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Monografia - Cravação de Estacas - Silvio Heleno de Abreu Vieira
Monografia - Cravação de Estacas - Silvio Heleno de Abreu Vieira
Aprovada por:
ii
Dedico este trabalho à
minha família, aos meus amigos e
em especial à minha namorada.
iii
AGRADECIMENTOS
Ao professor Francisco de Rezende Lopes, por estar sempre presente ao longo de toda
esta trajetória. Pela sua compreensão, pela amizade, pela orientação neste trabalho e,
principalmente pelos ensinamentos passados.
Aos meus pais, Antônio e Maria, pela educação que me deram, que certamente
contribuiu em muito para que eu chegasse até aqui.
Aos meus amigos e familiares cujo apoio foi fundamental para que eu pudesse chegar
até aqui.
À minha namorada, Cláudia Leite, pelo carinho, pela amizade, pelo exemplo de
dedicação e perseverança. Agradeço a você por todos os momentos de felicidade que
me proporcionou e que ainda vem proporcionando. Agradeço também a Deus, por ter
te colocado em minha vida.
iv
Resumo da Dissertação apresentada a COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Fevereiro/2006
Este trabalho apresenta um estudo dos elementos que podem ser tirados do
diagrama de cravação de uma estaca. Inicialmente é estabelecida uma correlação entre
o número de golpes no SPT e o número de golpes para uma dada penetração da estaca
(50 cm). A partir desta formulação se torna possível avaliar o perfil de resistência do
subsolo. Ainda, a capacidade de carga estática de uma estaca – via Fórmulas
Dinâmicas – pode ser obtida a partir do seu diagrama de cravação. Em seguida
apresenta-se uma avaliação da Fórmula dos Dinamarqueses a partir da comparação
com provas de carga dinâmicas. Examina-se o acerto desta fórmula face o
comprimento das estacas. Os dados utilizados provêm de três obras no Rio de Janeiro.
Finalmente, aborda-se a questão da avaliação da segurança de um estaqueamento em
que diferentes processos de controle são utilizados.
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
February/2006
This work presents a study of the elements that can be derived from the
driving diagram. Initially a correlation is established between the number of blows in
the SPT and the number of blows for a given penetration of the pile (50 cm). This
formulation allows the evaluation of the profile of soil strength. Furthermore, the
static load capacity of a pile can be obtained from this driving diagram through
Driving Formulae. An evaluation of the Danish Formula based on a comparison with
dynamic load tests is presented. The predictive capacity of this formula is examined
as a function of pile length. The data used come from three works in Rio de Janeiro.
Finally, the evaluation of the safety of a piling job, where different processes of
control are used, is discussed.
vi
ÍNDICE ANALÍTICO
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO……………………………………………………. 1
2.1 Introdução............................................................................................................ 4
2.5.1 Introdução................................................................................................ 28
vii
2.7 Recomendações Gerais da Norma Brasileira ...................................................... 43
3.1 Introdução............................................................................................................ 47
3.4.1 Introdução................................................................................................ 54
3.4.2.1 Introdução............................................................................................. 57
viii
CAPÍTULO 4 UMA AVALIAÇÃO DA CONFIABILIDADE DE FÓRMULAS
DINÂMICAS................................................................................................................ 75
5.1 Introdução............................................................................................................ 93
5.21 Introdução................................................................................................ 96
ix
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................... 116
x
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Segundo SANTOS (2000), a arte de cravar estacas para servir como elemento de
suporte para determinadas edificações é uma prática antiga, como comprovam as
palafitas de madeira em regiões lacustres que datam da idade pré-histórica. O
processo construtivo bem como os materiais utilizados na construção tem sido objeto
de sucessivos melhoramentos ao longo do tempo, sempre com o objetivo de garantir a
qualidade e uma menor relação custo-benefício.
As fundações, como qualquer outra parte de uma estrutura, devem ser projetadas e
executadas de forma a garantir, sob a ação das cargas em serviço, as condições
mínimas de segurança, funcionalidade e durabilidade. Uma estrutura é considerada
segura quando puder suportar as ações que vierem a solicitá-la durante a sua vida útil
sem ser impedida, quer temporária, quer permanentemente, de desempenhar as
funções para as quais foi concebida (ALONSO, 1998).
VELLOSO (1990) diz que a qualidade de uma fundação nada mais é do que sua
adequação ao uso para o qual foi concebida, ou seja, a partir de um controle de
qualidade de uma obra de fundações, assim como qualquer outra de outra natureza, se
pode avaliar e, conseqüentemente, aprovar, aceitar ou recusar a mesma. Afirma,
ainda, que a qualidade tem uma função pedagógica, que deve se aplicar a toda
empresa, desde a sua direção até o mais subalterno servidor, sendo a ignorância o
maior inimigo da qualidade e a burocracia o maior inimigo da garantia da qualidade,
além do que só se pode controlar aquilo que se pode verificar e só se pode exigir o
que se pode controlar.
VELLOSO (1990) cita, ainda, que do ponto de vista de sua aplicabilidade, a garantia
da qualidade requer um certo número de precondições:
1
b) Os procedimentos de garantia da qualidade devem ser definidos claramente e
integrados no organograma para planejamento, projeto e execução;
No meio técnico pode-se dizer que o grande desafio é a busca de resultados com o
mínimo possível de investimentos. Diante disso pode-se afirmar sem dúvida alguma
que os métodos dinâmicos constituem uma poderosa ferramenta para controle in situ
de obras de fundações, principalmente quando não se dispõe de um número suficiente
de provas de carga estáticas devido ao seu custo elevado.
2
objetivo é a verificação da capacidade de carga das estacas já cravadas, como
instrumento de controle e não como instrumento de projeto.
No capítulo 2 do presente trabalho faz-se uma revisão dos métodos de controle mais
utilizados na prática de fundações. No capítulo 3 faz-se a devida valorização do
diagrama de cravação como elemento de controle de cravação e também como de
verificação do perfil do subsolo, buscando estabelecer uma correlação entre o número
de golpes na estaca e o ensaio SPT. No capítulo 4 faz-se uma avaliação da
confiabilidade das fórmulas dinâmicas frente a dados de 3 obras, e também, uma
análise comparativa dos métodos dinâmicos. A seguir, no capítulo 5, é feito um
exercício de avaliação e interpretação dos fatores de segurança globais e parciais,
ressaltando o critério de escolha do coeficiente de segurança para a determinação da
carga admissível, tendo em vista a probabilidade de ruína associada. Por fim, o
capítulo 6 apresenta conclusões e recomendações para pesquisas futuras.
3
CAPÍTULO 2
ESTAQUEAMENTOS
2.1 INTRODUÇÃO
BELL et al. (2002) propõem um interessante processo para definição dos critérios de
cravação a serem utilizados em uma obra. Tal processo procura interligar as diversas
técnicas de previsão e controle de estacas cravadas de uma maneira lógica, otimizando
tempo e custo.
4
O método abaixo, descrito por ALVES e LOPES (2004), foi adaptado da proposta
original de BELL et al. (2002), visando adequá-la à realidade brasileira. O roteiro
proposto pode ser resumido nos seguintes passos:
5
8. Avaliação final dos critérios de cravação a serem utilizados nas estacas daquela
região da obra, baseada nos resultados da(s) prova(s) de carga estática(s).
AOKI (1986) diz que o controle de cravação é feito tradicionalmente pela nega, ou
seja, o deslocamento plástico do solo medido no topo da estaca. Segundo VELLOSO
e LOPES (2002) a resposta à cravação da estaca pode ser feita de diferentes maneiras.
A forma mais simples consiste em riscar uma linha horizontal na estaca com uma
régua apoiada em 2 pontos da torre do bate-estaca, aplicar 10 golpes, riscar
novamente, medir a distância entre os dois riscos e dividir esta distância por 10,
obtendo-se a penetração média por golpe, chamada nega (Figura 2.1a).
6
2.2.1 Medidas de Nega e Repique
Além da maneira de medição de nega descrita item anterior, pode-se prender uma
folha de papel ao fuste da estaca e no momento do golpe passar um lápis na
horizontal, com o auxílio de uma régua apoiada em pontos fora da estaca. Nesse caso,
o lápis deixará marcado no papel o movimento da estaca ao receber o golpe do
martelo. Este registro indicará a nega e o repique da estaca (Figura 2.1 b).
régua régua
apoiada 2º risco 2º risco apoiada
1º risco
w
repique
(a) nega
(b)
Figura 2.1 – (a) Medida simples da nega e (b) medida de nega e repique
(VELLOSO e LOPES, 2002).
W ⋅ h = Rd ⋅ s + X (2.1)
7
onde W = peso do martelo
h = altura de queda
Rd = resistência à cravação
s = penetração ou nega
X = perdas de energia (energia não utilizada em fazer a estaca penetrar no
solo)
Há uma terceira perda de energia, não computada nas fórmulas dinâmicas, pois
depende do operador do bate-estaca, que decorre da atuação precoce do guincho ao
final da queda do martelo.
8
a) Fórmula de Sanders
Para se obter a carga admissível de uma estaca através desta fórmula, a resistência à
cravação deve ser dividida por um fator de correção igual a 8, que fará o devido
desconto da resistência dinâmica (VELLOSO e LOPES, 2002).
W ⋅ h = Rd ⋅ s (2.2)
Rd
0 w
s
Figura 2.3 – Hipótese adotada na fórmula de Sanders (ARAÚJO, 1988)
⎛ c⎞
W ⋅ h = Rd ⋅ ⎜ s + ⎟ (2.2)
⎝ 2⎠
9
c 2 = 2,54 cm para martelos de queda livre
c 2 = 0,254 cm para martelos de ação simples, dupla e diferenciais a vapor
R
A B
Rd
0 C D w
s c
W 2 ⋅h
= Rd ⋅ s (2.3)
W +P
b) Fórmula de Hiley
1. a eficiência do martelo, ( e f );
10
⎡ P ⋅ (1− e2 )⎤
2. as perdas no impacto, ( ef ⋅W ⋅ h ⋅ ⎢ ⎥ , onde ef é coeficiente de restituição do
⎣ W+P ⎦
choque);
Rd ⋅ c1
3. perdas por compressão elástica do capacete ( );
2
Rd R d ⋅ L R d ⋅ c 2
4. perdas por compressão elástica da estaca ( ⋅ = );
2 E⋅ A 2
Rd ⋅ c 3
5. perdas por compressão elástica do solo ( );
2
( )
⎡ P ⋅ 1 − e 2 ⎤ Rd ⋅ c1 Rd ⋅ c 2 Rd ⋅ c3
Rd ⋅ s = e f ⋅W ⋅ h − e f ⋅W ⋅ h ⋅ ⎢ ⎥− − − (2.4a)
⎣ W +P ⎦ 2 2 2
e f ⋅W ⋅ h W + e2 ⋅ P
Rd = ⋅ (2.4b)
W +P
s + ⋅ (c1 + c 2 + c3 )
1
2
O fabricante de martelos diesel Kobe propõe uma adaptação da fórmula de Hiley, que
toma a forma (VELLOSO e LOPES, 2002):
2 ⋅W ⋅ h W
Rd = ⋅ (2.5)
s+c W + P
11
Para esta fórmula o fabricante recomenda um fator de correção igual a 4 para cargas
permanentes e igual a 2 para cargas temporárias.
c) Fórmula de Janbu
⎛ ⎞
⎜ ⎟
⎛ P ⎞ λ
W ⋅ h = Rd ⋅ s ⋅ ⎜ 0,75 + 0,15 ⋅ ⎟ ⋅ ⎜1 + 1 + ⎟ (2.6)
⎝ W⎠ ⎜ P ⎟
⎜ 0,75 + 0,15 ⋅ ⎟
⎝ W ⎠
sendo
W ⋅h⋅ L
λ=
Ep ⋅ A⋅ s2
A fórmula se baseia em
η ⋅ W ⋅ h = Rd ⋅ s + X (2.7)
sendo
12
Rd 2 ⋅η ⋅ W ⋅ h ⋅ L
X= (2.8)
2 A⋅ Ep
η ⋅W ⋅ L
Rd = (2.9)
1 2 ⋅η ⋅ W ⋅ h ⋅ L
s+
2 A⋅ Ep
Como eficiência, são recomendados η = 0,7 para martelos de queda livre e η = 0,9
para martelos diesel, e fator de correção igual a 2. Sugerem, ainda, como orientação
para cravação:
13
próxima daquela necessária para sua capacidade de carga, a nega diminui e o repique
aumenta.
A⋅ Ep
Rd ≅ c2 ⋅ (2.10)
L
AOKI (1986) propôs que encurtamento elástico do fuste da estaca poderia ser
estimado da seguinte forma:
c2 =
L
(Qp,ult + α ⋅ Ql ,ult ) (2.11)
A⋅ Ep
AOKI (1986) sugeriu ainda que, o cálculo de c2 deveria fazer parte do cálculo da
capacidade de carga pelo método estático, em que as duas parcelas da capacidade de
carga (fuste e ponta) são conhecidas, bem como a distribuição do atrito lateral, que
determina o valor de α (para o caso de estaca relativamente curtas).
A ⋅ E p (s + c 3 + 2 ⋅ c 2 ) N ⋅U ⋅ L
Rd = + (2.12)
2 ⋅ f1 ⋅ L f2
14
onde N = média dos valores de SPT ao longo do fuste
U = perímetro da estaca
f1 = fator adimensional para a resistência da ponta
f2 = fator de correção para o atrito lateral, adotado igual a 2,5
sendo que o fator adimensional f1 pode ser determinado pela seguinte equação:
⎛ W⎞
f1 = 3 ⎜1,5 ⋅ ⎟ (2.13)
⎝ P⎠
A⋅ Ep ⋅ c N ⋅U ⋅ L
Rd = + (2.14)
f1 ⋅ L f2
onde c = c2 + c3 (repique)
A Equação da Onda foi desenvolvida por Saint-Vénant por volta de 1866 para o
estudo do impacto sobre a extremidade de uma barra. Sua aplicação na cravação de
estacas constitui-se em grande avanço qualitativo em relação ao uso de fórmulas
dinâmicas, pois, fisicamente a cravação de uma estaca está muito mais relacionada ao
fenômeno da transmissão de ondas de tensão através da estaca do que ao impacto puro
e simples entre dois corpos.
15
A
∂Fx
Fx Fx + dx
∂x
∂Fx
dx
∂x
∂Fx
dx = m ⋅ a
∂x
e sendo
∂ 2u
a= ; m = A ⋅ ρ ⋅ dx
∂t 2
obtém-se
∂Fx ∂ 2u
dx = A ⋅ ρ ⋅ 2 dx (2.15)
∂x ∂t
Sabe-se que
∂u Fx ∂u
εx = = ∴ Fx = E P ⋅ A ⋅
∂x E P ⋅ A ∂x
∂ 2u ∂ 2u
Ep ⋅ A⋅ 2 = A⋅ ρ ⋅ 2 (2.16)
∂x ∂t
16
ou ainda
∂ 2u ∂ 2u
c ⋅ 2 = 2
2
(2.17)
∂x ∂t
E
onde c = é a velocidade de propagação da onda de tensão pela estaca (E é o
ρ
módulo de elasticidade e ρ a massa específica do material da barra).
F = Z ⋅v (2.19)
∂u
v= = −c ⋅ f ' ( x − ct) + c ⋅ g ' ( x + ct) (2.20)
∂t
∂u
v= = v ↓ +v ↑ (2.21)
∂t
17
∂u
= f ' ( x − ct) + g ' ( x + ct) (2.22)
∂x
∂u
F = −E p ⋅ A
∂x
então
F = F ↓ +F ↑ (2.24)
Ep ⋅ A Ep ⋅ A
F = −c ⋅ [ f ' (x − ct )] − c ⋅ [g ' (x + ct )] ∴ F = Z ⋅ v ↓ −Z ⋅ v ↑ (2.25)
c c
Ep ⋅ A
onde Z é a impedância da estaca ( Z = )
c
F = F ↓ + F ↑= Z (v ↓ −v ↑) (2.26)
v = v ↓ +v ↑=
1
(F ↓ −F ↑) (2.27)
Z
18
NIYAMA (1983) lembra, por ocasião da instrumentação no topo da estaca só são
obtidos valores totais, tanto de força quanto de velocidade. No entanto, as ondas
ascendentes é que conduzem informações dos efeitos externos e internos, se houver,
que provocam justamente estas reflexões (condições de contorno do problema). Para o
conhecimento das amplitudes das ondas descendentes e ascendentes, tem-se os
seguintes arranjos de expressões:
F = F ↓ +F ↑ ∴ F ↑= F − F ↓
v=
1
Z
(F ↓ −F ↑) ∴ v=
1
Z
(2 ⋅ F ↓ − F )
v ⋅ Z = 2 ⋅ F ↓ −F
logo
F + Z ⋅v
F ↓= (2.28)
2
F + Z ⋅v F − Z ⋅v
F ↑= F − F ↓= ∴ F ↑= (2.29)
2 2
As ondas ascendentes, originadas da reflexão, podem ser vistas como sendo formadas
para possibilitar o cumprimento das condições de contorno, tais como: resistência de
ponta, atrito lateral e mesmo mudança na impedância da estaca (CLOUGH e
PENZIEN, 1975).
19
área da estaca, etc.) e à direita aquelas após o contato (JANZ et al., 1976; BERINGEN
et al., 1980; NIYAMA, 1983).
Figura 2.6 – Estaca (a) com ponta livre, (b) com ponta fixa, (c) com resistência de
ponta e (d) com atrito lateral (BERINGEN et al., 1980; NIYAMA, 1983)
Pp = F = 0
F ↓ + F ↑= 0
logo
F ↑= −F ↓
F ↓ ⎛ F ↑⎞ 2⋅ F ↓
v = v ↓ +v ↑= + ⎜⎜ − ⎟⎟ =
Z ⎝ Z ⎠ Z
20
e
v = 2⋅v ↓
v = v ↓ +v ↑= 0
logo
v ↑= −v ↓
⎛ F ↑⎞ 2⋅ F ↓
⎜⎜ − ⎟⎟ = ou F ↑= F ↓
⎝ Z ⎠ Z
assim,
F = F ↑ + F ↓= 2 ⋅ F ↓
21
Convém ressaltar que esta condição é satisfeita desde que o apoio da ponta apresente
um comportamento rígido plástico com uma resistência pelo menos igual a duas vezes
a força incidente (JANZ et al., 1976; NAKAO, 1981); de outra forma, a estaca mover-
se-á, violando a condição de fixação.
Rp = F ↑ +F ↓
logo
F ↑= Pp − F ↓
1 1
v ↑= − F ↑= − ( R p − F ↓)
Z Z
1 1 (2 ⋅ F ↓ −R p )
v = v ↓ +v ↑= − F ↑= − ( R p − F ↓) =
Z Z Z
F1 ↓ + F1 ↑= F2 ↓ + F2 ↑ + Rl (2.30)
22
v1 ↓ +v1 ↑= v2 ↓ +v2 ↑
F1 ↓ ⎛ F1 ↑ ⎞ F2 ↓ ⎛ F2 ↑ ⎞
+ ⎜− ⎟= + ⎜− ⎟
Z1 ⎜⎝ Z1 ⎟⎠ Z 2 ⎜⎝ Z 2 ⎟⎠
F1 ↓ −F2 ↓= −F1 ↑ + F2 ↑ + R1
F1 ↑ −F2 ↑= −F1 ↑ + F2 ↑ + R1
2 ⋅ F1 ↓= 2 ⋅ F2 ↑ + R1 (2.31)
Logo
F1 ↑= F2 ↑ + R1 2 (2.32)
Da mesma forma,
F2 ↓= F2 ↓ − R1 2 (2.33)
23
2.4.2 Aplicação à Cravação de Estacas
A resistência oferecida pelo solo à penetração da estaca, tanto pela ponta como pelo
atrito lateral, possui uma componente estática e uma dinâmica. SMITH (1960) propôs
um modelo simples para a representação da resistência Rd no processo de cravação de
uma estaca, conforme a Figura 2.8. Nesse modelo, a resistência estática é dada pela
mola, proporcional, portanto, ao deslocamento, e a dinâmica é dada pelo amortecedor,
proporcional, portanto, à velocidade de deslocamento, ou seja:
Rd = K ⋅ w + J ⋅ v (2.34)
24
cravação. Por isso, é comum se usar como notação para a resistência estática Ru, e não
Qult.
martelo W1
cepo K1
capacete
W2
coxim
K2
W3
K3 Rd(3)
Wm-1
Km-1 Rd(m-1)
Wm
K Rd(m)
Wm+1
Km+1 Rd(m+1)
REAL MODELO
Rd
Ru
J
K
Rd
25
De acordo com o diagrama da Figura 2.9 pode-se escrever:
RE R u
K= = (2.35)
w Q
RE
Q
Ru
K
1
0 w
s Q
Figura 2.9 – Modelo de Smith: parcela estática da reação do solo (SMITH, 1960)
Segundo SMITH (1960), a parcela não estática da reação, RNE, de natureza viscosa, é
admitida como proporcional à velocidade do elemento da estaca e à resistência
estática, conforme mostra a Figura 2.10, onde JSmith é o coeficiente de amortecimento
proposto por SMITH (1960).
RNE /RE
JSmith
1
Ø
v
RNE
R
tgφ = J Smith = E ∴ R NE = RE ⋅ J Smith ⋅ v (2.36)
v
como
26
Rd = RE + RNE (2.37)
pode-se escrever
Apesar de SMITH (1960) comentar em seu trabalho que a parcela dinâmica da reação
representar um amortecimento viscoso, na prática o parâmetro JSmith engloba diversos
fenômenos físicos, tais como viscosidade e inércia (ALVES et al., 2004).
Ru
Rd = ⋅ w (1 + J Smith ⋅ v ) , para w < Q (2.39)
Q
A princípio, o método proposto por SMITH (1960) tinha como principal objetivo a
previsão das tensões de cravação nas estacas e acessórios de cravação. Com o passar
do tempo e o uso cada vez maior do método por parte dos engenheiros, sua aplicação
foi sendo ampliada, abrangendo também a previsão de negas e a elaboração de curvas
resistência x nega (gráficos de cravabilidade).
27
(representação de vários tipos de martelo, por exemplo). Alguns destes programas
foram citados no Item 2.1.
2.5.1 Introdução
Esse novo controle de campo foi inicialmente motivado para o controle da cravação
de estacas para plataformas marítimas. Porém, como a magnitude das cargas
utilizadas neste tipo de estacas, seu diâmetro e comprimento são significativamente
maiores do que os normalmente usados em obras comuns de fundações, houve
necessidade de adaptar todo o conhecimento até então existente. E é justamente isso
que foi feito a partir de 1983 (ALONSO, 1988).
28
Atualmente estes sistemas evoluem muito rapidamente, acompanhando o progresso da
eletrônica e da informática aplicada, e permitem processamento em tempo real,
armazenamento e envio remoto de dados digitalizados (NIYAMA et al., 1988).
29
2.5.2 Método CASE
30
começa a se manifestar) e a distância entre elas, medida na vertical, será o somatório
dos atritos laterais.
A onda descendente, percorrendo uma distância dz, tem sua amplitude reduzida de
1 2 ⋅ RA ( z )dz , enquanto a onda ascendente tem um incremento de mesmo valor, sendo
RA (z ) o atrito lateral unitário atuando no segmento dz da estaca. Pela Figura 2.14
pode observar que a influência do solo só começa a se manifestar no instante
t1 + 2(L − D) c , com a chegada das primeiras reflexões.
1z
RA ( z )dz
2 ∫o
FY ↑= FX ↑ + (2.41)
z
R A (z )dz
1
2 ∫0
FY ↑= (2.42)
1
FQ' ↑=
2
∑ RA (2.43)
onde
∑R A = ∫ R A ( z )dz
0
31
F, Z.v
Σ RAz
Σ RA
F
t1 t = 2z/c t1+2L/c
t
Z.v
RA1
z RA2
RA3
Σ RA RA4
RA5
RP
t2 = t1+2L/c
nível da
t1
instrumentação Q'
A U Q
Y
z
∫R
0
A ( z )dz
z
L
D
X
P'
P
RP
Figura 2.14 - Diagrama das trajetórias das ondas de tensão (JANSZ et al., 1976)
32
Para o caso de uma estaca com resistência de ponta finita, temos que a resistência de
ponta será igual à onda de força descendente acrescida da onda de força ascendente,
ou seja, RP = FP ↓ + FP ↑ ou FP ↑= RP − FP ↓ .
Como
1
FP ↓= FA ↓ −
2
∑ RA (2.44)
então tem-se
1
FP ↑= RP − FA ↓ +
2
∑ RA (2.45)
Agora a Equação 2.45 pode ser escrita na forma geral, lembrando das Equações 2.28 e
2.29, e que o trem de ondas atinge o ponto A, nível da instrumentação, no instante t1,
enquanto a onda refletida em Q é registrada no nível da instrumentação em t2 = t1 +
2L/c:
Ft1 + Z ⋅ vt1 Ft 2 − Z ⋅ vt 2
+ = RP + ∑ R A (2.46)
2 2
R = RP + ∑ R A =
1
2
{( ) }
Ft1 + Ft 2 + Z (vt1 −v t 2 ) (2.47)
EP ⋅ A
Rd = J c ⋅ ⋅ vP (2.48)
c
33
onde Jc é a constante de amortecimento do método Case.
⎧ ⎡ F + Z ⋅ vt 1 1 ⎤ ⎫1
v P = ⎨2⎢ t1 − ∑ R A ⎥ − RP ⎬
⎩ ⎣ 2 2 ⎦ ⎭Z
v P = {[Ft1 + Z ⋅ vt1 ] − ∑ R A − RP }
1
Z
v P = {[Ft1 + Z ⋅ vt1 ] − R}
1
Z
R c
v P = 2 ⋅ vt 1 − = 2 ⋅ vt 1 − ⋅R (2.49)
Z Ep ⋅ A
⎛ E ⋅A ⎞
Rd = J c ⎜ 2 ⋅ P ⋅ vt1 − R ⎟ (2.50a)
⎝ c ⎠
ou
Rd = J c (2 ⋅ Ft1 − R) (2.50b)
A resistência estática é então obtida, pela diferença entre a resistência total (Equação
2.47) e a dinâmica:
R u = R − J c (2 ⋅ Ft1 − R) (2.51)
34
RAUSCHE et al. (1985) indicam na Tabela 2.1 valores para a constante Jc. Estes
valores foram obtidos através de correlações com provas de carga estáticas,
subtraindo-se a resistência estática na ruptura, medida na prova estática, da resistência
total obtida pelo método CASE e daí explicitando o valor de Jc.
Segundo GOBLE (1985), os valores recomendados para os solos mais argilosos são
mais conservativos devido à pouca experiência obtida com estes materiais.
Um outro tipo de interpretação dos sinais de cravação de uma estaca consiste em,
primeiro, prever a velocidade no ponto onde foram instalados os instrumentos, com
solução da Equação da Onda – e com parâmetros pré-escolhidos – tendo como ponto
de partida a força medida. Comparando-se esta previsão com os registros de
velocidade feitos na monitoração pode-se verificar se os parâmetros adotados estão
corretos e, eventualmente ajustá-los. Este método chamado de NUSUMS, de
NUmerical Simutations Using Measured Signals (HOLEYMAN, 1992), é basicamente
um programa de computador com solução da Equação da Onda que recebe como
input o registro de força.
Entre os programas deste tipo o mais conhecido é o CAPWAP que foi desenvolvido
juntamente com o método CASE da Case Western Research University (EUA) e
representa um passo a mais na evolução do estudo da análise dinâmica da cravação de
estacas.
35
laboratório o processo de cravação de estacas. Os parâmetros do solo são inicialmente
admitidos, nos vários trechos em que se subdividiu a estaca, conforme Figura 2.6 e do
modelo da Figura 2.7. O movimento de penetração da estaca no solo é então simulado
através da resolução da Equação da Onda, utilizando como condição de contorno uma
das variáveis medidas, ou a combinação das duas na forma (F + v ⋅ Z ) 2 (onda
descendente), onde Z é a impedância da estaca. A cada iteração modificam-se os
parâmetros adotados para o solo até ocorrer em perfeito ajuste das curvas medidas em
campo com as calculadas. A curva de força, por exemplo, calculada no topo da estaca
é comparada com o sinal medido, e o modelo do solo é iterativamente modificado, até
que se alcance o mais perfeito ajuste possível entre os resultados. Ao final, obtém-se a
reação mobilizada pelo golpe do martelo, bem como sua distribuição ao longo da
profundidade.
A NBR 13208 (1994) cita que os resultados obtidos e processados pelo método do
tipo CASE deverão ser confirmados e calibrados através da análise numérica do tipo
CAPWAP.
36
Preparar modelo da estaca
Assumir Resistência
total Ru, sua distribuição,
Q e J em cada trecho
As provas de carga estáticas são consideradas como um dos ensaios de campo mais
importantes da engenharia de fundações. Segundo VARGAS (1990), a prática de
avaliar fundações por meio de provas de carga sobre estacas foi introduzida no Brasil
pela Companhia Internacional de Estacas Frankignoul, a qual solicitou ao I.P.T. que
as planejasse e executasse. VARGAS (1990) diz que a primeira delas foi sobre estacas
tipo Franki das fundações da Estação da E.F. Noroeste, em Bauru, realizada pelo
I.P.T. em fevereiro de 1936, dois anos antes da instalação da sua Seção de Solos e
Fundações.
37
A NBR 6122 (1996) admite uma significativa redução em coeficientes de segurança a
serem adotados na obra caso tenham sido realizadas, “a priori”, provas de carga em
quantidade adequada. No entanto, a maioria dos ensaios são realizados para
verificação de desempenho de um elemento de fundação, quanto à ruptura e recalque,
“a posteriori”. É conveniente ressaltar que alguns aspectos com influência no
comportamento do elemento de fundação podem não ser envolvidos nos ensaios
usuais como, por exemplo, o histórico correto do carregamento.
• carga controlada:
a) carga incremental lenta
b) carga incremental rápida
c) carga cíclica (rápida e lenta)
• penetração controlada
• método do equilíbrio
Este ensaio é o que melhor se aproxima do carregamento que a estaca terá sob a
estrutura futura nos casos mais correntes. Como uma estabilização completa só seria
atingida a tempos muito grandes, a norma permite que se considere estabilizado o
38
recalque quando em duas leituras sucessivas o recalque não exceder 5% do recalque
total observado no mesmo estágio de carregamento. A NBR 12131 adota este critério,
porém fixa um mínimo de 30 minutos para cada estágio. A carga aplicada em cada
estágio não deve ser superior a 20% da carga de trabalho prevista para a estaca
ensaiada. Os intervalos de tempo entre leituras seguem aproximadamente uma
progressão geométrica de razão igual a dois, com a leitura inicial na aplicação da
carga, e a segunda um minuto depois. Não sendo atingida a ruptura da estaca, a carga
máxima do ensaio deve ser mantida durante um intervalo mínimo de 12 horas entre a
estabilização dos recalques e o início do descarregamento. O descarregamento deve
ser feito em, no mínimo, quatro estágios. Da mesma forma é feita a leitura dos
recalques até que se observe a estabilização dos deslocamentos, obedecendo em cada
estágio o tempo mínimo de 15 minutos. Após o descarregamento total, as leituras dos
recalques devem continuar até a sua estabilização.
t
quase estabilização
Este ensaio difere do ensaio lento basicamente por manter os estágios de carga e
descarga por tempos determinados, independentemente da estabilização. A carga
aplicada em cada estágio não deve ser superior a 10% da carga de trabalho prevista
para a estaca ensaiada. As leituras dos recalques são feitas apenas no início e no final
de cada estágio, sendo que em cada estágio a carga deve ser mantida durante 5
minutos, independentemente da estabilização dos recalques. Atingida a carga máxima
39
do ensaio, o descarregamento deve ser feito em quatro estágios, cada um mantido por
5 minutos, com a leitura dos respectivos recalques. Passados 10 minutos do
descarregamento total deve ser feita uma leitura final do recalque.
40
Ensaio de Carga Incremental Cíclica Rápida
Este ensaio difere do ensaio descrito anteriormente basicamente por fixar o tempo dos
ciclos de carga-descarga, independentemente da estabilização dos recalques. Neste
ensaio o carregamento é feito em ciclos de carga-descarga, com incrementos iguais e
sucessivos não superiores a 10% da carga de trabalho prevista para a estaca ensaiada.
Em cada ciclo de carga-descarga, a carga máxima é aplicada de uma só vez e deve ser
mantida por 10 minutos, independentemente da estabilização dos recalques. O
recalque máximo do topo deve ser, no mínimo, 10 a 20% do diâmetro da estaca, de
forma a garantir, para as cargas máximas dos ciclos finais, o esgotamento do atrito
lateral e que se avance no desenvolvimento da resistência de ponta. Os deslocamentos
são lidos obrigatoriamente no início e no final de cada ciclo. Após atingida a carga
máxima do ensaio devem ser feitas 5 leituras: a 10 minutos, 30 minutos, 60 minutos,
90 minutos e 120 minutos. Os descarregamentos, em cada ciclo, devem ser feitos de
uma só vez, em um único estágio por ciclo. A carga nula no topo, em cada ciclo, é
mantida por 10 minutos, com a leitura dos respectivos deslocamentos. Após 10
minutos do descarregamento total do último ciclo, devem ser feitas mais duas leituras
adicionais a 30 minutos e 60 minutos.
41
Q
Método do Equilíbrio
Este ensaio é um método alternativo proposto por MOHAN et al. (1967), como
tentativa de suprir a falta de confiabilidade na prova de carga rápida e a demora ou
possível inviabilidade de uma prova de carga lenta. Neste método, após se atingir a
carga do estágio e mantê-la constante por um tempo (5 a 10 minutos), a carga é
deixada relaxar (não se bombeando mais o macaco) até que se não se observem mais
recalques ou variações de carga. Este equilíbrio é atingido com um tempo
relativamente curto, assim, a carga de equilíbrio atingida no estágio corresponde a um
recalque estabilizado.
42
Q
estabilização
t
estabilização
43
recomposição das estacas deve apresentar resistência não inferior à do concreto da
estaca
• em caso de levantamento da estaca, esta deve ser recravada, de modo a garantir a
sua capacidade de carga. Este cuidado deve ser tomado tanto na cravação quanto
na recravação das estacas, posto que a recravação de uma estaca pode implicar
novo levantamento de estacas já recravadas
• quando da cravação de estacas em terreno de comportamento conhecido para a
cravação de estacas do tipo considerado, a nega final deve ser obtida quando do
término da cravação e nunca após uma interrupção
• em terreno cujo comportamento não é conhecido, uma nova nega deve ser
determinada após alguns dias do término da cravação. Quando a nova nega for
superior à obtida no final da cravação, as estacas devem ser recravadas
• quando a nova nega for inferior à obtida ao final da cravação, devem-se realizar no
máximo duas séries de 10 golpes para evitar repetição do fenômeno de perda
momentânea da resistência ou danificação da estaca
• a realização de provas de carga sobre estacas deve ser feita após algum tempo da
execução da estaca. Este intervalo depende do tipo da estaca e da natureza do
terreno. Quanto ao solo, ele varia de poucas horas para os solos não coesivos a
alguns dias para os solos argilosos
44
2.8 RECOMENDAÇÕES GERAIS DO EUROCÓDIGO 7
Quanto ao dimensionamento de estacas sob ações verticais, este deve ser feito com
base em um dos seguintes procedimentos:
45
• aplicação de métodos analíticos ou empíricos cuja validade tenha sido
demonstrada através de provas de carga estáticas em situações comparáveis
• aplicação de resultados de ensaios dinâmicos cuja validade tenha sido
demonstrada através de provas de carga estáticas em situações comparáveis
46
CAPÍTULO 3
3.1 INTRODUÇÃO
Nestaca
0 20 40 60 80
0,0
0,5
1,0
1,5
Profundidade (m)
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
47
Neste capítulo é feita uma avaliação da possibilidade de que o diagrama de cravação
sirva para a verificação do perfil de resistência do terreno, normalmente caracterizado
pelo ensaio SPT. Ainda, caso se consiga estabelecer esta relação entre diagrama de
cravação e perfil de SPT, será possível, para um dado terreno, prever a cravabilidade
de uma estaca com um dado martelo.
48
3.3 DIAGRAMA DE CRAVAÇÃO COM DIFERENTES INTERVALOS DE
MEDIÇÃO E EFEITO DE GRUPO
49
Figura 3.2b – Diagrama de cravação com intervalo de 0,50 m
50
Nos diagramas de cravação acima se observa a presença de uma camada de solo
resistente entre 16,5 m e 18,5 m. Estes diagramas se relacionam com o perfil de
sondagem (ao lado), que ali indicava uma camada de areia média e grossa com
pedregulhos. À medida que se aumenta o intervalo de medição do diagrama (Figura
3.2b e Figura 3.2c) perde-se a definição desta camada resistente. Isto mostra o quanto
é importante a elaboração destes diagramas em intervalos menores. O intervalo
mínimo deve ser de 50 cm.
1 2 3 4
5 6 7 8
9 10 11 12
13 14 15 16
51
Nestaca
0 20 40 60 80 100
0,0
Estacas de bordo
0,5 Estacas de centro
1,0
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
Para efeito de comparação com uma sondagem, deve-se tirar o diagrama da primeira
estaca do grupo, que não estará afetado pela cravação de outras estacas.
52
P23A P23B P23C
1m
1m
φ = 42 cm
Nestaca
0 50 100 150 200 250 300
0,0
P23F (1a.)
0,5
P23I (2a.)
1,0
P23E (3a.)
1,5
Profundidade (m)
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
53
3.4 COMPARAÇÃO ENTRE O ENSAIO SPT E A CRAVAÇÃO DE UMA
ESTACA PRÉ-MOLDADA
3.4.1 Introdução
Tanto a cravação do amostrador no SPT como a cravação de uma estaca por martelo
de queda livre representam um fenômeno dinâmico, no qual há uma massa submetida
à aceleração da gravidade que cai de uma certa altura atingindo uma certa velocidade.
Esta velocidade, desprezando-se perdas por atrito, é diretamente proporcional à raiz
quadrada da altura de queda e a aceleração da gravidade:
1
M martelo ⋅ g ⋅ h = ⋅ M martelo ⋅ v 2 ∴ v = 2 ⋅ g ⋅ h (3.1)
2
54
A normalização do ensaio SPT foi realizada pela ASTM (1958) (Americam Society
for Testing and Materials), sendo comum em todo mundo o uso de procedimentos não
padronizados e equipamentos diferentes do padrão internacional. No Brasil o ensaio é
normalizado pela NBR 6484 (1880) (SCHNAID, 2000).
A cravação de uma estaca pode ser considerada por si só como um ensaio, pois
através desta é possível avaliar o comportamento do solo perante a penetração de uma
estaca, quando submetida a uma determinada energia de cravação. Sob este aspecto
55
seria de grande utilidade poder avaliar não só a capacidade de carga estática de uma
estaca através do seu diagrama de cravação (o que é feito através da nega), mas
também o perfil de resistência do terreno, caracterizado pelo número de golpes do
ensaio SPT.
onde Nestaca é o número de golpes a cada metro na cravação de uma estaca e o NSPT é o
índice de resistência à penetração no SPT.
Cada um dos grupos foi subdividido em ajuste para a ponta e atrito lateral.
explicada por x = N estaca foi usado o coeficiente R2, segundo o conceito de BUSSAB
(1999) quanto mais próximo R2 de 1 significa que y está mais próximo da
dependência total de x. Para escolha do ajuste foi utilizado o método dos mínimos
quadrados para ajustes lineares, logarítmicos, polinomiais de grau 1 a 3, potenciais e
exponenciais. Foi escolhida a curva que permitia o coeficiente R2 mais próximo de 1.
A Tabela 3.1 mostra as equações e coeficientes R2 das curvas ajustadas obtidas para
argila, silte e areia.
56
AMARAL et al. (2002) sugerem que o uso prático destas correlações é a conversão
dos valores de NSPT em Nestaca para posterior verificação da capacidade de carga por
um método estático.
Tabela 3.1 – Equações e coeficientes R2 das curvas ajustadas para argila, silte e areia
(AMARAL et al., 2002)
O que acontece na prática é que o uso destas correlações é muito trabalhoso, uma vez
que para cada tipo se solo deverá se utilizar uma correlação específica, tanto para a
ponta quanto para o atrito lateral.
3.4.2.1 Introdução
Foi tomada a energia de 30 kNm como a energia padrão de cravação e a partir daí
foram realizadas correções para estacas cravadas com outras energias. Foi adotada a
estaca vazada de 42 cm de diâmetro (895 cm2 de seção de concreto) como estaca
padrão, sendo realizadas correções para estacas com geometria diferente desta.
Para todos os casos foi adotada a hipótese de que as curvas de interpolação passem
pela origem. Esta hipótese decorre do acompanhamento de obras, onde pôde-se
observar que para solos com baixa resistência, onde o NSPT é nulo, as estacas
57
penetravam no solo praticamente sem a aplicação de golpes do martelo. Então, para
um NSPT igual a 0, tem-se também o Nestaca aproximadamente igual a 0.
Cada figura é composta por uma nuvem de pontos (124 pontos no total), onde x
representa o número de golpes necessários para cravar 50 cm de estaca (Nestaca) e y
representa o número de golpes da sondagem SPT (NSPT).
Para esta correlação foram obtidas duas curvas de interpolação: uma linear e outra
polinomial de grau 2, onde y representa o NSPT, e x é o número de golpes para
cravação de 50 cm da estaca na região onde foi obtido o NSPT.
W ⋅h
F1 = (para W em kN e h em m) (3.2)
30
58
onde W.h representa a energia de cravação da estaca a ser corrigida no sentido de uma
padronização.
Nφ 42 1 1
F2 = = 0,5 ⋅ + 0,5 ⋅ (3.3)
N estaca Aponta Alateral
Aponta,φ 42 Alateral,φ 42
Esta correção visa, de maneira bastante simples, fazer uma compensação entre o
número de golpes na cravação de estacas com geometrias diferentes daquela estaca
tomada como a padrão.
59
O número corrigido de golpes aplicados para a cravação de 50 cm de uma estaca
qualquer e com um martelo qualquer, dentro dos critérios expostos neste item, fica:
50
2
y = -0.0005x + 0.3535x
40 R = 0.49
30
N spt
y = 0.2479x
20
R = 0.25
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
N estaca
60
50
2
y = -9E-05x + 0.3266x
40 y = 0.3188x
R = 0.72
R = 0.72
30
Nspt
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Nestaca
Neste item, além das correções feitas no item anterior, foi feita uma correção com
base nas impedâncias das estacas.
Ep ⋅ A
Z= (3.5)
c
1
As estacas produzidas em fábricas de pré-moldados possuem, em geral, fck = 35 MPa. Este foi o caso
de todas as estacas estudadas nesta dissertação.
61
E p ⋅ Aestaca
c Aestaca
F3 = ∴ F3 = (3.6)
E p ⋅ Aφ 42 Aφ 42
c
onde Aφ42 é a área da seção transversal da estaca padrão, Aestaca é área da seção
transversal da estaca com geometria a ser corrigida.
A Tabela 3.3 a seguir apresenta os fatores de correção F3 para as diversas estacas que
compõem o banco de dados desta dissertação:
62
50
2
y = -0.0004x + 0.392x
40 R = 0.66 y = 0.3546x
R = 0.64
30
Nspt
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Nestaca
Estes valores foram estimados a partir da energia líquida (ENTHRU) medida nas
provas de carga dinâmicas.
Tomando o fator de eficiência de 0,70 como um valor padrão, pode-se definir o fator
de correção F4 da seguinte forma:
0,70
F4 = (3.8)
η
63
Desta maneira, o número corrigido de golpes aplicados para a cravação de 50 cm de
uma estaca qualquer, dentro dos critérios expostos neste item, fica da seguinte forma:
50
2
40 y = 1E-04x + 0.3253x
R = 0.71
y = 0.3329x
30 R = 0.71
Nspt
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Nestaca
Observa-se que a correlação ficou praticamente igual àquela obtida no Item 3.4.2.2
( R = 0,71).
64
Aplicando estes fatores de correção na nuvem de pontos da Figura 3.7 resulta a
correlação apresentada na Figura 3.12.
50
2
y = -0.0002x + 0.3972x
40 R = 0.66
y = 0.3776x
R = 0.66
30
N spt
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Nestaca
Outra diferença que deve ser considerada na comparação entre o ensaio SPT e a
cravação de uma estaca é que o número de golpes para a cravação da estaca está
influenciado pelo atrito lateral ao longo de seu fuste. O número de golpes para a
cravação da estaca pode ser separado em 2 parcelas, da seguinte forma:
65
onde Nestaca,l representa a parcela referente à resistência por atrito lateral e Nestaca,p a
parcela devida à resistência de ponta da estaca.
Sabe-se que para uma camada de solo homogênea, ou seja, com NSPT constante, a
parcela lateral da capacidade de carga de uma estaca pode ser escrita da seguinte
forma:
com K1 = α ⋅ k F 2 , onde α ⋅ k variam com o tipo de solo e F2 = 1,75 para estacas pré-
moldadas de concreto, ambos definidos por AOKI e VELLOSO (1975).
Não é difícil verificar que a parcela lateral do Nestaca guarda uma relação direta com a
capacidade de carga lateral da estaca. Ambos se desenvolvem em função do atrito
mobilizado ao longo do fuste da estaca.
ou ainda
66
onde ϕ é um fator que procura correlacionar a parcela lateral do Nestaca ( N estaca,l ) com a
A maior dificuldade no que se refere a esta formulação é obter um valor para o fator ϕ
que se ajuste da melhor maneira possível a todos os tipos de solos. A possibilidade de
ϕ assumir um valor diferente para cada tipo de solo aparece no método Aoki-Velloso
(k e a variam de acordo com a Tabela 3.4). Como a idéia é desenvolver um método
prático para a previsão do diagrama de cravação, não foi feita a distinção do tipo de
solo, como descrito anteriormente.
Da correlação obtida na Figura 3.8 entre o Nestaca e o NSPT para o caso de uma
regressão linear tem-se:
67
Assim, para o primeiro metro de estaca cravado pode-se definir a parcela devido à
resistência de ponta da estaca da seguinte maneira:
Para a avaliação do valor de ϕ foi feita uma análise inversa dos diagramas de cravação
das estacas com base nas Equações 3.16 e 3.18. Atribuiu-se valores a ϕ e, a partir dos
perfis de resistência dos solos obteve-se um diagrama de cravação previsto para cada
estaca. Estes diagramas previstos foram comparados com aqueles de suas respectivas
estacas, medidos no campo. Através destas comparações observou-se que um valor de
ϕ igual a 0,2 era o que melhor se ajustava.
68
3.5 O DIAGRAMA DE CRAVAÇÃO COMO VERIFICADOR DO PERFIL
DO SUBSOLO
7 7 Profundidade (m) 7
8 8 8
9 9 9
10 10 10
11 11 11
12 12 12
13 13 13
14 14 14
15 15 15
16 16 16
17 17 17
18 18 18
19 19 19
20 20 20
Quando uma estaca inicia sua penetração em uma camada de solo homogênea, a
tendência é que o número de golpes cresça linearmente com a profundidade devido ao
acréscimo do atrito lateral, já que a parcela referente à ponta não sofre acréscimos
nestas condições. Quando a estaca atinge uma camada de solo mais resistente, a
parcela da ponta sofre um aumento repentino, refletindo-se diretamente no número de
golpes. A Figura 3.2, como citado, é um caso real de obra e ilustra bem este aspecto.
Outro aspecto importante é quando a estaca sai de uma camada de solo resistente para
uma camada de solo mole. O efeito do atrito lateral na camada resistente pode ser
69
suficiente para que não se consiga detectar, através do diagrama de cravação, a
camada de solo mole. Portanto, para que se consiga avaliar perfeitamente o perfil de
um subsolo a partir de um diagrama de cravação é necessário que se conheça a parcela
Nestaca,l referente à resistência por atrito lateral.
Uma avaliação da Equação 3.21 pode ser feita a partir destas comparações. Em todos
os casos o diagrama previsto situou-se dentro da faixa coberta pelos diagramas
medidos em campo, com uma exceção na Figura 3.15 (umas das sondagens da Vila
Panamericana) onde uma discrepância num trecho do diagrama de cravação previsto
pode ser observada. Esta discrepância pode se dever à sondagem em questão. De uma
maneira geral o resultado da comparação se mostrou bastante positivo, o que
demonstra a validade da Equação 3.21 para solos com as mesmas características
destes onde foram cravadas as estacas que compõem o banco de dados desta
dissertação.
70
NSPT Nestaca
0 10 20 30 40 50 0 50 100 150 200 250
0,0 0,0
SP05 Previsto
1,0 1,0 P74-A
P52
2,0 2,0
3,0 3,0
Profundidade (m)
Profundidade (m)
4,0 4,0
5,0 5,0
6,0 6,0
7,0 7,0
8,0 8,0
9,0 9,0
71
NSPT Nestaca
0 10 20 30 40 50 0 25 50 75 100 125 150
0,0 0,0
1,0 1,0 Previsto
2,0 SP102 2,0 P102-10
3,0 3,0
P102-18
4,0 4,0
5,0 5,0 P102-5
6,0 6,0 P102-3
7,0 7,0 P102-8
8,0 8,0 P102-12
9,0 9,0
10,0 10,0
11,0 11,0
Profundidade (m)
Profundidade (m)
12,0 12,0
13,0 13,0
14,0 14,0
15,0 15,0
16,0 16,0
17,0 17,0
18,0 18,0
19,0 19,0
20,0 20,0
21,0 21,0
22,0 22,0
23,0 23,0
24,0 24,0
25,0 25,0
26,0 26,0
27,0 27,0
28,0 28,0
29,0 29,0
30,0 30,0
72
NSPT Nestaca
0 10 20 30 40 50 0 20 40 60 80 100 120 140
0,0 0,0
1,0 1,0 Previsto
2,0 SP108 2,0 P108-4
3,0 3,0
P108-8
4,0 4,0
5,0 5,0 P108-6
6,0 6,0 P108-12
7,0 7,0 P10811
8,0 8,0 P1083
9,0 9,0
10,0 10,0
11,0 11,0
Profundidade (m)
Profundidade (m)
12,0 12,0
13,0 13,0
14,0 14,0
15,0 15,0
16,0 16,0
17,0 17,0
18,0 18,0
19,0 19,0
20,0 20,0
21,0 21,0
22,0 22,0
23,0 23,0
24,0 24,0
25,0 25,0
26,0 26,0
27,0 27,0
28,0 28,0
29,0 29,0
30,0 30,0
73
NSPT Nestaca
0 10 20 30 40 50 0 20 40 60 80 100 120
0,0 0,0
1,0 1,0 Previsto
SP5
2,0 2,0 E41A
3,0 E41B
3,0
E41C
4,0 4,0 E42A
5,0 5,0 E42B
6,0 6,0 E54A
E54B
7,0 7,0
8,0 8,0
Profundidade (m)
Profundidade (m)
9,0 9,0
10,0 10,0
11,0 11,0
12,0 12,0
13,0 13,0
14,0 14,0
15,0 15,0
16,0 16,0
17,0 17,0
18,0 18,0
19,0 19,0
20,0 20,0
21,0 21,0
22,0 22,0
74
CAPÍTULO 4
Segundo ALONSO (1988), outras críticas relevantes podem ser consideradas quanto
ao uso destas fórmulas:
75
Na literatura técnica são apresentadas algumas revisões dessas fórmulas dinâmicas,
baseadas em comparações de resultados de provas de carga estáticas com previsões
pelas diferentes fórmulas.
76
O código inglês CODE OF PRACTICE FOR FOUNDATIONS (1972) diz que em
solos granulares o valor aproximado da capacidade de carga de uma estaca pode ser
determinado através de uma fórmula dinâmica. As fórmulas dinâmicas não são
diretamente aplicáveis à depósitos de solos moles; elas devem ser usadas com
precaução em qualquer solo, principalmente naqueles onde há o fenômeno de
relaxação após a cravação das estacas. Se o uso dessas fórmulas for restringido às
estacas com a ponta apoiada em pedregulhos, areias e outros solos granulares, então a
fórmula mais segura deveria dar um resultado dentro da faixa de 40% a 130% da
capacidade de carga última obtida através de uma prova de carga estática. Análises
estatísticas mostram que não há nenhuma fórmula completamente segura. Com o
resultado de uma prova de carga em um determinado local, um fator de correção pode
ser aplicado a uma fórmula escolhida, de tal forma que os resultados da fórmula
deveriam ter então confiança razoável para este local.
O código inglês CODE OF PRACTICE FOR FOUNDATIONS (1972) diz ainda que
a Fórmula de Hiley é uma das mais seguras e provavelmente a mais utilizada na
Inglaterra; no entanto, segundo BOWLES (1968), esta fórmula é a mais usada não por
apresentar valores mais confiáveis e sim por ser uma fórmula bastante simples.
77
m da mesma. Foi encontrada a seguinte correlação entre a resistência dinâmica
avaliada pela Equação da Onda e a Fórmula dos Dinamarqueses:
onde SRD é a sigla de Soil Resistance during Driving (Resistência do Solo durante a
Cravação) e Dinexp é o programa utilizado para a determinação da capacidade de
carga das estacas durante a cravação pela Equação da Onda.
78
tirada ao final da cravação da estaca (s); o comprimento (L), a área da seção da estaca
(A) e o módulo de elasticidade (Ep):
η ⋅W ⋅ h
Rd = (4.1)
1 2 ⋅η ⋅ W ⋅ h ⋅ L
s+
2 A⋅ Ep
A nega e a seção da estaca têm suas influências sobre a capacidade de carga bastante
óbvias. Quanto maior a resistência do solo à cravação da estaca menor será a nega, o
que caracteriza uma maior capacidade de carga do elemento de fundação. Por outro
lado, um aumento na seção da estaca implica em um maior esforço para a penetração
desta no solo, voltando ao caso anterior.
A Figura 4.1 mostra como a capacidade de carga de uma estaca, tomada como a
estaca padrão (área da seção igual a 895 cm2) e nega igual a 0, varia em função do
comprimento e da energia líquida de cravação. No entanto, o efeito da variação do
comprimento da estaca no valor da capacidade de carga é muito intenso.
Ainda na Figura 4.1 observa-se que para estacas muito curtas a capacidade de carga
avaliada pela Fórmula dos Dinamarqueses é elevada e, ainda, fazendo este
comprimento tender a 0 ter-se-ia uma capacidade de carga tendendo ao infinito. Por
outro lado, fazendo o comprimento tender ao infinito, obter-se-ia uma capacidade de
carga tendendo a 0. Na verdade só esta interpretação não pode ser considerada como
válida, pois ela não leva em consideração os aspectos do solo. Geralmente, à medida
que se avança a cravação de uma estaca, a resistência à penetração cresce, ou seja, a
nega diminui à medida que a capacidade de carga da estaca cresce, conforme a Figura
4.2.
79
Qult.fdin (kN)
Fórmula dos Dinamarqueses
10
Comprimento (m)
15
20
25
20 kNm
30
30 kNm
35 40 kNm
40
A Figura 4.2 mostra a variação da capacidade de carga de estacas (com área da seção
transversal igual a 895 cm2) de diversos comprimentos submetidas a uma energia de
cravação de 30 kNm, quando se faz a nega variar em um intervalo de 0 a 40 mm/10
golpes.
Observa-se que para estacas mais curtas a variação da nega tem grande influência na
previsão da capacidade de carga das estacas. À medida que o comprimento das
estacas cresce esta influência diminui, e para comprimentos acima de 20 m esta
influência se torna bastante pequena.
A solução para a Fórmula dos Dinamarqueses deverá ser então a combinação das
soluções para os dois casos (Figuras 4.1 e 4.2).
80
Qult.fdin (kN)
Fórmula dos Dinamarqueses
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
0
40 35 30 25 20 15 10 5
5
10
Nega (mm/10 golpes)
15
20
25
30 Os valores junto às
curvas correspondem
aos comprimentos das
35
estacas em metros.
40
As Tabelas 4.2, 4.3 e 4.4 a seguir apresentam todos os dados utilizados nas avaliações
realizadas neste capítulo.
81
Tabela 4.2 – Quadro resumo das estacas do Laboratório de Metalúrgica
s
L Aconc W.h Qult.fdin Qult.est Qult.pcd Qult.pce
Estaca (mm/10
(m) (cm2) (kNm) (kN) (kN) (kN) (kN)
golpes)
Pilar 23A 4,75 895 15,60 1 3001 1660 - -
Pilar 23B 4.00 895 15,60 1 3178 1560 - -
Pilar 23C 3.93 895 15,60 0 3281 1560 - -
Pilar 23D 4,20 895 15,60 1 3128 1560 - -
Pilar 23E 4,00 895 15,60 3 3024 1560 - -
Pilar 23F 4,08 895 15,60 2 3080 1560 - -
Pilar 23G 4,15 895 15,60 2 3063 1560 - -
Pilar 23H 4,20 895 15,60 2 3052 1560 - -
Pilar 23I 4,00 895 15,60 2 3100 1560 - -
Pilar 30 7,65 895 15,60 5 2332 911 - -
Pilar 40E 4,78 895 18,24 7 2862 300 - -
Pilar 74A 8,10 895 18,24 7 2405 1121 - -
Pilar 10A 4,15 895 18,00 5 3089 1560 - -
Pilar 35D 8,40 895 15,60 7 2175 - 1100 -
Pilar 23D 4,20 895 15,60 1 3128 1560 1310 -
Pilar 52 7,50 895 18,00 7 2452 1100 1400 -
Pilar 2A 3,71 895 15,60 4 2991 780 840 -
Pilar 8B 4,50 895 15,60 3 2887 900 870 -
Pilar8C 4,70 895 15,60 3 2847 900 720 -
Pilar 26A 5,00 895 15,60 5 2723 300 1210 -
82
Tabela 4.4 – Quadro resumo das estacas da MAP Desenvolvimentos Imobiliários
s
L Aconc W.h Qult.fdin Qult.est Qult.pcd Qult.pce
Estaca (mm/10
(m) (cm2) (kNm) (kN) (kN) (kN) (kN)
golpes)
E17A 21,00 676 17,50 2 1213 900 1290 -
E21A 21,20 900 17,50 2 1389 1150 1770 -
E40A 22,00 900 17,50 3 1358 1361 1820 -
E45A 22,20 900 17,50 2 1361 1351 1460 -
E50A 21,20 900 17,50 2 1389 1501 1590 -
E122 21,80 676 17,50 2 1200 1171 1690 -
E114 21,60 676 17,50 3 1192 1060 1340 -
E41A 21,50 900 28,00 7 1674 1241 - -
E41B 21,60 900 28,00 7 1666 1241 - -
E41C 21,50 900 28,00 5 1696 1241 - -
E42A 21,80 900 28,00 5 1686 1361 - -
E42B 21,50 900 28,00 5 1698 1241 - -
E40B 21,25 900 28,00 6 1699 1241 - -
E50C 21,00 900 28,00 5 1714 1501 - -
E49A 21,00 900 28,00 7 1680 1501 - -
E49B 21,00 900 28,00 6 1697 1501 - -
E49C 21,20 900 28,00 4 1725 1501 - -
E19B 20,50 900 28,00 10 1653 1010 - -
E19A 20,90 900 28,00 9 1656 1010 - -
E19C 20,60 900 28,00 8 1682 1010 - -
E16A 21,30 900 28,00 5 1710 1150 - -
E16B 21,50 900 28,00 6 1686 1150 - -
E230 21,00 900 28,00 10 1636 1501 - -
As figuras a seguir apresentam os resultados das análises das estacas que compõem o
banco de dados desta dissertação. Estas figuras apresentam as capacidades de carga
destas estacas avaliadas de 3 maneiras distintas: pela Fórmula dos Dinamarqueses,
pelo método estático semi-empírico Aoki-Velloso e por provas de carga dinâmicas.
Os pontos em triângulo (▲) correspondem a estacas curtas, cujos comprimentos
variam entre 3,0 a 8,4 m, sendo que a maioria delas com comprimento entre 4,0 e 5,0
m (ou seja, da ordem de 10 diâmetros). Estas estacas pertencem à obra do Laboratório
de Metalúrgica. Os pontos em círculo (●) e em quadrado (■) representam estacas com
comprimentos superiores a 20 m. Estas estacas pertencem respectivamente às obras da
Vila Panamericana e da MAP Desenvolvimentos Imobiliários, próximas, na Barra da
Tijuca.
83
Através destas figuras é possível comparar os resultados obtidos pela Fórmula dos
Dinamarqueses com resultados de provas de carga dinâmicas e o método de Aoki-
Velloso. O objetivo é avaliar um método menos acurado (fórmulas dinâmicas) por um
mais acurado, buscando tirar conclusões a respeito daquele método.
Pela Figura 4.3 vê-se claramente que para estacas mais curtas a Fórmula dos
Dinamarqueses apresentou valores muito superiores àqueles medidos nas provas de
carga dinâmicas. A relação entre estes valores para estas estacas variou entre 1,75 e
3,95. Para estacas longas, os valores obtidos pelas provas de carga dinâmicas
apresentaram-se superiores. O fato de as cargas máximas nas provas dinâmicas serem
superiores aos da Fórmula dos Dinamarqueses pode ser explicado pela recuperação
(“set-up”), comum nos terrenos argilosos, em virtude de as provas de carga dinâmicas
serem realizados aproximadamente uma semana depois da cravação das estacas.
3500
3000
Fórmula dos Dinamarqueses
2500
Qult.fdin (kN)
2000
1500
1000
500
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Qult.pcd (kN)
Prova de carga dinâmica
Lab. Met. Vila do Pan MAP
84
Na Figura 4.4 pode-se ver que nas estacas mais curtas as capacidades de carga
avaliadas pela Fórmula dos Dinamarqueses têm seus valores também muito superiores
àqueles previstos pelo método Aoki-Velloso. A relação entre estas capacidades de
carga para as estacas do banco de dados se situa num intervalo que varia de 1,81 a
3,83. Para as estacas longas existe uma proximidade grande destas capacidades de
carga, com uma relação de cargas variando entre 0,75 a 1,67. As estacas designadas
Pilar 40E e Pilar 26A não foram incluídas nesta avaliação, por apresentarem uma
capacidade de carga prevista por método estático da ordem de 300 kN, provavelmente
por valores de SPT que não representam bem a resistência do solo.
3500
3000
Fórmula dos Dinamarqueses
2500
Qult.fdin (kN)
2000
1500
1000
500
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Qult.est (kN)
Método estático semi-empírico (Aoki-Velloso)
Lab. Met. Vila do Pan MAP
A partir destes dois gráficos pode-se dizer que a Fórmula dos Dinamarqueses pode
superestimar – em muito – a capacidade de carga de estacas relativamente curtas (ver
Figuras 4.1 e 4.2). A Figura 4.5 mostra com mais detalhes a comparação entre as
85
capacidades de carga para as estacas mais curtas (Laboratório de Metalúrgica). Os
números que aparecem ao lado dos pontos nesta figura correspondem aos
comprimentos das estacas em metros. Nota-se que para as duas estacas com
comprimentos de 7,50 e 8,40 m (em torno de 20 vezes o diâmetro), há uma
proximidade maior entre as capacidades de carga previstas pelos dois métodos.
3500
4,20 m
3000 3,71 m
4,70 m 4,20 m
5,00 m
Fórmula dos Dinamarqueses
2500 7,50 m
8,40 m
Qult.fdin (kN)
2000
1500
1000
500
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Qult.pcd (kN)
Prova de carga dinâmica
Lab. Met.
As Tabelas 4.2 e 4.3 e as Figuras 4.6 e 4.7 mostram como a relação entre as
capacidades de carga previstas pelas provas de carga dinâmicas e Fórmula dos
Dinamarqueses varia com a geometria das estacas. A Tabela 4.2 e a Figura 4.7 levam
em consideração a relação L/B, onde L é comprimento da estaca e B a dimensão da
seção transversal (diâmetro para estacas de seção circular e lado para estacas de seção
quadrada). A Tabela 4.3 e a Figura 4.8 mostram o mesmo conjunto de dados, com
86
exceção da relação L/Deq, onde Deq é o diâmetro equivalente de área para estacas de
seção não circular.
A Figura 4.7 mostra que para a relação L/Deq há pequenas variações na posição
relativa dos pontos em relação à Figura 4.8. Para as duas Figuras 4.7 e 4.8 foram
87
adicionadas curvas de tendência mostrando como que os valores das capacidades de
cargas das estacas (avaliados pela Fórmula dos Dinamarqueses) tendem a variar em
função da relação das suas dimensões. Nestas figuras foi introduzida uma linha
tracejada que indica que a Fórmula dos Dinamarqueses pode ser usada para
comprimentos de estaca maiores que 30 diâmetros, e que precisa ter seus resultados
ajustados para comprimentos abaixo deste valor.
88
3,00
Lab. Met.
2,00
Qult.pcd/Qult.fdin
1,50
1,00
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
L/B
3,00
Lab. Met.
Vila do Pan
2,50 MAP
Qult.pcd/Qult.fdin
2,00
1,50
1,00
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
L/Deq
89
4.3 ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DINÂMICOS X
ESTÁTICOS
3000
2500
Fórmula dos Dinamarqueses
2000
Qult.fdin (kN)
1500
1000
500
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Qult.pce (kN)
Prova de carga estática
Vila do Pan
90
A Figura 4.10 apresenta uma comparação entre capacidades de carga estática obtidas
em provas dinâmicas e em método estático semi-empírico (Aoki-Velloso).
Pode-se ver que os resultados das provas de carga dinâmicas na sua maioria
apresentaram valores superiores aos obtidos pelo método Aoki-Velloso, com uma
relação de cargas variando entre 0,80 a 4,83 (com exceção de uma estaca – Pilar 26A
– com uma capacidade de carga prevista por método estático da ordem de 300 kN,
provavelmente por valores de SPT que não representam bem a resistência do solo).
Observa-se também que para estacas mais curtas os valores das provas de carga
dinâmicas são próximos daqueles obtidos pelo método Aoki-Velloso. Para as estacas
mais longas os valores previstos pelas provas de carga dinâmicas mostraram-se
superiores.
3000
2500
Prova de carga dinâmica
2000
Qult.pcd (kN)
1500
1000
500
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Qult.est (kN)
Método estático semi-empírico (Aoki-Velloso)
Lab. Met. Vila do Pan MAP
91
A Figura 4.11 apresenta uma comparação entre capacidades de carga estática obtidas
em provas dinâmicas e em provas de carga estáticas. Estas provas de carga foram
feitas em estacas longas na obra da Vila Panamericana. Duas das provas de carga
dinâmicas apresentaram os valores das capacidades de carga bastante próximos
daqueles obtidos nas provas de carga estáticas, enquanto que a outra apresentou uma
diferença maior.
2500
2000
Prova de carga dinâmica
1500
Qult.fdin (kN)
1000
500
0
0 500 1000 1500 2000 2500
Qult.pce (kN)
Prova de carga estática
Vila do Pan
Figura 4.11 – Comparação de resultados do método estático semi-
empírico Aoki-Velloso com provas de carga dinâmicas
92
CAPÍTULO 5
5.1 INTRODUÇÃO
93
norma brasileira NBR 6122 (1996) admite tanto a utilização de coeficientes de
segurança globais quanto parciais (HACHICH, 1988).
94
(x + xm ) σR 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09
0,0 0,5000 0,5040 0,5080 0,5120 0,5160 0,5199 0,5239 0,5279 0,5319 0,5359
0,1 0,5398 0,5438 0,5478 0,5517 0,5557 0,5596 0,5636 0,5675 0,5714 0,5753
0,2 0,5793 0,5832 0,5871 0,5910 0,5949 0,5987 0,6026 0,6064 0,6103 0,6141
0,3 0,6179 0,6217 0,6255 0,6293 0,6331 0,6369 0,6406 0,6443 0,6480 0,6517
0,4 0,6554 0,6591 0,6628 0,6664 0,6700 0,6736 0,6772 0,6808 0,6844 0,6879
0,5 0,6915 0,6950 0,6985 0,7019 0,7054 0,7088 0,7123 0,7157 0,7190 0,7224
0,6 0,7257 0,7291 0,7325 0,7359 0,7393 0,7427 0,7461 0,7495 0,7529 0,7563
0,7 0,7580 0,7611 0,7642 0,7673 0,7703 0,7734 0,7764 0,7794 0,7823 0,7852
0,8 0,7881 0,7910 0,7939 0,7967 0,7995 0,8023 0,8051 0,8078 0,8106 0,8133
0,9 0,8159 0,8186 0,8212 0,8238 0,8264 0,8289 0,8315 0,8340 0,8365 0,8389
1,0 0,8413 0,8438 0,8461 0,8485 0,8508 0,8531 0,8554 0,8577 0,8599 0,8621
1,1 0,8643 0,8665 0,8686 0,8708 0,8729 0,8749 0,8770 0,8790 0,8811 0,8830
1,2 0,8849 0,8869 0,8888 0,8907 0,8925 0,8944 0,8962 0,8980 0,8997 0,90147
1,3 0,90320 0,90490 0,90658 0,90824 0,90988 0,91149 0,91309 0,91466 0,91621 0,91774
1,4 0,91924 0,92073 0,92220 0,92364 0,92507 0,92647 0,92785 0,92922 0,93056 0,93189
1,5 0,93319 0,93448 0,93574 0,93699 0,93822 0,93943 0,94062 0,94178 0,94295 0,94408
1,6 0,94520 0,94630 0,94738 0,94845 0,94950 0,95053 0,95154 0,95254 0,95352 0,95449
1,7 0,95543 0,95637 0,95728 0,95818 0,95907 0,95994 0,96080 0,96164 0,96246 0,96327
1,8 0,96407 0,96485 0,96562 0,96638 0,96712 0,96784 0,96856 0,96926 0,96995 0,97062
1,9 0,97128 0,97193 0,97257 0,97320 0,97381 0,97441 0,97500 0,97558 0,97616 0,97670
2,0 0,97725
2,1 0,98214
2,2 0,98610 PARA A ÁREA DE 95% TEM-SE
probabilidade
Densidade de
2,3 0,98928
x + xm
2,4 0,99180 = 1, 645
2,5 0,99379 σ R
3,0 0,99865
3,5 0,999767 xm x
4,0 0,9999683
95
5.2.1 Introdução
AOKI (2003) diz que para se fazer uma análise mais sintética do problema de
segurança e confiabilidade de um sistema estrutural é necessário determinar e analisar
as funções de densidade de probabilidade de ocorrência de solicitações e de
resistências, relativas aos elementos que constituem o sistema sob ação de cargas
aleatórias ambientais e funcionais. A ruptura de um elemento do sistema ocorre
quando a solicitação que nele atua torna-se igual à resistência disponível, para uma
dada combinação de cargas. A partir daí, ocorre uma redistribuição das solicitações
nos demais elementos do sistema, com formação sucessiva de rótulas plásticas, sob
ação de cargas crescentes. Finalmente, a ruína ocorre quando o sistema torna-se uma
cadeia cinemática, sob ação de uma combinação de cargas denominada última.
96
A Figura 5.3 apresenta as curvas de densidade de probabilidade de solicitações, de
resistências e de probabilidade de ruína do sistema analisado.
Densidade de probabilidade
(CS -1)Sm
fS(S)
fR(R)
pF
A
0 Sm Sk Sd = Rd Rk Rm R, S
Sm Sm(γS -1) Sk(γf -1) Rk(1-1/γm) Rm(1-1/γR)
97
5.2.2 Coeficiente de Segurança Global
S ≤ Padm (5.1)
com
Rm
CS = (5.2)
Sm
98
As Tabelas 5.3, 5.4 e 5.5 apresentam os valores de coeficientes de segurança globais
médios preconizados por outras normas.
99
5.2.3 Coeficientes de Segurança Parciais
Pela Figura 5.3 os coeficientes de segurança parciais podem ser definidos por:
Sk
γS = (5.3)
Sm
Rm
γR = (5.4)
Rk
sendo ainda
Sk = Sm + α S ⋅ σ S (5.5)
Rk = Rm − α R ⋅ σ R (5.6)
100
Para uma probabilidade de ocorrência de 5% tem-se α S = α R = 1,645 (Tabela 5.1).
σS
vS = (5.7)
Sm
σR
vR = (5.8)
Rm
Sk = Sm (1 + α S ⋅ vS ) (5.9)
Rk = Rm (1 − α R ⋅ vR ) (5.10)
Rk Rm (1 − α R ⋅ v R )
Ck = = (5.11)
S k S m (1 + α S ⋅ vS )
S d ≤ Rd (5.12)
onde
101
Sd = Sk ⋅ γ f = Sm ⋅ γ S ⋅ γ f (5.13)
Rk Rm
Rd = = (5.14)
γm γ m ⋅γ R
Sk = Sm = S ; σ S = 0 ∴ vS = 0 ; γ S = 1 (5.15)
Rm
Sm ⋅ γ f ≤ (5.16)
(γ m ⋅ γ R )
Neste caso particular a norma brasileira NBR 6122 (1996) fixa os seguintes valores
mínimos de coeficientes de segurança parciais:
8681 (1984) vale 1,4 (AOKI, 2003). Para o caso de uma obra com prova de carga
resulta:
Rm
1,4 ⋅ S m ≤ (5.17)
(1,2 ⋅ γ R )
1,15.
102
CS = ( γ S ⋅ γ R ) ⋅ ( γ f ⋅ γ m ) = γ variável ⋅ γ norma (5.18)
ou
Ck
CS = (5.19)
⎡ (1 − α R ⋅ v R )⎤
⎢ ⎥
⎣ (1 + α S ⋅ vS ) ⎦
onde γ variável = fator que depende das variabilidades específicas das solicitações e
resistências, de cada superfície resistente, em cada caso de obra
γ norma = fator que deve atender aos coeficientes de segurança mínimos fixados
nas normas estruturais
α R, S = número de desvios padrões desejados para determinação da solicitação
máxima ou resistência mínima
103
Tabela 5.8 – Norma Dinamarquesa DS415 - Coeficientes de segurança
parciais de minoração de resistência (AOKI, 2003)
Coeficiente parcial de
Condição minoração
Normal Especial
Capacidade de carga de elementos 2,0 2,2
isolados de fundação sem prova de carga
Capacidade de carga de elementos 1,6 1,75
isolados de fundação com prova de carga
Estaca sujeita a ensaio de prova de carga 1,4 1,55
∞
pF = ∫ FR ( R ) ⋅ f S ( S ) dx (5.20)
0
104
(sobrevivência) da fundação. Neste caso a probabilidade de sucesso que é igual ao
complemento (1-pF) sob estas curvas, maior a probabilidade de ruína da fundação
(AOKI, 2003).
105
Geralmente, não há informação suficiente quanto às extremidades da distribuição de
M e o critério p F = p[M ≤ 0] é substituído por outro que envolve o valor médio e o
desvio padrão de M (SMITH,1986).
Tem-se
Mm
M m − β ⋅σ M = 0 ∴ β= (5.21)
σM
onde
M m = (Rm − S m ) (5.22)
então
(Rm − S m )
β= (5.23)
σM
σ M = (σ S2 + σ R2 )2
1
(5.24)
β=
( Rm − Sm )
1 (5.25)
(σ 2
S +σ )
2 2
R
106
Ruína Segurança
fM(m)
M<0 M>0
M = (R –S)
Mm = β.σM R = resistência
S = solicitação
pF
0 Mm = (Rm – Sm) M
p F = φ (− β ) (5.26)
107
5.5 APLICAÇÃO AOS CASOS DE OBRA
As Tabelas 5.10, 5.11, 5.12, 5.13, 5.14 e 5.15 apresentam os resultados de provas de
carga para as 3 obras. Nestas tabelas L é o comprimento da estaca, A é a área da seção
de concreto da estaca, σ e v representam respectivamente o desvio padrão e o
coeficiente de variação da resistência e da solicitação.
108
Tabela 5.10 – Resultados de provas de carga dinâmicas
(Laboratório de Metalúrgica)
Resistência Solicitação
L Aconc
Estaca Qult.pcd Qtrab
(m) (cm2)
(kN) (kN)
Pilar 35D 8,40 895 1100 500
Pilar 23D 4,20 895 1310 500
Pilar 52 7,50 895 1400 500
Pilar 2A 3,71 895 840 500
Pilar 8B 4,50 895 870 500
Pilar8C 4,70 895 720 500
Pilar 26A 5,00 895 1210 500
Média - - 1100 500
Σ - - 259 0
v(%) - - 23,54 0,00
109
Tabela 5.13 – Resultados de provas de carga dinâmicas
(Vila Panamericana)
Resistência Solicitação
L Aconc
Estaca Qult.pcd Qtrab
(m) (cm2)
(kN) (kN)
SP108-4 25,70 650 1850 700
SP108-5 28,00 572 2540 700
SP108-12 26,00 532 2180 700
SP108-11 27,85 532 2140 700
SP108-7 28,75 532 1770 700
Média - - 2096 700
Σ - - 305 0
v(%) - - 14,57 0,00
Os valores das resistências observadas nas provas de carga dinâmicas (Tabelas 5.10,
5.11, 5.12, 5.13, 5.14 e 5.15), indicam que os coeficientes de segurança globais são
110
maiores que 2,0 para os 3 casos de obra (Tabela 5.16), embora a NBR 6122 (1996)
aceite um valor mínimo de 1,6 para estacas com provas de carga. No que diz respeito
ao coeficiente de majoração de solicitação γf, nos 3 casos de obra este valor só não
ficou acima de 1,4 (valor mínimo estabelecido pela NBR 8681, 1984) no Laboratório
de Metalúrgica e na Vila Panamericana para o caso de estacas com carga de trabalho
igual a 900 kN.
AOKI et al. (1998) propõem adotar γf = 1,15 para estacas de concreto armado ou
protendido com solicitações permanentes. O EUROCÓDIGO 7 (2004) recomenda γf =
1,0 para pressão de água e cargas acidentais, γf = 1,1 para cargas permanentes e γf =
1,5 para cargas móveis e ambientais.
Lab.
Fatores de segurança Vila Panamericana MAP
Metalúrgica
Qtrab (kN) 500 1400 900 700 600 450
Rm
CS = 2,20 2,72 2,09 2,99 2,98 2,80
Sm
Sk
γS = = (1 + α S ⋅ vS ) 1,00* 1,00* 1,00* 1,00* 1,00* 1,00*
Sm
Rm 1
γR = =
Rk (1 − α R ⋅ vR )
1,63 1,17 1,57 1,32 1,29 1,16
CS
γ norma = 1,20 2,32 1,33 2,28 2,30 2,41
γ variável
γ norma γ norma
γf = = 1,12 1,94 1,11 1,90 1,92 2,00
γm 1,2
* arbitrado, na falta de informações
111
trabalho igual a 900 kN, refletindo a ordem de grandeza dos coeficientes de segurança
parciais γf obtidos para estes dois casos. Para os demais casos a probabilidade de ruína
ficou dentro do limite aceitável para a Engenharia de Fundações.
σS 0 0 0 0 0 0
β=
( Rm − Sm )
1 2,32 7,10 2,35 4,57 7,50 4,81
(σ 2
S +σ )
2 2
R
pF 1/93 < 1/1000 1/95 < 1/1000 < 1/1000 < 1/1000
112
CAPÍTULO 6
113
realizado em todas as estacas, e não apenas em 10% do total destas, conforme
recomenda a norma brasileira NBR 6122 (1996).
6.2 CONCLUSÕES
Quanto à avaliação dos coeficientes de segurança em uma obra por estacas, em cada
caso o critério para a escolha destes coeficientes, na previsão da carga admissível,
deve ser feito considerando-se a probabilidade de ruína associada. Nos exercícios
feitos nas três obras, as obras do Laboratório de Metalúrgica da COPPE e da Vila
Panamericana (caso de estacas com carga de trabalho de 900 kN), com coeficientes de
114
segurança globais iguais a 2,20 e 2,09 respectivamente, obteve-se uma probabilidade
de ruína considerada abaixo da média na área de Engenharia de Fundações.
Criar um banco de dados maior, para verificar a correlação proposta nesta dissertação
ou estabelecer nova formulação, considerando o tipo de solo, etc.
Um banco de dados mais amplo de provas de carga estáticas e dinâmicas deve ser
encorajado para a avaliação de Fórmulas Dinâmicas, em particular a Fórmula dos
Dinamarqueses, para estacas pré-moldadas de concreto.
115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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