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AUTOR, brasileiro, viú vo, maior e capaz, Carteira de Identidade nº.

01714715 80
SSP/BA, inscrita no CPF sob o nº. XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na Rua
XXXX, nº XX, Município de XXX – Estado; por seus procuradores e Advogados “in
fine” assinados, legalmente constituídos conforme instrumento procurató rio em
anexo, estabelecidos profissionalmente na Rua XXXXX, nº. XX, Bairro, na Cidade de
XXXX, local onde recebem as intimaçõ es de praxe vem, respeitosamente à presença
de Vossa Excelência propor a presente AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA
CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE URBANA - C/C PAGAMENTO DAS
PARCELAS RETROATIVAS À DATA DO REQUERIMENTO, BEM COMO PEDIDO
CAUTELAR DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL, em face do
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, Autarquia Federal com
endereço na Rua XX, s/n, Bairro, na cidade de XXX – Estado, CEP: XX.XXX.XXX,
fazendo-o nas razõ es de ordem fá tica e seguir deduzidas:
PRELIMINARMENTE
Preliminarmente salienta o Requerente, nos termos da Lei 1.060/50, que nã o
dispõ e de condiçõ es financeiras em arcar com as custas processuais e honorá rios
advocatícios sem prejuízo do pró prio sustento e de sua família, motivo pelo qual
requer os benefícios da Gratuidade Judiciá ria. Nesse sentido é o entendimento do
Supremo Tribunal Federal:
A simples declaração de miserabilidade jurídica por parte do interessado é suficiente
para a comprovação desse estado, nos termos do art. 4º, § 1º, da Lei 1.060/50. (STF –
RE 205.029/RS – DJU de 07.03.97)
Assim, junta DECLARAÇÃ O DE POBREZA, e requer a Gratuidade Judiciá ria.
DOS FATOS E DO DIREITO À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO
O Autor conviveu em união estável com a falecida XXXXXX, possuindo inegá vel
vínculo afetivo por MAIS DE XX (XXX) anos. Dessa união nasceu XXXX, em mês
de ano, certidão de nascimento anexa. Contudo, a sua companheira veio a
óbito em XX/XX/20XX.
O pedido administrativo foi indeferido, em XX de mês de 20XX, cujo número
do benefício é XXX.XXX.XXX-X, por alegada falta de qualidade do dependente,
pois, segundo a autarquia ré, foi verificado possível divergência de endereço
entre a possível instituidora e o Requerente. Por esse motivo, tal decisã o
indevida motiva a presente demanda.
A lei previdenciá ria nº 8.213/91 não exige que nos casos de união estável, em
que os companheiros não tenham realizado o contrato de convivência em
cartório comprovando sua união, tenha indício material para ver deferido o
benefício da pensã o por morte.
Poderá , em tais casos, a uniã o está vel ser devidamente comprovada por meio de
testemunhas, haja vista nã o ter registrado em cartó rio a uniã o, obrigatoriedade
que a pró pria legislaçã o cível e constitucional nã o exige.
Tal regra encontra-se devidamente consagrada na Súmula nº 63 do TNU, senã o
vejamos: “A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão
por morte prescinde de início de prova material.”
Muito embora essa permissibilidade de demonstrar sua uniã o através de
testemunhas, o Autor também demonstrou e demonstra essa união e
convivência de tão longa data, através de documentos ora anexados, quais
sejam: certidão de nascimento do filho; fichas de escola do filho com o
endereço dos pais em comum; documento do carro com endereço em
comum; financiamento do carro com endereço em comum e identificação do
estado civil do Requerente; contrato de prestação de serviços profissionais
constando o estado civil da falecida, bem como o endereço do casal; fichas
médicas; atestado de óbito, dentre outras.
A Lei de Benefícios da Previdência Social estabelece que a companheira ou
companheiro que convivem em uniã o está vel é dependente um do outro, fazendo
jus aos benefícios previdenciá rios na condiçã o de dependente do segurado que
falecer. Referida regra está inserida no artigo 16 da Lei 8.213/91.
A constituiçã o determina, para efeito da proteçã o do Estado, que é reconhecida a
uniã o está vel entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei
facilitar sua conversã o em casamento.
O Có digo Civil esclarece que é Uniã o Está vel da seguinte forma:
“É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família”.
Para fins de concessã o de benefício de pensã o por morte, o companheiro ou
companheira está qualificado como dependente de primeira classe, isso
significa que a dependência econô mica e presumida e nã o exige prova.
A Constituição Federal, o Código Civil, assim como a Lei de Benefícios
Previdenciários 8.213/91, não exigem prova documental da existência da
união estável. Desde que preenchidos os elementos necessá rios para a
caracterizaçã o da uniã o está vel, este fato deve ser reconhecido por todos, inclusive
pela Autarquia Ré.
A negativa ao pedido do benefício de pensã o por morte do Autor deveu-se ao fato
de alegar a Ré que há divergência nos endereços apresentados pelo
Requerente, qual erro? Mesmo que houvesse uma divergência, as demais provas
apresentadas sanariam qualquer dú vida ou equivoco, de modo que um erro em
uma ú nica prova nã o é motivo para desconsiderar todas as outras, haja vista que as
contra provas sã o bem maiores.
Nã o existe, conforme já afirmado, qualquer regra que determine a prova
inequívoca da uniã o está vel para qualquer efeito ou finalidade, desde que
presentes os seus elementos, quais sejam: Deve ser entre homem e mulher, com
ressalvas neste ponto, mas não cabe questionamentos nesses autos;
convivência pública; união deve ser duradoura; deve ter por objetivo a
constituição de família.
É evidente que para caracterizar a uniã o está vel, o companheiro ou companheira
deve apresentar algum documento, fotografia, existência de filhos em comum, além
de outros elementos para que seja esclarecida a existência de referida uniã o, que é
exatamente o que o Autor comprova.
No â mbito da Justiça Civil sã o aceitos todos os documentos que possam evidenciar
a uniã o está vel, assim como, na falta de prova documental, é possível evidenciar tal
fato por intermédio de prova exclusivamente testemunhal.
Sabe-se que para fins de prova de tempo de contribuiçã o, é exigido a existência de
início de prova material, nã o sendo admitida a prova exclusivamente testemunhal.
Porém, referida regra não se aplica para prova de união estável, pois nã o há
nenhum dispositivo legal determinando que a prova da uniã o está vel, para fins
previdenciá rios, deve ser por intermédio de início de prova documental.
A Autarquia Ré utiliza como fundamento para exigir 3 provas documentais da
uniã o está vel a regra constante no artigo 22, § 3º do Decreto 3.048/99. O Autor
juntou aos autos do processo administrativo mais de TRÊS provas: certidã o de
nascimento do filho; prova do mesmo domicílio; fichas médicas constando o Autor
como responsá vel; fichas escolares, inclusive certidã o de ó bito.
Cumpre destacar a oportuna liçã o do professor FÁ BIO ZAMBITTE IBRAHIM, sobre
o benefício pensã o por morte e a quem este se destina:
“A pensão por morte é benefício direcionado aos dependentes do segurado, visando à
manutenção da família, no caso da morte do responsável pelo seu sustento.”(Curso
de Direito Previdenciário: Editora Impetus, 7ª edição, 2006, Niterói, RJ, p.521).
O artigo 16 do mesmo diploma legal elenca as pessoas que podem figurar como
dependentes do segurado, entre as quais figuram a companheira, conforme se vê:
“Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de
dependentes do segurado:
I- o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;”
Sobre a matéria, o pará grafo 3º, do mesmo artigo 16 considera como companheiro
ou companheira a pessoa que, sem ser casada, mantém uniã o está vel com o
segurado ou segurada da Previdência Social, nos termos previstos na Constituiçã o
Federal, ponderando o § 4º do mesmo diploma legal que a dependência econô mica
entre eles é presumida. Confira-se:
“Art. 16. (...)§ 3º- Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser
casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o
§. 3ºdo art. 226 da Constituiçã o Federal.
§ 4º - A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das
demais deve ser comprovada.”
O Autor nã o teve oportunidade de demonstrar por outros meio de prova a
convivência durante décadas com a esposa, sequer procurou-se fazer uma
pesquisa in loco a fim de verificar a veracidade das informaçõ es trazidas por ele
no momento do requerimento administrativo, a qual iria confirmar o convívio
marital de ambos, apresentando-se perante a sociedade em que viviam.
Tais provas apresentam-se como meios outros que levam à convicção do fato a
comprovar, qual seja, o vínculo de união estável, conforme art. 22, § 3º, XVII.
O princípio da afetividade é um dos princípios constitucionais norteadores do
direito de família, sendo o responsá vel pelas relaçõ es só cio afetivas. Está implícito
na Constituiçã o Federal como decorrente direto do princípio constitucional da
dignidade da pessoa humana e da solidariedade. Atualmente, o afeto deveria ser
apontado como o principal fundamento das relaçõ es familiares, tendo em vista as
diversas espécies de entidades familiares existentes.
Pelo que se vê, o Autor apresentou provas suficientes, conforme requerido pela Lei.
A recusa administrativa para a concessã o do pleito verifica-se, foi mero equívoco
quando da aná lise da documentaçã o apresentada, nã o devendo ser mantida por
este douto juízo.
Desta forma, o Postulante deve ser qualificada como dependente do ex-segurado,
uma vez que é inequívoco o vínculo de uniã o está vel que perpetuou por décadas,
quando em vida deste. Todos os documentos trazidos aos autos evidenciam a vida
conjugal de ambos e sua convivência em comum perante a sociedade.
Em cotejo com o robusto conjunto probató rio acostado a esta exordial e em
consonâ ncia com a legislaçã o atinente, inafastá vel é o dever da Ré em conceder o
benefício pleiteado pelo Autor.
DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL
No que pertine à antecipaçã o dos efeitos da tutela, preceitua o artigo 300, do
Có digo de Processo Civil, in verbis:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.
O provimento antecipató rio da pretensã o do Autor se demonstra necessá rio face à
subsunçã o dos fatos revelados ao comando normativo emergente do artigo
supracitado.
A prova inequívoca que conduza à verossimilhança da alegação é cristalina, visto
que foram apresentados mais de 03 (três) dos documentos elencados no § 3º do
citado artigo 22 do Decreto 3.048/99.
Desta feita, é inequívoca a caracterizaçã o do vínculo de uniã o está vel entre o
Postulante e a ex-segurada.
No que concerne ao fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, têm
evidenciado no sentido de que a relutâ ncia da Ré em conceder ao Autor a pensã o
por morte, afronta um direito que lhe é legalmente assegurado.
Ressalte-se, ainda que a tutela antecipada, no caso vertente, tivesse natureza
irreversível, nã o se pode deixar de reconhecer que o risco de dano inverso, ou seja,
que recai sobre o Autor, afigura-se muito mais acentuado, devendo ser priorizados,
neste momento, o seu direito à saú de, por amparo ao princípio da dignidade da
pessoa humana.
Por tudo quanto fora exposto, restou demonstrada a necessidade de antecipaçã o
dos efeitos da tutela jurisdicional, vez tratar-se de direito advindo da lei e que vem
sendo negado peremptoriamente pela Ré, bem como pela iminência de
imensurá veis danos ao Requerente.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, REQUER:
a) O deferimento dos benefícios da Justiça Gratuita, por nã o ter ao Autor
condiçõ es de arcar com qualquer tipo de custas referente ao processo em tela, sem
prejuízo pró prio e de sua família, em consonâ ncia com o art. 4º da Lei nº. 1.060/50
e com as disposiçõ es da Magna Carta de 1988;
b) Que seja deferido initio littis e inaudita altera pars a Tutela Antecipada,
determinando que a Autarquia Federal, ora Ré, implante, imediatamente, o
Beneficio por PENSÃ O POR MORTE à promovente, no prazo de 24 horas, sob
pena de multa diária a ser arbitrada por este MM Juízo;
c) A citação da Ré, no endereço declinado no preâ mbulo, a fim de tomar
conhecimento dos termos desta açã o, encaminhando-lhe có pia da mesma, para,
caso queira, apresentar sua Defesa, sob pena de revelia e confissã o;
d) Condenar o INSS a conceder a Autora o PENSÃ O POR MORTE, a partir do
Requerimento Administrativo, em XX de mês de 20XX, com a condenaçã o do
pagamento das prestaçõ es em atraso, corrigidas na forma da lei, acrescidas de
juros de mora desde quando se tornaram devidas as prestaçõ es;
e) O pagamento dos honorá rios advocatícios e custas processuais acrescidos de
juros e correçã o monetá ria até o efetivo pagamento;
Protesta por todos os meios de provas em direto admitidos, em especial a
apresentaçã o de documentos, ouvida de testemunhas, depoimento pessoal, bem
como a juntada de pareceres e jurisprudência.
Atribui à causa o valor de R$ XX.XXX,XX (XXXX reais)
Pede e espera Deferimento.
CIDADE - ESTADO, XX de mês de 2021.
ADVOGADO
OAB/XX – Nº XX.XXX

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