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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

ANDRESSA DAMASCENO LESSA


LUIZ FELIPE GOMES CARNEIRO
MILENE GABRIEL SCARANALLE
PAULA DE OLIVEIRA
RICARDO PEREIRA DA TRINDADE

SISTEMAS DE FIXAÇÃO: USO DE


CHUMBADORES COMO REFORÇO
ESTRUTURAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL

SÃO PAULO
2011
2

ANDRESSA DAMASCENO LESSA


LUIZ FELIPE GOMES CARNEIRO
MILENE GABRIEL SCARANALLE
PAULA DE OLIVEIRA
RICARDO PEREIRA DA TRINDADE

SISTEMAS DE FIXAÇÃO: USO DE


CHUMBADORES COMO REFORÇO
ESTRUTURAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial
para a obtenção do título de Graduação
do Curso de Engenharia Civil da
Universidade Anhembi Morumbi

Orientador: Prof. Me. Fernando José Relvas


3

ANDRESSA DAMASCENO LESSA


LUIZ FELIPE GOMES CARNEIRO
MILENE GABRIEL SCARANALLE
PAULA DE OLIVEIRA
RICARDO PEREIRA DA TRINDADE

TÍTULO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE


CURSO

Trabalho____________ em: ____ de_______________de 2011.

______________________________________________
Nome do Orientador

______________________________________________
Nome do professor da banca
Comentários:_________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

SÃO PAULO
2011
4

Dedicamos esta pesquisa aos nossos pais, amigos e familiares que nos deram muito
apoio, incentivo e força, nos motivando para que não desistíssemos diante das
dificuldades encontradas. Obrigada por nos fazer acreditar e confiar na nossa
capacidade de vencer e superar os nossos limites para atingir os nossos ideais.
Ao Engenheiro Thomaz Carmona, que contribuiu com informações técnicas
importantes para a realização deste Estudo de Caso, nos recebendo em seu
escritório, contribuindo para enriquecer esta pesquisa.
Dedicamos os resultados deste trabalho como forma de agradecimento pela
paciência e tolerância, nos desculpando pelos momentos de ausência durante o
tempo dedicado para a conclusão dos nossos estudos.
5

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao nosso orientador Prof. Me. Fernando José Relvas, pelo interesse
em nos orientar nesta pesquisa, pela contribuição dada para a realização deste
trabalho e pelo tempo dedicado para nos ensinar e indicar fontes onde pudéssemos
buscar informações que agregassem valores essenciais ao nosso tema.
Agradecemos pelos ensinamentos e pela oportunidade de conhecer e se aprofundar
nas questões relacionadas à esta pesquisa acadêmica.

Agradecemos ao Prof. Me. Wilson Shoji Iyomasa pela realização das aulas de
Desenvolvimento de Pesquisa Científica e pelas orientações que nos ajudaram a
seguir um caminho para conclusão das informações.

Ao Prof. Me. Társis Travasos que fez parte da nossa primeira Banca Examinadora e
nos motivou a continuar com as pesquisas, demonstrando grande interesse e
disponibilidade para avaliar o caso.

Agradecemos Nossos Professores e Mestres, que contribuíram para a nossa


formação.
6

RESUMO

A pesquisa desenvolvida aborda o estudo efetuado para a utilização de


chumbadores como solução estrutural devido a falhas executivas ocorridas na
construção de edifícios. Aponta ainda, as principais patologias que ocorrem na
execução de estruturas e as situações mais comuns na construção civil que exigem
a execução de reforços estruturais de forma a estabilizar as estruturas e oferecer
segurança aos usuários. Foram estudadas duas grandes falhas executivas que
ocorreram em 75% de um empreendimento residencial constituído de oito torres,
cada uma com vinte pavimentos construídos em concreto estrutural. Constatou-se a
ausência de armadura na ligação entre as lajes e paredes dos edifícios e o
desaprumo em diversas paredes. Tal situação demandou estudo de execução de
reforço estrutural, e após análise optou-se pelo emprego de chumbadores químicos
e mecânicos. São apresentados os diferentes tipos de chumbadores existentes,
suas aplicações de acordo com as características estruturais e aspectos da base
onde são aplicados, o modo como são fixados, bem como, os métodos de
dimensionamento das ancoragens. Trata, ainda, de normas, diretrizes, ensaios
técnicos e aprovações existentes atualmente tanto nacionalmente como
internacionalmente. Aborda também os cálculos realizados para o dimensionamento
dos reforços estruturais, bem como, a análise dos resultados apresentados após a
execução dos reforços e liberação para utilização dos edifícios residenciais.

Palavras Chave: Chumbadores químicos, Chumbadores mecânicos, Reforços


Estruturais.
7

ABSTRACT

The research developed focuses on the study conducted for the use of anchors as a
solution due to structural failures occurred in the executive building construction. Also
shows the main pathologies that occur in the implementation of structures and the
most common situations in construction requiring the implementation of structural
reinforcements in order to stabilize the structures and provide security to users. Were
investigated two large executive failures that occurred in 75% of a residential
development consisting of eight towers, each with twelve floors constructed of
structural concrete. It was verified the lack of armor on the link between the slabs and
walls of buildings and plumb in several walls. This situation demanded the execution
of the study structural reinforcement, and after consideration it was decided by the
use of chemical and mechanical anchors. Outlines the different types of anchor bolts
existing applications according to their structural characteristics and aspects of the
base where they are applied, how they are set and the methods of sizing of anchors.
It also addresses standards, guidelines, technical testing and approvals that currently
exist both nationally and internationally. It also deals with the calculations for the
design of structural reinforcements, as well as the analysis of the results presented
after the implementation of release for reinforcements and use of residential
buildings.

Keywords: Chemical Anchor bolts, Anchor bolts mechanics, structural


reinforcements.
8

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Tipos de Materiais Base ......................................................................... 21


Figura 2.2 - Ligação por Adesão ............................................................................... 21
Figura 2.3 - Ligação por Atrito ................................................................................... 22
Figura 2.4 - Ligação Base Suporte ............................................................................ 22
Figura 2.5 - Chumbador de Expansão Interna .......................................................... 27
Figura 2.6 - Chumbadores com Rosca Externa ........................................................ 28
Figura 2.7 - Chumbador para abalos sísmicos – FH ................................................. 28
Figura 2.8 - Embalagens em bisnaga e cápsula ....................................................... 29
Figura 2.9 - Resistência do Epóxi a alta temperatura ................................................ 30
Figura 2.10 - Gráfico da Saponificação da resina Poliéster no concreto ................... 31
Figura 2.11 - Tipos de resinas em lata. Componente A e B ...................................... 31
Figura 2.12 - Tamanhos de resinas injetáveis ........................................................... 32
Figura 2.13 - Resinas em cápsula ............................................................................. 33
Figura 2.14 - Demonstração de montagem simples e montagem passante ............. 41
Figura 2.15 - Aplicação do chumbador de expansão ................................................ 44
Figura 2.16 - Aplicação de chumbador auto-perfurante ............................................ 45
Figura 2.17 - Aplicação de chumbador com bucha cativa ......................................... 46
Figura 2.18 – Variação de carga admissível em função do concreto ........................ 47
Figura 2.19 – Danos causados pela ação de cloretos ............................................... 50
Figura 2.20 – Ensaio de fenolftaleína para avaliar a profundidade da carbonatação
do concreto ........................................................................................................ 51
Figura 2.21 – Danos causados pela ação de sulfatos ............................................... 52
Figura 2.22 – Danos causados pela reação álcali-sílica ........................................... 52
Figura 2.23 – Danos causados por lixiviação ............................................................ 53
Figura 2.24– Chumbadores de ligação concreto-concreto ........................................ 57
Figura 2.25 – Reforço em pilar com utilização de chumbadores ............................... 58
Figura 2.26– Modelo para cálculo de área de interface entre viga e reforço ............. 58
Figura 2.27 – Reforço em viga com utilização de chumbadores ............................... 59
Figura 2.28– Modelo para demonstração do posicionamento dos chumbadores ..... 59
Figura 2.29– Reforço em laje pela face inferior com utilização de chumbadores ..... 60
Figura 4.1 – Vista geral das torres em execução ...................................................... 64
9

Figura 4.2 – Detalhe das janelas do edifício desalinhado ......................................... 64


Figura 4.3 – Armaduras positivas e negativas interrompidas no encontro laje/pilar .. 65
Figura 4.4 – Vista da armadura da laje ..................................................................... 66
Figura 4.5 – Execução da laje no encontro com pilar................................................ 66
Figura 4.6 – Abertura da parede entre uma laje e outra ............................................ 68
Figura 4.7 - Chumbadores químicos abaixo da laje, para resistir o momento ........... 68
Figura 4.8 – Fixação dos estribos complementares com chumbador químico .......... 69
Figura 4.9 - Execução dos contrafortes ..................................................................... 70
Figura 4.10 - Reforço dos blocos de fundação .......................................................... 70
Figura 4.11 – Escoramento das lajes durante o reforço ............................................ 71
Figura 4.12 – Aplicação do chumbador na parede .................................................... 72
Figura 4.13 – Chumbadores instalados para fixarem as cantoneiras........................ 72
Figura 4.14 – Chumbadores mecânicos fixados na laje ............................................ 73
Figura 4.15 – Abertura para instalação dos estribos ................................................. 73
Figura 4.16 – Instalação da armadura positiva e negativa das lajes ......................... 74
Figura 4.17– Execução dos furos nas paredes para a instalação das armaduras .... 74
Figura 4.18 – Reconcretagem da abertura da laje, após o reparo ............................ 75
Figura 4.19 – Contraforte executado ......................................................................... 76
Figura 4.20 – Fachada da edificação com os contrafortes ........................................ 76
Figura 4.21 – Detalhe dos chumbadores para ligação .............................................. 77
Figura 4.22 – Detalhe da fixação da nova armadura no bloco de fundação ............. 78
Figura 4.23 – Contraforte com concretado em etapas .............................................. 78
Figura 5.1 – Detalhes da cantoneira fixada ............................................................... 82
Figura 5.2 – Tabela de Carga Recomendado do Chumbador EA ............................. 86
Figura 5.3 – Esquema de montagem do FCS ........................................................... 86
Figura 5.4 – Tabela de cargas do FCS ..................................................................... 86
10

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1- Classificação do Aço Carbono ............................................................... 24


Tabela 2.2 - Normas Técnicas Brasileiras referentes à Chumbadores ..................... 33
Tabela 2.3 - Relação entre o chumbador e tempo estimado para sua aplicação ...... 43
Tabela 2.4 - Distância mínima para aplicação do chumbador de expansão por
percussão........................................................................................................... 44
Tabela 2.5 - Distância mínima para aplicação do chumbador de expansão auto-
perfurante ........................................................................................................... 45
Tabela 2.6 - Distância mínima para aplicação do chumbador de expansão com
bucha cativa ....................................................................................................... 46
Tabela 2.7 – Coeficientes de Segurança .................................................................. 47
Tabela 2.8 – Causas dos Problemas Patológicos em Estruturas de Concreto ......... 49
Tabela 2.9 – Origem das falhas em edificação em diversos países .......................... 49
Tabela 2.10 – Natureza das falhas em diversos países ............................................ 49
Tabela 2.11 - Possíveis causas de fissuração do concreto ....................................... 54
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASTM American Society for Testing and Materials

DER SP Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo

FATEC SP Faculdade de Tecnologia de São Paulo

IBRACON Instituto Brasileiro do Concreto

ISO International Organization for Standardization

NBR Norma Brasileira

SAE Society of Automotive Engineers


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LISTA DE SÍMBOLOS

Força cortante atuante em cada chumbador

Carga da laje suportada pelos chumbadores

Tração atuante em cada chumbador

Distância da fixação entre os chumbadores

Braço do momento resistente a tensão de tração

ρ Coeficiente de eficiência do chumbador calculado


13

SUMÁRIO
p.

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 15

1.1 Objetivos ....................................................................................................... 16

1.2 Justificativa ................................................................................................... 16

1.3 Abrangência .................................................................................................. 17

1.4 Estrutura do Trabalho .................................................................................. 19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 20

2.1 Chumbadores ............................................................................................... 20

2.2 Normas e Ensaios......................................................................................... 33

2.3 Dimensionamentos de ancoragens ............................................................ 39

2.4 Reparos estruturais com a utilização de chumbadores ............................ 48

3 MATERIAIS E FERRAMENTAS ............................................................... 61

4 REFORÇOS ESTRUTURAIS EXECUTADOS COM


CHUMBADORES ................................................................................................. 62

4.1 Localização ................................................................................................... 62

4.2 Características do Empreendimento .......................................................... 62

4.3 Anomalias Detectadas ................................................................................. 62

4.4 Soluções........................................................................................................ 67

4.5 Execução da Solução ................................................................................... 71

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................. 79


14

5.1 Empreendimento após a aplicação da solução ......................................... 79

5.2 Demonstração dos cálculos ........................................................................ 80

6 CONCLUSÕES .............................................................................................. 87

7 RECOMENDAÇÕES .................................................................................... 89

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 91
15

1 INTRODUÇÃO

Atualmente tanto na construção civil quanto no ramo industrial, há uma preocupação


crescente em relação ao tempo de execução dos serviços e cumprimento dos
cronogramas contratados.

Com a necessidade de executar as instalações em prazos menores, os


chumbadores mecânicos e químicos são soluções produtivas e economicamente
viáveis, além de não produzirem muitos resíduos sólidos na execução de acordo
com as atuais diretrizes de sustentabilidade.

Por diversas vezes na Engenharia Civil são utilizadas ancoragens que demandam
uma grande quantidade de mão-de-obra, excessivo gasto de materiais e baixa
produtividade. Dentro deste contexto, existem tipos de ancoragens que necessitam
de topógrafos para a locação de onde serão fixados, uma grande quantidade de
grout, embutimentos e tempo de cura que podem chegar a até três dias.

Com a aproximação de grandes eventos como a Copa do Mundo, Jogos Olímpicos,


entre outros, o país terá necessidade de grandes obras de infraestrutura em um
curto espaço de tempo. Diante desta necessidade, soluções como chumbadores
químicos e mecânicos poderão colaborar para aumentar a produtividade, agilidade e
garantir a qualidade dos serviços.

Como conseqüência da constante cobrança para que o cronograma da obra seja


atendido, existe a possibilidade de que ocorram falhas no processo de execução de
alguma atividade, causando patologias nas construções. Neste caso o uso dos
chumbadores também consiste em uma solução eficiente para as recuperações
necessárias.

No contexto geral, as patologias podem ser causadas devido à qualidade dos


materiais empregados, por algumas falhas na execução, por erros encontrados em
projetos, ou até mesmo devido às ações naturais.
16

Dentro da área de recuperações estruturais são abordadas nesta pesquisa, algumas


soluções com a utilização dos chumbadores, visando maior produtividade às obras.

1.1 Objetivos

Estudar os tipos de chumbadores e suas utilizações em reforços estruturais na


construção civil.

Analisar a importância da escolha e aplicação correta de chumbadores químicos e


mecânicos demonstrando a sua viabilidade econômica e seus aspectos técnicos e
operacionais.

Colaborar para as futuras pesquisas relacionadas aos chumbadores somando


conteúdo à bibliografia existente, que até o presente momento ainda é bastante
escassa. Serão apresentados, também, critérios para a escolha do melhor método
executivo, de acordo com os tipos de chumbadores que serão apresentados,
focando no aumento da produtividade.

1.2 Justificativa

Atualmente nas edificações residenciais e comerciais não é comum a utilização de


chumbadores em grande escala, por se tratar de um assunto pouco explorado que
não possui muito material de estudo e pesquisas específicos.

Apesar da existência de Normas Regulamentadoras relacionadas à ancoragem,


alguns profissionais utilizam outros métodos e ferramentas em substituição aos
chumbadores, justamente por não possuírem conhecimento técnico em relação a
este assunto.
17

A utilização de chumbadores é muito abrangente e apresenta diversas soluções


para um determinado evento. Dificilmente existirá algum tipo de obra que
inviabilizará a aplicação de uma ancoragem.

Devido a pouca bibliografia e à falta de cursos específicos relacionados ao tema no


Brasil, os consumidores utilizam como base, na maioria das vezes, as informações
adquiridas com os fornecedores e seus manuais técnicos, software de
dimensionamento e conhecimento para a especificação dos produtos.

Na Europa a aplicação dos chumbadores é mais freqüente, justamente por existir


bibliografias mais atualizadas e pela preocupação e responsabilidade relacionadas
ao uso destes produtos na Construção Civil, e também pela existência de Normas
mais rigorosas.

No Brasil as empresas que possuem maior conhecimento técnico são geralmente as


filiais das empresas européias, sendo assim, sua linha de produtos fica vinculada ao
que está sendo desenvolvido por suas matrizes.

Diante do avanço da construção civil e do crescimento deste mercado consumidor, a


aplicação dos chumbadores pode otimizar o tempo de execução de uma obra,
reduzir a utilização de mão-de-obra, além de contribuir economicamente para
determinado projeto, comparado ao método construtivo onde se aguarda a secagem
de reparos, desenformas e retirada de escoramentos.

1.3 Abrangência

Nesta pesquisa são abordados os seguintes temas:

- Definição de chumbador

- Princípios básicos relacionados à fixação:


- Material do substrato;
18

- Métodos de fixação (aderência, atrito, base suporte);


- Características que determinam a escolha da fixação correta.

- Características dos tipos de fixações de chumbadores:


- Ancoragens químicas e bases de resina;
- Ancoragens mecânicas e os tipos de aço.

- Métodos para a instalação de chumbadores.

-Apresentação dos principais ensaios laboratoriais e de campo relacionados aos


chumbadores mecânicos e químicos.

- Dimensionamento das ancoragens.

- Normas e aprovações Nacionais e Internacionais existentes.

Não serão abordados nesta pesquisa os tópicos relacionados aos chumbadores de


nylon, chumbadores de fibra de vidro, fixação à pólvora, chumbadores pré-
concretados e demais soluções utilizadas como reforços estruturais na Construção
Civil.
19

1.4 Estrutura do Trabalho

No segundo capítulo é abordado todo o âmbito de chumbadores. É feita uma


definição de chumbadores e quais os conceitos fundamentais para definição de uma
ancoragem segura. São abordados também os métodos de instalações dos
chumbadores e quais as soluções para cada tipo de material base encontrado na
construção civil e industrial.

São citadas as Normas Nacionais e suas deficiências e são abordados os ensaios


realizados para verificar a eficiência dos chumbadores no Brasil. Há demonstrações
de dimensionamentos e métodos de aplicação, principais patologias encontradas na
construção civil e como o uso de chumbadores auxilia nesse reparo.

O terceiro capítulo demonstra as diretrizes utilizadas para desenvolvimento da


pesquisa e descrição da forma como a pesquisa foi realizada e quais os métodos
utilizados para obter os resultados e chegar às conclusões.

No quarto capítulo é apresentado o estudo de caso, os dados técnicos do local e o


relatório fotográfico. São demonstradas tecnicamente as patologias que poderiam
acontecer nesta obra e as possíveis soluções de recuperação fazendo uso dos
chumbadores mecânicos e químicos. Também é abordada a solução com
chumbador químico a base epóxi para o reforço das lajes deste edifício residencial.

O quinto capítulo apresenta a análise dos resultados com relação à eficiência dos
chumbadores aplicados na edificação apresentado no estudo de caso.

A conclusão é apresentada no sexto capítulo juntamente com os resultados obtidos


no estudo de caso e a comprovação de que os chumbadores são ou não uma
solução rápida e eficiente para um reparo estrutural.
20

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Chumbadores

Os chumbadores são elementos químicos, mecânicos ou de nylon que são inseridos


em um substrato que pode ser o concreto, alvenaria ou drywall com a finalidade de
garantir uma ancoragem eficaz e segura para o usuário (FISCHER, 2011).

Segundo este fornecedor, existem diversos tipos de soluções para chumbadores,


mas uma seleção segura depende de vários fatores como: resistência do concreto,
tipo de agressividade do ambiente, tipo de carga (estática ou dinâmica), dimensões
do local que receberá o chumbador e entre outros fatores que serão citados no
capitulo de dimensionamento de ancoragens.

2.1.1 Princípios Básicos

Com o avanço da tecnologia na Engenharia, esta cada vez mais difícil executar uma
edificação com apenas um tipo de material base. E devido a essa diversificação,
existem soluções rápidas, baratas e eficazes de ancoragens.

É de extrema importância conhecer alguns itens fundamentais para uma fixação


segura. E dentro deste contexto, o material base é o primeiro a ser verificado no
momento da escolha de uma ancoragem (FISCHER, 2011).

Hoje existe como material base: o concreto, alvenaria (bloco estrutural, ladrilho, tijolo
de barro, bloco celular, etc.), placa de gesso e concreto aerado. Para cada substrato
há uma maneira de ligação entre o chumbador e o material base. Esta ligação pode
ser da seguinte maneira: adesão, base suporte ou por atrito.
21

Figura 2.1 - Tipos de Materiais Base

Fonte: Ancora (2010)

A ligação por adesão acontece quando se executa uma ancoragem química e a


resina acaba aderindo ou fixando na parede do furo. Este tipo de ligação,
geralmente, ocorre em substratos maciços, mas também pode ser utilizado em
alvenarias com camisa de injeção.

Figura 2.2 - Ligação por Adesão

Fonte: Fischer (2010)

A ligação por atrito é utilizada quando o chumbador se expande no substrato e


atinge a sua eficiência assim que o chumbador se trava no substrato. Geralmente,
este tipo de ligação ocorre em substratos maciços e resistentes, pois demanda um
grande esforço.
22

Figura 2.3 - Ligação por Atrito

Fonte: Fischer (2010)

A ligação base suporte é usada quando o chumbador cria um suporte atrás do


material de fixação para assim ser suportada a carga. Este tipo de ligação é
executada em locais ocos ou vazados e com alvenaria de bloco estrutural.

Figura 2.4 - Ligação Base Suporte

Fonte: Fischer (2010)

Além da ligação como material base é importante saber quais são as condições do
ambiente da fixação. É necessário averiguar se é um ambiente com as seguintes
condições: Altas temperaturas, umidade superficial ou saturada, local com grandes
agressividades (para a definição do aço do chumbador) e se a peça que receberá a
fixação é nova ou antiga.

2.1.1.2 Tipos de chumbadores

Na procura das ancoragens mais seguras e eficientes, existem no mercado


inúmeros tipos de chumbadores cada qual com sua peculiaridade. Atualmente,
existem chumbadores de nylon, mecânicos, químicos, à pólvora, adesivos, e outras
23

soluções. Porém, nesta pesquisa são abordadas apenas as ancoragens químicas e


mecânicas.

2.1.2 Chumbadores Mecânicos

Segundo o departamento de Estradas de Rodagem:

“Chumbadores mecânicos ou de expansão são elementos pré-


fabricados com tamanhos e bitolas variáveis, caracterizado por um
parafuso provido de luva cônica na parte terminal que através da
expansão radial imposta pela penetração do parafuso, desenvolve
pressão suficiente contra as paredes do furo e garante atrito
adequado para resistir aos esforços de arranque...” (DER-SP, 2006).

Dentro da gama de chumbadores mecânicos existem os seguintes tipos: barras


roscadas e chumbadores de expansão, que podem ser com rosca interna ou
externa. A escolha sempre depende do usuário e das condições de execução da
ancoragem.

Existe também a utilização em algumas obras do chumbador mecânico tipo “J” que
não é citado nessa pesquisa, pois sua execução não oferece a otimização referida
em sua instalação, pois depende da atuação do topógrafo para a demarcação exata
do seu local de instalação, formas com recortes elaborados, atenção em sua
concretagem devido a forma e necessidade de estar perfeitamente posicionado para
que aja conforme projetado.

2.1.2.1 Tipos de aço e tratamento térmico

2.1.2.1.1Tipos de aço

Com relação aos tipos de aços em todas as normas, são divididos em aços de baixa
e alta resistência. A tabela 2.1 apresenta como os aços de aço carbono são
classificados em algumas normas:
24

Tabela 2.1- Classificação do Aço Carbono

NORMA COMUM ALTA RESITÊNCIA

ASTM A307 / A36 A193 GRAU B.7

SAE SAE 1010 / 1020 SAE 4140 / 1045

ISO GRADE 5.8 GRADE 8.8

ABNT 1020 1045

Fonte: Arquivo Pessoal (2011)

Aços Carbonos são ligas de ferro e carbono e, entre todos os tipos de aço, é o
material mais utilizado na construção civil, restringindo a utilização dos demais onde
este não atende (BISETTO, 2010).

Segundo Bisetto (2010) na aplicação do aço carbono, dificilmente haverá algum


caso onde o mesmo não será corroído pelo ambiente, por isso a obrigatoriedade de
tratamentos térmicos ou revestimentos anti-corrosivo. O processo de corrosão só
não acontece nos seguintes meios: o meio fortemente alcalino, meios neutros e
meios com ausência de água e umidade. Como na construção civil estas situações
são quase nulas o correto seria utilizar aço inox que possui alta resistência à
corrosão.

A adição de alguns elementos na composição do aço, melhora sensivelmente a


resistência à corrosão atmosférica, dispensando a camada de tratamento ou
revestimento anti-corrosivo. Desta forma cria-se uma camada de óxido muito
aderente e protetora que serve como revestimento. Este tipo de aço não é utilizado
em barras roscadas e chumbadores (BISETTO, 2011).

De acordo com esta referência, o aço inoxidável é o nome que se dá à família de


aços resistentes à corrosão e ao calor, contendo, no mínimo, 10,5% de cromo. São
divididos em cinco tipos principais: austeníticos, ferríticos, martensíticos, EPP e
duplex.
25

Austeníticos são ligas de ferro-cromo-níquel (normalmente 8% de níquel), e são o


tipo com maior número de ligas e aplicações. Não podem ser endurecidos por
tratamento térmico. Não são magnéticos e apresentam boas propriedades
mecânicas. O mais utilizado é o aço inox do tipo 304.

Ferríticos são ligas de ferro-cromo, contendo de 12 a 17% de cromo e com baixo


teor de carbono. Não podem ser endurecidos por tratamento térmico. São
magnéticos e possui boa resistência a corrosão em ambientes menos agressivos.

Bisetto (2010) afirma que martensíticos são ligas de ferro-cromo, contendo de 12 a


14% de cromo e com alto teor de carbono. São endurecíveis por tratamentos
térmicos e magnéticos. Quando temperados são muito duros, e é nesta condição
que são resistentes a corrosão. São muito similares aos aços carbono e o aço de
baixa liga.

EPP é denominado “Endurecido por Precipitação”, e são muito parecidos com os


Martensíticos, no entanto o processo metalúrgico de endurecimento é diferente.
Esses aços são capazes de atingir resistência de tração de até 1.700 MPa (17.335
Kgf/cm2). São magnéticos e a resistência a corrosão é similar aos Austeníticos.
Foram desenvolvidos nos EUA e são muito utilizados em aplicações aeroespaciais.

O referido autor explica que o Duplex possui estrutura similar aos Austeníticos e aos
Ferríticos, com características de ambos. Podem ser endurecidos por processo
térmico. São magnéticos e possuem melhor resistência a corrosão sob tensão.

2.1.2.1.2Tratamentos Térmicos

A Galvanização Eletrolítica – Zinco a Frio também conhecido com Zinco Eletrolítico


consiste na eletrodeposição de zinco sobre o material base.

Segundo Bisetto (2011) este tipo de deposição possui espessuras menores de5μm,
ou seja, menor proteção, em contrapartida permite espessuras mais uniformes,
26

menos porosas e de mais pureza. Também permite melhor controle de espessura.


Acabamento branco/prateado e um levemente brilhante.

A Galvanização a Fogo também conhecido com Zinco a Fogo ou zincagem por


imersão a quente, consiste na imersão de um objeto em um tanque de zinco fundido,
onde este reage com o ferro-carbono formando uma camada solidária ao material. A
partir desta união, forma-se uma liga protetora de ferro-zinco sobre o material.

Este tipo de deposição possui espessuras grandes, menores que 50μm, o que
garante uma ótima proteção contra corrosão (dependendo da espessura da camada
e do ambiente, pode conferir uma vida útil ao material que pode chegar a 50 anos)
com bom custo/benefício (40% mais cara que a eletrolítica). Possui acabamento
branco/prateado fosco (BISETTO, 2011).

O Bi-Cromatizado também conhecido com Zinco Bi-Cromatizado consiste em


eletrodeposição de uma camada de zinco e outra de cromo. Possui elevada
resistência à corrosão e ótima condução elétrica. A camada protetora possui
espessuras da ordem de 15μm. Acabamento amarelo/dourado/esverdeado.

Zinco-Níquel consiste na eletrodeposição de zinco e níquel com grande destaque a


resistência a corrosão em altas temperaturas (BISETTO, 2011). Foi desenvolvido
para substituir o banho de cádmio (ecologicamente incorreto).

O autor estas citações afirma que apesar do custo elevado, diferencia-se por não
apresentar fissuração na camada eletro depositada, grande poder de penetração e
nivelamento em relação ao banho de Zinco, bem como resistência a corrosão quatro
vezes maior (teste Salt-Spay). Possui acabamento claro, azul ou preto.

O Geomet é um revestimento para tratamento de superfície a base de zinco e


alumínio, realizado pelo método de dispersão aquosa isenta de solventes orgânicos
nocivos a saúde e poluidores. Confere alto grau de proteção contra corrosão com
espessura mínima de camada (não interfere nas roscas). Tem resistência a corrosão
superior aos processos de zincagem, zincagem a fogo, bi-cromatização e
revestimento zinco-níquel. Esta pode ser uma grande tendência para o mercador,
27

pois não tem altos custos, trazendo assim uma economia na ancoragem (BISETTO,
2011).

2.1.2.2 Chumbador de expansão rápida com rosca interna

O chumbador de expansão rápida com rosca interna é um chumbador que expande


apenas com de um golpe de punção, pois ele possui uma bala interna que expande
com o golpe, o que significa, não é necessário torquear para ter a expansão do
chumbador (ANCORA, 2010).

Figura 2.5 - Chumbador de Expansão Interna

Fonte: Ancora (2010)

Este tipo de chumbador é muito utilizado em locais para grande chumbadores em


serie como: bandejamento de garagens, tubulações de túneis e etc., pois é uma
peça só e não precisa ser montado, apenas inserido no furo e puncionado.

2.1.2.3 Chumbador de expansão por torque

Os chumbadores de expansão por torque são chumbadores utilizados para altas


cargas, podem ser instalados com a peça já no local de instalação. Porém, sua
instalação é delicada, pois o diâmetro da perfuração deve que ser do mesmo
diâmetro do chumbador. Portanto, se a obra tiver um chumbador de 3/8” a broca tem
que ser de 3/8” e não de 9 mm ou até mesmo 10 mm, pois o chumbador não irá
atingir sua capacidade efetiva (BISETTO, 2011).
28

Figura 2.6 - Chumbadores com Rosca Externa

Fonte: Ancora (2010)

2.1.2.4 Chumbador mecânico para abalos sísmicos

Mesmo os chumbadores mecânicos serem apenas para cargas estáticas, existem


alguns fornecedores que possuem a linha de chumbadores para abalos sísmicos.
São chumbadores que precisam de brocas especiais, pois na ponta da broca a
geometria é cônica, ou seja, forma uma base suporte além da expansão do
chumbador.

Figura 2.7 - Chumbador para abalos sísmicos – FH

Fonte: Fischer (2009)

2.1.3 Chumbadores químicos

Chumbador químico é uma ancoragem que necessita de uma perfuração maior que
o diâmetro do chumbador requerido, pois é composto de uma resina que pode ser
29

de base poliéster, epóxi e vinylester. Pode ser utilizado juntamente com uma barra
roscada, um vergalhão de construção ou uma barra lisa (NASCIMENTO, 2010).

São chumbadores para altas cargas e grandes vibrações. Não precisam de grandes
distâncias entre si ou até mesmo de borda, porém este tipo de ancoragem exige
uma instalação mais complexa, ou seja, é necessário limpar o furo, dependendo do
modelo da base tem que estar isento de umidade.

2.1.3.1 Tipos de base de chumbadores químicos

O modelo da base do chumbador químico é de extrema importância, pois cada


modelo de base tem sua eficiência correspondente com a utilização e meio em que a
instalação esta inserida ou até mesmo a carga solicitada.

Hoje no mercado de fixação são encontradas as seguintes bases de resinas: epóxi,


vinylester e poliéster.

Figura 2.8 - Embalagens em bisnaga e cápsula

Fonte: Fischer (2010)

O epóxi tem a propriedade de cura de 24 horas, ótimo desempenho em locais


úmidos, aderência em qualquer tipo de furo, ou seja, pode ser utilizado em furo
diamantado e de vídea. Possui um alto poder de adesão. É fácil de ser encontrado
no mercado de fixação e vem na versão de bisnaga injetável, lata e alguns
fornecedores em cápsula. Somente possui eficácia em locais maciços, pois são
muito fluidos não sendo recomendados para alvenarias com camisas de injeção.
30

Também podem ser utilizados com barras roscadas e vergalhões de construção,


porém em locais com altas temperaturas o epóxi não resiste e perde a aderência
com o substrato.

Figura 2.9 - Resistência do Epóxi a alta temperatura

Fonte: Fischer (2009)

A resina vinylester, é umas das melhores do mercado. Cura em 15 minutos e pode


ser utilizada em locais úmidos e com altas temperaturas. É encontrada no mercado
na versão bisnaga e cápsula, pois tem a cura rápida trazendo problemas para a
versão em lata. Não pode ser utilizada em furos lisos (diamantados). O furo tem que
estar escarificado, ou seja, é uma resina que adere, mas precisa de uma base
suporte para suportar a carga. Pode ser utilizada para reparos em alvenaria com
camisas de injeção e reparos em locais maciços. Tem altas cargas, porém o poder
de adesão do epóxi é maior (NASCIMENTO, 2010).

A resina a base poliéster possui algumas intervenções que proíbem sua utilização.
Em contato com o concreto ocorre a saponificação, ou seja, a alcalinidade do
concreto que deteriora a resina poliéster, acarretando em uma perda de eficiência do
chumbador. A resina epóxi é muito indicada para reparos leves, portanto sem muita
responsabilidade técnica (BISETTO, 2011).
31

Figura 2.10 - Gráfico da Saponificação da resina Poliéster no concreto

Fonte: Fischer (2009)

2.1.3.2 Chumbadores em lata

Resinas com embalagens em latas são muito comuns no mercado da construção


civil, principalmente pelo preço que o mercado oferece. Qualquer tipo de reforço é
feito com os chumbadores de lata nas edificações, porém são sensíveis a erros, pois
é necessário contar com a mistura do componente A e B feito pelo instalador. As
resinas em lata são para reparos cotidianos em obras (arranque de pilar, fixação de
um guarda-corpo, fixação de gancho para tela fachadeiro, reparo de borda e etc. A
versão em lata só é encontrada com base epóxi (FISCHER, 2011).

Figura 2.11 - Tipos de resinas em lata. Componente A e B

Fonte: Vedacit (2011); Fischer (2010) e Sika (2010)


32

2.1.3.3 Chumbadores injetáveis

Resinas com embalagens em bisnaga são mais caras que as de lata, porém a
certeza de mistura do componente A e B são maiores, pois a mistura e feita no
próprio bico no momento da injeção da resina. No momento da instalação é
necessária uma limpeza rigorosa do furo para a resina não aderir nas partículas
soltas e sim no substrato (FISCHER, 2010). São encontradas a base epóxi,
vinylester e poliéster, para qualquer tipo de aplicador que se encontra no mercado.

Figura 2.12 - Tamanhos de resinas injetáveis

Fonte: Fischer (2010)

2.1.3.4 Chumbadores em cápsula adesiva

As resinas em cápsulas são as melhores em termos de fixação, pois são dosadas,


não precisam de aplicadores e tem altas cargas. No mercado existe a versão em
plástico e em vidro. Podem ser de base epóxi e vinylester.

Com a versão em plástico pode ocorrer alguns problemas, pois o plástico acaba
sendo um corpo estranho na fixação e pode descentralizar a ancoragem. Deve ser
armazenada em temperaturas refrigeradas, quanto a vazão é difícil de perceber
quanto está vazando e a perfuração deve estar isenta de partículas soltas
(NASCIMENTO, 2010).
33

Já a versão em vidro, pode ser armazenada em qualquer local, a fixação não é


descentralizada, quando o frasco cai, consecutivamente quebra,facilita a
visualização da vazão, e pode ser utilizada em furos com partículas soltas, pois o
vidro acaba escarificando o furo efetuando a limpeza do mesmo. O vidro não é um
corpo estranho na fixação, pois também faz parte da composição da ancoragem.

Figura 2.13 - Resinas em cápsula

Fonte: Fischer (2010) e Hilti (2009)

2.2 Normas e Ensaios

2.2.1 Normas Técnicas Brasileiras

No Brasil existem seis normas técnicas tratando do assunto chumbadores, conforme


na tabela 2.2:

Tabela 2.2 - Normas Técnicas Brasileiras referentes à Chumbadores

Número da Ano de
Título
Norma Publicação
Chumbadores - Dimensões e características
NBR 10091 1987
mecânicas
Elementos de Fixação - Pino de Fixação por Carga
NBR 14271 1999
Explosiva – Especificação
Elementos de Fixação - Ferramentas atuadas por
carga explosiva, para aplicação de pinos de aço
NBR 14326 1999
em concreto, alvenaria ou aço estrutural - Formas
tipos e características
Chumbadores instalados em elementos de
NBR 14827 2002 concreto ou alvenaria - Determinação de
Resistência à tração e ao cisalhamento
Chumbadores mecânicos pós-instalados em
NBR 14918 2002
concreto - Avaliação do desempenho
Chumbadores de adesão química instalados em
NBR 15049 2004 elementos de concreto ou de alvenaria -
Determinação do desempenho

Fonte: Arquivo Pessoal (2011)


34

As normas NBR 14271 (ABNT, 1999) e NBR 14326 (ABNT, 1999), referentes à
chumbadores mecânicos fixados à pólvora, e a norma NBR 10091 (ABNT, 1987)
referente à chumbadores mecânicos pré-concretados, não são discutidos nesta
pesquisa, uma vez que estes tipos de ancoragem não são abordados.

Existe ainda a NBR 8800 (ABNT, 2003), referente à Projeto e Execução de


Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas Aço-Concreto de Edifícios, que estabelece
dimensões máximas de furos para peças metálicas que serão fixadas com
chumbadores bem como os desvios máximos aceitáveis na instalação de
chumbadores e parafusos de ancoragem.

2.2.1.1 NBR 14827 (ABNT, 2002) - Chumbadores instalados em elementos de


concreto ou alvenaria - Determinação de Resistência à tração e ao
cisalhamento

Apresenta a definição dos modelos de chumbadores, bem como alguns termos


técnicos, além de prescrever os métodos para os ensaios que determinam a
resistência à tração e ao cisalhamento de chumbadores de pré-concretagem e pós-
concretagem, instalados em membros estruturais de concreto ou alvenaria, nas
condições de carga estática e dinâmica (sísmica, fadiga ou choque), perpendiculares
a uma superfície plana de um membro estrutural.

2.2.1.2 NBR 14918 (ABNT, 2002) - Chumbadores mecânicos pós-instalados em


concreto - Avaliação do desempenho

Assim como a NBR 14827 (ABNT, 2002) apresenta a definição dos tipos de
chumbadores, porém com mais detalhes que sua antecessora.

Estabelece também programas de ensaios para determinação da resistência à


tração, cisalhamento e tração e cisalhamento combinadas, sujeitos a carga estática
e dinâmica (sísmica), para a avaliação de chumbadores mecânicos de pós-
concretagem, sob critérios de projeto da NBR 6118 (ABNT, 2004) que trata de
projetos de estrutura de Concreto Armado. Os critérios são utilizados para
35

determinar se estes chumbadores são aceitáveis para uso em concreto sujeito ou


não a fissuração, estabelecendo categorias de desempenho para os chumbadores.

2.2.1.3 NBR 15049 (ABNT, 2004) - Chumbadores de adesão química instalados


em elementos de concreto ou de alvenaria - Determinação do desempenho

Descreve procedimentos para uma variedade de ensaios para determinação de


ligação por adesão, desenvolvida pelo adesivo entre um elemento de fixação de aço
e a superfície das paredes de um furo aberto no concreto ou na alvenaria estrutural
não sujeitos à fissuração, e para determinação dos efeitos sobre essa ligação de
uma variedade de fatores, incluindo temperatura elevada, incêndio, radiação,
umidade e ação de congelamento e descongelamento.

2.2.2 Ensaios

2.2.2.1 Ensaios Estáticos

Segundo a ABNT (2002), ensaios estáticos são aqueles no qual uma carga é
lentamente aplicada ao chumbador, de acordo com uma velocidade especificada, de
forma tal que o chumbador sofra um único ciclo de carga.

A NBR 14827 (ABNT, 2002) apresenta os procedimentos laboratoriais para o ensaio,


a fim de verificar as resistências à tração e cisalhamento para cargas estáticas,
procedimentos estes válidos para os chumbadores de pré-concretagem e pós-
concretagem, instalados em membros estruturais de concreto ou alvenaria.

2.2.2.2 Ensaios Sísmicos

De acordo com a NBR 14827 (ABNT, 2002) nos ensaios sísmicos aplicam-se ciclos
de carga de magnitude e freqüência variáveis a um sistema de ancoragem e que
pode simular um evento sísmico.

A norma citada estabelece o procedimento a ser seguido, devendo este obedecer a


um programa para simular requisitos sísmicos específicos.
36

2.2.2.3 Ensaios de Fadiga

Ensaio em laboratório que aplica ciclos de carga repetidos a um sistema de


ancoragem, a fim de determinar a sua resistência a fadiga (ABNT, 2002).

A fonte descreve os procedimentos a serem realizados, aplicando-se um programa


especificado de ensaio de fadiga, incluindo método, intensidade de carga, freqüência
e número de ciclos, aplicando em seguida o ensaio estático de tração, determinando
a resistência residual da amostra.

2.2.2.4 Ensaios de Choque

Segundo a ABNT (2002), ensaio de choque é o ensaio que simula cargas de choque
num sistema de ancoragem, com a aplicação de uma carga externa de duração
muito curta.

A referida fonte estabelece os procedimentos laboratoriais, semelhantes ao método


de cargas estáticas, porém aplica-se um número especificado de choques, com taxa
de carga triangular (rampa), com duração de 0,03 segundos por choque, e em
seguida é realizado o ensaio a tração, a fim de medir sua capacidade residual a
tração estática.

2.2.2.5 Ensaios sob o efeito de incêndio de curta duração

Ensaio estático, especificado para chumbadores químicos pela NBR 15049 (ABNT,
2004), cujo propósito é determinar o desempenho do chumbador quando submetido
a temperaturas variáveis no tempo de acordo com a curva indicada na NBR 5628
(ABNT, 2001) que trata da determinação da resistência ao fogo de componentes
construtivos estruturais.

Segundo a ABNT (2004) durante o ensaio de variação de temperatura, submetem-se


os chumbadores a uma carga de tração constante.
37

2.2.2.6 Ensaio sob o efeito de radiação

Ensaio estático, recomendado para chumbadores químicos, onde se expõem as


amostras a uma radiação de raios “gamma”, conduzindo os ensaios de tração e
comparando-os com os ensaios de referência.

Após o término dos ensaios a agência de ensaios deve ser responsável por se
desfazer das amostras, de acordo com normas aplicáveis para destino de lixo
radioativo (ABNT, 2004).

2.2.2.7 Ensaio sob o efeito de congelamento e descongelamento

Ensaio estático realizado em chumbadores químicos, realizado a fim de se verificar o


comportamento dos chumbadores submetidos a congelamentos e
descongelamentos.

A NBR 15049 (ABNT, 2004) apresenta o procedimento para este ensaio, onde os
chumbadores são mantidos carregados com uma carga de tração durante os ciclos
de congelamento e descongelamento.

2.2.2.8 Ensaio sob o efeito de ambiente úmido ou submerso

Ensaio executado em chumbadores químicos, analisando o desempenho de


chumbadores fixados em substratos saturados com água.

Neste ensaio os furos são preenchidos com água potável antes de receber os
chumbadores, e mantidos assim por sete dias. Após este período a água é removida
e os chumbadores são fixados. Depois da cura especificada pelo fabricante,
executa-se o ensaio a tração, comparando os resultados com os ensaios de
referência (ABNT, 2004).
38

2.2.2.9 Ensaio sob o efeito de temperatura de serviço

Ensaio estático realizado em chumbadores químicos, para se verificar a resistência


de chumbadores mantidos por um longo período sob a influência de temperaturas
altas ou baixas.

A NBR 15049 (ABNT, 2004) estabelece os procedimentos a serem tomados, onde


as amostras permanecem em câmaras com temperatura controlada por 24 horas,
sendo realizado ensaio estático à tração imediatamente após a retirada das
amostras da câmara.

2.2.2.10 Ensaio de deformação lenta

A NBR 15049 (ABNT, 2004) estabelece os procedimentos para este ensaio que
deve ser realizado em três etapas, onde os dois primeiros já foram abordados
anteriormente: estático à tração, ensaio estático à tração em temperatura elevada e
ensaio de deformação lenta em temperatura elevada.

2.2.3 Desafios na Normatização de Chumbadores

Como apresentado acima, as normas brasileiras relacionadas aos chumbadores


possuem quase dez anos de idade, sendo nítida sua defasagem em relação às
internacionais, seguidas pelos principais fornecedores destes materiais.

Ao contrário do que vimos na área da engenharia como as estruturas de concreto


armado, a tecnologia dos chumbadores avançou muito nos últimos anos, ampliando
a defasagem das normas existentes no país.

Exemplo disso está na NBR 14918 (ABNT, 2002) que afirma que as especificações
quanto aos materiais, acabamento de superfície, tratamentos térmicos,
revestimentos superficiais, entre outras, estavam atrelados as instruções dos
fornecedores.
39

De maneira geral as normas encontradas hoje se resumem a apresentar


sucintamente a definição dos tipos de chumbadores, os procedimentos dos ensaios
a serem realizados e os desvios aceitáveis na instalação de chumbadores em
estruturas de aço ou aço-concreto.

Faltam instruções para dimensionamento dos chumbadores independente dos


manuais técnicos dos fornecedores, desempenho dos chumbadores, interferências
do material do substrato, distanciamento entre chumbadores, característica de base
dos chumbadores, característica do aço aplicado, espessura da base onde serão
aplicados os chumbadores, distância de borda, entre outros.

2.3 Dimensionamentos de ancoragens

Os chumbadores são elementos usados para transferir ao material base forças de


tração, compressão, de cisalhamento ou corte associado com tração e compressão
(ZATTONI, 2008). O comportamento e o dimensionamento dos chumbadores são
um assunto, que diante da carência de normatização e de informações técnicas,
permanece à disposição dos fornecedores e suas especificações.

Segundo Zattoni (2008), o uso dos chumbadores é cada vez mais freqüente, pois de
fato a sua eficiência é aprovada em ancoragens de peças de concreto, em
ancoragens de peças de aço com o concreto, em reforços de fundações e
estruturas, assim como na implantação de arranque de pilares em estruturas
prontas.

Em atendimento a essa diversidade, os fornecedores trabalham para garantir


soluções que mantenham este mercado crescente e atrativo como solução
construtiva. Para garantir eficácia no desenvolvimento e aplicação dos produtos,
existem projetistas que se especializam no assunto, mas não possuem respaldo de
exigências normativas e conhecimentos de procedimentos para aplicação no projeto.

Sendo assim, a consulta aos fornecedores de fixação é cada vez mais comum, já
que em seus manuais técnicos são encontradas informações para o
dimensionamento de um chumbador e em para qual caso será adequado o seu uso.
40

Em continuidade aos assuntos normativos tratados anteriormente, sabe-se que o


mercado brasileiro não dispõe de normas técnicas regulamentadas e que a
especificação dos chumbadores fica condicionada aos manuais técnicos elaborados
pelas próprias organizações, que se baseiam em empresas internacionais que por
sua vez, apresentam controles normativos mais rígidos.

Sendo assim as empresas nacionais dimensionam as ancoragens de acordo com as


características do projeto, da execução e do material empregado na obra. Estas
características são estudadas pelo fornecedor e o dimensionamento do chumbador
ideal que atenderá às necessidades será fornecido.
Para realizar o dimensionamento dos chumbadores, os projetistas fazem uso de sua
experiência no assunto, juntamente com as especificações dos fornecedores.

Para atender ao mercado brasileiro existem dois tipos de fornecedores atuantes: os


da indústria nacional, sendo possível citar a Âncora, a Walsywa e a Tecnart e os
fornecedores da indústria internacional como a Fischer, a Hilti e a Hard.

Entre estas empresas existem muitas diferenças em relação ao custo dos produtos e
à metodologia de aplicação e utilização. As empresas nacionais abordam o básico,
se baseiam em fórmulas para realizar o dimensionamento, sem possuírem
responsabilidade técnica pelas possíveis falhas que possam vir a ocorrer, tratando
apenas da venda e da especificação dos materiais.

Já as empresas internacionais são mais criteriosas e se baseiam em Normas


Técnicas européias e/ou americanas para realizarem um determinado
dimensionamento. O processo é mais rígido devido à responsabilidade técnica que a
empresa assumirá junto ao cliente, existindo inclusive uma preocupação em relação
ao comportamento do material após a sua utilização, assim como a avaliação se a
sua aplicação foi eficaz e não ocasionará fissuras e outras patologias no concreto
(ZATTONI, 2008).
41

2.3.1 Chumbadores pré-concretados e pós fixados

O dimensionamento deste tipo de chumbador depende do concreto e da aderência


desta peça no material. É necessário calcular o diâmetro do parafuso e em alguns
casos, o comprimento do parafuso para garantir a aderência e resistência do
concreto ao cisalhamento.

“Por sua vez esses chumbadores podem ser divididos em chumbadores


pré-concretados no concreto de primeira fase e ou no concreto de segunda
fase ... Chumbadores pós-fixados podem ser classificados em chumbadores
químicos, e os chumbadores de expansão controlada e de expansão por
percussão.” (ZATTONI, 2008, p.2).

2.3.2 Tipos de montagem de chumbadores

As aplicações dos chumbadores podem ser feitas com a aplicação de montagens


simples ou passantes, sendo que cada aplicação tem a sua vantagem e
característica.

A diferença básica entre estas aplicações é que para a montagem simples, existe a
possibilidade de execução de furos com diâmetros menores, que por outro lado,
requer maior precisão na aplicação e a montagem passante, é possível exigir menor
precisão na locação dos furos, com furos de diâmetros maiores.

Figura 2.14 - Demonstração de montagem simples e montagem passante

Fonte: FATEC SP (2008)


42

“Cada um das aplicações tem a sua vantagem, na montagem simples temos


a necessidade de furos de menores diâmetros na peça a ser fixada, porém
se requer maior precisão na aplicação dos chumbadores. Já na montagem
passante podemos ter a peça como gabarito de furação, exigindo menor
precisão na locação dos furos, porém o furo poderá, dependendo do modelo
do chumbador, ser de diâmetro maior do que seria se fosse instalado como
montagem simples.” (ZATTONI, 2008, p.3).

2.3.3 Tempo estimado para aplicação do chumbador no concreto

Como os chumbadores surgem como uma solução prática e eficaz, é possível


otimizar o tempo de duração da obra garantindo o cumprimento do cronograma
estabelecido, já que a aplicação das ancoragens é bastante rápida e a relação entre
os benefícios oferecidos em sua aplicação, são compensadoras. Na Tabela 2.3 é
possível verificar a relação entre os chumbadores, o seu diâmetro, o tempo de
aplicação e o equipamento utilizado.

Com esta análise, é possível verificar que os chumbadores aplicados com


equipamentos específicos e métodos tecnológicos possuem um tempo de instalação
menor e os chumbadores aplicados de forma manual, apresentam um tempo de
instalação maior.

2.3.4 Alguns tipos de chumbadores e suas aplicações

Neste item serão apresentados alguns chumbadores da tabela acima, demonstrando


como é feita a sua instalação e as características que os diferenciam dos outros
modelos, apresentando as situações que viabilizam a sua aplicação.

2.3.4.1 Chumbadores de expansão por percussão

Este modelo de chumbador possui uma resistência maior que os chumbadores


fixados por expansão controlada. A fixação destas peças é realizada pela expansão
da ponta do chumbador, que é provocada pela introdução da bucha na jaqueta com
de golpes. Diante deste fato, a expansão não é classificada como controlada.
43

Tabela 2.3 - Relação entre o chumbador e tempo estimado para sua aplicação

TIPO DE DIÂMETRO TEMPO DE EQUIPAMENTO


CHUMBADOR (POL) APLICAÇÃO (1 PEÇA) UTILIZADO
1/4 5,0 min
3/8 5,0 min APLICAÇÃO
AUTO-PERFURANTE MANUAL COM
1/2 10,0 min
MANUAL BATEDOR E
5/8 15,0 min MARTELO
3/4 17,0 min
1/4 2,0 min
CHUMBADORES DE 3/8 2,5 min FURADEIRA
EXPANSÃO POR 1/2 3,0 min
PERCUSSÃO 5/8 4,0 min
MARTELETE
3/4 7,5 min
1/4 1,5 min
CHUMBADORES DE 3/8 2,0 min
EXPANSÃO POR
1/2 2,0 min MARTELETE
PERCUSSÃO
AUTOPERFURANTES 5/8 3,0 min
3/4 5,5 min
1/4 1,0 min
CHUMBADORES DE 3/8 1,0 min FURADEIRA
EXPANSÃO POR
1/2 1,5 min
PERCUSSÃO COM
BUCHA CATIVA 5/8 2,0 min
MARTELETE
3/4 3,0 min
3/16 1,0 min FURADEIRA
CHUMBADORES DE 1/4 1,0 min
EXPANSÃO 5/16 1,0 min FURADEIRA
CONTROLADA COM 3/8 2,0 min
JAQUETA 1/2 2,0 min
MARTELETE
5/8 2,5 min
1/4 1,0 min
3/8 1,0 min FURADEIRA
CHUMBADORES DE 1/2 1,0 min
EXPANSÃO
5/8 1,0 min
CONTROLADA COM
PRESILHAS 3/4 1,0 min
MARTELETE
7/8 2,0 min
1 3,0 min
3/8 1,0 min
FURADEIRA
1/2 1,0 min
CHUMBADORES 5/8 1,0 min
QUÍMICOS 3/4 1,0 min
MARTELETE
7/8 2,0 min
1 3,0 min
Fonte: Tecnart (2008)
44

Tabela 2.4 - Distância mínima para aplicação do chumbador de expansão por percussão
DISTÂNCIAS MÍNIMAS
X = 10 VEZES O DIÂMETRO DO FURO DISTANCIA ENTRE CHUMBADORES
Y = 5 VEZES O DIÂMETRO DO FURO DISTÂNCIA DO CHUMBADOR À BORDA
Fonte: Tecnart (2008)

Para sua aplicação é necessário fazer um furo com o diâmetro ligeiramente maior
que o diâmetro do chumbador na profundidade exata da peça, pois o chumbador
deverá entrar ajustado no furo. Assim como qualquer outra aplicação, a superfície
deverá estar limpa e sem partículas soltas.

“Posicione o cone de expansão na extremidade do chumbador e introduza o


chumbador no furo. Fazer a expansão do chumbador por meio de
percussão, com auxílio de um martelo.” (TECNART, 2008).

Figura 2.15 - Aplicação do chumbador de expansão

Fonte: Tecnart (2008)

2.3.4.2 Chumbadores de expansão por percussão – Auto- perfurante

Da mesma forma que o modelo anterior, a fixação é realizada pela expansão da


ponta do chumbador. A diferença básica se da pelo fato da instalação deste
chumbador auto-perfurante ser manual, apenas com batedor e martelo.

Mesmo com aplicação manual, este tipo de chumbador apresenta grande


capacidade de carga e segurança de execução do furo na medida exata,
principalmente na profundidade.
45

Tabela 2.5 - Distância mínima para aplicação do chumbador de expansão auto-perfurante


DISTÂNCIAS MÍNIMAS
X = 12 VEZES O DIÂMETRO DO FURO DISTANCIA ENTRE CHUMBADORES
Y = 6 VEZES O DIÂMETRO DO FURO DISTÂNCIA DO CHUMBADOR À BORDA
Fonte: Tecnart (2008)

“Com o chumbador roscado no batedor inicie o furo no concreto por meio de


pancadas acompanhadas de rotações do batedor. Retire toda a poeira do
furo e introduza o cone de expansão (bucha) na ponta dentada e recoloque
o conjunto no furo. Fazer a expansão do chumbados por meio de pancadas
com um martelo.” (TECNART, 2008).

Figura 2.16 - Aplicação de chumbador auto-perfurante

Fonte: Tecnart (2009)

2.3.4.3 Chumbadores de expansão com bucha cativa

O tipo de chumbador com bucha cativa possui uma resistência ainda maior que os
chumbadores fixados por percussão e bem maior que chumbadores de expansão
controlada. A aplicação é feita com furadeira ou martelete, pode ser usado com
parafuso tipo máquina, estojo ou com barras roscadas.
46

Tabela 2.6 - Distância mínima para aplicação do chumbador de expansão com bucha cativa
DISTÂNCIAS MÍNIMAS
X = 10 VEZES O DIÂMETRO DO FURO DISTANCIA ENTRE CHUMBADORES
Y = 5 VEZES O DIÂMETRO DO FURO DISTÂNCIA DO CHUMBADOR À BORDA
Fonte: Tecnart (2008)

“Para aplicação faça um furo com broca e diâmetro ligeiramente maior que o
diâmetro do chumbador. O chumbador deverá estar ajustado no furo. Retire
toda a poeira do furo e introduza a peça. Fazer a expansão do chumbador
por meio de percussão (pancadas com um martelo) com auxílio do batedor.”
(TECNART, 2008).

Uma das principais vantagens deste modelo é possuir a capacidade de carga maior
que os modelos semelhantes de bucha externa.

Figura 2.17 - Aplicação de chumbador com bucha cativa

Fonte: Tecnart (2009)

2.3.5 Dimensionamento dos chumbadores

Para dimensionar um chumbador é necessário determinar os coeficientes de


segurança que variam de acordo com o tipo de carga a que o chumbador está
submetido, sendo que estes coeficientes são especificados em Normas
Internacionais, nos catálogos e nos manuais técnicos dos fornecedores.
47

Tabela 2.7 – Coeficientes de Segurança


TIPO DE CARGA FATOR DE SEGURANÇA
CARGA ESTÁTICA S=4
CARGA VARIÁVEL S = 4 OU 5
S = 8 A 10 - Vibração em um sentido
CARGA VIBRATÓRIA
S = 12 A 15 - Vibração nos dois sentidos
CHOQUES S=4
Fonte: Tecnart (2008)

Com a finalidade de dimensionar e especificar o modelo adequado é importante que


algumas informações sejam disponibilizadas aos projetistas, como a carga de
projeto que pode ser aplicada e se o chumbador estará sujeito a uma carga estática.

Obtendo estes dados, é possível verificar no catálogo da empresa fornecedora a


carga de arrancamento e a carga de cisalhamento, que deverão ser divididos pelo
coeficiente de segurança.

Graficamente, em porcentagem, é possível apresentar a variação de carga


admissível em função do concreto existente. Este gráfico foi elaborado com base em
um concreto de Fck = 274 kgf/cm², sem armadura.

Figura 2.18 – Variação de carga admissível em função do concreto

Fonte: Tecnart (2008)


48

Os resultados obtidos apontam os efeitos do concreto na capacidade do chumbador


adotado.

2.4 Reparos estruturais com a utilização de chumbadores

A utilização de chumbadores como método de ancoragem na construção civil ocorre


por diversas vezes para atender à necessidade de executar reforços nas estruturas
das edificações (HILTI, 2009).

Entre os diferentes fatores que contribuem para a degradação das construções


podem-se citar variações de temperatura, reações químicas ou eletroquímicas,
vibrações, erosão e, um dos mais preocupantes, o fenômeno da corrosão das
armaduras do concreto armado, que representa um significante percentual nos
problemas patológicos das estruturas (GRANATO, 2010).

É necessário conhecer bem as causas e os sintomas da corrosão para que se adote


o método e o procedimento adequado de reforço estrutural. Dependendo do
diagnóstico são utilizados chumbadores para aumentar a resistência da estrutura
danificada de modo eficaz.

2.4.1 Patologias das construções

Define-se patologia como a ciência que estuda a origem, os sintomas e a natureza


das doenças. No âmbito da construção civil, a patologia significa o estudo das
irregularidades do concreto que podem gerar deterioração das estruturas em geral
(GRANATO, 2010).
49

Tabela 2.8 – Causas dos Problemas Patológicos em Estruturas de Concreto

Fonte: Souza e Ripper (2010)

Tabela 2.9 – Origem das falhas em edificação em diversos países

Fonte: Picchi (2010)

Tabela 2.10 – Natureza das falhas em diversos países

Fonte: Picchi (2010)


50

2.4.1.2 Corrosão das armaduras

A corrosão das armaduras do concreto armado é um dos principais fenômenos


patológicos do concreto armado e pode trazer enormes danos às construções. Pode
ter origem por ação química ou eletroquímica, sendo que quando originada por ação
eletroquímica, causa danos ainda maiores, transformando a armadura em óxidos e
hidróxidos de ferro, conhecido como ferrugem que com o passar do tempo reduz a
área do aço prejudicando sua resistência (GRANATO, 2010).

2.4.1.3 Cloretos

A corrosão por ação de cloretos ocorre principalmente com o contato de água que
possui cloreto em sua composição, areia do mar ou aditivos aceleradores. As
regiões próximas à costa marítima são as mais atingidas, pois os cloretos penetram
diretamente pela rede de poros do concreto (GRANATO, 2010).

Conforme o referido, os íons de cloreto dissolvem a camada passivadora de


corrosão produzindo assim uma ruptura pontual do aço.

Figura 2.19 – Danos causados pela ação de cloretos

Fonte: Granato (2010)


2.4.1.4 Carbonatação

O dióxido de carbono presente na atmosfera, em contato com os componentes


alcalinos do concreto reduzem significantemente o pH do concreto e desta forma
surge a frente de carbonatação, composta por duas zonas de pHs distintos, uma
base e uma neutra. Esta frente vai em direção à armadura causando a
despassivação do aço que se torna vulnerável (GRANATO, 2010).
51

Da referida fonte, a velocidade da carbonatação no interior do concreto depende de


fatores como a compacidade e porosidade do concreto, e a temperatura e umidade
do ambiente em que se encontra.

Figura 2.20 – Ensaio de fenolftaleína para avaliar a profundidade da carbonatação do concreto

Fonte: Granato (2010)

2.4.1.5 Sulfatos

Este tipo de anomalia ocorre pela ação do íon sulfato, presente freqüentemente nas
águas industriais residuais, nas águas de esgoto e do subsolo.
O sulfato reage com o hidróxido de cálcio, formando o gesso, que por sua vez reage
com o aluminato de cálcio do cimento formando sulfoaluminato de cálcio hidratado
(etringita). Este processo causa a expansão do concreto e conseqüentemente, gera
fissuras na sua superfície (GRANATO, 2010).
52

Figura 2.21 – Danos causados pela ação de sulfatos

Fonte: Granato (2010)

2.4.1.6 Reação álcali-sílica

Alguns agregados utilizados na produção do concreto contêm sílica ativa. Este


material em contato com os álcalis contidos no cimento formam um gel álcali-sílico,
que em contato com água presente no interior do concreto pode provocar aumento
de tensão e conseqüentemente a expansão do concreto (GRANATO, 2010).

Figura 2.22 – Danos causados pela reação álcali-sílica

Fonte: Granato (2011)


53

2.4.1.7 Lixiviação

Trata-se da dissolução do hidróxido de cálcio existente no cimento devido ao ataque


de águas puras ou com poucas impurezas como as de condensação industrial,
degelo, água de chuva ou águas pantanosas. Com a circulação destas águas no
interior do concreto é comum a diminuição do pH e a degradação que aumenta a
porosidade e conseqüentemente causa a sua desintegração (GRANATO, 2010).

Figura 2.23 – Danos causados por lixiviação

Fonte: Granato (2010)

2.4.1.8 Fissuras e Trincas

Outro grave problema das estruturas de concreto que reduz sua resistência é o
surgimento de trincas e fissuras que ocorrem sempre que a deformação à tração do
concreto excede a sua resistência. Alguns fatores interferem na gravidade deste
problema, entre eles a agressividade do ambiente onde se encontra a construção e
a qualidade do concreto (GRANATO, 2010).

De acordo com o referido, as fissuras facilitam a entrada de agentes agressivos no


concreto que por sua vez, em contato com a armadura, podem danificar a estrutura
como um todo.

As fissuras podem ocorrer por problemas na execução como falta de armadura


suficiente, posicionamento incorreto ou deslocamento das armaduras (tanto as
54

principais quanto as secundárias), cura má executada, espessura de cobrimento das


armaduras insuficiente ou ainda por cargas aplicadas não previstas, de
flexão,cisalhamento e torção.

As principais conseqüências destes defeitos executivos são a diminuição de


resistência da estrutura e a facilitação de entrada de agentes agressivos no
concreto, deteriorando desta forma as armaduras.

Dependendo da gravidade do problema, há a desagregação do concreto, deixando a


armadura exposta e mais suscetível ainda às ações nocivas.

Na Tabela 2.11 são apresentados possíveis causas de fissuração do concreto, tanto


antes quanto depois do endurecimento.

Tabela 2.11 - Possíveis causas de fissuração do concreto

Resfriamento precoce

Retração plástica
Antes do Plásticas
endurecimento Assentamento plástico
Movimento do concreto
Movimento durante a fresco
execução
Movimento da sub base
Areias com retração
Físicas Retração de secagem
Perda de água
Corrosão do aço
Químicas Reação álcali-agregado

Depois do Carbonatação do cimento


endurecimento Gelo x degelo
Térmicas Variações térmicas
Contração térmica precoce
Sobrecarga
Estruturais Fluência
Cargas de cálculo
Fonte: Granato (2010)
55

2.4.2 Reforços Estruturais

O reforço tem como função aumentar a capacidade de um elemento, estrutura ou


fundação em relação ao projeto original, devido a alteração de utilização,
degradação ou falha que reduziram ou não atendem a sua capacidade resistente
inicial (PIANCASTELLI, 1997).

É cada vez maior o número de pesquisas realizadas que visam o desenvolvimento


desta tecnologia e de novas técnicas construtivas, com o objetivo de oferecer maior
praticidade, aumento na resistência e da vida útil da construção (IBRACON, 2007).
Além da agressividade do ambiente de exposição, o descuido em relação à
durabilidade também contribui para uma deterioração prematura.

Com a constante necessidade de execução das obras em períodos cada vez


menores, o uso de chumbadores químicos ou mecânicos é uma das formas mais
modernas de se executar reparos estruturais quando há necessidade de aumentar a
resistência de áreas específicas da estrutura devido aos diversos problemas
causados pelas patologias, falhas de execução ou alteração de solicitações de
esforços (HILTI, 2009).

“A necessidade de intervenção surge quando determinado elemento


estrutural ou a estrutura como um todo não é mais capaz de resistir aos
esforços provocados por ações externas, cabendo ao especialista em
recuperação de estruturas fazer uma avaliação econômica para escolher
entre abandonar a estrutura, demoli-la ou recuperá-la. O reforço também
pode ser utilizado quando há necessidade de aumentar a carga atuante
devido a modificações em seu regime de utilização, ou através do aumento
de solicitações, ou por alterações em sua geometria.” (PUC – RIO, 2010,
p.23).

De acordo com o Piancastelli (1997), os procedimentos para utilização de


chumbadores acabam sendo mais rápidos, práticos e econômicos do que os
métodos convencionais, portanto, é uma forma eficaz de aumentar a produtividade
da obra. Atualmente a utilização de chumbadores está sendo cada vez mais
difundida no Brasil, ainda que haja certa deficiência em bibliografias sobre o
56

material. Ainda assim, a definição da técnica mais adequada a ser utilizada de


acordo com a viabilidade técnica e econômica, é uma das etapas mais importantes
do projeto de reparo e reforços.

As técnicas de reparo conhecidas são divididas em reparos estruturais e superficiais,


mas ambas tem o objetivo de restabelecer as condições originais e estruturais da
peça. Nestes casos, o reforço aumenta a capacidade resistente diante dos novos
esforços atuantes no elemento a ser reforçado (PUC – RIO, 2010).

De acordo com o Certificado Digital da PUC – Rio (2010), para a execução de


reparos e reforços é necessário seguir alguns procedimentos:

- Diagnosticar problemas e tomar medidas emergenciais necessárias;


- Analisar a viabilidade do projeto;
- Investigar o estado da estrutura com o auxilio de ensaios não destrutivos,
considerando a sua rigidez e redistribuição de cargas;
- Selecionar o material e a melhor técnica a ser utilizada;
- Elaboração de projeto detalhado;
- Execução do projeto em um rigoroso controle de qualidade.

Quando há falhas na execução ou solicitação de esforços maiores do que a


estrutura estava prevista a suportar, faz-se necessário a implantação de reforços. Os
chumbadores são utilizados como ligação entre o elemento original e o elemento de
reforço. Desta forma é utilizado para ligação entre concreto de diferentes idades.
Normalmente, o concreto utilizado no reforço apresenta características semelhantes
ao existente, principalmente resistência e módulo de elasticidade. Isto ocorre para
que o comportamento da peça como o conjunto monolítico seja satisfatório
(PIANCASTELLI, 1997).

“Os materiais utilizados devem possuir as seguintes características: baixa


permeabilidade, alta durabilidade, boa aderência ao concreto e ao aço, boa
resistência estrutural, baixa retração, boa trabalhabilidade, fácil aplicação e
propriedades compatíveis com as do concreto e do aço.” (SHEHATA, 2007,
p.2).
57

Figura 2.24– Chumbadores de ligação concreto-concreto

Fonte: Souza (1990)

O reforço de peças com chapas de aço coladas com resina epóxi ou perfis metálicos
é uma técnica usada em casos onde há deficiência de armadura, sem haver
deficiência nas dimensões dos elementos estruturais. Outra alternativa é a adição de
compósitos armados com fibra de carbono ou fibra de vidro, que são utilizados para
aumentar a ductilidade e a resistência de pilares de pontes e viadutos, e de
aumentar a capacidade resistente à flexão e à cortante de vigas e lajes, processo
este que requer estudos detalhados para a escolha do sistema de ancoragem e
análise das tensões (PUC – Rio, 2010).

Segundo Piancastelli (1997) é comum a utilização de chumbadores em reforços


laterais ou encamisamento de pilares. Estes reforços promovem um aumento
significativo na rigidez da peça, assim como o aumento da seção transversal e pela
adição de armaduras de aço aumento nas seções transversal e longitudinal, já que
são inseridos em uma camada de concreto ou argamassa que envolve a seção
original.

“A técnica de encamisamento apresenta as vantagens de ser econômica, de


utilizar materiais tradicionalmente usados na construção civil (concreto e
aço) e de, desde que devidamente projetada e executada, ser eficiente e
maior possibilidade de conferir aos elementos reforçados os modos de ruína
clássicos de peças de concreto armado.” (SHEHATA, 2007, p.2).
58

Figura 2.25 – Reforço em pilar com utilização de chumbadores

Fonte: Piancastelli (1997)

De acordo com o referido, nas vigas de concreto armado, a utilização dos


chumbadores ocorre para reforços devido às solicitações de flexão e cisalhamento.
Muitas vezes, assim como nos pilares, também é executado o encamisamento da
viga e a junção da peça existente com o reforço é feito com a utilização de
chumbadores.

Figura 2.26– Modelo para cálculo de área de interface entre viga e reforço

Fonte: Shehata (2007)


59

Figura 2.27 – Reforço em viga com utilização de chumbadores

Fonte: Piancastelli (1997)

Figura 2.28– Modelo para demonstração do posicionamento dos chumbadores

Fonte: Shehata (2007)

Conforme Piancastelli (1997), em lajes, os chumbadores são utilizados


principalmente para reforços devido às solicitações de flexão. Os mesmos também
podem ser utilizados para dar a aderência necessária para que a peça conjunta,
concreto original e de reforço, tenham o bom funcionamento garantido.
60

Figura 2.29– Reforço em laje pela face inferior com utilização de chumbadores

Fonte: Piancastelli (1997)

Além das utilizações acima, ainda ocorre o emprego de chumbadores para reforços
de fundações e na execução de consolos nas estruturas de concreto armado.
Também se faz sua utilização para interligação das peças de concreto com
elementos de reforço como chapas metálicas (PIANCASTELLI, 1997).

Outra utilização dos chumbadores, que não é abordada neste trabalho, mas vale a
pena ser citado, é a utilização como reforço provisório ou permanente em solos
grampeados executados para estabilização de taludes e contenções de solos que
permitam a utilização deste método (DYMIDAG, 2011).

No setor industrial, o chumbamento de máquinas e equipamentos de grande porte e


o alargamento de bases no piso quando há necessidade de aumento da área para
acomodar novo maquinário, também pode ser executado com o uso de
chumbadores químicos (TRIEPOX, 2011).
61

3 MATERIAIS E FERRAMENTAS

Para o desenvolvimento desta pesquisa, são utilizados catálogos disponíveis de


fornecedores nacionais, como: Tecnart e Ancora e também, foram utilizadas
apresentações sobre chumbadores químicos, dimensionamentos e princípios
básicos de uma ancoragem, feitas pelo Engº Edson Nascimento da Fischer Brasil e
catálogos de fornecedores internacionais, como: Fischer e Hilti.

Nesta pesquisa, os materiais consultados foram elaborados por professores da


FATEC-SP, que também ajudaram no estudo da linha de chumbadores. Alguns
relatórios de execução da DER-SP foram analisados. E, principalmente, todas as
NBR’s disponíveis no Brasil sobre o assunto chumbadores.

Alguns ensaios de laboratórios sobre chumbadores foram analisados para


elaboração da pesquisa. Foram feitas, pesquisas em livros de recuperações
estruturais e patologias em construções.

E para iniciar o estudo de caso, foi feita uma entrevista com o Engº MSC Thomas
Garcia Carmona da Exata Engenharia e Assessoria, pois ele desenvolveu a solução
para o estudo de caso abordado nesta pesquisa.

Foi utilizado o software da Fischer Brasil, Compufix 8.3, para o dimensionamento


das ancoragens desenvolvidas no estudo de caso.
62

4 REFORÇOS ESTRUTURAIS EXECUTADOS COM


CHUMBADORES

É demonstrada a utilização dos chumbadores em reforços estruturais, apresentando


uma obra onde ocorreram falhas executivas graves, apresentadas com detalhes no
item 4.2, sendo a estrutura reforçada com o auxílio de chumbadores químicos e
mecânicos.

4.1 Localização

O empreendimento residencial está localizado na região do Grande ABC, no


município de Santo André, bairro Vila Curuça, nas redondezas do Cemitério Nossa
Senhora do Carmo.

A região caracteriza-se por imóveis de média e baixa renda, classe C e D, contendo


residências unifamiliares térreas e sobradadas, bem como comércios de pequeno
porte.

4.2 Características do Empreendimento

O empreendimento possui 8 torres, com 20 pavimentos de 6 unidades por andar,


num total de 624 unidades com 50 m² privativos cada.

A estrutura do prédio foi constituída em paredes e lajes de concreto armado moldado


"in loco", com fundação em estaca hélice contínua.

4.3 Anomalias Detectadas

Neste empreendimento foram detectadas duas grandes anomalias: ausência de


armadura positiva e negativa no encontro das lajes e paredes de concreto, e
63

desaprumo em diversas paredes. Em seis das oito torres construídas encontravam-


se com as anomalias citadas, sendo necessária a execução de reforços estruturais.
As outras duas torres ainda estavam começando a ser erguidas, sendo possível
construí-las sem a intervenção dos reforços.

4.3.1 Desaprumo das paredes

Em grande parte das paredes do empreendimento foram encontrados desaprumos,


lembrando que neste tipo de estrutura, a parede é a responsável pela transmissão
da carga da laje superior para a inferior.

Em algumas destas paredes este desaprumo foi aproximadamente de 22 cm,


deixando, portanto, as torres levemente inclinadas.

Tal problema foi causado exclusivamente por falha de execução e não


necessariamente o desaprumo ocorreu em uma única direção. Cada parede
encontrava-se desalinhada em uma direção.

Como conseqüência deste desaprumo, as paredes ficam sujeitas a excentricidades,


gerando cargas não previstas no projeto da estrutura.

Além do risco estrutural, tal desaprumo gerou problemas na instalação das


esquadrias e portas, instalações hidráulicas e elétricas, e senão solucionado geraria
um aspecto visual desagradável ao usuário, transmitindo falta de segurança da
estrutura dos edifícios.
64

Figura 4.1 – Vista geral das torres em execução

Fonte: Carmona (2010)

Figura 4.2 – Detalhe das janelas do edifício desalinhado

Fonte: Carmona (2010)


65

4.3.2 Ausência de armadura no encontro laje / parede

O outro grave problema apresentado neste empreendimento ocorreu na armação


das lajes das torres do condomínio.

Novamente devido a falha executiva, as armaduras positivas e negativas das lajes


foram interrompidas no encontro com as paredes.

Desta forma, a aderência desses elementos ocorria somente pelo atrito entre as
peças, sem qualquer ancoragem, correndo o risco de gerar movimentação nas
peças e até entrar em colapso a qualquer momento, principalmente depois que o
edifício recebesse o acréscimo de carga devido ao revestimento e o carregamento
acidental do uso da edificação.

Figura 4.3 – Armaduras positivas e negativas interrompidas no encontro laje/pilar

Fonte: Carmona (2010)


66

Figura 4.4 – Vista da armadura da laje

Fonte: Carmona (2010)

Figura 4.5 – Execução da laje no encontro com pilar

Fonte: Carmona (2010)


67

Ressalta-se que se estas anomalias não tivessem sido diagnosticadas e tratadas,


principalmente com relação ao problema das armaduras das lajes, muito
provavelmente a estrutura entraria em colapso, podendo ocorrer um efeito dominó
com o desabamento de laje sobre laje.

4.4 Soluções

Dentro do contexto das diversas falhas encontradas na edificação, algumas


soluções usuais não foram viáveis tecnicamente, como por exemplo: Combater
desaprumo de até 22 cm com massa de revestimento, utilizar chumbadores pré-
concretados para reforço das lajes ou, até mesmo, romper a peça e soldar um
vergalhão com a armação existente; Demolir a estrutura das seis torres,
recomeçando sua construção.

Dentro das possibilidades levantadas, a solução com chumbadores químicos e


mecânicos se mostrou a mais viável, pois são fáceis para executar, além de possuir
grande eficiência técnica e econômica, evitando assim grandes demolições e espera
de cura de até sete dias.

Para compensar a ausência de armação positiva e negativa nas lajes, foram


necessárias duas soluções. A primeira foi demolir uma pequena parte da parede
entre uma laje e outra, inserindo as armações positivas e negativas.
68

Figura 4.6 – Abertura da parede entre uma laje e outra

Fonte: Carmona (2010)

Mesmo com esta solução, foi fixada abaixo da laje, uma cantoneira com
chumbadores químicos a cada 50 cm.

Este chumbador químico foi a solução mais delicada do estudo de caso, pois teria
que reforçar a laje para não ocorrer um colapso da estrutura.

Laje

Parede

Figura 4.7 - Chumbadores químicos abaixo da laje, para resistir o momento

Fonte: Carmona (2010)


69

Na parte superior da laje, foi necessária a utilização de chumbadores químicos para


a fixação de estribos complementares e, posteriormente foi reconcretada a abertura
na laje.

Figura 4.8 – Fixação dos estribos complementares com chumbador químico

Fonte: Carmona (2010)

Para corrigir os problemas gerados pelo desaprumo das paredes, foram feitos
contrafortes, que são pilares normalmente utilizados para reforço estrutural de muros
e muralhas para suportar esforços laterais.Neste caso, foram aplicados para
reforçarem os pilares e atuar também na correção estética do imóvel. Foram
utilizados chumbadores químicos para uni-los.
70

Figura 4.9 - Execução dos contrafortes

Fonte: Carmona (2010)

Devido à execução dos contrafortes, houve a necessidade de reforçar os blocos de


fundação destes pilares, utilizando-se também chumbadores químicos para este
reforço.

Figura 4.10 - Reforço dos blocos de fundação

Fonte: Carmona (2010)


71

4.5 Execução da Solução

4.5.1 Falta de negativos e positivos das lajes

Após a verificação da ausência da ligação entre lajes e paredes de concreto, tornou-


se necessário efetuar o escoramento da peça estrutural para evitar o colapso
durante a execução.

Figura 4.11 – Escoramento das lajes durante o reforço

Fonte: Carmona (2010)

Na parte inferior da laje foi instalada uma cantoneira fixada com chumbadores
químicos Fischer injetável “FIS EM 3905” com barra de Ø 10 mm.

Para resistir aos esforços das forças cortantes e de tração foi obrigatória a execução
desses chumbadores a cada 50 cm.
72

Figura 4.12 – Aplicação do chumbador na parede

Fonte: Carmona (2010)

Figura 4.13 – Chumbadores instalados para fixarem as cantoneiras

Fonte: Carmona (2010)

Somente para o auxílio à execução da solução, na parte superior da cantoneira


foram fixados chumbadores mecânicos Fischer EA 3/8 “.
73

Figura 4.14 – Chumbadores mecânicos fixados na laje

Fonte: Carmona (2010)

Como correção arquitetônica, foram instaladas molduras de gesso encobrindo as


cantoneiras em todos os apartamentos.

Na parte superior da laje, uma abertura de aproximadamente 50 cm foi feita para a


instalação de estribos complementares com chumbadores químicos Fischer em lata
“FCS liquid”.

Figura 4.15 – Abertura para instalação dos estribos

Fonte: Carmona (2010)


74

Entre uma laje e outra, foram executados furos para a colocação da armação
positiva e negativa que foi travada pelos estribos complementares.

Figura 4.16 – Instalação da armadura positiva e negativa das lajes

Fonte: Carmona (2010)

Figura 4.17– Execução dos furos nas paredes para a instalação das armaduras

Fonte: Carmona (2010)


75

E logo após a colocação das armaduras, foi executada a reconcretagem da


abertura.

Figura 4.18 – Reconcretagem da abertura da laje, após o reparo

Fonte: Carmona (2010)

4.5.2 Desaprumo das paredes

Outra anomalia encontrada foi um desaprumo na fachada do edifício de até 22 cm.


Para combater a falha foram executados contrafortes conforme citado no item 4.3.
76

Figura 4.19 – Contraforte executado

Fonte: Carmona (2010)

Figura 4.20 – Fachada da edificação com os contrafortes

Fonte: Carmona (2010)


77

Para executar a ligação entre os pilares e os contrafortes, foram utilizados


chumbadores químicos Fischer “FIS EM 3905” com CA50.

Figura 4.21 – Detalhe dos chumbadores para ligação

Fonte: Carmona (2010)

4.5.3 Reforços dos blocos de fundação

Devido à execução dos contrafortes, a fundação teve de ser reforçada com a


execução de blocos que foram executados com chumbadores químicos em lata
“FCS liquid”. Primeiramente aumentou-se a seção dos blocos existentes para depois
se fixou a nova armadura.
78

Figura 4.22 – Detalhe da fixação da nova armadura no bloco de fundação

Fonte: Carmona (2010)

Após fixação da armação nos blocos, foi executada a concretagem dos contrafortes
em etapas.

Figura 4.23 – Contraforte com concretado em etapas

Fonte: Carmona (2010)


79

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 Empreendimento após a aplicação da solução

Nesta etapa é necessário informar como foi o comportamento da estrutura após


receber as soluções especificadas.

Após reuniões com projetistas e responsáveis técnicos pelas soluções aplicadas, foi
possível concluir que não houve nenhuma patologia causada pelo reforço das lajes,
pela execução dos contrafortes e pelo reforço da fundação devido aumento de
carga.

Foi constatado que a fixação com chumbadores, unindo o concreto e a armação,


apresentou um comportamento que superou as expectativas, pois além de suportar
o grande esforço, adicionou à estrutura mais resistência aos esforços, contribuindo
assim para que a edificação não apresentasse instabilidade.

Mesmo com a execução dos contrafortes que alteraram a característica da fachada


vendida comercialmente pelo marketing da construtora, não houve nenhum
questionamento por parte dos moradores em relação a essa mudança estética. As
alterações foram bastante positivas e agregaram muito no valor comercial do
empreendimento devido ao visual e ao apelo moderno.

Com relação ao custo da obra, a construtora não informou os valores reais, mas este
reforço trouxe para o projeto um aumento de custo de quase 30% e um atraso na
entrega de quase 6 (seis) meses, o que gerou um desconforto por parte da comissão
dos moradores.

O reforço adotado não estava previsto no orçamento inicial e com isso, seu custo foi
colocado com um adicional, já que não haveria nenhuma possibilidade de inviabilizar
o projeto naquela etapa da construção. Como todas as unidades foram vendidas na
fase de lançamento e o problema foi detectado na execução da sexta torre, o valor
não foi repassado aos compradores, pois este foi um problema de execução.
80

Mesmo com este contratempo junto aos moradores e o grande número de


chumbadores usados para reforços da estrutura, as exigências e intenções da
construtora que convocou a Exata Engenharia para trazer a solução ao problema
constatado, foram plenamente atendidas na prática.

5.2 Demonstração dos cálculos

Os cálculos foram feitos primeiramente pelo Engº MSC Thomas Garcia Carmona da
Exata Engenharia e Assessoria, empresa responsável pelos cálculos, projetos de
execução e consultoria da solução de recuperação do empreendimento, contando
com a experiência que o mesmo possui em projetos e o suporte oferecido pelo Eng.
Cesar Bisetto da Fischer Brasil.

Conforme já explanado no item 4.4, os cálculos se iniciam com o chumbador que


fixou a cantoneira 76x76x5mm (ASTM A-36). Conhecendo a reação da laje que é
0,78 tf/m, iniciou-se o projeto calculando-se a cortante e a tração que o chumbador
deveria suportar (tensão de arrancamento).

Como na instalação foram utilizados chumbadores a cada 0,5 m de cantoneira,


dividiu-se a carga conhecida da laje ao meio, para se especificar os chumbadores.

Para conhecer essa nova carga, foi utilizada a seguinte equação (01):

eq.(01)

Onde:
– Carga cortante em cada chumbador
– carga por metro de laje
- distancia entre os chumbadores
81

Substituindo pelo valor da carga conhecida:

eq.(02)

A força cortante que cada chumbador deverá suportar é de 3,9 kN.


No calculo da tração (arrancamento) foi utilizada a seguinte equação (03):

eq.(03)
Onde:
- é a tensão de tração atuante no chumbador
– carga por metro de laje
- braço do momento da força atuante
- distancia entre os chumbadores

Substituindo pelos valores conhecidos:

eq. (04)
82

3,8

Figura 5.1 – Detalhes da cantoneira fixada

Fonte: Carmona (2010)

Para o dimensionamento destes chumbadores somente foram calculadas essas


duas parcelas porque como foram instalados com 0,5 m de distância um do outro
não foi necessária a verificação de efeitos de cone, bulbos de tensões e efeitos de
borda.

A escolha dos chumbadores a serem executados foi feita comparando-se as forças


admissíveis retiradas do catálogo de chumbadores da Fischer com as encontradas.
O primeiro a ser verificado foi o M8x80 Barra Roscada FTR gvz.

M8x80 Barra Roscada FTR, características:


8 – o diâmetro da barra em mm
80 – corpo da barra, nesse caso 80 mm
Barra Roscada – tipo de corpo do chumbador
FTR gvz – tratamento químico aplicado ao chumbador, nesse caso galvanizado
83

eq.(05)
Onde:
– força de tração admissível no chumbador
– força cortante admissível no chumbador

Para a escolha do chumbador deve-se verificar o coeficiente de utilização da tração,


da força cortante e das duas forças combinadas, que são indicados nos catálogos
técnicos.

eq. (06)

eq. (07)

Onde:
– coeficiente de utilização da cortante, que deve ser menor que 100%.
– coeficiente de utilização da tração, que deve ser menor que 100%.

Coeficiente combinado

eq.(08)

Onde:
- coeficiente combinado de tração e força cortante de utilização do
chumbador, que deve ser menor que 100%.

Substituindo os valores calculados, obtivemos os seguintes resultados:


84

eq. (09)

eq. (10)

eq. (11)

Analisando os resultados, o coeficiente de tração e força cortante atendem a


especificação, porém o coeficiente combinado, ultrapassa e muito o valor admissível,
indicando a utilização de 51% a mais da capacidade do chumbador, exigindo assim
a troca de um chumbador de cargas admissíveis maiores. O segundo que analisado
foi o M10x90 Barra Roscada FTR gvz.

M10x90 Barra Roscada FTR, características:


10 – diâmetro da barra em mm
90 – corpo da barra, nesse caso 90 mm
Barra Roscada – tipo de corpo do chumbador
FTR gvz – tratamento químico aplicado ao chumbador, nesse caso galvanizado

eq. (12)
Onde:
- tensão de tração admissível no chumbador
- força cortante admissível no chumbador

Calculando os coeficientes de utilização:

eq. (13)
85

eq. (14)

eq. (15)

O chumbador M10x90 atende aos requisitos dos cálculos, porém foi escolhido o
M10x130 por questões de segurança na execução, devido a profundidade de fixação
que deveria ser de no mínimo 90 mm para atender aos esforços solicitantes, e
contando que a cantoneira, porca e arruela utilizam cerca de 30 a 40 mm, o corpo de
130 mm desse chumbador atende o necessário.

Na conferência com valores encontrados pelo Engenheiro Thomas e o Compufix


(software da Fischer), os valores de força cortante, tração de tensão e capacidades
dos chumbadores são equivalentes, demonstrando que o dimensionamento foi
corretamente concebido e calculado.

A única diferença apresentada foi no coeficiente de utilização combinado, pois no


software foi considerado o fck de 35 MPa do concreto, qual foi o mesmo executado
na obra, chegando ao valor de 60,4% contra 84% nos cálculos feitos pelo projetista
que considerou 20 MPa, aumentando ainda mais folga nos chumbadores utilizados.

No software foram feitas mais hipóteses com diferentes valores de fck somente para
análise dos casos mais críticos, chegando a tais resultados:

Eq. (16)

E finalmente analisando os resultando alcançados, encontrou-se a solução mais


adequada para a execução, qual foi descrita acima com o chumbador M10x130.

Com relação aos chumbadores fixados na parte superior da cantoneira, não houve
um dimensionamento detalhado, pois foram somente utilizados por questões
86

executivas. Portanto, este chumbador mecânico EA 3/8” foi escolhido através do


catálogo da Fischer.

Figura 5.2 – Tabela de Carga Recomendado do Chumbador EA

Fonte: Fischer (2010)

A especificação dos chumbadores utilizados nas fundações devido aos contrafortes


foi realizada da mesma maneira dos chumbadores mecânicos. Porém, nesta
situação foi levado em conta não só a carga como, também, a facilidade de
aplicação, por isso a execução com FCS liquid (chumbador em lata).

Figura 5.3 – Esquema de montagem do FCS

Fonte: Fischer (2010)

Figura 5.4 – Tabela de cargas do FCS

Fonte: Fischer (2010)


87

6 CONCLUSÕES

A cada dia os chumbadores químicos e mecânicos vêm ganhando cada vez mais
espaço no mercado da construção civil, por serem soluções produtivas e
econômicas, com baixa produção de resíduos, alinhando-se as novas diretrizes de
cronograma e sustentabilidade que dominam o mercado da construção.

Um grande obstáculo para este crescimento na utilização dos chumbadores no


Brasil tem sido o atraso das normas técnicas brasileiras relacionadas ao assunto,
bem como a instrução acadêmica dos profissionais da construção civil sobre este
recurso, ficando o mercado muito dependente das informações provenientes dos
fabricantes destes materiais.

Para dimensionar os chumbadores a serem aplicados, é fundamental o


conhecimento da resistência do concreto (material base), tipo de agressividade do
ambiente, tipo de carga (estática ou dinâmica) e dimensões do local que receberá o
chumbador.

A escolha da melhor solução a ser adotada, para o caso dos chumbadores


mecânicos, está ligada a carga que o mesmo irá resistir, podendo variar o tipo do
aço, o tratamento térmico e o modelo do chumbador.

Já nos chumbadores químicos, sua escolha esta ligada, além da carga, a exposição
à altas temperaturas e material onde serão aplicados, implicando em diferentes tipos
de base (epóxi, poliéster e vinylester). Além disso, para o caso das ancoragens
químicas, podemos ter três tipos de embalagem (lata, bisnaga e ampola), de acordo
com a forma com que estes serão aplicados.

Para os casos de reforços estruturais os chumbadores são utilizados na ligação


entre a base original e o elemento de reforço, conforme executado no estudo de
caso deste trabalho.
88

Alguns cuidados na instalação dos chumbadores são muito importantes, tais como
distância mínima entre chumbadores, limpeza e escarificação dos furos para
chumbadores químicos, entre outros, devendo seguir rigorosamente as instruções
dos fabricantes para a instalação dos mesmos.

Finalmente, no estudo de caso, foram vistos na prática os ganhos dos chumbadores,


diminuindo grande parte da demolição que seria necessária para a correção
estrutural do edifício, bem como o ganho de produtividade na execução da mesma,
reduzindo, assim, os custos decorridos pelo reforço estrutural.
89

7 RECOMENDAÇÕES

Baseado na presente pesquisa sobre chumbadores para reforços na construção civil


recomenda-se que para a escolha do sistema de fixação correto é necessário
analisar vários parâmetros como: material base, espessura do material, distancia
entre as fixações, resistência do material base, ambiente de agressividade e
temperatura do material base.

Como no Brasil a ABNT cita somente significados dos materiais, ensaios e testes,
necessita-se de uma revisão, pois mesmo com a grande eficiência do chumbador
muitos profissionais deixam de recomendar soluções com chumbadores pela falta de
suporte técnico da Norma Brasileira.

Essa falta de bibliografia pode trazer até mesmo soluções superdimensionadas que
geram um elevado custo, podendo inviabilizar o próprio projeto por falta de
informações e confiança no sistema de fixação.

Analisar o material base é de extrema importância, pois um fixação segura esta


ligada diretamente a resistência do material base. É necessário também saber a
espessura do material base, pois além da profundidade de embutimento é preciso
uma folga entre o chumbador e o final da peça para o material não romper.

Distâncias entre os chumbadores devem ser levadas em conta devido aos cones de
tensão que cada chumbador gera ao ser carregado. Mesmo com todas as
conferências anteriores citadas na pesquisa, uma especificação fixação perfeita
pode não ser proveitosa caso o peça onde foi executada se deteriorará em poucos
meses, por isso a agressividade do ambiente deve ser analisada.

Pela escassa bibliografia encontrada na Norma, buscar-se constantemente o suporte


de fornecedores renomados, que é uma maneira de encontrar confiança na solução,
o dimensionamento correto e a fixação exata. Muitos fornecedores possuem
catálogos e software de dimensionamento que podem auxiliar e até mesmo tornar-se
a base de cálculo para muitos profissionais.
90

Com a utilização crescente os chumbadores se demonstram soluções rápidas,


eficiente tecnicamente e econômicas.
91

REFERÊNCIAS

ANCORA SISTEMAS DE FIXAÇÃO. Ancora Sistemas de fixação Ltda. Disponível


em: www.ancora.com.br

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14827: Chumbadores


instalados em elementos de concreto ou alvenaria - Determinação de Resistência à
tração e ao cisalhamento. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. 15p

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14918: Chumbadores


mecânicos pós-instalados em concreto - Avaliação do desempenho. Rio de Janeiro:
ABNT, 2002. 15p

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15049: Chumbadores


de adesão química instalados em elementos de concreto ou de alvenaria –
Determinação do desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 12p

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto e


Execução de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas Aço-Concreto de Edifícios.
Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 289p.

BISETTO, Cesar. Chumbadores Químicos e Mecânicos – Fischer Brasil.


Palestra. São Paulo. Março/2011;

FISCHER BRASIL SISTEMAS DE FIXAÇÃO. Fischer Indústria e Comercio Ltda.


Disponível em: www.fischerbrasil.com.br

GRANATO, J. E. Patologia das Construções: Disponível em:


<http://irapuama.dominiotemporario.com/doc/Patologiadasconstrucoes2002.pdf>
Acesso em: 03 mar. 2011

HILTI DO BRASIL. Hilti do Brasil. Disponível em: www.hilti.com.br

IBRACON. Instituto Brasileiro do Concreto: Disponível em:


http://www.ibracon.org.br/. Acesso em 06 jun. 2011

LIMA, J. M.; PACHA, J. Processos Físicos de Deterioração com Ênfase a


Execução: Disponível em:
<http://patologiaestrutura.vilabol.uol.com.br/processos.htm>. Acesso em: 07 mar.
2011
92

NASCIMENTO, Edson. Sistemas de Fixação – Fischer Brasil. Palestra. São


Paulo. Agosto/2010;

PIANCASTELLI, E. M.: Patologia e Terapia das Estruturas. Reforço com


Concreto: Disponível em: HTTP://www.demc.ufmg.br/elvio/5reforco.pdf>. Acesso
em 03 jun. 2011

PUC – RIO; Reforço Externo à Flexão de Elementos Estruturais em Concreto


Armado. Certificação Digital nº 0016584/CA. Rio de Janeiro. 2010

SHEHATA, L. C.: Reforço de Vigas de Concreto Armado à Flexão Por


Encamisamento Parcial. Artigo Publicado na Universidade Federal Fluminense
49CB0014 Rio de Janeiro. 2007

SOUZA, R. H. F.: Análise do Comportamento de Vigas de Betão Armado


Reforçadas à Flexão e ao Esforço Transverso. Lisboa. 1990

STORTE, Marcos. Impermeabilização-Prevenção e Proteção. Instituto Brasileiro


do Concreto. São Paulo. 2011;

TECNART SISTEMAS DE FIXAÇÃO. Tecnart Indústria e Comércio Ltda.


Disponível em: <http://www.innovar8.com.br/tecnart/index>. Acesso em: 13 mai.
2011;

ZATTONI, C. C. Apostila do Departamento de Hidráulica e Saneamento.


Faculdade de Tecnologia de São Paulo. São Paulo. 2008;

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