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Curso de Técnico em Segurança do Trabalho 1/39

Prevenção e Controle de Perdas

Apostila de
Prevenção e Controle de Perdas

Elaboração: Prof. Marco Aurélio Ritter


Engenheiro de Segurança do Trabalho
Curso de Técnico em Segurança do Trabalho 2/39
Prevenção e Controle de Perdas

Prevenção e Controle de Perdas

1. Conceitos básicos de acidente do trabalho - (revisão)


1.1. Acidente do Trabalho - Legislação Previdenciária Lei 8.213/91

Art. 19 - Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do


trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos
segurados referidos no inciso VIl do artigo 11 desta lei, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para
o trabalho.
§ 1° - A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas
coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do
trabalhador.
§ 2° - Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a
empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do
trabalho.
§ 3°- É dever da empresa prestar informações pormenorizadas
sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular.
§ 4°- O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e
os sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão
o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores,
conforme dispuser o Regulamento.

Art. 20 - Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo


anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou
desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada
atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo
Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou
desencadeada em função de condições especiais em que o
trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante
da relação mencionada no inciso I.
§ 1° - Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
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b) a inerente a grupo etário,
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de
região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é
resultante de exposição ou contato direto determinado pela
natureza do trabalho.
§ 2° - Em caso excepcional, constatando-se que a doença não
incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou
das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele
se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la
acidente do trabalho.

Art. 21 - Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para


efeitos desta lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a
causa única, haja contribuído diretamente para a morte do
segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o
trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua
recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local o no horário do
trabalho, em conseqüência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por
terceiro ou companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de
disputa relacionada com o trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de
terceiro ou de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos
ou decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do
empregado no exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e
horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a
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autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa
para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo
quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor
capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de
locomoção utilizado, inclusive veiculo de propriedade do
segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou
deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção,
inclusive veículo de propriedade do segurado;
§ 1° - Nos períodos destinados à refeição ou descanso, ou por
ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local
de trabalho ou durante este, o empregado é considerado no
exercício do trabalho.
§ 2° - Não é considerada agravação ou complicação de acidente
do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se
associe ou se superponha às conseqüências do anterior.

1.2. Classificação dos Acidentes


Sem Afastamento: é o tipo de acidente em que o acidentado
pode continuar sua função normal, no mesmo dia do acidente, ou no
próximo, no horário normal de trabalho.
Com Afastamento: é o tipo de acidente que provoca
incapacidade temporária, incapacidade permanente ou a morte do
acidentado.
 Incapacidade temporária: é a perda da capacidade do trabalho
por um período limitado de tempo, não superior a 01 ano. É
aquela em que o acidentado, depois de algum tempo afastado
do serviço, devido ao acidente, retorna ao mesmo executando
suas funções normalmente, da mesma forma que no período
anterior ao sinistro.
 Incapacidade permanente parcial: é a redução parcial da
capacidade de trabalho do acidentado, em caráter permanente.
Por exemplo: perda de um dos olhos, de um dedo, etc.
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 Incapacidade permanente total: é a perda da capacidade total
para o trabalho, em caráter permanente. Por exemplo: perda
dos dois olhos, de uma mão, perda dos dois pés, etc, mesmo
que seja possível colocar uma prótese.
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2. As causas e as conseqüências das perdas

“Quando não se conhece as causa do fenômeno, tudo


se torna escondido, obscuro e discutível, porém
tudo fica claro quando as causas se fazem
evidentes”.
Louis Pasteur
2.1. Introdução
 A maioria das pessoas ligadas à segurança e também os donos de
empresa desconhecem o custo de um acidente.
 Enxergam apenas:
 Custos do tratamento médico
 Indenização ao trabalhador
 Aceitam estes custos como:
 Inerentes ao negócio
 Assumem que os custos são absorvidos pelas companhias de
seguro
 Esquecem-se de que os mesmos fatores que ocasionam acidentes
também geram:
 Perdas de eficiência
 Problemas de qualidade
 Custo elevado
 Na moderna visão das grandes empresas os acidentes não fazem
parte do custo inevitável para a realização do trabalho.
 As empresas de seguro cobram a falta de segurança dos seus
clientes através de prêmios mais altos, os quais se baseiam na
quantidade de acidentes ocorridos na empresa.
 Por mais elevados que sejam os custos com seguro médico e
indenização do trabalhador, correspondem a uma pequena parte dos
custos reais de um acidente.
 Todavia, nem tudo gira em torno do custo dos acidentes e com o
impacto negativo nos lucros ou serviços prestados.
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 O entendimento correto do processo causal de

acidentes é crítico para o desenvolvimento de


controles apropriados.
 Quando se crê que os ACIDENTES são causados por DESCUIDO,
normalmente se recorre a um CASTIGO ou a PROGRAMAS DE INCENTIVO

para fazer com as pessoas sejam mais cuidadosas. Essa abordagem faz
com que os ACIDENTES sejam OCULTADOS AO INVÉS DE SOLUCIONADOS.
 Quando se crê que os acidentes são ACONTECIMENTOS ANORMAIS,
as pessoas responsáveis pela segurança e os donos de empresa tendem
a se proteger com uma COBERTURA MAIOR DE SEGUROS .

O nosso propósito é fornecer uma melhor compreensão das CAUSAS e CUSTOS RE


ACIDENTES e OUTRAS PERDAS, juntamente com uma maneira FUNCIONAL
para ANALISAR SUAS FONTES DE ORIGEM e CONTROLAR SEUS EFEITOS.

2.2. Definições práticas


Em primeiro lugar - compreender o que se está tentando prevenir.
Em segundo lugar - compreender a seqüência de eventos que podem
levar a uma PERDA.

ACIDENTE pode ser definido como um EVENTO NÃO DESEJADO que


resulta em dano à PESSOA, dano à PROPRIEDADE ou PERDA NO PROCESSO
PRODUTIVO ou MEIO AMBIENTE.

O acidente é usualmente o resultado do contato de uma substância ou


fonte de energia (química, térmica, acústica, mecânica, elétrica, etc) acima
da capacidade limite do corpo humano ou da estrutura.
 Em termos de pessoa: corte, queimadura, escoriação, fratura, etc.,
ou mesmo uma alteração ou interferência com uma função normal do
corpo (câncer, ingestão de asbesto, afogamento, etc.).
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Lesões causadas pela emissão de energia acima da capacidade limite de parte ou de


todo o corpo
Tipo de Energia Liberada Lesão Primária Produzida Exemplos e Comentários
Mecânica Deslocamento, Lesões resultantes do
rompimento, fratura e impacto de objetos móveis, tais
esmagamento com como balas, agulhas, facas e
predomínio a nível de tecidos objetos que caem; e do impacto
e órgãos da estrutura do do corpo em movimento contra
corpo humano. estruturas relativamente imóveis
como em quedas e acidentes em
veículos e aviões. Neste grupo
estão a maioria das lesões.
Térmica Inflamação, coagulação, Queimaduras de primeiro,
queimadura e queimação em segundo e terceiro graus. O
todos os níveis do corpo resultado específico depende do
humano. lugar e da forma com que a
energia é dissipada. O resultado
específico depende do lugar e
da forma como são aplicadas as
forças resultantes.
Elétrica Interferência com a Eletrocussão, queimaduras,
função neuro-muscular e de interferência com a função
coagulação, queimadura e nervosa como na terapia de
queimação em todos os eletro-choque. O resultado
níveis do corpo humano. específico depende do lugar e
da forma com que a energia é
dissipada.
Radiação ionizante Rompimento dos Acidentes em reatores,
componentes e funções irradiação terapêutica e
celulares e sub-celulares. diagnóstica, uso incorreto de
isótopos, efeitos da precipitação
radioativa na atmosfera. O
resultado específico depende do
lugar e da forma com que a
energia é dissipada.
Química Geralmente específica Inclui lesões devido às
para cada substância ou toxinas vegetais e animais,
grupo. queimaduras químicas, como as
causadas por KOH, Br2, F2 e
H2SO4 e as lesões menos graves
e muito variadas produzidas pela
maioria dos elementos e
compostos quando em
quantidades suficientes.
 Em termos de propriedade: pode resultar em incêndio, destruição,
deformação, etc.
Na definição de acidente, podem ser destacados 03 aspectos
importantes:
1º) Não limita os resultados sobre o ser humano unicamente à lesão,
mas ao dano à pessoa. Portanto estão incluídas além das lesões e
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enfermidades, as adversidades mentais, neurológicas ou efeitos
sistemáticos provenientes de uma exposição a determinados agentes.
2º) Diferencia lesão de acidente, visto que elas não são a mesma
coisa.
Lesão e enfermidades resultam de acidentes.
Porém, nem todos os acidentes resultam em lesão ou
enfermidade.
A ocorrência do acidente é controlável.
A gravidade de uma lesão que resulta de um acidente é
freqüentemente uma questão de sorte, pois depende de muitos fatores
tanto da pessoa (condições físicas) quanto da quantidade e tipo de
energia transferida (proteções instaladas, EPI).
A relevância da distinção entre acidente e lesão é de suma
importância, pois irá direcionar nossas ações mais aos acidentes
do que às lesões que os mesmos poderiam provocar.
3º) Se o evento resulta somente em dano à propriedade ou perda no
processo, sem gerar lesão, ainda assim é um acidente.
Outro fator importante é a análise de acidentes com danos à
propriedade e que ocorrem com maior freqüência, pois fornecem maiores
informações. Essas informações servirão para orientar os trabalhos de
prevenção, possibilitando uma maior compreensão das causas que deram
origem ao acidente.
Programas de segurança que ignoram os danos que os acidentes
causam à propriedade, certamente estão ignorando muitas informações
sobre os acidentes. Isso constitui um grande entrave na meta de redução
efetiva tanto de lesões como de controle de custos.
Exemplos de acidentes:
 Um mecânico estava trabalhando no poço de lubrificação de uma
oficina de reparos. Como estava fazendo frio, as portas e janelas
estavam fechadas. Um veículo que se encontrava próximo havia sido
deixado com o motor funcionando. O mecânico se intoxicou devido ao
monóxido de carbono, uma substância que interfere com a capacidade
do sangue de transportar oxigênio.
 Um eletricista estava trabalhando em uma máquina de alta
voltagem enquanto ela estava quente, para economizar tempo. A chave
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de fenda escorregou e caiu entre dois pontos de contato. O resultado da
explosão queimou severamente o eletricista, danificou a caixa de controle
e interrompeu parte do processo de produção.
 Um técnico instrumentista transportava um indicador de fluxo da
oficina onde ele havia sido calibrado até a área onde seria instalado.
Quando o técnico escorregou em uma poça de óleo no chão, ele foi
capaz de recuperar o equilíbrio, mas o indicador caiu e danificpu-se, sem
possibilidade de reparo.
Os três eventos acima são considerados acidentes. O primeiro porque
resultou em lesão; o segundo porque resultou em lesão, em dano à
propriedade e em perda do processo; e o terceiro porque resultou em dano
à propriedade.

O Incidente
Geralmente se refere ao quase acidente ou à quase perda.
O incidente é similar ao acidente, porém sem implicar em lesão nem
dano.
O incidente normalmente não adquire proporções alarmantes até se
tornar um acidente.
Um incidente com alto potencial de perda deve ser investigado tão ao
fundo como um acidente.

INCIDENTE pode ser definido como um EVENTO NÃO DESEJADO, que


sob circunstâncias ligeiramente diferentes, poderia ter resultado em dano à
PESSOA, dano à PROPRIEDADE ou PERDA NO PROCESSO PRODUTIVO ou MEIO
AMBIENTE.

INCIDENTE também pode ser definido como um EVENTO NÃO


DESEJADO que poderia ou pode resultar em uma PERDA.

Exemplo de incidente: relatar incidente com a empilhadeira.


2.3. Doenças ocupacionais x causas de acidentes
 Preocupação crescentes com doenças ocupacionais.
 A lista com substâncias que causam câncer ou outras doenças
aumenta anualmente.
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 Grande parte dessas substâncias no passado eram consideradas
seguras, expondo um grande número de trabalhadores.
 Os resultados dessas exposições somente seriam conhecidos anos
depois, tornando o dano irreversível.
 Lembre-se que anteriormente o acidente foi definido como o
resultado do contato de uma substância ou fonte de energia acima da
capacidade limite do corpo humano ou da estrutura.
 O corpo humano tem níveis de tolerância ou limites à lesão para
cada substância ou forma de energia.
 Lesões: geralmente oriundas de efeitos danosos de um contato
único, tal como um corte, uma fraturam um deslocamento, uma
amputação, uma queimadura química, etc.
 Enfermidades: geralmente oriundas de efeitos danosos de
contatos repetitivos tais como o câncer, doenças do fígado, a perda de
audição, etc. Também se aceita que as enfermidades possam ser
produzidas como o resultado de um contato único, como por exemplo a
contaminação acidental de um médico com uma agulha infectada pelo
vírus da AIDS.

PONTO CRÍTICO: ambos possuem como fator comum o contato com


uma substância ou fonte de energia acima da capacidade limite de uma
parte ou de todo o corpo.

CONCLUSÃO 01: ambos possuem os mesmos controles, ou seja,


prevenção do contato ou sua redução a níveis abaixo do limite de
tolerância das pessoas ou estruturas.

CONCLUSÃO 02: ambos seguem as mesmas etapas, ou seja,


identificação das exposições, avaliação da gravidade ou probabilidade
de ocorrência, desenvolvimento de controles adequados,.

2.4. Segurança - Definição


Segurança geralmente é definida como a ausência de acidentes ou a
condição de se sentir seguro com relação à dor, lesão ou perda.
Resumidamente:
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SEGURANÇA pode ser definida como o controle de perdas
acidentais.

 Dentro desta definição estão contemplados lesão, enfermidade,


dano à propriedade e perda no processo ou meio ambiente.
 Abrange tanto os conceitos de prevenção de acidentes quanto o de
manter as perdas no mínimo quando da ocorrência do sinistro.
2.5. Estudo da proporção de acidentes (pirâmide)
Inicialmente, em diversos países, surgiram e evoluíram ações com a
intenção de prevenir danos às pessoas decorrentes de atividades laborais.
Paralelamente, surgiram estudos apontando a necessidade de ações tão ou
mais importantes que as anteriores, porém objetivando a prevenção de
acidentes com danos materiais, pois desta forma também seria reduzido o
risco de acidentes com danos pessoais.
2.5.1. Teoria de Heinrich - 1931
Heinrich, em 1931, efetuou uma pesquisa que revelou a
relação 4:1 entre os custos segurados (diretos) e não segurados
(indiretos) de um acidente. Esse valor, muito difundido e repetido, foi
obtido para a média americana. Não era seu propósito usá-lo em todos
os casos como estimativa do custo de acidentes. Sabe-se que esta
relação pode variar desde 2,3:1 até 10: 1, o que apenas evidenciava a
necessidade de realização de estudos específicos.
Naquela mesma época, Heinrich introduziu pela primeira vez a
filosofia de Acidentes com Danos à Propriedade (acidentes sem
lesão) em relação aos acidentes com lesão incapacitante. Sua
investigação apresentou como resultado:

1 L e s ã o in c a p a c ita n te

29 L e s õ e s n ã o in c a p a c ita n te s

300 A c id e n te s s e m le s ã o

Isto significa que para 01 (uma) lesão incapacitante havia 29


lesões menores (lesões não incapacitantes) e 300 acidentes sem lesão
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2.5.2. Teoria de Bird - 1966
Em 1966, Frank Bird Jr. baseou sua teoria de Controle de
Danos a partir de uma análise de 90.000 acidentes ocorridos numa
empresa metalúrgica americana (Lukens Steel Company), durante um
período de mais de 07 (sete) anos, chegando à seguinte proporção:

1 L e s ã o in c a p a c ita n te

100 L e s õ e s n ã o in c a p a c ita n te s

A c id e n te s c o m d a n o s
500
à p ro p rie d a d e

Ou seja, para cada lesão incapacitante havia 100 lesões


menores (lesões não incapacitantes) e 500 acidentes com danos à
propriedade.
2.5.3. Estudo Realizado pela Insurance Company of North
America - 1969
O exemplo a seguir demonstrará a importância de se dar a
devida atenção aos acidentes com danos à propriedade.
Em 1969 foi realizada uma análise 1.753.498 acidentes
informados por 297 companhias. Estas companhias representavam 21
grupos industriais diferentes, que empregavam 1.750.000
trabalhadores e que totalizavam mais de 3 bilhões de homens/hora
trabalhadas durante o período de exposição analisado. O estudo
revelou as seguintes proporções nos acidentes relatados:
Para cada lesão grave relatada (resultando em morte,
incapacidade, perda de tempo ou tratamento médico), existiam 9,8
lesões menores relatadas (que requeriam somente primeiros
socorros). Para as 95 companhias que s tarde analisaram as lesões
graves em seus relatórios, a proporção foi de uma lesão com perda de
tempo para cada 15 lesões com tratamento médico.
Das companhias analisadas, 47% indicaram que investigaram
todos os acidentes com danos à propriedade e 84% afirmam que
investigaram acidentes graves com as à propriedade. A análise final
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indicou que foram informados 30,2 acidentes com danos à propriedade
para cada lesão grave.
Parte do estudo incluiu 4.000 horas de entrevistas
confidenciais, feitas por supervisares treinados, sobre a ocorrência de
incidentes que sob circunstâncias ligeiramente diferentes, poderiam ter
resultado em lesão ou danos à propriedade.
A relação 1-10-30-600 representa acidentes e incidentes
relatados e não exatamente o número total de acidentes ou incidentes
que realmente ocorreram.

2.5.4. Teoria de Fletcher - 1970


Em 1970, no Canadá, John A. Fletcher, prosseguiu a obra
iniciada por Bird propondo o estabelecimento de um programa de
Controle Total de Perdas. O objetivo deste programa era reduzir ou
eliminar todos os acidentes que possam interferir ou paralisar um
sistema. Esses programas incluem ações de prevenção de lesões,
danos a equipamentos, instalações e materiais, incêndios,
contaminação do ar entre outras.
2.5.5. Teoria de Hammer - 1972
De acordo com a avaliação dos programas de Controle de
Danos de Bird e Controle Total de Perdas de Fletcher, pode-se
concluir que tratam-se de práticas unicamente administrativas, quando
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na realidade, os problemas inerentes à Prevenção de Perdas exigem
soluções essencialmente técnicas.
Diante desta exigência, criou-se a partir de 1972, uma nova
mentalidade fundamentada nos trabalhos desenvolvidos pelo
engenheiro Willie Hammer, especialista em Segurança de Sistemas,
cuja experiência na Força Aérea e nos Programas Espaciais norte-
americanos permitiu reunir diversas técnicas ali utilizadas que, após a
adaptação e aplicação na indústria, demonstraram ser de grande valia
na preservação dos recursos humanos e materiais dos sistemas de
produção.
2.5.6. Conclusão
 Os acidentes com danos à propriedades custam bilhões de
dólares anualmente e ainda são erroneamente referidos como quase
acidentes.
 Antigamente o termo acidente estava vinculado única e
exclusivamente ao conceito de lesão.
 Tanto a relação 1-10-30-600, quanto os demais estudos
realizados, deixam claro o grande erro cometido ao dirigirmos nossos
esforços aos relativamente poucos acidentes que resultam em lesões
graves ou incapacitantes ou invés de atacar uma base (da pirâmide)
mais ampla que permitirá um maior controle efetivo das perdas
acidentais.
 Lembre-se de que esta proporção não será
necessariamente a mesma para qualquer grupo ocupacional ou
empresa em particular.
 O importante é destacar que lesões graves são eventos
raros e que através de acontecimentos menos graves e mais
freqüentes podem ser tomadas medidas para prevenir que ocorram
perdas maiores.
2.6. Fundamentos do controle de perdas
O processo pelo qual ocorre uma perda por acidente é uma série
seqüencial de causas e efeitos que resultam em danos aos recursos
humanos e materiais ou em descontinuação operacional.
Este processo é constituído de três fases distintas:
 Condição potencial de perdas
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 Acidente
 Perda real ou potencial
Causa---------------------------------Fato----------------------------------Efeito

Condição Perda real ou


Acidente
potencial de potencial
perda
Condição potencial de perda: condição ou grupo de condições
capazes, sob certas circunstâncias não planejadas, de causar a perda.
Como condição, ela é estática e de equilíbrio instável, e, em momento não
previsível, gerada em função de circunstâncias que lhe são favoráveis, pode
desencadear o acidente.
Acidente: acontecimento indesejado e inesperado (não programado)
que produz ou pode produzir perdas.
Perda real ou potencial: a perda real é o produto do acidente e pode
manifestar-se como lesão ou morte de pessoas, danos a materiais,
equipamentos, instalações ou edificações, meio ambiente ou
descontinuação do processo normal de trabalho. A perda potencial (quase-
perda) é aquela que, em circunstâncias um pouco diferentes, poderia ter se
transformado em perda real.
A extensão da perda, por si só, não determina a importância a ser
dada ao controle das causas que a geraram.
Somente uma análise criteriosa das causas dos acidentes e de
seu potencial de gerar perdas, quer quanto à freqüência provável de
ocorrência, quer quanto à extensão dos danos, pode determinar o
grau de controle a ser adotado.
2.7. Modelos causais de perdas
Falta de  Causas  Causas  Incidente  Perda
Controle Básicas Imediatas
Itens  Fatores  Atos e  Contato com  Pessoa
inadequados: pessoais condições fonte de Propriedade
 Programa abaixo dos energia ou Produto
 Padrões do Fatores de padrões substância Meio ambiente
programa trabalho Serviço

 Cumprimento
dos padrões

Limite de tolerância do corpo humano ou da estrutura


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2.7.1. Perda
O resultado de um acidente é a perda.
Conforme exposto anteriormente, as perdas mais óbvias são
os danos às pessoas, à propriedade, ao processo ou ao meio
ambiente.
As interrupções no trabalho e a redução de lucros também
são consideradas perdas de importância.
Portanto, existem perdas envolvendo pessoas, propriedades,
processos, meio ambiente e em última análise, o lucro.
Uma vez ocorrida a seqüência anterior, o tipo e grau da perda
se tornam circunstanciais.
O efeito pode variar de insignificante a catastrófico.
De um simples arranhão a numerosas mortes ou perda de uma
planta.
O tipo e a gravidade da perda dependem em parte das
medidas adotadas para minimizar as mesmas, ou seja:
 Primeiros socorros e assistência médica.
 Rápido e efetivo controle de combate a incêndios.
 Reparo imediato de equipamentos e instalações
danificadas.
 Implementação eficiente de planos de ação de
emergência.
 Efetiva reintegração das pessoas no trabalho.
Os custos com acidentes não se restringem única e
exclusivamente às lesões causadas e doenças.
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2.7.2. Incidente
Este é o evento que antecede a perda - o contato que
causa ou poderia causar uma lesão ou dano.
A existência de causas potenciais de acidentes é uma porta
aberta para o contato com uma fonte de energia acima da capacidade
limite do corpo humano ou estrutura.
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Tipos mais comuns de transferência de energia, conforme
American Standard Accident Classification Code (Código Americano de
Classificação e Padrão de Acidentes - ANSI Z16.2 - 1962, Ver. 1969):
 Golpeado contra (correndo em direção a ou tropeçando
em).
 Golpeado por ( atingido por objeto em movimento).
 Queda para um nível inferior (seja o corpo que caia ou o
objeto que caia e atinja o corpo).
 Queda no mesmo nível (deslizar e cair, inclinar-se).
 Apanhado por (pontos agudos ou cortantes).
 Apanhado em (agarrado, pendurado).
 Apanhado entre ( esmagado ou amputado)
 Contato com (eletricidade, calor, frio, radiação, substâncias
tóxicas, ruído).
 Sobre-tensão, sobre-esforço, sobrecarga.
Pensar em acidentes como um simples contato com troca
de energia ajuda a estruturar o pensamento sobre meios de controle.
Pode-se tomar medidas de controle que alterem ou
absorvam a energia para minimizar o prejuízo ou dano produzido no
momento e no ponto de contato (EPI´s, barreiras de proteção).
Exemplos - contato:
 Capacete: não evita o contato mas absorve parte da
energia, reduzindo o dano.
 Substituição por um produto químico menos prejudicial ou
um solvente menos volátil.
 Redução da quantidade de energia liberada.
 Modificação de uma superfície perigosa arredondando as
arestas agudas ou estofando um ponto de contato.

CONDIÇÕES ABAIXO DOS PADRÕES (máquinas ou ferramentas


desprotegidas) ou ATOS ABAIXO DOS PADRÕES - existe sempre a
potencialidade de contatos e trocas de energia que causem danos às
pessoas, à propriedade e/ou ao processo.

2.7.3. Causas imediatas


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As causas imediatas de acidentes são as circunstâncias
que precedem imediatamente o contato. Derivam de atos e
condições que transgridem algo preestabelecido e já aceito,
resultando em perdas.
Os incidentes acontecem quando uma série de fatores se
combinam sob determinadas circunstâncias. Em pouquíssimos
casos existe só uma causa que dará origem àquele evento
deteriorados, com conseqüências para a segurança, a produção
ou a qualidade.
Normalmente podem ser vistas ou sentidas.
Freqüentemente são chamadas de Atos Inseguros ou
Condições Inseguras.
Atos inseguros - substituir por práticas abaixo dos
padrões.
Condições inseguras - substituir por desvios de um
padrão ou práticas aceitáveis.
Vantagens deste pensamento:
 Relaciona as práticas e as condições com um padrão,
uma base para medição, avaliação e correção.
 Diminui o estigma acusador do termo ato inseguro.
 Amplia o escopo de interesse do Controle de
Acidentes para Controle de Perdas, incluindo o controle
de segurança, qualidade, eficiência e custos.
As práticas e condições abaixo dos padrões normalmente se
manifestam em uma ou mais das seguintes formas:
Atos ou práticas abaixo dos padrões:
1. Operar equipamentos sem autorização
2. Não sinalizar ou advertir
3. Falhar ao bloquear/resguardar
4. Operar em velocidade inadequada
5. Tornar os dispositivos de segurança inoperáveis
6. Remover os dispositivos de segurança
7. Usar equipamento defeituoso
8. Usar equipamento de maneira incorreta
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Prevenção e Controle de Perdas
9. Não usar adequadamente o EPI
10. Carregar de maneira incorreta
11. Armazenar de maneira incorreta
12. Levantar objetos de forma incorreta
13. Adotar uma posição inadequada para o trabalho
14. Realizar manutenção de equipamentos em operação
15. Fazer brincadeiras
16. Trabalhar sob a influência de álcool e/ou outras drogas
Condições abaixo dos padrões:
1. Proteções e barreiras inadequadas
2. Equipamentos de proteção inadequados ou insuficientes
3. Ferramentas, equipamentos ou materiais defeituosos
4. Espaço restrito ou congestionado
5. Sistemas de advertência inadequados
6. Perigos de explosão e incêndio
7. Ordem e limpeza deficientes, desordem
8. Condições ambientais perigosas: gases, poeira, fumaça,
vapores
9. Exposições a ruídos
10. Exposições a temperaturas extremas
11. Iluminação excessiva ou inadequada
12. Ventilação inadequada
Não basta tratar os sintomas, senão as doenças
(acidentes) voltarão. Deve-se combater as causas.
Sempre deve ser perguntado:
 Por quê ocorreu esta prática abaixo do padrão?
 Por quê existiu esta condição abaixo do padrão?
 Que falha no sistema de supervisão/administração permitiu
esta prática ou condição?
2.7.4. Causas básicas
As causas básicas são aquelas que estão por trás dos
sintomas [analogia com doença - a febre é um sintoma (causa
imediata), mas o que desencadeia a febre é uma doença (causa
básica)]. São elas que explicam porque ocorrem determinados atos e
condições abaixo dos padrões.
Curso de Técnico em Segurança do Trabalho 22/39
Prevenção e Controle de Perdas
As causas básicas, quando identificadas, permitem a
realização de um controle administrativo eficiente.
Causas básicas = causas raízes ou causas reais ou
causas indiretas ou causas fundamentais ou ainda
causas de contribuição.
Causas imediatas são mais fáceis de serem identificadas,
pois geralmente são mais evidentes.
Causas básicas necessitam maior investigação.
O estudo das causas básicas pode explicar os motivos

pelos quais as pessoas cometem práticas abaixo dos padrões.


Por exemplo:
 Uma pessoa não realizará um procedimento correto se não
lhe for ensinado anteriormente.
 Uma máquina que exija de seu operador um manuseio
mais habilidoso deverá possuir uma guia de instruções claras
e, além disso, o trabalhador deverá receber o treinamento
adequado.
 Uma equipe que não recebe o treinamento adequado
dificilmente ganhará um jogo.
 Colocar uma pessoa com problema de visão em uma
tarefa na qual a acuidade visual é importante, certamente
acarretará numa redução da qualidade e produtividade no
trabalho.
O estudo das causas básicas também pode explicar os

motivos da existência de condições abaixo dos padrões. Por


exemplo:
 Sem a existência de padrões adequados ou o não
cumprimento dos mesmos pela administração pode levar à
aquisição de materiais ou equipamentos que possam gerar
algum tipo de risco.
 Sem padrões que especifiquem as condições de
segurança em atividades de projeto ou construção, corre-se o
risco de serem projetadas construções inseguras e lugares
inadequados para as atividades a serem realizadas.
Curso de Técnico em Segurança do Trabalho 23/39
Prevenção e Controle de Perdas
 O desgaste nos equipamentos pode se tornar acentuado a
ponto de comprometer a qualidade de determinado produto ou
serviço.
 Da mesma forma, o desgaste pode originar falhas que
resultarão em desperdícios ou mesmo acidentes.
Pode-se considerar duas categorias importantes de causas
básicas: Fatores Pessoais e Fatores de Trabalho (ambiente de
trabalho).
Fatores Pessoais:
1. Capacidade inadequada: física/fisiológica ou
mental/psicológica.
2. Falta de conhecimento.
3. Falta de habilidade.
4. Tensão (estresse): física/fisiológica ou mental/psicológica.
5. Motivação inadequada.
Fatores de Trabalho (ambiente de trabalho):
1. Liderança e/ou supervisão inadequada.
2. Engenharia inadequada.
3. Compra inadequada.
4. Ferramentas, equipamentos e materiais inadequados.
5. Padrões de trabalho inadequados.
6. Uso e desgaste.
7. Abuso e maltrato.
Exemplos de Fatores Pessoais
 Capacidade Física/Fisiológica Inadequada
 Altura, peso, tamanho, força, alcançe, etc.,
inadequados
 Capacidade de movimento do corpo limitada
 Capacidade limitada para se manter em determinadas
posições
 Sensibilidade a certas substâncias ou alergias
 Sensibilidade a determinados extremos sensoriais
(temperatura, som, etc.)
 Visão deficiente
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Prevenção e Controle de Perdas
 Audição deficiente
 Outras deficiências sensoriais (tato, gosto, olfato,
equilíbrio)
 Incapacidade respiratória
 Outras incapacidades físicas permanentes
 Capacidade Mental/Psicológica Inadequada
 Temores e fobias
 Distúrbios emocionais
 Enfermidades mentais
 Nível de inteligência
 Incapacidade de compreensão
 Falta de juízo
 Coordenação escassa
 Tempo de reação lento
 Aptidão mecânica deficiente
 Baixa aptidão de aprendizagem
 Falhas de memória
 Tensão Física/Fisiológica
 Lesão ou enfermidade
 Fadiga devido à carga ou duração das tarefas
 Fadiga devido à falta de descanso
 Fadiga devido à sobrecarga sensorial
 Exposição a riscos contra a saúde
 Exposição à temperaturas extremas
 Insuficiência de oxigênio
 Variações na pressão atmosférica
 Restrição de movimento
 Insuficiência de açúcar no sangue
 Drogas
 Tensão Mental/Psicológica
 Sobrecarga emocional
 Fadiga devido à carga ou limitações de tempo da
tarefa mental
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Prevenção e Controle de Perdas
 Demanda extrema na tomada de decisões/julgamentos
 Rotina, monotonia, demanda de vigilância eventual
 Exigência de uma concentração/percepção profunda
 Atividades “insignificantes” ou “degradantes”
 Ordens confusas
 Solicitações conflituosas
 Preocupação com problemas
 Frustrações
 Doenças mentais
 Falta de Conhecimento
 Falta de experiência
 Orientação deficiente
 Treinamento inicial inadequado
 Atualização de treinamento inadequado
 Ordens mal interpretadas
 Falta de Habilidade
 Instrução inicial insuficiente
 Prática insuficiente
 Operação esporádica
 Falta de preparação
 Motivação Deficiente
 O desempenho abaixo do padrão é mais gratificante
 O desempenho padrão causa desagrado
 Falta de incentivos
 Demasiadas frustrações
 Falta de desafios
 Falta de interesse em otimizar tempo ou esforço
 Falta de interesse em evitar o desconforto
 Desinteresse em sobressair
 Pressão indevida dos companheiros
 Exemplo impróprio da supervisão
 Retroalimentação inadequada de desempenho
 Falta de reforço positivo para o comportamento correto
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Prevenção e Controle de Perdas
 Falta de incentivos de produção
Exemplos de Fatores de Trabalho
 Liderança/Supervisão Inadequada
 Relações hierárquicas pouco claras ou conflituosas
 Designação de responsabilidades pouco claras ou
conflituosas
 Delegação insuficiente ou inadequada
 Definição de políticas, procedimentos, práticas ou
guias inadequadas
 Formulação de objetivos, metas ou padrões que
ocasionem conflitos
 Programação ou planejamento inadequado de trabalho
 Instrução, orientação e/ou treinamento insuficientes
 Entrega insuficiente de documentos de consulta, de
instruções e de publicações de guias
 Identificação e avaliação deficiente das exposições à
perdas.
 Falta de conhecimento do trabalho de
supervisão/administração
 Localização inadequada do trabalhador de acordo com
suas qualidades e exigências que demandam a tarefa
 Medição e avaliação deficientes de desempenho
 Retro alimentação deficiente ou incorreta em relação
ao desempenho
 Engenharia Inadequada
 Avaliação insuficiente das exposições a perdas.
 Consideração deficiente quanto aos fatores
humanos/ergonômicos
 Padrões, especificações e/ou critérios de projeto
inadequados
 Controle e inspeções inadequados das construções
 Avaliação deficiente da condição conveniente de
operação
 Monitorização deficiente para iniciar uma operação
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Prevenção e Controle de Perdas
 Avaliação insuficiente relativa à mudanças
 Compra Inadequada
 Especificações deficientes quanto às requisições
 Pesquisa insuficiente relativa aos
materiais/equipamentos
 Especificações deficientes dos vendedores
 Modo ou via de transporte inadequada
 Inspeções de recebimento e aceitação deficientes
 Comunicação inadequada das informações sobre
segurança e saúde
 Manejo inadequado de materiais
 Armazenamento inadequado de materiais
 Transporte inadequado de materiais
 Identificação deficiente dos itens perigosos
 Sistemas deficientes de recuperação e/ou eliminação
de dejetos
 Manutenção Inadequada
 Aspectos preventivos inadequados para:
 avaliação de necessidades
 lubrificação e serviço
 ajuste/montagem
 limpeza ou polimento
 Aspectos corretivos inadequados para:
 comunicação de necessidades
 programação de trabalho
 revisão de peças
 substituição de partes
 Ferramentas, Equipamentos e Materiais Inadequados
 Avaliação deficiente das necessidades e riscos
 Consideração deficiente quanto aos fatores
humanos/ergonômicos
 Padrões ou especificações inadequadas
 Disponibilidade inadequada
 Ajuste/reparo/manutenção inadequados
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Prevenção e Controle de Perdas
 Sistema inadequado de reparo e recuperação de
materiais
 Eliminação e remoção inadequada de peças
defeituosas
 Padrões de Trabalho Inadequados
 Desenvolvimento inadequado de padrões
 inventário e avaliação das exposições e
necessidades
 coordenação com o projeto de processos
 envolvimento do trabalhador
 padrões/procedimentos/regras inconsistentes
 Comunicação inadequada de padrões
 publicação
 distribuição
 tradução para a língua apropriada
 reforço mediante sinais, códigos de cores e ajudas
no trabalho
 Manutenção inadequada dos padrões
 trajetória do fluxo de trabalho
 atualização
 controle do uso de padrões, procedimentos ou
regulamentos
 Uso e Desgaste
 Planejamento inadequado do uso
 Prolongamento excessivo da vida útil
 Inspeção e/ou controle inadequado
 Carregamento ou proporção de uso excessivo
 Manutenção inadequada
 Uso de pessoas não qualificadas ou sem preparação
 Uso de propósitos errados
 Abuso e Maltrato
 Permitidos pela supervisão
 intencional
 sem intenção
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Prevenção e Controle de Perdas
 Não permitidos pela supervisão
 intencional
 sem intenção
Deve-se ter sempre em mente que as causas
básicas são as origens das condições e práticas abaixo
dos padrões. Todavia, o início de tudo, culminando com a
perda, é a F A L T A DE CONTROLE.
2.7.5. Falta de Controle
A falta de controle representa uma falha administrativa
que pode estar ligada ao planejamento, a aspectos de
organização, à falta de tato diretivo-administrativo e à
inexistência, por exemplo, de padrões de controle.
As quatro funções da administração, na qual o controle é uma
delas, são:
 Planejar
 Organizar
 Dirigir
 Administrar
Sem um Controle Administrativo adequado, a seqüência
de causas e efeitos do acidente é desencadeada, podendo conduzir à
perdas.
O Controle Administrativo (por parte da pessoa que
administra profissionalmente) pode ser resumido nos seguintes itens:
 Conhecimento do programa de segurança/controle de
perdas.
 Conhecimentos dos padrões.
 Planejamento e organização do trabalho com a finalidade
de atender aos padrões preestabelecidos.
 Condução do grupo de pessoas (trabalhadores) de forma a
orientá-los no cumprimento dos padrões.
 Medição do desempenho próprio e dos outros.
 Avaliação dos resultados e das necessidades.
 Elogio e correção do desempenho sempre de forma
construtiva.
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Prevenção e Controle de Perdas
Para a Falta de Controle podem ser estabelecidas 03
razões:
1. Programa inadequado: devido a não contemplar todas as
atividades do programa de segurança e saúde/controle de
perdas. Apesar de existir uma variação nas atividades
necessárias de um programa quanto ao tipo, extensão e
natureza de cada empresa, sabe-se que existem
determinados elementos comuns que conduzem ao
sucesso. Esses elementos são:
 Liderança e administração
 Treinamento da liderança
 Inspeções planejadas e manutenção
 Análises e procedimentos de tarefas críticas
 Investigação de acidentes/incidentes
 Observação de tarefas
 Preparação para emergências
 Regras e permissões de trabalho
 Análise de acidentes/incidentes
 Treinamento de conhecimento e habilidades
 EPI
 Controle de saúde e higiene industrial
 Avaliação do sistema
 Engenharia e administração de mudanças
 Comunicações pessoais
 Comunicações em grupos
 Promoção geral
 Contratação e colocação
 Administração de materiais e serviços
 Segurança fora do trabalho
2. Padrões inadequados do programa: padrões elaborados
de maneira pouco específica, pouco claros e/ou de baixo
nível são fontes comuns de confusão ou fracasso do
programa. Padrões adequados são essenciais para um
controle adequado.
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Prevenção e Controle de Perdas
3. Cumprimento inadequado dos padrões: constituindo
esta a mais simples razão para o fracasso no controle das
perdas derivadas dos acidentes.
2.8. Causa Única x Causas Múltiplas
O estudo de causas dos acidentes tem revelado que raramente um
único fator é responsável pela perda. Normalmente ocorrem uma série de
combinações de fatores que resultam em acidente. Essas fontes múltiplas
são todas aquelas estudadas anteriormente.
Dessa forma, pode-se concluir que:
 Os incidentes que prejudicam o bom andamento das atividades em
geral são causados, ou seja não são produtos do acaso.
 As causas das perdas podem ser determinadas e controladas.
Devem ser considerados quatro elementos fundamentais quando se
tenta entender as circunstâncias que originaram as causas dos eventos
indesejáveis. Esse elementos são:
Pessoas
Equipamentos
Materiais
Meio ambiente
2.8.1. Pessoas
Dentro deste elementos devem ser incluídos:
 Administração
 Trabalhadores
 Empreiteiros
 Clientes
 Visitantes
 Fornecedores
 Público em geral
Ou seja, estão inclusos todos os elementos humanos.
As estatísticas comprovam que o elemento humano está
envolvido, em grande proporção, nas causas dos acidentes/incidentes
Todavia, não se deve imaginar que o termo pessoa está
associado única e exclusivamente ao trabalhador envolvido no
acidente/incidente. Também devem ser incluídos aqui as seguintes
categorias de pessoas:
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Prevenção e Controle de Perdas
 Os executivos que estabelecem as políticas da empresa,
procedimentos, práticas e padrões.
 Os engenheiros e projetistas que criam o ambiente de
trabalho no qual os trabalhadores estão inseridos.
 Os responsáveis pela direção dos sistemas de
manutenção, nos quais estão incluídas as ferramentas,
máquinas e demais equipamentos, os quais devem ser
mantidos em boas condições de trabalho e segurança.
 Os gerentes que selecionam, contratam e colocam
pessoas em trabalhos específicos.
 Os supervisores que orientam, informam, instruem,
motivam, guiam, preparam e lideram os trabalhadores.
Estatísticas evidenciam que pelo menos 80% dos erros
cometidos pelas pessoas envolvem aspectos que somente a
administração poderia ter feito algo.
A administração do elemento pessoa constitui um dos
elementos de controle mais efetivos, juntamente com a interação
deste com os demais.
2.8.2. Equipamento
Aqui estão incluídas todas as máquinas e ferramentas das
quais se utilizam os trabalhadores, diretamente ou que se encontram
ao seu redor, por exemplo:
 Máquinas fixas
 Veículos
 Aparatos para o manuseio de materiais
 Ferramentas manuais
 Equipamentos de proteção
 Utensílios pessoais
Todos estes itens são fontes potenciais de lesão ou morte.
Atualmente a evolução das máquinas tem considerado muito
os aspectos ergonômicos. Isso significa projetar o trabalho e o
ambiente de trabalho à capacidade do trabalhador e não o contrário
(visão antiga).
Curso de Técnico em Segurança do Trabalho 33/39
Prevenção e Controle de Perdas
A nova visão possui como objetivo principal o de projetar o
equipamento e o meio ambiente para tornar as funções pessoais mais
naturais e confortáveis.
2.8.3. Materiais
Este elemento inclui todas as substâncias as quais os
trabalhadores possam usar, trabalhar ou processar, tais como:
 Matérias primas
 Produtos químicos
Os materiais constituem outra grande fonte de perda.
Estatísticas revelam que cerca de 20% a 30% das lesões são devido
ao manuseio de tais materiais. O mesmo ocorre com os danos à
propriedade (derramamento, vazamento, corrosão, incêndio,
explosões, ...).
Preocupação crescente com a saúde ocupacional.
2.8.4. Meio Ambiente
O meio ambiente contempla:
 Prédios e recintos ao redor de pessoas
 Equipamentos e materiais
 Os fluídos e o ar em torno de outros elementos
 Riscos químicos (vapores, gases, fumaça e poeira)
 Fenômenos climáticos
 Riscos biológicos (mofo, fungos, bactérias e vírus)
 Condições físicas (luz, ruído, calor, frio, pressão, umidade,
radiação)
Este elemento representa a origem de muitas enfermidades e
condições relacionadas com a saúde.
Se relaciona não apenas com acidentes e problemas de saúde
ocupacional, como também com outros tipos de perdas (absenteísmo,
produtos e serviços de baixa qualidade e perda de produtividade).
Também possui relação cada vez maior, ainda mais nos dias
atuais, com o ambiente externo à empresa (poluição da água, ar ou
solo).
2.9. Conceito de Causas Múltiplas
A investigação de todo e qualquer acidente deve contemplar ao quatro
elementos citados anteriormente. Estes elementos, individualmente ou
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Prevenção e Controle de Perdas
conjugados, constituem fontes principais de causas que contribuem para os
incidentes ou outros eventos que causem perdas.
O Princípio das Causas Múltiplas estabelece que:
Problemas e eventos que produzem perdas são raramente,
talvez nunca, o resultado de uma única causa.
Acidentes são geralmente multi-fatoriais e se desenvolvem através de
seqüências relativamente prolongadas de mudanças e erros
Isso significa que muitos acidentes seguem uma determinada
seqüência causal ou temporal que culmina com a perda. O lado positivo
da existência deste ordenamento é que existem muitas oportunidades
para intervir ou interromper a seqüência e, dessa forma, controlar a
perda.
De fato chega-se à conclusão de que realmente existem três níveis de
causas, conforme visto anteriormente:
a) causas imediatas (que são apenas os sintomas)
b) causas básicas (nas quais se sobressaem os fatores pessoais e os
fatores de trabalho - origem dos atos e condições abaixo dos
padrões)
c) deficiência nos fatores administrativos de controle (contratação e
colocação deficiente do trabalhador, falta de treinamento,
manutenção inadequada, etc.).
Para que se tenha um controle efetivo deve-se direcionar os esforços
para as causas que possuam o maior potencial de perda e a maior
probabilidade de ocorrência.
2.10. As três etapas de controle
Além do conceito de causas múltiplas, pode-se considerar três
categorias ou etapas do controle:
Controle de pré-contato
Controle de contato
Controle de pós contato
Essas etapas são mostradas no esquema abaixo:
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Prevenção e Controle de Perdas

Pré-contato Contato Pós-contato


2.10.1. Controle de pré-contato - PREVENÇÃO
Esta etapa inclui todo o desenvolvimento e implantação de um
programa para evitar riscos, prevenir que ocorram as perdas e planejar
ações para minimizar as perdas quanto ocorrer o contato.
È a etapa mais produtiva. Aqui são desenvolvidos os padrões,
se mantém uma retroalimentação efetiva do desempenho e se
administra o cumprimento dos padrões de desempenho.
Comporta as seguintes etapas:
 Falta de controle
 Causas básicas
 Causas imediatas
2.10.2. Controle de contato
Os acidentes implicam no contato com uma fonte de energia
ou substância acima da capacidade limite do corpo ou estrutura.
Muitas medidas de controle surtem efeito no ponto e no
momento do contato através da redução da quantidade de energia
trocada ou do contato destrutivo. Por exemplo:
 Substituição de formas alternativas de energia ou o uso de
substâncias menos perigosas:
 Motores elétricos ao invés de correias e polias
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Prevenção e Controle de Perdas
 Substâncias com um ponto de inflamabilidade mais
elevado ou materiais não inflamáveis
 Materiais sólidos, gases e vapores menos tóxicos
 Instrumentos para levantar e manusear materiais, em
substituição ao trabalho manual
 Redução da quantidade de energia usada ou liberada:
 Proibição de correr dentro do local de trabalho
 Equipamento de voltagem ou pressão baixa
 Redução da temperatura nos sistemas de água quente
 Uso de materiais que não requeiram alta temperatura
de processamento
 Lombadas para redução da velocidade no interior de
plantas
 Reguladores de velocidades nos veículos
 Controle da vibração e de outros agentes causadores
do ruído
 Telas, protetores e pintura para reduzir o excesso de
calor, luz e ofuscação.
 Instalação de barreiras entre a fonte de energia e a pessoa
ou propriedade
 EPC ou EPI
 Loções ou cremes para a pele
 Paredes corta fogo
 Compartimentos a prova de explosão
 Recintos fechados ou isolamento para máquinas
ruidosas, para calor e frio, para eletricidade e para
radiação
 Modificação da superfície de contato
 Acolchoamento de pontos de contato
 Arredondamento de quinas e bordas de bancos,
balcões, móveis e equipamentos
 Suavizar superfícies ásperas ou bordas agudas de
equipamentos e materiais
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Prevenção e Controle de Perdas
 Remoção de escombros, reparação de buracos e de
outras exposições a dano nas superfícies de trânsito de
veículos.
 Reforço do corpo ou da estrutura
 Controle de peso e condicionamento físico
 Vacinas imunizantes
 Reforço de telhados, pisos, colunas,
desembarcadouro, plataformas, equipamentos de manejo
de materiais, superfície de armazenamento de carga, etc
 Reforço da estrutura de veículos para aumentar sua
resistência a impactos
 Protetores reforçados para as partes cortantes das
ferramentas manuais elétricas
Esta é a etapa onde ocorre o incidente, o qual pode ou
não resultar em perda.
2.10.3. Controle de pós-contato
Está focada no controle da extensão das perdas. Essa
minimização pode ser feita de diversas formas, tais como:
 Pondo em prática os planos de ação e emergência
 Primeiros socorros oportunos e cuidado médico adequado
às pessoas
 Operação de resgate/salvamento
 Controle de incêndio e explosão
 Tirando de uso os equipamentos, materiais e instalações
danificadas, até serem reparadas
 Reparação rápida dos materiais, equipamentos e
instalações danificadas
 Rápida ventilação do lugar de trabalho para eliminar o ar
contaminado
 Limpeza efetiva de derrames
 Controle dos pedidos de indenização
 Controle das demandas judiciais por responsabilidade legal
 Medidas de recuperação e de controle de desperdícios
para resgatar todo valor possível dos itens danificados
 Reabilitação rápida e efetiva dos trabalhadores feridos
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Prevenção e Controle de Perdas
Os controles de pós-contato não previnem os acidentes, porém
eles minimizam as perdas.

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