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Universidade Licungo
CEAD-Mocuba
2021
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Universidade Licungo
CEAD-Mocuba
2021
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Índice
Introdução ................................................................................................................................... 3
Conclusão ................................................................................................................................... 8
Introdução
Toda empreitada de escrita é pretensiosa e modesta ao mesmo tempo, uma vez que define
certos problemas e pontos de vista, excluindo outros. Aproveitamos esta sua reflexão para
justificar da mesma maneira o presente trabalho, no qual objectiva-se levantar algumas
discussões sobre o debate acerca do movimento escolanovista.
O movimento escolanovista, aqui analisado, não faz menção a um único modelo de escola.
Refere-se a uma proposta que envolve um conjunto de ideias que se contrapõem ao ensino
tradicional vigente no final no século XIX e início do século XX. As primeiras escolas novas
surgiram em instituições privadas da Inglaterra, França, Suíça, Polônia, Hungria, entre outros
países, depois de 1880. A escola nova propõe um foco no ensino democrático, que, por sua
vez, contempla a ideia de uma "pedagogia contemporânea". Destarte, a valorização dos
impulsos naturais da criança passa a ser enfatizada. Um movimento que se fez presente em
inúmeros países, como Inglaterra, Alemanha, Áustria, França, Suíça, Espanha, Estados
Unidos da América e no Brasil, dentre outros, que tomou diversas faces e formas de ação
permeou culturas muito distintas, torna-se a prioridade de um movimento complexo, na
medida em que envolveu inúmeros intelectuais e inúmeros agentes da prática.
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São elencados pelo historiador cinco “mestres teóricos” do activismo: John Dewey –
considerado o mais ilustre, Ovide Decroly, colocar os nomes completos Claparède, Ferrière e
Maria Montessori. a preocupação de Decroly (1871-1932) era em conhecer melhor a criança,
para realizar um processo de individualização capaz de respeitar as épocas de seu
amadurecimento. Para ele, todo processo de aprendizagem-ensino devia ser organizado
segundo “centros de interesse” da criança, os quais seriam ligados às suas necessidades
fundamentais.
O movimento da Escola Nova no debate pedagógico como um todo, classificando, dentro das
concepções fundamentais da filosofia, o movimento como tendo uma concepção humanista
moderna da educação, na qual há uma visão de homem centrada na existência, na vida, na
actividade, a educação passa a centrar-se na criança, na vida, na actividade. No que se refere
às práticas pedagógicas o autor localiza o movimento na tendência progressista a qual sustenta
que a finalidade da escola é adequar as necessidades individuais ao meio social. O importante
não é que o aluno domine determinados conteúdos, mas que aprenda a aprender.
Sobre os princípios da Escola Nova, Di Giorgi (1992) afirma que sua proposta
nuclear era descentrar o ensino da figura do professor para centrá-lo na do aluno, a
curiosidade e a sensibilidade infantis eram estimuladas, uma vez que para a criança
o desejo era de conhecer a realidade de forma global. O autor afirma que é no que se
refere às diferenças individuais que todos os defensores da Escola Nova convergem,
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A crítica escolanovista
Inés Dussel é professora de ensino e currículo na Universidade de Madison, Wisconsin, sendo
seus campos de actuação a história da educação, currículo e multiculturalismo e a pedagogia.
Marcelo Caruso é professor do departamento de educação comparada da Universidade de
Humboldt em Berlim, Alemanha. Os pesquisadores, de origem argentina, escrevem juntos a
obra “A invenção da sala de aula – uma genealogia das formas de ensinar”, tendo como
objectivo focalizar:
Assim como em Cambi (1999) a Escola Nova também não é o foco da obra de Dussel e
Caruso (2003), em “A invenção da sala de aula” os autores fazem uma genealogia4 das
formas de ensinar, tendo como foco o olhar sobre a sala de aula, sendo ela o núcleo, o
elemento insubstituível da escola. Optam por um movimento histórico que vai desde o final
da Idade Média até meados do século XX. É no capítulo quatro da obra que abordam a tática
escolar no século XX, criticando a Escola Nova, ao que nos deteremos nesse momento.
pelo conhecimento especializado, sendo que nessa concepção o professor deixa de ser um
representante de Deus ou do Estado para ser um gerente da aprendizagem dos seus alunos.
Segundo os autores em questão: A sala de aula reformista foi a sala de aula do biopoder, desse
poder que procurava administrar o crescimento, para que não se desviasse. Após o anúncio da
liberação das crianças das amarras da antiga pedagogia, inventaram-se novos
constrangimentos, mais sofisticados, mais modernizados, que não deixavam de ser regulações
e actos de poder.
É a bandeira de liberdade da criança acenada pela Escola Nova que é questionada por Dussel
e Caruso (2003), uma vez que acreditam que o que resultou foram novas formas de governar a
criança, novos meios de avaliá-las, sendo afirmado por eles que se por libertação da criança
entende-se que não seja governada de nenhuma forma, pode-se afirmar que o escolanovismo
estava enganado.
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Conclusão
Paulo Freire (2001) diz que estudar é desocultar, é ganhar a compreensão mais exacta do
objecto, é perceber suas relações com outros objectos. Podemos concluir que ao se estudar a
Escola Nova exige esse “desocultar” ao qual Freire se refere. Um movimento pulverizado, no
sentido de ter-se constituído por muitos teóricos e não conter apenas um método de ensino,
necessita um olhar que relacione os múltiplos objectos que constituíram esse movimento.
Pensa-se que analisar obras que discutem e analisam historicamente o movimento da Escola
Nova, perceber suas semelhanças e diferenças discursivas permitem avançar num
entendimento mais crítico e menos ingénuo acerca da mesma.
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Referencias Bibliográficas
CAMBI, Franco. História da Educação. São Paulo: Ed. da UNESP, 1999.
CORAZZA, Sandra Mara. História da infância sem fim. Ijuí: Ed. Unijuí, 2000.
DI GIORGI, Cristiano. Escola nova. 3.ed. São Paulo: Ática, 1992.
DUSSEL, I.; CARUSSO, M. A invenção da sala de aula: uma genealogia das formas de
ensinar. São Paulo: Moderna, 2003.
FOUCAULT, M. Aula de 1 de Fevereiro de 1978. In: Segurança, Território, População.
São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FREIRE, Paulo. Carta de Paulo Freire aos professores. Estud. av., São Paulo, v. 15, n. 42,
Aug. 2001.
LOURENÇO FILHO, Manuel B. Introdução ao estudo da escola nova: bases, sistemas e
directrizes da Pedagogia contemporânea. - 12ª Ed. - São Paulo: Melhoramentos, 1978.
MICHAELIS, Dicionário prático língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Melhoramentos,
2010.