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Structural Crisis in the World-System: Where do we go from here?

– Immanul Wallrestein

Premissas

O autor vai discutir o presente momento do sistema mundo, que encontra-se em crise.
Para isso, ele vai partir de quatro premissas básicas:

Premissa Nº1 – Todos os sistemas , desde os fenômenos astronômicos até os sociais,


tem uma vida. Isso, no ponto de vista do autor, é que todos eles aparecem em algum ponto da
existência, são explicados, mudam de acordo com o tempo e tem essas mudanças também
explicadas e por fim tem sua existência terminada. Esse fim do sistema se dá através das
diferentes tendências seculares, que movem o sistema pra diferentes posições e não
possibilita que ele retorne à normalidade de antes. Dessa forma, ele atingiria um ponto,
caótico, em que um equilíbrio estável não seria mais possível. A partir do momento em que se
chegasse a essa bifurcação, o sistema poderia seguir dois caminhos: recrear a ordem anterior
através do caos ou criar um novo sistema estável. O autor chama esse período de Crise
Estrutural do Sistema e tem-se a discussão sobre qual dos dois caminhos deveríamos seguir.

Premissa Nº2 – Levando em consideração que a acumulação de capital é o maior


objetivo do sistema capitalista, temos que a busca incessante dos agentes por essa
acumulação nos leva a uma situação de quase monopólio. Entretanto, a existência desses
quase monopólios, é também a causa do seu fim. Novos produtores se sentirão atraídos pelos
lucros e de alguma forma entrarão no mercado e diminuirão o grau de monopólio. Dessa
forma, aumentarão a competitividade e os salários, mas causarão uma queda nos lucros, o que
dificulta o processo de acumulação. A exaustão desses quase monopólios leva o sistema a uma
estagnação geral que reduz o interesse capitalista de alcançar a acumulação por meio da
criação de empresas. Portanto, os empresários realocam as suas indústrias para áreas de
menores custos de produção e essa realocação é chamada “desenvolvimento” nesses países
escolhidos. Contudo, eles são apenas os receptores da rejeição das operações do núcleo
capitalista. Sendo assim, as zonas em que essas indústrias são realocadas sofrem um aumento
do desemprego e as vantagens, previamente adquiridas, são perdidas por completo ou
parcialmente. Esse movimento de ascensão econômica que acaba levando a uma recessão
futura é chamado de ciclo de Kondratieff.

Premissa Nº3 - Se baseia numa leitura do que aconteceu no sistema mundo moderno
entre 1945 – 2010. O autor divide a sua tese em dois períodos: de 1945 até 1970 e de 1970 até
2010. O primeiro período foi o que teve uma das maiores expansões econômicas ao redor do
mundo da história, que, por sua vez, representou uma das maiores ascensões econômicas
dentro do ciclo de Kondratieff. Por outro lado, quando os quase monopólios entraram em
colapso, o mundo entrou num período de recessão do ciclo. Dessa forma, os capitalistas dos
anos de 1970, mudaram o seu foco da área produtiva para a área financeira e assim, o mundo
entrou na maior onda de bolhas especulativas do sistema mundo moderno. Também vale
ressaltar que esse período de ascensão foi também o da formação da hegemonia dos EUA no
sistema mundo. Mas, a partir do momento de quebra dos quase monopólios, a hegemonia
americana começou a entrar em declínio. Outro ponto para se colocar em questão, foi a
Revolução Mundial de 1968 que também abalou o sistema mundo nos seus três blocos: o pan-
europeu, o socialista e o terceiro mundo.

Premissa Nº4 – Diz como é uma crise estrutural em que o sistema mundo se encontra
atualmente, tendo começado por volta de 1970 e irá até 2050, segundo o autor. Para ele, a
característica primária de uma crise estrutural é o caos, não no sentido de acontecimentos
randômicos no sistema mundo, mas sim em rápidas transformações que impediriam a
estabilidade do sistema. Essas transformações não estariam limitadas apenas ao aspecto
econômico, também atingiriam o sistema entre os estados, culturalmente, a presença de
recursos naturais, condições climáticas e até pandêmicas. Essa instabilidade impossibilitaria,
por exemplo, previsões – mesmo que de curto prazo – pelos agentes econômicos. E essa
incerteza criaria um ciclo vicioso em que haveria uma menor expectativa de lucros, então uma
menor produção, e ,consequentemente, menores salários.

Como reagir a essa situação

Numa situação de crise na estrutura do sistema mundo, a única certeza que teríamos é
a de que o sistema presente, o capitalista, não pode continuar. Mas então, qual sistema
tomaria o lugar? Para o autor, isto seria impossível, mas ele previu que haveria uma disputa
entre dois grupos: o Espírito de Davos e o Espírito de Porto Alegre.

Os objetivos desses grupos são completamente opostos. Para os participantes do


Espírito de Davos, um novo sistema mundo teria que ser diferente do que seria o antecessor,
não capitalista, mas teria que manter três pontos do sistema presente: hierarquia, exploração
e polarização. Por outro lado, o quem se identifica com o grupo do Espírito de Porto Alegre,
visava um sistema mundo completamente diferente de tudo que existiu antes, que seria
democrático e igualitário. Essa denominação “espíritos” é dada pelo autor, pois não um poder
centralizador dentro desses grupos e eles são muito divididos internamente também.

No Espírito de Davos, há uma divisão interna entre aqueles que acreditam na mão de
ferro como estratégia, em que esmagariam seus oponentes, e aqueles que desejam cooptar
com aqueles que propõe uma transformação pelos falsos sinais de progresso (como o
capitalismo verde e redução da pobreza).

Também há uma divisão do grupo do Espírito de Porto Alegre, em que um lado


defende uma reconstrução do sistema mundo que seja feita de forma horizontal e
descentralizada, e que defende o direito dos grupos e até de cada indivíduo como
participantes do sistema mundo. O outro ponto de vista, visa uma reestruturação que crie, de
forma vertical na sua estrutura, um sistema mundo e seja homogeneizador no longo prazo.

O autor vê cinco estratégias distintas que seriam o caminho certo para resolvermos a
crise estrutural do sistema mundo.

A primeira seira através de uma grande ênfase numa análise intelectual, que abarcasse
a população mundial como um todo, que teria então uma grande abertura e seria dessa forma
inspirada pelas ideias do Espírito de Porto Alegre. Para o autor, mesmo que pareça pouco
eficaz recomendar essa saída, a ausência dela é o que nos limitaria para seguir um fluxo em
que o sistema mundo pudesse prevalecer.

A segunda proposição seria de rejeitar completamente a ideia de que o objetivo seria o


crescimento econômico e sim a descomodificação geral, ou seja, terminar com as mercadorias,
seja no âmbito educacional, das estruturas de saúde, produção agrícola e até produção
industrial.

Uma terceira forma seria a de criar autossuficiências locais e regionais, especialmente


em elementos básicos da vida como abrigo e alimentação. Seria um tipo alternativo de
globalização em que dividiria o mundo em múltiplas organizações que interagiriam entre si a
fim de criar o que o autor chamou de “universalismo universal”.

A quarta saída seria uma consequência da importância das autonomias. Desse modo,
teríamos que acabar com qualquer base militar estrangeira em qualquer país, como por
exemplo as do exército americano. Consequentemente, a redução dessas bases diminuiria o
gasto militar ao redor do mundo e poderíamos realocar esses gastos em outros recursos que
seriam mais uteis para a sociedade.

Por fim, a última estratégia proposta por Wallerstein, seria a de acabar com as
desigualdades sociais, sejam de gênero, raça, étnica, religiosa ou de sexualidade, da forma
mais rápida possível.

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