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INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE

TECNOLOGIA, INFRAESTRUTURA
E TERRITÓRIO (ILATIT)
ARQUITETURA E URBANISMO

FORMA E FUNÇÃO DA CIDADE

YURI JOSÉ ONTIVEROS ESAÚ DOS SANTOS

Aparecida
Ano 2021
Na busca pela compreensão acerca de um tema que nos permeia, mas que não nos traz
relevância sem o devido brio pelo seu discernimento em razão de sua complexidade e pelo seu
aspecto histórico de constituição, a cidade e o meio urbano caracterizam-se, principalmente por
sucessões históricas de demanda populacional e oferta de trabalho, provindas do interesse
econômico e da evolução tecnológica que promoveu a dinâmica de habitantes.
Para compreender esta sucessão temporal, é de grande importância relatar os episódios
históricos que se desenvolveram ao longo dos séculos, culminando nas cidades que hoje temos
como referência de existência. Os primeiros nichos populacionais pelo qual se tem conhecimento
se data na Revolução Agrícola ou Revolução Neolítica, no qual o ser humano aprende a manejar
as técnicas de plantio e não necessitava mais viver como nômade e se deslocar em busca de
alimento e abrigo em detrimento da oferta que o ambiente lhe propunha, mas sim que agora ele
era capaz de cultivar seu próprio alimento.
Havendo a concentração de núcleos familiares e aglomerações distintas em um mesmo espaço
marcada pela relação de vizinhança e pela possibilidade de troca, a cidade começa a surgir então
pela relação humana de fixação e pela necessariedade de comercialização para obtenção de
produtos diferentes daqueles que lhes eram aptos a cultivar, tornando a distância fator essencial
para a sobrevivência (Lema, 1997).
Após milhares de anos com o desenvolvimento do comércio, da população campestre e da
tecnologia, ocorre por volta de XVIII duas grandes mudanças que começam a originar então o
espaço urbano, a Revolução Industrial e a Mecanização no Campo.
Com o aumento populacional e o advento da tecnologia a vapor, a demanda por produtos e
alimentos elevou drasticamente, o que foi propício à implementação de maquinários pesados à
fim de substituir o trabalho humano no campo e poder produzir mais e com menor custo. Além
disso, as indústrias serviram de atrativo e oportunidade, pois precisavam de grande quantidade
de mão de obra o que somado ao fator da mecanização, culminou na saída obrigatória do campo
para a cidade, formando assim as primeiras grandes concentrações em massa populacional.
Portanto, as eventualidades cadenciadas históricas foram decisivas para a formação dos território
urbano que temos por conhecimento hoje e como a necessidade de proximidade com o mercado
e trabalhador, o comércio de bens e a grande produtividade influenciaram no remanejamento do
espaço e da dinâmica de vida do homem.
Este processo de urbanização ocorreu de maneira temporal e estrutural diferentemente entre
países desenvolvidos, como a maioria da Europa e América do Norte (sem contar México) e
países subdesenvolvidos, como todos os países latino americanos e etc. Enquanto nos países
desenvolvidos a atividade industrial começou por volta do século XVIII e de forma não abrupta,
nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, o processo da inserção industrial ocorreu de
maneira acelerada, vertiginosa e concentrada.
Assim, a concepção de distinção do modelo e época de industrialização e Êxodo Rural entre
países desenvolvidos e subdesenvolvidos é imprescindível para se compreender o mesmo tipo de
reprodução urbana que foram se constituindo nos países menos favorecidos, já que os mesmos
possuíram estes processos de forma acelerada, vertiginosa e concentrada, ocasionando na
massiva aglomeração populacional em centros específicos, como o da Região Sudeste no Brasil,
onde há o maior desenvolvimento econômico e concentração habitacional.
Este acelerado desenvolvimento, possibilitou o crescimento não planejado e desordenado do
espaço urbano, ocasionando nos diversos problemas sociais presentes hoje, como segregação
socioespacial, favelização e moradias de risco, além do abismo entre classes promovida pela
concentração de renda e sua má distribuição, em razão da ineficiência das políticas públicas
mesmo com existência das mesmas.
Assim, cada cidade, dependendo do seu papel no território e de seu processo de formação
urbana, apresenta uma característica singular que evidencia sua relação a sua forma de atingir a
população e como isso impactará nos remanejamentos de políticas públicas e urbanos a fim de
moderar a cidade.
Compreendendo que obviamente a própria cidade exerce um poder de dinâmica no território em
função de sua oferta de saúde, lazer, economia e etc. Também deve-se entender que na
inexistência ou na escassez destes recursos, os habitantes de determinado local irão buscar
estes mesmo recursos em outras cidades, e aí se abre a oportunidade para perceber a relação
das cidades entre si e como isso influencia no cotidiano do habitante.
Esta relação é conhecida como Rede Urbana e Hierarquia Urbana, que significa respectivamente
o conjunto de relação e integração das cidades entre si e o grau de dependência, influência e
importância que determinadas cidades exercem uma sobre as outras.
Pode-se citar São Paulo como uma metrópole global, pois exerce influência em todo o Brasil e
possui forte relação com o mercado exterior, além de apresentar bolsa de valores. Metrópole
nacional temos Porto Alegre, metrópole regional temos Curitiba e etc.
Portanto cada uma dessas cidades, atreladas à sua oferta econômica, população, industrialização
e relação de investimentos, apresenta certo destaque e importância nacional e internacional.
Como Rede Urbana é possível relatar a partir da minha própria vivência, me localizando no trecho
Rio – São Paulo, no Vale do Paraíba há além da hierarquia, um rede urbana evidente entre São
Paulo até Aparecida, (onde moro), referente, principalmente à oferta de trabalho, economia,
compra, saúde e estudos.
Em ordem decrescente esta rede e hierarquia se apresentam; São Paulo, São José dos Campos
(capital do Vale do Paraíba), Taubaté (segunda cidade mais populosa do Vale), Guaratinguetá e
demais cidades. A oferta destes recursos já mencionados são mais presentes conforme o
tamanho e influência da cidade, e, havendo a necessidade destes recursos é de obrigatoriedade
se deslocar para usufrui-los.
Assim, cada cidade, na perspectiva de oferecer recursos e bens que possui em detrimento de
outras, automaticamente sua forma estará atrelada à sua função, pois, para poder exercer a
função de um determinado objeto pelo qual ela se diferencia, materialmente ela deve apresentar
estruturas físicas para se objetificar como tal, isto é, para uma cidade ser atribuída à função
industrial, ela deve apresentar indústrias. Caso ela seja referência hospitalar, ela deve apresentar
hospitais, e assim será em relação à qualquer outra tema que à referencie.
Portanto, acredito que seja interessante evidenciar uma questão de causa e consequência entre
forma e função em que, necessariamente, a função da cidade faz ela tomar determinada forma
para suportar aquela característica de atribuição. Brasília é um caso óbvio dessa respectiva
denominação, ainda mais por ter sido planejada.
Com o intuito de transferir a capital antes no Rio de Janeiro, para o Planalto Central, a cidade
planejada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer foi pensada e projetada tanto arquitetonicamente
como urbanisticamente com a intensão de abrigar o poder federal no centro do país, a fim de
dialogar em distância com a maioria das regiões do Brasil.
Também foi pensado estrategicamente a localidade com o objetivo de levar a população e
desenvolvimento para o interior do país, ocupando melhor o espaço oferecido por um país de
tamanho continental. Além disso, estrategicamente falando, Brasília se localiza no centro do país
para estar mais segura militarmente, por abrigar o governo e o presidente.
Mas não só Brasília, uma cidade de função política, ou cidades planejadas apresentam a relação
de função e forma desta maneira, cidade litorâneas e cidades religiosas como Aparecida do
Norte, são cidades com função turística e por possuírem tal atribuição, sua maneira de se moldar
à demanda da função é alterando sua forma. Assim, o movimento transitório de pessoas em
busca do lazer e da prática religiosa, conduz a cidade a ter diversos prédios, hotéis e pontos
turísticos a fim de atender este tipo de serviço.
As cidades são transitórias e por conseguinte, inconstantes no espaço urbano pelo qual ela se
estende ao longo dos anos, sendo capaz de se moldar conforme a necessidade pelo qual um dia
lhe será atribuída. São Paulo por ser uma cidade global, se encaixa em várias funções e várias
formas e isso se deve por inúmeros acontecimentos históricos de imigração, indústria e etc.
Logo, na ciência de que o espaço urbano é múltiplo, complexo e impermanente a compreensão
do planejamento de forma e função urge para a devida amenização e boa administração da
cidade a fim de evitar as vicissitudes pelo qual nossa malhar urbana vertiginosa e descontrolada
se originou.
REFERÊNCIAS:

https://www.youtube.com/watch?v=w_-OuKrssVk –

https://digitalis-dsp.sib.uc.pt/bitstream/10316.2/40474/1/A%20cidade%20revisitada.pdf

https://www.todamateria.com.br/industrializacao-no-brasil/

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/urbanizacao-do-brasil-consequencias-e-caracteristicas-das-
cidades.htm#:~:text=De%20acordo%20com%20o%20Censo,Brasil%2C%20oito%20moram%20em
%20cidades.&text=Esse%20tempo%20%C3%A9%20muito%20curto,o%20surgimento%20de%20graves
%20problemas.
https://www.youtube.com/watch?v=GhTiQORw4PQ

https://escolakids.uol.com.br/geografia/metropole.htm#:~:text=Exemplo%3A%20Belo%20Horizonte%20e
%20Porto%20Alegre.&text=3)%20Metr%C3%B3pole%20Regional%3A%20s%C3%A3o%20metr
%C3%B3poles,%2C%20Bel%C3%A9m%2C%20Curitiba%20e%20Salvador.

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/sugestao_leitura/sociologia/outra_globalizacao.
pdf

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