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ESCLARECIMENTOS

Aprovada em âmbito nacional em novembro do último ano, a Emenda Constitucional


nº. 103/2019, que trata da Reforma da Previdência, determinou mudança na alíquota
de contribuição previdenciária para os servidores, que passou de 11% para 14%.
Além disso, a legislação obriga que municípios e estados com institutos próprios de
previdência sigam o mesmo percentual.

Para sanar algumas dúvidas, o Instituto de Previdência de Vila Velha respondeu


questionamentos sobre o tema:

1.É necessário readequar a alíquota de contribuição de 11 % para 14%?

Os Regimes Próprios de Previdência Social - RPPS, são instituídos por iniciativa de


cada ente federativo, no caso dos Municípios, no âmbito das competências
concorrentes previstas no art. 30 da Constituição Federal, contudo, se submetendo a
diversos regramentos impostos pela legislação de caráter normativo geral. Entre
essas imposições consta a exigência de adoção da alíquota de contribuição para os
servidores dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no mínimo, igual à
contribuição dos servidores públicos federais, que pela Emenda Constitucional nº
103, aprovada e promulgada pelo Congresso Nacional em 13 estabeleceu como
alíquota base para os servidores federais o percentual de 14%, embora criando uma
redução até 7,5% para as menores remunerações e progredindo até 22% para as
maiores.

Reza ainda a mesma EC diz que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime próprio
de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos
pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base
de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões”. Porém, a mesma
EC, prevê que a regressividade e ou progressividade das alíquotas somente podem
ser adotadas na ausência de déficit atuarial, esclarecendo ainda que a adoção da
segregação da massa como gestão do passivo atuarial não descaracteriza a
existência de déficit.

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2. É possível o Município de Vila Velha adotar a alíquota progressiva?

Sim, é possível o município buscar se adequar às condições exigidas e adotar


alíquotas onde os que ganham menos pagam menos e os que ganham mais pagam
mais.

Entretanto, para que o município de Vila Velha utilize a tabela progressiva de que
trata o art. 11, § 1º da Emenda 103/2019 será necessário referendar integralmente o
art. 149 da Constituição Federal através de Lei de Iniciativa do Poder Executivo
Municipal e, não possuir déficit atuarial.

Registra-se que referendar traz como consequência a extinção da possibilidade de


aposentadoria com paridade e integralidade, pois estaria revogando os art. 2º, 6º e
6ºA da EC 41/2003 e o art. 3º da EC nº 47/2005, conforme citado no art. 35 e 36da
EC 103/2019, ou seja, teríamos que adotar integralmente a Reforma, inclusive a
idade mínima já estabelecida para os servidores federais, além dos diversos
mecanismos de equacionamento do déficit financeiro e atuarial existente.

3. Todos os servidores serão abrangidos pela nova alíquota?

Serão abrangidos os servidores ativos do município de Vila Velha do Fundo


Financeiro (FUFIN), admitidos antes de 31/12/2003, e do Fundo Previdenciário
(FUPREV), admitidos a partir de 31/12/2003.

Os aposentados e pensionistas vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social


somente serão abrangidos aqueles com proventos acima de R$ 6.101,06.

4. Seria possível não adotar esta alíquota?

A Emenda Constitucional nº 103/2019, trata também das exceções, neste caso, o


Instituto que não possuir déficit atuarial a ser equacionado, poderia deixar de adotar
a alíquota de 14% dos servidores públicos da União. Contudo, nesta hipótese a
alíquota não poderia ser inferior às alíquotas aplicáveis ao Regime Geral de
Previdência Social.

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5. O que é o Déficit Atuarial?

Déficit atuarial corresponde ao resultado negativo apurado entre o que o IPVV já possui,
patrimônio atual de cerca de R$ 353 milhões, somado às expectativas de ingressos
futuros previstos na legislação, menos os compromissos assumidos com os benefícios
já concedidos e a conceder de todos os servidores, aposentados e pensionistas do
município.

Segundo avaliação recente, o déficit atuarial total do RPPS (FUFIN + FUNPREV),


ultrapassa os dois bilhões de reais.

6. O que motiva um déficit atuarial?

O que em regra gera o desequilíbrio na balança atuarial (receita - despesa) são


diversos fatores, tais como, os aumentos salariais acima da inflação, incorporações
salariais sem contribuição previdenciária prévia, o aumento da expectativa de vida
das pessoas, o não alcance da meta nos investimentos, a ausência de contribuições
pretéritas por falta de previsão legal ou alíquotas não corretamente definidas, entre
outros. Os parcelamentos de contribuição patronal não são os responsáveis pelo
déficit atuarial, em função das multas e juros, que a legislação em vigor determina e
estas cobrem a meta atuarial.

7. Por que não será utilizada a tabela progressiva mencionada no art. 11 da


Emenda Constitucional 103/2019?

Como dito anteriormente, para utilizar a tabela progressiva, além de referendar a


reforma da previdência em seu inteiro teor, os estados e municípios não podem ter
déficit atuarial.

O texto da Emenda Constitucional esclarece que não será considerada como


ausência de déficit a implementação de segregação da massa de segurados ou a
previsão em lei de plano de equacionamento de déficit

O município de Vila Velha, nos termos dos 145 e 148 da Lei Complementar 22/2012,
implementou a segregação de massas constituindo dois Fundos distintos: FUFIN
(servidores com ingresso até 31/12/2003) e FUPREV (servidores com ingresso a
partir de 01/01/2004).

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8. Todos os municípios têm que cumprir essa lei?

Sim. Todos os municípios e estados e D. Aqueles que têm regime de previdência


próprio, como o caso de Vila Velha, deve se adequar por meio de lei municipal.

 9. Até quando isso deve ocorrer?

Para os servidores federais, a partir da vigência da Emenda Constitucional, com


efeitos financeiros a partir do dia 01 de março de 2020.

Vale destacar que os estados, DF e municípios não podem estabelecer alíquota


menor para seus respectivos servidores.

10. Qual é o prazo para que isso ocorra?

Após a aprovação da Reforma da Previdência, um prazo limite para adequação foi


estabelecido pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, por meio da
Portaria 1348/2019. Todos devem estar seguindo a nova legislação até 31 de julho
de 2020, isto significa dizer que até aquela data o Município de Vila Velha, para ficar
regular perante os órgãos de fiscalização, deverá ter sua lei de adequação da
alíquota aprovada.

11. Por que precisa ser aprovado pela Câmara Municipal?

Pela Constituição Federal, qualquer alteração em alíquota deve ser submetida à


apreciação do Legislativo, no caso a Câmara Municipal, e, para entrar em vigor caso
aprovada, deve ser levado em consideração o Princípio da Anterioridade
Nonagésimal, o qual estabelece um prazo de 90 dias, após a aprovação da lei
municipal para produzir os efeitos financeiros

12. O que acontece se não for aprovado o projeto de alteração de lei na


Câmara de Vereadores?

O município será considerado em “situação previdenciária irregular”, perde a


Certidão de Regularidade Previdenciária.

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13. Na prática o que acontece se o município de Vila Velha ficar sem o CRP?

O IPVV não teria as contas aprovadas pelo TCE e Secretaria da Previdência. O


município de Vila Velha e ficaria impedido receber recursos de transferências
voluntárias da União, de celebrar acordos, contratos, convênios ou ajustes, bem
como receber empréstimos, financiamentos, avais e subvenções em geral de órgãos
ou entidade da Administração direta e indireta da União; além de ocorrer a
suspensão de empréstimos e financiamentos por instituições financeiras federais.

14. É possível a obtenção do CRP judicialmente?

Até a edição da EC 103/2019, era possível a obtenção do “Certificado de Suspensão


de Irregularidades”, ou seja, permanecia irregular, mas o “CRP” vinha sendo obtido
através de liminar judicial por muitos entes. Com a inclusão do inciso XIII, no artigo
167, da Constituição Federal, ficará impossibilitada a emissão via judicial.

Diretoria Executiva do IPVV

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