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Introdução

Tipos e formas de frases são uma importante parte da gramática portuguesa estudada na
cadeira de Técnicas de Expressão em Língua portuguesa, em por meio dela podemos
classificar as frases quanto a sua tipologia e forma, classificação que facilitara a compreensão
clara do sentido da frase.

A frase, segundo critérios ortográficos, semânticos e prosódicos, pode definir-se como a


maior unidade de descrição gramatical. Existem quatro tipos de frases que são: frase do tipo
Declarativa, frase do tipo Interrogativa, frase do tipo Exclamativa e frase do tipo Imperativa
que podem ser encontradas em diversas formas que podem ser forma afirmativa, forma
negativa, forma activa, forma passiva, forma enfática e forma neutra, não deixando de referir
que há frases que podem estar em mais de uma forma.

No presente trabalho abordaremos de forma clara e exaustiva cada aspecto acima mencionado
referenciando os autores dos quais a informação foi levada.
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1. Tipos de frases e Formas de Frase


1.1 Frases

A gramática moderna da língua portuguesa diz que a frase é um enunciado de sentido


completo, unidade mínima de comunicação, que pode ser constituída por uma única oração
(frase simples), por mais do que uma oração (frase complexa) ou apenas por um verbo (frase
elíptica, estando os restantes constituintes subentendidos). Cunha (2005:119) alinha-se quase
ao mesmo pensamento definindo a frase como “um enunciado de sentido completo, a unidade
mínima de comunicação”.

Os autores Figueiredo e Bizarro (2004:130) opõe-se as definições acima citadas definindo a


Frase como:

“A frase, segundo critérios ortográficos, semânticos e prosódicos, pode


definir-se como a maior unidade de descrição gramatical. A frase é uma unidade
sequencial autónoma – ordenação de palavras e morfemas delimitada no início por
uma maiúscula e no fim por um sinal de pontuação forte ou uma entoação
descendente ou ascendente – e uma unidade de sentido”

Por exemplo:

i. Ontem tomei uma sopa – frase simples


ii. Ontem tomei uma sopa que era deliciosa – frase complexa
iii. Tomei. – Frase elíptica

Verifica-se que a primeira destas frases, tem um só verbo (tomei), que torna a frase simples, e
na segunda tem dois verbos (tomei e era), que torna a frase complexa, mas a ultima é uma
frase elíptica, que pode ser resposta de uma questão como: Tomaste uma sopa?

Tanto a gramática moderna da língua portuguesa, assim como Cunha comungam as mesmas
ideias na definição das frases (Simples, complexas e elípticas).

1.1.1 Frase simples é constituída por uma só oração (com um só verbo em tempo
finito).

- Este livro é admirável.

- O menino comeu a maçã.


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1.1.2 Frases complexas são constituídas por duas ou mais orações (com dois ou mais
verbos em tempos finitos).

- O professor diz que este livr o é admirável.

-A mãe acha que o menino comeu a maçã.

1.1.3 Frases elípticas, as frases desse género, onde estas subentendido um elemento
fundamental da oração, são frequentes na linguagem oral:

- Que é isto? Febres? – Perguntou o João.

- Impala! (Como resposta à questão: “O que bebeste?”)

Geralmente, não existe uma frase sem verbo, pois o verbo é a base de um enunciado, ou
afirmação. O sentido pode ser encontrado imediatamente numa frase mesmo sem o verbo
expresso nela.

- Bela mulher, a Legina!

Com certeza, é fácil entender esta frase, pelo facto de a imaginação nos levar até ao verbo.
Que ira resultar:

- Bela mulher (é) a Legina!

Cunha (2005:119) afirma que “há frases constituídas por uma única palavra, que, por vezes

nem sequer é um verbo, nem mesmo um substantivo”, ……. Nascimento e Pinto (2006:86)

definem a frase como sendo “a unidade mínima do discurso; unidade porque, em se mesma,

contém um sentido completo.”

Exemplo:

i. Fora!

ii. Fogo!

iii. Silencio!
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………………………………………misssing

2.2. Tipos de Frases

As frases classificam se em diversas modalidades segundo os tipos de actos que permitem


realizar, elas traduzem do enunciador a respeito daquilo que anuncia e a respeito do
destinatário. Geralmente, as frases podem ser: do tipo declarativa, interrogativa, imperativa
ou exclamativa.

2.2.1. Frase de tipo declarativo

De acordo com Costa (2015: 233) “a frase de tipo declarativo exprime uma asserção, não
surgindo marcas especificas deste tipo de enunciando”. Figueiredo e Bizarro (2004:131)
estabelecem que a modalidade assertiva ou declarativa, limita-se a enunciar um facto.

A frase do tipo declarativo tem a intenção de informar sobre um acontecimento ou descrever


uma situação. Onde na oralidade a entoação é descendente e na escrita usa-se o ponto final.

Exemplos:

i. O Pedro chegou.
ii. Vamos comer um gelado.
iii. Eles foram a Paris.
iv. Os alunos correm nos corredores.

2.2.2. Frase de tipo interrogativa

Costa (2015: 233) diz que “a frase do tipo interrogativa exprime um pedido de informação ou
de acção correspondendo a uma formulação de perguntas.” A intenção das frases do tipo
interrogativas é formular uma pergunta ou apresentar uma dúvida. Onde na oralidade a
entoação é ascendente e na escrita usa-se o ponto de interrogação.

Exemplos:
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i. O Pedro chegou?

ii. Queres ir comer um gelado?

iii. Eles foram a Paris?

iv. Os alunos correm nos corredores?

Segundo Costa (2015: 233-234) As frases do tipo interrogativo podem ser classificadas
conforme:

a) A articulação dos constituintes da frase (simples/complexa):

Interrogativas directas - São frases simples (interrogativas totais ou interrogativas parciais,


sem subordinação.

i. Queres ir comer um gelado?


ii. Gostas de gelado de morango?
iii. Que sabor prefere?
iv. Quantos pacotes de bolachas querem?

Interrogativas indirectas - são orações subordinadas substantivas complectivas.

i. O Pedro perguntou-me se quero ir comer um gelado.


ii. Ele quer saber se gostas de pizza.
iii. O professor perguntou se fizeram o trabalho de casa.
iv. O João quer saber se queres sair com ele.

b) O tipo de resposta que se espera:

Exemplos: Características:
Interrogativas totais Gostas de gelado de Obtêm resposta afirmativa ou
morango? negativa (sim/não).
- Sim, gosto./ - Gosto Na resposta afirmativa, pode
- Não, não gosto. eliminar-se o sim; na resposta
negativa, o não pode ser
reforçado.
Interrogativas parciais 1. Que gelado queres? A resposta recai sobre um
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Quais os teus sabores dos constituintes


preferidos? interrogativos.
2. Quais escolheste?
O que vais fazer?
Quem quer gelado?
3. Quantos comeste?
4. Onde vamos a seguir?
Quando voltamos?
Por que não comes mais?
Como consegues comer
tanto?
Escolheste quais? O elemento interrogativo
Comeste quantos? nem sempre se encontra na
Voltamos quando? posição inicial da frase,
Não comes mais porque? podendo ocorrer a direita da
frase.
A quem ofereceste o Quando o elemento
caderno? interrogativo integra um
Ofereceste caderno a quem? grupo preposicional, todo o
grupo se pode mover.
Com quem saíste?
Saíste com quem?

De que e que falam?


Falam do que?
Costa (2015:234)

2.2.3.Frase de tipo exclamativa

De acordo com Figueiredo e Bizarro (2004:132) “a modalidade exclamativa exprime as


reacções do enunciador”. São frases que exprimem espanto, admiração, alegria, raiva,
emoção.

i. Que delicia!
ii. Oh, que prazer!
iii. O Pedro já chegou!
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iv. Eles comeram as bananas!

Exemplos: Características:
Total Eles foram a Paris! A exclamação recai sobre
O trabalho está péssimo! toda a frase, não ocorrendo o
movimento de constituintes,
nem admitindo frases
elípticas.
O carro é liiindo! Aceita a ocorrência de
Está um horrooor! processos prosódicos, como:
- o alargamento da vogal e da
TENS UM CAR-RO LIN-DO! curva entoacional.
ES-TÁ UM HOR-ROR! - a produção silabada de toda
a frase, com entoação final
crescente.
É que estás fantástica! Aceita a combinação de
Parece-me é que estragaste tudo! meios prosódicos com outros
indicadores gramaticais;
És tão querido! - Junção de sequencia é que
Fazes tudo sempre tão mal! seguida de imperfeito do
indicativo;
Não é que ganhei a lotaria! - ocorrência de núcleos com
Então não me ofereceu um cão! a função de grau;
- recurso a negação expletiva,
Ainda se fosse um gato! em que o advérbio de
Se não vivesses num negação tem um valor
apartamento! afirmativo;
-Ocorrência de se
condicional seguida de
imperfeito de conjuntivo.
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Parcial Tão crescido que ele está! A exclamação recai apenas


Que guloso! sobre:
Como comes! - o grupo nominal;
Como andas de pressa! - o grupo verbal.
Que bonitos são os bebés! - Aceita a inversão do sujeito.
Estupendo o que tu fizeste!
Tão bem que tu escreves!
Aquele rapaz! Pode ser constituída por
Seu guloso! frases elípticas.
Lindo!
Bebés bonitos!
Estupendo!
Que bem!
Costa (2015:235)

2.2.4. Frase de tipo imperativa

Segundo Figueiredo e Bizarro (2004:131) “A modalidade exprime a vontade de que um facto


se realize ou uma situação aconteça. A ordem é reforçada pela entoação, identificada
graficamente pela presença duma interjeição”. Estas frases exprimem uma ordem ou desejo,
podendo também assumir o valor de pedido, exortação, conselho ou instrução, pretendendo
obter num futuro imediato a execução duma acção poe parte do seu interlocutor.

Exemplos:

i. Larga a jovem, rapaz.


ii. Saiam daqui todos!
iii. Estudar, colegas!
iv. Volta depressa!

Segundo Cunha (2015: 236) as frases do tipo imperativo podem ser usadas nos seguintes
modos verbais:

Exemplos: Explicações:
Imperativo Levanta-te depressa! Além de ordens o modo
Calai-vos imediatamente! imperativo expressa
Segui até ao fim da rua e instruções pedidos ou
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virai à direita! conselhos.


Volta depressa!
Conjuntivo [você] ande depressa! O conjuntivo usa-se como
Sente-se a vontade! forma supletiva do
imperativo:
Não corram nos corredores! - Da 3a usada com a forma de
tratamento você/ vocês ou
- Em frase na forma negativa
Indicativo Sentou! O indicativo:
Senta-te já! - Indica o grau de certeza no
cumprimento da ordem.
Gerúndio Entrando! O gerúndio:
Sentando! - Não identifica um
destinatário específico.
Infinitivo Entrar! O infinitivo:
Sentar! - Não identifica um
destinatário específico.

2.3. Formas de frases

De acordo com Figueiredo e Bizarro (2004:132) “cada uma das modalidades de frase é
susceptível de ser apresentada sob varias formas”. Em função da natureza da mensagem que
se pretende transmitir, é possível associar a frase declarativa, interrogativa, exclamativa ou
imperativa à forma afirmativa ou negativa, forma activa ou passiva e forma enfática.

2.3.1. Frase de forma afirmativa

Costa (2015:236) afirma que “a frase de forma afirmativa não é marcada por nenhuma
realização lexical específica, pelo que se identifica pela ausência de marcação de frase de
forma negativa”.

A palavra sim, muitas vezes designada como marcador da forma afirmativa, ocorre apenas
em alguns contextos, como respostas a perguntas ou com o valor de contraste.

Exemplos:
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i. Vais para casa mais cedo?

- Sim, vou.

ii. Ontem trabalhei até tarde, hoje vou mais cedo para casa sim.
iii. O Tiago arrumou o quarto. (frase de tipologia declarativa e de forma afirmativa)
iv. A Joana não preparou o almoço. (frase de tipologia declarativa e forma negativa)

2.3.2. Frase de forma negativa

Segundo Costa (2015:236) “A frase assume a forma negativa quando denota a inexistência de
uma situação ou propriedade que seria originalmente apresentada”.

Exemplos:
O dia hoje está quente. - Frase na forma afirmativa
O dia hoje não está quente. - Frase na forma negativa

O João foi à praia. - Frase na forma afirmativa.


Ninguém foi à praia. - Frase na forma negativa.

Segundo Costa (2015:237) “As frases de forma negativa, requerem a presença de elementos
negativos, que poderão ser: não, nem, sem, ninguém, nada, nunca ou nenhum. Nas frases de
forma negativa, a negação ocorre sobre o predicado”.
a) Os marcadores da negação

Exemplos Características
não Nos não vimos o filme. Não e o marcador mais generalizado da negação
Esta casa não foi edificada nas frásica.
melhores condições. -em geral, precede o primeiro elemento
O atleta não ganhou a corrida dos verbal.
100m. -estabelece com o verbo uma unidade sintáctica
*Não o atleta ganhou a corrida que não pode ser fragmentada;
dos 100m. -quando não existe outro elemento a negar a
Não assistiu a prova nenhuma frase precedendo o núcleo verbal, o *não* e
pessoa. obrigatório.
*Assistiu a prova nenhuma
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pessoa.
nem Nem comemos peixe nem Nem e o marcador da negação que ocorre na
comemos carne. coordenação:
Não lemos o jornal nem vemos o -pode preceder ambas as orações coordenadas
filme. ou apenas a ultima.
sem Os alunos saíram da sala sem Sem funciona como uma preposição de valor
terem terminado o trabalho. negativo.
*Os alunos saíram da aula sem -nega a oração subordinada, sendo o seu
não terem terminado o trabalho. primeiro elemento;
- Sem não ocorre na oração subordinada com
outro elemento negativo.
Costa (2015:236)

b) Os quantificadores negativos

Exemplos Características
Ninguém Ninguém pode sair da sala.
Ele não contou a ninguém. Os quantificadores
Nada Nada foi feito para impedir o distúrbio.
negativos podem ocorrer:
Não foi feito nada para impedir o
-isolados e estabelecerem
distúrbio.
eles próprios a negação;
Nunca Nunca soubemos o que tinha
Em complementaridade
acontecido.
de domínios negativos
A Filipa não sai nunca de casa.
Nenhum/nenhuma Nenhum aluno resolveu o exercício.
Em aula nenhuma leram um livro
completo.
Não vi nenhum livro danificado.
Costa (2015:237)

2.3.3. Frase activa

A oposição entre a construção sintáctica activa/passiva constrói-se com base na oposição


criada na perspectiva distinta na análise de uma situação.
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Ao construir uma frase activa, os predicados são os opostos daqueles que ocorrem na frase
passiva. Assim sendo, na construção activa, a frase apresenta a perspectiva centrada a partir
do sujeito que estabelece uma relação com outra (s) entidade (s), que na frase passiva, se
torna o agente da passiva.

A construção da frase activa/ passiva pode ocorrer com alguns dos verbos das seguintes
tipologias.

Tipologia dos verbos Exemplo de frases activa


Verbos transitivos directos Os rapazes compraram flores
As raparigas trouxeram as sobremesas
Verbos transitivos directos e indirectos Os alunos ofereceram um livro a professora.
As raparigas puseram os livros na estante.
Verbos transitivos predicativos A professora considerou a festa excellent.

2.3.4. Frase passiva

Tipologia dos verbos Exemplo de frases passiva


Verbos transitivos directos As flores foram compradas pelos rapazes.
Os doces foram trazidos pelas raparigas.
Verbos transitivos directos e indirectos O livro foi oferecido a professora pelos
rapazes.
Os livros foram postos na estante pelas
raparigas.
Verbos transitivos predicativos A festa foi considerada excelente pela
professora.

2.3.4.1 Síntese da construção passiva

Usando os exemplos acima, nota-se que na construção passiva o sujeito e o complemento


directo da frase activa, e o agente da passiva, introduzido pela preposição (por) e o sujeito da
frase activa. Concerne ao verbo auxiliar (ser) seguido do particípio do verbo principal da
activa, na frase activa nota-se a ausência de auxiliar, mas presença do verbo principal;
enquanto na concordância dos verbos na construção passiva o particípio concorda em número
e género com sujeito, o que não se tem na frase activa.

Síntese da construção passiva


Construção passiva Construção activa Exemplos de construção passiva
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Sujeito Complemento As flores


directo Os doces
Agente da passiva, Sujeito Pelos rapazes
introduzido pela preposição Pelas raparigas
por
Verbo auxiliar ser seguido de Ausência de auxiliar Foram comparadas
particípio do verbo principal Verbo principal Foram trazidos
da activa
O particípio concorda com o As flores (…) compradas-feminino,
número e género com o singular os doces (…) trazidos-
sujeito masculino, plural.

2.3.5 Forma enfática

Com as frases de forma enfática pretende-se acentuar mais vivamente uma ideia, dando maior
enfâse a frase. A enfâse e conseguida através da introdução de alguns elementos na frase: e
que, ca, lá, etc.

A forma enfática emprega-se sobretudo no código oral. Concluindo, podemos afirmar que
uma frase pertence necessariamente a um dos quatros tipos de frases, o qual pode se
combinar com uma ou mais formas.

Aquele rapaz lá é que foi atropelado pelo autocarro?

Tipo: interrogativo

Formas: afirmativa, passiva e enfática.


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2.3.6 Forma neutra

Não e incluído o elemento desnecessário ao sentido básico da frase e que lhe daria realce.
Portanto a frase não e enfática, é neutra.

Exemplos:

i. Eu não vi a Ana.
ii. Ele tinha o privilégio de escolher o que desejara.

Conclusão
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Após

Bibliografia

Costa, J., Gramática Moderna da Língua Portuguesa, Lisboa: Escolar, 3a ed., 2015.
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Cunha, C. e Cintra, L. F. L., Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa: João Sá


da Costa, 18a ed., 2005.

Figueiredo, E. B. e Figueiredo, O. M., Itinerário Gramatical: A Gramática na Língua e a


Língua no Discurso, Porto: Porto Editora, 2001.(a)

Figueiredo, O. M. e Bizarro, R. M., Da Palavra ao Texto, Porto: Aza, 2004.(b)

Nascimento, Z. e Pinto, J. M. C., A Dinâmica da Escrita: Como escrever com êxito, Lisboa:
Plátano, 5a ed., 2006.

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