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A Editora Conexão Sistêmica orgulhosamente oferece a você o livro

Trauma, Transe e Transformação, o Poder da Presença na prática, escrito


por Thomas Bryson e pela Dra. Ursula Franke-Bryson.
O título diz tudo. Trata-se de um guia teórico e prático para o uso do
poderoso e acessível recurso da Presença para transformar estruturas
internas relacionadas a traumas e, assim, reduzir o sofrimento.
Por incontáveis gerações, nossos antepassados enfrentaram situações
traumáticas de vida e morte com graça e dignidade, da maneira com que
puderam gerenciá-las. As estratégias e as respostas comportamentais dos
nossos antepassados em relação a estas situações difíceis criaram uma rica
biblioteca com o tempo. Nossos mundos internos mantém estruturas -
padrões de resposta instintiva que faziam sentido nos tempos e lugares de
nossos antepassados. Esses padrões emocionais, psicológicas e
comportamentais inconscientes têm guiado inúmeros indivíduos e famílias
para a segurança e sobrevivência. Mas estes mesmos padrões úteis nem
sempre são adequadas para as situações e os problemas enfrentados pelos
clientes e terapeutas de hoje. O que antes era útil, pode ser hoje o
comportamento e os sintomas que levam os clientes a procurarem a terapia.
Este livro tenta compreender a natureza conceitual intemporal da Presença
e descreve métodos para a sua aplicação prática por terapeutas, treinadores
e praticantes de Constelação Sistêmica. Mais do que curar, atualizar nossa
programação interna é transformador.
Thomas Bryson e Dra. Ursula Franke-Bryson são terapeutas e instrutores de
teoria e prática do pensamento sistêmico, de Terapia de Trauma centrada no
corpo e do Poder da Presença. Eles são instrutores seniores da Conexão
Sistêmica e são coeditores da revista sobre constelação sistêmica, Conexão
Sistêmica Sul.
Para conhecer outros títulos da Editora Conexão Sistêmica e saber sobre
próximos treinamentos em Constelação Sistêmica para famílias, escolas e
organizações, visite nosso site:
www.conexaosistemica.com.br
Título Original Trauma, Trance and Transformation:
The Power of Presence in Systemic Practice
Título Trauma, Transe e Transformação:
O Poder da Presença na Prática
Autores Thomas Bryson
Dra. Ursula Franke-Bryson
Editora Editora Conexão Sistêmica
Projeto Gráfico Manuela Neves
Capa Foto de Thomas Bryson
Tradução do Inglês Manuela Neves
Revisão Maria Eugênia Cruz
Manuela Neves
Trauma, Transe e
Transformação

O Poder da Presença na Prática

Thomas Bryson e Dra. Ursula Franke-Bryson


PREFÁCIO

Presença pode ser descrita como a consciência de se perceber o que se


está vivendo agora. Ela pode ser percebida quando a atenção não está
focada no pensamento conceitual e nem está em um estado de transe
resultante de experiências passadas.
A Presença está se escondendo na vista evidente. É tão simples que
desafia a explicação fácil, mas é uma experiência comum, de todos os
dias, para aqueles com olhos para ver a realidade diretamente. É o
contexto em que o nosso pensamento ocorre. É o único elemento
estável em um mundo em constante mudança. É o que está olhando
para fora de seus olhos - e aos olhos de todos os outros.
Este pequeno livro é desafiador e pode perturbar o modo como as
coisas são organizadas em sua mente. Ele aponta para a possibilidade
de viver e trabalhar a partir de uma perspectiva além da nossa
identidade normal, pessoal e sistêmica, ainda firmemente enraizada
na realidade ordinária. Isto pode parecer perigoso, mas na verdade é
muito prático, como este livro tenta mostrar.
Nós nunca fomos ensinados que nossa autoimagem é simplesmente
um princípio de organização, uma orientação que nos ajuda a dar
sentido ao mundo e sobreviver. Tampouco fomos ensinados como é
fácil sair dos estados de transe nos quais temos inconscientemente
vivido.
Aprecie a viagem!
Dra. Ursula Franke-Bryson
INTRODUÇÃO
Estrutura, Presença e fluxo são a trindade conceitual no centro de
nossa teoria terapêutica. Os seres humanos evoluíram estruturas
fisiológicas, psicológicas e mentais em resposta aos encontros com
vida, morte, trauma e estresse. Estas estruturas têm raízes profundas
na herança mamífera do homem. Sua finalidade é orientar e modular
o fluxo de informações através das fronteiras relevantes: interno ao
indivíduo, interpessoal dentro do sistema familiar, e entre o sistema
familiar e seus indivíduos e o maior sistema externo ambiental.
Fluxo é o movimento natural de energia, matéria e consciência. Em
sistemas vivos, o fluxo é a oportunidade para a vida. Se não houver
movimento, há ou algum tipo de equilíbrio ou ocorre morte. Quando
uma pessoa ou sistema tem pouco fluxo, não há energia suficiente para
viver plenamente. Não há informação nova suficiente para sustentar o
crescimento e desenvolvimento. Quando há excesso de fluxo, a vida
pode ser sobrecarregada. Para o indivíduo, se houver excesso de fluxo
não há segurança. Por outro lado, com uma estrutura forte demais,
uma pessoa sente-se restringida e oprimida. Ela terá falta de um senso
de liberdade, talvez sinta que é incapaz de acessar, compreender e se
beneficiar das oportunidades que passam por ela. Com a estrutura
insuficiente, a pessoa poderá não ter fundamentos e será incapaz de
lidar com as vicissitudes da vida. Faltando força, ela não será de tomar
o seu lugar na vida e dar o seu presente para o mundo.
Este livro foca principalmente o poder da Presença na terapia. Nossa
hipótese é que quando a Presença entra em contato com estruturas
internas, o fluxo é introduzido, retornando o sistema a um estado de
possibilidade (Franke, 2010). A natureza paradoxal da Presença é o que
dá um tremendo potencial terapêutico para a integração do indivíduo,
do sistema familiar e do Tudo maior.
Nossa intenção foi manter isto lógico e prático. Ao fazê-lo
contornamos as questões mais profundas que, para serem discutidas
adequadamente, podem exigir um extenso entendimento de filosofia
e teoria da física quântica. Pode-se utilizar a Presença em um nível
prático. Mas os hábitos de pensamento morrem devagar. Para
entender como funciona a Presença, deve-se abrir a visão do mundo
material e permitir que o mistério ilumine o caminho (Gotswami,
1995).
O mundo interior dos seres humanos é vasto e contém imensamente
mais informações do que a ciência tem sido capaz de explicar
adequadamente. É uma representação diferenciada, complexa,
interiorizada de cada indivíduo, das experiências biográficas e
sistêmicas vividas ao longo do tempo no mundo real, personificado na
psique-corpo-mente.
A representação interna inclui dados de sentido armazenados, tais
como imagens, sons, sensações e as emoções associadas, respostas
fisiológicas, padrões de pensamento latentes e comportamentos
associados com a história de vida pessoal de cada indivíduo e de sua
linhagem. Carl Gustav Jung (Jung, 1968), Joseph Campbell (Campbell,
1949) e outros (veja von Luepke, 2008) deixaram um legado de
exploração extensiva dessa riqueza interior.
O advento do pensamento conceptual como tecnologia mental
dominante dos seres humanos hipoteticamente tem ocorrido há
quarenta mil anos (Bryson, 2008). Trata-se de aproximadamente 1.300
gerações, estimando-se que uma geração dura em média 30 anos. Em
cada geração o número de ancestrais dobra. Em menos de cinquenta
gerações, a fonte genética de cada indivíduo inclui a profundidade e
complexidade acumulada da experiência realizada em algo como
cinco trilhões de antepassados. Qualquer informação que seja
relevante para a sobrevivência do indivíduo, do grupo e da sua
linhagem genética é uma informação importante a reter e repassar
para ajudar as futuras gerações a se adaptar, sobreviver e crescer.
Em 1941, o geneticista e vencedor do prêmio Nobel Hermann Joseph
Muller descreveu algo que ele chamou de "diversidade do efeito de
posição (Allis, 2009). Isto significa que a expressão de um gene pode
ser modificada por estresse sem alterar o DNA subjacente. Esses
efeitos são transmitidos por várias gerações. Os genes são ligados e
desligados como um interruptor e os efeitos são transferidos, mesmo
quando a situação inicial já passou. A expressão de genes muda,
mesmo quando o hardware subjacente não é afetado (Felsenfield,
2007).
A tecnologia moderna de armazenamento da imagem e da informação
baseada na teoria da física quântica aplicada oferece relances da escala
potencial do mundo interior. Descrições de organização fractal e de
nuvens de cromossomos ricos em genes no microcosmos do genoma,
agora disponível por meio da tecnologia avançada de imagem, soam
tão imponentes quanto os primeiros relatos da imensidão do espaço
exterior, visto através das imagens do Telescópio Espacial Hubble
(Science, 2009). A nova tecnologia de armazenamento ótico
(desenvolvida pela 3M Corporation) tem capacidade de
armazenamento suficiente tal que o todo o conteúdo da biblioteca de
filmes da Universidade da Califórnia em Los Angeles pode ser
armazenado e acessado em um único disco ótico. A teoria da física
quântica aplicada à epigenética sugere a hipótese de que a vasta
paisagem interior de cada ser humano é espacialmente armazenada
no genoma na forma de padrões de interferência de onda (Franke e
Bryson, 2010).
As estruturas psicológicas nos seres humanos, como todas as
estruturas biológicas, são uma resposta natural e em desenvolvimento
às condições da vida, particularmente o estresse e o trauma. Na nossa
prática, quando falamos de estrutura, nós estamos falando sobre
estruturas psicológicas, emocionais e comportamentais que, ao
mesmo tempo, aparecem como elementos de apoio e que também
podem ser expressados como sintomas em nossos clientes e em nós
mesmos. São estruturas inadequadas - ou excessivamente restritivas
ou de suporte inadequado - que levam os clientes a buscar alívio e
assim a terapia. Este desequilíbrio normalmente vem de eventos
traumáticos intensivos na vida dos clientes e / ou dos seus
antepassados. Antes de explorar o mundo interior de um cliente, é
fundamental saber como trabalhar na velocidade das emoções do
cliente e como retardar conforme for necessário, para ajudar o cliente
a evitar uma re-traumatização e a retornar à realidade presente saindo
do estado de transe (Rothschild, 2003).
Nossa abordagem integra pensamento sistêmico, terapia de trauma
centrado no corpo e o poder da Presença. Estruturas psicológicas
excessivamente restritivas inibem o fluxo natural necessário para a
liberdade. Uma vida saudável requer um equilíbrio da estrutura e fluxo
adequado. Estrutura e fluxo voltam ao equilíbrio quando colocados em
contato com a Presença consciente. A Presença é negligenciada
porque é ela que está olhando, ao invés do que é visto. Presença é tão
simples que é como se ela estivesse se escondendo em plena visão. No
entanto, é muito difícil colocar a Presença em palavras. Pode-se
experimentar a Presença, mas não é exato falar dela como se fosse um
objeto.
Começamos com uma conversa com a Dra. Ursula Franke-Bryson,
seguida por uma série de questões teóricas sobre Presença e uma seção
com exercícios práticos e questões cognitivas potenciais para o cliente.
Há uma conclusão e 27 referências. Esperamos que você considere útil.
RELATÓRIO DO CAMPO: CONVERSA COM DRA.
URSULA FRANKE-BRYSON
Thomas Bryson: Qual é a sua perspectiva sobre Presença na terapia?
Dra. Ursula Franke-Bryson: Ser incorporada neste corpo nesse
conhecido "Aqui e agora" é a base central para a exploração do
desconhecido. Esta realidade presente é o lugar de onde partimos para
juntar informações do mundo interior de nossos clientes e ao qual
retornamos com segurança.
Enquanto a paisagem interior de cada pessoa é única para eles, a
viagem interior é um caminho bem conhecido, tão velho quanto a
humanidade. Encontra-se nas abordagens da Gestalt-terapia, de
Rogers, Jung e Freud, bem como no trabalho de muitos, muitos outros
que têm tentado explorar, entender e validar os espaços internos dos
seus clientes. Todos tentaram levar a sério os seus clientes e ver seus
mundos internos como realidades que refletem a verdade.
Costumo explicar o conceito de Presença e suas implicações no início
da terapia ou da sessão. E eu mostro ao cliente a coordenação mente-
corpo (veja Presença na prática, Exercício um) e do poder físico
resultante que ele pode experienciar imediatamente, de modo que
mais tarde, durante a sessão, podemos voltar a esta experiência.
Às vezes, ao explorar as imagens e o mundo interno do cliente, ele é
puxado imediatamente para dentro do seu espaço interior. Uma
enorme quantidade de informações pode aparecer em forma de
pensamentos, impulsos, imagens, emoções, sensações físicas,
sintomas e estados. Meus clientes normalmente têm fácil acesso às
imagens. Talvez isso seja porque eu sou uma pessoa muito visual e
minha atenção e compreensão é voltada para esse sentido da
percepção.
Explorando o tema ou sintoma do cliente, nós imediatamente
podemos entrar em uma visualização do contexto. Às vezes, os clientes
relatam as imagens que tiveram durante toda a vida. Ou podem ter a
repetição das imagens conectadas com emoções específicas.
O ambiente terapêutico é muitas vezes o único lugar em que essas
imagens, as experiências do cliente e o cliente são levadas a sério -
lugar onde o cliente é recebido por alguém que está disposto a explorar
o significado das experiências para as quais não tem sido capaz de
achar um sentido. Muitas vezes ele foi ridicularizado na infância ou
mais tarde, quando suas experiências não parecem se encaixar. Ele
aprendeu a negar a sua experiência e manter silêncio, mas as imagens
e os sintomas ainda ocorrem.
O encontro com esses espaços internos pode ser esmagador para o
cliente, dependendo das experiências passadas do cliente ou do seu
sistema, e da capacidade de ambos em lidar com essas estruturas e as
emoções. É importante aprender a viajar com segurança, como dosar
a quantidade de informações e diminuir a velocidade quando
necessário, de modo a evitar a re-traumatização do cliente. Trabalhar
lentamente ajuda a combinar a velocidade das emoções e as
capacidades do cliente.
É importante para o cliente aprender como processar as suas
experiências e colocá-las em um contexto significativo. Compreender
os sintomas no nível físico, cognitivo e emocional, e ter um contexto
onde se encaixam e façam sentido, ajuda a sentir que o mundo é
coerente e significativo e que ele pode se sentir seguro nele. Quando
sob estresse, as pessoas buscam informações para entender, para que
possam recuperar um senso de controle (Schaufli, 1993). Desconforto
e medo vêm do que é inesperado, imprevisível, incontrolável e não
pode ser compreendido. Sem isso, a pessoa não pode se sentir segura
neste mundo. É disto que os filmes de terror são feitos.
Quando percebo que o meu cliente está entrando em um transe ao
ponto de não estar mais presente e assim perdendo a capacidade de
explorar, eu o chamo de volta para a Presença, para recuperar a
consciência de que o espaço em que ele estava viajando não é real
neste momento, mas é algo do passado que ele está revivendo como
se fosse verdadeiro agora.
TB: Como você percebe que o cliente está entrando em um transe?
UF: Eu percebo que o cliente está entrando em um transe quando
observo que ele saiu do contato comigo ou quando suas emoções ou
sintomas físicos começam a sair de seu controle. Além disso,
sentimentos e sensações que surgem em mim podem ser tomados
como contratransferência e uma reflexão do estado do cliente.
Quando eu me sinto desconfortável ou ansiosa, sei que isto está vindo
do cliente e sendo sentido no meu corpo.
Quando um cliente fala sobre uma situação difícil, ele ou ela começa
a mostrar reações físicas e emocionais. Talvez os seus olhos percam o
foco ou a cor de sua pele pode mudar. Pode mostrar reações físicas,
tais como tensão na mandíbula ou falta de ar, talvez pare de respirar
ou comece a chorar sem ser capaz de parar.
TB: Como você traz o cliente de volta do transe para o presente?
UF: Trazer o cliente de volta ao agora pode ocorrer por meio de
intervenções físicas ou cognitivas. No nível físico, pode-se pedir que a
pessoa expire. Direcionar a atenção para a respiração traz o corpo ao
foco e deixa a pessoa ciente de seu estado físico atual, o que
normalmente traz relaxamento. Concentrar a atenção na respiração é
como interromper a viagem para recuperar o recurso da Presença
antes de prosseguir.
Pedir ao cliente para inspirar também me dá uma chance para avaliar
a rapidez e aprofundamento com qual o cliente deixa o "Aqui e agora"
e entra em seu mundo interno e a sua capacidade de voltar para cá.
Nós exploramos em seguida o estado físico.
Eu posso direcionar a atenção do cliente perguntando: "O que
acontece quando você expira?" Ou: "Você pode me ver?" Eu fico com
o cliente neste processo até que ele realmente possa me ver como um
ponto de referência no agora. Se temos, dessa forma, recriado uma
base comum para a nossa comunicação, eu falo com o cliente sobre
essa dinâmica de estar tomado por uma imagem, experiência ou um
estado do corpo do passado. Eu converso com o cliente sobre a
importância de ser capaz de voluntariamente entrar e sair desses
espaços do passado, que podem ser nossos ou vir de alguém em nossa
ancestralidade sistêmica. Depois disso, voltamos ao ponto no qual
paramos a viagem. Nós poderemos então continuar a explorar as
imagens, espaços, emoções e sensações corporais, que são memórias
personificadas surgindo do inconsciente.
Quando o cliente retoma contato comigo, eu pergunto se ele tem uma
explicação para a sua reação. O cliente deve ter refletido sobre os seus
sintomas desde que eles começaram. Ao fazer esta pergunta,
ganhamos acesso ao seu conhecimento, seus pensamentos, hipóteses
e ideias sobre o complexo em qual está envolvido. Então eu pergunto
se alguém na família tem estes sintomas para obter mais informações
sobre a reflexão sistêmica nele. Durante a conversação faço um
genograma para explorar onde, nos antecedentes familiares, estes
transes poderiam ter sido adequados - onde poderiam fazer mais
sentido do que fazem agora. Eu considero sempre que o sintoma é uma
reflexão no cliente de um tempo anterior, quando o sintoma fazia
sentido.
TB: O que você faz se não há nenhuma informação relevante no
genograma?
UF: Informações úteis sobre as estruturas internas do cliente e a fonte
dos trauma-transes resultantes e dos sintomas que surgem podem ser
adquiridas por externalização no olho da mente (Franke, 2005), pelo
uso de representantes - representantes vivos ou simbólicos, ou
diretamente pelos sintomas do corpo, reações e emoções (veja:
Presença na prática, exercício três). A experiência tem nos ensinado
que o sintoma sempre tem um contexto correspondente. Se este não
aparecer durante a exploração do genograma, isso significa que ele não
é abertamente acessível. Mesmo assim, eu começo com a exploração
básica de ambos os lados dos pais por meio da constelação.
TB: Qual é a causa dos transes e sintomas do cliente?
UF: A causa preliminar de transes e sintomas do cliente é o trauma
que foi pessoalmente vivenciado ou que ocorreu aos seus
antepassados. A menos que as memórias foram reprimidas ou
tornarem-se fragmentadas, os clientes recordam o que lhes aconteceu.
Se o cliente relata que teve um ataque de pânico depois que ficou preso
em um carro em chamas, por exemplo, o início e a causa aparente
podem ser facilmente explorados.
Quando os clientes apresentam sintomas físicos, comportamentos,
emoções e padrões de pensamento que atrapalham a normalidade da
vida, mas não fazem sentido para eles, apesar de seus esforços para
explorar e compreender, é provável que esses aspectos indesejáveis
venham de antes, do sistema, isto significa de experiências dos
antepassados. Informações sobre traumas sistêmicos podem ser
conhecidas apenas na superfície ou completamente perdidas.
O grau de trauma é refletido na velocidade que o cliente entra no
estado de transe, na tenacidade do transe mantendo o cliente distante
da Presença e na longevidade do transe para persistir na linhagem da
família.
Por outro lado, quando as pessoas são capazes de permanecer
presentes e integrar os aspectos difíceis da vida, não há herança de
negócios inacabados encaminhados através da linhagem a ser
abordada por membros futuros da família!
TB: O que leva os clientes a te procurarem?
UF: O cliente muitas vezes irá dizer algo como: "Eu tenho vivido com
um sintoma e eu quero me livrar dele". E depois: "Eu sei que minha
mãe tinha esse sintoma também e eu não quero que a minha filha
continue carregando o mesmo. Como posso quebrar esse padrão?
Se um cliente chega para trabalhar uma questão pessoal, significa que
as maneiras que tem tentado resolver seus problemas não deram certo.
Significa que algo, que esta ajuda a dar uma imagem completa, está
faltando. Olhar a partir da perspectiva sistêmica com o poder da
Presença traz um ângulo novo, um aspecto novo que não poderia ser
considerado olhando somente a personalidade individual. Um ego de
bom funcionamento não é suficiente.
Porque nós somos a essência do nosso sistema, nossos pensamentos,
comportamentos e seres não só expressam a nossa vida pessoal, mas
também os sentimentos, comportamento e vida do nosso sistema.
Quando um cliente tem um sintoma, significa que algo, um
comportamento, uma emoção ou um padrão de reagir não fazem
sentido no momento. Quando somos incapazes de resolver um
problema com os nossos recursos pessoais disponíveis é preciso
ampliar a visão para compreender os sintomas em um contexto maior
e encontrar os recursos que nos ajudam a trazer uma mudança.
A questão é quando, onde e para quem estes sintomas ou padrões
farão sentido? E como a Presença pode ser trazida em contato com
aqueles que a precisam?
TB: Obrigado pela entrevista.
O QUE É PRESENÇA?
"O 'eu' está em todo lugar, brilhando diante de todos os seres, mais
vasto que o vasto, mais sutil que o mais sutil, inatingível, contudo mais
próximo do que a respiração, do que o bater do coração." - Mundaka
Upanishad (Mitchell, 1989)
Presença é o sentido simples de ser que está subjacente a toda
experiência (Adyashanti, 2006a). É o "sentido personificado da
consciência" (SS o Dalai Lama, 2003). Presença é o normalmente
inconsciente, impessoal "não eu” que está olhando através dos teus
olhos. Não pode ser percebida diretamente ou descrita como alguém
descreveria uma flor. Presença é inefável. É o sujeito que é percebido,
ao invés de um objeto externo, que é conhecido através de ver, tocar
ou ouvir.
Presença está sempre já aqui, receptivo ao que é (Nisargadatta, 1973).
É natural e universal. Antes da percepção, análise, comparação ou
julgamento ocorrerem, a Presença já aceitou tudo exatamente como é,
sem argumento, manipulação ou resistência. Ela recebe da forma que
uma árvore recebe a dança da luz do sol em suas folhas. Quando uma
criança se sente acolhida por seus pais da mesma maneira, há uma
sensação de ser visto e de estar seguro.
Conhecimento sobre e acesso a Presença são aprendidos durante os
desenvolvimentos infantil e pessoal. Se os próprios pais estão
presentes, eles são capazes de olhar para a criança deste lugar,
evocando na criança a afirmação deste espaço eterno. Desta forma, a
criança aprende a reconhecer e validar a Presença em si. Quanto mais
a pessoa está presente e vive com essa abertura e receptividade, mais
se tem um compromisso primário com a vida, ao invés de viver apenas
em resposta às projeções e interpretações.
A Presença não pode ser percebida diretamente, mas há um sentido
impessoal de ser você mesmo que está sempre lá. Não é preciso
esforço, tanto quanto se pode sentir o vento em sua face sem qualquer
intenção de fazê-lo. A Presença é a base de estar sob os pensamentos
e os estados de transe. É o que está lá quando a pessoa simplesmente
relaxa entrando em seu estado natural, não fazendo nenhum esforço
para concentrar a atenção ou excluir objetos internos ou externos,
estados ou experiências específicos (Adyashanti, 2006b).
Processos psicológicos humanos são fundados na sabedoria
acumulada do mundo natural - uma compreensão do que ajuda a
preservar a vida e sua linhagem, o que por sua vez serve o todo. Estar
presente, aprender, adaptar-se, sobreviver e evoluir é, portanto, o
legado de nossa herança animal. A necessidade de pertencer, de
honrar a hierarquia do grupo e de estabelecer vínculos para continuar
a linhagem são igualmente verdadeiras para o homem e para outros
mamíferos. Psicologia e desenvolvimento humano baseiam-se nesta
fundação.
A experiência do sentido intemporal de ser é capturada no tempo
como uma memória na mente e no corpo. A memória implica o todo,
mas não é o todo a qual ela se abre. A memória da Presença passa a ser
a reflexiva "ideia do eu" ou autoconceito. Não é o que somos na
realidade. É o pensamento de quem somos em realidade virtual. A
Presença é o fundo incondicionado sobre o qual a ideia condicionada
do 'eu' é vista em primeiro plano. Juntos, a interação entre a Presença
que parece ser o espelho e o objeto no espelho formam as relações de
sujeito-objeto necessárias para o pensamento conceitual.
Porque a Presença é imóvel e imutável, assume-se que não contém
informações relevantes e normalmente é perdida para a percepção. A
humanidade moderna, em grande parte, perdeu a conexão com o
espelho, considerando somente os objetos refletidos em sua
superfície. Tanto quanto uma pessoa que está focada em uma tarefa
de trabalho específico irá ajustar o ruído de fundo no seu ambiente até
desaparecer, a Presença que está sempre lá no fundo desaparece da
nossa atenção em favor de concentrar-se nos perigos e oportunidades
imediatos no primeiro plano.
Sobrevivência
"O oposto de uma afirmação correta é uma afirmação incorreta. Mas
o oposto de uma grande verdade poderia ser outra grande verdade”. -
Niels Bohr (em: Rosenblum, 2006]
Pensamento conceitual provou ser altamente eficaz para a
sobrevivência humana a curto prazo. A percepção direta da realidade
por meio de estar presente, combinada com a interpretação dessa
realidade baseada em experiências passadas, é muito poderosa.
No entanto, o pensamento conceitual foi um presente e uma
armadilha para a humanidade. É o que permitiu ao homem tornar-se
o predador dominante no planeta e suas limitações colocaram o
planeta em perigo de exaustão. Quanto mais urgentes forem essas
necessidades de sobrevivência, mais o ser e a percepção direta se
movem para o fundo, encobertas pelas necessidades do momento.
Quanto mais as necessidades de segurança exigem ação imediata,
menos essas interpretações são questionados e mais a qualidade
estável intemporal do ser é perdido à atenção.
O contexto, a segurança e a estabilidade se perdem no caminho do
autointeresse estreito e de curto prazo. Tendo confiança no
pensamento conceitual e no instinto de autopreservação, sem o
equilíbrio da Presença, faltam aos indivíduos e grupos de identidade,
tais como países, tribos, religiões e culturas, a grandeza de espírito
necessária para incorporar a paz a longo prazo e o crescimento por
meio da diversidade.
Porque se provou que usar a realidade virtual da mente para o
pensamento conceitual é eficaz para a sobrevivência, os seres
humanos passaram a ver o mundo quase que exclusivamente pela
perspectiva do complexo de autopreservação. Como resultado, a
perspectiva humana normal que "a vida é boa, a morte é ruim" ignora
a realidade que a vida e a morte estão em parceria íntima, que cada
momento deve morrer para o próximo momento tomar seu lugar.
Morte
"Melhor morrer agora enquanto você ainda vive, do que ser escravo do
medo da morte". - Eclesiastes 9:4-6 (em: Shapiro, 2000)
Quando a morte é psicologicamente excluída, os seres humanos
perdem contato com esses lugares das estruturas internas que mais
precisam de cura. A visão humana normal centra-se nas diferenças,
conflitos e mudanças e tende a ignorar o contexto maior de longo
prazo partilhado por todos. Como resultado há uma sensação
propagada de instabilidade e medo.
Presença é o contexto estável e abrangente além da interpretação
pessoal limitada da realidade, que considera apenas os termos de ser
bom ou mau para a segurança pessoal e o autointeresse limitado de
curto prazo. Presença é a chave para libertar-se da limitação ao
pensamento conceitual apenas e o retorno ao estado de possibilidade
- à criatividade, por meio da qual tudo pode acontecer, e não
simplesmente a interminável repetição do que aconteceu e foi
pensado antes. E a Presença oferece a força necessária para enfrentar
as coisas difíceis que têm limitado o nosso acesso à paz e à liberdade
aqui e agora.
SETE ASPECTOS DA PRESENÇA
PARA A PRÁTICA, O TREINAMENTO E A
TERAPIA
Presença é um recurso essencial para o cliente - intelectual, emocional,
espiritual e fisicamente. O fato do terapeuta estar presente
naturalmente tende a chamar a Presença e a estabilidade inerentes no
outro. No processo, o cliente é inconscientemente lembrado do seu
ser mais profundo e mais rico em recursos. Ele revela a possibilidade
de que ele não tem que ficar no mesmo padrão herdado, mas que pode
incorporar a sua própria maneira natural de ser, personificar força e
segurança e dar o seu presente mais profundo para o mundo. A
Presença coloca o fundamento, prepara e abre o espaço para um
caminho sobre o qual nem tem percebido que ele está caminhando.
Aspecto um:
Presença oferece segurança em face ao medo
O medo surge quando o indivíduo sente a necessidade de ser diferente
do que é, para pertencer e ser seguro. É no momento quando o
terapeuta percebe o cliente diretamente como quem ele é que, sem
pedir-lhe que seja diferente de qualquer forma, ele lhe oferece o dom
do destemor. Ninguém pode tirar o medo de ninguém, mas nessa
relação, pelo menos, o medo não precisa desempenhar um papel
central e o cliente pode-se sentir mais seguro.
Quando o terapeuta, conselheiro, treinador ou professor está
presente, o cliente sente-se visto e recebido. A Presença estabelece
uma base de respeito e confiança entre o profissional e o cliente. A
presença autêntica do terapeuta oferece um refúgio de segurança e de
respeito nesse lugar do mero ser, antes de qualquer ação,
aconselhamento ou intervenção da nossa parte e antes de qualquer
melhoria, mudança ou realização da parte dele.
Aspecto dois:
A Presença é essencial para a conexão com nós
mesmos, a vida e os outros.
Nós somos simultaneamente indivíduos, a essência do sistema no qual
nascemos e de sua linhagem e a essência do todo. A Presença é o
denominador comum que constrói uma ponte sobre todos os três.
Explicar a maneira com que se dá essa união é um desafio com uma
visão de mundo pré-física quântica.
Autoconhecimento é a raiz de todo o conhecimento. Por baixo dos
pontos fortes e fracos, abaixo das questões, transes e estruturas de
personalidade, encontra-se o mero ser. Presença é a sensação de ser
que está além do conhecimento.
Uma criança nasce dentro do campo de sua família. A fim de pertencer
e estar segura, a criança adapta-se e identifica-se ao complexo normal
de comportamentos, padrões de pensamento, emoções e consciência
de família inconscientes que é específico para a sua família e linhagem.
Este transe familiar é a cola que mantém o grupo unido.
Cada criança é a essência e a expressão de seu sistema particular da
família. Em termos de sobrevivência, a identidade como um indivíduo
único é secundária à identidade como um membro da família. Os seres
humanos são animais que vivem em grupos, semelhante aos cães
selvagens. A família deve sobreviver a fim de que o indivíduo
sobreviva. Sendo um membro da família, a criança sente todo o
conteúdo emocional da família como se fosse o seu próprio e
compartilha o destino da família. Tudo o que é normal para a família
é normal e adequado por dentro dessa perspectiva relativa e constitui
a base da identidade da criança.
Quanto mais exposta a estresse e trauma a linhagem da família for,
mais rígido se torna o transe familiar que dirige o comportamento.
Para que algo novo aconteça, para que a mudança de crescimento e
adaptação ocorra, deve haver espaço para a diferenciação além das
estruturas existentes e além do transe familiar normal vinculado. Se o
sistema familiar não é estressado demais pela sobrevivência em curto
prazo para inibir flexibilidade, a força e a diversidade dos indivíduos
contribuirão à solidez e à estabilidade de todo o sistema.
A Presença chama a si mesma, como um pássaro chama seu parceiro
na escuridão da manhã. Reconhece-se no ser do outro. Quando uma
criança sorri, sorrimos de volta. Um começa a brilhar e o outro começa
a brilhar. Os dois espiralam dentro da magia do momento. Ou eles não
veem um ao outro. Quando a criança não é vista, ela tenta novamente
conectar-se com os pais. Se as tentativas não forem bem sucedidas, a
criança começa a entrar em tensão ou olha para o lado e para de tentar.
Presença é o que a criança procura dos pais. Na natureza, se um animal
jovem não é visto, não vai vincular-se com os pais. Se o pequeno não
se vincula com eles e não pertence ao grupo, é tomado por um
predador, é morto por um macho dominante de outro clã ou é deixado
para morrer sem alimento. A necessidade de pertencer e a angústia
existencial que surge quando a pessoa não sente que pertence estão na
raiz de muitos problemas psicológicos.
Quando a atenção dos pais está em outro lugar e não está disponível
para a criança, ela aprende que ser "invisível" é normal. Lá no fundo a
criança percebe que suas necessidades não serão atendidas. Isto é
como a criança aprende que tem que cuidar de si mesmo, sabendo que
não pode contar com ajuda. Sem ser vista como ela é, a criança pode
desenvolver uma necessidade sem fim para provar seu valor por meio
do fazer, já que simples existir é considerado como insuficiente. Ou a
criança pode abandonar passivamente a vontade de ocupar
plenamente o seu próprio lugar na vida. "Se eu seguir meu próprio
caminho, então eu não pertenço, eu vou estar sozinho e eu vou
morrer" pode ser a mensagem inconsciente interior.
Quando a criança não tem fundamento em ser, fazer tenderá a ser
cansativo, sem facilidade natural e sem poder. Presença vinda pelos
pais é uma qualidade estável, que dá previsibilidade e segurança básica
para a criança. Só com a Presença refletida de volta à criança, ela
começa a aprender a ter uma conexão com sua própria estabilidade e
resiliência. Com estabilidade e resiliência, ela pode crescer e ser menos
dependente de aprovação dos outros. Ela aprende a atender suas
próprias necessidades e a desenvolver a ser um adulto autônomo
capaz de seguir seu caminho próprio e único. As suas relações serão
baseadas na reciprocidade, ao invés de fusão.
Presença é o contexto maior em que a criança pode sentir que pertence
à família e ao mesmo tempo ser vista como um indivíduo separado,
único e contribuinte. Quando os pais não foram capazes de modelar a
Presença incorporada para a criança em desenvolvimento, a criança
não terá ligação com a sua própria Presença inerente e tende a
permanecer no estado mesclado indiferenciado do transe familiar. Aos
relacionamentos falta a clareza emocional quando no estado infantil
mesclado.
Conexão com outros
Quando alguém acredita que o autoconceito, a "ideia do eu", é
verdadeira ao invés de uma verdade parcial que aparece na realidade
virtual da mente, a pessoa torna-se como se um objeto para si mesmo.
Quando aceita-se ser objeto, por projeção, outros são vistos da mesma
forma. Quando alguém "conhece" o outro, na mente sua realidade
fascinante multidimensional colapsa em um conceito previsível.
Quando a pessoa vê o outro como um objeto de pensamento, o outro
não é realmente visto. O grande filósofo judeu-alemão Martin Buber
aponta para a possibilidade de uma vida vivida a partir do ponto de
vista do sujeito 'eu', e não como um mero objeto que relega todos os
outros ao status de mero objeto (Buber, 1970).
Presença é o que o amante estima de precioso em sua amada. A
Presença dá uma grande sensação de frescor, de intimidade, enquanto
ao mesmo tempo fornece a base para limites saudáveis entre os
indivíduos. A Presença cria uma ponte entre o paradoxo inerente na
necessidade por amor e respeito nas relações, por entrar em
ressonância com o outro e ainda permanecer dentro de seu próprio
espaço. Por meio do amor, os dois se tornam um. Por meio do respeito,
os dois estão sempre separados, com limites. Por meio da Presença,
ambos são um e dois ao mesmo tempo.
É preciso haver fronteiras entre os indivíduos em uma relação para que
haja intercâmbio, fluxo de novas informações, para que cada um possa
dar o seu dom ao outro. Através da Presença, há um limite entre os
indivíduos que ajudam a esclarecer e definir a relação. Então o outro é
algo novo, não limitado por projeções e "saberes", da mesma forma
que um belo nascer do sol é fresco e surpreendente. Ao mesmo tempo,
a Presença ressoa com a Presença do outro.
Conexão com a vida
Engajar a vida com Presença é dizer sim à vida como ela é, incluindo a
aceitação de que a morte é um parceiro natural da vida. As questões
que surgem em constelações sistêmicas quase sempre giram em torno
da vida e da morte. Afastar a morte é uma maneira de afastar a vida.
Se alguém tem apenas um ano, um dia ou uma hora para viver, o que
se torna importante?
A Presença aceita todo o movimento de vida, sem argumento de que
deveria ser diferente. Isto não é uma atitude passiva para a vida, mas
sim uma atitude realista. Não pode-se descartar a necessidade de
segurança e de sobrevivência a curto prazo para o indivíduo e sua
linhagem em favor da aceitação passiva. Quando presente, o indivíduo
é mais capaz de agir de forma primária em resposta ao que está
ocorrendo agora. A vida é mais fresca e mais eficaz quando se responde
às exigências do presente momento, não simplesmente repetindo o
trajeto conhecido de segurança que tenha sido herdado do passado. O
foco sobre a presença não é uma sugestão de que se jogue fora a
sabedoria do passado para viver de forma espontânea o momento
presente, mas sim uma sugestão de que existe uma sabedoria mais
profunda que tem sido ignorada por tanto tempo, em detrimento da
espécie humana.
A Paisagem
"Depois de quarenta dias no deserto, caminhar pela paisagem e ser parte
dela tornou-se a linha de base normal. Eu sou parte disso, eu sou tão
forte quanto a paisagem. Ela é neutra e impessoal, mesmo que eu a
esteja vivenciando.
Meus pensamentos, emoções e sensações físicas tornaram-se parte da
paisagem de uma forma muito neutra, comum. Não é bom ou ruim. Eu
vejo as emoções como eu vejo as árvores, apenas em diferentes níveis.
Eu tenho um relacionamento com a paisagem que não envolve
julgamentos e, por extensão, eu tenho um relacionamento comigo que
não envolve julgamentos. Eu sou a paisagem inteira e eu estou separado,
tendo um relacionamento com ela. Totalmente separados e juntos ao
mesmo tempo. E então eu comecei a ver as pessoas como apenas partes
da paisagem. Isso é muito libertador". - Anônimo
Aspecto três:
Em um mundo de mudança contínua, Presença
proporciona estabilidade e contexto
Estabilidade
Aquele que olha através dos seus olhos agora é o mesmo que estava lá
quando você olhou ao redor pela primeira vez. Ele estará lá quando
você der o seu último suspiro de vida. O único elemento no mundo
que nunca mudou é o simples sentido de ser quem você é. Não é o
pensamento de você, apenas o sentido. Presença é a sensação de ser
antes de que qualquer ação ocorresse. É o self incondicionado por
debaixo de todos os condicionamentos biográficos de sua vida e do
condicionamento herdado de seus antepassados. Quando o senso de
Presença se torna consciente, pode-se sentir que ela está sempre lá.
Aquela sensação de Presença é o seu mais profundo e mais estável self.
É o refúgio face à mudança constante. Ao longo da vida a interpretação
do que é visto e experimentado muda junto com as circunstâncias e
aprendizagem. A interpretação da experiência é baseada nas
experiências de vida e linhagem da pessoa observadora, mas a
sensação de ser quem você é está sempre lá.
Contexto
O transe familiar é uma resposta condicionada à realidade, baseada no
tesouro de experiência do indivíduo e da sua linhagem. Sua função é
fornecer orientação automática e inconsciente para o comportamento
do indivíduo e do grupo, a fim de ficarem juntos, seguros,
sobreviverem e crescerem. Quando as estruturas internas e os transes
resultantes são restritos e rígidos feitos por trauma, a Presença fornece
um contexto maior, dá um sopro necessário de ar fresco a um transe
insípido.
Aspecto quatro:
Presença é a chave para o verdadeiro fortalecimento
pessoal
Seu Caminho
"Se você não seguir seu próprio caminho, ele não vai levá-lo a lugar
nenhum, porque ele não é seu caminho”. - Sri Nisargadatta Maharaj.
O poder pessoal verdadeiro não é o uso clássico de poder que se pode
usar para controlar o outro (veja Maquiavel, 1935). Pelo contrário, é o
poder que vem quando a pessoa segue seu próprio caminho e dá o seu
presente individual ao mundo. Quando a sua vida está em sintonia
com o fluxo da vida, as coisas desdobram-se naturalmente, mesmo
quando é difícil. Quem se opõe contra o oceano, é empurrado para
baixo. Quando se pega uma onda, "nada é feito, mas nada é deixado
de lado”. (Lao Tsé)
Presença é a base do Aikido, tradicional arte marcial japonesa. Na
prática do Aikido, como na vida real, fazer surge do ser. Quando uma
pessoa torna-se um com o universo através da Presença incorporada,
torna-se essencialmente inabalável (Tohei, 1976). Respeitar o fluxo no
outro, unindo-se com esse fluxo e depois liderando-o, é o coração da
liderança do Aikido. Quando a voz silenciosa interior da Presença fala,
escute. Quando o escuro rio escondido flui, vá com ele.
Sem essa conexão interna consigo mesmo, a força natural que brota
da nossa ligação íntima com a realidade atual permanecerá latente,
subdesenvolvida. A criança pode crescer com um desejo não realizado
de conexão com os outros e com a vida. Ela pode vivenciar uma busca
por algo maior que irá impulsionar uma busca espiritual. Sua falta de
contexto e significado pode levá-la em uma busca por satisfação sem
sucesso para a satisfação, condenando-a a uma vida como um
fantasma metafórico com fome, procurando numa paisagem árida,
sem orientação. Embora os adultos se tornem qualificados,
competentes e bem sucedidos, há um vazio interno decorrente de sua
desconexão com seu próprio ser essencial que perdura, nunca
parecendo ser preenchido (Franke, 2009).
Aspecto cinco:
Presença traz uma perspectiva terapêutica por meio de
distância
A posição de testemunha terapêutica assumida pelo terapeuta é uma
ferramenta valiosa em muitos tipos de terapia. Utilizando sua relação,
o terapeuta dá uma orientação para o cliente sair de seu transe. Não se
pode mudar o transe enquanto em transe. Precisa-se retornar à
Presença e, desse ponto de vista, envolver as questões do transe
familiar. A cura ocorre quando o cliente não está mais dentro do
transe, mas pelo contrário, o transe familiar está dentro do cliente. Isso
é feito tomando a posição da Presença fora do transe e incentivando o
cliente a entrar na Presença também. De lá, a experiência do transe
ocorre dentro da Presença.
Presença versus transe
A Presença é terapeuticamente útil em seu contraste evidente com
estados de transe. Presença fornece uma perspectiva como posição
terapêutica fora das questões apresentadas, fora do transe familiar e
fora do oposto - o antitranse familiar, tantas vezes visto em
adolescentes de todas as idades. É importante como terapeuta saber
trazer clientes de volta à Presença e fora de seus transes. Como
terapeuta ou conselheiro, devemos sempre estar conscientes de que os
clientes podem ter vivenciados traumas graves. E que seus padrões
sistêmicos, que muitas vezes se confundem com as experiências
pessoais, também podem ser desencadeados pelas intervenções.
Estratégias para lidar com sensações físicas intensas ou emoções
intensas relacionadas a trauma eram necessários pelo cliente ou
indivíduos em seu sistema e têm valor para o funcionamento normal.
É importante trabalhar com todos os clientes com cuidado e
lentamente ao explorar temas difíceis e sensíveis, a fim de evitar a re-
traumatizar os clientes.
A Presença dá uma abertura para além da restrição do transe
aprendido e herdado. Simplesmente descansar na presença tem um
efeito sobre as estruturas internas dos quais surgem os estados de
transe. Tão simples como parece, a Presença em si é suficiente para
iniciar o fluxo em estruturas desenvolvidas muito restritivas por
traumas e estresse. A tarefa do terapeuta é fazer o processo seguro,
consciente e compreensível e encorajar a participação contínua do
cliente por meio de seus sucessos.
Os clientes estão contentes quando eles aprendem a acessar algo novo.
Presença é um recurso novo e disponível para os clientes. Ela repousa
sob o radar, por assim dizer, debaixo da consciência. Como resultado,
os clientes têm mais recursos disponíveis para lidar com as questões
que anteriormente eram esmagadoras para eles ou os seus
antepassados. Experimentalmente descobrindo o poder da Presença
pode ser uma revelação. Quando os clientes entendem que eles
sempre têm acesso a um poderoso recurso que eles não sabiam que
tinham, é profundamente animador. É inspirador sentir a
simplicidade e senso de leveza quando busca-se o ar fora da atmosfera
sufocante do transe familiar.
Quando o terapeuta incorpora a Presença que a criança interior do
cliente está buscando, esta toca um pequeno sino despertador interno.
Ela ativa o lugar interior por dentro do cliente com o qual ele tinha
perdido contato e que inconscientemente estava procurando.
Aspecto seis:
Presença permite um retorno à possibilidade
O presente é regado de possibilidades pelas quais o cliente está
procurando profundamente, mas se sente incapaz de encontrar. Suas
estruturas internas contêm a marca do passado, mas ele existe agora -
e aqui e apenas aqui é onde elas podem ser atualizadas às
circunstâncias presentes.
A partir da miríade de possibilidades disponíveis no universo, um fio
específico entre muitos está sendo fiado na linhagem genética do
cliente. Sob o impacto do trauma e estresse, o ilimitado potencial por
nascer é moldada e assume uma forma particular. Traumas não
parecem oferecer escolhas. É frequentemente rápido demais, intenso
demais e emocional demais para manter a Presença. A estrutura
controla o fluxo para garantir a sobrevivência. Limites e estruturas
adequados facilitam o encontro com a vida, aproveitando o fluxo
enquanto proporcionando segurança. Estruturas internas geradas por
trauma são experimentados pelo cliente como restritivas à liberdade
de escolha e ao fluxo da vida.
A existência do cliente pode ser vista como uma tríade que se
assemelha a um dos enigmas centrais da física quântica. O cliente é
um indivíduo, a essência do seu sistema e da sua linhagem, e a essência
do todo. O caráter da luz ao mesmo tempo é partícula (individual) e
onda (sistema interconectado). E a luz também assume a
superposição, onde é uma partícula e uma onda ao mesmo tempo
(igual como a essência do todo transcende e inclui o indivíduo e o
grupo).
Quando o cliente atua pela perspectiva da Presença incondicionada,
já não é mais limitado inteiramente ao campo condicionado do
passado. O cliente como Presença pode entrar em um novo
relacionamento com as suas estruturas internas e com a vida.
Voltando para o lugar de ser o sujeito (Buber, 1970) em vez do objeto,
o cliente pode envolver-se com a vida de uma forma mais íntima e
mais cheia de recursos.
Ocupando simultaneamente as três partes da tríade, como um
indivíduo que está sempre só, como parte do sistema familiar que
nunca está sozinho, e como a Presença que transcende e inclui as
outras duas, o cliente assume o equivalente à superposição da física
quântica, em que a possibilidade retorna novamente à experiência
vivida.
Aspecto sete:
Presença dá um contexto para o desenvolvimento a
longo prazo
As ordens inconscientes de amor que foram descritas por Bert
Hellinger são estruturas para ajudar a sobrevivência que,
inconscientemente, direcionam o comportamento (Hellinger &
Weber, 1993). A necessidade de pertencer, a organização natural das
famílias e clãs em hierarquias e os laços entre os indivíduos são todos
estratégias de sobrevivência de animais silvestres, bem como para os
seres humanos. A primeira prioridade do condicionamento animal é a
sobrevivência a curto prazo do indivíduo e do grupo e não o
planejamento de longo prazo para a linhagem. Os seres humanos têm
sido bem sucedidos em sobrevivência a curto prazo, mas ao ignorar as
necessidades de longo prazo, a superpopulação humana está
esgotando a terra.
Naturalmente, não se pode desconsiderar a necessidade de segurança
e sobrevivência. Quando a vila é cercada por bandidos, é necessário
um líder forte para defender a vila. Nesse cenário, saúde, educação,
assistência social, crescimento e desenvolvimento de longo prazo
estarão sempre em um distante segundo lugar. Não importa se os seus
filhos são bem educados ou felizes se não sobreviverão esta tarde.
A estabilidade, energia, segurança e sentido de atemporalidade que
vêm com a Presença encarnada são os antídotos para o trauma-transe
sem visão prolongada que tem ignorado a necessidade do ser humano
de pensar a longo prazo.
EXPLORANDO TRANSES: “TRANSE FAMILIAR" E
"ANTITRANSE FAMILIAR"
Transe é um termo amplo que se refere a padrões de comportamento
que surgem a partir da aprendizagem do passado, ao invés de estados,
emoções e ações que surgem espontaneamente em resposta ao
presente momento. Experiências vividas criam memórias
incorporadas: memórias cognitivas, reações emocionais, padrões de
respostas fisiológicas, tendências de comportamento e a arquitetura
do cérebro para torná-los eficientes. Informação que é ou foi relevante
para a sobrevivência é mantida nessas estruturas internas. Elas são a
sabedoria da linhagem, preservadas para ajudar as próximas gerações
caso elas necessitem enfrentar ameaças similares para a sobrevivência.
Quando uma pessoa está em transe, ela tem acesso às informações do
passado e tem menos atenção disponível para a realidade atual.
Existem variedades de transe, com graus de profundidade, de utilidade
e de interferência com estar presente. Podem variar de grau de transes
normais e úteis a transes profundos, disfuncionais, relacionados a
trauma com estados dissociativos.
Quanto mais grave as ameaças à sobrevivência, maior o impacto dos
eventos sobre as estruturas internas da pessoa. Quanto maior a escala
de trauma, maior o tempo que as informações serão mantidas em um
sistema familiar. Quanto maior o grau de trauma, mais grave e
persistente os trauma-transes resultantes tenderão a ser.
A seguir estão alguns exemplos de vários tipos de transes, seguido pelo
transe familiar e sua imagem espelhada, o antitranse familiar.
Transe intencional
Quando um atleta de alto nível imagina passar pelo curso de ação que
ele está prestes a tentar, ele está usando um transe intencional para
ensaiar e guiar seus movimentos próximos. Xamãs tradicionais e
psicoterapeutas utilizam intencionalmente transes, como
hipnoterapia, por exemplo, com o intuito de ajudar os seus clientes.
Transe de memória
Quando estamos ocupados por eventos passados emocionais, há
simplesmente menos atenção disponível para a realidade atual. Por
exemplo, um homem caminhando num parque está pensando no
passado e como ele se sente solitário. Ele é menos atento às pessoas
em torno dele e não percebe um velho amigo que cruza o seu caminho.
Transe comum útil
Há transes comuns que são padrões de comportamento úteis em
certas circunstâncias repetitivas, por exemplo, o transe de 'eu estou
dirigindo o carro’, ou a rotina de levantar e ir trabalhar de manhã. Este
transe nos guia pelas atividades de modo que pouca atenção ou
decisão é necessária para essas tarefas. Se um novo elemento entra, o
curso da atividade e do transe é interrompido.
Transe de divertimento
No cinema, é claro que o filme não é real. São atores interpretando
papéis. Mesmo assim, o espectador sente as emoções da tela, mesmo
que saiba claramente que não é real. A televisão é um meio forte
indutor de transe que tem invadido profundamente a cultura
ocidental.
Transe de relacionamento
Casais em terapia frequentemente mencionam que eles têm padrões
de comportamento indesejados, que eles sentem que não refletem os
seus desejos mais profundos. Uma situação comum ocorre e provoca
o transe familiar específico de cada um, se os dois transes não
combinam bem, o casal tem conflitos. Em uma família, quando os dois
estão numa festa e um deles diz: "É hora de ir embora", isso significa
que você pega seu casaco e sai pela porta. Numa outra família, "É hora
de ir embora" significa que você pode começar a pensar em sair, mas
você ainda tem tempo para terminar a conversa e dizer longos adeuses
a todos.
Trauma-transe
Frequentemente os problemas e sintomas observados na terapia vêm
de um trauma biográfico ou sistêmico. Transes relacionados a trauma
podem conter uma grande variedade de sintomas. O grau e o caráter
de um trauma-transe particular são indicadores do grau e do caráter
do trauma que foi experimentado pela própria pessoa ou os seus
antepassados.
Um amante em um momento de ternura pode de repente entrar em
um estado físico de tensão e terror resultante do abuso sexual na
infância - não importa se o abuso foi biograficamente ou
sistemicamente experienciado. Quando os estados reativos são o
resultado de trauma sistêmico, os estados de transe a surgir farão
menos sentido para o cliente. Educar os clientes sobre o processo de
trauma-transes herdados pode dar introspecções que facilitam
compreender os sintomas e a lidar com eles.
Transe de identidade
Talvez o transe mais sutil e mais generalizado seja a tendência normal
para a identificação com o autoconceito. O conceito de "eu" ou "ego"
é a memória da Presença, chamado na mente como um objeto de
consciência. Ele permite ao indivíduo ver-se em realidade virtual e é
completamente normal. O transe de identidade é como olhar para si
mesmo no espelho. O que se vê é apenas uma imagem refletida, não a
realidade. Ao focalizar o pensamento do "eu", a pessoa tende a ser cega
em relação à Presença subjacente de que está sendo espelhado no
autoconceito. Uma vez que o pensamento conceitual é tão útil para a
sobrevivência, os seres humanos tendem a ter o autoconceito "ligado"
o tempo todo, por assim dizer, e então identificam-se com ele.
Transe familiar
O transe familiar é o complexo normal de comportamentos, padrões
de pensamento, emoções e consciência de família inconscientes que
são específicos para cada família e linhagem, dependendo de suas
experiências particulares com eventos de risco de vida, stress e
traumas. O transe familiar é compartilhado em diferentes graus por
todos os membros de uma família. Semelhante à maneira como as
ordens do amor funcionam para orientar o comportamento humano e
animal, o transe familiar específico guia o comportamento e as reações
inconscientes na trilha da família. O transe familiar é transmitido
pelas gerações tanto por ensino quanto por modelagem pelos pais e
por meio de mecanismos de controle epigenéticos que a ciência está
apenas começando a compreender.
Antitranse familiar
O antitranse familiar é o mesmo transe que o transe familiar
inconsciente - apenas apontando na direção oposta. Quando as
estruturas familiares e do transe familiar que surgem a partir delas são
muito restritivas para os membros da família, eles podem reagir ao
transe com resistência ou afastamento. Chamamos esta pressão
inconsciente contra o transe familiar de antitranse familiar.
Normalmente, uma pessoa sente as garras do transe familiar quando
está entre as necessidades de pertencer e de ter uma identidade
própria, e sente o antitranse quando precisa fazer, ter ou ser algo
diferente do que está disponível dentro da estrutura familiar.
Frequentemente encontramos participantes em treinamentos que
mudaram para o outro lado do mundo em uma tentativa de escapar
do seu transe familiar herdado - por exemplo, participantes da
Argentina, África do Sul ou Austrália que tentavam fugir do trauma
dos seus avós vivido durante o tempo nazista na Alemanha. Afastar-se
do passado nazista que passa através de um dos avós pode ser a opção
certa a curto prazo. O impulso para resistir ou afastar-se de um
programa familiar antigo ou tóxico mostra a sabedoria do sistema em
busca de novas informações. Mas quando a resistência é inconsciente,
ela não irá funcionar completamente, já que o cliente ainda está
carregando todas as informações do trauma em seu próprio mundo
interior. Por exemplo, quando o neto exclui partes que vem do avô, ele
perde outros recursos importantes que também vêm do avô. Quando
o impulso do antitranse torna-se consciente, e os sentimentos que
foram evitadas no passado são sentidos agora, então as estruturas
básicas podem ser atualizadas. Quando a necessidade subjacente é
conhecida e reconhecida, em seguida, essa necessidade pode ser
satisfeita sem ter que repetir estratégias passadas de enfrentamento
ineficazes.
Presença é a alternativa ao transe familiar e ao seu aspecto gêmeo, o
antitranse familiar. Presença é uma perspectiva além de ambos os
transes que permite que os transes sejam percebidos. Então, uma
resposta adequada, conscientemente escolhida, pode ser dada às
circunstâncias atuais, ao invés de uma reação simples, baseada em
programação velha. Uma das funções principais da terapia é fazer o
transe familiar e antitranse familiar conscientes e atualizar a
programação velha, para que o cliente possa viver com mais paz e
liberdade.
Além de transe familiar e antitranse familiar
Normalmente, um cliente pode acessar facilmente o material do seu
transe familiar simplesmente imaginando que ele está com seus pais e
sentindo o que vem à tona. Ao cliente do caso seguinte, o antitranse
familiar era tão conhecido como o transe de família. A minha hipótese
era que ele realmente não tinha se aprofundado suficiente no
antitranse para encontrar seu próprio espaço fora de ambos os
aspectos do transe. Para testar essa hipótese, encorajei o cliente a
ocupar os dois espaços: ficar presente e explorar o material do transe.
Terapeuta: Como é quando você imagina entrar nesse transe familiar
que você conhece tão bem, mas ao invés de realmente ir lá, ficar aqui
presente comigo? Como é quando apenas se imagina indo para lá?
Cliente: É tudo tóxico, especialmente com minha mãe. Eu conheço
esse sentimento tão bem e não tenho interesse em ir lá. É por isso que
eu vivo sozinho no campo. Mas isso, na realidade, também não
funciona para mim. Quando estou sozinho, eu me sinto só e
desconectado. É difícil pensar ou fazer outra coisa senão trabalhar e
dormir quando chego em casa. Eu acordo de manhã em um lugar de
solidão.
T: Como é quando você imagina ir para aquele lugar que você
descreveu, mas estar presente aqui comigo ao invés de realmente ir até
lá?
C: Parece um grande abismo negro. É assustador e eu me recuo dele.
T: Olhe em meus olhos e fique aqui comigo. Não vá lá. Como é quando
você apenas se imagina entrando neste grande abismo negro, mas ao
invés de realmente ir lá, ficar aqui presente comigo? Como é?
C: Eu me imagino entrando nesse abismo negro, mas chegando lá, não
é realmente apenas um raso vazio negro. É brilhante e está se
movendo. De repente, há uma luz lá. Eu posso ver o transe familiar,
mas eu não tenho que ir lá. Eu posso ver o movimento de afastar-me
do transe familiar entrando na solidão, mas nem lá tenho que ir. Eu
tenho escolha. Eu posso escolher o quanto quero me envolver com a
minha família e eu posso escolher o quão sozinho eu quero ser.

PRESENÇA NA PRÁTICA
Viajar
"Se você guia alguém em uma viagem, o melhor é que você saiba o
caminho de volta para casa".
A cura ocorre quando o transe está dentro da consciência do cliente,
ao invés de o cliente estar dentro do transe. Quando o cliente não está
mais no estado infantil mesclado com o transe, mas pode entrar em
Presença, ele pode desenvolver uma relação adulta com o transe.
Então a origem do sintoma pode ser encarada e integrada.
Quando a fonte é tratada com sucesso, as experiências difíceis e a
sabedoria contida na sua resolução podem fornecer um recurso ao
longo da vida fortalecendo o indivíduo, o seu sistema familiar e o todo
maior. Estes quatro exercícios práticos podem ser feitos
sequencialmente, já que um se baseia no sucesso do anterior.
Quatro exercícios práticos:
Exercício um: Coordenação mente-corpo
Exercício dois: Transe de dois segundos
Exercício três: Explorando as imagens interiores
Exercício quatro: Alterando as imagens interiores
Nota: Estes exercícios podem acessar o material de transe grave. Leia
a conversa com Dra. Ursula Franke-Bryson, na qual ela fala sobre como
levar as pessoas para fora do transe.
Exercício um: Coordenação mente-corpo
Fonte: Tohei, 1976 (mestre de Aikido considerado um Tesouro
Nacional vivo no Japão}.
Objetivo: Demonstrar o poder de Presença, familiarizar o cliente com
a facilidade de entrar em Presença por meio da “vinda aos sentidos";
demonstrar ao cliente como transes são debilitantes e ensiná-lo a estar
presente enquanto explora materiais transe e emoções difíceis.
Aplicação: Pode ser usado em trabalho individual ou em grupo.
Comentário: O profundo poder de Presença é fácil de demonstrar e
ensinar. Na maioria das vezes, todos os nossos participantes e clientes
entendem com facilidade e tem uma experiência positiva imediata. No
entanto, os clientes com uma tendência forte a dissociar podem ser
incapazes de permanecer no presente. As implicações gerais do poder
de Presença e a tenacidade de alguns transes familiares significam que
é preciso tempo para aprender a integrar a lição.
Descrição do processo: Uma série de exercícios cinesiológicos
realizados de maneira idêntica, mas com o cliente prestando atenção
de forma diferente a cada vez. Os testes são: pré-teste, estar presente,
em transe, em transe e estar presente simultaneamente, estar presente
mais uma vez.
Pré-teste
O cliente e o terapeuta sentam-se lado a lado, olhando para a mesma
direção. O cliente fica distante da parte traseira da cadeira e senta-se
relativamente reto, mas relaxado. O terapeuta gentilmente coloca a
mão na parte superior do tórax do cliente e aumenta progressivamente
a pressão sobre o peito. Normalmente o cliente se moverá para trás,
sob a pressão.
Teste de estar presente
O cliente senta-se como no pré-teste, o terapeuta mantém a mão no
centro da parte superior do tórax. O terapeuta traz o cliente a uma
experiência de realidade presente, concentrando-se na atenção.
T: Perceba o que você vê. Basta ver as cores e as formas, sem referência
mental ao que está sendo visto. Agora perceba os sons que você pode
ouvir. O som do equipamento mecânico ou elétrico, por exemplo. Ou
sons de carros distantes. Só ouça os sons. Agora, perceba as sensações
no seu corpo, o peso quando você está sentado na cadeira. Perceba as
solas de seus pés.
Então o terapeuta aumenta a pressão sobre o peito. Em 99% das vezes,
o cliente não se moverá sob a pressão da mesma forma que se moveu
antes.
T: Percebe que, agora que você está presente, eu posso empurrar tão
forte quanto eu quiser e sem qualquer esforço, você não se moverá.
Teste de transe
T: Agora pense na última vez que você foi ao consultório do dentista.
Como foi?
Enquanto o cliente entra no pensamento de algo do passado, o
terapeuta aumenta a pressão. Geralmente, mas nem sempre, o cliente
se mostra fraco.
Teste de transe e estar presente simultaneamente
T: Agora pense na sua última consulta com o dentista, mas fique aqui
presente, ao mesmo tempo.
Comentário: O cliente normalmente se mostra forte, mas não tão forte
como quando não pensa no passado.
Repetição de ficar presente
T: Agora rapidamente volte e fique presente.
O terapeuta testa aumentando a pressão.
Resultado: O cliente aprende por experiência que estar presente
fortalece. Ele aprende como entrar e sair de estados de transe
conscientemente. Os estados de transe tornam-se menos ameaçadores
quando o cliente descobre que pode sair deles voltando à percepção
dos próprios sentidos.
Aikido emocional na prática do hóspice
A mulher com quem eu estava trabalhando sabia que a sua mãe não
viveria muito mais. Ela queria passar todo o tempo possível com ela
antes de ela morrer, mas o medo que ela tinha de "perder" sua mãe era
tão intenso que ela não podia ficar no quarto com ela. Ensinei-lhe a
coordenação da mente e do corpo que eu tinha aprendido no Aikido.
Como a maioria das pessoas, ela imediatamente se sentiu fortalecida
quando se concentrou em suas sensações em vez de seu pensamento
sobre o seu medo. Então eu lhe pedi para localizar no corpo dela o
lugar onde ela sentiu seu medo a respeito da morte de sua mãe e de
estar presente para o medo da mesma forma que ela estava para o que
ela viu e ouviu. Ela aprendeu que, quando ela sentiu o medo como uma
sensação, em vez de pensar no medo, ela poderia permanecer presente
e sentir-se fortalecida mesmo estando com medo. Ela sorriu e entrou
na sala para passar tempo com sua mãe, que morreu mais tarde
naquela noite.
Exercício dois: O transe de dois segundos
O processo do transe de dois segundos é um processo simples e
controlado para o cliente entrar num estado de transe rapidamente e
sair dele da mesma forma para adquirir informações relevantes.
Fonte: Desenvolvido por Thomas Bryson, baseia-se na
dessensibilização sistemática da terapia comportamental, na
pendulação da Experiência Somática (Levine, 1997), na teoria da
coordenação mente-corpo do Aikido (Tohei, 1976) e em conceitos PNL
(da Programação Neurolinguística) sobre modos de percepção.
Objetivo: O cliente torna-se consciente da diferença entre estar
presente e estar em transe, ele aprende a obter a informação do transe,
mas a não permanecer lá. Ele ganha mais recursos quando entra e sai
do seu transe de forma consciente e controlada.
Alternando entre transe e Presença e utilizando os diferentes modos
de percepção, cada vez que acessa o seu transe, o cliente torna-se
sistematicamente dessensibilizado a seu material emocional e torna-
se mais capaz de exercer o seu mundo interior de forma expedita.
Observação: Clientes que passaram por abuso sexual grave podem
entrar em transe mais profundamente quando percebem sensações
físicas e podem sentir-se mais fortalecidos quando eles estão ouvindo
ou olhando.
Aplicação: Pode ser usado na prática individual ou em grupo. Este
exercício é uma extensão lógica do exercício de coordenação mente-
corpo e deve ser feito depois de vivenciado e compreendido.
Descrição do processo: O terapeuta direciona o cliente: Senta-se ereto,
mas relaxado. Gentilmente observe seus sentidos e perceba o que você
vê, ouve e sente, como nós fizemos no último exercício, no qual você
aprendeu o poder de Presença. A partir deste local de Presença, vamos
fazer uma viagem de dois segundos ao seu campo familiar e logo em
seguida voltar a sua posição de recursos de estar presente.
Primeiro passo:
Entrar no transe familiar, imaginando estar com a sua família e, em
seguida, saia do transe depois de dois segundos.
T: Nós vamos experimentar sentir o nosso transe familiar, mas só
vamos ficar lá por dois segundos.
Quando eu disser a você para entrar em seu transe familiar, você vai
se inclinar para trás um pouquinho e imaginar os seus pais. Daí, depois
de apenas dois segundos irei dizer-lhe para inclinar para a frente
entrando em Presença, como você fez antes no exercício do poder de
Presença do Aikido. Vamos começar agora. Encoste-se em sua cadeira
e imagine que seus pais estão com você no quarto. Deixe-se sentir isso.
Após dois segundos:
T: Agora saia de seu transe familiar e volte para Presença. Olhe em
volta e veja o que você vê. Ouça os sons no quarto.
Em grupo, o terapeuta pede que cada pessoa dê seu relato:
T: Por favor, diga só uma palavra que descreve a emoção que você
encontrou ao entrar em seu transe familiar.
Comentário: Muitas vezes a descrição em uma palavra só revela
emoções difíceis. Palavras como 'sufocante', 'ansioso', 'pesado', 'nunca
chega' e 'deprimente' são comuns. Mas ouvimos também 'amor',
'carinho', 'doce'.
Segundo passo:
Alterar o modo de percepção para a audição.
T: Vamos voltar novamente para o transe familiar da mesma maneira
que fizemos, mas desta vez, vamos olhar para algo específico e ficar
por quatro segundos, porque ouvir é mais lento que olhar. Quando
você se inclinar para trás no transe familiar desta vez, preste atenção
no que você pode ouvir enquanto estiver lá e quando você voltar à
Presença, você vai dizer uma palavra que descreve o que você ouviu.
Agora, encoste-se em transe e ouça.
Após quatro segundos:
T: Agora, saia do transe e volte à Presença. O que você ouviu?
Finalidade: Para a pessoa comum, visualmente dominante, a audição
é menos aperfeiçoada. Mudando para o modo de audição é geralmente
interessante e não ameaçador. Isso ensina o cliente como entrar e sair
do transe e ter controle sobre o processo.
Terceiro passo:
Alterar o modo de percepção para a sensação.
T: Desta vez, quando você entrar em transe, perceba quais são as
sensações no corpo e volte depois de dois segundos.
Quando os clientes retornaram, pergunte:
T: Onde em seu corpo você presenciou as sensações relacionadas com
o seu transe familiar?
Objetivo: Quando o modo perceptivo é deslocado de emoção a
sensação física, o sentido de incorporação e capacitação aumenta. Isto
será enfatizado no próximo passo. Também é preliminar para uma
exploração posterior de imagens interiores.
Quarto passo:
Combinação de transe de dois segundos e coordenação mente-
corpo.
T: Agora vamos voltar ao exercício de coordenação entre mente e
corpo, onde você aprendeu o poder de Presença. Sente-se ao lado de
seu parceiro (no grupo). Venha à Presença e peça para o seu parceiro
fazer o teste.
Quando todos se experienciaram fortes no teste, diga:
T: Agora, desta vez, esteja presente aqui na sala. Enquanto presente
observe onde em seu corpo você sente a sensação do seu transe
familiar, mas não entre no transe. Apenas sinta-o como uma sensação.
Agora teste.
Resultado: O teste mostra os clientes fortes ao sentirem a emoção do
seu transe familiar como uma sensação (veja a nota anterior sobre o
trauma sexual).
Exercício três: Explorando imagens internas
Fonte: Por décadas, as terapias de corpo, de Gestalt e Focusing têm
explorado a ligação entre as imagens somáticas, a percepção do corpo,
o conteúdo do pensamento e a expressão corporal. Focalizando em um
aspecto da percepção do cliente, tal como sensações físicas, as
implicações lógicas abrem a porta para uma compreensão contextual
mais ampla.
Objetivo: Quando a informação sobre a origem dos sintomas e
trauma-transes do cliente não estão disponíveis cognitivamente nem
acessíveis pelo genograma, é possível obter informações diretamente
do corpo do cliente. Nesse processo, fazemos o cliente entrar em
contato com a emoção relacionada à sua questão, fazê-lo sentir essa
emoção como sensação física, ampliar essa emoção no corpo e, em
seguida, converter a sensação física em uma imagem para que
possamos trabalhar com esta imagem e seu conteúdo emocional.
Discussão: Quando encontramos uma imagem, seguimos a hipótese
de que ela está diretamente relacionada à emoção ligada ao sintoma
do cliente. Cognitivamente o cliente pode ter nenhum conhecimento
de onde a imagem vem, mas a essência da história está implícita no
corpo do cliente. Muitas vezes o sintoma do cliente é solucionado
quando trabalhamos com a imagem até a sua conclusão, seja por meio
da expressão emocional direta, trabalhando com a imagem
diretamente, como no exercício quatro descrito adiante ou por meio
da externalização em uma constelação.
A maioria dos clientes são capazes de acompanhar o processo e
encontrar uma imagem. Se eles não têm acesso a mais informações,
pode-se utilizar um representante para a exploração de uma forma
semelhante (veja a opção de usar representantes).
Aplicação: Para clientes individuais. Quando o cliente aprendeu que
sentir as suas emoções como sensações o fortalece, ele têm mais
recursos para explorar traumas mais distantes, mais profundos ou
mais antigos. Se o cliente tiver sintomas inexplicados, como tensões,
medos ou fobias que não fazem qualquer sentido na sua própria vida,
este processo pode trazer resultados.
Primeiro passo:
Trazer o cliente à Presença
Veja exercício um: Coordenação de mente e corpo.
Segundo passo:
Identificar a emoção relacionada ao sintoma.
Pode-se pedir ao cliente que resuma a questão a uma frase sucinta que
contenha conteúdo emocional. Pode-se fazer uma pergunta
provocativa: O que de pior poderia acontecer?
Terceiro passo:
Amplificar a emoção.
Pode-se ampliar a emoção pedindo ao cliente que se concentre nela,
sentindo a emoção em seu corpo como uma sensação. Estimule o
cliente a sentir a emoção mais plenamente em seu corpo, lembrando-
lhe que fazendo isso ele está sendo fortalecido e que ele pode parar a
qualquer momento que ele desejar.
Quarto passo:
Rastreie a emoção e as sensações resultantes dirigindo a atenção do
cliente para as diferentes partes do corpo. Inicie o processo pelo local
em que o cliente relata sensações ou por onde você percebê-las e
amplie a consciência dessas sensações ao corpo inteiro, movendo-se
lentamente mais para baixo até os pés.
T: O que você está sentindo na garganta? E o que você está sentindo
abaixo da sua garganta, em seu peito e nos pulmões? E o que está
acontecendo em seu diafragma? E na sua barriga? Na sua pélvis? Como
percebe as suas pernas agora?
Quinto passo:
Converter sensação em imagens.
T: Agora feche os olhos e em sua mente olhe para baixo, para os seus
pés.
Comentário: Enquanto você estiver realizando este processo com o
cliente, você poderá sentir as sensações ou ver as imagens que ele
descreve. Você poderá usar seu próprio corpo como um corpo de
ressonância do estado do cliente e assim saberá por onde avançar na
fase de resolução.
Sexto passo:
Ampliar a imagem.
T: Você consegue ver seus pés? Eles estão calçados ou descalços? Essa
pessoa está de pé, sentada, andando, rastejando, correndo, deitado...?
Comentário: Converter para a terceira pessoa enfatiza que não se trata
do cliente, mas alguém diferente que está sendo percebido.
Sétimo passo:
Dar um contexto à imagem.
T: Olhe ao seu redor. Esta pessoa está dentro ou fora? Há luz ou está
escuro? Que hora do dia é nesta imagem? Essa pessoa é um homem
ou uma mulher? Quantos anos tem?

Oitavo passo:
Acrescentar tempo e ação para o contexto.
T: O que acontece agora? O que vai acontecer com essa pessoa? Você
também pode ir para trás no tempo:
T: O que aconteceu pouco antes dessa imagem?
Nono passo:
Passar ao além do trauma e ir à solução.
T: Será que essa pessoa vive ou morre?
Se a pessoa morre, pergunte: Agora que ela está morta, de que ela
precisa? Quem ela gostaria de ter por perto dela?
Décimo passo:
Constelar a imagem no olho da mente ou com representantes
para completar a Gestalt aberta e para concluir o processo.
Opção para usar seu representante: Se um cliente tem ambos, um
trauma grave que não foi resolvido e um trauma sistêmico que parece
ser a causa potencial de seus sintomas, talvez seja melhor não
trabalhar diretamente com o cliente nesse processo. Se o cliente é
altamente excitado, pode ser melhor usar um substituto em seu lugar.
Faça o cliente escolher um representante para si próprio. Faça o
representante sentar entre o terapeuta e o cliente. Se você trabalha
com um parceiro, peça ao seu parceiro para sentar-se ao lado do
cliente para lhe dar apoio. Se você não tiver um parceiro, você pode
pedir ao cliente para escolher alguém que seja um recurso para ele,
alguém que se sente com ele e lhe dê um toque físico de apoio.
Confirme ao cliente que ele tem controle sobre o que vai acontecer e
que você só irá até o ponto em que ele se sente seguro. Quando tiver
que seguir para o próximo passo, pergunte ao cliente se ele quer
continuar.
Terapeuta ao representante: Olhe nos olhos do cliente. Você pode
sentir a emoção do cliente quando você olhar em seus olhos?
Quando o representante entrar em ressonância física com o cliente,
prossiga com o representante como acima, como se ele fosse o cliente.
T: Onde, no seu corpo, você sente suas emoções?
Comentário: Esta técnica de transformar emoções em sensações e, em
seguida, em imagens também pode ser aplicada durante uma
constelação se existe um representante com sensações corporais
graves durante tal constelação e se o facilitador sente que é importante
explorar mais profundamente esse representante particular.
Exemplo de uma imagem de um ancestral
"Eu machuco os outros e os outros me machucam".
Cada cliente se move à sua própria velocidade. No exemplo a seguir, o
processo foi rápido. O cliente relatou que, quando ele pensava em seu
irmão, com quem tinha tido conflitos, sentia uma sensação de tensão
em seu intestino. O cliente foi do estado de sentir a sensação
diretamente a uma frase expressando a emoção central e daí
imediatamente a uma imagem.
T: O que acontece quando você imagina que você pode sentir agora
essa tensão no seu intestino?
C: Eu ouço a frase: "Eu machuco os outros e os outros me machucam".
Então logo eu vejo uma imagem na minha mente. É uma paisagem
cinzenta estéril, sem uma única árvore ou folha de grama. Há um
homem ali, um soldado da Primeira Guerra Mundial que eu considero
ser o meu avô, pai de minha mãe. Ele é tão cinzento como a paisagem,
a luz é fraca. Ele tem uma espingarda com uma baioneta na ponta. Há
outro soldado ali, um alemão. O homem que eu considero ser o meu
avô empurra sua baioneta no intestino do soldado alemão. No
momento vejo a baioneta entrando no corpo do outro soldado, eu
posso sentir a tensão nas minhas próprias entranhas.
T: O seu avô ainda vive?
C: Não. Ele morreu quando ele tinha apenas 45 anos de idade. Ele
nunca se recuperou emocionalmente da guerra ou fisicamente dos
efeitos pós-inalação de gás venenoso.
T: O que ele precisa agora que está morto?
C: Ele precisa estar com seus companheiros.
T: O que acontece quando você imagina que ele está com todos os seus
camaradas agora?
C (com lágrimas nos olhos): Eles choram juntos e se abraçam. Depois
de algum tempo eles começam a se sentir um pouco melhores. Eles
estão sorrindo agora. E na distância eu posso ver que há muitos,
muitos outros soldados. Os soldados alemães estão chegando para se
juntar a eles! Eles estão todos juntos agora, chorando, se abraçando,
batendo nas costas uns dos outros, rindo e olhando nos olhos dos
outros. Depois de algum tempo estando juntos eles começam a se
acalmar. Agora está tudo quieto e eu me sinto muito tranquilo. (O
cliente sorri enquanto as lágrimas rolam suavemente pelo seu rosto.)
Exercício quatro: Alterando imagens de trauma
Fonte: Adaptado da trauma-terapeuta Babette Rothschild: O corpo se
lembra (2003).
Finalidade: Restituir no cliente uma sensação de controle sobre a
intrusão de imagens; estabelecer uma imagem de recursos como um
lugar de recuo estratégico; estabelecer contato com a imagem invasora
de um lugar de recurso; ensinar como entrar na imagem e como sair
dela com facilidade; reduzir a excitação do cliente quando contatar
imagens de trauma; estabilizar e minimizar as reações fortes para
possibilitar mais tratamento; e alterar a imagem interna de trauma.
Aplicação: Com o cliente individual que tem imagens intrusas
relacionadas ao trauma, seja ele biográfico ou sistêmico.
Primeiro passo:
Trazer o cliente à Presença
Ver exercício um: A coordenação entre mente e corpo.
Segundo passo:
Encontre uma imagem de recurso.
T: Você consegue se lembrar de uma época quando você realmente se
sentia bem? Talvez tenha sido quando você era uma criança deitada
de costas na grama olhando as nuvens, ou quando você foi para o mar
pela primeira vez e viu a grandeza do oceano. Qual seria uma imagem
agradável para você que nós poderíamos usar como recurso?
O cliente descreve uma imagem na qual ele se sente bem e começa a
sentir as sensações e emoções relacionadas com a imagem de recurso.
Terceiro passo:
Ancorar a imagem de recurso no corpo.
T: Quando você imagina a sua imagem de recurso, o que está
acontecendo em seu corpo? Quando você está nessa imagem, o que é
que pode cheirar ou ouvir? Como está sua respiração quando você
imagina que você está naquele lugar? Como está o seu corpo agora?
Quarto passo:
Tocar rapidamente na imagem de trauma (veja exercício dois:
Transe de dois segundos) e retornar à Presença.
T: Agora eu gostaria de apenas tocar na imagem de trauma, mas só por
dois segundos, depois volte à Presença. Você está disposto a fazer isso?
Ok. Vá em frente.
Depois de dois segundos...
T: Agora volte para cá junto a mim. Deixe a imagem completamente.
Olhe ao redor da sala. Você está aqui agora? O que está acontecendo
em seu corpo? Onde você sente isso? Como está a sua respiração?
Quinto passo:
Revocar a imagem de recurso.
T: Eu gostaria que você imaginasse a sua imagem de recurso.
Como é isso? O que você sente no seu corpo? Como está sua a
respiração?
Comentário: Quando o cliente retorna a um estado de não-excitação
ou a um estado neutro básico, pode-se considerar em prosseguir. Ou
talvez essa exploração já é suficiente por uma sessão. Não há pressa. É
preciso trabalhar na velocidade das emoções do cliente e dentro de sua
capacidade de recuperar Presença.
O processo de alternadamente entrar no campo da imagem intrusa e
da imagem de recurso pode ser repetido até que ambas as imagens
sejam acessíveis ao mesmo tempo. A transformação tem ocorrido
quando o cliente é capaz de estar presente e a imagem intrusa não
desperta mais o cliente ou simplesmente se tornou fraca e vaga. Se a
imagem é sistêmica, pode externalizá-lo em uma constelação no olho
da mente, ou com representantes.
Exemplo de uma imagem ancestral
Soldado a cavalo
Comentário: O cliente contatou o terapeuta relatando que ele tinha
uma imagem de trauma que o tirava de Presença e ele estava tendo
dificuldades em voltar. Ele pediu para trabalhar com a imagem. A
sessão realizou-se por meio de Skype. O exemplo escrito é condensado
e muito mais rápido do que o que ocorreu - o que, na realidade, durou
cerca de uma hora.
C: De repente eu entrei em uma profunda ansiedade, sentindo que
algo terrível ia acontecer. Uma imagem me veio e eu não conseguia
sair dela. Eu gelo e começo a entrar em pânico quando penso nisso.
T: Como você está respirando agora?
C: Eu estou respirando bem. Um pouco superficial. Eu posso sentir o
transe me puxando.
T: Olhe ao redor da sala onde você está agora. Observe as cores e
formas familiares. Como é isso?
C: Bom. E quando eu olho para você na tela do computador, eu vejo
você sorrir e eu relaxo mais.
T: Você gostaria de explorar essa imagem e ver o que podemos fazer
juntos?
C: Sim. Eu estou pronto.
T: Vamos começar com a mesma imagem de recurso que funcionou
da última vez quando nós fomos em uma viagem juntos. Lembre-se
que você estava deitado de costas na grama numa praia? Você podia
sentir o cheiro da brisa do mar, ouvir os pássaros e podia sentir o calor
do sol. Como é isso?
C: Minha respiração voltou ao normal.
T: Bem. Esta imagem na qual você entrou é como uma foto ou como
uma imagem em movimento, como um vídeo?
C: É um vídeo. Eu sou um garoto e há um homem a cavalo vindo em
minha direção. Há uma mulher gritando. Há fumaça e fogo. Sinto-me
congelado. Eu não posso respirar ou me mover. Ele irá me matar com
sua espada.
T: Pare! Saia do transe. Lembre-se de como era estar deitado de costas
na grama na praia? Como é o cheiro do mar agora nessa memória da
sua infância? Como é isso?
C: Caramba! O transe leva-me tão rápido, eu perco completamente a
Presença.
T: Vamos acalmar as coisas. Se o que você encontrou parece um vídeo,
vamos pressionar o botão de retroceder e voltar no tempo. Você
concorda? Vamos voltar à mesma vila onde você se encontrou, mas
vamos olhá-la um mês antes de tudo isso, ok?
C: Certo. Quando imagino como a vila parecia um mês antes que tudo
deu errado, é muito tranquilo lá. Há pequenas casas com telhados de
colmo. As pessoas estão calmamente cuidando de seus afazeres
normais. Eu não tenho nenhuma ideia de onde essa imagem vem, mas
parece que é de centenas de anos atrás.
T: Você gostaria de explorar mais?
C: Sim. Voltando atrás no tempo me ajuda a relaxar.
T: Você já trabalhou em seu computador com fotos que você tirou?
C: Sim.
T: Pegue a primeira imagem do soldado a cavalo e imagine que é uma
pequena imagem em seu computador.
C: Certo.
T: Agora faça ela em preto e branco... e depois transforme-a em uma
imagem negativa, de modo que todas as áreas brancas são áreas em
preto e reverso. Você pode fazer isso? Agora amplie a foto para que
todo o quadro seja preenchido com as patas do cavalo. Você pode fazer
isso?
C: Sim. Tira o poder da imagem quando misturamos tudo.
T: Essa é a ideia. Agora vamos voltar para a imagem que você
descreveu, mas desta vez, focalize apenas as pernas do cavalo.
Enquanto você as está vendo, volte uma única imagem no vídeo. As
patas que estavam no ar agora estão no chão e os pés que estavam na
terra estão agora no ar.
C: Sim! (Risos)
T: Agora mova a foto para que você possa ver o soldado. Como ele está
segurando a espada?
C: Ele está segurando-a ao lado, com a ponta ligeiramente baixada.
T: Você pode imaginar que ele está segurando a espada pela ponta de
modo que o punho está voltado para fora?
C: Sim. É fácil.
T: Pode imaginar o soldado segurar a espada pela lâmina? E deixá-lo
caminhar com o seu cavalo bem devagar na sua direção. Chegando
mais perto de você, ele lhe entrega a espada.
C: Sim. (Chora.)
T: Como você está agora?
C: Eu me sinto aliviado. Eu sinto tanta compaixão pelo soldado. Esta
cena é de muito tempo atrás.
T: Você sabe alguma coisa sobre essa cena? É familiar para você?
C: Não.
T: De onde quer que essa imagem tenha vindo, de algum modo estava
ligada ao medo dentro de você. E nós mudamos a imagem. Como você
está se sentindo agora?
C: Cansado. Mas bem. Obrigado.
Perguntas potenciais de inquérito cognitivo para o cliente
O que acontece quando você respira?
Comentário: A questão abre a porta para o cliente a vir à Presença por
meio da experiência direta de seu corpo.
O que aconteceria se você expirasse?
Comentário: Se for muito assustador expirar e abrir a porta para o
mundo interior, o cliente pode explorar a ideia de exalar no olho da
mente em primeiro lugar, antes de se aproximar e realmente exalar.
Quando foi a primeira vez que experimentou esses sentimentos (ou
sintomas)?
Comentário: Serve para explorar uma possível fonte biográfica, na qual
os sentimentos ou sintomas façam sentido.
Há mais alguém em sua família que sentiu esses sentimentos?
Comentário: Para explorar um possível contexto sistêmico e
prosseguir a trilha da origem potencial do problema.
A quem mais poderiam pertencer os sentimentos que você está
sentindo agora?
A quem pertence o transe que você está visitando?
Comentário: Serve para testar a hipótese de que a sensação que o
cliente está tendo é apropriada para uma pessoa no sistema familiar
em uma situação específica no passado. Por isso, pode ser que a
emoção seja assumida e/ou um padrão repetitivo.
0 que aconteceria se você não acreditasse nisso?
Comentário: Suavemente leva o cliente à possibilidade de estar além
do transe e suas crenças incorporadas.
Quem você seria sem esse transe?
Comentário: Ajuda o cliente a entender como a sua identidade e o seu
pertencer são ligados com o sistema familiar e a função do sintoma. E
leva à próxima pergunta:
Como a própria Presença responderá a esta situação?
Comentário: Serve para retornar ao cliente a possibilidade de ocupar
o seu ser puro além do transe familiar.

CONCLUSÃO
Presença em si leva naturalmente ao equilíbrio interno de estrutura e
fluxo. Pela dependência do pensamento conceitual para a
sobrevivência a curto prazo, a humanidade tem perdido o contato com
o mundo natural, seus ritmos e a habilidade natural de acessar a
Presença e efetivamente atualizar a sua programação interna.
Altos níveis de estresse, trauma e encontros com a morte na vida de
uma pessoa e na sua linhagem criam estruturas internas restritivas.
Estes, por sua vez, dão origem a estados de transe e a sintomas mais
fortes, mais invasivos e mais duradouros. Quando estes estados de
transe e sintomas interferem na vida dos clientes e não são desejados,
eles buscam alívio e procuram terapia.
Presença é um recurso despercebido, mas sempre disponível para
clientes e terapeutas por igual. Quando a Presença é consciente e
incorporada, torna-se fortalecedora e um refúgio do qual as emoções
difíceis e legados herdados podem ser integrados e transformados.
Nossa prática é baseada na integração de pensamento sistêmico, do
reconhecimento do condicionamento psicológico, emocional e
comportamental herdado, de trauma-terapia centrado no corpo e do
poder da Presença.
Através da relação terapêutica e a modulação controlada entre
Presença e o mundo interior do cliente, a estrutura e o fluxo chegam
numa homeostase harmônica e com graça, o cliente pode viver uma
vida mais funcional, eficaz e pacífica cheio de possibilidades.
Thomas Bryson e Dra. Ursula Franke-Bryson
Munique, 2011

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SOBRE O AUTOR
Thomas Bryson é professor e treinador sistêmico. Trabalha com sua
esposa - a psicoterapeuta, escritora e instrutora Dra. Ursula Franke-
Bryson, com quem estas palavras foram discutidas e postas em prática.
Dra. Franke-Bryson fez o primeiro doutorado em constelação
sistêmica. Ela tem vasta experiência clínica e formação em
comportamento, terapia corporal Gestalt, transpessoal e sistêmica.
Dra. Franke-Bryson é uma instrutora muito procurada, especializada
em constelação sistêmica na prática individual e na resolução do
complexo conhecido como "movimento interrompido”. Dra. Franke-
Bryson é autora de "O Rio Nunca Olha para Trás", que traça a linhagem
de constelação sistêmica dentro da psicoterapia mainstream, bem
como o seminal e amplamente traduzido guia prático para constelação
sistêmica na prática individual, "Quando fecho os olhos vejo você".
Bryson e Dra. Franke-Bryson tem consultórios particulares em
Munique, na Alemanha. Junto com Oswaldo Santucci e Gláucia Paiva
são fundadores da revista sul-americana de soluções sistêmicas, a
Conexão Sistêmica Sul, para os países de língua espanhola e
portuguesa. Eles são professores e coordenadores acadêmicos sênior
da formação em constelação sistêmica em São Paulo e em Salvador,
Bahia. Também oferecem treinamentos regulares na Rússia,
Dinamarca, Alemanha,
Itália e África do Sul. Juntos, eles ofereceram treinamentos na
Argentina, Austrália, Egito, Inglaterra, Holanda, México, Espanha e
em outros países. Bryson trabalha com clientes em todo o mundo via
Skype, bem como por telefone e pessoalmente.
Além de se especializar na cura do movimento interrompido e na
prática individual como faz a Dra. Franke-Bryson, Bryson se concentra
em trabalhar com emoções difíceis e autonomia pessoal através do
Aikido emocional. Ele traz para seu ensino e consultório particular
uma vasta experiência com questões ligadas ao fim da vida, prática
adquirida ao longo de muitos anos trabalhando como enfermeiro em
hóspice, bem como a sabedoria encarnada das tradições do Aikido e a
meditação budista Zen. Ele segue o preceito "Ensine somente aquilo
que sabe de sua própria experiência”. Ao mesmo tempo, sua
abordagem prática para a jornada interior engloba uma ampla
variedade de fontes que vão desde a ecologia da vida selvagem, a
biologia humana, genética, física quântica, artes marciais e psicologia.
Seu trabalho é explicitamente espiritual e enraizado no método
clássico científico.
Juntos, têm seu trabalho baseado em pensamento sistêmico, terapia
do trauma focada no corpo e no poder da Presença. Em conjunto, eles
trazem uma abordagem interdisciplinar, que integra pensamento,
prática e treinamento sistêmicos. A teoria expressa aqui tem sido
desenvolvida em conjunto e se baseia em sua vida e experiência de
trabalho com clientes e alunos de diferentes culturas.
O trabalho da Dra. Franke-Bryson e de Bryson reflete a infinita
complexidade que resulta da combinação de elementos simples.
Nenhum dos elementos contidos aqui são novos. As ideias e
inspirações vêm de verdades simples e sabedoria encontrada em
muitas culturas e disciplinas. E, ainda assim, aqui está uma nova
integração com base em sua própria experiência primária e reflexão.
Eles oferecem apreço e gratidão a todos aqueles que têm trilhado este
caminho antes deles e acima de tudo a muitos clientes que têm sido
seus professores.
Calendário e informações de treinamento podem ser encontrados no
link www.ursula-franke.de. Para atendimentos individuais, Thomas
Bryson pode ser contatado pelo e-mail tb@thomas-bryson.de.
O autor reconhece e agradece ao seu pai, o falecido Dr. Reid A. Bryson,
um pioneiro cientista ambiental, climatologista e poeta, sua inspiração
para o amor e amplitude de perspectiva.
Linha Editorial: Conexão Sistêmica
A Editora Conexão Sistêmica tem como linha editorial o
compartilhamento da visão advinda do pensamento sistêmico e das
soluções propostas e estudadas para as mais diversas áreas - da terapia
tradicional às terapias contemporâneas, da psicologia, pedagogia, dos
assuntos relacionados a negócios ao mundo organizacional e ao
entendimento das redes que se formam na comunicação das relações
que os seres humanos estabelecem entre si. Estamos em contato com
autores do Brasil e de mais de 20 países ao redor do mundo para trazer
diferentes visões com um objetivo comum de agregar aqueles que se
interessam pelo assunto dos nossos títulos e aqueles que tem prazer
em divulgar suas ideias. Como “pano de fundo”, temos a pretensão de
dar espaço para aqueles que querem direcionar o seu saber para um
público interessado em capacitação e desenvolvimento pessoal e
estabelecer uma conexão entre as pessoas interessadas em soluções
sistêmicas.

www.conexaosistemica.com.br

Trauma, Transe e Transformação: O Poder da


Presença na Prática

A existência do cliente pode ser vista como uma tríade que se


assemelha a um dos enigmas centrais da física quântica. O cliente é
um indivíduo, a essência do seu sistema e da sua linhagem e a essência
do todo. o caráter da luz ao mesmo tempo é partícula (individual) e
onda (sistema interconectado). E a luz também leva a superposição
em que é uma partícula e uma onda ao mesmo tempo (a essência do
todo o transcende e inclui o indivíduo e o grupo). Ocupando
simultaneamente as três partes da tríade, como um indivíduo que está
sempre só, como parte do sistema familiar, que nunca está sozinho, e
como a presença que transcende e inclui as outras duas, o cliente
assume o equivalente à superposição da física quântica, onde a
possibilidade retorna novamente à experiência vivida.
Thomas Bryson e Dra. Ursula Franke-Bryson

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