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01/2011
j.pacheco@terra.com.br
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BLOCO HISTÓRICO
SOCIEDADE SOCIEDADE
CIVIL POLÍTICA
CONSENSO / COERÇÃO
HEGEMONIA
Igreja Polícia
Sindicato Exército
Escolas Tribunais
Partidos Governo
SUPERESTRUTURA
Intelectuais Orgânicos
ESTRUTURA
Gráfico 1 – Elaborado pelo autor com base em notas das aulas da disciplina Antonio Gramsci: a
Educação Como Hegemonia, ministrada pela Prof.ª Dr.ª Carmen Sylvia V. Moraes, 08/2010.
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E;
Devido a isso, e esse é o segundo aspecto, os movimentos superestruturais
orgânicos adquirem caráter permanente. Representam a ideologia, a política
dos diversos grupos sociais e, nesse sentido, “dão lugar à crítica histórico-
social, que se dirige aos vastos agrupamentos, mais além das pessoas
diretamente responsáveis, mais além do pessoal dirigente”. Apenas na
medida em que os movimentos superestruturais respondam a essas condições
orgânicas, serão o “reflexo” da estrutura e formarão com ela um bloco
histórico.
e que em sua edição de 2009 chegou a quatro milhões de inscritos. Tal fato se
deve a uma série de funções que foram sendo atribuídas a esse processo,
principalmente a de ser um requisito para a obtenção de bolsas de estudo pelo
Programa Universidade para Todos (PROUNI) do governo federal. Esse
programa concede bolsas integrais ou parciais para o acesso de estudantes
em instituições de ensino superior privadas. A nota obtida pelos alunos é
utilizada como critério para a admissão e seleção dos alunos no programa de
bolsas. No 1º semestre de 2010 foram ofertadas 85.208 bolsas integrais 79.388
parciais, totalizando 164.596 bolsas. E a partir de 2011, O ENEM vai se tornar
requisito obrigatório para o acesso ao Fundo de Financiamento ao Estudante
do Ensino Superior (FIES) do governo federal, que concede empréstimos para
o pagamento de cursos em instituições de ensino superior privadas.
Em 2009 ocorre outra mudança importante que foi a de atribuir aos
resultados obtidos pelos estudantes no ENEM a função de seleção para o
acesso nos Institutos Federais de Ensino Superior (IFES) e também para
outras universidades públicas que aderissem ao sistema. Para tanto, o governo
instituiu o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), no qual os alunos que fizeram
o ENEM podem se candidatar aos cursos das instituições de ensino superior
(IES) que adotaram a nota obtida no ENEM para seu processo seletivo.
O processo é realizado por página da internet e de acordo com relatório
emitido em junho de 2010, foram admitidos 16.549 alunos, sendo que 10.968
na 1ª opção de curso e IES e 5.581 na 2ª opção. Das 35 instituições que
participaram do processo, 09 delas foram responsáveis pela admissão de cerca
de 70% dos candidatos. A adesão de universidades públicas e privadas tem
sido crescente, variando como cada instituição utiliza a nota obtida no exame
para a seleção dos ingressantes.
Os objetivos do ENEM estão explicitados nas diversas legislações e na
página da internet do exame. Para o presente trabalho, seguem extratos do
Edital nº 01 de 18 de Junho de 2010, EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO
– ENEM 2010, que expressa o que é o exame:
A nosso ver, apesar dessa aparente boa intenção, o foco de uma política
pública comprometida com a transformação social não seria a do Estado
assumir para si a tarefa de operar um vestibular nacional, mas sim a de
oferecer vagas nas universidades públicas para todos que desejassem fazer
um curso superior. O fato de que um sistema de seleção aplicado em escala
nacional possa permitir que estudantes das classes subalternas se candidatem
às universidades de outros estados ou regiões não deve mudar nossa triste
realidade, pois é muito provável que continuem a serem os mesmos a serem
admitidos nas universidades públicas mais renomadas, ou seja, os estudantes
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Bibliografia
Anexo I
Notícias Veiculadas em Portal IG sobre o ENEM – 22/07/2010.
Leia também:
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Sem surpresas
O desempenho superior dos estudantes da rede privada – que possui 12% dos
alunos matriculados no ensino médio (973 mil alunos) em suas salas de aula –
não surpreende os especialistas. Em edições anteriores do Enem, os colégios
particulares também apareciam liderando as listas das melhores notas. Além
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“As escolas privadas são seletivas em relação a seus alunos. Eles são,
basicamente, os filhos da classe média, que tem condições de oferecer desde
o início da vida, estímulo à leitura, acesso à cultura. Isso faz muita diferença.
Provavelmente, esses mesmos estudantes que estão na rede privada teriam
desempenho tão bom quanto se estivessem matriculados em escolas
públicas”, opina o conselheiro.
Angela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), ressalta que o ritmo das escolas das duas
redes é muito diferente. “Quando o governo anunciou mudanças no Enem, os
colégios privados correram para preparar seus alunos para essa nova
avaliação. A escola privada precisa desses resultados para se manter no
mercado”, pondera. Para a especialista, a perspectiva da escola pública é
outra, porque atende demandas distintas.
A professora critica os ranqueamentos das escolas e afirma que o objetivo da
divulgação das notas deveria ser o de diagnosticar problemas e corrigi-los.
“Esses dados não devem ser vistos como indicadores únicos de qualidade dos
sistemas de ensino, que têm condições tão diferentes. As notas são
indicadores de desempenho, não de qualidade”, afirma.
José Augusto de Mattos Lourenço, presidente da Federação Nacional das
Escolas Particulares (Fenep), ressalta, em defesa da rede privada, que os
resultados do Enem se assemelham ao de outras avaliações, como o Saresp e
o Saeb. “A rede particular tem se destacado em todas elas. Acho que o
diferencial entre as duas redes é a gestão. Não é uma questão de dinheiro”,
aponta.
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Ele comenta que muitas escolas privadas contratam avaliações próprias, que
apresentam diagnósticos de problemas. “Assim, elas podem fazer um
planejamento e sanar deficiências rapidamente. A rede privada consegue
resolver seus problemas de forma mais rápida”, admite. Para ele, outro ponto
importante é o tempo de “sobrevivência” das más escolas privadas. “Elas não
duram”, garante.
Mesmo com os bons resultados, José Augusto garante que a Fenep é contra
os ranqueamentos. Na opinião dele, eles não revelam a realidade de todas as
escolas. “Não são todos os alunos que têm interesse e fazem o Enem. Ele não
é uma avaliação nacional. Há ainda, infelizmente, maus educadores que
escolhem os estudantes que farão as provas, e tendenciam as médias”, diz.