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1.3.2.

Princípio da Universalidade da Cober-


tura e do Atendimento

O Princípio da Universalidade da Cobertura e do


Atendimento caracteriza-se em promover indistintamente
o acesso ao maior número possível de benefícios, na ten-
tativa de proteger a população de todos os riscos sociais
previsíveis e possíveis.
Desta forma, este princípio define que toda a po-
pulação deverá possuir uma renda mínima em caso de in-
capacidade para o trabalho ou morte do provedor da fa-
mília. A universalidade da cobertura e do atendimento não
abrange tão somente aos trabalhadores, mas todos nacio-
nais e estrangeiros residentes no Brasil.
A Universalidade sustenta-se em duas bases, a uni-
versalidade da cobertura e a universalidade do atendimento. A uni-
versalidade da cobertura acolhe o maior número de situa-
ções que possam gerar a necessidade de assistência social,
tais como: invalidez, velhice, morte, desemprego, doença.
Já, a Universalidade do atendimento refere-se ao di-
reito da população em ter acesso às prestações da Segurida-
de Social, desde que atendidos os requisitos legais existentes,
tais como: aposentadoria, auxílios, benefícios, prestações e
seguro desemprego.

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1.3.3. Princípio da Uniformidade e
Equivalência de Benefícios e Serviços

Este princípio teve como o objetivo central equi-


parar os direitos dos trabalhadores rurais aos trabalhado-
res urbanos, resgatando uma injustiça histórica. Antes da
Constituição Federal de 1988, o trabalhador rural era trata-
do de forma diferente do trabalhador urbano no que tange
aos benefícios previdenciários. As prestações destinadas
aos trabalhadores rurais eram menores que as prestações
dos trabalhadores urbanos.
Com a nova ordem constitucional corrigiu-se o tra-
tamento desigual, ficando proibidas quaisquer distinções en-
tre os trabalhadores urbanos e rurais.
A Universalidade, portanto, é igualdade quanto
aos eventos cobertos, ou seja, benefícios e serviços para a
população em geral, resultando em ampla proteção social.
Já, a Equivalência versa sobre o valor das prestações, que
devem guardar equivalência ao fator de contribuição e sua
forma de custeio. Ou seja, o trabalhador, seja rural ou ur-
bano receberá de acordo com a forma de contribuição ao
longo do período contributivo, ou ainda no caso da Seguri-
dade Social, de acordo com o valor das parcelas destinadas
a cada caso.

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1.3.4. Princípio da Seletividade e
Distributividade

Este princípio constitui-se como um norte a cober-


tura das principais necessidades sociais, dirigindo suas presta-
ções e serviços aos indivíduos que necessitem. Possui a finali-
dade de orientar a ampla distribuição de benefícios sociais ao
maior número de necessitados.

A autora Lílian Castro de Souza, em sua obra: “Di-


reito Previdenciário”, alega o que segue:

“O que a Constituição determina ao legisla-


dor é que a legislação ordinária utilize o sistema da
prova da necessidade para a outorga das prestações,
tanto da previdência como a de assistência, o que
dá por meio da medida de renda da pessoa no mo-
mento em que é pleiteada uma prestação.”

Destaca-se que não é todo cidadão que possuirá


direito a todos os benefícios, devendo o legislador iden-
tificar as carências sociais e estabelecer critérios objetivos
para contemplar as camadas sociais mais necessitadas e a
erradicação da pobreza.
A seletividade configura-se como critério para o legis-
lador no que tange a escolha dos eventos sociais merecedores
de proteção social, determinando quais serviços e benefícios

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aquele indivíduo gozará, levando-se em consideração as pos-
sibilidades econômicas e financeiras deste custeio.

1.3.5. Princípio da Irredutibilidade do Valor


Benefícios

Este princípio visa garantir a manutenção do valor do


benefício em face das constantes mudanças econômicas man-
tendo o poder de compra dos beneficiados. O benefício não
poderá sofrer redução no seu valor. Tal princípio é assegurado
pelo artigo 201, § 4.º da Constituição Federal, que determina
o reajuste dos benefícios para preservação de seu valor real.
O doutrinador Jediael Galvão Miranda em sua obra,
“Direito da Seguridade Social”, alega o que segue:

“A preservação do valor real dos benefícios é rea-


lizada de acordo com os critérios definidos em lei, sendo
indevida a adoção de fórmulas não admitidas pela legis-
lação específica para a conservação do valor das presta-
ções pecuniárias...”

Muito se discutiu sobre o índice real de reajuste


dos benefícios, visto que o salário mínimo não poderá ser
utilizado como base para fins previdenciários, como deter-
minado no artigo 7.º, inciso IV, da Constituição Federal.
Atualmente, com a artigo 41 da Lei 8.213/91, com reda-
ção dada pela Lei n.º 11.430/06 estabelece que o índice

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de reajuste dos benefícios é o INPC- Índice Nacional de
Preços ao Consumidor, apurado pelo IBGE.

1.3.6. Princípio da Equidade na Forma de


Custeio

No que tange à interpretação gramatical da pa-


lavra equidade no dicionário Aurélio de Língua Portu-
guesa, devemos transcrever seu significado: “Disposição
para se reconhecer imparcialmente o direito de cada um; equiva-
lência ou igualdade. Característica de algo ou alguém que revela
senso de justiça, imparcialidade, isenção, neutralidade etc.”.
Desta leitura, podemos trazer à baila o Princí-
pio da Isonomia, que consiste em tratar os desiguais
de forma desigual. Desta forma, as contribuições para
a Previdência Social são vertidas conforme a renda do
segurado. Quanto maior a renda, maior a alíquota, e,
consequentemente, maior a contribuição.
Conclui-se que cada um deverá contribuir na me-
dida de suas possibilidades, sendo que somente contribui-
rão da mesma forma, aqueles que se encontrar em igualda-
de de condições.

1.3.7. Princípio da Diversidade na Base de


Financiamento

O financiamento da Seguridade Social dá-se, atu-


almente, através da contribuição dos trabalhadores, das

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empresas e dos orçamentos dos entes estatais. Mesmo as
pessoas não enumeradas acima contribuem para a Seguri-
dade Social através da tributação em diversos produtos de
consumo.
O legislador interessado em garantir o aumento
da arrecadação de recursos para a Seguridade Social para
garantir o atendimento do aumento de demanda social, ex-
pressou na constituição a permissão para que outras fontes
de financiamento fossem criadas pelo legislador ordinário.
Entretanto, criou um dispositivo limitador, na
tentativa de evitar que novas contribuições sociais fossem
criadas nas mesmas bases de impostos já existentes. Este é
o entendimento majoritário do § 4.º do artigo 195 do tex-
to constitucional. Este dispositivo veda a criação de con-
tribuição social, cujo fato gerador ou base de cálculo seja
idêntica aos impostos discriminados na Constituição.

1.3.8. Princípio da Gestão Democrática e


Descentralizada

A gestão da Seguridade Social, definida no artigo


194 da CF, possui como pilar três elementos: caráter de-
mocrático, gestão quadripartite e caráter descentralizado.
A composição dos Conselhos Gerenciadores é prevista no
artigo 3.º da Lei 8.213/91 (Governo Federal, Aposentados
e Pensionistas, Trabalhadores e Empregadores).

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1.4. Segurados da Previdência Social

1.4.1. Segurados Facultativos e Obrigatórios

Inicialmente, cabe esclarecer que entende-se por


Beneficiários (gênero) aqueles indivíduos atendidos, pro-
tegidos ou segurados pelo Regime Geral da Previdência
Social. Diferenciam- se em função de diretrizes legais no
que tange a custeio e benefícios. Na relação jurídica obri-
gacional previdenciária que se estabelece o sujeito ativo será
representado pelo Estado, representado na pessoa da au-
tarquia federal INSS e o sujeito passivo representado pelas
pessoas físicas que exercem atividade de filiação obriga-
tória ou empregador, empresa ou entidade que contrate a
prestação de serviços.
Os segurados, pessoas físicas, vinculam-se dire-
tamente ao Regime, na condição de titulares da prestação
previdenciária e podem ser divididos em duas categorias:
os segurados obrigatórios e segurados facultativos, como
veremos a seguir, ao passo que os dependentes, pessoas
físicas cujo vínculo jurídico com o segurado lhes autori-
za a submissão aos ordenamentos protetivos reflexos que
àqueles caberia.
Os segurados da Previdência Social dividem-se em
segurados obrigatórios e facultativos. De acordo com o au-
tor Jediael Galvão Miranda, o conceito de segurado será:

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“Segurado é toda pessoa física que mantém vín-
culo com a Previdência Social, em decorrência de filia-
ção obrigatória ou filiação facultativa, condição que lhe
confere direitos e deveres próprios da relação jurídica
previdenciária.”

Desta forma, os segurados obrigatórios são aqueles de


quem a lei exige a participação direta no custeio (financiamen-
to) da Seguridade Social, são eles: empregados, empregados
domésticos, contribuintes individuais, trabalhadores avulsos,
segurados especiais. Abarcam-se, neste conceito, trabalhadores
rurais e urbanos, ou seja, aquele que exercer qualquer atividade
remunerada nos termos do artigo 11 da Lei 8.213/91, in verbis:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdên-


cia Social, as seguintes pessoas físicas: (Redação dada pela
Lei n.º 8.647, de 1993)
I - como empregado: (Redação dada pela Lei n.º
8.647, de 1993)
a) aquele que presta serviço de natureza urbana
ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua
subordinação e mediante remuneração, inclusive como
diretor empregado;
b) aquele que, contratado por empresa de traba-
lho temporário, definida em legislação específica, presta
serviço para atender a necessidade transitória de substi-
tuição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo

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extraordinário de serviços de outras empresas;
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e con-
tratado no Brasil para trabalhar como empregado em su-
cursal ou agência de empresa nacional no exterior;
d) aquele que presta serviço, no Brasil, a missão
diplomática ou a repartição consular de carreira estran-
geira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros
dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro
sem residência permanente no Brasil e o brasileiro am-
parado pela legislação previdenciária do país da respec-
tiva missão diplomática ou repartição consular;
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no
exterior, em organismos oficiais brasileiros ou interna-
cionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda
que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na
forma da legislação vigente do país do domicílio;
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e con-
tratado no Brasil para trabalhar como empregado em
empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital
votante pertença à empresa brasileira de capital nacional;
g) o servidor público ocupante de cargo em co-
missão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias,
inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Fe-
derais. (Incluída pela Lei n.º 8.647, de 1993)
h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual
ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio
de previdência social; (Incluída pela Lei n.º 9.506, de 1997)
i) o empregado de organismo oficial internacio-

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nal ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo
quando coberto por regime próprio de previdência so-
cial; (Incluída pela Lei n.º 9.876, de 26.11.99)
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual
ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio
de previdência social; (Incluído pela Lei n.º 10.887, de 2004)
II - como empregado doméstico: aquele que presta
serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âm-
bito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos;

Já, os segurados facultativos serão aqueles defini-


dos de acordo com o artigo 13 da Lei n.º 8.213/91, in verbis:

“Art.13. É segurado facultativo o maior de 14


(quatorze) anos que se filiar ao Regime Geral de Pre-
vidência Social, mediante contribuição, desde que não
incluído nas disposições do art. 11.”

Os mesmos serão aqueles que não exercendo ati-


vidade remunerada, como por exemplo: as donas de casa,
estudantes, estagiários, ingressam no sistema do Regime
Geral da Previdência Social de forma voluntária, recolhen-
do as contribuições sociais visando à cobertura das presta-
ções e benefícios da Previdência Social.

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1.4.2. Dependentes da Previdência Social

A Constituição Federal em seu artigo 7.º incisos XII


e XXV (conforme E.C. n.º 53 de 19/12/06), garante salário-fa-
mília pago em razão do dependente do trabalhador de baixa
renda nos termos da lei e assistência gratuita aos filhos e
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade
em creches e pré-escolas. Notamos a palavra “dependente”
como aquele que depende de outrem para seu sustento.
Para o Direito Previdenciário existem os dependen-
tes presumidos e comprovados. Os primeiros (dependen-
tes presumidos) são considerados como aqueles que não
precisam demonstrar a dependência econômica, somente a
vinculação jurídica entre ele e o segurado. Já, os segundos
(dependentes comprovados) são aqueles que devem com-
provar a relação de dependência de manutenção de sua sub-
sistência ao segurado, ou seja, dependência econômica.
Desta forma, os dependentes preferenciais serão os
determinados no artigo 16, inciso I da Lei n.º 8.213/91: "o
cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não eman-
cipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos
ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave" (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015).
Neste enquadramento, deve-se considerar que não é neces-
sário comprovar a dependência econômica e excluem-se na
ordem de preferência os dependentes não preferenciais.
Os dependentes não preferenciais serão os previs-
tos no artigo 16, inciso II e III da Lei 8.213/91, sendo, o

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inciso II, os pais, e o inciso III, o irmão não emancipado,
de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015).
Importante destacar que a Emenda Constitucional
nº 103/2019, trouxe alteração em relação aos dependentes,
como veremos:
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Pre-
vidência Social, na condição de dependentes do segurado:
(...)
§ 5º As provas de união estável e de dependência
econômica exigem início de prova material contemporânea
dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e
quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento
à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamen-
te testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força
maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento.
§ 6º Na hipótese da alínea c do inciso V do § 2º
do art. 77 desta Lei, a par da exigência do § 5º deste
artigo, deverá ser apresentado, ainda, início de prova
material que comprove união estável por pelo menos 2
(dois) anos antes do óbito do segurado.
§ 7º Será excluído definitivamente da condição de
dependente quem tiver sido condenado criminalmente
por sentença com trânsito em julgado, como autor, co-
autor ou partícipe de homicídio doloso, ou de tentativa
desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, res-
salvados os absolutamente incapazes e os inimputáveis.

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Questões

1 - Qual contribuição a Lei Eloy Chaves trouxe a legisla-


ção brasileira?

2 - Qual a distinção entre Seguridade Social e Previdência


Social?

3 - Qual a base do Princípio da Solidariedade no Direito


Previdenciário Brasileiro?

4 - Defina Segurado Obrigatório e Segurado Facultativo.

5 - O que significa a expressão: “dependentes” para o Re-


gime da Previdência Social?

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