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Mordomia Financeira - O Dízimo 1
Mordomia Financeira - O Dízimo 1
INTRODUÇÃO:
As Igrejas históricas vivem um dilema. O receio de ser confundida como mais
uma entidade financista que explora a fé ingênua do povo arrancando-lhe a dignida-
de e o pouco dinheiro que resta, faz com que se omita de tratar sobre aspectos de
grande importância da vida cristã. Talvez o mais evidente seja sobre a mordomia fi-
nanceira, o dízimo. Com o medo da “aparência do mal”, caímos no mal da omissão
que envolve a responsabilidade de ensinar todo o desígnio revelado de Deus.
Deste modo, a Igreja tem corrido o sério risco de deixar de usufruir muitas bên-
çãos de Deus pelo simples fato de temer ser confundida com as seitas que fazem
um uso equivocado de determinado ensino bíblico. Como se tornou comum em nos-
so país, entre outras explorações, a exploração religiosa, fazendo com que os fiéis
entreguem às igrejas seus bens como forma de negociar com Deus, nós, às vezes
incorremos no erro de não falar de dízimo e ofertas em nossas igrejas, deixando as-
sim, de tratar deste maravilhoso ensinamento bíblico, tão abençoador para o povo
de Deus. Vamos ao estudo.
A) Entre os Patriarcas:
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Estudo ministrado na Escola Dominical da Igreja Presbiteriana em São Bernardo do Campo, SP., no
dia 6 de dezembro de 2009.
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quisedeque tipificava, apontando assim, para o caráter eterno do Seu sacerdócio.
Jacó se dispõe a dar o dízimo. A sua atitude foi espontânea como resultado da
sua experiência com Deus em Betel (Gn 28.18-22). É provável que nessa época o
dízimo fosse um elemento esporádico na tradição religiosa dos patriarcas, ligado à
necessidade de retribuir a Deus as suas dádivas, como na vitória de uma batalha, ou
no sucesso de uma jornada importante.
B) Na Lei de Moisés:
4) Ainda outro propósito dos dízimos era a celebração de uma refeição cultual
pelas famílias do povo de Deus, juntamente com os levitas de suas respectivas ci-
dades (Dt 12.7,12). Certamente, nessa refeição seria consumida apenas uma parte
dos dízimos. Para evitar que os deuses cananitas fossem honrados na época da cei-
fa, insiste-se que toda cerimônia religiosa associada com a colheita e com o dízimo
seja celebrada no lugar determinado por Deus e não num santuário pagão (Dt
12.13,14; 14.23). Séculos depois, Deus recrimina o povo de Israel pela sua insensi-
bilidade espiritual em entender que era Ele mesmo Quem lhe dava bens e fartura
nas colheitas, não baal, a quem atribuíam estas bênçãos, retribuindo-as com culto
idólatra: “Israel é vide luxuriante, que dá o fruto; segundo a abundância do seu fruto,
assim multiplicou os altares; quanto melhor a terra, tanto mais belas colunas fizeram”
(Os 10.1); “Eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os nos meus braços, mas não atina-
ram que eu os curava” (Os 11.3). “Ela, pois, não soube que eu é que lhe dei o grão,
e o vinho, e o óleo, e lhe multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram para Baal”
(Os 2.8/2.4). O povo preferia crer nos deuses cananitas, por serem em geral deuses
da fertilidade.
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Vd. Boanerges Ribeiro, Terra da Promessa, São Paulo: O Semeador, 1988, p. 60; João Calvino,
Exposição de Hebreus, São Paulo: Paracletos, 1997, in. loc.
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Deus para o culto (Dt 12.5,11; 14.22-23). No caso dos grãos e dos frutos, podiam
ser substituídos por um equivalente monetário; Porém, mais um quinto do valor de-
veria ser adicionado (Lv 27.31). Contudo, os dízimos dos gados e dos rebanhos não
podiam ser remidos (Lv 27.32-33).
2) O povo quando volta do exílio babilônico renova sua aliança com Deus, pro-
metendo entregar seus dízimos e ofertas (Ne 10.37-38; 12.44-47; 13.10-12).
2) O SIGNIFICADO DO DÍZIMO:
O dízimo baseia-se no fato de Deus ser o proprietário da terra e o originador de
todas as bênçãos (Lv 25.23; Sl 24.1; 100.3). Ao entregar o dízimo o israelita reco-
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nhecia que Deus era o dono da terra e de seus frutos (1Cr 29.11,14) e, o melhor de-
ve ser dado a Deus (1Sm 2.29; Ml 1.6-14).
O homem é sempre responsável diante de Deus pelo que possui. Para recordar
ao homem esta responsabilidade, Deus estabeleceu certas leis com respeito:
A não entrega do dízimo considerava-se como roubar a Deus (Ml 3.8,10), ou seja,
roubar-lhe o devido reconhecimento de que tudo pertence a Ele (Cf. Sl 50.1-23).
“Deus ordenou ao povo de Israel que Lhe oferecesse os primeiros frutos de
milho, como uma mostra solene de que lhe era ilegítimo gozar de uma bên-
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ção que primeiramente não houvesse sido oferecida a Ele”.
Como já vimos, os dízimos serviam para o sustento dos levitas e o socorro aos
necessitados de Israel; por isso, devem ser olhados prazerosamente como uma o-
portunidade que Deus nos concede de participar na obra de Deus e na Sua preocu-
pação para com os pobres e necessitados.
Entregar o dízimo traria a bênção divina (Dt 14.28-29; 26.14-15); retê-lo, traria
maldição (Ml 3.8-10).
Paulo, ainda que não se referindo especificamente ao dízimo, ensinou que o cris-
tão deve contribuir conforme tiver proposto em seu coração (2Co 9.7) e, de acordo
com a sua prosperidade (1Co 16.2).
A contribuição parte da consciência de ser servo de Cristo (Rm 6.16; 1Co 7.22; Ef
6.6; 1Pe 2.16), sabendo que nem ele nem suas posses são realmente dele mesmo
para empregar como deseja (1Co 6.20), antes, é um mordomo encarregado com o
manejar responsável dos bens do Seu Mestre (1Co 4.2; 1Pe 4.10) a Quem deverá
prestar contas daquilo que faz com esses bens (Rm 14.12).
O cristão contribui porque tem a generosidade de Cristo como seu modelo (2Co
8.9) e, o poder impulsionador do Espírito de Deus dentro dele é sua motivação; por
isso, a sua contribuição não é feita com relutância ou compulsão (2Co 9.7), nem se
limita a um dízimo da renda de cada ano. O dízimo é o começo, não o fim!
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João Calvino, A Verdadeira Vida Cristã, São Paulo: Novo Século, 2000, p. 37.
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4) O DÍZIMO NA ATUALIDADE:
R. Abraão viveu quase 500 anos antes de Lei de Moisés, e a Bíblia nos diz que
ele pagou o dízimo a Melquisedeque (Gn 14.20). Notemos que Jesus não veio que-
brar a Lei (Mt 5.17).
4) “Ganho muito pouco... Meu dinheiro não dá... Quando termino de pagar mi-
nhas contas, não sobra nada”:
R. O dízimo não é do que sobra, antes, deve ser as primícias (Dt 18.4; 26.2/Ml
1.6-14). Quem não aprende a ser fiel no pouco não será no muito (Dt 16.17; Lc
16.10). A vida cristã é um compromisso de fé, no qual depositamos toda a nossa
confiança na Palavra de Deus; o dízimo é uma instituição divina e, a Palavra de
Deus nos diz que a vontade de Deus é boa (Rm 12.2). Deus nos desafia a prová-lo,
sendo-Lhe fiel (Sl 34.8/Ml 3.10).
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Boanerges Ribeiro, Terra da Promessa, p. 63.
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3) Não podem manter comunhão com Deus: Ml 3.9/1Jo 3.22. Como poderemos
estar em comunhão com Deus se não fizermos o que Ele manda?
1) Porque o dízimo está situado no contexto total da Lei Judaica; Lei esta que
Jesus veio cumprir, não destruir; o dízimo tem suas raízes na fé hebraica, conforme
dada por Deus segundo o testemunho infalível das Escrituras.
2) Mesmo que queiramos nos apartar da Lei Judaica, não podemos nos es-
quecer da necessidade de estabelecer um princípio para a mordomia; e o crente fará
bem se ao menos começar ali onde tem um precedente bíblico; e, devemos conside-
rar que Paulo quando nos fala sobre o assunto, não nos aconselha a fazer menos do
que a Lei requer.
a) Ele criou tudo (Gn 1; Sl 19.1-6). A Ele pertence a terra (Sl 24.1-2); o gado
(Sl 50.10); a prata e o ouro (Ag 2.8); os filhos que temos (Sl 127.3) e nós próprios
(1Co 6.19-20).
b) Deus permite que guardemos para nosso uso 9/10 do que ganhamos e só
exige 1/10. Podemos observar a generosidade de Deus.
8) Jesus Cristo deseja que o seu povo seja dizimista: Mt 22.21/Mt 23.23.
10) É uma honra ter com que contribuir: Ex 35.22; 36.5; 1Cr 29.3-15; Ed 1.5-6;
2.68-69; 8.25; Lc 8.3; 2Co 8.3-4.
11) O dízimo é um ato de culto: O dízimo não é um ato frio, mecânico, distante
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do culto. Antes, ele é uma forma de culto, não devendo estar dissociado do mesmo
(Dt 26.10-11; 1Cr 16.29).
14) O dízimo é uma forma de contribuição. Todo membro da Igreja deve ser
voluntário, metódico e proporcional na sua contribuição. Se ele há de adotar algum
outro plano, fará melhor adotando o plano que o Senhor ensinou ao povo de Deus.
Por sua vez, a Igreja tem necessidades sistemáticas não meramente ocasionais.
17) A entrega do dízimo torna a nossa consciência mais sensível à nossa de-
pendência de Deus, porque sem Ele nada teríamos, nem a própria vida.
4) Com liberalidade: 1Cr 29.9; 2Cr 15.18; 31.2-12; Rm 12.8; 2Co 8.7; 9.11-13.
5) Regularmente:
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Devemos nos lembrar que estas passagens (2Co 8-9) não se referem ao dízimo, no entanto, o espí-
rito que orienta esta contribuição deve ser o mesmo.
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2) Haverá mantimento na Casa do Senhor; não faltarão meios para dar prosse-
guimento ao Seu Trabalho: Ml 3.10a/2Cr 31.2-5;Ne 13.10-14.
ANOTAÇÕES FINAIS:
Devemos ter em mente que somos nós que precisamos devolver aquilo que per-
tence a Deus. Deus não precisa de nossos dízimos e ofertas, nós é que carecemos
dizimar (Sl 50.1-23). Não pensemos que isto seja coisa secundária. Jesus Cristo, em
Seu curto e urgente Ministério terreno, ocupou-se em observar o como as pessoas
contribuíam e, diz o texto sagrado que Ele chamou os Seus discípulos e disse-lhes:
“Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o
fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela,
porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento” (Mc 12.43-
44). Notemos o quão importante Jesus considerou a atitude daquela viúva a ponto
de reunir seus discípulos para comentar o assunto. Entregar nossos dízimos é um
testemunho de fé no cuidado providente de Deus e gratidão pela sua manutenção
diária. O desafio de Deus continua ressoando até nossos dias: “provai-me nisto” (Ml
3.10). “Oh! provai, e vede que o Senhor é bom; bem aventurado o homem que nele
se refugia” (Sl 34.8).