Você está na página 1de 4

Capítulo 1 - O Vagão

Luca POV

Parei de olhar para trás, onde anteriormente Alberto estava correndo ao lado do trem, e
olhei para a ilha. Lá era o único lugar com sol no momento, o resto estava com chuva, o que
fez a vista bem bonita. Lá foi onde eu sai do oceano pela primeira vez, graças ao Alberto, e
agora eu estou aqui, em um trem para Gênova indo aprender novas coisas.

"You got me off the island, Luca. I'm ok." Lembrei quando ele disse isso a alguns segundos
atrás, me fazendo sorrir. Ainda estava pensando sobre a fala, mas ele ter dito aquilo me faz
feliz, saber que ajudei ele (apesar de não saber exatamente como) assim como ele me
ajudou, é satisfatório.

Ele vai ficar bem.

Olhei para frente, vendo o resto do trem e os trilhos seguindo a costa da Riviera Italiana. É
lá que fica meu futuro.

Tirei o tronco de fora do trem, me sequei, sinto o arrepio usual de quando me transformo e a
cauda fantasma. Pego minha bolsa de couro e abro a porta do vagão que estava na minha
frente.

Vejo um longo corredor e várias portas deslizantes de vidro, atrás de cada porta tem uma
cabine. Um homem com um uniforme me pediu a passagem, e eu o entreguei. Quando ele
saiu da minha frente, indo para o outro lado do vagão, consegui ver melhor. No meio do
corredor vi as costas de uma menina ruiva, ela olha para trás e acena para mim, me enchi
de animação. Corri na direção dela e ela na minha, soltamos nossas bolsas e nos
abraçamos.

— Era devvero presto. — Giulia falou rindo e eu também ri. Ela já sabia que nós íamos para
a escola juntos, eu realmente fui o último a saber. Nos soltamos do abraço. — Per mille
sardine! I'm really going to school! With you! — A ficha havia caído para mim após eu ver
ela. Meus olhos estavam brilhando e eu estava com os braços para cima e os punhos
fechados tremendo de animação. Dei três saltos de animação, mas me arrependi
instantaneamente, as pessoas dentro das cabines estavam me olhando. — Too much? Too
much. — Nós dois rimos.

— I am so excited too! We are going to have so much fun together. Can't wait to show you
the whole city! — Os olhos dela estavam brilhando assim como os meus e ela fez o mesmo
gesto que eu, mas Giulia parou e ficou com a expressão normal de repente. — But save the
enthusiasm to when we get there. We are going to be here for… a while. Here, seguimi. —
Giulia pegou sua mala verde com as duas mãos e começou a andar para o fundo do vagão,
peguei a minha bolsa e a segui. Fiz o que ela disse, botei minha animação numa caixa
mental. Sabia que Gênova era bem longe de Portorosso, ela tinha falado isso uns dias
atrás, então acreditei nela quando ela disse que iríamos ficar no trem por um tempo.
Ela abriu a porta de vidro, e entrou na cabine vazia. A cabine era só um quadrado com dois
assentos de cada lado, cada um grande o suficiente para três pessoas e uma prateleira de
metal no alto para a bagagem. A ruiva e eu, com dificuldade, botamos nossa bagagem na
prateleira, éramos muito baixos, mas conseguimos. Sentamos no assento e respiramos
ofegante.

— Hey… the blinking that you and Alberto made... — Fui interrompido por ela. — Yeah
yeah… it was for the surprise. Oh i wish i had saw your face when he gave you the news. —
Ela disse com uma falsa tristeza.

— I was really surprised, pity you lost it.


— Si. But what exactly happened with you ragazzi back there? Alberto didn't told me
everything he wanted to do. — Pensei por um momento em como resumir o que aconteceu.
— He gave me the ticket, said he sold the Vespa, but i thought he would come with us…
Then he told me that he thinks Massimo needs his help in the pescheria and that he would
stay in Portorosso. We cried, hugged and Alberto ran side by side to the train for a while. —
Parei para uma pausa finalmente e Giulia precisou de uma também, a diferença é que a
pausa dela era para processar toda a história e a minha era respirar.

— Sooooo… — Ela disse pensando e processando ainda, juro que tava até saindo fumaça
do ouvido dela. Continuou fazendo o som por alguns segundos até que continuou a fala. —
Alberto sold his Vespa? But that was the entire reason you guys did the race! Also, we are
technically all siblings now.

— I was surprised with that too, it was so nice of him… Aspetta, what? — No meio da minha
fala que eu percebi o que ela falou. Minha cara estampava confusão, aquela última parte eu
definitivamente não estava esperando. — You are going to live with me and my mamma and
Alberto is going to live with my papà. We are one step away of being siblings… — Ela
explicou fazendo alguns gestos.

Agora era a minha vez de processar as coisas na minha mente, eu estava todo uou. Após
alguns segundos meu sistema de fala voltou a funcionar.

— That's awesome… And totally crazy, but it's awesome. — Ficamos em silêncio por alguns
segundos impressionados com isso. — However, there is a whole in your way of thinking.
For an exemple, my mom almost send me to the deeps where my uncle Ugo lives. I would
live with him, but that doesn't mean he would be my father. — A cara de surpresa de Giulia
desapareceu, sendo substituído por uma cara de entediada. — Guastafeste. — Ela disse e
eu ri, fazendo ela rir também.

— Scusa. But if that's any consolation, i've noticed that him and your father are very close,
so… — Pisquei meu olho esquerdo para ela e ela entendeu. — There is still hope then.
Hehehe — Ela completou minha fala.

Ficamos por um tempo em silêncio. Fiquei olhando a paisagem da janela enquanto a Giulia
ficava me falando por onde estávamos passando. “We just passed Camogli" "Now we are in
Recco". Era muito bonito ver passando a paisagem de montanhas, florestas e das cidades
que tinha no caminho, a Lua nos seguindo… Foi uma experiência e tanto. Eu quase
adormeci, mas eu me segurei, queria estar acordado quando chegássemos.

Nós dois meio que fizemos uma regra nas nossas cabeças de que não podíamos conversar
sobre Gênova e nada relacionado até chegarmos lá, então estávamos quase morrendo de
tédio. Até que uma hora a gente não conseguiu aguentar mais.

— Luca, how is it to live in the sea? If you are comfortable talking about that, of course. And i
am curious about how the transformation works too! — Giulia perguntou genuinamente
curiosa e animada, enquanto tirava da mala uma caixa. Fui tirado do transe de ficar olhando
para a janela com o cotovelo me apoiando, direcionando o meu olhar para ela, confuso.
Agora que parei para pensar, eu aprendi tanto sobre o mundo dela, queria que ela
aprendesse do meu também. — I'm, don't worry. — Sorri com a educação dela, o que me
fez pensar… Será que quando eu chegar em Gênova o povo de lá vai ser como o de
Portorosso? Como a Giulia? Tomara que sim.

Ela abriu a caixa e pegou um sanduíche de dentro dela, mas estava focadíssima em mim,
parecia não querer perder nenhum detalhe.

— I spent all day fisherding. And i slept aaaall night. So, it actually was pretty boring. But you
probably wanna know the details right? We sleep in stone beds with some algae in it. We
don't close our eyes when we sleep, crazy right? We usually eat algae, fish and fish eggs.
Sometimes there are events, like the Best Crab and the Dolphin Swirl… — Fiz uma pausa e
vi o brilho nos olhos da Giulia enquanto ela comia o sanduíche. Então é assim que ela se
sentia? Era interessante ver a animação de alguém depois de você coisas tão mundanas e
chatas para você. — Santo Pecorino! That's amazing. Next summer i want to see that with
my own eyes! — Ela começou a rir sozinha enquanto sussurrava "Fisherding". Interrompi as
risadas falando: — Oh and about the transformation. I know just as much as you do. — Ela
pareceu um pouco decepcionada, mas ainda assim empolgada. Se aproximou de mim,
começou a beliscar minha bochecha e a ver ela de perto.

— Ouch!? — Falei confuso com a aproximação dela.


— Maybe it's magic? No! It has to be science, there must be an explanation. Also, how does
it feel when your tail disappears? — Giulia falou enquanto fazia um sinal de negação com a
cabeça. Logo ela largou de me beliscar e se distanciou um pouco. Botei a mão onde ela
beliscou e disse: — It's called phantom tail. I kinda feel like the tail is still there, it is a crazy
feeling!

— So it's the same as the people like papà! When someone misses a limb they feel the
same way as you… — Parou e lembrou de algo. — I mean, papà himself doesn't feel that
way. After all, you can't have a phantom of something that you never had in the first place. —
Ela acabou o sanduíche e olhou pela janela, tendo uma reação de surpresa.

— We are almost in Genova! — Sorri com as notícias que acabei de receber dela. — Finally,
i can't wait!

O combinado de não falar de Gênova ainda estava rolando, então para a gente não ficar
animado enquanto fazemos nada, decidi puxar assunto. Perguntei para ela como
funcionava um trem e ela me explicou. Fiquei impressionado como uma pedra preta
chamada "carvão" podia mover essa gigante caixa de metal.

E então, finalmente chegamos ao nosso destino.

Capítulo 2 - Gênova

Quando o trem parou, nós nos encaramos com brilho nos olhos, antes de rapidamente
pegar nossas malas e sair disparado da cabine.

Poucas pessoas das cabines vizinhas saíram delas. O que nos fez um dos primeiros a
sairmos do trem.

Você também pode gostar