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O REI QUE ODIAVA POESIA

Dizem que foi lá no fim dos tempos


E chorava de tristeza o firmamento
Chorava em vão pela humanidade
Pois aquela era a última das cidades

Era governada por rei de coração vil


Ruim como talvez nunca outro se viu
Que nunca conheceu amor ou alegria
Por isso ele proibia de morte a poesia

No cruzeiro caído do Carmo sagrado


Monumento esquecido e abandonado
Nas ruínas da mesma tão santa Praça
O rei mandou erguer aquela desgraça

Era uma forca, firme e forte, por certo


Para o servir naquele terrível decreto
E que ninguém brincasse com a sorte
Fazer poesia dava era pena de morte!

Mas tinha aquele rei um grande azar


Pois ali poeta não se parava de brotar
E por semana, dez poetas ele pegava
E, a cada semana, dez o rei enforcava

E de dez em dez foi o povo minguando


De dez em dez foi o povo se acabando
E logo o rei começou a se desesperar:
Acabaria por não ter a quem governar!
De desespero o rei até escondia o rosto
Um dia seu coração parou de desgosto
O povo nem mesmo quis a ele enterrar
Preferiram seu corpo no monturo jogar

E mesmo o rei morto, veio uma tal ironia


Ergueu-se um novo rei que amava poesia
Ele no lugar da forca pôs um monumento
Para louvar a poesia em todo o momento

Poesia: Bill

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