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CÉLULA GALVÂNICA EM SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARAS ATMOSFÉRICAS - SPDA

Prof. Jorge Araújo

No projeto de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas, devemos seguir as normas da série
NBR- 5419:2015. De boa intenção, a norma nos autoriza a utilizar diversos materiais, visando que o projetista
especifique a melhor solução ao cliente, a que tenha maior facilidade de implantação e, claro, menor custo.
É muito comum na prática de projetos, a especificação de dois materiais: Cobre e Alumínio. A consulta à norma
nos traz rapidamente a certeza de onde utilizar e onde não utilizar (ao tempo, na terra, no concreto ou reboco
e no concreto armado).
Um assunto pouco abordado e muitas vezes sonegado dos debates é a formação de acoplamentos galvânicos
no SPDA.
Um acoplamento galvânico ocorre quando metais com diferentes nobrezas têm superfície de contato. Este
contato propicia, espontaneamente, o início de uma reação de oxirredução. Esta reação de gera um fenômeno
que pode ser denominado como corrosão galvânica.
Neste processo, a corrosão ocorrerá próxima à junção dos materiais, e se alteram as velocidades de corrosão
dos materiais:
• O metal mais nobre será polarizado catodicamente (recebe elétrons) e seu potencial de corrosão diminui.
Este metal vai corroer com velocidade menor do que se estivesse isolado no mesmo meio.
• O metal menos nobre será polarizado anodicamente (cede elétrons) e seu potencial de corrosão aumenta.
Este metal vai corroer com velocidade maior do que se estivesse isolado no mesmo meio.

Figura 01: Corrosão galvânica ocasionada pelo contato de cordoalha de cobre em contato com rufo de aço
galvanizado.
O QUE DIZ A NORMA?
A norma especifica a utilização de aços, cobre e alumínio para SPDA. Imediatamente após a sua aplicação a
norma informa a respeito da corrosão dos materiais.

Figura 02: Tabela 5 da ABNT NBR:5419-2


O acoplamento destes materiais (cobre, aço e alumínio em qualquer combinação entre eles) cria a condição
para o aparecimento da corrosão através do par galvânico. Nestes casos, algumas soluções simples podem ser
adotadas para prevenir os problemas de corrosão:
• Para os casos onde seja inevitável a aplicação de materiais diferentes (captação e descidas em alumínio e
aterramento em cobre), podem ser utilizados conectores bi metálicos ou estanhados.
• Nos sistemas de captação tomar cuidado no contato com rufos, calhas e telhas. Podem ser utilizados
isoladores de materiais não-metálicos para o suporte da captação.
• Em casos de edificações em estrutura metálica onde se utilizem os pilares metálicos como descidas naturais,
também não se deve esquecer de aplicar os conectores bi metálicos ou estanhados para a conexão da malha
de aterramento.
• Também, evitar a instalação das descidas em calhas ou tubulações de águas. Ali podem-se formar par
eletrolítico, e deposição de material interno aos dutos, gerando entupimento por galhos ou folhas.

Figura 03: Terminal bi metálico. Figura 04: Terminal em acabamento estanhado.

Na especificação e montagem do SPDA, a correta aplicação de materiais deve ser observada, visando aumentar
a confiabilidade e a vida útil das instalações.

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