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CÂMARA DE COMÉRCIO FRANÇA-BRASIL

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE

O MEIO AMBIENTE APLICADO PELOS TRIBUNAIS

Consuelo Yatsuda Moromizato Yoshida


cyoshida@trf3.gov.br

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Considerações Introdutórias

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Desafios do desenvolvimento sustentável no


capitalismo globalizado

Bônus e ônus da sociedade industrial/pós-industrial


(sociedade de risco)

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• Bônus (Domenico de Masi)


• A libertação da escravidão
• A libertação da fadiga pela Revolução Industrial.
• A libertação do trabalho repetitivo pela Revolução
Tecnológica
• Relação trabalho (intelectual), estudo e lazer – O ócio
criativo: não é inércia, mas atividade na qual coincidem
estudo, trabalho e lazer.

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• Ônus – sociedade de risco - distribuição de bens e de


males (Ulrich Beck)

• Sociedade de risco - dominada pelas incertezas dos


avanços científicos e tecnológicos.

• A sociedade industrial e a sociedade tecnológica


baseiam-se não apenas na produção e distribuição de
bens, mas de bens e males.

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Ônus:

- sobrecarga dos ecossistemas - maior utilização de matéria prima


e maior volume, durabilidade e toxicidade/periculosidade dos
resíduos (sintéticos e perigosos: químicos, radioativos)

- utilização em larga escala dos recursos naturais

- lançamento de matéria (orgânica ou inorgânica/artificial/ sintética)


em qualquer estado (sólido, líquido ou gasoso)

- liberação de energia (poluição térmica, poluição luminosa,


poluição eletromagnética, poluição nuclear)

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Orquestração de ataques à natureza.

A natureza contra-ataca (Veja, 18/04/2001)

Avaliação Ecossistêmica do Milênio (1360


especialistas de 95 nações alertam: colapso,
OESP, 30/03/2005, p. A16)

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Dados de 2000:

- 30 bilhões de toneladas de lixo/ano

- poluição hídrica – 1/3 apenas de água potável – escassez


aguda para 1,3 bi

- poluição atmosférica – descarga de gás carbônico em um


único dia é maior do que antes da Revolução Industrial
(Instituto Worldwatch). Análise através de amostras coletadas
de ar encapsulado no gelo do Ártico, datadas conforme sua
profundidade, confirmam avaliação. Em 2000 – liberados cerca
de 7 bilhões de toneladas de dióxido de carbono na
atmosfera;
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- pesca industrial predatória


- centenas de espécies de peixes extintas em apenas 30 anos
- volume aumentou até década de 1980
- em declínio pela diminuição da população de peixes, apesar
dos investimentos no setor
- uso de satélites para localizar cardumes e redes
descomunais, que poderiam engolfar um prédio de 40 andares
- extinção das espécies animais – em ritmo 50 vezes mais
rápido que a evolução e seleção natural das espécies

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- desmatamento apenas 1/3 das florestas nas Américas ainda


está de pé: Brasil já perdeu 93% da Mata Atlântica, 50% do
cerrado e 15% da Floresta Amazônica. Motosserras continuam
em ação.

- Individualmente, essas agressões seriam absorvidas pelo


ecossistema global, acostumado a catástrofes naturais

- Orquestração de ataques – efeito mais apocalíptico –


aquecimento global

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Princípio usuário-poluidor-pagador e a
responsabilidade ambiental

Responsabilidade cumulativa: civil, administrativa e penal


Questões controvertidas

Responsabilidade objetiva e solidária


Questões controvertidas

Responsabilidade pós-consumo
Questões controvertidas

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Princípio da prevenção e da precaução

Incertezas científicas e medidas de precaução

Medidas de prevenção e medidas mitigadoras

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Desafios às avaliações de impacto ambiental

Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas,


através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da
importância dos prováveis impactos relevantes (RES 081/86, art.
6º, II):

- impactos positivos e negativos


- diretos e indiretos
- imediatos, a médio e longo prazos
- temporários e permanentes
- grau de reversibilidade
- propriedades cumulativas e sinérgicas
- distribuição dos ônus e benefícios sociais
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•Perspectivas na área de gestão ambiental

1) Gestão ambiental e as normas da Série ISO 14000

2) Produção Limpa e Produção Mais Limpa

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Produção Limpa e Produção Mais Limpa


Comparação entre atitudes de controle da poluição e produção mais limpa

O enfoque do controle de poluição O enfoque da produção mais limpa

- Poluentes são controla-dos por filtros e · Poluentes são evitados na origem, através de
métodos de tratamento do lixo medidas integradas

· O controle de poluição é avaliado depois do · A prevenção da poluição é parte integrante do


desenvol-vimento de processos e pro-dutos e desen-volvimento de produtos e processos
quando os proble-mas aparecem

· Controles de poluição e avanços ambientais · Poluição e rejeitos são com-siderados recursos


são sempre considerados fatores de custo potenciais e podem ser transformados em
pelas empresas produtos úteis e sub-pro-dutos desde que não
tóxicos 15
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· Desafios para avanços ambientais devem ser · Desafios para avanços am-bientais deveriam
administrados por peritos ambientais tais como ser de res-ponsabilidade geral na em-presa,
especialistas em rejeitos inclusive de trabalha-dores, designers e
engenhei-ros de produto e de processo

· Avanços ambientais serão obtidos com · Avanços ambientais incluem abordagens


técnicas e tecnologia técnicas e não técnicas

· Medidas de avanços ambientais deveriam · Medidas de desenvolvimen-to ambiental


obede-cer aos padrões definidos pelas deveriam ser um processo de trabalho contí-nuo
autoridades visando a padrões eleva-dos

· Qualidade é definida como ‘atender as · Qualidade total significa a produção de bens


necessidades dos usuários’ que atendam às necessidades dos usuários e
que tenham impactos mínimos sobre a saúde e o
ambiente

Fonte: adaptado de Husingh Environmental Consultants Inc. 1994


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Judicialização e redução da litigiosidade

Embora inevitável a judicialização acerca de conflitos


institucionais e federativos, é possível a redução do âmbito da
litigiosidade, contribuindo-se, dessa forma, para a agilização da
prestação jurisdicional e, em última análise, para o
fortalecimento e o prestígio das instituições e da própria ação
civil pública.

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Conscientização da importância de se reduzir ao máximo o


âmbito e o grau de litigiosidade, somente sendo judicializados
os conflitos que restarem insuperáveis, avançando-se no
sentido do melhor equacionamento e delimitação das questões
processuais e do objeto litigioso.

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Ciclo de Debates 2004: Temas atuais de Direito


Ambiental

Debate V - Atuação integrada: agilização e efetividade na


proteção do meio ambiente

1)Pauta mínima de consenso nos TAC s e no licenciamento


ambiental. Divergências superáveis;
2)Atribuições do IBAMA e os questionamentos do Ministério
Público Federal;
3)Litisconsórcio entre Ministérios Públicos e Justiça
Competente.

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... a redução da conflituosidade e da judicialização dos


conflitos ambientais passa pela maior integração entre os
órgãos do SISNAMA, os Ministérios Públicos, e os
empreendedores... As contribuições e os esforços mútuos
para superação de muitas das divergências,
principalmente fora das lides judiciais, contribuirá
grandemente para a agilização e efetividade da proteção
ambiental.

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Associação Brasileira do Ministério Público do


Meio Ambiente (ABRAMPA)

Comissão de estudos a respeito de TAC s

Representantes dos Ministério Públicos Federal e Estadual

Relatório Final

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A ação civil pública - caso Rodoanel

ACP nº 2003.61.00.025724-4, 22ª Vara Federal/SP

MPF X IBAMA, Estado de São Paulo e Dersa

Pedido principal - assunção exclusiva pelo IBAMA do


licenciamento ambiental do empreendimento – Trechos Norte,
Sul e Leste, e a proibição da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente de praticar qualquer ato voltado à continuidade do
licenciamento da obra.

Pedido sucessivo - realização do licenciamento ambiental


federal pelo IBAMA, além daquele em curso pelo Estado de São
Paulo. 22
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Liminar no juízo de origem

...determinar ao IBAMA obrigação de fazer no sentido de


intervir e assumir exclusivamente o licenciamento ambiental
do empreendimento, abstendo-se a Secretaria de Estado do
Meio Ambiente de praticar qualquer ato voltado ao
prosseguimento da obra, devendo o DERSA atuar conforme
as determinações do novo órgão licenciador, sob pena de
multa no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) por dia de
descumprimento da decisão.

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Agravos de Instrumento IBAMA (AI nº 2003.03.00.070460-9)

Suspensão da tutela antecipada concedida em relação ao pleito


principal

Deferimento da tutela antecipada em relação ao pedido


sucessivo

...sem prejuízo do licenciamento estadual, circunscrito às


questões ambientais de âmbitos estaduais e locais, seja
realizado também o licenciamento federal pelo IBAMA,
relativamente às questões ambientais de âmbitos nacional e
regional de sua competência, a serem avaliadas no mesmo EIA-
RIMA, em fase de reelaboração.

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Sentença (Juiz Federal João Batista Gonçalves)

Julgou procedente o pedido para condenar o IBAMA a realizar


o procedimento visando ao licenciamento ambiental federal da
obra em questão (Rodoanel Mário Covas, trechos Norte, Sul e
Leste), além daquele já em curso pelo Estado de São Paulo, de
modo a não vulnerar a atribuição administrativa do IBAMA,
ficando a DERSA S/A condenada à obrigação de fazer
consistente em atuar em conformidade com as determinações
do órgão licenciador IBAMA.

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Proposta de conciliação do IBAMA e do Estado de São Paulo.


Concordância do DERSA. Incorporação das exigências do
Ministério Público Federal para participação ativa e vinculante
do IBAMA (Trechos Norte, Sul e Leste).

Acordo homologado em 09/03/2005 (DJU de 22/03/05, Seção


2, fl. 391).

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Empenho + Determinação + Colaboração de todos

Iniciativas institucionais buscam estimular e aperfeiçoar a


integração dos órgãos públicos das diferentes esferas
federativas (órgãos da Administração Ambiental e Ministérios
Públicos)

Aproximação com os empreendedores - conscientização das


vantagens da tutela adequada do meio ambiente através de
soluções habilmente delineadas de comum acordo.

Soluções que alcancem o resultado prático equivalente ao da


pretensão deduzida em juízo.

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O federalismo cooperativo e suas manifestações no


direito brasileiro

A estrutura federativa e o complexo sistema de competências


legislativa, administrativa e jurisdicional no direito brasileiro

O federalismo cooperativo e os sistemas de competência


legislativa concorrente e de competência administrativa
comum.

Ampla tutela ambiental pelos diferentes níveis federativos.

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Reflexos na composição do pólo ativo e do pólo passivo e,


correlatamente, na definição da jurisdição competente. A
federalização dos conflitos metaindividuais.

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A posição do Ministério Público Federal e do IBAMA na lide


examinada.

Distinção entre interesse difuso e interesse público-estatal.

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Composição do pólo ativo - avanço aguardado

Presença crescente dos entes públicos (órgãos de controle


e fiscalização).

Realidade atual – Composição do pólo passivo -


Administração Pública + empreendedores.

Motivo: omissão, falta de integração e/ou de participação


efetiva das instâncias federativas nos procedimentos de
controle e fiscalização.

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Atuação conjunta ou atuação subsidiária, na omissão


das demais esferas?

A decisão no caso da invasão dos “sem-tetos” nas margens do


Rio Poty (Teresina, Piauí):

Legítima também é a atuação do Ministério Público Estadual para


ajuizar a presente ação, ante a competência comum da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios na proteção e defesa do
meio ambiente (arts. 23, VI e 225, ambos da CF).

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In casu, mantendo-se inerte o Ministério Público Federal,


poderá o Ministério Público Estadual, subsidiariamente,
propor a ação e vice-versa. O importante é que o bem
ambiental, de interesse comum a todos os habitantes, sobre o
qual recai o interesse de toda uma coletividade, seja
efetivamente protegido.

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A atuação integrada das esferas federativas e a


jurisdição competente

A jurisdição estadual investida de jurisdição federal.


Hipóteses de cabimento. CF, art. 109, 3º e 4º. Casos
controvertidos. A Súmula 183 do STJ e sua revogação.

Compete ao juiz estadual, nas comarcas que não sejam sede


de vara da justiça federal, processar e julgar ação civil
pública, ainda que a União figure no processo.

(Cancelamento em 08/11/00)

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O princípio da unidade e indivisibilidade do Ministério Público.

O litisconsórcio facultativo entre os diversos Ministérios


Públicos.

Competência da Justiça Federal e/ou da Justiça Estadual?

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STJ - Resp nº 382659/RS, Primeira Turma, Rel Min. Humberto


Gomes de Barros, DJ 19/12/2003, p. 322

...
3. O Ministério Público é órgão uno e indivisível, antes de ser
evitada, a atuação conjunta deve ser estimulada. As divisões
existentes na Instituição não obstam trabalhos coligados.

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Foro de atuação do membro do Ministério Público.

1. A ação será proposta pelo Ministério Público da União


quando de competência da Justiça Federal; e proposta pelo
Ministério Público Estadual quando causa de jurisdição local.
(STJ – ROMS 4.146 – Rel. Vicente Leal).

2. O Ministério Público Federal como órgão integrante da


estrutura da União, tem foro federal (STJ CC 4927 Rel.
Humberto Gomes de Barros).

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3. A simples presença do membro do Ministério Público


Federal, sem outro indicador do foro privilegiado consoante
art. 109 da CF, exclui a competência da Justiça Federal. (TRF3
– AG 95.03.026448-0 – Rel. Lúcia Figueiredo).

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Competência para o Licenciamento Ambiental

O sistema da Lei nº 6.938/81 – art. 10

Licenciamento pelo órgão estadual (SISNAMA) e


pelo IBAMA, em caráter supletivo

- prévio licenciamento pelo órgão estadual integrante do


SISNAMA, e pelo IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo
de outras licenças (caput)
- homologação do IBAMA (nos casos e prazos previstos em
Resolução do CONAMA) - 2º

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Licenciamento Federal (IBAMA)

Atividades e obras com significativo impacto ambiental, de


âmbito nacional ou regional ( 4º)

4º. Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e


Recursos Naturais Renováveis - IBAMA o licenciamento
previsto no caput deste artigo, no caso de atividades e obras
com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou
regional.

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O sistema da Resolução nº 237/97

Licenciamento federal (art. 4º), estadual (art. 5º) e municipal


(art. 6º). Participação das outras esferas (através de exame
técnico, parecer, oitiva, quando couber)

Licenciamento ambiental em um único nível (art. 7º)

Constitucionalidade?

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O sistema da Resolução nº 237/97

Licenciamento federal (IBAMA)

Art. 4º. (...) o licenciamento ambiental, a que se refere o artigo


10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, de
empreendimentos e atividades com significativo impacto
ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:
...

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Impacto Ambiental Regional

Impacto que afeta diretamente (área de influência direta),


no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados

Rol de empreendimentos e atividades (exemplificativo?)

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O sistema da Resolução nº 237/97

Licenciamento federal (IBAMA)

1º. (...) exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos


Estados e Municípios em que se localizar a atividade ou
empreendimento (...) parecer dos demais órgãos competentes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
envolvidos no procedimento de licenciamento.

2º - Possibilidade de delegação aos Estados, uniformizando as


exigências .

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O sistema da Resolução nº 237/97

Licenciamento estadual

Art. 5º, Parágrafo único

(...) exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos


Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento,
(...) parecer dos demais órgãos competentes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no
procedimento de licenciamento.

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O sistema da Resolução nº 237/97

Licenciamento municipal

Art. 6º. (...) licenciamento ambiental de empreendimentos e


atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem
delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio (...)
ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do
Distrito Federal.

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Duplo ou Múltiplo Licenciamento Ambiental

-em mais de um nível federativo


(federal, estadual e municipal)

Fundamento: Competência legislativa concorrente (art. 24, VI) e na


competência material comum (art. 23, VI)

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Duplo Licenciamento

REsp nº588022/SC, Rel. Min. José Delgado, j. em 17/02/2004


ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
DESASSOREAMENTO DO RIO ITAJAÍ-AÇU. LICENCIAMENTO.
COMPETÊNCIA DO IBAMA. INTERESSE NACIONAL.
1. Existem atividades e obras que terão importância ao
mesmo tempo para a Nação e para os Estados e, nesse caso,
pode até haver duplicidade de licenciamento.

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2. O confronto entre o direito ao desenvolvimento e os


princípios do direito ambiental deve receber solução em prol
do último, haja vista a finalidade que este tem de preservar a
qualidade da vida humana na face da terra. O seu objetivo
central é proteger patrimônio pertencente às presentes e
futuras gerações.
3. Não merece relevo a discussão sobre ser o Rio Itajaí-Açu
estadual ou federal. A conservação do meio ambiente não se
prende a situações geográficas ou referências históricas,
extrapolando os limites impostos pelo homem. A natureza
desconhece fronteiras políticas.

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Os bens ambientais são transnacionais. A preocupação que


motiva a presente causa não é unicamente o rio, mas,
principalmente, o mar territorial afetado. O impacto será
considerável sobre o ecossistema marinho, o qual receberá
milhões de toneladas de detritos.
4. Está diretamente afetada pelas obras de dragagem do Rio
Itajaí-Açu toda a zona costeira e o mar territorial, impondo-se
a participação do IBAMA e a necessidade de prévios
EIA/RIMA. A atividade do órgão estadual, in casu, a FATMA, é
supletiva. Somente o estudo e o acompanhamento
aprofundado da questão, através dos órgãos ambientais
públicos e privados, poderá aferir

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quais os contornos do impacto causado pelas dragagens no


rio, pelo depósito dos detritos no mar, bem como, sobre as
correntes marítimas, sobre a orla litorânea, sobre os
mangues, sobre as praias, e, enfim, sobre o homem que vive
e depende do rio, do mar e do mangue nessa região.
5. Recursos especiais improvidos.

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quais os contornos do impacto causado pelas dragagens no


rio, pelo depósito dos detritos no mar, bem como, sobre as
correntes marítimas, sobre a orla litorânea, sobre os
mangues, sobre as praias, e, enfim, sobre o homem que vive
e depende do rio, do mar e do mangue nessa região.
5. Recursos especiais improvidos.

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Licenciamento ambiental complexo e licenças


ambientais, como atos complexos, de índole
constitucional

Não se confundem com o licenciamento e a licença


administrativa

Embora processados num único nível, são efetivamente


procedimento e atos complexos resultantes da participação
efetiva dos órgãos licenciadores dos diferentes níveis
federativos.

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Licenciamento Ambiental Complexo

Alternativa que melhor concilia os interesses envolvidos (dos


empreendedores, dos órgãos ambientais e da coletividade).

Alcança resultado prático equivalente ao do duplo ou múltiplo


licenciamento ambiental, com vantagens de menor dispêndio
de tempo e menores custos.

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Licenciamento Ambiental Complexo

Estudo de Impacto Ambiental único - avaliação adequada os


impactos nacionais, regionais (inter e intra estaduais) e locais,
quando for o caso

Evita a superposição de taxas de polícia.

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Ato administrativo complexo


(Oswaldo Aranha Bandeira de Mello)

- aquele formado pela manifestação de vontade que se


expressa pela participação de dois ou mais órgãos, cujas
exteriorizações se verificam em uma só vontade. Há como um
feixe unitário de impulsos volitivos, de forma que o ato
jurídico é produto da ação conjugada da vontade desses
órgãos. Nesse ato há unidade de conteúdo e unidade de fins
de várias vontades que se congregam, operando em fases
simultâneas ou sucessivas, para formar um único ato jurídico,
como vontades concorrentes que cooperam na sua
constituição.

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O ato complexo pressupõe operações de vontade de vários


órgãos, que se completam para a sua criação. Eles são
juridicamente homogêneos, pois agem pelos mesmos
interesses, ou, por interesses idênticos. Portanto, ocorre fusão
de vontades ideais de vários órgãos, que funcionam, destarte,
como vontade única para a formação de um ato jurídico.

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Licenciamento Ambiental Complexo – Rodoanel

Termos do acordo judicial homologado

1) tópico “a” - o processo de licenciamento da obra referente


ao Rodoanel – Trechos Norte, Sul e Leste será efetuado junto
ao órgão seccional do SISNAMA (Secretaria do Meio Ambiente
do Estado de São Paulo), em nível único de competência.

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Licenciamento Ambiental Complexo - Rodoanel

2) tópico “b” - o IBAMA irá acompanhar e participar do


processo de licenciamento ambiental único, analisando e
manifestando-se de forma vinculativa, no bojo do
procedimento, quanto aos aspectos de avaliação de impactos
ambientais diretamente relacionados aos seguintes temas:
Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São
Paulo, Ecossistema Mata Atlântica e Áreas Indígenas
Barragem-Krukutu.

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Licenciamento Ambiental Complexo - Rodoanel

3) tópico “c” - no que pertine ao Anexo I, que se refere aos


aspectos técnicos e procedimentais a serem observados no
licenciamento ambiental:

3.1) item I - o IBAMA deverá considerar para fins de


análise do EIA/RIMA, o Plano de Trabalho elaborado,
incluindo-se a Avaliação Ambiental Estratégica,
documento essencial à análise do conjunto dos
impactos ocasionados pelo empreendimento.

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Licenciamento Ambiental Complexo - Rodoanel

3.2) item III - previsão da participação de profissionais


habilitados, indicados por representantes da
sociedade civil, universidades e técnicos do
Ministério Público Estadual e do Ministério Público
Federal e das Prefeituras interessadas, para as
reuniões técnicas com vistas ao debate das questões
atinentes à indução e ocupação da área de
mananciais decorrentes da implantação do Rodoanel.
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Licenciamento Ambiental Complexo - Rodoanel

3.3) item IV - possibilidade do IBAMA determinar


complementações ao Termo de Referência, em vista
do resultado das reuniões técnicas e das audiências
públicas realizadas.,

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Licenciamento Ambiental Complexo - Rodoanel


3.4) item VIII - convocação de duas audiências
públicas, com a participação do IBAMA, a serem
realizadas na cidade de São Paulo, preferencialmente
na zona sul, e em São Bernardo do Campo, com
objetivo de dar conhecimento público dos estudos
realizados.

3.5) item X - vinculação dos órgãos estaduais


partícipes do licenciamento às deliberações do
IBAMA.

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CÂMARA DE COMÉRCIO FRANÇA-BRASIL
COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE

Licenciamento Ambiental Complexo - Rodoanel

3.6) inclusão do item XI - participação do IBAMA


nos momentos seguintes à concessão da licença
prévia, ou seja, na fase de licença de instalação e
na licença de operação, bem como no
licenciamento dos demais trechos do Rodoanel
(Trechos Leste e Norte).

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