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ELABORAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E INFORMAÇÕES
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INTRODUÇÃO À ATIVIDADE EMPRESARIAL
1
Professor Doutor em Administração pela Universidade de Brasília. Professor Adjunto na Universidade de
Brasília, Professor e Pesquisador no Departamento de Administração (ADM/UnB) e no Programa de Pós-
Graduação em Administração (PPGA/UnB). Chefe do Departamento de Administração (ADM/UnB)
Competência
Empreender significa, numa perspectiva prática, compreender os sinais
de mudança no mercado e conseguir aproveitar oportunidades por meio de
produtos, serviços e tecnologias inovadoras. Em linhas gerais, o fenômeno
empreendedorismo não se resume apenas a alguns comportamentos ou
repertórios de ação predefinidos como prescrições de sucesso. Deve-se ter em
mente que empreender revela um conjunto de recursos ou elementos, que
constituem as competências que cada empreendedor tem para atuação em seu
ambiente.
Nesse sentido, a compreensão do conceito de competência é importante
para que se possa entender a noção de competência empreendedora e sua
aplicação no contexto prático. A seguir, apresenta-se o conceito de
competência e seus elementos constituintes.
História do conceito
Competência =
Competência = estoque Competência = realizações
características pessoais
de qualificações do do indivíduo em um
associadas ao desempenho
indivíduo. determinado contexto.
da pessoa no trabalho.
Figura 1: Características das correntes teóricas sobre competências.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Alguns conceitos importantes
Atividade 1
Com base nos conceitos de competência apresentados anteriormente,
identifique, pelo menos, 3 conhecimentos, 3 habilidades e 3 atitudes que você
acha importante que um empreendedor tenha para conseguir sucesso no
mercado.
Numa discussão rápida com seus colegas de turma, em pequenos grupos ou
em um fórum online de discussão, assinale os conhecimentos, as habilidades e
as atitudes comuns identificadas por você e por seus colegas. Assim, procure
traças o perfil comum do empreendedor de acordo com as percepções da
turma.
Competências e Empreendedorismo
Dornelas (2008) define empreendedor como aquele que “detecta uma
oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ele, assumindo riscos
calculados”. Para este autor, os empreendedores são pessoas diferentes, que
possuem motivação singular, apaixonados pelo que fazem, que não se
contentam em ser mais um na multidão e que querem deixar um legado.
Dornelas (2008) afirma ainda que em qualquer definição de empreendedorismo
encontram-se ao menos os seguintes aspectos referentes ao empreendedor:
Tem iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz;
Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o
ambiente social e econômico onde vive;
Aceita assumir riscos calculados e a possibilidade de fracassar.
Competências Empreendedoras
McClelland (1972)
Conjunto de Realização
o Busca de oportunidades e iniciativa: aproveitam oportunidades
fora do comum para iniciar um negócio e realizam atividades
antes do solicitado;
o Correr riscos calculados: analisam e calculam os riscos de
maneira cuidadosa e sempre avaliam as chances de sucesso e
fracasso;
o Exigência de qualidade e eficiência: buscam exceder os
padrões de excelência e têm energia para trabalhar muito;
o Persistência: enfrentam desafios e não desistem perante
obstáculos;
o Comprometimento: empenham-se pessoalmente na conclusão
de uma tarefa e zelam pela satisfação dos clientes.
Conjunto de Planejamento
o Busca de informações: recorrem à ajuda de especialistas para
elaborar estratégias e buscam informações sobre clientes,
fornecedores e concorrentes;
o Estabelecimento de metas: fixam objetivos claros e específicos
e estão sempre orientados para os resultados;
o Planejamento e monitoramento sistemático: estabelecem
prazos para o cumprimento das tarefas, além de acompanhá-las
de perto, e buscam feedback.
Conjunto de Poder
o Persuasão e rede de contatos: influenciam e persuadem
pessoas, agem de forma a desenvolver e manter relações
comerciais, negociam e fazem as pessoas acreditarem em
determinada ideia;
o Independência e autoconfiança: buscam autonomia, mostram-
se confiantes ao enfrentar desafios e buscam situações para
eliminar problemas.
Mussak (2003) relata que existem ao menos três justificativas para o fato
de a criatividade estar sendo tão valorizada no mundo profissional
contemporâneo: a competitividade cada vez maior, a grande velocidade das
transformações e a valorização do empreendedorismo. A criatividade permite
ao gestor da área a proposição de projetos inovadores para a busca de
resultados novos e eficazes e de novas formas de comportamento e
desempenho individual e organizacional. A atitude inovadora do gestor
possibilita o desenvolvimento de atividades que constituem desafios para a
criatividade individual e coletiva, levando a um realinhamento grupal mais
produtivo (RUAS, 2001).
Atividade 3
Com base no conteúdo apresentado acerca de competências empreendedoras,
defina quais conhecimentos, habilidades e atitudes que você precisa
desenvolver para empreender com sucesso no mercado.
Elabore a lista de competências empreendedoras necessárias à sua carreira ou
trajetória profissional e defina quais ações de curto, médio e longo prazos serão
realizadas para que você possa desenvolver as competências.
Por fim, discuta com seus colegas acerca de seus planos para o
desenvolvimento de competências e procure identificar oportunidades
conjuntas de crescimento pessoal e profissional.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
11. FELDMAN, Liliane Bauer; RUTHES, Rosa Maria; CUNHA, Isabel Cristina
Kowal Olm. Criatividade e inovação: competências na gestão de
enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, vol.61, n.2, p. 239-
242, 2008.
2
Doutorando no programa de Geografia PPGEA da UNB. Possui doutorado em Scienze Politiche -
Universitá Statale di Milano (1999) e doutorado em Administração - Universitá Commerciale Luigi Bocconi
(1982) na Itália . Atualmente é professor visitante na Universidade de Brasília - UnB.
• Reunião dos recursos necessários para operacionalizar o
negócio;
• Abertura do negócio e início de suas atividades (start-up).
Para abrir uma empresa, um primeiro passo é a análise do setor em que
a empresa vai operar. Deve ser definida uma análise de cenário, ou seja, a
situação, as condições econômicas e financeiras (taxa de câmbio, taxa de juros
etc.), a legislação e a situação econômica.
Depois disso, é necessário passar ao sistema de informações gerenciais
e contábeis para entender o ciclo econômico da empresa e organizar a gestão
financeira do negócio. Esta parte é a mais complicada para o empreendedor
que não conhece os problemas contábeis e financeiros e é uma das causas de
fracasso de empresas recém-formadas.
O empreendedor que não tiver experiências anteriores deve aprender
como gerenciar o negócio. Por isso, faz sentido entender quais funções
administrativas são necessárias para seu negócio.
As funções centrais da administração de um negócio são:
PLANEJAR- Especificar os objetivos a serem atingidos e decidir
antecipadamente as ações apropriadas.
ORGANIZAR - Reunir e coordenar os recursos financeiros, humanos,
físicos e de informação.
DIRIGIR - Estimular as pessoas orientando, motivando, comunicando.
CONTROLAR - Monitorar o progresso e efetuar as mudanças quando
necessário.
No Brasil micro e pequenas empresas são responsáveis pelo maior
número de empresas que entram com pedido de falência. De acordo com
Mattar (1998), os motivos que levam à mortalidade são os motivos externos,
dizem respeito ao que ocorre no meio ambiente da empresa, que está fora de
seu controle e que lhe dificulta a sobrevivência. Os motivos internos dizem
respeito aos pontos fracos das pequenas empresas, que também contribuem
para reduzir sua sobrevivência.
Motivos internos que levam à falência são as dificuldades de adaptação
ao seu ambiente; falta de evolução do negócio por causa do vínculo entre
empresa-empresário, em que não existe a separação entre a figura da empresa
e do empresário; poucos recursos financeiros oriundos das pequenas
empresas e sua gestão; baixa capacitação da equipe.
Uma pesquisa do SEBRAE/SP (2001, p. 21) lista outros riscos e
problemas enfrentados, como: a deficiência no planejamento prévio à abertura
da empresa, em que os empresários não têm o hábito de planejar e
estabelecer metas para serem atingidas; má gestão, em que a incapacidade
dos microempresários em gerir empresas é recorrente; problemas particulares
do proprietário; problemas com sócios; dificuldades conjunturais, por exemplo,
mercado consumidor retraído, acirramento da concorrência, pressão de custos
etc.
Existem agravantes que impedem o crescimento das micro e pequenas
empresas, e, entre eles, o IBPT (2013) destaca que a principal causa do não
crescimento das MPE’s é o sistema tributário brasileiro, uma vez que elas
permanecem voluntariamente no regime do Simples Nacional. No entanto,
apenas 7,19% delas querem, por vontade própria, a retirada do regime
tributário; e 8,26% são obrigadas pelo fisco a sair do sistema do Simples
Nacional. No que se refere às empresas que saem do Simples Nacional,
62,03% tornam-se inadimplentes nos 2 anos seguintes ao desenquadramento.
GESTÃO EMPRESARIAL Empresa em atividade
Sempre sincronizada Pagamentos/ 62%
Sempre aperfeiçoa Produtos/ Serviços 85%
Recebimentos
Dedicação exclusiva ao negócio 79%
Planejamento/ Organização/ Experiência
Melhor nível de organização/ escala (LTDA) 61%
Possui atividade anterior 90%
Experiência anterior no ramo 62%
Conhecimento Prévio dos CLIENTES 61%
Conhecimento Prévio dos ASPECTOS 36%
Conhecimento Prévio dos FORNECEDORES 60%
LEGAIS
Fatores que contribuem para a sobrevivência da empresa. Fonte: SEBRAE-SP
(2001)
Fica evidente que só os planos além da gestão são o exercício capaz de
permitir testes, avaliações e aspectos gerenciais mais críticos de um negócio.
Com a construção do plano constrói-se uma análise de viabilidade econômico-
financeira, que define, na visão dos empreendedores, as reais chances de
sobrevivência da empresa no novo mercado.
Quanto à simulação do negócio do plano, se for um plano de uma
empresa ainda em fase de incubação ou de lançamento, permite erros que
podem levar ao fracasso uma empresa já operante. Por isso, não é importante
que o Plano de Negócio seja perfeito ou que não seja rentável. Sua função é
justamente permitir a avaliação dos resultados do exercício. Quanto antes os
empreendedores chegarem a definir um plano completo, melhores serão as
possibilidades de sobrevivência no médio e longo prazo.
O paradoxo do planejamento (BERNARDI, 2009):
• As condições adversas ou falta de recursos levam o empreendedor focar
na sobrevivência no curto prazo, aumentando a insegurança.
• O planejamento é necessário para reduzir insegurança e buscar
alternativas mais eficazes de trabalho para alcançar metas futuras, mas
precisa de recursos e análise.
Como lidar com este problema? É necessário entender quais as
informações que devem ser gerenciadas e administradas nos planos. Assim,
precisa-se da identificação de necessidades, objetivação das necessidades,
equação e definição do problema. Ao fazer isso, dá-se prioridade e dimensão à
análise e se escolhe qual nível é necessário e qual é o possível. Assim, em
diferentes estágios da definição da empresa, haverá diferentes tipos de análise
e, conseguintemente, diferentes tipos de planejamentos.
O sistema de informações necessárias sucessivamente a esta escolha
são:
. Determinação dos objetivos, metas e escopo
. Análise do ambiente
. Análise das potencialidades e recursos disponíveis
. Viabilidade dos objetivos
. Estimação dos recursos necessários
. Elaboração da proposta do projeto
. Apresentação da proposta
. Avaliação e seleção da proposta
. Decisão para execução
O que é central no comportamento empreendedor é desenvolver
competências que permitam a busca orientada e organizada por mudanças,
acompanhada da análise sistemática de oportunidades que tais mudanças
podem oferecer para a inovação econômica ou social.
O que é um Plano de Negócio?
Todos têm desculpas para faltar nos trabalhos. As desculpas mais
conhecidas para não planejar:
- As coisas nunca saem como planejadas.
- Já sei de tudo.
- Agora é tarde, pois já comprei o material, contratei o pessoal...
- Os cenários mudam a cada hora.
- Nada vai dar errado, não há riscos.
As desculpas escondem o fato que planejar o negócio significa testar a
viabilidade de um conceito de negócio, orientar o desenvolvimento das
operações e estratégia, atrair recursos, transmitir credibilidade e desenvolver a
equipe. Por isso, não se deve confundir os objetivos para planejar e as
dificuldades do processo.
Deve-se frisar que um Plano de Negócio não é o objetivo principal da
administração e da gestão de um negócio e tanto menos de um novo negócio;
este é uma ferramenta que auxilia a planejar ações estratégicas e operacionais
no mercado, uma vez que está clara a inovação bem como a oportunidade a
ser realizada; é uma ferramenta que serve para reduzir os riscos de fracasso
do negócio, como visto na seção precedente.
Desde o início do empreendimento é necessário formalizar e documentar
as informações necessárias ao negócio em um “plano” de ação. Os
empreendedores não necessariamente usam ferramentas formais e
complicadas como um plano formal.
Pode-se verificar que, em geral, os empreendedores iniciantes não usam
planos de negócios, mas algo tipo um plano de ações ou um modelo de
negócio. Alguns são formalizados e outros não. Contudo, durante o
empreendimento, um plano de negócio formal e completo será sempre mais
necessário para gerir a organização, como explicado no primeiro tópico.
O plano deve ser flexível, vivo, modificado e melhorado e desdobrado,
assim que houver um conjunto de planos ou de documentos formais em
diferentes estágios ou já vencidos e substituídos para novos, que serão
chamados “Planos de Negócio” da empresa.
Há dois modelos para formar e administrar um plano de negócio. O
modelo linear visa construir um plano passo a passo, partindo do plano de
mercado, sequencialmente. Se este modelo apresentar mudanças, o mercado
muda necessariamente. O modelo interativo trabalha com ideia de análise em
conjunto das partes do plano e com um processo de possibilidade de revisão
contínua.
O processo de formação do plano usado nesse curso é o linear, pois é
mais simples e integra as partes de maneira progressiva. O plano interativo
pode ser usado para empreendedores com experiência ou por administradores
já acostumados a gerir planos ou projetos.
Como escrever um PN
Modelo Linear
Marketing Operações
Plano de Negócios
Finanças
© Copyright Babson College, Zacharakis 2001
Plano de Negócio
Na aula passada concluiu-se que o PN é um documento que descreve a
oportunidade de um novo empreendimento e projeta os aspectos
mercadológicos, operacionais e financeiros dos negócios propostos para os
primeiros três a cinco anos (DORNELAS, 2001).
Considerando a necessidade de gerir a empresa, um Plano de Negócios
contém informações sobre:
-A natureza da futura empresa;
-Suas atividades previstas;
-Suas formas de comercialização;
-Suas estratégias;
-Seu planejamento para entrada e manutenção no mercado;
-Suas projeções financeiras dentro de cenários distintos (tendencial, otimista e
pessimista).
Mais que uma ferramenta operacional de execução (como por exemplo,
o orçamento), o PN é uma ferramenta, um “documento vivo” (BIZZOTTO, 2008,
p.24) que permite realizar um exercício futuro de projeção gerencial, o que
significa antecipar todos os possíveis erros e falhas que poderiam ser
cometidos em uma operacionalização ainda imatura do negócio. Esta é a razão
pela qual se diz que, no Plano de Negócio preliminar todos os erros são
permitidos.
A quem interessa um Plano de Negócios? (SALIM, 2005; BIZZOTO, 2008,
p.30)
Aos possíveis financiadores / investidores do negócio, já que contém
informações sobre as projeções financeiras e sobre a análise de
viabilidade econômica do negócio.
Aos fornecedores do negócio, que podem avaliar, com base nas
projeções de entrada e consolidação para o novo negócio no mercado,
expressas no Plano de Negócios, seus interesses estratégicos em iniciar,
manter ou reduzir as relações comerciais junto à futura empresa;
Aos clientes, pois o plano destaca os produtos e serviços e necessidades
a serem atendidas.
Aos bancos em relação à capacidade da empresa de enfrentar dívidas e
captar recursos no mercado financeiro;
Aos possíveis parceiros comerciais, que poderão avaliar as vantagens em
estabelecer ou reduzir parcerias para a comercialização de seus bens ou
serviços junto aos que serão comercializados pela nova empresa.
Aos talentos e pessoal qualificados para contribuir para o
desenvolvimento do negócio e da equipe.
Aos próprios empreendedores, gestores e funcionários do futuro negócio,
tendo em vista que apresenta as projeções em termos de gestão,
operacionalização, marketing e finanças;
O que deve explicar o Plano de negócio?
Um bom plano deve responder principalmente aos seguintes requisitos
(BERNARDI, 2009, p.70): (sobre empresa) Quem somos? O que vamos
vender? A quem vamos vender? Quem são os concorrentes? Qual será o
diferencial da empresa? (sobre estratégia) Para onde vai a empresa? Como ela
vai chegar aos objetivos? (sobre finanças) Quanto será necessário para
financiar? Como financiar? (sobre a s pessoas) Qual capacidade de gestão é
necessária? (sobre riscos e regras) Quais os riscos? Quais as regras de
mercado?
Segundo Baron e Shane (2007), o PN deve responder a perguntas
básicas como Qual a ideia básica para o novo produto ou serviço? Por que
esse novo produto ou serviço é útil ou atraente e para quem? Como a ideia
será executada? Qual o plano para a produção do produto ou para a execução
do serviço (projeto)? E para a comercialização? E para lidar com a
concorrência? Quem são os empreendedores? Eles têm conhecimento,
experiência e habilidade exigidos para o desenvolvimento da ideia e para o
funcionamento da nova empresa? Quanto será necessário para financiar o
empreendimento? Que tipo de financiamento? Como será utilizado? Qual o
retorno esperado?
As formas e estruturas utilizadas para Planos de Negócios variam de
acordo com os autores, as instituições e os países. De modo geral, os modelos
para Planos de Negócios utilizados no Brasil apresentam semelhanças em
suas estruturas básicas de conteúdo sendo que devem ser claros, objetivos,
ser entendidos por um leigo, ter um estilo uniforme, ter uma boa imagem e
serem bem apresentados.
Em termos práticos, o Plano de Negócios consiste em um documento
formalmente estruturado no qual são apresentados todos os elementos cruciais
para a concepção, a definição e a operacionalização do novo negócio.
Segundo Bizotto (2008, p.34), um plano de negócio é constituído na seguinte
maneira:
1. CAPA
2. Sumário
3. Sumário Executivo
4. Descrição dos Produtos e Serviços
5. Descrição da equipe de gestão
6. A empresa
7. O Mercado
8. Plano de marketing
9. Estratégia do Negócio
10. Plano Financeiro
1. Sumário Executivo
2. Análise de Mercado
3. Plano de Marketing
4. Plano Operacional
5. Plano Financeiro
6. Construção de Cenários
7. Avaliação Estratégica
8. Avaliação do plano de negócio
Não existe assim um padrão, porém todas as informações colocadas
aqui como fundamentais devem ser colocadas para poder responder as
perguntas dos leitores (a quem interessa o plano).
Assim, para um plano preliminar propõe-se aqui o seguinte roteiro:
- definição de visão, missão e valores (estratégia)
- análise ambiental (análise SWOT) e objetivos estratégicos.
- plano de marketing
- plano organizacional
- plano financeiro
- resumo executivo
O Plano de Negócios que será o resultado das aulas é um PN preliminar
e pode ser usado sucessivamente como base para a produção de um plano de
negócio com um formato SEBRAE ou outro a ser referenciado. Lembre-se que
a redação depende de quem são os leitores; portanto, é claro que é preciso
focar mais, aumentar ou diminuir as seções para fornecer explicações melhores
aos diferentes leitores.
Qual o tamanho físico de um Plano de Negócios? Plano de Negócios
completo: 15 a 40 páginas, mais anexos. Plano de Negócios resumido: 10 a 15
páginas. Plano de Negócios Operacional: tamanho variável; uso interno.
DICA: O que fazer e não fazer na redação de um plano?
Seja sucinto
o Escreva os pontos importantes do novo negócio deixando
detalhes secundários de lado.
o Excesso de detalhes é interpretado como falta de objetividade ou
desconhecimento dos pontos importantes.
o Lembre-se: ninguém tem paciência para ler coisas irrelevantes.
Não diversifique
o Assim como um novo negócio, o plano deve ter foco em, no
máximo, duas linhas de produtos e mercados.
o Todo leitor experiente sabe que não é possível fazer tudo de uma
vez só. Não faça seu plano de negócio muito ambicioso.
Não use jargões técnicos
o Pode passar a imagem de que você não entende do negócio, por
não saber explicá-lo de forma simples e clara.
o Tudo o que não for claro e bem explicado pode gerar mal
entendidos ou desconfiança. O melhor é ser SIMPLES e CLARO
Não faça afirmações vagas
o Não faça afirmações vagas, ambíguas ou que não estejam
devidamente consolidadas.
o Por exemplo, na projeção de vendas use dados para apoiar suas
afirmações, preferencialmente históricos que demonstrem a
tendência que se está projetando.
Apresente e discuta todos os riscos
o Identifique todos os riscos do negócio e medidas para reduzi-los.
Não “chute” aspectos técnicos
o Ninguém precisa dominar todos os aspectos técnicos que
envolvem um novo negócio; busque ajuda para resolver o que
não sabe.
o Um plano de negócio bem elaborado pode perder a credibilidade
se houver erros na alíquota do imposto de renda ou nos encargos
sobre salários.
Venda sua imagem como empreendedor
o A elaboração do plano de negócio reflete a personalidade, a
experiência e o conhecimento do autor.
o As características empreendedoras que os possíveis
colaboradores procuram no plano são:
Necessidade de realizar e inovar
Capital social
Experiência
Conhecimento
Quais erros comuns devem ser evitados na redação do PN?
Falta de clareza sobre o que é o negócio;
Falta da explicação dos benefícios que o consumidor vai ter;
Falta do foco ao negócio, ou seja, não oferecer muita coisa além do que
o cliente quer;
Análise e dados de mercado não confiáveis ou superficiais;
Falta de indicadores para medir o grau de sucesso do negócio;
Modelo de negócios obscuro, qual é o serviço prestado e qual o produto
vendido;
Falta conhecimento a respeito dos competidores;
Falta de análise interna (pontos fortes e fracos);
Falta plano financeiro e identificação do que será feito com o recurso a
ser Investido;
Ausência de controles e auditoria.
Visão, Missão e Valores da empresa
A primeira ação para construção do plano é definir a estratégia e os
objetivos com base na oportunidade escolhida. Uma maneira para sintetizar o
que a empresa quer ser e fazer é escrever Visão, Missão e Valores. Pode-se
considerar o projeto de um negócio como a decisão de uma viajem.
A visão lembra aonde se quer ir; a missão como chegar a esse lugar; e
os valores servem para não perder o foco e organizar os recursos. Para fazer
isso, deve ser claro o negócio, ou seja, a oportunidade, a inovação e o modelo
de negócio.
Visão
O conceito de visão, por várias vezes, é confundido com o conceito de
missão. A visão da empresa é a explicação do que ela tem por objetivo para
seu futuro; sendo também a tradução do posicionamento que ela quer ter no
mercado, bem como algo que seja motivador e tangível e possível de ser
alcançado. No processo de planejamento operacional, a empresa pode
manifestar alterações na sua visão, por isso é necessário repensar a visão
quando se apresenta o momento da revisão dos planos estratégicos.
A visão representa um cenário ou horizonte desejado pela empresa para
atuação. A visão não é coincidente com a imagem que a empresa quer mostrar
ou que ela usa no marketing.
Uma visão deve ser compartilhada por toda empresa, deve explicitar o
que a empresa quer, unificar as expectativas, dar um sentido de direção,
envolver e comprometer as pessoas dando energia às equipes de trabalho. A
visão deve inspirar e balizar as estratégias e demais ações da empresa.
Missão
È uma declaração formal que identifica o alcance das operações da
organização e o que ela pode oferecer para seus stakeholders (PEARCE II J.A.
The company mission as strategic tool. Sloan Management Review, n.23, p.15
primavera, 1982.). Em outras palavras, é como a empresa pretende alcançar a
visão.
A missão ajuda a concentrar o esforço das pessoas para uma direção
comum, ajuda a assegurar que a organização não persiga propósitos
conflitantes, serve de base lógica geral para alocar recursos organizacionais,
estabelece áreas amplas de responsabilidade por tarefa dentro da organização,
atua como base para o desenvolvimento de objetivos organizacionais.
Valores
São os conceitos-chaves da ética definida para a organização. Eram
chamados de valores, mas, hoje em dia, com a evolução e as crises do
mercado, surgiram os Conceitos de responsabilidade socioambiental e de ética
dos administradores, que não se encaixam na definição de valores.
Muitas vezes desprezada, a ética (os padrões de conduta e julgamento
moral) é necessária quando a empresa quer mostrar a responsabilidade ou a
gestão de sustentabilidade. Então, há pesquisas que relacionam a ética ao
sucesso das empresas. O primeiro a fazer isso foi o sociólogo alemão Max
Weber discutindo a relação entre ética protestante e capitalismo.
A questão da responsabilidade empresarial foi debatida baseada no
Clube de Roma, fundado em 1968, pelo industrial Aurélio Peccei e pelo
cientista Alexander King. Eles divulgaram um relatório que mostrava que, nas
condições de crescimento econômico da época, o crescimento mundial era
insustentável no longo prazo.
Em 1972, na United Nations Conference on the Human Environment
(UNCHE), foi dado um prazo para um relatório sobre este assunto que foi
apresentado em 1987. O Relatório de Brundtland (WCED, 1987) diz que o
desenvolvimento sustentável é:
O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da
geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades;
significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam
um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e
de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo,
um uso razoável dos recursos da terra e preservando as
espécies e os habitats naturais.
Com isso, criou-se um elo entre crescimento econômico e social e
impactos no meio ambiente, que são origem ao conceito de responsabilidade
(socioambiental) empresarial. Qualquer negócio, hoje em dia, deve considerar
a ética e a responsabilidade socioambiental não só para fins de negócio
(negócios verdes ou empreendedorismo social), mas, sobretudo, por causa das
políticas públicas e das regras no comércio, que estão sempre mais
comprometidas com a sustentabilidade e que podem significar a inviabilidade
de negócios com tecnologias ou organizações não consideradas éticas
(trabalho dos minores, poluição etc.)
Exemplos de Missão e Visão - Sobre educação empreendedora.
CASO 1
NEGÓCIO - Soluções educacionais para o desenvolvimento empresarial;
VISÃO - Ser a referência no DF para soluções educacionais para
desenvolvimento empresarial;
MISSÃO - Contribuir para o desenvolvimento da sociedade por meio da
educação
e capacitação de executivos, empresários e empresas.
CASO 2
NEGÓCIO - Informação para a gestão empresarial e para o desenvolvimento
das pessoas;
VISÃO - Ser a referência no DF para soluções de TI educacionais para
desenvolvimento empresarial;
MISSÃO - Prover informação para a tomada de decisão eficaz, por intermédio
de soluções simples e objetivas, visando a melhoria dos resultados dos
clientes;
Análise de SWOT
Análise de SWOT é uma das técnicas mais tradicionais de
administração, conhecida e utilizada para se realizar um estudo preliminar de
um ambiente competitivo e da capacidade de competição da organização.
A análise parte da definição de:
Strengths - Forças
Weaknesses - Fraquezas
Opportunities - Oportunidades
Trheats - Ameaças
Estratégias:
Ações estratégicas:
CHECK IN Rev.: 00
Data: 29/07/2013
Aprovação do processo:
_______________________________________________________________
______________
Plano Operacional
No plano operacional definem-se as características jurídicas:
3
Doutoranda em Administração pela Universidade de Brasília. Integrante do grupo de pesquisa Gestão e
Inovação no Judiciário (GIJ), onde desenvolve atualmente pesquisas a respeito de inovações
organizacionais no Judiciário brasileiro.
b) A era da venda – entre os anos de 1925 e o início de 1950, as técnicas de
produção já eram dominadas e desenvolvidas; a preocupação das
empresas se relacionava ao excesso da produção. A venda começou a
ganhar força entre os fabricantes, o objetivo era encontrar compradores
para os seus produtos. Para atingir esse objetivo e facilitar a venda, surgem
os catálogos com os produtos. Os vendedores apresentavam seus
produtos de porta em porta. Neste sentido, o catálogo foi uma forte
ferramenta para as vendas; logo após, e como decorrência da venda por
catálogo, surgiu a entrega domiciliar por intermédio das empresas de
courrier4;
c) A era do Marketing – Após a crise de 1929, a depressão toma conta dos
Estados Unidos, prejudicando o consumo. Já, no Brasil, com a grande
queima do café, na época o principal produto de exportação do país, o
poder de compra dos brasileiros é afetado. Para conquistar, aos poucos, os
consumidores que restaram, surge nos Estados Unidos o Marketing. Após
a Segunda Guerra Mundial, com a explosão de novos bebês, surge uma
nova geração de consumidores, denominada geração baby boomer5. Por
meio da geração baby boomer, o Marketing se instala definitivamente na
América.
4
Empresas de courrier são aquelas que tinham como atividade preponderante
a prestação de serviços de transporte expresso, porta a porta, de remessa
expressa destinada a terceiros, em fluxo regular e contínuo.
5
Os jovens convocados para serviço militar engravidaram suas esposas e namoradas;
com isso, cresceu o mercado de fraldas, alimentos infantis, roupas, brinquedos; e,
mais tarde, surgiram produtos para os jovens teenagers.
desenvolver produtos que tenham pessoas interessadas em consumi-los. Para
um melhor entendimento, observar no Quadro 1, a seguir, as diferentes
definições de autores de Marketing mais propagadas:
Autor Definição
Kotler (2006) O Marketing pode ser definido como um processo social por
meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de
que necessitam e que desejam com criação, oferta e livre
negociação de produtos e serviços.
Cobra (2009) O Marketing é um processo que envolve tanto
planejamento quanto execução de um programa, com o
objetivo de colocar produtos e serviços à disposição do
consumidor. É uma forma de captar as oportunidades até
então pouco exploradas no mercado, sentir e entender os
desejos do consumidor, e, com base nessa análise,
desenvolver produtos e serviços.
American Marketing O Marketing é uma função, o bem organizacional e um conjunto
Association(s. d.) de processos que envolvem criação, comunicação e entrega do
produto final para o cliente, bem como a manutenção do
relacionamento com o mesmo.
Costa (1996) O Marketing é um conjunto de atividades empresariais que
visa à satisfação das necessidades e dos desejos do
mercado em diferentes segmentos, por meio da oferta de
produtos, adquiridos por um processo de troca.
Quadro 1: Definições de Marketing.
Em suma, a essência do Marketing é desenvolver trocas em que
pessoas e organizações participem voluntariamente, na qual ambas obtêm
benefícios, como, por exemplo, ao comprar um chocolate, a pessoa desfruta o
prazer de consumi-lo e a empresa recebe dinheiro por isso.
Objetivos e aplicações do Marketing
O objetivo fundamental do Marketing, como apresentado anteriormente,
é estimular trocas e, para que essas trocas existam, é necessário que se crie
valor para seu mercado-alvo6. Assim, o objetivo do Marketing é desenvolver
6
Um mercado deve ser entendido como o conjunto de compradores reais (atuais) ou
potenciais para seu produto.
trocas por intermédio da criação de benefícios, ou melhor, de valor para
compradores reais ou potenciais de um produto.
O valor, em Marketing, é descrito como o conjunto de benefícios que um
produto oferece para seu mercado. Para se criar valor para o produto que se
planeja vender é fundamental entender os diferentes tipos de Marketing que
existem (Quadro 2):
Tipo de Marketing Descrição Exemplo
Pessoa O objetivo é criar ações favoráveis Obter votos para um
em relação a uma pessoa político
Produto O objetivo é o consumo de algum Aumentar a venda de
produto tangível sabão em pó OMO
Causa O objetivo é conseguir apoio a Diminuir a quantidade de
alguma ideia ou modificar algum pessoas que bebem e
comportamento indesejado dirigem
Empresa O objetivo é atrair sócios, Conquistar sócios-
participantes, voluntários ou torcedores para um time
doadores de futebol
Serviço O objetivo é a contração de um Aumentar a quantidade de
produto intangível passageiros nos voos da
empresa GOL linhas
aéreas
Lugar O objetivo é atrair pessoas para um Gerar curiosidade nas
lugar pessoas para conhecerem
o Brasil
Quadro 2: Tipologia de Marketing.
Demanda
Uma vez que o Marketing visa atender o mercado, sua existência se
baseia em atendimento de demandas. Nesse sentido, faz-se necessário
entender que existem vários tipos de demandas, que levam à convicção de que
perceber a demanda dentro do tipo de Marketing que se pratica é fundamental
para o sucesso de uma organização. Entre os tipos de demandas, destacam-se
cinco, a saber:
a) Demanda latente: existe quando uma necessidade ou desejo não estão
plenamente satisfeitos em um mercado. Exemplos de necessidades latentes
são carros mais econômicos, celulares com bateria de maior duração,
alimentos mais saudáveis e outros;
b) Demanda negativa: são aqueles produtos que precisam de uma força
vendedora presente, do contrário as pessoas normalmente não procurariam
aquele tipo de produto. Vacinas, planos de saúde e jazigos de cemitérios são
bons exemplos;
c) Demanda irregular: alguns produtos sofrem variação na demanda em função
de sazonalidade de compras ou utilização. Alguns exemplos que se
sobressaem são viagens de férias, cinemas e “tele pizza”;
d) Demanda excessiva: produtos que sofrem esse tipo de demanda têm como
característica básica a incapacidade de atender à totalidade do mercado com a
oferta regular. Finais de campeonato esportivo e produtos com muito sucesso
inesperado representam exemplos recorrentes desse tipo de demanda;
e) Demanda declinante: produtos em desuso pelo mercado, que estão sendo
cada vez menos comprados sofrem de demanda declinante. Exemplos são
bandas de música fora de moda, produtos que poluem o ambiente, entre
outros.
Plano de Marketing
O Plano de Marketing é um documento escrito que resume todas as
informações reunidas sobre um mercado e as maneiras pelas quais a
organização planeja alcançar seus objetivos para satisfazer esse mercado.
Este plano contém elementos e ações básicas organizacionais que vão
direcionar os esforços financeiros e de tempo da organização, para que suas
metas sejam atingidas, bem como seja possível medir se os esforços e o
desempenho da organização com relação aos objetivos traçados estão sendo
alcançados.
Nesse sentido, o Plano de Marketing é dividido em quatro etapas descritas
sumariamente a seguir:
I. Exame do plano estratégico organizacional: alinhamento dos objetivos
organizacionais com os objetivos de Marketing, para que não exista um
descompasso entre o que a organização almeja e o que o setor de
Marketing propõe. Por exemplo, uma organização pode estar interessada
em expandir seu mercado, o que, muitas vezes, é combinado com uma
política de preços agressivos para estimular a experimentação do produto, e
o setor de Marketing pode ter como objetivo aumentar a qualidade e o preço
do produto para se posicionar no mercado como referência; esse
descompasso pode deixar o consumidor perdido com relação ao que o
produto realmente representa;
II. Condução de análise ambiental: análise das forças internas da
organização, seus pontos fortes e fracos, bem como as oportunidades e
ameaças externas. A análise ambiental auxilia a organização a determinar
como seus pontos fortes podem auxiliar a empresa a conquistar
oportunidades do mercado. Um bom exemplo disso é como a Sony
observou sua capacidade em fazer produtos de tecnologia (ponto forte
interno) com alta qualidade para expandir seu mercado (oportunidade de
mercado);
III. Desenvolvimento de objetivos e estratégias de Marketing: baseado em
sua competitividade, a organização irá determinar entre as várias opções
para aproveitar o mercado, quais mercados-alvo irá escolher, quais
produtos irá desenvolver para atender esse mercado e qual o custo-
benefício de cada mercado explorado;
IV. Determinação dos custos e benefícios financeiros: apoiado no
planejamento desenvolvido, a organização irá determinar o custo para
viabilizar esse plano e quais resultados poderão ser conquistados com o
esforço financeiro.
Atividade de aprendizagem
7
Dados secundários são dados já pesquisados por outras empresas, governos ou entidades. Um bom
exemplo de dados secundários são os dados do IBGE, IPEA, entre outros, sobre distribuição de renda,
faixa demográfica de uma área etc.
8
Dados primários são dados customizados e coletados especificamente para atender a demanda da
pesquisa. Em geral, são mais precisos, mas demoram mais tempo para serem reunidos e processados,
além de serem mais caros por serem gerados sob demanda.
9
Pesquisa por observação é quando a reunião de dados é feita assistindo pessoas e analisando seu
comportamento, como, por exemplo, contratar o serviço do concorrente para observar como é prestado ou
ficar no fraldário de um shopping observando o que as mães falam das diferentes marcas de fraldas.
10
Outro tipo de abordagem de pesquisa é a realização de grupo de foco, onde seis a 10 pessoas são
reunidas (cuidadosamente selecionadas, observando-se as diferenças demográficas como sexo, idade,
renda etc.) e um entrevistador coloca questões para serem respondidas em discussão. Utilizando o
exemplo anterior das fraldas, colocar um grupo de mães reunidas para debater sobre características do
produto. O grupo focal também pode ser empregado quando a empresa utiliza dados sobre hábitos dos
consumidores, como, por exemplo, pedidos que foram feitos anteriormente em uma pizzaria. Pode-se
chegar à conclusão de que homens que pedem pizza de calabresa comumente pedem também cerveja
para acompanhar; assim, a empresa pode concluir que um pedido de pizza de calabresa poderá acarretar
oferecimento de cerveja para acompanhar.
11
A pesquisa experimental utiliza e verifica como diferentes variáveis (inseridas ou não no contexto de
consumo) afetam os consumidores. Um bom exemplo de pesquisa experimental seria modificar o lugar na
gôndola de supermercado onde um produto fica e verificar se isso aumenta ou diminui o consumo dele.
12
Questionários fechados são questionários com questões fechadas e opções de escolha.
13
A pesquisa qualitativa utiliza questionários abertos ou semiabertos (que também podem ser chamados
de questionários não estruturados e semiestruturados).
renda acima de certo valor etc.), como os entrevistados serão
escolhidos (ao acaso, por conveniência, por indicação etc.) e
quantos serão pesquisados. Essas informações determinam quão
confiável é a amostra: afinal uma das funções da amostra é sua
capacidade de predizer o resultado da população, e, se uma
amostra for muito pequena, pode não representar a população que
se deseja pesquisar;
Métodos de contato: essa etapa determina como serão
contatados os respondentes do questionário. Os métodos mais
comuns empregados pelos pesquisadores, a depender do tipo da
pesquisa, são: telefone, pessoalmente, entrevista online e
entrevista pessoal.
Etapa 3 - Coleta de informações: consiste na ação de reunir os dados.
Nessa fase são previstos problemas – e soluções - para encontrar
respondentes para os questionários, para respondentes que se recusam a
dar respostas, ou ainda, para respondentes que respondem de forma
claramente tendenciosa.
Etapa 4 - Análise das informações: nessa etapa da pesquisa de
Marketing são aplicados procedimentos estatísticos em dados organizados
e tabulados14 para que as variáveis pesquisadas permitam apresentar
conclusões que apoiem as decisões dos gestores de Marketing.
Etapa 5 - Apresentação dos resultados: deve ser feita de forma clara e
respondendo os problemas levantados pelos gerentes de Marketing.
Etapa 6 - Tomada de decisão: por fim, o gestor de Marketing toma a
decisão fundamentando-se no aporte técnico fornecido pelas etapas
14
Tabular dados consiste no levantamento de dados naturalmente finalizados com a perfeita
compreensão dos elementos digitados nas linhas e colunas de uma tabela. Para tabular dados de modo
simples, pode-se utilizar de uma das ferramentas disponíveis do pacote Office – presente na configuração
de boa parte dos computadores e bastante amigável de usar, mesmo para leigos em informática -, o
Excel. Este programa é muito útil para organizar dados e manter um maior controle sobre pesquisas,
finanças e atividades do dia adia.
anteriores da pesquisa de Marketing. Via de regra, a decisão tende a
indicar o melhor caminho, de acordo com o que foi pesquisado.
Análise de concorrentes
Para atuar no mercado é fundamental que a organização conheça seus
concorrentes, o nível de ameaça que representam e suas estratégias. Um
concorrente é aquele que atende as mesmas necessidades dos clientes que
sua empresa atende, podendo ser um concorrente indireto ou direto.
Assim, mesmo que os concorrentes ofereçam produtos essencialmente
distintos, caso esse produto atenda a mesma necessidade que seu produto, tal
concorrente é um concorrente indireto. Entretanto, se um concorrente oferece o
mesmo tipo de produto e atendendo à mesma necessidade, é classificado
como concorrente direto.
Um bom exemplo de concorrência indireta e direta são duas empresas
de dedetização. Se por um lado, mesmo que usem pesticidas diferentes,
ambas concorrem diretamente por prestarem o mesmo serviço. Por outro lado,
uma empresa que ofereça dedetização com produtos orgânicos ou por controle
biológico é um concorrente indireto, haja vista que trabalha com um produto
diferente, ainda que atenda a mesma necessidade do cliente.
Objetivos dos concorrentes
Os objetivos dos concorrentes representam, em boa parte das vezes, o
que a organização busca no mercado. Nesse sentido, uma organização pode
estar buscando o aumento de lucros, que é o que se espera, mas não se pode
perder de vista que existem várias outras estratégias que uma empresa pode
visar, tais como:
Aumento de participação de mercado: quando a estratégia é aumentar a
participação de mercado, a empresa concorrente oferece preços atrativos
para gerar experimentação do produto, brindes grátis ou outras promoções.
A ideia é que o público se acostume com o produto e o aceite, para que
somente depois a empresa aumente a lucratividade. Para ilustrar, podem-
se citar produtos novos que entram no mercado: a LG Eletrônicos quando
entrou no Brasil praticava preços próximos aos concorrentes mais baratos;
porém, com o tempo se firmou e conquistou uma fatia rentável de mercado,
foi quando subiu seus preços;
Fluxo de caixa: em algumas situações, o objetivo da empresa é eliminar
excesso de estoque ou capitalizar-se rapidamente para gerar recursos para
sócios, lançar novos produtos, expandir fábricas ou trocar equipamentos.
Para atingir esses objetivos, baixa seus preços momentaneamente;
Liderança tecnológica: quando a organização busca ser reconhecida no
mercado como referência no produto que vende, sua estratégia costuma
ser oferecer o melhor possível com relação às características principais do
produto que vende. Em geral, cobram um adicional por oferecer “o melhor
produto do mercado”. Mesmo que a diferença seja pequena - como em
processadores para computador (o melhor produto do mercado poderá
custar, por exemplo, 40% a mais do que o segundo e ser somente 5%
melhor) - existem pessoas que buscam o melhor possível naquela
categoria de produtos e estão dispostos a pagar por isso;
Liderança em atendimento: alguns concorrentes vão apostar e direcionar
seus recursos para o atendimento ao cliente. Quando o produto em si é
muito parecido, uma das soluções é se diferenciar no atendimento. Um
exemplo bastante presente disso ocorre em revisões programadas de
automóveis: em geral, as mesmas peças serão trocadas e o preço é
relativamente padronizado; então, o diferencial na escolha da
concessionária será o atendimento. Em outras situações, o atendimento é
parte principal do produto como um todo: em um restaurante a qualidade
do atendimento pode ser tão importante quanto o sabor da comida.
Segmentação de mercado
Para lançar um produto no mercado é importante que a empresa tenha
seu público-alvo definido: é imprescindível que se determine em qual segmento
de mercado irá trabalhar. O mercado contém diversos grupos com
necessidades específicas e, por isso, as empresas devem dividi-lo em
segmentos. Segmentação é o processo de dividir mercados em grupos de
consumidores potenciais, cada um com características, necessidades,
comportamento e estilo de vida similares.
Portanto, por mais bem sucedida que uma empresa seja, não é possível
atender perfeitamente vários públicos e, por isso, é necessário decompô-lo em
frações para poder atender todas as suas necessidades, com produtos e ou
serviços exclusivos. Entretando, na medida em que a sociedade evolui, torna-
se mais importante identificar os diferentes tipos de segmentos de mercado e
desenvolver mensagens e produtos direcionados para cada grupo.
Cabe aqui destacar que esses agrupamentos de pessoas possuem
sentimentos, percepções e comportamento semelhantes. Assim, percebe-se
que os grupos correspondem de forma similar – seja positivamente, seja
negativamente - às estratégias direcionadas a eles. Desta forma, a
segmentação traz à empresa pontos positivos referentes ao incremento nas
vendas, ao aumento da participação de mercado, à sustentação da marca e à
melhora da posição competitiva da organização.
Dentro desse contexto, destaca-se que a pesquisa de segmentação tem
por objetivo encontrar oportunidades no mercado, haja vista que existem
diversas variáveis que podem identificar e diferenciar os grupos. De modo
geral, as variáveis oportunizam para os pesquisadores o entendimento do que
motiva os consumidores a utilizarem um determinado produto e ou serviço.
Em boa parte das vezes, a segmentação de mercado é realizada com
base em quatro grupos principais de critérios: comportamentais, geográficos,
demográficos e psicográficos. Em sequência, procura-se entendê-los um pouco
melhor.
Segmentação comportamental
A segmentação comportamental abrange compras, consumo,
comunicação e reação a elementos do mix de Marketing. Partindo deste
princípio, por meio da pesquisa e análise do comportamento do consumidor, os
profissionais de Marketing podem compreender melhor o que os compradores
esperam do produto e ou do serviço de que necessitam ou que desejam
adquirir. Em resumo, cada consumidor tem sua preferência dentro do mercado.
O estudo do comportamento de compra gira em torno do momento da
compra e dos padrões de compra. Com base nessas premissas, é possível
distinguir dois tipos de consumidores:
Inovadores - tipo de consumidor que compra qualquer produto e ou
serviço que seja novidade no mercado. Estes consumidores, por sua vez,
têm recebido muito prestígio dos profissionais de Marketing; e
Leais à marca - a lealdade à marca também tem sido usada como base de
segmentação. Enquanto os Inovadores se preocupam com a compra inicial,
os padrões de lealdade estão relacionados com repetição da compra. Em
função disso, esses consumidores são mais aplicáveis a bens com
compras repetidas do que bens de consumo duráveis15 (embora também já
tenham sido usados em mercados de bens de consumo duráveis). Tal
como no caso da pesquisa de comportamento inovador, não tem sido
possível identificar consumidores que apresentam uma lealdade à marca
em uma grande variedade de produtos. A lealdade, assim como a
inovação, é especifica a um determinado campo de produtos.
Segmentação geográfica
A segmentação geográfica constitui um dos métodos mais simples para
se dividir mercados em possíveis segmentos-alvos. Por isso, esta abordagem
constitui o primeiro passo a considerar, ao se segmentar mercados. O lugar
onde as pessoas vivem, trabalham e jogam tem grande impacto em seu
comportamento de compra. Partindo desse princípio, elementos como cidade,
população, desenvolvimento, clima, tamanho da cidade, altitude são algumas
das variáveis estudadas na segmentação geográfica.
15
Os bens de consumo duráveis são aqueles que podem ser utilizados várias vezes durante longos
períodos (um automóvel, uma máquina de lavar roupas etc.).
A empresa que se atenta a esses fatores pode optar por atender a todas ou a
algumas das variáveis geográficas. A organização consegue identificar onde
estão situados seus clientes atuais e operar com clientes em potenciais que
moram nessa região. Com isso, pode-se trabalhar melhor o produto e ou
serviço para se conseguir características mais próximas aos clientes.
Segmentação demográfica
As variáveis demográficas são os meios mais populares de distinguir
grupos de clientes por várias razões. Na segmentação demográfica, o mercado
é dividido em grupos de variáveis básicas. Uma delas é o desejo dos
consumidores por uma determinada marca.
Os estudos demográficos são essenciais para os profissionais de
Marketing, pois esses podem analisar dados e visualizar o tamanho do
mercado, e, com isso, vender diversos produtos, utilizando a comunicação
direcionada para o público alvo. O estudo da segmentação comportamental
facilita a identificação por grupos compostos por:
Idade: pessoas da mesma faixa etária têm gostos, desejos e experiências
em comum, portanto as estratégias de Marketing são direcionadas para
atender a demanda desse grupo. Depois de conquistar esses
consumidores, as estratégias podem ser alteradas, com o objetivo de
expandir e conquistar públicos de outras faixas etárias;
Classe social: cada classe social possui poder de compra diferente; por
isso, serviços e produtos são produzidos para atender especificamente
cada grupo. Assinala-se que os grupos que têm ocupações equivalentes na
sociedade têm desejos parecidos e não se privam de fazer altos
investimentos em bens e serviços para sua qualidade de vida;
Gênero: apesar de ter produtos que agradam homens e mulheres, as
características dos produtos específicos para cada gênero são
diferenciadas, principalmente na cor, cheiro, tamanho e textura;
Estrutura familiar: cada estrutura familiar consome produtos com certa
rotina. Há produtos que são consumidos com frequência em residências de
família com filhos (como iogurte, frutas, biscoitos), outros em família de
idosos (alimentos orgânicos) e diversos em residências de jovens solteiros
(bebidas, biscoitos, macarrão instantâneo);
Sexo: homens e mulheres costumam ter orientações e atitudes
comportamentais diferentes, em parte devido a características genéricas,
em parte ao tipo de socialização. As mulheres costumam assimilar
informações do ambiente em que vivem; já os homens tendem a focar a
parte do ambiente que lhes permite atingir um objetivo;
Renda: a segmentação por renda é uma prática bastante utilizada em
várias categorias de produtos e serviços. Entretanto, cabe destacar que a
segmentação por renda nem sempre prevê o melhor cliente para o produto;
Fase da vida: indivíduos que estão no mesmo momento do ciclo de vida
podem diferir da fase da vida em que se encontram.
Segmentação psicográfica
Na segmentação psicográfica os compradores são divididos em
diferentes grupos, com base no estilo de vida, na personalidade (extrovertida,
conservadora, impulsiva, tímida, rude, entre outras) e nos valores16. Pessoas
do mesmo grupo demográfico podem ter perfis psicográficos diferentes.
Além de itens presentes da segmentação demográfica, a segmentação
psicográfica procura entender o porquê de uma pessoa escolher um produto
específico para consumir. Como bem coloca Solomon (2008), enquanto a
pesquisa demográfica busca descrever quem compra, a pesquisa psicográfica
diz por que o consumidor compra.
O estudo da psicografia envolve diversos fatores, sendo psicológicos,
sociológicos e antropológicos. O resultado dessa pesquisa determina como o
mercado é segmentado levando em consideração tendências dos grupos
visados e seu estilo de vida. Esse estudo reconhece o que uma pessoa faz,
16
Valores são crenças que determinam atitude e comportamento de consumo. Os valores centrais são
mais profundos do que comportamento e atitudes e determinam, em um nível básico, as escolhas e
desejos de pessoas no longo prazo.
como se comporta, seus valores e suas atitudes. Assim, a segmentação
psicográfica pode tomar quatro formas diferentes:
I. Perfil de estilo de vida - procura itens que diferenciam usuários e não
usuários de um produto;
II. Perfil específico de produto - identifica um grupo alvo e, então,
caracteriza os consumidores em dimensões relevantes para o produto;
III. Segmentação geral de estilo de vida - uma grande amostra de
entrevistados é separada em grupos homogêneos com base nas
semelhanças de suas preferências gerais;
IV. Segmentação específica de produto - as questões são adequadas a uma
categoria de produto.
Tamanho do mercado
É fundamental definir o tamanho do mercado em que se busca atuar,
pois, quanto mais amplo for o mercado, menos específico será o produto,
atendendo à maioria das pessoas; e, quanto mais específico for um produto,
menos pessoas ele atenderá. Em geral, quanto mais exclusivo for o produto,
mais as pessoas que representam seu mercado estão dispostas a pagar por
ele. Por isso, é importante entender que existem diferentes níveis de
segmentação de mercado:
Marketing de massa: quando o produto tem um nível de especificidade
baixo - ou seja, atendendo da mesma maneira uma grande parcela do
mercado -, o mercado é caracterizado por um mercado de massa. Produtos
que atuam em mercados de massa, em geral, têm como vantagem baixos
custos de produção decorrentes da massificação da produção e do fato de
que podem ser usados por todos. Shampoo para cabelos normais, leite e
refrigerante são bons exemplos de produtos que atuam em mercados
massificados;
Marketing de segmento: em situações em que o mercado tem
preferências diferentes ou nas quais o consumidor pode ser atendido de
maneiras diversas por produtos com características diferentes, tem-se um
mercado segmentado. Quando o mercado é segmentado, as pessoas vão
preferir produtos com características que os atendam melhor. Bons
exemplos de segmentos de mercado são produtos com redução de
calorias, produtos dietéticos, carros esportivos etc.; e
Marketing de nicho: normalmente um segmento pode ser dividido em
vários nichos, com preferências bem específicas e que pedem por
características especiais para que necessidades ou desejos sejam bem
atendidos. Produtos voltados para o mercado de nicho possuem
características bem específicas. Por exemplo: alimentos com redução de
calorias e orgânicos são mais específicos que alimentos que possuem
apenas redução de calorias e vão atrair menos pessoas; portanto, o
primeiro grupo de alimentos representa um nicho.
Atividade 1
Se você realmente entendeu o conteúdo, não terá dificuldades em
responder à atividade de aprendizagem proposta a seguir. Todavia, caso isso
não aconteça, leia novamente o conteúdo e procure ajuda do seu instrutor.
Como avaliar o benefício da pesquisa mercadológica para identificar
oportunidades para uma PME?
As ferramentas do Marketing
Marketing mix
Entre os sistemas de Marketing consagrados pelos autores para obter
um melhor entendimento da interação entre uma organização com seu
ambiente interno e externo, destacam-se os 4P‘s do professor McCarthy. Em
sua visão, essa interação estratégica apresenta ferramentas de Marketing que
são essenciais para a consecução dos objetivos de uma organização. Essas
ferramentas são conhecidas como o composto do mix de Marketing, os 4P‘s
Produto, Preço, Praça e Promoção (Figura 1) – que serão apresentados nas
próximas páginas.
Figura 1: 4P’s.
O mix de Marketing é uma forma estratégica que a empresa pode
empregar para se posicionar no mercado, criando valores que se destacam de
seus concorrentes, suprindo necessidades e desejos de seus consumidores.
Esse posicionamento é feito por meio de um grupo de variáveis que a empresa
utiliza para reproduzir a resposta que deseja no mercado-alvo.
Produto
O primeiro elemento do mix de Marketing é o produto, que deve ser
entendido como a combinação de bens e serviços que a empresa oferece ao
seu público-alvo, o pacote total de benefícios obtidos pelo consumidor ao
adquirir algum serviço ou produto, seja tangível ou intangível.
Os produtos são comprados para satisfazer necessidades fisiológicas
(tais como fome, sede, sono, sexo, excreção, abrigo) ou para autorrealização
(em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que pode ser, isto é, obter
satisfação pessoal) dos consumidores. Os produtos devem ser desenvolvidos
para atender as necessidades dos consumidores da melhor forma possível, de
acordo com padrões de consumo observáveis, como posicionamento em
relação à concorrência, tendências de mercado e design.
Como demonstra a Figura 2, mostrada a seguir, os produtos podem ser
caracterizados em cinco níveis diferentes:
Figura 2: Níveis do produto.
Entendendo melhor esses níveis:
Benefício central é o serviço ou benefício fundamental que o consumidor
está realmente comprando. Em um telefone celular é a capacidade de se
comunicar com outros à distância;
Produto Básico é a oferta mínima para que se consiga entregar o
benefício central. Em um telefone seria a carcaça, o fone para captar e
também para emitir som;
Produto Esperado é um conjunto de atributos e condições que
compradores, esperam e concordam quando obtêm esse produto. Em um
telefone se espera que o sinal seja claro, que a bateria dure certo tempo,
entre outros;
Produto ampliado é quando a empresa espera atender aos desejos dos
consumidores além das expectativas. Visando surpreender e encantar o
cliente, utilizando o mesmo exemplo de um telefone celular, consumidores
almejam um aparelho que, além de realizar ligações, tenha uma câmera de
altíssima resolução eliminando a necessidade de se ter uma câmera digital;
Produto Potencial envolve todas as ampliações e transformações que
este produto pode sofrer no futuro. Telefones celulares que sirvam como
projetores, telefones transparentes, aparelhos que funcionem submersos
em água, que recarreguem somente com luz solar ou outras características
que possam ser implementadas.
Empresas de todo o mundo estão percebendo a importância de entender
o comportamento do cliente como uma chave para seu sucesso. Nesse
sentido, os produtos passam a ser entendidos, essencialmente, em torno do
esforço de compra despendido pelo consumidor para adquiri-los e, assim,
produtos são classificados em conveniência, compra comparada, especialidade
e não procurados.
17
Processo em que os consumidores buscam minimizar seu risco de compra (BAUER, 1960). O autor não
consta das ref.
problemas não corriqueiros e que, geralmente, o consumidor tem em sua
decisão de compra um peso psicológico em adquiri-lo.
Marca
Toda empresa que oferece produtos ou serviços precisa não apenas ter
identidade, como também deve se posicionar em relação à concorrência e
divulgar o que tem a oferecer. Por exercerem influência e representarem as
pessoas, as marcas são os ativos mais poderosos que as organizações
possuem.
Por isso, para que o direcionamento de uma marca a um público-alvo
seja preciso e gere lucro e reconhecimento, não basta investir em Marketing:
faz-se essencial, primeiramente, como visto nos tópicos anteriores, segmentar
o mercado de acordo com o perfil da organização. Destaca-se que as
organizações líderes conseguem ter poder de mercado por meio de suas
marcas e, com isso, alavancar preços mais elevados e ter maior lucratividade.
A marca pode ser definida como um nome, um símbolo, um signo, um
design, ou a combinação de todos esses elementos, para identificar produtos
ou serviços de um vendedor ou fabricante. Além de servir para diferenciar uma
organização ou um produto de seus concorrentes, a marca é uma forma de
oferecer um grupo de características, benefícios e serviços a um bem ou
serviço aos compradores.
Algumas marcas chegam a valer bilhões de dólares, montante
proporcional à sua capacidade de gerar rentabilidade. De acordo com o ranking
anual BrandZ, da consultoria Millward Brown, em 2013, as marcas mais
valiosas do mundo – mostradas na Figura 2 - são:
19
Nesta disciplina, layout deve ser entendido como dimensões e arranjos físicos dos estabelecimentos.
Envolve: apresentação externa e interna da loja, iluminação, odores e perfumes, sons e apelos ao paladar
(quando couber).
de estacionamento compatíveis com a legislação da região onde está
instalado;
Lojas de departamento – são estabelecimentos comerciais especializados
na venda de diversos tipos de produtos no varejo, sem adotar uma linha
específica, ou seja, são um aglomerado de ofertas de produtos em um
único lugar;
Lojas especializadas - são estabelecimentos que disponibilizam uma
ampla variedade de marcas, de acordo com um tema específico;
Lojas de serviço – ou são caracterizadas por uma intensa participação do
cliente no processo de prestação do serviço, demandando grande
flexibilidade do sistema para atender suas necessidades específicas
(serviços profissionais), ou são formatadas em serviços que se apoiam num
elevado grau de padronização e rotinização (serviços de massa).
20
Front office ou linha de frente são atividades de uma organização que têm alto contato com o cliente.
21
Core business significa a parte central de um negócio, ou de uma área de negócios, que é geralmente
definida em função da estratégia dessa organização para o mercado.
22
Lead time ou tempo de aprovisionamento é o período entre o início de uma atividade, produtiva ou não,
e o seu término.
Distribuição exclusiva – baseia-se na concessão a um intermediário da
exclusividade da distribuição do produto, em determinado território.
Pressupõe também que o intermediário concessionado não venda produtos
similares de outras marcas. Esta modalidade é normalmente utilizada por
PME’s que não detêm grande conhecimento do mercado-alvo.
Adicionalmente, é frequente ser da responsabilidade do intermediário o
ônus da força de vendas, das reparações técnicas e da assistência pós-
venda;
Distribuição seletiva – nesta modalidade o produtor escolhe uma
quantidade reduzida de distribuidores, aos quais normalmente são fixadas
cotas de vendas, com a possibilidade de se estabelecer princípios de
exclusividade de vendas num determinado território. A seleção de
distribuidores é feita em função de dois critérios essenciais: localização e
posicionamento. Esta modalidade permite ter um alcance maior do que a
anterior;
Distribuição intensiva – utiliza-se esta modalidade como complemento à
modalidade de distribuição seletiva, quando é necessário concentrar
esforços e capital em dados momentos e em certos canais de distribuição.
Promoção
O elemento final do mix de Marketing é a promoção, responsável por
desenvolver atividades que comunicam o que o produto ou o serviço tem a
oferecer aos consumidores-alvo, com finalidade de dispêndio por parte destes
consumidores. Destaca-se que, quando se fala em composto promocional,
antes de tudo, fala-se do processo de comunicação e do seu funcionamento.
McCarthy e Perreault (1997) apreendem que o processo de comunicação
completo significa uma fonte tentando atingir o receptor com uma mensagem, e
o desenvolvimento desta comunicação abarca três elementos básicos:
I. O comunicador;
II. O meio; e
III. O receptor.
Para atingir seus propósitos, a propaganda deve levar os clientes à compra por
meio de uma série de passos que descrevem a ação que um comprador de um
determinado produto passa antes de fechar a venda. Esse processo é
conhecido pelos princípios da AIDA, ilustrado na Figura 3:
Figura 3: AIDA.
Para a maximização da propaganda, Kotler (2006) levanta ainda a necessidade
da análise de:
Missão: quais são os objetivos da propaganda?
Moeda: quanto gastar?
Mensagem: que mensagem deve ser transmitida?
Mensuração: como serão avaliados os resultados?
Relações públicas e publicidade – uma variedade de programas
preparados para promover e ou proteger a imagem de uma organização ou
de seus produtos individuais.
Tem como objetivo principal interagir com qualquer grupo que tenha um
interesse real ou potencial ou que possa ter impacto na capacidade da
organização para atingir seus objetivos (seu público). Assim, sintetizam-se
suas funções em:
Relações com a imprensa;
Publicidade do produto;
Negociação com legisladores e autoridades; e
Aconselhamento a problemas públicos.
Promoções de vendas – consistem em incentivos, em curto prazo, para
encorajar a experimentação ou compra de um produto ou serviço.
MARKETING ESTRATÉGICO
As opções estratégicas apresentadas às organizações são formas
alternativas para se defenderem das forças competitivas que modelam o
ambiente de negócios (PORTER, 1999). Com base nesse escopo, diferenciar
um produto é condicioná-lo dentro de um valor que o faça ser considerado
único no mercado e no segmento.
Pode-se diferenciar um produto por: seu projeto, a imagem da marca, a
tecnologia empregada, suas características peculiares, os serviços associados
e seus fornecedores. Com esse mesmo sentido, Kotler (2006) estabelece o
conceito de diferenciação como o ato de relacionar um montante de diferenças
significativas para distinguir o produto da organização do produto do
concorrente.
Portanto, para que a estratégia de Marketing que almeja alcançar
diferenciação do produto traga resultado satisfatório, a organização deve contar
com a excelência operacional, intimidade com o consumidor (para conhecer
suas reais necessidades) e a liderança em termos de produto.
Assim, neste último tópico do Módulo Plano de Marketing pode-se observar a
proposta de Porter (1999) sobre estratégias genéricas de competição (Figura
5).
Estratégias genéricas
A diferenciação fornece a possibilidade de aumentar as margens de
venda, de distribuição (considerando o diferencial dos insumos entregues pelo
consumidor), e o aprofundamento da lealdade com o consumidor.
De acordo com Porter (1999), a estratégia competitiva significa uma
escolha deliberada de um conjunto diferenciado de atividades, em relação aos
concorrentes, para a entrega de um produto ou serviço de valor único, o que,
em outras palavras pode ser definido também como o posicionamento
estratégico. Assim, uma estratégia de posicionamento pode ser caracterizada
por três posições competitivas fundamentais: liderança em custo, diferenciação
e enfoque.
Estratégia liderança em custo
A estratégia de liderança de custo tem como principal atrativo o preço,
ou seja, a aplicação desta estratégia faz-se a produtos com fraca diferenciação
e grande sensibilidade ao preço, e em fase de intenso crescimento no seu ciclo
de vida. Com este tipo de estratégia uma organização centra os seus esforços
na procura da eficiência produtiva, na ampliação do volume de produção e
minimização dos gastos com publicidade, assistência técnica, distribuição,
pesquisa e desenvolvimento.
As estratégias de liderança de custo procuram, baseando-se numa
cultura de organização muito orientada para a economia e com base num bom
produto, obter vantagem em custos de diversas formas, inclusive estudando
produtos concorrentes.
Estratégia de diferenciação
Estratégia de diferenciação é a capacidade de oferecer ao comprador
um produto de valor único e superior em termos de qualidade, recursos
especiais ou serviços pós-venda. Consiste em diferenciar o produto ou serviço
oferecido pela organização criando algo que seja considerado único no âmbito
de todo o setor.
Destaca-se que não precisa ser necessariamente algo novo, podendo
ser alguma coisa já existente, mas com uma nova imagem, haja vista que o
foco da organização é oferecer algo diferente de seus concorrentes e valioso
para seus consumidores. Portanto, a estratégia de diferenciação é orientada
para o consumidor, onde passam para segundo plano a quantidade e o preço,
e dá-se prioridade à qualidade e à inovação.
Este tipo de estratégia procura identificar um conjunto de necessidades a
que o consumidor dê muita importância e responder-lhe de forma única; assim,
o consumidor estará disposto a pagar um prêmio superior ao eventual
acréscimo de custo que tem de suportar para conseguir tais diferenças.
Estratégia de enfoque
A estratégia de enfoque busca centrar as forças em um grupo específico
de compradores, ou em uma determinada área geográfica, e assim, o enfoque
pode ocorrer de formas variadas. A estratégia de enfoque procura atender um
alvo específico com alta eficiência e, para que este objetivo seja atingido, os
processos são definidos em conformidade com este tipo de estratégia.
Isto ocorre porque a organização entende que é possível atender com
maior precisão as necessidades de um público-alvo mais específico do que
procurar atender às necessidades de um setor como um todo. Assim, como nas
estratégias de liderança no custo total e diferenciação, a utilização adequada
do enfoque também proporciona retornos acima da média, pois a organização
pode atingir uma posição de baixo custo ou de diferenciação, ou ambas.
Atividade de aprendizagem
Se você realmente entendeu o conteúdo, não terá dificuldades em responder à
atividade de aprendizagem proposta a seguir. Todavia, caso isso não aconteça,
leia novamente o conteúdo e procure ajuda do seu instrutor.
Selecione uma grande empresa brasileira. Com base em consultas à
Internet, caracterize a gestão estratégica de Marketing da empresa.
REFERÊNCIAS
BAUER, R. Consumer behavior as risk-taking. In: Conference of the American
Marketing Association, 43. Proceedings. Chicago: AMA, 1960. p. 389-398.
BERRY, L. L. The old pillars of new retailing. Harvard Business Review, Apr.
2011, p. 131-137.
COBRA, M. Administração de Marketing no Brasil. São Paulo: Cobra, 2006.
KAPOOR, S. K.; KANSAL, P. Basics of distribution management: a logistical
approach. New Delhi: Prentice Hall, 2004.
KOTLER, P. Administração de Marketing: análise, planejamento,
implementação e controle. 8. ed. São Paulo, Atlas, 2006.
LAS CASAS, A. L. Marketing: conceitos, exercícios, casos. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 1997.
MCCARTHY, E. J.; PERREAULT, Jr. W. D. Marketing essencial: uma
abordagem gerencial e global. São Paulo: Atlas, 1997.
PORTER, M. Competição: estratégias competitivas essenciais. Rio de Janeiro:
Campus, 1999.
MÓDULO: Plano Financeiro
23
André Luiz Marques Serrano
23
Doutor em Economia pelo Programa de Pós Graduação em Economia (Departamento de Economia),
Universidade de Brasília. É professor adjunto da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
– FACE.
estimativas de fatores-chave, tais como cronograma de desembolso, fontes de
financiamento, estrutura de capital (capital próprio/financiamento) etc.
v. Considerações sobre risco e incerteza: etapa na qual são consideradas
as incertezas associadas aos fatores-chave do projeto e o grau de propensão
ao risco de empreendedor. Ainda, deve-se levar em conta a sensibilidade dos
resultados a possíveis variações em determinadas variáveis, as quais poderão
inviabilizar o projeto.
Compreendendo e implementando de forma correta as etapas acima, o
empreendedor deve ser capaz de projetar o potencial de vendas e de recursos
financeiros envolvidos na implantação de seu negócio. Cabe ressaltar também
que a análise posterior dos resultados obtidos é um insumo de grande valor
para futuras tomadas de decisão.
A seguir serão explicitados alguns dos pontos importantes na elaboração
do plano financeiro.
Aspectos importantes na Elaboração do Plano Financeiro:
Um Plano Financeiro deve responder às seguintes questões:
i. Se, para dada estimativa de vendas e dado preço, as receitas auferidas
serão suficientes para honrar os gastos correntes e de investimento e ainda
garantir um retorno aceitável;
ii. Qual será o montante necessário de recursos financeiros para a empresa
arcar com suas obrigações mensais, como pagamento de funcionários,
fornecedores, impostos etc.;
iii.Quais serão os investimentos iniciais necessários para o negócio
funcionar? Isto envolve detalhar as quantidades e valores de ativos tangíveis,
como equipamentos, máquinas, computadores, veículos, móveis, imóveis; bem
como ativos intangíveis (direitos de marcas e patentes) e, até mesmo, gastos
com abertura da empresa;
iv.Quanto tempo será necessário para que o investimento realizado comece
a dar retorno?
Dessa forma, se um empreendedor quiser abrir uma padaria, por
exemplo, em determinado local, ele deve considerar – para cada tamanho
possível desse projeto – se é melhor comprar ou alugar o local em que o
negócio irá funcionar; os impostos que devem ser pagos; gastos com
prateleiras, balcões, fornos e estoques de mercadorias; números de
empregados; o comportamento do mercado consumidor que irá atender...
Bem, pode-se perceber que essa não é uma tarefa fácil, pois requer uma
ampla gama de informações e conhecimento prévio do setor em que se deseja
trabalhar.
A importância de entender as Receitas:
Para realizar a seleção dos projetos viáveis, é necessário determinar uma
projeção da receita com vendas. O empreendedor deve levar em conta não apenas
“quanto a empresa espera vender”, mas também “como a empresa espera vender”
(se a vista e/ou a prazo) e “o que a empresa fará com a receita proveniente das
vendas” (usará para aumentar o capital de giro, ou para investir em um novo projeto,
por exemplo?).
Estas considerações são importantes para que a projeção do fluxo de caixa
reflita a verdadeira situação em que a empresa se encontra. A decisão de venda a
vista ou a prazo, por exemplo, é de extrema importância. Isto porque, enquanto a
venda a vista gera um recurso disponível para a empresa no momento em que a
venda é efetuada, a venda a prazo gera somente um direito a receber. Assim, uma
empresa pode efetuar muitas vendas e, ao mesmo tempo, não ser capaz de honrar
suas dividas em determinado momento. No entanto, deve-se lembrar que o acesso
ao crédito é um fator que impulsiona o consumo, logo, não se pode desprezar a
venda a prazo como uma alternativa.
Cenários do Plano de Negócio
O estudo de viabilidade das alternativas selecionadas e considerações sobre
risco e incertezas é feito com o auxílio de projeções de cenários. Estas projeções
representam diferentes situações que podem ocorrer e que podem acarretar em
diferentes desempenhos de um empreendimento no horizonte do planejamento.
Dado que não é possível saber com exatidão o que ocorrerá no futuro, mesmo para
um horizonte de tempo curto, faz-se necessária a projeção de mais de um cenário
possível.
Porém, para uma dada empresa, pode-se pensar em um conjunto enorme
de cenários possíveis, não é mesmo? Pense no exemplo da padaria: pode-se
pensar em um determinado tamanho para esse empreendimento e, a partir daí
imaginar uma infinidade de situações como, aumentos ou quedas nos preços da
farinha de trigo, do leite ou energia elétrica; variações nas alíquotas dos impostos ou
mesmo mudanças na legislação tributária, além da abertura ou falência de outras
padarias.
Então, como lidar com tantas variáveis? Bem, na verdade o que se faz é
escolher, entre os cenários possíveis, quais são os cenários mais prováveis.
Normalmente são escolhidos três tipos de cenário:
Otimista: neste cenário as projeções são realizadas tendo por base o melhor
ambiente para a operação da empresa, entre aqueles tidos como mais prováveis.
Barateamento nos preços dos insumos, queda no número de concorrentes, a
aumento nas vendas em proporções acima do esperado, por exemplo, são fatores
que compõem um cenário otimista.
Provável: como o próprio nome indica, é o cenário ao qual se atribui maior
chance de ocorrência.
Pessimista: neste caso a projeção é realizada encolhendo-se, entre os
cenários mais prováveis, o pior possível para a empresa. Esse cenário pode ser
formado por aumentos no preço dos insumos e nos impostos, além do esperado,
por exemplo.
As páginas que se seguem explicitarão o conhecimento necessário para
a avaliação de projeto e acompanhamento do desempenho da empresa.
Rudimentos em Matemática Financeira
Para que os tópicos seguintes sejam compreendidos, faz-se necessário o
conhecimento de alguns conceitos básicos de matemática financeira, e este é o
objetivo do tópico presente. Quando se realiza a análise de viabilidade financeira,
uma das questões fundamentais é o valor do dinheiro no tempo. Isto fica claro
quando se pensa na resposta para a seguinte questão: "Você prefere ganhar R$
100 hoje ou daqui a um ano?" Creio que todos responderiam "hoje", certo?
Com essa resposta, pode-se perceber que o ser humano valoriza mais o
presente que o futuro e isso têm uma implicação fundamental: para que se possa
comparar de forma adequada quantias de dinheiro obtidas em diferentes datas, é
preciso antes colocá-las na mesma "unidade de medida". Explicando de outra
forma: para que se possa comparar 100 reais hoje com 120 reais que serão
ganhos após 1 ano, é preciso descobrir qual o valor que esses 120 reais têm hoje -
ou seja, quanto dinheiro hoje equivale a 120 reais daqui a 1 ano. Serão analisados,
a seguir, alguns conceitos usados neste tipo de análise.
Capital (C): é o valor inicial de uma operação financeira expresso em
unidades monetárias. Esse valor inicial pode ser:
i. Numerário ou depósitos bancários disponíveis;
ii. Valor de um título de dívida no início de um processo financeiro;
iii. Valor de ativos físicos (prédios, máquinas, veículos e outros) no início de
um processo financeiro.
Exemplo: Você necessita de $ 50.000,00 para atender a uma
necessidade financeira. Um banco lhe propõe um empréstimo nesse valor que
deverá ser pago após três meses; o banco depositará $ 50.000,00 em sua
conta e você pagará a ele $ 60.000,00, ao final desse período. Nessa
operação, o valor do empréstimo concedido (R$50.000,00) representa o capital.
Operação financeira: é o ato econômico pelo qual determinado agente
possuidor de capital (C) transfere esse capital (C) a outro agente econômico
mediante condições previamente estabelecidas, que normalmente envolvem:
i. A remuneração paga pelo tomador ao credor pela utilização do capital;
ii. Os prazos e as formas de devolução do capital e da remuneração
acordada; e
iii. As garantias de pagamento que o tomador apresentará ao credor.
Juros ou Juro (J): é o valor da remuneração do capital acordado entre o
credor e o tomador em uma determinada operação financeira. Ou seja, quanto
deve ser pago a um agente (fora o capital) para que ele transfira recursos para
outro agente.
Exemplo: No exemplo anterior, o valor adicional pago ao banco (R$
60.000 - R$ 50.000 = R$ 10.000) representa o juro sobre o empréstimo.
Montante (M): é a soma do capital e do juro que foi acordado na
operação financeira e que é devido ao seu final. Essa definição mostra a você a
seguinte relação:
M=C+J
Essa relação é denominada equação básica da Matemática Financeira.
Exemplo: Ainda no primeiro exemplo, o valor total pago ao banco (R$
60.000) é o montante da operação.
Valor presente (VP): é o valor de uma operação financeira na data
presente. É um valor intermediário entre o montante e o capital. Cabe ressaltar
que, para uma operação financeira iniciada hoje, o capital (C) e o valor
presente (VP) coincidem; por essa razão, a expressão valor presente (PV) é
frequentemente utilizada como sinônima de capital (C), apesar da diferença
conceitual existente.
Valor futuro (VF): é o valor de uma operação financeira em qualquer
data compreendida entre a data atual e o vencimento da operação. De modo
análogo ao valor presente (VP) e ao capital (C), também o valor futuro (VF) é
frequentemente considerado como sinônimo de montante (M).
Exemplo: Suponha uma operação financeira em que o detentor de um
montante C decide investir esse recurso em um CDB, n períodos. No gráfico
abaixo, que representa essa operação do ponto de vista do banco, podem ser
identificados os conceitos apresentados até agora.
O valor aplicado na data 0 (C) é o capital da operação; na data atual
encontramos o valor presente (PV) do recurso aplicado; o valor futuro (FV) é o valor
da operação em uma data qualquer entre a data atual e a data de término da
operação (n); em n, o valor do CDB é o montante (M) da operação. Por último,
observa-se que o valor do montante que excede o capital investido é o juro da
operação.
Fluxo de caixa: é uma sucessão temporal de entradas e de saídas de
dinheiro no caixa de uma entidade. Essas entradas e saídas podem ser
representadas por um diagrama, denominado diagrama de fluxo de caixa, no
qual estão representadas graficamente as entradas e as saídas de dinheiro
para cada um dos agentes envolvidos. As entradas de caixa são representadas
por flechas com orientação positiva e as saídas de caixa por flechas com
orientação negativa, conforme pode ser visto no exemplo a seguir.
Exemplo: Suponha que você deseja comprar uma televisão cujo valor à
vista seja R$ 1.500,00. A loja oferece também uma opção de pagamento em 4
parcelas mensais, iguais de R$ 400,00. Como será representado o fluxo de caixa
para você (comprador) e para a loja, caso a opção de pagamento seja o
parcelamento em 4 vezes?
Fluxo de Caixa da Loja: Recebimento em 4 parcelas mensais de 400 reais.
Fluxo de Caixa do Comprador: Pagamento em 4 parcelas mensais
de 400 reais.
Caixa
Fluxo de -R$ 20.000 -R$ 15.000 -R$ 11.000 -R$ 3.500 R$ 4.000 R$ 9.300
Caixa
Acumulado
Caixa
Fluxo de -R$ 20.000 R$ 4.545 R$ 3.306 R$ 5.635 R$ 5.123 R$ 3.291
Caixa
Descontado
Fluxo de -R$ 20.000 -R$ 15.455 -R$ 12.149 -R$ 6.514 -R$ 1.391 R$ 1.900
Caixa Desc.
Acum.
FC1 FC 2 FC n
vpl ... I
1 i 1 i
2
1 i n
700 900 1.400 1.700
vpl 3.000
1 0,1 1 0,1
2
1 0,1 1 0,14
3
vpl $593,12
Exemplo: Suponha que uma empresa de aluguel de carros tenha um
fluxo de caixa uniforme no valor de $ 50.000 por mês. Se a taxa de juros
utilizada for igual a 1,05% ao mês, o VPL desse empreendimento será,
50.000
VPL VPL $4.761.905
0,0105
Ou seja, caso o dono da empresa decida vendê-la, não aceitará uma
valor menor que $ 4.761.905.
O projeto é aceito por esse critério por apresentar valor presente líquido
positivo, ou seja, por aumentar o patrimônio da organização. Algumas
considerações sobre o VPL:
o Os projetos com VPL maior ou igual a zero devem ser aceitos,
rejeitando-se aqueles com VPL negativo.
o O VPL indica a riqueza gerada pelo projeto. Um VPL positivo significa
que o estoque de capital (riqueza) da organização aumentará e o inverso
ocorrerá quando o VPL for negativo.
o O modelo pressupõe o reinvestimento automático das entradas de caixa
geradas a uma taxa de juros igual à taxa de atratividade. Esse pressuposto é
razoável, pois, em princípio, pode-se aceitar que as organizações têm a
capacidade de gerar projetos de investimentos com retorno minimamente igual
à sua taxa de atratividade.
Taxa interna de retorno - tir
Depreciação
Por mais contra-intuitivo que possa ser, a depreciação é um custo sem
desembolso, o qual, sendo abatido dos lucros da empresa, pode levar a um
menor imposto de renda a pagar, dada a redução no lucro tributável. No Brasil
o método utilizado para o cálculo da depreciação é o chamado método da linha
reta. Este método considera que o ônus da depreciação será o mesmo em
todos os anos; ou seja, a carga total da depreciação será rateada por igual ao
logo dos anos.
A depreciação pelo método da linha reta é dada por:
d
I VR
n
O Comportamento do Consumidor:
É necessário observar agora alguns fatores que podem afetar a decisão
do consumidor sobre quanto adquirir de um determinado produto.
a. Renda: o que acontece com a demanda por vestuário, por exemplo,
quando a renda do individuo varia? Se a renda do individuo diminuir, sua renda
disponível para os gastos totais cairá. Então, provavelmente, ele precisará
gastar menos com alguns bens – ou com todos. Dessa forma, em épocas de
recessão, quando algumas pessoas experimentam uma redução no salário –
ou até mesmo o desemprego – a demanda de vários produtos (em especial os
supérfluos) sofre uma queda.
b. Preços dos Bens Relacionados: se o preço do café aumentar,
provavelmente você passará a consumir menos café. No entanto, você pode
substituir café por outra bebida quente, como chá ou chocolate quente. Nesse
caso o aumento no preço do café teve efeito sobre a demanda por outro bem.
Se o aumento no preço de um bem leva ao aumento na demanda de outro
bem, diz-se que esses bens são substitutos. Ou seja, ao observar o aumento
no preço do café, o consumidor passa a consumir menos do mesmo. Ao
mesmo tempo o consumidor aumenta a procura por chá, por exemplo, em
substituição ao consumo de café. Supondo que o preço do café caia, de acordo
com a lei da demanda, o consumo de café irá aumentar. Entretanto, ao
consumir mais café, você também consumirá mais açúcar; isto é, uma queda
no preço do café levou a um aumento na demanda por café e por açúcar.
Nesse caso, os bens são chamados de complementares.
c. Gostos: a influência dos gostos dos consumidores sobre a demanda de
um bem é evidente. Quanto mais as pessoas gostam de um bem, maior será a
demanda pelo mesmo.
d. Expectativas: as expectativas quanto ao futuro podem afetar o
comportamento da demanda hoje. Se os indivíduos esperam ganhar mais no
futuro, eles podem elevar seus gastos hoje. De mesma forma, o pessimismo
com relação ao futuro pode ter impactos negativos no presente.
e. Número de compradores: visto que a demanda de mercado é a soma
das demandas individuais por um dado bem, quanto maior o número de
consumidores, maior será a demanda de mercado.
CMV
PVV
% Im postos %Comissões %CF % Lucro
1
100
Em que CMV é o custo da mercadoria vendida e %CF é o percentual de
custo fixo, calculado pela razão entre a média mensal dos custos fixos e as
vendas médias mensais, esta fração multiplicada por 100.
Exemplo: Supondo que um pequeno empreendedor tenha feito o
registro de todos os itens de custo fixo incorridos no processo de
comercialização e todas as receitas com vendas de sua empresa, para três
meses consecutivos, estes dados podem ser encontrados na tabela abaixo.
N
1 2 3 4
0,01 19,78 39,55 59,33 79,10
0,02 19,97 39,94 59,91 79,89
0,03 20,17 40,33 60,50 80,67
i
0,04 20,36 40,73 61,09 81,45
0,05 20,56 41,12 61,68 82,24
0,06 20,75 41,51 62,26 83,02
0,07 20,95 41,90 62,85 83,80
0,08 21,15 42,29 63,44 84,59
0,09 21,34 42,68 64,03 85,37
0,10 21,54 43,08 64,61 86,15
PVP PVV an i
Como aplicar essa fórmula?
Exemplo: João deseja comprar uma geladeira, cujo preço a vista é R$
4.000. Porém, a loja oferece a opção de parcelamento desta compra em 8
prestações mensais, a uma taxa de juros de 2%. Qual será o valor das
prestações, sabendo que a primeira só será paga um mês após a compra ser
efetuada?
Para estes dados o fator de acumulação será:
1
a8 2¢ 0,13651
1 0,028 1
1 0,02 0,02
8
Em que PVP é o preço de venda a prazo. Logo, João terá de efetuar oito
pagamentos mensais de R$ 546,04 para comprar a geladeira.
4.000 PVP
PVP PVP 535,33
1 0,0281 1
1 0,02 0,02
81
Como antes, PVP é o preço de venda a prazo e PVV é o preço de venda
à vista. Neste caso, o valor das parcelas pagas por João será R$ 535,33.
Ponto de Equilíbrio
Após a determinação do preço de venda, é possível estabelecer o
chamado Ponto de Equilíbrio (break-even point). O cálculo do ponto de
equilíbrio é de grande importância, porque determina a quantidade mínima a
ser vendida para que não haja resultados financeiros negativos. O ponto de
equilíbrio é estabelecido quando os Custos Totais são iguais às Receitas
Totais (CT = RT, ou RT = CF + CV), ou seja, quando o lucro é zero.
EXEMPLO
PASSIVO
ATIVO
PATRIMONIO
LÍQUIDO
No ativo (lado esquerdo do BP) estão elencados os bens e direitos da empresa por
ordem decrescente de liquidez, ou seja, do ativo mais líquido para o menos líquido. Outra
ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
• Disponibilidade • Empréstimos e Financiamentos
• Duplicatas a Receber Bancários
• (-) Duplicatas Descontadas • Fornecedores Nacionais
• Contas a Receber • Fornecedores Estrangeiros
• Estoques • Obrigações Trabalhistas
• Outros Créditos • Obrigações Tributárias
• Despesas do Exercício Seguinte • Outras Obrigações
Fornecedor es
PMP 360
Vendas
A comparação entre estes dois indicadores permite avaliar a solvência da empresa
no curto prazo. O ideal é que o PMR seja menor que PMP, ou seja, que a empresa possa
receber de seus clientes antes de efetuar seus pagamentos aos fornecedores.
Liquidez Corrente
A liquidez corrente sinaliza quanto a empresa tem disponível, ou conversível em
dinheiro no curto prazo, para pagar suas dívidas no curto prazo. Uma liquidez corrente
maior do que 1 demonstra que a empresa tem uma reserva para liquidar suas obrigações.
No entanto, um índice muito alto pode significar que a empresa tem uma grande
quantidade de recursos alocados em recursos não produtivos. A fórmula é:
AC
LC
PC
Em que AC e PC são, respectivamente, o Ativo Circulante e o Passivo Circulante do
BP da empresa.
Índice de Lucratividade.
A Lucratividade é um indicador de eficiência operacional obtido sob a forma de valor
percentual e que indica qual é o ganho que a empresa consegue gerar sobre o trabalho
que desenvolve.
Utilizando dados da sua empresa, avalie a evolução de sua gestão financeira por meio dos
índices abordados
O Simples Nacional
O Simples Nacional, ou Super Simples, é uma forma simplificada que abarca o
recolhimento de tributos e contribuições, tendo por base de apuração a receita bruta. As
empresas que podem aderir ao SIMPLES são:
o Microempresas: considera-se microempresa a pessoa jurídica que aufira, em cada
ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil
reais); e
O SIMPLES poderá, também, incluir o ICMS e o ISS, desde que a unidade Federada ou o
Município em que esteja estabelecida a empresa venha a ele aderir mediante convênio.
http://www.youtube.com/watch?v=GvUSV6XCwoA
Resumo: O Vídeo conceitua o lucro e auxilia
em outros conceitos de despesas e receitas.
Vídeo Produzido por Fernanda
nnoni
Disponibilizado em 04/10/2009.
Link acessado em 10/08/2013
ATIVIDADE FINAL
Chegou a hora! Com os dados consolidados, elabore o plano financeiro que irá compor o
seu Plano de Negócios, com base nos estudos realizados nesse módulo, bem como nos
estudos complementares recomendados.