação usadas, como softwa- sões nesta área, tanto contábil como tec-
res e hardwares. nológica.

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BIBLIOGRAFIA

CHEN, Peter. A abordagem entidade-relacionamento OLIVEIRA, Adelize Generini. Visual Basic 5 – Manipulan-
para projeto lógico. Tradução: Cecília Camargo. São do Banco de Dados. Santa Catarina: Visual Books, 1997.
Paulo: Makron Books, 1990
RICCIO, Edson Luiz. Efeitos da tecnologia de informa-
IJIRI, Yuji. The Foundations of Accounting Measure- ção na contabilidade – Estudo de casos de implemen-
ment – A Mathmatical, economic and Behavioral In- tação de sistemas empresariais integrados – ERP. Tese
quiry. New jersey. Prentice Hall, 1967, Págs. 101 a 165. de livre docência, FEA/USP, 2001.

LAUDON, Keneth. LAUDON, Jane. Sistemas de infor- RICCIO, Edson Luiz. Uma contribuição ao estudo da
mação – com internet. Tradução: Dalton Conde de contabilidade como sistema de informação. Tese de
Alencar. 4º ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. doutorado. FEA/USP, 1989, Pág. 2 a 70.

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