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LUCRO ARBITRADO

OBJETIVO DO CAPÍTULO
Apresentar a regra geral de arbitramento do lucro. No final do capítulo será possível entender quando o lucro das
empresas será arbitrado e as possibilidades existentes.

29.1 REGRA GERAL


O art. 530 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n  3.000, de 1999) detalha as hipóteses em que o lucro da
o

pessoa jurídica será arbitrado:


1.escrituração imprestável;
2.não apresentação de livros comerciais ou fiscais ou apresentação do livro razão em ordem não adequada; ou
3.quando a empresa optar indevidamente pelo lucro presumido.

Desde que ocorram as hipóteses previstas nos itens 1 ou 2, o lucro poderá ser arbitrado pela própria pessoa
jurídica, quando conhecida sua receita bruta. Masa maior frequência de arbitramento de lucro é por iniciativa do Fisco
e ocorre por falta de contabilização das operações bancárias referentes a depósitos e emissões de cheques.

29.2FORMAS DE ARBITRAMENTO
Existem duas formas para arbitramento do lucro: quando conhecida a receita bruta e quando esta não for conhecida.

29.2.1RECEITA BRUTA CONHECIDA


Quando a receita bruta for conhecida, o lucro arbitrado, para fins de IR, será determinado mediante a aplicação dos
percentuais utilizados no lucro presumido, acrescido de 20%. Assim, uma empresa comercial que tenha seu lucro
arbitrado deverá chegar à base de cálculo do IR, aplicando sobre a receita bruta o percentual de 9,6%, que se refere
aos 8% da atividade mais 20% sobre 8%, que dá 1,6%. As empresas de serviços utilizam 38,4% (32% mais 20% sobre
32%, que dá 6,4%). As demais receitas devem ser acrescidas à base.
A base da CSLL seria a mesma utilizada no lucro presumido, aplicando os mesmos percentuais. Por exemplo,
suponha que no 1  trimestre de 2015 ocorra o arbitramento do lucro do Posto Oriental Ltda., com suas receitas brutas
o

conhecidas. Veja na tabela a seguir:

Importante destacar que, conforme previsto na Lei n  12.973/14, a receita bruta utilizada em caso de arbitramento
o

não contemplará a redução a título de ajuste a valor presente, ou seja, independentemente do registro contábil, a base
será aplicada a partir do valor sem o AVP. Se uma empresa vende uma mercadoria (a prazo) por R$ 100 mil, mas a
receita bruta for reconhecida por R$ 95 mil, por conta do registro de R$ 5 mil em AVP, a base do lucro arbitrado no
caso será R$ 9.600 (9,6% s/ 100 mil). Além disso, poderão ser deduzidas as devoluções de vendas e os descontos
incondicionais concedidos, assim como o IPI e o ICMS ST que estiverem compondo a receita.
Nas demais receitas devem ser desconsiderados os ajustes referentes a AVP e ganho ou perda apurada em função
de avaliação a valor justo.
As instituições financeiras, seguradoras, empresas de capitalização e previdência privada utilizam o percentual de
45% sobre suas receitas, caso tenham o lucro arbitrado.

29.2.2RECEITA BRUTA NÃO CONHECIDA


Quando a receita bruta não for conhecida, o Fisco admite a utilização de uma entre oito opções fornecidas:
1.1,5 do lucro real relativo ao último período em que a pessoa jurídica manteve escrituração, atualizado
monetariamente. Se o lucro real for decorrente do período-base anual, o valor que será a base para o arbitramento
será proporcional ao número de meses do período-base considerado;
2.0,04 da soma dos valores do ativo circulante, realizável em longo prazo e permanente, existentes no último
balanço patrimonial conhecido;
3.0,07 do valor do capital, incluindo aí a correção monetária do balanço que era contabilizada como reserva de
capital, constante do último balanço patrimonial conhecido ou registrado nos atos de constituição ou de alteração
da sociedade, atualizado monetariamente;
4.0,05 do valor do patrimônio líquido constante do último balanço patrimonial conhecido, atualizado
monetariamente;
5.0,4 do valor das compras de mercadorias efetuadas no mês;
6.0,4 da soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento dos empregados e das compras de matérias-
primas, produtos intermediários e materiais de embalagem;
7.0,8 da soma dos valores devidos no mês aos empregados; ou
8.0,9 do valor mensal do aluguel devido.
A Lei n  12.973/14 determina que o valor das compras previstas nos itens 5 e 6 desconsiderem os valores
o

referentes a ajustes a valor presente, considerando as aquisições pelo seu valor total. Os demais itens teriam seus
valores extraídos da contabilidade moderna, a partir do fim da opção pelo RTT.
Suponha uma empresa tendo seu lucro arbitrado em procedimento de fiscalização em 2015. Neste caso, se a
autoridade fiscal optar por considerar o valor das compras como base para fins de IR e CSLL pelo lucro arbitrado,
deverá desconsiderar todos os valores extraídos da conta a título de ajuste a valor presente. Então, admita que a
empresa efetuou compras de R$ 1.000, mas com valor presente de R$ 920 e este é o valor que consta na conta
estoque. No arbitramento, a autoridade considerará 40% de R$ 1.000 e não de R$ 920.
Conforme o art. 535 do RIR, a partir de JAN/97, os índices devem ser multiplicados pelo número de meses do
período de apuração. A receita não operacional, se possível sua comprovação, deverá ser acrescida a estes cálculos. Os
valores não operacionais, que devem ser acrescidos na base do lucro arbitrado, são os seguintes:
a.ganhos de capital (se não for possível comprovar o custo de aquisição do bem sobre o qual recai o ganho de
capital, o valor total da venda deverá ser somado);
b.receitas e resultados positivos;
c.saldo de lucro inflacionário a tributar; e
d.parcelas controladas no LALUR que devem ser adicionadas ao lucro real.
Se a fiscalização constatar omissão de receita pela pessoa jurídica, ou seja, entrada de dinheiro não declarada, 50%
do valor apurado será considerado lucro e integralmente tributado. Todavia, é importante destacar que a omissão de
receitas não pode ser confundida com o seu desconhecimento, que pode acontecer quando a escrituração da pessoa
jurídica está prejudicada de tal forma que não é possível ao Fisco apurar os resultados que foram gerados pela
empresa.

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